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DICA: como fugir do clichê 

Por Rachel Lopes 
 
Um dos maiores medos de qualquer escritor é cair no clichê. Segundo o 
dicionário, a palavra clichê nada mais é do que "frase ou expressão que 
peca pela repetição, pelo lugar­comum; banalidade repetida com 
frequência", ou seja, algo que repete­se com tanta frequência que se 
torna previsível. 
 
O tal clichê está presente em quase todos os gêneros, tendo como 
principais o drama, o romance (blér), comédia e cenas mais íntimas 
(estilo 50 tons de Cinza). O clichê deforma a estória, porque a torna 
altamente previsível e claramente entediante, mas é o que 
aparentemente mais irrita e agrada os leitores. 
 
Escritores iniciantes não tem algum guia (estilo CDZ) para dizer onde 
estão errando e acertando na estória que estão escrevendo e nos 
gêneros que estão lidando. Mas aqueles leitores pacientes que 
entendem que a pessoa está no começo e aqueles que gostam de 
clichês alimentam esse tipo de estilo previsível, entretanto apoiam e 
muito escritores que acabaram de "nascer" no mundo complexo da 
escrita. 
 
Não estou dizendo que é errado apoiar escritores novos, pelo contrário. 
Eles deveriam ter mais foco vez ou outra, mas alguém deveria dizer 
onde podem e devem melhorar, assim veremos grandes nomes.  
 
Agora, voltando ao clichê… 
 
Muitas pessoas não notam que estão escrevendo algo clichê, porque 
estão acostumadas a ler clichê. Ela vê romance lindo e eu clichê capaz 
de me dar diabetes. Mas enfim. 
 
Os primeiros sinais de clichê são: 
 
1 ­ Problemas familiares entre as personagens 
Esse é um dos maiores sinais do maldito e maléfico clichê. Ô 
situaçãozinha miserávi! Tudo bem que a estória precisa de drama, mas 
não precisa ser aquele dramalhão da Mari Mar. Conflitos comuns como 
a não aceitação da família, pais desatenciosos, brigas intensas com os 
pais e outros familiares são os tipos mais usados. Cuidado. Isso cansa. 
 
2 ­ Sentimentos iguais entre as personagens 
O que seria isso? ­ você me questiona. Oras, pessoinha leitora e/ou 
escritora, isso nada mais é do que o sentimento recíproco, eu lhe 
respondo. Dois fulanos se cruzam uma vez, UMA VEZ, na rua e se 
apaixonam. O sentimento no caso é recíproco e é um grande sinal de 
clichê, nível 2. Daí qualquer sentimento seguinte, abala ambos. Se um 
está confuso, o outro também; se um está em estado de negação, o 
mesmo vale para o outro; se um está batendo uma, o outro também 
(MASOQ??). E sim, isso existe mesmo. Tem pessoas que escrevem 
isso e que ainda gostam.  
 
3 ­ Pouco tempo, muito conteúdo 
Nada mais é do que os tormentos de Hades sobre a terra da 
imaginação. A pessoa está com tanta vontade de chegar naquela parte 
(mesmo que todo mundo já saiba qual é), mas com taaanta vontade que 
num dia a personagem cortou o cabelo, arrumou briga com o vizinho, se 
mudou, arrumou a casa nova inteira, fez café, queimou biscoitos, deu 
uma festa, se apaixonou, passou a roupa, fez fofoca com a vizinha, se 
mudou mais uma vez, encontrou o carinha pelo qual se apaixonou e foi 
na casa dele, voltou para a nova casa e ainda eram seis da tarde! Ou 
seja, o fogo de acelerar a estória fode com a mesma 
#filosofeinospalavrão  
 
A estória acaba tendo muita coisa ao mesmo tempo e isso confunde o 
leitor, afinal quantos dias se passaram para tudo isso acontecer? Na 
visão do leitor, quase uma semana. Na visão do escritor, um dia. Muito, 
muito cuidado com isso. É sério. 
 
Se você acabou reconhecendo alguns sinais idênticos ou similares aos 
citados acima, sua fanfic pode estar ficando clichê. #MsRachelalerta 
#cortapramim 
 
O grande problema em uma fanfic clichê é que ela é recheada de 
falhas, muitas vezes na própria estória as pessoas se perdem, não 
vêem aquela coisa como algo muito forte ou muito triste. Porque ela já 
esperava por isso. A extrema falta de estrutura torna a fanfic escrava às 
vontades do leitor, porque o autor tem medo de perdê­los, tem medo de 
perder a quantidade de reviews que recebe e por isso não ousa. 
 
E um dos grandes problemas é isso: querer agradar a todos. 
 
As maiores falhas em fanfics clichês são: 
 
1 ­ Romance precoce (que você sabe que em dois capítulos tem: sexo, 
beijos, declarações, gravidez, fuga, negação e sexo), que simplesmente 
estraga a estória; 
2 ­ amizades "verdadeiras" fundadas num dia (isso non ecziste!), e que 
permanecem pelos fins dos tempos sem afinidade alguma, mas que 
surge porque surgiu; 
3 ­ triângulos amorosos sem fundamento ou baseados em obsessão (a 
mina olhou pro cara, pronto! Ele a ama e o fulaninho que vende pastel 
também), é aquele típico drama Mari Mar e que você sabe que a garota 
vai ter o romance com o primeiro cara atrapalhado pelo segundo; 
4 ­ rixas infantis com ex­namoradas e/ou ficantes obcecadas (são 
aquelas meninas que gostam do cara e que vão se unir com o cara do 
triângulo para separar o casal, blá blá blá) e que não acrescentam 
merda alguma; 
5 ­ doenças tidas como "terminais" (mas que tem uma cura no Canadá 
ou em qualquer lugar do mundo... Isso porque era terminal), e que são 
para criar aquele drama a mais (mais desnecessário); 
6 ­ complôs entre as famílias (fulano mandou os ninja paranauê 
sequestrar a filha porque acha que ela é indigna, bararara), só servem 
para juntar o casal, e para ter um vilão (mas que na realidade só vai 
servir para ter uma explicação muito estúpida e previsível no final); 
7 ­ "incesto" entre não­irmãos (o pai da fulana casou com a mãe do 
ciclano, aí os filhos decidem se odiar, odiar os novos pais e depois 
começam a transar por aí. É isso aí fera, pratique o incesto e diga que é 
amor porque imagina se incesto fosse crime! Nossa! Prisão perpétua 
por amar! ¬¬ Ridículo.), serve para dizer que não é um incesto se não 
são irmãos de sangue, mas ainda é errado; 
8 ­ amizade colorida (é o maior pandemônio clichê! Dois amigos que 
querem transar sem sentimentos envolvidos. Oras, transem então com 
vibradores, bonecas infláveis, gigolôs e putas), tiram a ideia do filme e 
trocam os nomes das personagens; 
9 ­ filmes de sucesso teen ou não (pegam as ideias dos filmes e dizem 
que são originais. Ok fera. Hollywood te quer como novo roteirista!), 
simplesmente estúpido e desnecessário; 
10 ­ conflitos sociais e/ou econômicos (típico amor Kate Middelton e 
príncipe William), a personagem pobre se apaixona pela personagem 
magnata e ficam juntos, e sem etiqueta, sem modos, sem noção de alta 
sociedade, a personagem pobre mostra­se um p.h.d em bolsa 
econômica, que por fim, apenas mostram como é tudo supérfluo e que o 
tal amor vence tudo (diz isso para as crianças na África, diz que o amor 
vai encher as barrigas delas com comida); 
11 ­ temáticas colegiais, empresariais, faculdade, musicais, rebeldia 
(incluindo o batido lema sex, drugs and rock'n'roll) que simplesmente 
abatem a criatividade, pois sabe­se como vai ocorrer, quando, qual é o 
ambiente e quais são as personalidades. 
 
São as maiores falhas nas fanfics. O motivo é bem simples: elas 
desconstroem a expectativa por algo novo, pois não há estrutura para 
mais adiante o escritor brincar um pouco com sua estória no quesito 
novos suspenses, novos amores, pois o clichê consome tudo isso. Uma 
falha clichê como citei já é altamente previsível numa fanfic, mais de 
uma torna a fanfic extremamente previsível, porque você já leu isso 
antes, em algum lugar, com outras palavras, com outro casal. 
 
Mas, como fugir disso? ­ você me questiona. Oras, pessoinha leitor e/ou 
escritor, eu lhe respondo, é simples: 
 
1 ­ Ouse 
Fuja do comum. Crie algo seu, implante seus sentimentos, suas 
experiências de modos diferentes. Implante na estória a sua marca, um 
modo de escrita mais leve, mais pesado, mais tenso, mais culto, mais 
engraçado, mais dramático, enfim. Escreva do seu modo, isso vai 
melhorar com o tempo, mas ler livros (e não é on­line) melhora a escrita 
e o raciocínio. 
 
2 ­ Revise 
Sempre leia o que você escreveu. Se achou que não ficou legal ou se 
as palavras não alcançaram a mensagem que você quer passar, 
escreva de novo. Muitas vezes uma palavra muda toda uma frase. 
Então, procure sinônimos, procure palavras novas, aprofunde seu 
conhecimento. Se não acha que pode, faça assim mesmo. Peça ajuda a 
algum beta, se quiser ou para algum amigo. 
 
3 ­ Estruture 
Qualquer estória tem que ter começo, meio e fim. Não adianta você 
escrever de um modo angelical e produzido nos pronomes e pretéritos 
imperfeitos se você não consegue dar um sentido para o texto. Se você 
tem dúvidas de como fazer isso, escreva num papel quais são os 
objetivos do capítulo, e tente segui­los. 
 
4 ­ Crie problemas na estória que você pode resolver 
Não adiante criar um drama foda e não dar uma explicação razoável 
para o mesmo. Não adianta criar um mistério que não tem sentido ou 
que não tem respostas plausíveis. Ou seja, crie situações que você 
pode lidar. Se quer ir um pouco mais adiante, vá em frente, mas sempre 
tenha na cabeça a solução daquilo. 
 
5 ­ Diferencie nas temáticas e no uso dos gêneros 
Não há problema em querer escrever algo místico, colegial ou musical. 
Mas use uma temática em que você pode diferenciar na escrita. Aos 
invés de escrever que cinco amigos formaram uma banda de sucesso, 
escreva que cinco desconhecidos com a mesma ideia formaram a 
banda e que não há líder. Se quiser usar romance ou outro gênero, não 
tem problema, mas ouse na hora de escrever. Ao invés de fazer aquele 
romance instantaneo, crie um romance elaborado, com pequenos 
detalhes, pequenos atos que vão fazer as personagens se 
apaixonarem. 
 
6 ­ Leia coisas novas 
Não importa se é o jornal, se é o livro da escola ou o problema de 
matemática. Ler sempre traz perspectivas novas e essas maneiras 
diferentes de ver a mesma situação ajudam pra caramba na hora de 
escrever. Portanto: leia. 
 
Espero que as dicas tenham ajudado, e se você sente que está preso 
no clichê, dê um tempo para sua mente e procure coisas novas. Nada 
de fofocas de famosinhos, isso não ajuda em nada, nem ficar vendo 
obcecadamente as mesmas fanfics com conteúdo clichê. #ficaadica 
 
Enfim... Procure oferecer o melhor e seu nome pode ser o próximo a ter 
destaque. Depende de você. 
 

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