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Napoleão não apenas expandiu territórios em suas conquistas, mas difundiu ideais.
Ideais estes que marcaram e influenciaram mentes, povos e culturas, que culminaram com o
sentimento de cidadania dos contemporâneos Estados-nação. Foi um poder muito mais
efetivo, inclusive para sua própria derrocada, que suas empreitadas militares, poder esse que
não visualizou ou por ventura subestimou.
Povos que anteriormente não se viam como cidadãos, com seus direitos respeitados,
como detentores de poder de transformação, se viram empossados de uma nova dinâmica e
desejo de autodeterminação. Com os ideais de liberdade e igualdade, em essência civil-
jurídica, como constituintes de um conjunto de nacionais, percebeu-se a importância desse
conjunto de valores compartilhados para a ação política, tanto de ordem interna como externa.
Em Viena isso se refletia de forma bastante contundente, a julgar por também ser o
local das reuniões, pois “apesar das discriminações medievais que ainda vigoravam sobre os
judeus vienenses, alguns deles, devido à sua riqueza e cultura, eram tidos em altíssima
consideração pelas elites européias. Durante o Congresso, os Rothschilds, Arnsteins, Eskels,
von Herz e Itzongs abriram seus salões para os participantes do Congresso, levantando a
questão judaica junto a seus freqüentadores. Os salões culturais de anfitriãs judias, como
Fanny von Arnstein e sua irmã, já eram famosos endereços freqüentados pelas elites
européias, inclusive por José II, imperador da Áustria” (MORASHA, 2015)
Destaque importante nesse intento teve Metternich , que sob influência de Salomon
Rothschild, barão austríaco, demonstrou apoio à causa judaica. Mas sofrendo forte oposição,
terminou o congresso sem uma solução contundente, apesar das declarações de
______________________, e com a criação da Confederação Germânica presidida pela
Áustria dos autoritários Habsburgos, que indicavam objeção à resolução efetiva da causa com
uma reforma. Os judeus saíram perdendo.
Dada falta de igualdade frentes aos demais austríacos, em 1848, judeus vienenses
abraçaram a causa revolucionária espalhada pela Europa, a fim de solucionar questões como
cidadãos austríacos e de sua condição enquanto povo judeu, tendo líderes no movimento,
como Adolf Fischhof e Ludwig August. Nesse intento “o imperador Fernando I é obrigado a
aceitar o parlamentarismo e uma Constituição, que reconhecia os direitos iguais e a liberdade
de credo a todos os cidadãos”, todavia o movimento contrarrevolucionário absolutista fez com
que Fernando I abdicasse em nome de seu filho Francisco José suspendendo as reformas.
Por isso a literatura pode se tornar uma fonte importante para se conhecer fatos e
ações tidos por muito tempo como marginais, mas que demonstram a realidade de outras
perspectivas. Para a situação judaica resultante de 1815 para as sociedades germânicas no
período, a obra Die Judenbuche (A faia dos judeus), uma novela de Annette
von Droste-Hülshoff, publicada em 1842 é importante para compreender
essa dinâmica, como bem exposto por Magdalena Nowinska (2015).
Referências