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OS DIREITOS

INDIVIDUAIS
NA REFORMA
TRABALHISTA

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SUMÁRIO
Módulo I Grupo Econômico, Responsabilidade
do Sócio Retirante e a Ausência de Registro

Módulo II Horas In Itinere, Trabalho em Regime


Parcial, Horas Extras, Jornada e Intervalo Intrajornada

Módulo III Teletrabalho, Autônomo


e Trabalho Intermitente

Módulo IV Prevenção de Doenças e Acidentes,


e Reparação de Danos Extrapatrimoniais

Módulo V Férias, Vestimentas e


Proteção ao Trabalho da Mulher

Módulo VI Remuneração, Equiparação Salarial,


Gratificação e Extinção do Contrato de Trabalho

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MÓDULO I No grupo Econômico Hierárquico, este dirige empresas subordinadas a ele,
GRUPO ECONÔMICO, RESPONSABILIDADE DO SÓCIO com determinação no modo de exercer suas atividades, controla empresas
RETIRANTE E A AUSÊNCIA DE REGISTRO NA REFOR- subordinadas em suas diretrizes, administra as empresas subordinadas na
MA TRABALHISTA (LEI Nº 13.467/17). gestão de suas atividades. A outra hipótese refere-se a uma relação horizontal,
onde não existirá empresa principal, mas existirá uma coordenação conjunta.
Chamada de Reforma Trabalhista, a Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017,
trouxe diversas alterações nas relações de Trabalho. No primeiro ebook tra- A mera identidade de sócios não é suficiente para a caracterização de
tamos sobre as mudanças no Processo do Trabalho. Agora em seis capítulos Grupo Econômico (artigo 2º, parágrafo 3º, da CLT, acrescentado pela Lei
trataremos sobre as mudanças relativas aos Direitos Individuais. 13.467/2017), é necessária a demonstração do interesse integrado, bem
como a sua comunhão, e a atuação conjunta das empresas:
Grupo Econômico na Reforma Trabalhista
3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios,
Dispõe o artigo 2º, parágrafo segundo da Lei 13.467/17: sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do
interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação con-
“Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, junta das empresas dele integrantes.
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada Caracterizado o grupo Econômico, a consequência é que a responsabilidade
uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis de ambas será solidária. Assim, tanto empresas Hierárquicas ou que mantém
solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego” coordenações entre si são responsáveis solidariamente pelo direito dos em-
pregados do grupo.
A Reforma Trabalhista se propõe a colocar regras específicas sobre a caracteri-
zação do Grupo Econômico, a mudança vem de um anseio empresarial, diante Sobre empregados que prestem serviços em mais empresas do mesmo gru-
de tantas decisões arbitrárias sobre a caracterização do grupo Econômico. En- po, ressalta-se a Súmula 129 do TST: “Contrato de trabalho. Grupo econômico.
tão, segundo o dispositivo acima o grupo econômico estará caracterizado em A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico,
duas hipóteses, a primeira será quando as empresas estiverem sob mesma durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais
direção, controle ou administração e a segunda, quando mesmo que guardem de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário”.
cada uma a sua autonomia, façam parte de um mesmo grupo econômico.
Destaca-se o princípio da primazia da realidade ao analisar caso a caso cada
contrato de trabalho, pode ser que o empregado tenha prestado serviço a
apenas uma das empresas do grupo econômico, mas a responsabilidade dos
créditos trabalhistas é que será solidário.

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Responsabilidade do Sócio Retirante na Reforma Trabalhista Ausência de Registro na Reforma Trabalhista

Para encerrar o debate jurisprudencial e da doutrina, a reforma trabalhista, O antigo texto do artigo 47 da CLT delimitava que o empregador, pagaria
delimita a responsabilidade do sócio retirante e a preferência na ordem de multa de R$ 800,00 (oitocentos reais) referentes a cada empregado que não
Execução. Vejamos o texto do artigo 10 A: tivesse sua carteira de trabalho devidamente registrada. Com a Reforma Tra-
balhista, o novo texto do artigo mencionado passa a prever:
“Art. 10-A. O sócio retirante responde solidariamente pelas obrigações
trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou com Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos
sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de
modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: R$ 3.000,00 (três mil reais), por empregado não registrado, acrescido
de igual valor em cada reincidência.
I – a empresa devedora;
• 1º especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste
II – os sócios atuais; e artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos
reais) por empregado não registrado, quando se tratar de microem-
III – os sócios retirantes. presa ou empresa de pequeno porte.

Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os • 2º A infração de que trata o caput deste artigo constitui exceção ao
demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decor- critério da dupla visita.
rente da modificação do contrato”.
Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere o pa-
Assim delimita-se a ordem executória: primeiro a empresa reclamada, segun- rágrafo único do art. 41 desta Consolidação, o empregador ficará sujeito à multa
do a execução dos sócios atuais, e só depois a execução do sócio retirante. de R$ 600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado. (Red. L. 13.467/17).
O sócio retirante responderá por dívidas decorrentes do período em que
figurou como sócio, e tenham sido objetos de ações iniciadas (e não a data Conforme visto acima o valor da multa aumentou para R$ 3.000,00, resguardan-
de início da Execução), até o prazo de dois anos da averbação da alteração do do apenas valor diferenciado a empresa de pequeno porte, qual seja R$ 800,00.
contrato social da empresa (a mera retirada de fato, sem alteração nos regis-
tros configura em responsabilidade). Sendo comprovada a fralde na alteração Cumpre ressaltar que há varias consequências negativas ao empregado a au-
do contrato social da empresa, a responsabilidade passará a ser solidária. sência de registro da CTPS, deixando-o desamparado, por isso a alteração no
valor da multa foi importante nesta reforma.

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MÓDULO II II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada
HORAS IN ITINERE, TRABALHO EM REGIME PARCIAL, do empregado e os do transporte público regular é circunstância que
HORAS EXTRAS, JORNADA E INTERVALO INTRAJOR- também gera o direito às horas “in itinere”. (ex-OJ nº 50 da SBDI-I - inse-
NADA NA REFORMA TRABALHISTA. rida em 01.02.1995);

Na primeira parte da nossa série sobre Direitos Individuais na Reforma Traba- III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento
lhista, tratamos de Grupo Econômico, Responsabilidade do Sócio Retirante e de horas “in itinere”. (ex-Súmula nº 324 – Res. 16/1993, DJ 21.12.1993);
a Ausência de Registro. O segundo texto posts traz os aspectos que envolvem
Jornada de Trabalho. São muitas mudanças importantes, muitos debates com IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorri-
a queda da MP 808, vejamos: do em condução da empresa, as horas “in itinere” remuneradas limi-
tam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. (ex-Súmula nº
Horas In Itinere 325 – Res. 17/1993, DJ 21.12.1993);

O antigo texto do parágrafo segundo do artigo 58 da CLT, definia em forma de V - Considerando que as horas “in itinere” são computáveis na jorna-
exceção sobre ser computado na jornada de trabalho que, quando se tratas- da de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado
se de “local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empre- como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo.
gador fornecer a condução”. Também nesse sentido diz o texto da Súmula 90 (ex-OJ nº 236 da SBDI-I - inserida em 20.06.2001)
do TST:
Com a Reforma Trabalhista o novo texto diz: “§ 2º O tempo despendido pelo
HORAS “IN ITINERE”. TEMPO DE SERVIÇO (incorporadas as Súmulas nºs empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de
324 e 325 e as Orientações Jurisprudenciais nºs 50 e 236 da SBDI-I) - trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de
Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado
na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.”
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo
empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido Há quem diga que o objetivo foi tratar com isonomia aqueles empregados
por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na que utilizam o transporte público e o transporte privado. E que essa retirada,
jornada de trabalho. (ex-Súmula nº 90 - RA 80/1978, DJ 10.11.1978); incentiva o empregador a fornecer transporte.

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Quanto ao lado obscuro, é em relação a responsabilidade por acidentes de Trabalho em Regime Parcial
percurso. E considera-se revogado tacitamente o art. 21, inciso IV, da Lei nº
8.213/91, vejamos: O trabalho em regime parcial foi criado para atender as demandas das em-
presas, criado pela convenção 175 da OIT. No Brasil, a CLT estabelecia: “Art.
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja
desta Lei: duração não exceda a vinte e cinco horas semanais.”

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário O valor definido como salário-hora, era feito através do salário mínimo, desde
de trabalho: que não houvesse na mesma empresa quem cumprisse o regime integral de 8
horas diárias estabelecidos. Sobre as férias eram definidas da seguinte forma:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa; Art. 130-A. Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada
período de doze meses de vigência do contrato de trabalho, o empre-
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe gado terá direito a férias, na seguinte proporção:
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
I – dezoito dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte e
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando duas horas, até vinte e cinco horas
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da
mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, II – dezesseis dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte
inclusive veículo de propriedade do segurado; horas, até vinte e duas horas;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para III – quatorze dias, para a duração do trabalho semanal superior a
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de quinze horas, até vinte horas;
propriedade do segurado.
IV – doze dias, para a duração do trabalho semanal superior a dez ho-
Os críticos da mudança, alegam que há uma falsa vantagem ao trabalhador, ras, até quinze horas;
vez que este estará desamparado do auxílio doença em razão de acidente de
trabalho. Lembrando que a não concessão de horas in itinire afeta diretamen- V – dez dias, para a duração do trabalho semanal superior a cinco ho-
te na quantidade de jornada de trabalho, e fere o artigo 7º da Constituição ras, até dez horas;
Federal e o inciso XIII. Outro fator empresarial/econômico: quem garante que
diante deste cenário o empregador não irá querer cortar custos, e possivel- VI – oito dias, para a duração do trabalho semanal igual ou inferior a
mente cortar o fornecimento do transporte? cinco horas.

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Parágrafo único. O empregado contratado sob o regime de tempo Horas Extras
parcial que tiver mais de sete faltas injustificadas ao longo do período
aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade. As compensações de horas extras eram limitadas a banco de horas ou a com-
pensação negociada. A Reforma Trabalhista traz a possibilidade de ser nego-
Com a Reforma Trabalhista o Trabalho em Regime Parcial passa a ter novos ciada diretamente com o empregado, para compensação em prazo máximo
parâmetros: O empregado pode trabalhar no máximo 30 horas semanais, de seis meses, e negociada pelo sindicato para o prazo de um ano. Quanto a
sem horas extras. OU, pode trabalhar 26 horas semanais, podendo fazer até negociação individual é preciso que haja compensação dentro do mesmo mês.
seis horas extras semanais. Ao valor de horas extras, neste caso, será atribuí-
do 50% de adicional. Sendo possível também o regime de compensação de Intervalo Intrajornada
Jornada previsto no novo art. 59 da CLT. O novo texto do artigo 130 da Refor-
ma Trabalhista diz: A lei 13.467/17 introduziu o artigo 611-A à CLT, no tocante ao intervalo intra-
jornada passa a estabelecer:
Art. 130 – Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contra-
to de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: “Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluí-
I – 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais do pela lei 13.467, de 2017)
de 5 (cinco) vezes;
(...)
II – 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a
14 (quatorze) faltas; III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minu-
tos para jornadas superiores a seis horas; (Incluído pela lei 13.467, de
III – 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 2017)
(vinte e três) faltas;
(...).”
IV – 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro)
a 32 (trinta e duas) faltas. Lembrando que antes da Reforma Trabalhista, o trabalhador que laborava em
jornada superior a seis horas tinha direito a no mínimo uma hora de intervalo
§1º – É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado e no máximo duas para repouso. Caso não seja concedido, o trabalhador terá
ao serviço. direito a 50% sobre o tempo não concedido de intervalo. Nos termos O pará-
grafo 4º, do artigo 71, da CLT passa a ter a seguinte redação:
§2º – O período das férias será computado, para todos os efeitos,
como tempo de serviço.

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“A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada O artigo 75-B define Teletrabalho da seguinte forma:
mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais,
implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período “a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências
suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de
da remuneração da hora normal de trabalho” comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho
externo” (art. 75-B)
As críticas da mudança do dispositivo, referem-se às normas de segurança do
trabalho, pois o intervalo intrajornada foi reduzida. Lembrando que o teletrabalho é o trabalho que poderia estar sendo realizado
na empresa, mas que por opção de empregador e empregado será realizado
MÓDULO III em outro local. Difere do trabalhador externo: por exemplo o instalador de
TELETRABALHO, AUTÔNOMO E TRABALHO INTERMI- telefone, este por sua natureza de trabalho, tem que trabalhar fora das de-
TENTE. COMO ESSAS MODALIDADES SÃO TRATADAS pendências da empresa. E que nada impede que algumas atividades sejam
NA REFORMA TRABALHISTA. desempenhadas dentro da empresa

Depois de tratarmos de “Grupo Econômico, Responsabilidade do Sócio Reti- art. 75-B, CLT: “O comparecimento às dependências do empregador para
rante e a Ausência de Registro” no módulo I e Jornada de Trabalho no módulo a realização de atividades específicas que exijam a presença do empre-
II, chegou a vez de abordarmos as novas formas de trabalho. Esse capítulo gado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho.”
traz a regulamentação acerca das três modalidades de trabalho (Teletrabalho,
Autônomo e Trabalho Intermitente), e o que podemos esperar deste cenário O teletrabalho não está sujeito ao controle de ponto, portanto, também ao
com a Reforma Trabalhista. recebimento de horas extras. O Ministério Público do Trabalho critica este
ponto, por considerar que deverão acontecer jornadas exaustivas. Sobre este
Como o Teletrabalho (Home Office) tema destaca-se:
é tratado na Reforma Trabalhista
Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento
Também chamado de Home Office, o Teletrabalho está cada vez mais presen- do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realiza-
te nas relações de trabalho, o desenvolvimento tecnológico mudou o em- do a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da
preendedorismo no Brasil, no entanto a ausência de regulamentação deixava relação de emprego.
as relações inseguras. Capítulo II-A ao Título II da CLT, versa sobre tais relações.
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando,
controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica,
aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do
trabalho alheio.

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Sobre a responsabilidade nos equipamentos, dispõe o texto do art. 75-D: Trabalho Intermitente e suas particularidades
presentes na Reforma Trabalhista
As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manuten-
ção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutu- Com jornada de trabalho que pode ser móvel ou variável, sendo alternados
ra necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como momentos de prestação de serviço e de inatividade, em horas ou dias, o tra-
ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas balho intermitente, já era muito utilizado, e foi trazido da informalidade para o
em contrato escrito. texto de lei:

É possível ainda, que o trabalhador possa migrar do regime de teletrabalho “Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita
para o regime presencial, desde que haja consentimento mútuo e que ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado
respeite o período de adaptação de 15 dias. Quando a segurança do ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.
Trabalho, a lei limita no artigo 75-E a Responsabilidade do Empregador:
“instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às §3o Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a
precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho” prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo
com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade,
O trabalho Autônomo na Reforma Trabalhista determinados em horas, dias ou meses, independentemente do
tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os
Conhecido por ser aquele que trabalha por contra própria, sem subordinação, aeronautas, regidos por legislação própria.” (NR)”
sem chefes, horários, como por exemplo o advogado, médico, diarista, dentis-
tas, marceneiros, enfim, aquele que trabalhe por conta própria. Lembrando que é um contrato que deve ser realizado na forma escrita, regis-
trada a CTPS, deverá constar o valor do dia ou da hora do trabalho (resguar-
Segue vigente o texto da Lei 13.467/17: dada a proteção constitucional ao salário mínimo vigente.), com remuneração
do trabalho noturno superior a remuneração do trabalho diurno, com local e
Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as for- prazo para pagamento da remuneração.
malidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não,
afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. Com três dias de antecedência, deverá o empregador informar ao empregado
o período, local e remuneração do trabalho a ser realizado, o empregador en-
Conforme o texto citado acima da Reforma Trabalhista a prestação de serviço tão terá um dia útil para responder, se responder positivamente e faltar este
do autônomo, mesmo em caráter de exclusividade não o tornaria empregado. deverá pagar 50% do valor ao empregado em prazo de 30 dias, sendo permi-
A MP 808 trazia expressamente em seu texto que, se houvesse exclusividade tida a compensação.
não seria autônomo, e sim empregado, mas aconteceu a queda da MP 808.

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Encerrado o trabalho, deverá o empregador quitar: remuneração, férias pro- § 6º Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado
porcionais acrescidas de um terço, repouso semanal remunerado, 13º salário receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas:
proporcional, e recolher contribuição previdenciária e FGTS.
a. remuneração;
Destaca-se que o período de inatividade não será considerado como tempo à
disposição do empregador. Vejamos o dispositivo: b. férias proporcionais com acréscimo de um terço;

“Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado c. décimo terceiro salário proporcional;
por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho,
que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele d. repouso semanal remunerado; e
devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a
mesma função em contrato intermitente ou não. e. adicionais legais.

§ 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação § 7º O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores
eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no § 6o deste artigo.
com, pelo menos, três dias corridos de antecedência.
§ 8º O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previden-
§ 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil ciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na for-
para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. ma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá
ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações.
§ 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do
contrato de trabalho intermitente. § 9º A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos
doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não po-
§ 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que derá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador.”
descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta
dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria A MP 808 previa que para os trabalhadores contratados por contrato indeter-
devida, permitida a compensação em igual prazo. minável, caso fossem dispensados não poderiam ser recontratados no perío-
do de 18 meses, regra esta que seria válida até 31/12/2020, ocorre que, como
§ 5º O período de inatividade não será considerado tempo à sabemos a MP não está mais em vigor, portanto tal regra não está válida.
disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a Importante o advogado ter cautela ao orientar seu cliente a fazer contratação
outros contratantes. do trabalhador intermitente, vivemos em um período de insegurança jurídica.

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MÓDULO IV Reparação de Danos Extrapatrimoniais
PREVENÇÃO DE DOENÇAS E ACIDENTES, E REPA- na Reforma Trabalhista
RAÇÃO DE DANOS EXTRAPATRIMONIAIS NA REFOR-
MA TRABALHISTA Um dos aspectos mais polêmicos da Reforma Trabalhista, usada a nomencla-
tura Dano Extrapatrimonial, em substituição à Dano Moral, trouxe parâmetro
Chegamos ao quarto capítulo, para abordar o que diz a Reforma Trabalhista objetivo a aplicação da Indenização:
acerca da prevenção de acidentes e como ficaram os parâmetros de definição
de danos morais (extrapatrimoniais). Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará:

Prevenção de Doenças e Acidentes na Reforma Trabalhista I - a natureza do bem jurídico tutelado;

Quando feita à Reforma Trabalhista, uma das maiores críticas é que com ela II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;
o número de acidentes de trabalho poderia aumentar por conta da terceiriza-
ção, e também dos trabalhos em ambientes insalubres. III - a possibilidade de superação física ou psicológica;

Vamos entender antes o que é acidente do Trabalho em palavras simples: é IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;
aquele em que ocorre no local, horário de trabalho, que possa produzir lesão
corporal, perturbação funcional, ou doença que resulte na perda ou redução V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;
da capacidade laboral, ou até mesmo a morte do trabalhador.
VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral;
Sobre as doenças, o artigo 20 da Lei nº 8.213/91, trata de equiparar algumas
doenças a acidente de trabalho, pois são relacionadas ao exercício da função. VII - o grau de dolo ou culpa;
E o artigo 21 elencará as situações que serão equiparadas a acidente do tra-
balho em razão de sua natureza. VIII - a ocorrência de retratação espontânea;

É sabido que o Brasil ocupa o quarto lugar em acidentes de trabalho no IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;
mundo, é preciso ter a dimensão do quanto pode aumentar os casos de
horas extras com a flexibilização de normas, como intervalo intrajornada X - o perdão, tácito ou expresso;
reduzido, sendo este um dos principais vilões.
XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;

XII - o grau de publicidade da ofensa.

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§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser Quanto aos responsáveis pela reparação do dano, dispõe o artigo 223-E da CLT:
paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros,
vedada a acumulação: “São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham
colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da
I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ação ou da omissão”.
ofendido;
E quando houver mais de um ofensor, deve-se aplicar o artigo 942 do Código
II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contra- Civil, sendo solidária a responsabilidade:
tual do ofendido;
“Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contra- de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa
tual do ofendido; tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela repara-
ção”.
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário
contratual do ofendido. Nos termos do artigo 257 do Código Civil, o trabalhador deverá provar a
conduta, dano sofrido, nexo de causalidade e proporção, podendo invocar o
§ 2o Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com artigo 818, § 1º da CLT, nos casos de impossibilidade ou excessiva dificuldade:
observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no § 1o deste
artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor. “Art. 818. O ônus da prova incumbe:

O parágrafo 1º acima destacado, merece destaque pois foi alvo de altera- I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
ção da MP 808/2017, e considerava, entre o mínimo e máximo, “o valor
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência So- II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo
cial”, a mudança, foi resultado de uma série de ataques ao texto da lei ou extintivo do direito do reclamante.
13467/2017 que basicamente dispõe que a pessoa vale o valor recebido
em seu salário. Ocorre que como já dito exaustivamente, a MP 808/2017 § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
não está mais em vigor, ou seja a regra válida atualmente é a fixada ini- relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir
cialmente em lei. o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção
da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de
modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em
que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que
lhe foi atribuído.

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As mudanças são vistas negativamente por grande parte dos autores do Direito A nova lei traz mais liberdade ao empregado, que pode negociar com o em-
do Trabalho. Tratar o contrato de trabalho como qualquer contrato cível, põe o pregador seu tempo de férias, podendo dividir suas férias ao longo do ano,
trabalhador em condição de desvantagem. Outra crítica óbvia é a limitação do obedecido o disposto no artigo acima. Com certeza, uma das melhores mu-
dano moral, quanto vale um trabalhador que perde a vida exercendo a profissão? danças da Reforma Trabalhista, cabe a observação que antes, menores de
18 anos e maiores de 50 anos eram obrigados a tirar os trinta dias, e agora
MÓDULO V com qualquer idade as férias podem ser parceladas. Sobre o chamado abono
FÉRIAS, VESTIMENTAS E PROTEÇÃO AO TRABALHO pecuniário, poderá o trabalhador vender até dez dias
DA MULHER NA REFORMA TRABALHISTA
Vestimentas
Neste penúltimo capítulo sobre os Direito Individuais na Reforma Trabalhista,
trataremos de férias, vestimentas dos trabalhadores e a proteção ao Trabalho Na legislação não existia regra explicita sobre a vestimenta, no entanto, ha-
da Mulher. viam muitos julgados sobre o tema. Agora, com a Reforma Trabalhista, o em-
pregador pode definir o uniforme inclusive inserindo logomarca de parceiros,
Férias nos seguintes termos:

Dentre as modificações da Reforma Trabalhista, encontram-se as férias, com a Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no
possibilidade de divisão em três períodos, vejamos: meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomar-
cas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de
§ 1º Desde que haja CONCORDÂNCIA DO EMPREGADO, as férias identificação relacionados à atividade desempenhada.
poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles
não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não Lembrando que, o Tribunal Superior do Trabalho, e alguns tribunais regionais,
poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. antes entendiam que cabia a aplicação do inciso X, parágrafo 5º da Constitui-
ção Federal, c/c artigo 20 do Código Civil, vez que na interpretação o emprega-
§ 2º (Revogado). do utilizando uniforme com logomarcas dava visibilidade a estas, então estaria
configurado o abuso do poder diretivo. Tal interpretação fica ultrapassada
§ 3º É vedado o início das férias no período de dois dias que ante- com a Reforma Trabalhista.
cede feriado ou dia de repouso semanal remunerado.

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Outra mudança, é que a responsabilidade (em regra) pela higienização do I – atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto
uniforme de trabalho, em regra será de responsabilidade do empregado, mas durar a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
se exigir uso de produtos especiais, ou modo especial de limpeza caberá ao
empregador: II – atividades consideradas insalubres em grau médio ou míni-
mo, quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico
Art. 456-A. Parágrafo único. A higienização do uniforme é de res- de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a
ponsabilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
necessários procedimentos ou produtos diferentes dos utilizados
para a higienização das vestimentas de uso comum III – atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando
apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança
Observar-se-á que se houver despesas extraordinárias, deverá o empregador da mulher, que recomende o afastamento durante a lactação.
indenizar o empregado. Quanto à jornada, é importante lembrar que a troca
de uniforme nas dependências da empresa, não constitui jornada. Reflexos da MP/808

Proteção ao Trabalho da Mulher na Reforma Trabalhista Assim, ainda que em grau médio, ou mínimo, fica permitida a atividade laboral
da gestante, o texto é criticado, e foi alvo de mudança também pela MP/808
Sabe-se que a proteção ao trabalho da mulher é garantia constitucional “pro- que em resumo, previa como regra geral que a grávida seria afastada de
teção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos qualquer atividade insalubre durante a gestação: “Art. 394-A. A empregada
termos da lei” (art. 7o, inciso XX, da CR/88), bem como a proibição de diferença gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer atividades,
salarial em virtude do sexo (art. 7o, inciso XXX, da CR/88), e a licença maternida- operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local salubre,
de, sem prejuízo do salário, com duração de 120 dias (art. 7o, inciso XVIII, CR/88). excluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade.” e em cará-
ter de exceção, a gestante só poderia trabalhar caso tivesse laudo médico de
Antes da Reforma Trabalhista, qualquer atividade em ambiente insalubre para liberação. Há quem defenda que com a reforma, deu-se autonomia a mulher
grávidas era proibido, levando em consideração a proteção à saúde da grávi- para decidir se quer ou não continuar na atividade laboral.
da e do bebê. Com a reforma, altera-se o caput do artigo 394-A da CLT:
Por outro lado, a nova normativa, expõe grávida e bebê a atividade insalubre,
Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o assim, o correto é que se a empresa tiver condições de remanejamento, que a
valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afas- grávida vá para outro departamento no período gestacional.
tada de: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

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MÓDULO VI Quando o legislador diz “importância fica estipulada”, é o que chamamos de
REMUNERAÇÃO, EQUIPARAÇÃO SALARIAL, GRATIFI- salário contratual, de forma que não integram salário: as diárias para viagens,
CAÇÃO, E EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO as ajudas de custo; o auxílio alimentação (o pagamento não pode ser feito em
NA REFORMA TRABALHISTA. dinheiro), prêmios e os abonos:

Chegamos ao último texto sobre os Direitos Individuais na Reforma Trabalhista, tra- Art. 457, § 2º, CLT. As importâncias, ainda que habituais, pagas a
taremos agora dos aspectos salariais, e sobre a Extinção do Contrato de Trabalho. título de ajuda de custo, auxílio alimentação, vedado seu paga-
mento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não
Remuneração e Salário integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao
contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qual-
Antes de adentrar nas mudanças, vamos fazer uma diferenciação entre salá- quer encargo trabalhista e previdenciário
rio e remuneração: salário é a contraprestação devida decorrentes do servi-
ço prestado na relação de trabalho. Já remuneração será a soma do salário Art. 457, § 4º, CLT. Consideram-se prêmios as liberalidades conce-
contratual e das vantagens percebidas pelo trabalhador, como por exemplo didas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em
o adicional noturno, comissões, gorjetas, e etc. O tema salário com certeza é dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de
um dos temas mais importantes da Lei nº 13.467/17: desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício
de suas atividades.
Antes da Reforma Trabalhista, o art. 457, definia o conceito de salário como:
“§1o - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também Da análise do artigo extrai-se que não se aplica mais a Súmula 101 do TST:
as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e
abonos pagos pelo empregador. ” Agora vejamos o que diz o texto: Súmula nº 101 do TST.DIÁRIAS DE VIAGEM. SALÁRIO (incorporada a Orienta-
ção Jurisprudencial nº 292 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Art. 457 (...)
Integram o salário, pelo seu valor total e para efeitos indenizatórios, as diárias
§1º - Integram o salário a importância fixa estipulada, as de viagem que excedam a 50% (cinquenta por cento) do salário do emprega-
gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. do, enquanto perdurarem as viagens. (Primeira parte - ex-Súmula nº 101 - RA
65/1980, DJ 18.06.1980; segunda parte - ex-OJ nº 292 da SBDI-1 - inserida em
11.08.2003.

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Outra novidade trazida pela Reforma Trabalhista é que o serviço médico, ou § 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o
odontológico próprio, também não integram a natureza salarial: empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou
adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação
Art. 458, § 5º, CLT. O valor relativo à assistência prestada por serviço coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma
médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de de homologação ou registro em órgão público.
despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próte-
ses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mes- § 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão ser feitas
mo quando concedido em diferentes modalidades de planos e co- por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes
berturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito critérios, dentro de cada categoria profissional.
nem o salário de contribuição, para efeito do previsto na alínea q do
§ 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. § 5º A equiparação salarial só será possível entre empregados
contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a
O legislador, alega que as mudanças são para fazer com que o empregador indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma
dê mais benefícios ao empregado sem onerar a folha de pagamento. contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial
própria.
Equiparação Salarial
§ 6º No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo
Vamos ao texto que trata sobre a equiparação salarial: ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das diferenças
salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado,
“Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos
prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento benefícios do regime geral de previdência social.” (NR)
empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
etnia, nacionalidade ou idade. Lembrando que antes da Reforma Trabalhista já tínhamos a Súmula 6 do TST:

§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o Nº 6 – EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (Redação do item VI altera-
que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição da na sessão do Tribunal Pleno realizada em 09.06.2015) (…) II – Para efeito
técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de
mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença serviço na função e não no emprego. (ex -Súmula nº 135 – RA 102/1982, DJ
de tempo na função não seja superior a dois anos. 11.10.1982 e DJ 15.10.1982). III – A equiparação salarial só é possível se o
empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as
mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denomi-
nação. (ex-OJ da SBDI-1 nº 328 – DJ 09.12.2003).

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IV – É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, O parágrafo 6º fixa multa de 50%, para discriminações decorrentes do sexo e
reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o da etnia, para que tenham proteção perante as diferenças salariais. De modo
pedido se relacione com situação pretérita. (ex-Súmula nº 22 – RA 57/1970, geral, considerando a interpretação bem extensiva por parte dos tribunais,
DO-GB 27.11.1970). (…) VI – Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é quanto a equiparação salarial, o ponto tem sido bem visto pela doutrina e
irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em decisão jurisprudência, já que traz um parâmetro mais objetivo.
judicial que beneficiou o paradigma, exceto:
Gratificação
a) se decorrente de vantagem pessoal ou de tese jurídica superada pela juris-
prudência de Corte Superior; Em regra, a gratificação é a forma de compensar o trabalhador pelo bom
exercício de suas atividades laborais, e aí temos vários exemplos: gratificação
b) na hipótese de equiparação salarial em cadeia, suscitada em defesa, se o de função, por tempo de serviço, por especialização. Poderá ser pago em
empregador produzir prova do alegado fato modificativo, impeditivo ou extin- parcela única, e é vinculado a uma condição com requisitos que podem ser
tivo do direito à equiparação salarial em relação ao paradigma remoto, con- objetivos ou subjetivos, sendo estes previamente acordados, sejam pelo pró-
siderada irrelevante, para esse efeito, a existência de diferença de tempo de prio contrato de trabalho, ou convenção coletiva.
serviço na função superior a dois anos entre o reclamante e os empregados
paradigmas componentes da cadeia equiparatória, à exceção do paradigma O novo paragrafo parágrafo 2º do art. 468 da CLT, retirou a função gratificada
imediato. (...) X – O conceito de ‘’mesma localidade’’ de que trata o art. 461 da que incorpore ao salário, independentemente do tempo recebido:
CLT refere-se, em princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos
que, comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana. (ex-OJ da Art. 468 Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a altera-
SBDI-1 nº 252 – inserida em 13.03.2002). ção das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda
assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos
Então da simples análise da súmula, tínhamos que, qualquer empregado, ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente des-
em idêntica função, tempo não superior a dois anos, que estejam na mesma ta garantia.
empresa e também mesma região tem direito a equiparação. Comparando os
dois textos, a Reforma Trabalhista acrescentou muitos critérios para a equipa- § 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo
ração. Entre os principais pontos, podemos destacar o fato de que o empre- motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção
gado paradigma precisa trabalhar no mesmo estabelecimento, e em período do pagamento da gratificação correspondente, que não será
não superior a dois anos, ficam vedados também os paradigmas remotos, incorporada, independentemente do tempo de exercício da
conforme está no texto reformista citado acima. respectiva função.

A maior crítica dada ao dispositivo acima, é que a retirada da gratificação possa ser
utilizada como pressão ao empregador, para que cumpra determinadas exigências.

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Extinção do contrato de trabalho §2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput
deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-
Resumidamente vamos trazer agora as mudanças na Reforma Trabalhista que Desemprego. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13/07/2017)
tratam da extinção do contrato de trabalho. Uma das principais alterações e
que veio para acabar, ou diminuir a ilegalidade dos acordos apenas para que Tendo o acordo, se o aviso for indenizado, será pago pela metade, bem como
houvesse saque do FGTS e seguro, ou para que o empregador pagasse me- o saque de FGTS será sobre 80% do valor depositado e conforme visto acima,
nos, nasce no texto legislativo a possibilidade de rescisão por acordo: não se autoriza o ingresso ao seguro desemprego, e talvez ainda que tenha
sido assertivo em não se permitir o saque do referido seguro, imagina-se que
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acor- na prática os acordos devem em sua maioria acontecer quando o empregado
do entre empregado e empregador, caso em que serão devidas arrumar um novo emprego.
as seguintes verbas trabalhistas: (Incluído pela Lei nº 13.467, de
13/07/2017)

I - por metade: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13/07/2017)

a. o aviso prévio, se indenizado; e (Incluído pela Lei nº 13.467,


de 13/07/2017)

b. a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo


de Serviço, prevista no § 1º do art. 18 da Lei no 8.036, de 11
de maio de 1990; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13/07/2017)

II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas. (Incluído pela


Lei nº 13.467, de 13/07/2017)

§ 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite


a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20
da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta
por cento) do valor dos depósitos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
13/07/2017)

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