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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Resenha

Republica

É extremamente difícil separa a analise realista da sociedade e do Estado da


ideologia politica que a orienta, tão estreitamente entrelaçados estão o momento da
explicação daquilo que acontece e o momento da justificação de por que aquilo que
acontece deve acontecer; o problema da representação histórica e o problema da
legitimação ideal do Estado, ou melhor, de certo tipo de Estado. É desnecessário
acrescentar que uma coisa é determinar um critério de legitimação, outra descrever os
vários critérios de legitimação possíveis ou realmente aplicados nos deferentes regimes
e nas diferentes épocas historicas (que é obra da ciência politica).

No diálogo apresentado por Platão (428-347 a.C.) na obra A República, cuja


principal ideia é descrever uma república ideal, Platão afirma que os Estados que
realmente existem, os Estados reais, são corrompidos. Enquanto o Estado perfeito é um
só (e não pode deixar de ser assim, visto que só pode haver uma constituição perfeita).
Ou seja, a tipologia das formas de governo de A República, inclui só formas más.

Com Maquiavel (1469-1527) ocorrem as evoluções importantes na história do


pensamento político, entre elas uma nova classificação das formas de governo, onde
passam de três a duas: principados e repúblicas. Sendo o principado correspondente ao
reino, e a república correspondente tanto à aristocracia como à democracia. Para
Maquiavel, o que importa são os resultados e não a ação política em si, sendo legítimos
os usos da violência contra os que se opõe aos interesses estatais.

Certamente foi a meditação da história da república romana, unida às


considerações sobre as coisas do próprio tempo, que fez Maquiavel escrever, no início
da obra que ele dedicou ao principado, que “todos os Estados, todos os domínios que
tiveram e têm império sobre os homens, foram e são ou repúblicas ou principados”.
Se bem que a república, em sua contraposição à monarquia, não se identifique
com a democracia, com o “Governo popular”, até porque nas repúblicas democráticas
existem repúblicas aristocráticas (para não falar do Governo misto que o próprio
Maquiavel vê como um exemplo perfeito na república romana), na noção idealizada da
república que de Maquiavel passará por intermédio dos escritores radicais até à
Revolução Francesa, entendida em sua oposição ao governo real, como aquela forma de
Governo em que o poder não está concentrado nas mãos de um só, mas é distribuído
variadamente por diversos órgãos colegiados, embora, por vezes, contrastando entre si,
acham-se constantemente alguns traços que contribuíram para formar a imagem ou pelo
menos uma das imagens da democracia moderna, que hoje, cada vez mais
frequentemente, é definida como regime policrático oposto ao regime monocrático.

Magna latrocinia "o Estado senão um grande roubo". Para os gregos, homens da polis,
a própria ideia de império era ilegítima. Por isso combateram os persas, a democracia
ateniense na guerra do Peloponeso e a hegemonia da Macedónia – sem sucesso, e assim
morreu a Grécia clássica. Para os “bárbaros”, da Pérsia ao Egipto, a lei era uma
extensão arbitrária do poder imperial e uma manifestação da vontade absoluta do
imperador. Os romanos ensinaram ao mundo que a legitimidade de um império repousa
na força da lei.

“non omnis hominum coetus quoquo modo congregatus, sed coetus moltitudinis iuris
consensu et utilitatis communione sociatus”

“não é uma multidão unida de qualquer maneira, mas sim uma multidão unida pelo
consenso do direito e pela utilidade comum”.

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