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Caminhos da Semiótica literária Introdução

Definições u
nao e sen ã o uma parte dessa ciência geral ”. O signo obje-
to da semiologia abrange, pois, as diferentes linguagens que
Duas denominações da disciplina tê m estado tradi llie dã o forma de expressão: linguagens verbais ( oral, escri-
cionalmente em concorrê ncia semiologia e semió tica. ta ), n ão-verbais ( visual , pl ástica, gestual, musical, etc. ) ou
Ambas se distinguem da sem â ntica. Esta designa a parte da “sincréticas” ( combinando vá rias linguagens, como, por
lingu ística que tem por objeto o estudo das significações le- exemplo, o. teatro). A semiologia ou semiótica ) postula a
xicais, tomadas em sua evolu çã o (sem â ntica histó rica ou unicidade do fenô meno da significaçã o, quaisquer que se
nas rela ções constitutivas do sentido das palavras (semâ nti- jam as linguagens que o exprimam e o manifestem.
ca sincrô nica ) . Semiologia e semiótica tê m em comum o No entanto, uma diferen ça entre essas duas definições
fato de ultrapassarem a semâ ntica em dois sentidos: para salta aos olhos. O Petit Robert fala em “sistemas” de signos,
alé m da palavra , da oração e do período, elas encaram os enquanto Saussure fala na “vida ” dos signos, envolvendo as-
fenô menos significantes em sua globalidade discursiva; sim , além do sistema, sua realização dinâ mica em forma de
mas sobretudo, para al é m da simples l íngua natural, elas discurso e sua inserçã o na comunicação social. A semiótica
consideram a significação como um objeto próprio, trans- francesa, principalmente sob o impulso de A. J. Greimas, se
versal às diferentes linguagens que lhe d ã o formate assegu- esforçará para realizar esse programa , sempre associando es-

a
ram-lhe a eficiênci A distin çã o teó rica e metodol ógica en-
tre a semiologia e a semió tica, por sua vez , está mais ligada
às transforma ções históricas de sua formação recente no
treitamente as duas dimehsões a do sistema e a do processo.
Consideremos agora uma outra definição, a de “se-
miótica ”, no mesmo dicioná rio Petit Robert. Ela é dupla: '

campo das ciências da linguagem. Salientaremos progressi- “Teoria geral dos signos e de sua articulaçã o no pensamen-
vamente essa distin çã o ao analisar algumas das numerosas to ( l ógica . Teoria dos signos e do sentido, e de sua circu-
definições que acompanharam seu desenvolvimento. la ção na sociedade ( > semiologia ).” Cada uma dessas defi-
Consideremos, em primeiro lugar, duas definições nições delineia o campo de duas concepções distintas da
de “semiologia : “Ciência que estuda a vida dos signos no semiótica, que estão na origem de duas grandes tradições e
seio da vida social ” F. de Saussure ) e “ Ciê ncia que estuda que nos limitaremos a localizar: a semió tica americana e a
os sistemas de signos ( l ínguas, códigos, sinalizações, etc. ” semiótica europ é ia. A primeira , fundamentada na obra do
( Petit Robert ). As duas mostram a extensão considerá vel de fil ósofo e l ógico Charles Sanders Peirce ( 1839-1914), até m-
seu objeto: o universo geral dos signos, bem além da mera se especialmente ao modo de produ çã o do signo ( os esque-
l íngua. Assim , no texto fundador frequentemente citado, do mas inferenciais do raciocínio: dedu ção, indu ção, abdu-
qual foi extra ída sua definição, Saussure explica que “a lín- çã o ) e à sua rela ção com a realidade referencial pela me-
gua é um sistema de signos que exprimem idéias, e é com-
pará vel, por jsso, à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos
ritos simbólicos, às formas de polidez , aos sinais militares, 1. SAUSSURE , F. de. Curso de linguística gerdl. Traduçã o de Antônio
etc. Ela é apenas o principal desses sistemas”. A linguística Chelini etal. 12 . ed. Sã o Paulo: Cultrix, 1976. p. 24.

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