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CONTRATOS EM ESPECIAL
Universidade Autónoma de Lisboa
Ano lectivo 2005/2006
ARTIGO 874º
Noção
1
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Sendo um contrato translativo de direitos, a compra e
venda pressupõe a existência de uma contrapartida
pecuniária
3. consensual
5. oneroso
6. sinalagmático
8. de execução instantânea
Nominado
Porque que a lei o reconhece como categoria jurídica
Típico
Porque a lei estabelece para este contrato um regime, quer no
âmbito do Direito Civil (arts. 874° e ss. CC), quer no âmbito do
Direito Comercial (arts. 463° e ss. CCom)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Contrato obrigacional
A compra e venda determina a constituição de duas obrigações:
5. Contrato oneroso
Contrato oneroso
Porque existe uma contrapartida pecuniária em relação à
transmissão dos bens.
6. contrato sinalagmático
Contrato siinalagmático
Uma vez que as obrigações do vendedor e do comprador
constituem-se tendo cada uma a sua causa na outra (o que
determina que permaneçam ligadas durante a fase da execução do
contrato).
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
7. Contrato normalmente comutativo, por vezes aleatório
Se a compra e venda tiver por objecto bens imóveis, esta só Comentado [Filipe10]: ARTIGO 875º
é válida quando for celebrada por escritura pública (art. (Forma)
875°),... O contrato de compra e venda de bens imóveis só é
válido se for celebrado por escritura pública.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
excepto se for uma ...
O art. 205°/2, refere expressamente que às coisas móveis Comentado [u11]: ARTIGO 205º
(Coisas móveis)
sujeitas a registo é aplicável o regime das coisas móveis em 1. São móveis todas as coisas não compreendidas
tudo o que não seja especialmente regulado. no artigo anterior.
2. Às coisas móveis sujeitas a registo público é
aplicável o regime das coisas móveis em tudo o que
não seja especialmente regulado.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Em certos casos, a compra e venda, para além da forma
especial pode obrigar à realização de certas formalidades.
Assim na compra e venda de prédios urbanos e fracções
autónomas, é necessário que se faça prova perante o
notário da inscrição na matriz predial e respectiva licença de
utilização (DL 281/99, de 26 de Julho.
EFEITOS
ARTIGO 879º
Efeitos essenciais
os seguintes efeitos :
- Um efeito real
a transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do
direito.
e...
e...
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
EFEITO REAL
É essencial à compra e venda a alienação de um direito, isto é,
uma aquisição derivada do mesmo.
Princípio da consensualidade
a propriedade é transmitida apenas com base no simples consenso
das partes, sendo o efeito real verificado nesse momento.
Princípio da causalidade
A existência de uma justa causa de aquisição é sempre
necessária para que o direito real se constitua ou transmita.
Venda real
O adquirente após a celebração do contrato adquire imediatamente
a propriedade da coisa vendida que pode imediatamente opor erga
omnes, no caso dos bens não sujeitos a registo, ficando no caso
dos bens sujeitos a registo essa oponibilidade a terceiros
dependente do cumprimento do ónus registral.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Excepções ao Pº da consensualidade (art. 408º/1 )
O art. 408º/1, deixa em aberto a possibilidade de se reconhecer
hipóteses de venda obrigatória, nos casos em que a transferência
da propriedade venha a ser temporalmente dissociada da
celebração do contrato.
Primeira situação
ocorre sempre que a lei proceda a uma separação, entre o
momento em que se verifica a conclusão do contrato e o
momento em que ocorre o fenómeno translativo.
- venda de coisas indeterminadas (designadamente coisas genéricas) Comentado [u12]: ARTIGO 408º
(Contratos com eficácia real)
- venda de bens futuros
- venda de frutos naturais, ou partes componentes ou 2. Se a transferência respeitar a coisa futura ou
indeterminada, o direito transfere-se quando a coisa
integrantes de uma coisa for adquirida pelo alienante ou determinada com
- venda com reserva de propriedade conhecimento de ambas as partes, sem prejuízo do
disposto em matéria de obrigações genéricas e do
contrato de empreitada; se, porém, respeitar a frutos
Venda de coisa indeterminada naturais ou a partes componentes ou integrantes, a
transferência só se verifica no momento da colheita
Na venda de coisa indeterminada, a transmissão da propriedade ou separação.
dá-se no momento em que ocorre a determinação da coisa com
Comentado [u13]: ARTIGO 540º
conhecimento de ambas as partes (art. 408°/2), ... salvo se... (Não perecimento do género)
Enquanto a prestação for possível com coisas do
género estipulado, não fica o devedor exonerado
Se tratar de uma venda genérica, em que a transferência da pelo facto de perecerem aquelas com que se
propriedade se dá no momento da concentração da obrigação dispunha a cumprir.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Segunda situação
ocorre quando o fenómeno translativo não se pode verificar por um
impedimento originário, nos casos de venda de coisa alheia
(art.892° e ss.)
Venda de coisa alheia (art. 892°) Comentado [u16]: Venda de bens alheios
ARTIGO 892º
Na venda de coisa alheia o fenómeno translativo não se pode (Nulidade da venda)
verificar em virtude de o vendedor não ser efectivamente o É nula a venda de bens alheios sempre que o
vendedor careça de legitimidade para a realizar; mas
proprietário do bem vendido. o vendedor não pode opor a nulidade ao comprador
de boa fé, como não pode opô-la ao vendedor de
boa fé o comprador doloso.
A venda de bens alheios é nula, sempre que o vendedor
careça de legitimidade para a realizar.
No Direito português não existe a figura da venda obrigatória Comentado [u17]: ARTIGO 897º
(Obrigação de convalidação)
1. Em caso de boa fé do comprador, o vendedor é
obrigado a sanar a nulidade da venda, adquirindo a
Pois ... propriedade da coisa ou o direito vendido.
2. Quando exista uma tal obrigação, o comprador
pode subordinar ao não cumprimento dela, dentro do
mesmo nas hipóteses em que a venda possui uma eficácia prazo que o tribunal fixar, o efeito previsto na alínea
translativa não imediata ou dependente da eventual verificação de a) do nº 1 do artigo anterior.
Venda obrigatória
Caracteriza-se especialmente pelo facto de o contrato de compra e
venda nunca produzir efeitos reais, apenas tendo por função a
constituição de obrigações (resultando assim a transferência da propriedade de
um segundo acto, que o vendedor se obriga a praticar, o qual produz os efeitos reais)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Sendo o direito real um direito absoluto com eficácia erga
omnes é conveniente e útil que todos os parceiros interessados
possam conhecer a sua existência.
RISCO
ARTIGO 796º
Risco
EFEITOS OBRIGACIONAIS
A obrigação que surge através do contrato de compra e venda Comentado [Filipe22]: Defesa da propriedade
ARTIGO 1311º
reconduz-se essencialmente ao dever de entregar a coisa. (Acção de reivindicação)
1. O proprietário pode exigir judicialmente de
qualquer possuidor ou detentor da coisa o
É assim atribuído ao comprador um direito de crédito à reconhecimento do seu direito de propriedade e a
consequente restituição do que lhe pertence.
entrega da coisa pelo vendedor, o qual concorre com a acção de 2. Havendo reconhecimento do direito de
reivindicação (art. 1311º), que pode exercer enquanto propriedade, a restituição só pode ser recusada nos
casos previstos na lei.
proprietário da coisa.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Em relação ao objecto da obrigação de entrega
Comentado [Filipe23]: ARTIGO 882º
(Entrega da coisa)
O objecto da obrigação de entrega, corresponde, à coisa 1. A coisa deve ser entregue no estado em que se
encontrava ao tempo da venda.
comprada. 2. A obrigação de entrega abrange, salvo
estipulação em contrário, as partes integrantes, os
frutos pendentes e os documentos relativos à coisa
Há que distinguir entre ... ou direito.
3. Se os documentos contiverem outras matérias de
interesse do vendedor, é este obrigado a entregar
- Venda de coisa específica pública-forma da parte respeitante à coisa ou direito
que foi objecto da venda, ou fotocópia de igual valor.
Caso a coisa se venha a deteriorar entre o momento da venda Comentado [Filipe26]: Obrigações genéricas
e o da entrega, presume-se existir responsabilidade pelo ARTIGO 539º
(Determinação do objecto)
vendedor por incumprimento dessa obrigação (art. 918º), a Se o objecto da prestação for determinado apenas
quanto ao género, compete a sua escolha ao
menos que demonstre que a deterioração não procede de devedor, na falta de estipulação em contrário.
culpa sua (art. 799º/1)
Comentado [Filipe27]: ARTIGO 400º
(Determinação da prestação)
Venda de coisa genérica 1. A determinação da prestação pode ser confiada a
O vendedor pode cumprir o contrato, entregando ao comprador uma ou outra das partes ou a terceiro; em qualquer
dos casos deve ser feita segundo juízos de
qualquer coisa dentro do género. equidade, se outros critérios não tiverem sido
estipulados.
2. Se a determinação não puder ser feita ou não tiver
O vendedor terá que entregar as coisas correspondentes à sido feita no tempo devido, sê-lo-á pelo tribunal, sem...
quantidade e qualidade convencionadas no contrato de compra e Comentado [Filipe28]: ARTIGO 918º
venda (arts. 539º e ss. , e 400º) (Defeito superveniente)
Se a coisa, depois de vendida e antes de entregue,
se deteriorar, adquirindo vícios ou perdendo
O desrespeito destas regras determinará a aplicação do regime qualidades, ou a venda respeitar a coisa futura ou a
coisa indeterminada de certo género, são aplicáveis
do incumprimento das obrigações (art. 918º) as regras relativas ao não cumprimento das
obrigações.
A obrigação de entrega abrange, salvo estipulação em contrário, Comentado [Filipe29]: ARTIGO 882º
além da própria coisa comprada, as suas partes integrantes, os (Entrega da coisa)
frutos pendentes e os documentos relativos à coisa ou direito 2. A obrigação de entrega abrange, salvo
(882º/2) estipulação em contrário, as partes integrantes, os
frutos pendentes e os documentos relativos à coisa
ou direito.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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A obrigação de entrega pode ainda incluir, outros objectos como,
por exemplo, a embalagem necessária ao acondicionamento do
bem vendido.
Regras gerais
ARTIGO 805º
Momento da constituição em mora
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Regras quanto ao lugar do cumprimento
(caso não ocorra qualquer estipulação das partes)
- determinadas
O art. 772° determina que nos outros casos, a coisa deve ser
entregue no domicílio do vendedor.
ARTIGO 798º
(Responsabilidade do devedor)
O devedor que falta culposamente ao cumprimento
da obrigação torna-se responsável pelo prejuízo que
causa ao credor.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Obrigações de quantidade
Não é necessário no contrato de compra e venda que o preço ARTIGO 550º
(Princípio nominalista)
se encontre determinado no momento da celebração do O cumprimento das obrigações pecuniárias faz-se
contrato, bastando que seja determinável em moeda que tenha curso legal no País à data em
que for efectuado e pelo valor nominal que a moeda
nesse momento tiver, salvo estipulação em contrário.
ARTIGO 885º
2. Mas, se por estipulação das partes ou por força dos usos o preço
não tiver de ser pago no momento da entrega, o pagamento será
efectuado no lugar do domicílio que o credor tiver ao tempo do
cumprimento.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
A obrigação de pagamento do preço é sujeita à prescrição
ordinária de vinte anos (art. 309º)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
As despesas relativas a actos de execução do
contrato, ficam a cargo do respectivo devedor.
Proibições de venda
Casos em que a lei veda a celebração do contrato de compra e
venda entre determinadas pessoas.
ARTIGO 876º
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
ARTIGO 579º
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Venda a filhos ou a netos
ARTIGO 877º
ARTIGO 1893º
Actos anuláveis
ARTIGO 1894º
Confirmação dos actos pelo tribunal
- curador (art.156º)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
apesar desta proibição, se a compra e venda de bens do
menor vem a ser realizada, o negócio não é anulável, mas
nulo, apesar de sanável (art. 1939º)
4) Venda a prestações
5) Venda a retro
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Venda de bens futuros, de frutos pendentes e de
partes componentes ou integrantes de uma coisa
Esta modalidade específica de venda está prevista no art. 880º CC
e 467º/1 CCom.
- que não estão em seu poder (ex: venda dos peixes que vier a pescar
nesse dia no lago)
- A que ele não tem direito (ex: um agricultor vende os cereais que lhe
virão a ser fornecidos por outro agricultor)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Venda de bens de existência ou titularidade incerta
ARTIGO 409º
Reserva da propriedade
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
A cláusula de reserva de propriedade pode ser celebrada
exclusivamente em relação a coisa específicas e não
consumíveis.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
OPOSIÇÃO MEDIANTE EMBARGOS DE TERCEIRO
Risco
a partir da entrega da coisa, o risco corre por conta de quem
beneficia do direito, logo, por conta do comprador, devendo este
pagar o preço em caso de perda ou deterioração fortuita da coisa.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Natureza jurídica da venda com reserva de propriedade
Tese maioritária
Esta tese configura a venda com reserva de propriedade, como
uma venda em que o efeito translativo da propriedade é diferido ao
momento do pagamento do preço, obtendo o comprador logo com a
celebração do contrato uma expectativa real de aquisição.
Em relação ao vendedor
Em relação ao comprador
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Venda a prestações
A venda a prestações está regulada nos arts. 934º e ss.
ARTIGO 934º
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Venda a retro
Esta modalidade específica de venda está definida no art. 927º
ARTIGO 923º
Primeira modalidade de venda a contento Comentado [Filipe42]: ARTIGO 228º
(Duração da proposta contratual)
1. A proposta do contrato obriga o proponente nos
1. A compra e venda feita sob reserva de a coisa agradar ao termos seguintes:
comprador vale como proposta de venda. a) Se for fixado pelo proponente ou convencionado
pelas partes um prazo para a aceitação, a proposta
mantém-se até o prazo findar;
2. A proposta considera-se aceita se, entregue a coisa ao b) Se não for fixado prazo, mas o proponente pedir
resposta imediata, a proposta mantém-se até que,
comprador, este não se pronunciar dentro do prazo da aceitação, em condições normais, esta e a aceitação cheguem
nos termos do nº 1 do artigo 228º. ao seu destino;
c) Se não for fixado prazo e a proposta for feita a
pessoa ausente ou, por escrito, a pessoa presente,
3. A coisa deve ser facultada ao comprador para exame. manter-se-á até cinco dias depois do prazo que
resulta do preceituado na alínea precedente.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
venda a contento
o comprador reserva a faculdade de contratar, ou de resolver
o contrato, consoante a apreciação subjectiva (o seu gosto
pessoal) que vier a fazer do bem vendido.
Venda a contento
1ª modalidade
2ª modalidade
ARTIGO 924º
Segunda modalidade de venda a contento
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Corresponde à concessão de um direito de resolução
unilateral do contrato se a coisa não agradar ao comprador, o
qual segue as regras gerais (art. 432º ss.) Comentado [Filipe43]: Resolução do contrato
ARTIGO 432º
(Casos em que é admitida)
As partes atribuem ao comprador o direito de resolver 1. É admitida a resolução do contrato fundada na lei
ou em convenção.
unilateralmente o contrato se a coisa não lhe agradar 2. A parte, porém, que, por circunstâncias não
imputáveis ao outro contraente, não estiver em
condições de restituir o que houver recebido não tem
A concessão de um direito de resolução unilateral não o direito de resolver o contrato.
impede que a propriedade se transmita (art. 408º) , logo o
risco por perda ou deterioração, verificada nesse prazo, corre
por conta do comprador (796º/1)
ARTIGO 925º
Venda sujeita a prova
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
ARTIGO 892º
Nulidade da venda
mas ...
o vendedor não pode opor a nulidade ao comprador de boa fé,
como não pode opô-la ao vendedor de boa fé o comprador doloso.
ARTIGO 893º
Bens alheios como bens futuros
A venda de bens alheios fica, porém, sujeita ao regime da venda de
bens futuros, se as partes os considerarem nesta qualidade.
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ARTIGO 894º
Restituição do preço
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António Filipe Garcez José
Ao contrário do que ocorre no regime geral, a nulidade da
venda de bens alheios pode ser sanada (art. 895º)
ARTIGO 895º
Convalidação do contrato
ARTIGO 896º
Casos em que o contrato se não convalida
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ARTIGO 897º
Obrigação de convalidação
ARTIGO 898º
Indemnização em caso de dolo
Se um dos contraentes houver procedido de boa fé e o outro
dolosamente, o primeiro tem direito a ser indemnizado, nos termos
gerais, de todos os prejuízos que não teria sofrido se o contrato
fosse válido desde o começo, ou não houvesse sido celebrado,
conforme venha ou não a ser sanada a nulidade.
ARTIGO 899º
Indemnização, não havendo dolo nem culpa
O vendedor é obrigado a indemnizar o comprador de boa fé, ainda
que tenha agido sem dolo nem culpa; mas, neste caso, a
indemnização compreende apenas os danos emergentes que não
resultem de despesas voluptuárias.
ARTIGO 900º
Indemnização pela não convalidação da venda
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ARTIGO 901º
Garantia do pagamento de benfeitorias
ARTIGO 902º
Nulidade parcial do contrato
ARTIGO 903º
Disposições supletivas
ARTIGO 904º
Âmbito desta secção
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Venda de bens onerados
A venda de bens onerados encontra-se prevista no art. 905º.
ARTIGO 905º
Anulabilidade por erro ou dolo
Anulabilidade
ARTIGO 906º
Convalescença do contrato
Indemnização
ARTIGO 908º
Indemnização em caso de dolo
ARTIGO 909º
Indemnização em caso de simples erro
ARTIGO 910º
Não cumprimento da obrigação de fazer convalescer o contrato
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ARTIGO 911º
Redução do preço
ARTIGO 912º
Disposições supletivas
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Venda de coisas defeituosas
Duas situações distintas ..
situação de ...
ou de ...
ARTIGO 913º
Remissão
1. Se a coisa vendida sofrer de vício que a desvalorize ou impeça a
realização do fim a que é destinada, ou não tiver as qualidades
asseguradas pelo vendedor ou necessárias para a realização daquele fim,
observar-se-á, com as devidas adaptações, o prescrito na secção
precedente, em tudo quanto não seja modificado pelas disposições dos
artigos seguintes.
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Anulação do contrato
Em caso de erro
Exige-se a essencialidade e a cognoscibilidade dessa
essencialidade do erro para o declaratário (arts. 251° e 247°) Comentado [u45]: ARTIGO 251º
(Erro sobre a pessoa ou sobre o objecto do
negócio)
Em caso de dolo O erro que atinja os motivos determinantes da
vontade, quando se refira à pessoa do declaratário
Basta que o dolo tenha sido determinante da vontade do declarante ou ao objecto do negócio, torna este anulável nos
(art. 254°/1), salvo se provier de terceiro, caso em que se exige termos do artigo 247º.
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Indemnização
ARTIGO 915º
Indemnização em caso de simples erro
A indemnização prevista no artigo 909º também não é devida, se o
vendedor se encontrava nas condições a que se refere a parte final
do artigo anterior.
Redução do preço
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Forma e prazos de exercício do direito
ARTIGO 916º
Denúncia do defeito
ARTIGO 917º
Caducidade da acção
A acção de anulação por simples erro caduca, findo qualquer dos prazos fixados
no artigo anterior sem o comprador ter feito a denúncia, ou decorridos sobre
esta seis meses, sem prejuízo, neste último caso, do disposto no nº 2 do artigo
287º.
ARTIGO 918º
Defeito superveniente
Se a coisa, depois de vendida e antes de entregue, se deteriorar, adquirindo
vícios ou perdendo qualidades, ou a venda respeitar a coisa futura ou a coisa
indeterminada de certo género, são aplicáveis as regras relativas ao não
cumprimento das obrigações.
ARTIGO 921º
Garantia de bom funcionamento
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ARTIGO 940º
Noção
1. Doação
é o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à
custa do seu património, dispõe gratuitamente de uma coisa ou de
um direito, ou assume uma obrigação, em benefício do outro
contraente.
Elementos constitutivos
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Espírito de liberalidade
É um contrato ...
- gratuito
- não sinalagmático
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Nominado e típico
Primordialmente formal
Contrato gratuito
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Contrato não sinalagmático
normalmente de execução instantânea, porém o art. 943º Comentado [u49]: ARTIGO 943º
(Prestações periódicas)
admite poder abranger prestações periódicas; A doação que tiver por objecto prestações periódicas
extingue-se por morte do doador.
Objecto
ARTIGO 942º
Objecto da doação
ARTIGO 943º
Prestações periódicas
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Forma do contrato de doação
ARTIGO 947º
Forma da doação
A formação do contrato
A proposta
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ARTIGO 945º
Aceitação da doação
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Processo de formação do contrato
ARTIGO 948º
Capacidade activa
ARTIGO 950º
Capacidade passiva
ARTIGO 951º
Aceitação por parte de incapazes
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Os incapazes não podem aceitar a doação senão por
intermédio dos seus representantes legais, excepto se a
doação for pura não necessitando, neste caso, de aceitação
(art. 951º/2); exemplo disto é a doação a nascituros de pessoa
viva (art. 952º) Comentado [u51]: ARTIGO 952º
(Doações a nascituros)
1. Os nascituros concebidos ou não concebidos
A doação pura a incapaz é um negócio jurídico unilateral, podem adquirir por doação, sendo filhos de pessoa
determinada, viva ao tempo da declaração de
produzindo todos os seus efeitos, incluindo a transmissão da vontade do doador.
propriedade para o donatário, com base apenas na 2. Na doação feita a nascituro presume-se que o
doador reserva para si o usufruto dos bens doados
declaração negocial do doador. até ao nascimento do donatário.
ARTIGO 949º
Carácter pessoal da doação
contrato-promessa de doação
50
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Efeitos
ARTIGO 954º
Efeitos essenciais
- um de natureza obrigacional
para o doador a obrigação de entrega da coisa;
Doação real
51
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António Filipe Garcez José
Quando a lei não exige a tradição da coisa para constituir o
contrato de doação, o doador tem a obrigação de a entregar;
A obrigação de entrega da coisa por parte do doador aparece
regulada no art. 955°
ARTIGO 955º
Entrega da coisa
doação obrigacional
Neste caso estão preenchidos os requisitos do art. 940° , pois, Comentado [u54]: Doação
SECÇÃO I
a assunção de uma obrigação para com o donatário diminui Disposições gerais
o património do doador, e produz um enriquecimento do ARTIGO 940º
(Noção)
donatário, sendo essa atribuição feita por espírito de 1. Doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por
liberalidade, estamos perante uma doação. espírito de liberalidade e à custa do seu património,
dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito,
ou assume uma obrigação, em benefício do outro
A doação pode ter como efeito não apenas a constituição de contraente.
2. Não há doação na renúncia a direitos e no repúdio
uma obrigação , mas também a sua extinção (art. 863°/2) de herança ou legado, nem tão-pouco nos donativos
conformes aos usos sociais.
ARTIGO 958º
Reserva de usufruto
52
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presume-se feita a si próprio no caso de doação a nascituros
até ao nascimento do donatário (952º); pode ser feita a favor
de várias pessoas (958º/2 + 1441º + 1442º)
ARTIGO 959º
Reserva do direito de dispor de coisa determinada
ARTIGO 960º
Cláusula de reversão
53
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substituições fideicomissárias – 962º + 2286º
excepção 967º
ARTIGO 963º
Cláusulas modais
ARTIGO 964º
Pagamento de dívidas
54
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cumprimento dos encargos – 965º
ARTIGO 965º
Cumprimento dos encargos
ARTIGO 966º
Resolução da doação
ARTIGO 967º
Condições ou encargos impossíveis ou ilícitos
ARTIGO 968º
Confirmação das doações nulas
55
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Proibições de doação
56
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ARTIGO 956º
Doação de bens alheios
57
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doação de bens onerados ou de coisas defeituosas – 957º;
ARTIGO 969º
Revogação da proposta de doação
ARTIGO 970º
Revogação da doação
ARTIGO 974º
Casos de ingratidão
58
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a colação – 2104º
ARTIGO 975º
Exclusão da revogação
b) Sendo remuneratória;
ARTIGO 976º
Prazo e legitimidade para a acção
1. A acção de revogação por ingratidão não pode ser proposta, nem depois da
morte do donatário, nem pelos herdeiros do doador, salvo o caso previsto no nº
3 e caduca ao cabo de um ano, contado desde o facto que lhe deu causa ou
desde que o doador teve conhecimento desse facto.
59
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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ARTIGO 977º
Inadmissibilidade de renúncia antecipada
EFEITOS DA REVOGAÇÃO
ARTIGO 978º
Efeitos da revogação
ARTIGO 979º
Efeitos em relação a terceiros
60
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CASOS PRÀTICOS
I)
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II)
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mesmo que se tratasse de um caso de ingratidão, as doações
remuneratórias jamais podem ser revogadas cfr. artº 975º/b, nem
mesmo nos termos previstos nos arts. 2034.º e 2166.º do Código
Civil, já anteriormente mencionados.
O contrato existe, está celebrado, houve aceitação (ainda que tácita)
e houve tradição da coisa, não há ingratidão jurídica e, mesmo no
caso de haver ingratidão, não poderia haver lugar a revogação por
se tratar de um contrato de doação remuneratório, tal como acima já
foi citado.
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Instrumento
Objecto
Organização
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Fim
não formal
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sinalagmático no sentido de que os sócios se obrigam para
com a sociedade
A personalidade jurídica
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A capacidade de gozo
A capacidade de exercício
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O modelo de administração conjunta
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António Filipe Garcez José
Há dois tipos de sócios:
o sócio de industria,
é aquele que entra com o trabalho e não entra com capital;
o sócio de capital
é aquele que entra com o capital. Em função da entrada é atribuído
uma participação na sociedade. Em regra a participação nos lucros
depende da participação na entrada. No entanto as normas são
supletivas e podem ser afastadas.
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Relações entre os sócios
direito de fiscalização
que se traduz no …
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direito aos lucros
há três entendimentos:
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A representação – 996º
No contrato de sociedade há uma associação entre a
representação e a administração (996 – 985º)
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CASOS PRÁTICOS
Ex.: A, B e C são administradores.
Em 24/4 C é destituído.
Em 25/4 C celebra um contrato em nome da sociedade.
O terceiro desconhece a sua destituição e celebra o contrato
convencido que C era realmente administrador.
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era necessário porque ela ainda não foi exonerada. A
responsabilidade da sociedade é assegurada pela sociedade e pelos
sócios, na totalidade da divida. Pode é a sócia exigir o beneficio da
excussão prévia do património da sociedade. Nos plano das relações
externas o sócio é responsável pelas dividas da sociedade. No plano
das relações internas o sócio beneficia do direito de regresso sobre
os demais sócios. O regime da solidariedade vigora nesta
sociedades. Art.º 992º/1 – a nível interno. Quando o terceiro é credor
da sociedade o sócio aparece como devedor solidário. A
solidariedade não é reciproca, isto é, a sociedade não responde pelas
dividas dos sócios. O património da sociedade +e autónomo e só
responde pela dividas da própria sociedade. A única coisa que
poderiam executar era: - os lucros; a quota que o sócio tem na
sociedade, mas isto não é da sociedade, mas sim do sócio.
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COMODATO
Encontra-se regulado nos arts. 1129° e ss.
ARTIGO 1129º
Noção
Características
As características qualificativas do contrato de comodato são:
Características
O comodato é um contrato real quoad constitutionem
mediante qual uma das partes entrega à outra certa coisa,
móvel ou imóvel, para que se sirva dela, com a obrigação de a
restituir- art. 1129º
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Objecto
Podem ser objecto do comodato tanto as coisas móveis como as
imóveis.
Objecto do comodato
Conforme ao art. 1129º podem ser objecto de comodato tanto
as coisas móveis como imóveis. Porém, as coisas móveis não
podem corresponder a coisas consumíveis.
Obrigações do comodante
obrigação de não perturbar o uso da coisa pelo comodatário
(1138º, nº 1 e 2 /1273º/1275º)
Obrigações do comodatário
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Se o comodatário permitir a utilização da coisa emprestada
por outrém ou a aplicação a um fim diferente daquele a que
ela se destina é responsável objectivamente – art. 1136º/2.
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obrigação de avisar imediatamente o comodante, ...
Extinção do contrato:
O contrato de comodato pode extinguir-se por...
- caducidade,
- denúncia ou ...
- resolução
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Caso prático
Vasco empresta a Xavier a sua caso no Algarve para este passar
férias durante o mês de Agosto juntamente com a sua família.
Empresta-lhe ainda o seu automóvel para ele poder passear
durante as férias.
Durante as férias Xavier decide participar num rali com o
automóvel obtendo o primeiro lugar, ganhando um prémio no
valor de 1.000€.
Numa das noites Xavier resolva transformar a casa numa discoteca
dando uma festa para 50 pessoas.
No dia seguinte sem que Xavier consiga explicar as causas as
paredes encontram-se riscadas e o chão manchado.
Nessa mesma noite, inesperadamente, ocorreu um violento
temporal que arrastou um contentor do lixo que foi embater no
carro de Vasco que se encontrava estacionado na rua tendo
amolgado a parte da frente.
Ao tomar conhecimento deste facto por terceiro, Vasco decide
dirigir-se ao Algarve e aproveitando o facto de Xavier se encontrar
na praia mudou a fechadura da casa.
Vem agora a exigir-lhe que lhe sejam pagos os danos do veículo,
da casa e ainda que lhe seja entregue o prémio recebido no rali.
Xavier pede uma indemnização a Vasco por este não lhe ter
deixado usar a casa durante todo o mês. Quid iuris.
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o que neste caso não colhe. É uma excepção para as penalizações do
comodatário pela utilização diversa do estipulado no contrato.
Situações de inversão da responsabilidade da coisa: (são 3)
- quando aplique fim diverso ao estipulado;
- quando o comodatário se tenha responsabilizado por isso;
- quando no momento da celebração do contrato haja uma
avaliação dos bens comodatados.
Quanto ao prémio:
Fruto é o que a coisa tenha capacidade de produzir periodicamente.
Os frutos advêm da própria coisa. Se o comodatário tiver
participado decididamente na obtenção do fruto, não é fruto.
Aqui não há fruto porque foi resultado da perícia do comodatário.
Ao participar na corrida o comodatário está a utilizar o carro para
fim diverso. Desta forma o comodante terá direito a uma
indemnização se provar que há prejuízos.
Quanto à mudança da fechadura:
A forma de celebração do comodato é consensual.
A resolução também pode ser consensual. As forma pode ser de
qualquer forma, porque não exige forma. Quanto à mudança da
fechadura: - podia invocar acção directa porque não conseguiu
contactar o comodatário. Podia invocar que foi o único modo que ele
encontrou para resolver o contrato.
O comodante pode resolver o contrato porque não tem de suportar
os prejuízos. O contrato é sempre feito tendo em conta o comodante
(pois se ele é gratuito não é lógico que seja a favor do comodatário)
(ex.: ele tinha oferta para venda. Mesmo que o comodatário
cumprisse todas as cláusulas do contrato, ele tinha fundamento para
a resolução porque se não vendesse tinha prejuízo, e isso não pode
acontecer.)
Se entendermos que esta forma não é a adequada à resolução do
contrato o comodante é obrigado a indemnizar o comodatário, nos
termos da restituição da posse.
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MÚTUO
O mútuo encontra-se previsto nos arts. 1142° e ss.
ARTIGO 1142º
Noção
Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra
dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a
restituir outro tanto do mesmo género e qualidade.
Características
Características qualificativas do contrato de mútuo :
Objecto
O mútuo tem por objecto dinheiro ou outra coisa fungível;
Efeitos
O mútuo tem em primeiro lugar um efeito real (art. 1144°) e um
efeito obrigacional (1142°)
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COMODATO: 1129º e ss.
Direitos do comodatário:
- art.º 1132º - só tem direito ao uso e não aos frutos, salvo
convenção em contrário.
O mútuo é:
- juridicamente é um contrato de transmissão de bens
- economicamente é um contrato de gozo de bens alheios
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- é um contrato real quoad constitutionem, porque sem a
entrega não há contrato
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EMPRÉSTIMO:
- comodato
- mutuo
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gratuito. No silêncio das partes o mutuo é oneroso, o que
implica o pagamento de juros.
-
4 - Quanto à forma:
- o comodato é sempre consensual independentemente do tipo,
natureza e valor do bem. Como não opera a transferencia de
propriedade é consensual.
- O mutuo depende do montante envolvido. – até 2.000€ é
consensual; a partir de 2.000€ é formal, porque tem de ser por
documento escrito; a partir de 20.000€ tem de ser por
escritura pública – art.º 1143º C.C.. O vicio da forma implica a
nulidade do contrato, o que faz com que não haja juros,
embora tenha de ser restituído o dinheiro - art.º 289º. Quando
o mutuante é uma entidade bancária ele assume forma
diversa.
5 -Quanto ao risco:
- no mutuo o risco corre por conta do mutuário – 1144º - 796º
C.C.
- no comodato o risco corre por conta do comodante.
Casos práticos
I)
Vasco empresta a Xavier a sua caso no Algarve para este passar
férias durante o mês de Agosto juntamente com a sua família.
Empresta-lhe ainda o seu automóvel para ele poder passear durante
as férias.
Durante as férias Xavier decide participar num rali com o
automóvel obtendo o primeiro lugar, ganhando um prémio no valor
de 1.000€.
Numa das noites Xavier resolva transformar a casa numa discoteca
dando uma festa para 50 pessoas.
No dia seguinte sem que Xavier consiga explicar as causas as
paredes encontram-se riscadas e o chão manchado.
Nessa mesma noite, inesperadamente, ocorreu um violento temporal
que arrastou um contentor do lixo que foi embater no carro de Vasco
que se encontrava estacionado na rua tendo amolgado a parte da
frente.
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Ao tomar conhecimento deste facto por terceiro, Vasco decide
dirigir-se ao Algarve e aproveitando o facto de Xavier se encontrar
na praia mudou a fechadura da casa.
Vem agora a exigir-lhe que lhe sejam pagos os danos do veículo, da
casa e ainda que lhe seja entregue o prémio recebido no rali.
Xavier pede uma indemnização a Vasco por este não lhe ter deixado
usar a casa durante todo o mês. Quid iuris.
Relativamente ao veículo:
O risco é suportado pelo comodante porque a propriedade não se
transferiu. Transfere-se o risco se o comodante provar que o
comodatário agiu negligentemente – art.º 1136º C.C..
Relativamente à casa:
O art.º 1135º impõe várias obrigações para o comodatário. Ele
utilizou a coisa par fim diverso. No contrato definiu-se que a coisa
se destinava a férias. A nossa lei aplica sanções quando o
comodatário viole as obrigações do contrato. Desta forma há a
inversão da responsabilidade e do ónus da prova. Aqui, sim, o
comodatário poderá invocar a relevância negativa da causa virtual,
o que neste caso não colhe. É uma excepção para as penalizações do
comodatário pela utilização diversa do estipulado no contrato.
Situações de inversão da responsabilidade da coisa: (são 3)
- quando aplique fim diverso ao estipulado;
- quando o comodatário se tenha responsabilizado por isso;
- quando no momento da celebração do contrato haja uma
avaliação dos bens comodatados.
Quanto ao prémio:
Fruto é o que a coisa tenha capacidade de produzir periodicamente.
Os frutos advêm da própria coisa. Se o comodatário tiver
participado decididamente na obtenção do fruto, não é fruto.
Aqui não há fruto porque foi resultado da perícia do comodatário.
Ao participar na corrida o comodatário está a utilizar o carro para
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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fim diverso. Desta forma o comodante terá direito a uma
indemnização se provar que há prejuízos.
II)
Manuel celebrou com Natália um contrato por escrito pelo qual lhe
emprestava 15.000€.
Determinava o contrato que Manuel lhe entregava de imediato 50%
e passado um ano o restante.
Acordaram que Natália pagaria juros semestrais à taxa anula de
12%.
O empréstimo destina-se á compra de um automóvel.
1. Suponha que Natália apenas pagou juros no 1º semestre
deixando de o fazer a partir daí. Como pode Manuel reagir e
quais os efeitos daí decorrentes.
2. Natália após sair de casa de Manuel é assaltada sendo
desapossada do dinheiro. Como não chegou a empregá-lo no
fim a que se destinava entende nada ter a pagar.
3. no fim do ano Manuel recusa-se a entregar a Natália os
restantes 7.500€. Natália pretende saber como pode reagir.
Quid iuris.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Estamos perante um contrato de mutuo oneroso.
Os juros aplicados não são usurários porque os juros legais são de
7% onde acrescem 5%. O que não havendo garantia real, não
ultrapassa os 12%, logo não são usurários.
É um contrato que foi celebrado por escrito, logo é válido nos
termos do art.º 1143º C.C.
1. o mutuante pode resolver o contrato – art.º 1150º. Quais as
consequências práticas da resolução? São as mesmas da
nulidade. Cada um restitui o que adquiriu. Mas aqui aplica-se
o art.º 434º. O mutuário devolve a quantia mutuada mas o
mutuante não tem de restituir as prestações já vencidas
porque a mutuária até ali usou o dinheiro e disso tirou
proveito pelo que deve juros.
2. o art.º 1144º estipula que as coisas mutuadas tornam-se
propriedade do mutuário. Transferindo-se a propriedade
transfere-se o risco. – art.º 796º C.C.
3. o contrato de mutuo para além de ser quoad effectum é
também quoad constitutionem porque a traditio é um acto de
constituição do contrato (é condição). Só há mutuo com a
entrega. Aqui estão dois contrato: - um de mutuo, quando
entrega parte do dinheiro; o outro não é mutuo porque não há
entrega. Se não é mutuo o que é?
Aqui surgem teorias diferentes:
Antunes varela: - se não é mutuo é promessa de mutuo.
Menezes Cordeiro: - não é promessa porque no contrato
promessa promete celebrar o contrato. Aqui ele não promete
emprestar, diz que empresta. Assim será um mutuo consensual.
É um mutuo atípico. Não se rege pelas regras do contrato mutuo,
mas por outras.
Para ser mutuo tem de haver entrega do bem. No contrato de
mutuo não nasce a obrigação de entrega do bem. Tem de
entregar logo. Se não entregar logo não é mutuo.
O contrato de mutuo neste caso é idêntico ao do comodato. São
ambos quoad effectum porque ambos só se celebram com a
entrega do bem.
Para quem considerar que é um contrato promessa aplica as
regras da promessa.
Para quem considerar que é um contrato atípico tem de ir-se ás
regras gerais do contrato.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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MANDATO
O contrato de mandato está regulado no art. 1157° e ss.
ARTIGO 1157º
Noção
Mandato é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar
um ou mais actos jurídicos por conta da outra.
Elementos essenciais
Obrigação de praticar um ou mais actos jurídicos
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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2) mandato sem representação
no mandato sem representação os actos jurídicos praticados
pelo mandatário produzem os seus efeitos na esfera jurídica
deste (art. 1180°)
Características qualificativas
1) Contrato nominado e típico
2) Contrato primordialmente não formal
3) Contrato que tanto pode ser gratuito como oneroso
4) Contrato sinalagmático (oneroso) ou sinalagmático imperfeito
(gratuito)
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Forma do contrato
O mandato é em principio um contrato consensual, dado que
a lei não exige forma especial.
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Mandato geral
Aquele que seja conferido para gestão dos interesses do mandante
em determinada região do país ou para uma das actividades
económicas a que ele se dedica.
Mandato especial
Aquele que abranja certos e determinados negócios.
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ARTIGO 1167º
Enumeração
O mandante é obrigado:
d) A indemnizá-lo do prejuízo sofrido em consequência do mandato, Comentado [u56]: Compreende-se pelo facto de o
mandatário actuar por conta do mandante, pelo que devem
ainda que o mandante tenha procedido sem culpa. repercutir-se na esfera jurídica deste, não apenas os ganhos
obtidos pelo mandatário, mas também os prejuízos que a
sua actuação tenha causado.
ARTIGO 1168º
Suspensão da execução do mandato
Direitos do mandatário
Direito ao reembolso de despesas
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Obrigações do mandatário
1) Obrigação de executar o mandato com respeito pelas
instruções recebidas
ARTIGO 1161º
Obrigações do mandatário
O mandatário é obrigado:
95
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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ARTIGO 1162º
Inexecução do mandato ou a inobservância das instruções
ARTIGO 1163º
Aprovação tácita da execução ou inexecução do mandato
ARTIGO 1164º
Juros devidos pelo mandatário
Substituição do mandatário
Quando o mandatário encarrega outro mandatário de praticar os
mesmos actos jurídicos de que foi encarregado pelo mandante,
havendo assim um subcontrato de mandato, ou seja, um
submandato.
Utilização de auxiliares
Não implica que estes pratiquem os actos jurídicos de que o
mandatário foi encarregado.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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O mandatário só pode fazer-se substituir por outrém se o
mandante o permitir, ou se essa faculdade resultar do
conteúdo do mandato, ou da relação que o determina
ARTIGO 1165º
Substituto e auxiliares do mandatário
ARTIGO 1166º
Pluralidade de mandatários
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Características do mandato:
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- O mandato é restrito a : a prática de actos jurídicos (não
abrange actos materiais); por conta do mandante
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Obrigação do mandatário (1161º e ss. C.C.):
-
obrigações acessórias de custódia de objectos
que lhe sejam entregues aos quais se aplica o regime do depósito.
100
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Obrigações do mandante (art.º 1167º e ss C.C.):
Direitos do mandatário:
101
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Extinção do mandato:
102
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103
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Entre estas existe uma posição intermédia...
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- Outra questão pertinente resultante desta dupla transferência
é a do risco relativo à execução dos bens adquiridos pelo
mandatário pelos seus credores uma vez que estes estão na
sua esfera jurídica antes de serem transmitidos ao mandante.
Porém, o legislador entendeu adoptar a instituição de
separação de patrimónios na esfera do mandatário. (art.
1184º). Esta impenhorabilidade depende porém da existência
de documento anterior à penhora dos bens e do não registo
da aquisição pelo mandatário em ordem a evitar expectativas
de satisfação de crédito nos seus credores.
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CASOS PRÀTICOS
I)
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O nosso código prevê a tese da dupla transferência. Como é
que o mandatário faz a transmissão para o mandante? Como
os actos que pratica são para o mandante e estão sujeitos à
ratificação do mandante, esse problema resolvia-se com a
ratificação do mandante. Mas não faz sentido esta posição
(eram necessários dois negócios). O mandatário comprou, o
mandatário vende. Mas esta ideia inutiliza o mandato.
- Teoria de Galvão Teles: - o acto que o mandatário está
obrigado a praticar não está tipificado na lei. O objectivo é o
mandatário alienar. É um negócio de alienação. É o negócio
específico deste contrato. Por isso é um negócio alienatório
específico. Esta obrigação que existe é uma verdadeira
obrigação. O mandatário é obrigado a celebrar esta obrigação.
Esta obrigação é assumida aquando da celebração do
mandato. Assumiu duas obrigações: 1ª - cumprir o mandato;
2ª - se cumprir o mandato transmitir os bens para o mandante.
O que está presente no mandato é uma dupla obrigação. - A
obrigação de cumprir o mandato; - O que está inerente é o de
alienação especifica do mandatário para o mandante (é uma
promessa de alienação). Se o mandatário não cumprir esse
negócio o mandante pode invocar acção de incumprimento do
contrato. Pode também recorrer á execução especifica – 830º
C.C... É inerente no mandato uma promessa de venda
especifica ao mandante. O tribunal declara uma alienação
específica. Mas para aplicar o art.º 830º C.C., para além desta
fundamentação, requer ainda a presença de verdadeiros
requisitos formais (o contrato promessa validamente formado.
Tem subjacente as regras do art.º 41º C.C.). Para se recorrer às
regras da execução específica é necessário que as regras do
art.º 410º/1 e 2 estejam respeitadas (as do 410º/3 não fará
sentido). A forma do art.º 410ª é só necessário para se recorrer
ao art.º 830º. A analogia do art.º 410º com o mandato sem
representação é de que o mandatário assumiu a promessa de
vender, adquirindo o bem, ao mandante. Não se podendo
recorrer à execução especifica do art.º 830º recorre-se à acção
de incumprimento do contrato.
2. É um contrato oneroso.
É oneroso quando: as partes o estipulem; o mandatário faça
disso a sua profissão.
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O mandante tem de pagar – art.º 1168º/f).
O mandatário tem direito de retenção nos termos do art.º
755º/c).
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para depois os vende fica sem justificação para se poder
esquivar aos credores. Assim não estávamos na presença do
mandato.
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Para F. Correia pode ser abrangida tendo em conta o que tem
vindo a ser adoptado na doutrina estrangeira.
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Comentado [u60]: ARTIGO 1209º
Direitos do dono da obra: (Fiscalização)
1. O dono da obra pode fiscalizar, à sua custa, a
execução dela, desde que não perturbe o
- Adquirir e receber a obra. andamento ordinário da empreitada.
2. A fiscalização feita pelo dono da obra, ou por
comissário, não impede aquele, findo o contrato, de
- Fiscalizar a obra (art.1209º) - Apesar da doutrina divergir fazer valer os seus direitos contra o empreiteiro,
embora sejam aparentes os vícios da coisa ou
Menezes Leitão defende que a fiscalização deve ser notória a má execução do contrato, excepto se tiver
entendida como injuntiva-imperativa, pois se a excluirmos havido da sua parte concordância expressa com a
obra executada.
este contrato será de compra de um bem futuro.
Comentado [u61]: ARTIGO 1211º
Deveres do dono da obra: (Determinação e pagamento do preço)
1. É aplicável à determinação do preço, com as
necessárias adaptações, o disposto no artigo 883º.
Pagamento do preço (é a obrigação principal que deve ser cumprida no 2. O preço deve ser pago, não havendo cláusula ou
uso em contrário, no acto de aceitação da obra.
acto de aceitação da obra) – art.1211º.
Comentado [u62]: ARTIGO 1209º
(Fiscalização)
Existem várias modalidades de pagamento do preço: 1. O dono da obra pode fiscalizar, à sua custa, a
execução dela, desde que não perturbe o
andamento ordinário da empreitada.
- preço global; 2. A fiscalização feita pelo dono da obra, ou por
- por unidade de construção; comissário, não impede aquele, findo o contrato, de
fazer valer os seus direitos contra o empreiteiro,
- por tempo de trabalho; embora sejam aparentes os vícios da coisa ou
- por percentagem.. notória a má execução do contrato, excepto se tiver
havido da sua parte concordância expressa com a
obra executada.
Não perturbar – 1209º/1, parte final
Comentado [u63]: Defeitos da obra
ARTIGO 1218º
Fornecimento supletivo de materiais (supletivamente já que (Verificação da obra)
normalmente são fornecidas pelo empreiteiro) 1. O dono da obra deve verificar, antes de a aceitar,
se ela se encontra nas condições convencionadas e
sem vícios.
Verificação da obra – art. 1218º (verificação e comunicação) – a 2. A verificação deve ser feita dentro do prazo usual
ou , na falta de uso, dentro do período que se julgue
falta leva à aceitação tácita. razoável depois de o empreiteiro colocar o dono da
obra em condições de a poder fazer.
3. Qualquer das partes tem o direito de exigir que a
Direitos do empreiteiro: verificação seja feita, à sua custa, por peritos.
4. Os resultados da verificação devem ser
comunicados ao empreiteiro.
Receber o preço 5. A falta da verificação ou da comunicação importa
aceitação da obra.
Será que o empreiteiro goza do direito de retenção? Comentado [u64]: ARTIGO 755º
Poderá o empreiteiro reter a obra até ao pagamento do preço? (Casos especiais)
1. Gozam ainda do direito de retenção:
a) O transportador, sobre as coisas transportadas,
– o art.º 755º nada diz. pelo crédito resultante do transporte;
b) O albergueiro, sobre as coisas que as pessoas
albergadas hajam trazido para a pousada ou
acessórios dela, pelo crédito da hospedagem;
A doutrina diverge nesta questão: c) O mandatário, sobre as coisas que lhe tiveram
sido entregues para execução do mandato, pelo
crédito resultante da sua actividade;
d) O gestor de negócios, sobre as coisas que tenha
em seu poder para execução da gestão, pelo crédito
proveniente desta; ...
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Deveres do empreiteiro:
Quem é o titular do direito de propriedade da obra? art. 1212º Comentado [u66]: ARTIGO 1212º
(derrogam-se as regras da acessão) (Propriedade da obra)
1. No caso de empreitada de construção de coisa
móvel com materiais fornecidos, no todo ou na sua
maior parte, pelo empreiteiro, a aceitação da coisa
No caso de empreitada de construção de coisa móvel importa a transferência da propriedade para o dono
da obra; se os materiais foram fornecidos por este,
continuam a ser propriedade dele, assim como é
- se os materiais forem fornecidos no todo ou na sua maioria propriedade sua a coisa logo que seja concluída.
pelo empreiteiro, então o risco corre por conta deste, sendo a 2. No caso de empreitada de construção de imóveis,
sendo o solo ou a superfície pertença do dono da
propriedade transferida para o dono da obra no momento da obra, a coisa é propriedade deste, ainda que seja o
aceitação da coisa; (art. 1212°/ 1) empreiteiro quem fornece os materiais; estes
consideram-se adquiridos pelo dono da obra à
medida que vão sendo incorporados no solo.
- No caso dos materiais serem fornecidos pelo dono da obra a
propriedade continua dele, assim com é sua propriedade a
coisa logo que esta esteja concluída; (art.1212°/ 1)
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Vicissitudes da empreitada:
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- O dono da obra pode exigir aos dois a responsabilidade pelo
incumprimento.
Apesar do art. 1208º estabelecer que o empreiteiro deve executar a Comentado [u69]: ARTIGO 1208º
(Execução da obra)
obra conforme esta tiver sido estabelecida, admite-se que possam O empreiteiro deve executar a obra em
ocorrer alguns imprevistos/alterações à obra. conformidade com o que foi convencionado, e sem
vícios que excluam ou reduzam o valor dela, ou a
sua aptidão para o uso ordinário ou previsto no
Alterações da iniciativa do empreiteiro (art.1214º) contrato.
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- Na falta de acordo compete ao Tribunal fixar o preço e prazo.
-
Defeitos da obra e responsabilidade do empreiteiro
depois da obra feita – art. 1218º e ss.
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Casos Práticos
Resolução
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- obras novas.
Obras novas
são obras com autonomia relativamente à obra contratada.
Alteração
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Uma obra que não tenha autonomia tem de ser considerada como
alteração
porém ...
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Assim ...
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O dono da obra pode denunciar os defeitos nos termos do
art. 1220º/1.
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A melhor forma é celebrar dois contratos: um de empreitada e outro
de promessa de venda do solo.
O contrato de empreitada não é um contrato real porque quando se
celebra o contrato ainda não há nada.
A propriedade da obra determina-se pela propriedade do solo.
Mesmo que não seja o dono da obra a fornecer os materiais ele vai
adquirindo a propriedade sobre eles à medida que vão sendo
aplicados na obra.
II)
A vende a B, pelo preço de 30.000 contos uma casa em ruínas
da qual era comproprietário juntamente com os seus três
irmãos.
B com o intuito de recuperar a moradia para a tornar habitável
celebrou com C, construtor civil, um contrato para reparação
do imóvel.
Acordaram que o preço da obra seria 20.000c e que os
materiais necessários para a sua execução seriam fornecidos
por B.
Após ter iniciado a obra e com a sua execução a meio ocorreu
um violento terramoto que provocou um desmoronamento total
da mesma. C informou B do sucedido e pretende que este lhe
forneça novos materiais lhe pague o trabalho já realizado para
que ele possa continuar a executar a obra. B exige que C
conclua a obra mas não lhe fornece mais materiais.
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É um posição doutrinária de Pedro Martinez. Resulta do art.º 1227º
que o empreiteiro tem direito ao trabalho que já realizou. O art.º
1228º na diz. Portanto o empreiteiro tem de suportar o risco do
trabalho. O dono da obra é obrigado a fornecer os materiais, porque
foi isso o estipulado no contrato. Se o dono da obra não fornecer os
materiais não é uma impossibilidade absoluta do art.º 1227º. Se ele
não fornecer os materiais o empreiteiro não pode cumprir o
contrato. O empreiteiro invoca a excepção do art.º 801º e não
cumpre por culpa do dono da obra.
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Regra geral o dono da obra tem 30 dias para denunciar os defeitos
– 1220º. Nestes casos do art.º 1225º tem um ano para denunciar os
defeitos. É uma excepção à regra geral do art.º 1220º.
RESPOSTA:
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Estamos na presença de um contrato de mandato. É um mandato
sem representação porque o mandatário compra em seu próprio
nome. O mandatário é obrigado a transmitir para o mandante o que
adquiriu – 1161º. Quando o mandatário celebrou o contrato assumiu
duas obrigações: - cumprir o mandato; - quando cumprir o mandato
transferir o bem para o mandante. Por aqui podemos recorrer à
execução específica e com ela obter a declaração judicial que
substitua a vontade do mandatário. Para se recorrer à execução
especifica é necessário que o mandato tenha sido revestido da
forma do contrato promessa, nos termos do art.º 410º/1 e 2. Se
assim não for não pode recorrer-se à execução especifica mas sim
às outras – acção de incumprimento – art.º 817º Comentado [u74]:
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