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TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS

E ADOLESCENTES

Organização: Aldacir Detofol - pedagoga

Chapecó, julho de 2007


O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA
FONTE: CECOVI

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:
• São gritos, choros, sons desagradáveis de socos, móveis caindo, pratos sendo quebrados...
• A violência doméstica está presente em nosso cotidiano.
• Embora tão antigo, poucos conhecem a abrangência deste fenômeno.
• O desconhecimento acaba por alimentar e incentivar ainda mais o ciclo de violência e
impunidade.

DESCONSTITUINDO MITOS:

• Mitos são convicções que, mesmo diante de provas concretas ao contrário, continuam sendo
aplicados por desinformação ou pretensões ideológicas ocultas.
• Todos nós somos frutos das crenças e dos costumes em que vivemos.
• O profissional que trabalha no enfrentamento da violência doméstica necessita ter senso crítico
as verdadeiras motivações das regras que dirigem as relações familiares.

MITOS:
• Mito da criança malvada:
“toda criança é uma pessoa má em potencial e deve ser submetida a castigos corporais moderados e
severos.... (Santo Agostinho in Santos, 1987)

• Mito da bondade dos pais:


A antropóloga Sarah Blaffer, 2000 afirma que “amor materno não é natural e nem incondicional”

• O mito da família perfeita:


“Esse mito é fruto do conservadorismo que sempre alimentou a falsa crença de que a família é por
natureza harmoniosa...”

• Mito da violência doméstica ser fruto da miséria.


“Acredita-se que os pobres cometem mais violência doméstica, pois as ocorrências nas delegacias são em
grande maioria...”

• O mito de que pais que maltratam seus filhos são raros.

A violência no lar é um fenômeno:


a) Universal
b) Frequente
c) Geralmente cíclico, ou seja, se reproduz por várias gerações.

CENÁRIO INTERNACIONAL:

• A história da infância é um pesadelo do qual recentemente começamos a despertar.


• Na Grécia Antiga a criança era tida como mercadoria de pouco valor.
• São pais que competem e sentem ciúmes dos próprios filhos (Mito Cronos).
• São cônjuges que usam os filhos para se vingarem dos parceiros (Mito de Medeia).
• Nos tempos bíblicos entre os anos 2000 a 1500 a.c. era comum nas nações vizinhas a Israel, os
pais queimarem os próprios filhos em holocausto a Moloch, deus dos amonitas, que tinha corpo
humano e cabeça de touro.
• Tal prática era severamente condenada pela lei mosaica.
• Segundo Philippe Ariés, até o século XII a infância ainda não tinha sido descoberta.
• Os sinais de desenvolvimento da infância tornaram-se significativos a partir do fim do século
XVI e durante o século XVII.
• A partir do século XIII a figura do anjo passou a ser reproduzida de forma mais juvenil.
• O segundo passo foi o retrato do menino jesus e de Maria ainda menina, tornando-se modelos de
identificação até o século XVI.
• A nudez infantil foi o terceiro passo no fim da idade média.
• A falta de sentimento de infância era evidente nas artes e nos trajes da época.
• Logo que deixavam os cueiros, as crianças vestiam modelos de roupas iguais a de adultos.
• No fim do século XVII o traje infantil começou a ser usado para os meninos e somente no século
XVIII para meninas
• Não necessariamente as crianças eram maltratadas.
• No século XIX a criança passou a ser encarada como um ente importante, com valores e
sentimentos, a partir do surgimento da psicologia, psicanálise e pediatria.
• Nesse período se deu a revolução industrial, onde era costume crianças trabalharem até 16 horas
diárias, sendo exploradas, acorrentadas nas fábricas.
• Os trabalhos sociais em defesa das crianças surgiram após a primeira fase da revolução
industrial.
• No século XX, presenciamos o florescimento da psicologia, pediatria, etc e muitos movimentos
de promoção e defesa dos direitos da criança.
• Foi neste século que presenciamos a constituição da psicologia da criança,... Freud, Piaget,
Wygotsky....

DOCUMENTOS JURIDICOS INTERNACIONAIS:


• I Declaração sobre os Direitos da Criança – 1923.
• II Declaração sobre os Direitos da Criança aprovada pela ONU em 1959.
• Regras mínimas das Nações Unidas 1985 para a administração da Justiça da Inf. E Juventude.
• Convenção sobre os direitos das crianças – Polônia 1978 ONU 1989 Brasil 1990.

CENÁRIO NACIONAL:
• Período colonial: 1500 a 1822
1. Povos indígenas: Guaikuru e os Tupis tinham por costume matar seus filhos recém-nascidos.
2. Os Tapirapé achavam ser mau agouro ter mais de três filhos e mais de dois do mesmo sexo.
Matavam e enterravam em casa.
• As mães costumavam matar os filhos de união com inimigos da tribo. Ao nascer a criança era
morta e devorada (Azevedo e Guerra, 1998).
• As mães também matavam seus filhos como forma de se vingar do companheiro, pai da criança
– comprova-se o mito de Medeia, (Azevedo e Guerra, 1998).
• Costumava-se matar os recém nascidos quando tinham defeito físico ou era de marido anterior
(Anchieta, 1565).
• Nas pop indígenas as crianças não eram castigadas quando aceitas, mas assassinadas quando
rejeitadas (Chaves, 1998).
• 2. Escravatura:
• Nem sempre as crianças escravas eram criadas por suas mães e cresciam sem conhecer o pai.
• O senhor dos escravos podia separar pais e filhos de acordo com sua conveniência (Azevedo e
Guerra 1998).
• Viviam nas senzalas das fazendas, onde a morte era perigo constante (Priore, 1992).
• Quando era fruto de mulher branca com um escravo seu destino era a morte.

PERIODO DO IMPERIO:
• Era comum criança fruto de união fora de o casamento ser assassinadas pelas mães solteiras,
viúvas desonestas ou parentas a fim de manter as aparências.
• Quando escapavam da morte, eram levados para a “RODA” dos enjeitados.

PERIODO REPUBLICANO: Século XX


• Considerado o século da criança.
• Dentro do modelo de família burguesa, a criança passa a ter valor.
• Pesquisas sobre a situação da infância começam a ser desenvolvidas para subsidiar as políticas
públicas.

DOCUMENTOS NACIONAIS:
• CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1988
• ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 1990
• LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – Lei 8072 de 25.07.1990, que altera o art. 263 do ECA no
caso das penas impostas aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor.
CENÁRIO CIENTIFICO:
• Em 1860 o médico francês AMBROISE TARDIEU, presidente da Academia de Medicina de
Paris, criou o conceito de CRIANÇA MALTRATADA.
• Em 1929 PARISSOT e CAUSSADE lançaram em Paris um lançaram em Paris um trabalho que
contribuiu para que o fenômeno começasse a ter visibilidade.
• 1946 – CAFFEY, médico americano especializado em radiologia infantil, publicou um trabalho
que contribuiu de forma definitiva para o estudo do fenômeno.
• Em 1962 a violência doméstica teve visibilidade na medicina com os drs Kempe, Silvermann e
Steel (1962) que chamaram de SINDROME DA CRIANÇA MALTRATADA (crianças de baixa
idade que sofrem ferimentos inusitados, fraturas ósseas, queimaduras, etc.)
• Em 1971 o médico FONTANA definiu o fenômeno como a SINDROME DO MATRATO,
ampliando o conceito de Kempe.
• Para que se caracterizasse o fenômeno, bastava a comprovação de privação emocional,
nutricional, negligência e abuso, sendo o espancamento a última fase.
• 1974 – O primeiro caso notificado foi feito por CANGER RODRIGUES.
• 1979 – O sociólogo Gelles (1979) inovou ao considerar violência física todo tipo de ação que
provoque dor, inclusive a palmada.
• 1988 o psicólogo OCHOTORENA define violência física não pela ótica da dor, mas sim pela
capacidade da mesma de provocar dano físico.

TIPOS DE VIOLÊNCIA PRATICADOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES


Elaboração: Carme Collet - assistente social e Aldacir Detofol - Pedagoga

A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma forma de violência que atinge uma das
bases estruturais da personalidade de uma pessoa, a sua sexualidade. Perceber-se ou ser considerada
vítima de violência sexual provoca traumas e reações na pessoa e na sociedade. Entende-se que a
violência sexual age de forma específica sobre as pessoas e, portanto, precisa de intervenções
especializadas, sem perder de vista o contexto violento e excludente da organização da sociedade
brasileira e da comunidade global.
Muito já se pensou, discutiu e até experimentou no enfrentamento da violência sexual contra
crianças e adolescentes e esta cartilha procura, a partir desta produção e vivência, apresentar as discussões
mais atuais sobre o assunto, sistematizadas para seu uso prático. Acredita-se que os avanços no
enfrentamento nascem do encontro dialético entre teoria e prática, num processo permanente de ação e
reflexão.
No Brasil, um conjunto de atores da sociedade civil e das esferas governamentais elaborou a
política de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, sistematizada no Plano
Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil, que serve de orientador para o governo
federal, os estados e municípios. Não é um documento acabado e a sua implementação depende de
constantes adaptações e atualizações.
Para intervir no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes considera-se
essencial que se tenha uma leitura sobre:
▪ O contexto da globalização em que se manifesta a violência sexual contra crianças e
adolescentes;
▪ Uma noção básica sobre infância e adolescência
▪ A sexualidade infanto-juvenil, por se constituir o alvo das violências;
▪ Violência sexual e suas manifestações como abuso e como exploração.
A legislação traz um conjunto de regras baseadas numa leitura simplificada da realidade da
violência sexual contra crianças e adolescentes. Precisa se compreender essa legislação para que qualquer
intervenção tenha suporte legal ou para poder possibilitar um debate consciente com a mesma. A partir
desta apropriação, dá-se novo passo para pensar em intervenções, seguindo os eixos do Plano Nacional de
Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, observando possibilidades e
dificuldades.
 Encontraram-se dificuldades em abordar a violação sexual de meninos, pois há pouca
experiência na abordagem e literatura sobre este fenômeno. Sabe-se que a vitimização
sexual recai principalmente sobre as meninas, porém, percebe-se cada vez mais a presença
de meninos entre as vítimas deste tipo de violência.
 Os abusadores são quase exclusivamente do sexo masculino, enquanto que entre os
exploradores sexuais também figuram muitas mulheres.
 Mesmo com as suas imperfeições, a publicação pretende ser um instrumento de
enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, que articula os campos
do saber, abre possibilidades de conhecer o que é do domínio de outras profissões para,
assim, poder trabalhar de forma interdisciplinar e em rede. Portanto, não basta exercer a
profissão com qualidade e saber encaminhar para outros profissionais, necessita-se atuar e
pensar de modo interdisciplinar e sistêmico.

 GLOBALIZAÇÃO E VIOLÊNCIA SEXUAL

Cada fenômeno social deve ser entendido dentro de uma leitura do contexto sócio-econômico,
político e cultural onde ocorre. Neste sentido, a violência sexual contra crianças e adolescentes não pode
ser considerada apenas um problema interpessoal de caráter privado, mas, sobretudo uma expressão da
correlação de forças da sociedade em que acontece. Problematizá-la significa trazer a tona relações de
opressão embutidas na organização da sociedade como normais e naturais, visando mudanças estruturais
e não somente individuais.
Um dos processos mais evidentes na estruturação da sociedade contemporânea é a globalização.
A lógica da globalização do mercado se expressa, de um lado, por meio das forças globais e, de outro, por
meio da reestrutura econômica e das conseqüências sociais nos países centrais e periféricos de forma
articulada, como o desemprego estrutural, rebaixamento salarial, crescentes desigualdades e migrações.
Este modelo recria, no mercado de trabalho, velhas e novas formas de precarização das relações de
trabalho no capitalismo, fato que não atinge as relações de trabalho masculino, mas, sobretudo, o
feminino e o infantil, através da inclusão da mão-de-obra dessas populações em sistemas informais
precários e em sistemas clandestinos e do crime organizado.
Esse novo cenário de crise no mundo do trabalho reflete diretamente nas relações familiares. A
desterritorialização (via processos migratórios) gradual ou geral dos membros da família atraídos para as
frentes de trabalho nas regiões rurais, de fronteiras, litorâneas e urbanas ou para outros países inclui
mulheres e crianças no mercado de trabalho sob condições precárias dentre outras situações de exploração
e violência.
O acirramento social provoca, dentre outras situações, a fragilização da família, por exemplo, por
meio do abandono do “gestor” das responsabilidades paternas, contribuindo para a formação de novos
arranjos familiares, em que cresce o número de famílias chefiadas por mulheres que acumulam a função
do pai e da mãe, assim como o abandono dos filhos em relação ao convívio do lar, da escola e de outras
relações de sociabilidade. Outra conseqüência é o afastamento da mãe do cotidiano do lar.
Na verdade, as transformações que esse modelo opera no âmbito familiar determinam novas
relações difíceis de serem enfrentadas dentro da família, especialmente por parte das crianças e dos
adolescentes, tais como: conviver com as novas dinâmicas familiares e conflitos na família, alcoolismo,
drogadição, experiências sexuais precoces e insalubres, violências sexuais, prostituição e tantas outras
relações que podem vulnerabilizar esse segmento.

O modelo de globalização de mercados expande a idéia do consumo como meio de inserção


social, estilo de vida, status, que veicula através dos meios de comunicação uma sociedade de marcas. A
produção globaliza o objeto, a forma e o desejo de consumir. Crianças e adolescentes são expostas a uma
ordem perversa de trabalho não só pela necessidade material, mas por desejos de consumo estimulados
pelos meios de comunicação e pela lógica consumista da sociedade capitalista. O mercado transforma a
prática do consumo numa espécie de afirmação de identidade burguesa, de “liberdade” e de “inclusão
social” do cidadão.

Na globalização da economia (e da cultura de consumo) estão desaparecendo os limites


culturalmente estabelecidos de relações interpessoais, substituídos pelo sentimento de ter direito ao
“gozo” a qualquer custo. O cidadão é aquele que consome e quem não consome não existe.
“Sexo e Juventude” têm um potencial comercial enorme neste novo contexto. O mercado
convence que o gozo sexual só se realiza com a ajuda dele. O “sexo” é separado do “amor”,
desapropriado pelo mercado para se tornar um “produto de prazer”. O governo, por sua vez, prega o
discurso de que o mercado resolve os problemas sociais, criando, inclusive, condições para este mercado,
como se verificou há pouco tempo, o estímulo no exterior ao turismo através da erotização da imagem da
mulher brasileira.

Cresce, de forma mundial e milionária, o mercado do sexo, que se deixa conhecer através de
duas vertentes:
A erotização e infantilização de produtos e serviços;
A comercialização de serviços e produtos sexuais (envolvendo jovens).

A primeira vertente utiliza-se da receita de sexo e juventude para vender qualquer produto,
serviço ou idéia (cervejas, carros, viagens turísticas...) e, como conseqüência, estimula o interesse sexual
de adultos por crianças e adolescentes, provocando um interesse sexual prematuro no público infanto-
juvenil.
A segunda vertente é altamente diversificada, incluindo atividades como a prostituição, shows
eróticos, pornografia, tele-sexo, produção de artifícios eróticos, lojas de sexo etc., geralmente reforçando
desigualdades sociais, pois a satisfação obtida neste mercado é, além de sexual, de poder (imaginário).
Aguça a desigualdade de gênero, uma vez que a figura feminina é sempre mais explorada e erotizada,
recaindo sobre si uma inferiorização sexual frente à figura do “possuidor”.
A violência sexual contra crianças e adolescentes têm que ser entendida em suas determinações
históricas. A formação econômica, social e cultural da América Latina, assentada na colonização e
escravidão, produziu uma sociedade escravagista, elites oligárquicas dominantes e dominadores de
categorias sociais inferiorizadas pela raça, cor, gênero e idade. O que deu origem a uma sexualidade
machista, sexista, adultocêntrica, ainda vigente. (Faleiros, 2000)
 Reverter esse quadro é intervir de forma a construir uma nova ordem em que a
mulher seja valorizada e a sexualidade de crianças e adolescentes seja respeitada no seu
processo de desenvolvimento.

VIOLÊNCIA SEXUAL/ABUSO SEXUAL:


Conceito 1 - “Ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual entre um ou mais
adultos e uma criança menor de 18 anos, tendo por finalidade estimular sexualmente a criança ou utilizá-
la para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra "pessoa” (AZEVEDO; GUERRA,
1988, 1989).

Conceito 2: “Abuso Sexual é uma situação em que uma criança ou adolescente é usado para
gratificação de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, baseado em uma
relação de poder que pode incluir desde carícias, manipulação de genitália, mama ou
ânus, ‘voyeurismo’, e exibicionismo, até o ato sexual com ou sem penetração, com ou
sem violência.”.
Atividades de caráter sexual que caracterizam a violência:
Toques inapropriados ou inadequados, beijos de língua, beijos e manipulação dos genitais,
carícias nos seios, ligações telefônicas obscenas, imagens pornográficas, ereção ao sentar a criança no
colo, voyeurismo, exibicionismo, fel ação, masturbação, mesmo que não envolvam os órgãos genitais da
criança.
Atos invasivos e perturbadores, violando a criança em seus direitos, limites, liberdade e
dignidade, tendo o agravante de serem perpetrados por uma pessoa em quem ela confia.

MITOS/FATOS DA VIOLÊNCIA SEXUAL:

 Mito 1: A vitimização sexual é rara.


 Fato: 1 em 3 a 4 meninas e 1 em 6 a 10 meninos serão vítimas de abuso sexual até a
idade de 18 anos.
 Mito 2: As crianças menores de 10 anos estão a salvo.
 Fato: Mais de um terço das notificações envolvem crianças de 5 anos ou menores.
 Mito 3: Se as crianças forem ensinadas a evitar “estranhos perigosos”, elas não serão
sexualmente vitimizadas.
 Fato: 85 % a 90 % dos agressores são conhecidos da criança. Qualquer adulto ou
criança mais velho pode ser um agressor sexual.
 Mito 4: Os agressores são homens velhos, violentos, alcoólatras e desempregados. São
sexualmente depravados, homossexuais, retardados ou loucos.
 Fato: Geralmente os agressores parecem normais, sob vários aspectos. Os crimes
sexuais têm sido cometidos em todos os níveis sócio-econômicos e em todos os grupos
raciais, religiosos e étnicos. Crianças são vitimizadas no campo e na cidade. A maioria
dos agressores sexuais são homens heterossexuais e têm acesso a relações sexuais com
adultos.
 Mito 5: Se uma criança “consente” é porque deve ter gostado. Se ela não diz “não” é
porque não é abuso.
 Fato: Vitimização sexual nunca é culpa ou responsabilidade da criança. O agressor
sexual tem inteira responsabilidade pelo crime, qualquer que seja a forma por ele
assumida. Muito abuso se dá sem uso da força física.
 Mito 6: Vitimização sexual costuma ser um único ato violento que envolve conjunção
carnal.
 Fato: A vitimização sexual pode incluir telefonemas obscenos, exposição de genitais ou
seios, mostrar a uma criança materiais pornográficos, prática de atos libidinosos
(incluindo masturbação), relações (ou tentativas) sexuais orais / anais vaginais e
exploração da criança através de prostituição e/ou produção de pornografia.
 Mito 7: Se os agressores são detidos e prometem parar, geralmente o fazem.
 Fato: Os agressores quase nunca procuram um tratamento para parar o abuso
voluntariamente. Eles podem parar de vitimizar uma dada criança, mas logo podem
fazer o mesmo contra outra. A vitimização quase sempre continua de um modo ou de
outro, a menos que o agressor esteja em tratamento em alguma instituição especializada.
 Mito 8: A maioria das crianças esquecerá a vitimização desde que os adultos não as
relembrem.
 Fato: Crianças não costumam esquecer. Elas podem tentar ocultar seu sofrimento, sua
confusão e seu ódio porque acreditam que os adultos não querem ouvir falar disso. Elas
podem interpretar o silêncio adulto como censura ou raiva. É muito importante que a
vítima, o agressor e o pai (mãe) não-agressor recebam tratamento terapêutico
especializado.
 Mito 9: Crianças só não revelam o “segredo” se tiverem sido ameaçadas com violência.
 Fato: Crianças podem não falar por medo de violência contra si ou contra alguém que
amam. Elas também não contam quando temem censura e temem acarretar ruptura da
família.
 Mito 10: Falar sobre “toque” e vitimização sexual fará com que pais e filhos se sintam
desconfortáveis em relação ao afeto normal.
 Fato: Todas as pessoas necessitam contatos físicos. Abuso sexual não deve ser
confundido com contatos entre um adulto e uma criança que estiverem expressando
amor. Contatos sexualmente abusivos são em benefício do agressor, não da criança.
 Mito 11: Crianças inventam histórias de vitimização sexual.
 Fato: Crianças raramente inventam histórias de vitimização sexual. Crianças
geralmente falam a partir de sua própria experiência e não podem fabricar informação, a
menos que tenham sido expostas a ela.
 Mito 12: Meu (minha) filho (a) jamais será sexualmente vitimizado.
 Fato: Todas as crianças são vulneráveis à vitimização sexual devido à sua inocência,
confiança nos adultos, tamanho, vontade de agradar e necessidade de afeto.

INCESTO:
“Toda atividade de caráter sexual, implicando uma criança de 0 a 18 anos e um adulto que
tenha para com ela seja uma relação de consangüinidade seja de afinidade ou de mera responsabilidade”
(AZEVEDO; GUERRA, 1989).

Famílias Incestogênicas:
18. Nesta família há:
13. Uma grande confusão nas fronteiras intergeracionais e das identidades de seus
membros;
14. Uma fronteira organizacional muito pouco permeável ao exterior (relações exteriores
superficiais e pouco consistentes). Ao mesmo tempo as relações intrafamiliares são
rígidas. Qualquer mudança seria um terror a evitar. A família incestogênica é, portanto,
uma família resistente a mudanças;
15. A família tem como regras de ouro: a obediência inconteste à autoridade do pai ou
responsável, a obediência necessária dos filhos;
16. Uma organização fundada num segredo que por vezes persiste de geração a geração. O
segredo faz com que o incesto seja um crime perfeito: só a vítima por testemunha
silenciada ante a ameaça – sempre presente - das terríveis conseqüências de uma
possível revelação do segredo (complô do silêncio);
17. As formas de manifestação de carinho e afeto, quando existem, são erotizadas;
18. Mesmo que a c/a não goste, pode não oferecer resistência, por medo ou por estar
seduzida pelo agressor;
19. Algumas vezes, o abuso se inicia por sedução, mas à medida que a c/a vai percebendo e
tenta oferecer resistência, entram as ameaças e até as agressões físicas;
20. Muitas vezes, a vítima pode ser colocada pela família como promíscua, sedutora e
mentirosa;
21. “Crê que o contato sexual é a forma de amor familiar; conta histórias alegando outro
agressor para proteger membro da família” (DESLANDES, 1994 apud CRAMI, 2005,
p. 19).
19. NESTAS FAMÍLIAS:
22. A maioria das vítimas é do sexo feminino e os autores da violência são geralmente do
sexo masculino (pai, padrasto, parente ou pessoa de confiança da criança ou
adolescente);
23. A violência sexual pode ser praticada por uma condição situacional ou preferencial. O
autor de violência sexual situacional é aquele que não tem uma verdadeira preferência
sexual por crianças ou adolescentes, mas acaba se envolvendo em sexo com elas por
várias razões (insegurança, fugir do stress, oportunidade, curiosidade, vingança, etc...) e
o autor de violência sexual preferencial é o pedófilo, pois prefere fazer sexo com
crianças e adolescentes;
24. Em seus históricos de vida, é freqüente encontrarmos situações de vitimização física ou
sexual;
25. Utilizam-se da sexualidade com a criança, muito mais como uma gratificação
compensatória para um sentimento de impotência e de baixa auto estima, do que uma
gratificação sexual. O que o move é a relação de poder, dominação e opressão;
26. Em uma minoria de casos, o agressor sexual sofre de distúrbios psiquiátricos;
27. Embora haja vítimas de 0 -18 anos, a idade mais freqüente varia de 8-12 anos;
28. A mãe (ou adulto não abusador), na maioria das vezes apresenta-se submissa ao
companheiro, mas ao mesmo tempo desempenha um papel de superprotetora deste.
Ajuda a manter o complô do silêncio, justificando ou encobrindo o que acontece;
29. A mãe apresenta histórico de vitimização na infância, inclusive freqüentemente como
vítima de abuso sexual;
30. Com poucos recursos para proteger a criança, quando faz, tem dificuldade em manter
esta proteção, pois ela própria pode estar sendo vítima de agressões deste companheiro;
31. Segredo Familiar: esta forma de violência está envolta em segredo;
32. Reincidência: Os autores de violência sexual são reincidentes, não se restringindo a
vitimização de apenas uma pessoa;
33. Repetição da violência: As pessoas vitimizadas, quando criança, tendem também a
repetir a violência com outras pessoas;
34. Presença da violência em todas as classes sociais: a pobreza não pode ser considerada
causa de abuso, mas constitui uma situação de risco;
35. Impunidade do autor da violência sexual: ele é muitas vezes “perdoado” pela família,
por razões culturais e autoritárias;
36. Fuga de Casa: É freqüente, em depoimentos de meninas e meninos de rua, a
constatação de que a fuga da casa foi motivada por agressões físicas e ou sexuais;
37. Necessidade de terapia e acompanhamento de forma multiprofissional ou
interdisciplinar, tendo em vista a complexidade do problema.

PISTAS PARA IDENTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL:

Indicadores físicos da cr/ad. Comportamento da Características da Família


criança/adolescente
☺Dificuldade de caminhar; ☼ Vergonha excessiva; > Muito possessivo com a
I☺Infecções urinárias; ☼ Autoflagelação; criança, negando-lhe contatos
☺Secreções vaginais ou ☼ Comportamento sexual inadequado sociais normais;
penianas; para sua idade; > Acusa a criança de
☺Baixo controle dos ☼ Regressão a estados de promiscuidade ou sedução
esfíncteres; desenvolvimento anterior; sexual;
☺Pode apresentar DST; ☼ Tendências suicidas; > O agressor pode ter sofrido
☺Enfermidades ☼ Fugas constantes de casa; esse abuso na sua infância;
psicossomáticas; ☼ Mostra interesse não usual por > Acredita que a criança tenha
☺Roupas rasgadas ou com assuntos sexuais e usa terminologia atividade sexual fora de casa;
manchas de sangue; inapropriada para a idade; > Crê que o contato sexual é
☺Dor ou coceira na área ☼ Masturba-se excessivamente; uma forma de amor familiar;
genital ou na garganta ☼ Desenha órgãos genitais além de sua > Paradoxalmente dominador
(amidalite gonocócica); capacidade etária; e fraco;
☺Dificuldade para urinar ou ☼ Alternância de humor-retraída x > Pode abusar de álcool ou
deglutir; extrovertida; drogas;
☺Edema e sangramento da ☼ Resiste a participar de atividade > Sugere ou indica discórdia
genitália externa, regiões física; conjugal ou dificuldades de se
vaginal ou anal; ☼ Relata avanços sexuais de adultos; relacionar com adultos;
☺Vulva, períneo, pênis ou reto ☼ Resiste a se desvestir ou a ser > Indica isolamento social;
edemaciados ou hiperemiados; desvestida; > Mostra conduta impulsiva e
☺Intróito vaginal alargado; ☼ Resiste a voltar para casa após a imatura;
☺Sêmen ao redor da boca, dos aula; > Tenta minimizara a
genitais, nas pernas, ou na ☼ Mostra medo de lugares fechados; seriedade da situação;
roupa; ☼ Tenta mostrar-se “boazinha”; > Estimula a criança a se
☺Odor vaginal ou corrimento. ☼ Ausência escolar por motivos envolver em condutas ou atos
insubsistentes; sexuais.
☼ Exerce o papel de mãe;
☼ Conduta muito sexualizada.

Fonte: Deslandes, S.F. Prevenir a Violência. Um desafio para Educadores. FIOCRUZ/ENSP/CLAVES –


Jorge Careli, RJ,

CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL:


Podemos dividir as conseqüências em:
1.5.1. CONSEQÜÊNCIAS FÍSICAS:
 Lesões físicas gerais: hematomas, contusões, fratura, queimaduras de cigarro. As
agressões físicas podem fazer parte do prazer sexual ou serem usadas como maneira de
intimidar a vítima, controlá-la e dominá-la.
 Lesões genitais: a mais freqüente é a ruptura do saco vaginal. Ainda, lesões vulvulares e
clitorianas.
 Lesões anais: a mais freqüente é a laceração da mucosa anal. As lesões podem se infectar
levando à formação de abcessos perianais. As lesões podem ocasionar perda involuntária
das fezes.
 Gestação
 Doenças sexualmente transmissíveis: gonorréia, sífilis, herpes genital, AIDS, etc.
 Disfunções sexuais: a violência sexual pode deixar seqüelas orgânicas que dificultam ou
impedem a concretização do ato sexual.

1.5.2.Conseqüências Psicológicas:
26. Sentimento de culpa – isto se dá porque a criança participa de um “complô” de
silêncio e costuma ser pressionada para nada revelar, sofrendo ameaças e também porque
teme o descrédito do adulto. Pode experimentar culpa por ter sentido algum prazer físico e
por ter se deixado abusar por muito tempo. Pode estar ligado a sentimento de ódio em
relação ao pai e à mãe, os quais são figuras para serem amadas. Pode ser desencadeado
pelo fato de o agressor, familiares e até instituições de atendimento responsabilizar a
criança ou adolescente pelo ocorrido, acusando-a de “sedução”.
27. Sentimento de auto desvalorização;
28. Depressão;
29. Dificuldades de adaptação interpessoal:
30. Recusa no estabelecimento de relação com homens;
31. Estabelecimento de relações apenas transitórias com homens;
32. Tendência a supersexualizar relações com homens;
33. Negação de todo e qualquer relacionamento sexual;
34. Incapacidade de relações sexuais satisfatórias.

Os estudos apontam ainda como conseqüências:


 Drogadição;
 Suicídio;
 Fugas do Lar;
 Agressão;

A VISIBILIDADE DA VIOLÊNCIA SEXUAL:


> Baixo índice de notificação.
> OMS: só 2% dos casos de violência intrafamiliar são denunciados.
> Só 10% das vítimas procuram ajuda.
> Odisey House (programa de tratamento residencial de drogados com centros espalhados por
todos os Estados Unidos): 44% das viciadas em drogas foram vítimas de incesto na
infância.
> John Siverson de Minneapolis (terapeuta que trata de adolescentes viciados em drogas)
calcula que esta proporção esteja em torno de 70%.
> Estudo com 150 “estupradores” de Nova Jersey indicou que 70% deles haviam sido
submetidos a abusos sexuais na infância.
> Estudo de Jennifer James (Universidade do Estado de Washington) revelou que uma em cada
quatro prostitutas havia sido vítima de incesto. Outros estudos apontam uma proporção de
quase 75%.
> De cada 105 denúncias registradas em instituições jurídicas, só 25 se transformam em
inquérito policial, e desse total, apenas um caso chega aos tribunais. (GARCIA, 2002).
2. VIOLÊNCIA E EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTO JUVENIL:
Caracteriza-se pela utilização sexual de crianças e adolescentes com fins comerciais e de lucro,
seja levando-os a manter relações sexuais com adultos ou adolescentes mais velhos, seja utilizando-os
para produção de materiais pornográficos (revistas, fotos, filmes, vídeos e sites na Internet).

2.1. CONCEITO
• Exploração sexual comercial;
o É a comercialização da prática sexual com crianças e adolescentes com fins comerciais. São
considerados exploradores o cliente, que paga pelos serviços sexuais, e os intermediários em
qualquer nível, ou seja, aqueles que induzem, facilitam ou obrigam crianças e adolescentes a se
prostituir. A pornografia, a prostituição e o turismo sexual são espécies de exploração sexual
comercial de crianças e adolescentes.

Turismo sexual:
O turismo sexual utiliza também crianças e adolescentes. Nesse caso, trata-se de exploração
sexual e comercial para servir a turistas nacionais e estrangeiros. As vítimas fazem, muitas vezes,
parte de pacotes turísticos ou são traficadas como mercadoria (objeto sexual) para outros países.
Pornografia infantil:
É a exposição e reprodução do corpo ou de atos sexuais praticados com crianças, definida nos
artigos 240 e 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, como a produção de representação
teatral, televisiva ou película cinematográfica, fotografias e publicações utilizando-se de criança
ou adolescentes em cena de sexo explícito ou pornográfico. A pornografia infantil é considerada
uma forma de exploração sexual.

2.3.1. Formas mais freqüente:


• Produção e comercialização de materiais pornográficos (fotografias, revistas, filmes,
vídeos, etc.) que mostram crianças e/ou adolescentes tendo relações sexuais ou expondo
os genitais;
• Troca e venda de materiais pornográficos com crianças e adolescentes na INTERNET;
• Tráfico de crianças ou adolescentes para outras cidades, estados ou países a fim de
servirem a propósitos sexuais;
• Práticas sexuais com crianças e adolescentes mediante alguma forma de pagamento;
• Turismo Náutico - prática voltada para a comercialização do corpo de crianças e
adolescentes acontecendo principalmente em regiões banhadas por rios navegáveis da
região norte, fronteiras nacionais e internacionais da região centro-oeste e zonas
portuárias.

2.4. RAIZES DA EXPLORAÇÃO SEXUAL:


 Desagregação/Desestruturação familiar;
 Violência Doméstica;
 As pesquisas revelam que grande parte das prostitutas encontra na sua história de vida a
violência sexual;
 O machismo é um comportamento cultural que tem contribuído para a manutenção dessa
situação;
 Para conseguir sustento próprio ou mesmo da família;
 Para obtenção de bens de consumo, roupas de ‘grife’ e freqüentar lugares da moda;
 Manutenção de vícios, como drogas, cigarros, bebidas etc.
 Impunidade

2.5. QUEM É O EXPLORADOR SEXUAL:


2.5.1. Usuários:
• De difícil caracterização, homens comuns.
2.5.2. Aliciadores:
• Com vínculo de parentesco, afetivos ou de responsabilidade.
• Sem vínculos: donos de prostíbulos, proprietários de bares, boates, casas de massagem
ou hotéis, vizinhos, policiais, prostitutas.
• Muitos retiram os jovens dos lares com falsas promessas de emprego.
2.5.3. Redes – motoristas de táxi, agências de turismo, lojas de shopping, agências de modelos e
até policiais.

2.6. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:

 A conivência ou omissão dos poderes constituídos é, sem dúvida, o principal fator responsável pela
impunidade de que desfruta a maioria dos usuários e aliciadores sexuais.
 Existe uma rede que tem interesse em manter este tipo de exploração, por ser um negócio rentável,
principalmente em cidades turísticas, portuárias e áreas de garimpo. É uma rede organizada,
inclusive internacionalmente com utilização de tecnologia e sistemas de informação.
 Crianças e adolescentes explorados perdem sua dignidade, amor próprio e a integridade física,
moral e mental. Podem também ser contaminados por doenças. Muitas encontram a morte ao tentar
sair deste circuito.
 O mercado do sexo tem várias ramificações e é caracterizado por um dinamismo que faz surgir
novas formas de comercialização do sexo com os avanços da tecnologia e da globalização.
 Há diferentes regimes de trabalho e formas de pagamento, além de que os serviços e o contato com
os “consumidores” vão desde o “contato direto, físico, exclusivo” até “a comunicação à distância,
sem nenhum contato físico ou ao vivo”.
 Para enfrentar a presença de crianças e adolescentes neste mercado, precisa-se conhecê-lo
minimamente. No Brasil, não se tratam de atividades ilegais, em princípio, mas a sua organização é
parcialmente criminalizada e, ao mesmo tempo, conta com envolvimento do crime organizado.
 Identificam-se três grandes setores no mercado do sexo:
* um no qual a relação sexual entre o cliente e a prostituta se apresenta como fundamental
(a prostituição);
* o segundo onde o cliente aprecia ao vivo exibições eróticas (shows eróticos);
* o terceiro é aquele no qual a relação libidinosa se estabelece via estímulos visuais ou
auditivos sem contato físico ou presença direta do cliente (a pornografia).

Na prática, existe uma relação estreita entre as três ramificações do mercado, porém, a sua
organização e até a legislação sobre elas diferenciam.
O mercado do sexo se organiza nos lugares onde se encontra uma demanda de clientes ou onde
esta demanda pode ser potencializada. Pressupõe-se a presença de um contingente masculino e uma
cultura de permissividade, um ambiente de falta de compromisso e de satisfação sexual imediata. São
aquelas situações em que o cliente está longe de seu convívio familiar, normalmente encontradas e
vinculadas a outras atividades econômicas que implicam no deslocamento de homens (caminhoneiros,
marinheiros, garimpeiros, turistas, trabalhadores sazonais, militares, mão-de-obra de grandes projetos
etc.) e/ou a sua convivência permissiva grupal (grupos de estudantes, amigos, despedida de solteiro...).
Há outras situações nas quais homens transformam o exercício do seu poder em abuso e
exploração em todos os seus sentidos, incluindo o sexual, como a exploração sexual por fazendeiros,
políticos, donos de empresas, entre outros, como se ainda estivessem vivendo no tempo da escravidão.
A exploração por pedófilos ou por outras pessoas, que através de pagamento procuram realizar
suas perversões sexuais, configura como terceira vertente no mercado. Este não se organiza vinculado a
outras atividades econômicas, mas através da comunicação e conexão entre esses “usuários”.
> Algumas reflexões:
* O mercado do sexo, nas atividades de prostituição, shows eróticos e pornografia, desvaloriza
o sujeito mulher, reduzindo-a a condição de objeto de prazer e gerando dificuldades na valorização de
sentimentos como o amor (próprio e por/de outrem) e de estabelecer uma vida social na qual seja
reconhecida e valorizada como sujeito.
* Por outro lado, o mercado do sexo proporciona a inclusão financeira e um grau de
independência e liberdade, mas resulta muitas vezes em exclusão social e pessoal e novas dependências.
* Crianças e adolescentes, neste contexto, têm a sua sexualidade violentada por tê-la modelada
com os preconceitos, valores, agressões e dominações do mercado e sabe-se que a sexualidade é um dos
fatores constituintes da personalidade humana.
* Hoje, a exploração sexual está relacionada ao exercício de consumo para satisfazer
necessidades de carinho, atenção, sexo e lazer ou ao gozo do exercício extremo de poder, comprando o
que é mais íntimo e frágil no ser humano, à sexualidade infantil.
* Como se fala em mercado, a discussão sobre exploração sexual de crianças e adolescentes
necessita de uma reflexão dentro do contexto da problemática do trabalho infanto-juvenil.
* O trabalho infanto-juvenil é proibido, conforme o art. 60 da lei 8069/90, caracterizando-se
assim, a exploração sexual como ilegal, tendo em vista que prejudica o desenvolvimento físico,
psicológico e social de crianças e adolescentes.
* Podem trabalhar na condição de aprendiz adolescentes de 14 anos, realizando atividades
profissionalizantes que respeitem a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
* Só é permitido o trabalho a partir dos 16 anos, conforme determina a Constituição Brasileira,
no artigo 7º, XXXIII e mesmo assim é vedado conforme art. 67 do ECA:
I - trabalho noturno, realizado entre as 22 horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico,
moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam à freqüência a escola.

* É importante ressaltar, considerando as atividades neste mercado de trabalho, qual é o caráter


delas.
* Utilizando as palavras do artigo 67 do ECA, o trabalho no mercado do sexo é noturno,
perigoso, insalubre, penoso, realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social e realizado em horários e locais que não permitem a freqüência à escola.
* A violência está presente em todos os momentos, como os riscos de gravidez indesejada, de
doenças sexualmente transmissíveis e de AIDS. São atividades altamente marginalizadas e não
profissionalizantes, além de constituir carreiras curtas e em escala decadente.
* Não exatamente um ambiente onde crianças e adolescentes encontram estímulos para um
crescimento saudável. Porém, são atividades que aglutinam aventura, sexo, “liberdade”, transgressão,
vida noturna, relações inesperadas, dinheiro e outros atrativos, principalmente para jovens.
* Para adolescentes1 utiliza-se a expressão “adolescentes no mercado de sexo” para enfatizar a
fase da vida em que eles se encontram, pelo maior potencial de escolha, mesmo considerando as
vulnerabilidades psíquicas, sociais e econômicas. Não se pode conceituá-los como prostitutas/os, pois não
consideram esta atividade como sua profissão e, apesar da exploração objetiva, não se aplica o termo
“prostituídas”, pois se quer abordá-las não somente como vítimas, mas também como sujeitos ativos de
sua história.
* Utiliza-se a expressão crianças exploradas sexualmente para indicar crianças que estão no
mercado do sexo, por se encontrarem ainda numa fase dependente tanto física quanto psicológica de
adultos, que, de alguma maneira, tiram proveito desta dependência e as exploram. Estas são tanto
exploradas quanto violentadas sexualmente.
* O mercado do sexo constitui-se em uma forte atração para adolescentes, masculinos e
femininos, de diversas classes sociais, níveis de escolaridade e ambientes familiares. Em geral, fala-se
apenas das meninas, como se os meninos não corressem também os mesmos riscos. A história tem
mostrado que focalizar o problema apenas no sexo feminino tem sido uma forma de preconceito de
gênero a que as mulheres estão sujeitas. A dificuldade de reconhecer a exploração sexual de meninos e
rapazes retrata a dificuldade em abordar a questão do papel sexual do homem e a homossexualidade.
(Bulgarelli, 1996)
* Há vários fatores que apontam o momento em que um adolescente decide “aventurar-se” no
mercado do sexo. A pesquisa sobre Prostituição Juvenil no Interior do Pará (Pereira e.o. 1995) detectou
que o ingresso neste mercado sempre está relacionado a uma combinação de fatores que estão
extremamente interligados.
A partir desta pesquisa elaboraram-se as seguintes categorias:
* A situação socioeconômica
* A pobreza tem sido fundamental para que milhares de crianças e adolescentes se
transformem em grupos vulneráveis à exploração sexual. Mas não só a pobreza,
também a cultura de consumo leva crianças e adolescentes a buscarem acesso a roupas
de grife e fetiches de marca;
1
trata-se de adolescentes femininos e masculinos; utilizamos o feminino para enfatizar o maior número
deles na prostituição
* A falta de oportunidades de emprego, a má remuneração nas funções disponíveis,
principalmente para mulheres e para pessoas com baixa escolaridade, também fazem do
mercado do sexo uma alternativa atrativa.
* A organização familiar no direito ao exercício da sexualidade.

A influência da família se dá através de várias formas:


* Como é tratada a sexualidade dentro da família: de forma repressiva (criando mitos,
curiosidade e a busca de respostas fora da família), de forma permissiva (não
estabelecendo limites) ou abusiva (provocando traumas, baixa auto-estima e uma
relação ambivalente com sua sexualidade);
* A valorização da virgindade e a desvalorização da menina que a perde,
estigmatizando-a, expulsando-a de casa ou obrigando-a a casar;
* A cultura do papel feminino dentro da família, que, historicamente, pode ter
sustentado a família através de relações diversas com homens, dando a referência
que por meio destes tipos de relações a mulher garante sua sobrevivência.
* As relações agressivas ou a ausência dos pais, pode dar espaço para que o adolescente
se utilize do mercado do sexo enquanto um canal de denúncia de punição dos pais
para falar deste abandono ou rejeição.
* Violência sexual sofrida
* Violência sexual sofrida tanto dentro quanto fora do ambiente familiar gera traumas
que fazem o adolescente ser mais vulnerável a novas violências e exploração. 2
* O casamento/maternidade precoce
* Devido a vários fatores (situação familiar, gravidez precoce, costumes)... *O
casamento de meninas, geralmente com homens mais velhos, é bastante comum no
Brasil.
* A vivência da adolescência, casada e como mãe, gera conflitos e sentimentos
ambivalentes, que fazem muitos destes casamentos naufragarem. É neste momento,
quando a menina se “livra” do casamento, que tanto para sobreviver quanto para viver a
sua “liberdade” encontra no mercado do sexo uma oportunidade.
* Cultura machista
*Muitos adolescentes do sexo feminino se decepcionam com as experiências de
relacionamento, por sofrer as conseqüências da cultura machista, que oprime e submete
a mulher ao homem. Como saída, às vezes, encontra no mercado do sexo um espaço de
“autonomia” e possibilidade de encontrar uma relação diferente, com o homem
“sonhado”.

3. NEGLIGÊNCIA:

É um padrão de comportamento constante e um estado inadequado da paternagem /


maternagem quando comparada às normas da comunidade” (Feldman et alli, 1993).
“Consiste em falha ao cuidar das necessidades de uma criança, falha raramente proposital,
tratando-se de uma inabilidade de comportamento dos pais” (Baily et alli, 1985).

3.1. MODALIDADES DE NEGLIGÊNCIA:


 Médica (incluindo a dentária): as necessidades de saúde de uma criança não estão sendo
preenchidas;
 Educacional: os pais não providenciam o substrato necessário para a freqüência à escola;
 Higiênica: quando a criança vivencia precárias condições de higiene;
 De supervisão: a criança é deixada sozinha, sujeita a riscos;
 Física: não há roupas adequadas para uso, não recebe alimentação suficiente.
2
para quebrar a resistência de adolescentes que não querem trabalhar no mercado de sexo elas, muitas
vezes, são submetidas a várias formas de violência sexual, pois esta experiência abala seu auto-estima e
valorização
☺A negligência pode ser:
Severa;
Moderada.

3.2. PISTAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DA NEGLIGÊNCIA:

Indicadores físicos da Comportamento da Características da família


criança/adolescente criança/adolescente
☺ Padrão de crescimento ☺Comportamentos extremos: hiper ☼ Apática e passiva;
deficiente; ou hipoativo; ☼ Não parece se preocupar com a
☺ Apresenta vestimenta ☺ Assume responsabilidades de umsituação da criança;
inadequada ao clima; adulto; ☼ Não busca resolver as
☺ Problemas físicos ou ☺ Comportamentos infantis ou necessidades de atenção da criança;
necessidades não atendidas; depressivos; ☼ Baixa auto-estima;
☺ Fadiga constante; ☺Contínuas ausências ou atrasos à
☼ Pode abusar de álcool e drogas;
☺ Pouca atenção☼ escola e consultas médicas. ☼ Apresenta severo desleixo com a
higiene e aparência pessoal.
Fonte: Deslandes, S.F. Prevenir a Violência. Um desafio para educadores. FIOCRUZ/ENSP/CLAVES –
Jorge Careli, Rio de Janeiro, 1994.

3.3. OUTRAS FORMAS DE NEGLIGÊNCIA:

☼ Deixar a criança chorar por muito tempo;


☼ Ausências severas dos pais e/ou responsáveis;
☼ Suprimir refeições;
☼ Isolamento;
☼Não fazer pequenos curativos, dizer que não dói;
☼ Deixar a criança por longo tempo vendo TV (babá eletrônica)
OBS: freqüentemente a mulher é culpabilizada

CONSEQÜÊNCIAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS:

☺ crescimento deficiente;
☺ problemas de saúde;
☺ fadiga constante;
☺ problema na conduta;
☺ privação cultural;
☺sentimento de rejeição e menos valor;
☺ desnutrição;
☺ depressão.

4. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA:
É um processo de socialização através do qual a criança aprende a se comportar como um
adulto, o que envolve uma dose necessária de repressão. Reprimem-se desejos cuja realização contraria o
bem-estar social tal como definido pelos adultos. (SAFFIOTI, 1989)
Coação é feita através de ameaças, humilhações, privação emocional. A Violência Psicológica
também é chamada de tortura psicológica “quando os adultos sistematicamente depreciam as crianças,
bloqueiam seus esforços de auto-estima e realização ou as ameaçam de abandono e crueldade”.
(WESTHPAL, 2002).
4.1. FORMAS DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA:
 Fazer ameaças (palavras ou gestos);
 Privação (não deixar sair com amigos, brincar, etc.);
 Silêncio (ninguém lhe dirige a palavra);
 Não dar voz à criança e não permitir que faça suas escolhas;
 Vetar a expressão de emoções;
 Olhares reprovadores;
 Controle severo da criança;
 Mau humor;
 Tratamento diferenciado dos filhos ou alunos por serem diferentes;
 Envergonhar ou humilhar a criança em público;
 Fazer a criança se sentir culpada por erros de adultos;
 Não respeitar as suas necessidades (ser ouvida, respeito aos seus sentimentos, “menino
chora, sim!”);
 Rir da criança / adolescente;
 Ouvir sistematicamente brigas dos pais;
 Mentiras;
 A criança é o “bode expiatório”;
 Ausência de limites;
 Corromper;
 Produzir expectativas irreais ou extremadas exigências;
 Negligencia afetiva;
 Isolar.

4.2. CONSEQÜÊNCIAS DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA:


► As crianças se tornam confusas e ambivalentes;
► Apresentam amortecimento emocional;
► Sentem-se deprimidas, ansiosas, amedrontadas, com baixa auto-estima;
► Como aprenderam que confiar no outro só expõem ao perigo e à dor, voltam-se para dentro
de si mesmas e desenvolvem um medo de que o outro as prejudique e evitam se envolver.

4.3. PISTAS PARA IDENTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

Indicadores físicos da Comportamento da Características da família


criança/adolescente criança/adolescente
► Problemas de saúde; ☻Problemas de aprendizagem; ☼ Tem expectativas irreais sobre a
► Obesidade; ☻Comportamentos extremos de criança;
►Afecções na pele; agressividade ou timidez, destrutivo ☼ Rejeita;
► Problemas de tartamudez; ou autodestrutivo; ☼ Aterroriza;
►Comportamento infantil; ☻Problemas com o sono; ☼ Ignora;
►Urinar na roupa ou na cama; ☻Baixo conceito de si; ☼Isola;
► Chupar o dedo. ☻Depressivo; ☼ Exige em demasia;
☻Apático; ☼ Corrompe;
☻Tendência suicida ☼ Descreve a criança como muito
má, diferente das demais.
5. VIOLÊNCIA FÍSICA:
Pedagogia Autoritária - Pedagogia Tirânica
“Pai espanca e mata a filha que fez xixi na cama” (O Estado de São Paulo)
“L. B. E, de 2 anos, foi espancada até a morte pelo pai, o pedreiro V.E.: “Bati nela porque
urinou na cama”. O corpo foi achado anteontem num saco plástico numa estrada da periferia”.
A polícia apura a participação da mãe, I., no crime. Ela avisou a polícia que a filha sumira.
Quando o corpo foi achado, o casal disse que L. tinha sido seqüestrada. A criança tinha várias escoriações,
principalmente na cabeça. Vizinhos já haviam denunciado o pai por agredi-la sempre.

CONCEITO “... é o uso intencional, não acidental de força física por parte de um parente ou
outra pessoa incumbida dos cuidados das crianças, tendo como objetivo danificar, ferir ou destruir aquela
criança” (AZEVEDO; GUERRA, 2000).
“Toda ação que causa dor física numa criança desde um simples tapa até o espancamento fatal,
representando um só continuum de violência” (NEWELL, 1989).

5.1. MITOS SOBRE A VIOLÊNCIA FÍSICA:


 Maldade da infância e da bondade dos pais;
 “Aquele que poupa a vara, quer mal ao seu filho, mas o que o ama, corrige-o
continuamente” (Provérbios 13:24);
 Mesmo que a punição física não evite o comportamento agressivo, ainda é o método ideal a
ser empregado com as crianças que machucam outras;
 A punição física não interfere no relacionamento pais-filhos;
 A punição corporal atinge só as crianças de baixa idade;
 Os métodos de castigar crianças e adolescentes não são cruéis.

5.2. PERFIL DO FENÔMENO:


A violência física ocorre em famílias nas quais:
* A prática é considerada adequada para o disciplinamento das novas gerações;
*A criança ou adolescente são vistos como objetos com suas necessidades não percebidas,
submetidos aos desejos dos pais;
* A criança e o adolescente são idealizados;
* Há conflitos significativos seja entre os pais, seja com outros membros da família (avós, tios
etc.).
* Guarda-se segredo sobre a prática deste tipo de atos em razão da desaprovação social.

5.3. COMO IDENTIFICAR O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA FISICA:


5.3.1. O mais importante tipo de diagnóstico de abuso físico é o daquele relativo a uma criança
abaixo de 2 anos: risco de morte;
5.3.2. A questão diagnóstica mais difícil é poder identificar o risco oferecido pelas ditas
punições corporais leves: risco de morte;
5.3.3. A confirmação do diagnóstico pressupõe um trabalho multi-profissional.

5.4. QUANTO AS CONSEQÜÊNCIAS:


5.4.1. Orgânicas:
Podendo causar invalidez permanente ou temporária.
5.4.2. Psicológicas:
* raiva
* medo do agressor
* dificuldades escolares
* agressividade
* delinqüência
► EUA: delinqüentes colocam que a punição corporal era boa. Estavam convencidos de que
haviam sido espancados pelos pais porque eram maus e que havia se tornado maus porque seus pais não
os tinham corrigido com maior violência. Portanto, não consideravam tal prática abusiva.
►Os padrões de violência dirigidos contra as crianças tornam-se modelos de violência
dirigidos contra outros adultos amados, especialmente esposas, maridos, amantes.
► Patricídio, matricídio (como forma de acabar com a violência na casa, exterminando-se o
agressor).

5.5. O “PSICOTAPA”:
* Assim como o espancamento, o tapa no bumbum apesar da alegação de que é “para o bem
da criança”, é uma forma de violência contra a criança que passa a ser uma pessoa de segunda categoria;
* É uma confissão de falência da autoridade do adulto e de uma adesão desesperada ao
autoritarismo;
* É muito mais um artifício para assegurar a obediência dos filhos e evitar uma possível
(des)ordem familiar (“Honrar pai e mãe”);
* É uma forma de disfarçar um sentimento – muitas vezes incômodo e inconfessável - de
irritação e impaciência para com a infância. As crianças continuam meramente toleradas no mundo
adulto;
* O tapa repousa na falsa idéia de que a criança é naturalmente perversa, teimosa, desobediente
e que precisa ser dominada.

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