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Apostila 2
Apostila 2
Processos de Negócio
Lucinéia Heloisa Thom1, Carolina Chiao1, Cirano Iochpe 1,2
1
Instituto de Informática – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Caixa Postal 15.064 – 91.501-970 – Porto Alegre – RS – Brasil
2
Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação de Porto Alegre (PROCEMPA) Av.
Ipiranga, 1200 – Porto Alegre – CEP 90160-091 – RS – Brasil
{lucineia,cciao,ciochpe}@inf.ufrgs.br
1. Introdução
Um processo de negócio compreende o conjunto de um ou mais procedimentos ou atividades
relacionadas, as quais, coletivamente, realizam um objetivo de negócio no contexto de uma
estrutura organizacional [WfMC 1999]. Portanto, é através da execução dos processos de
negócio que as organizações realizam seus propósitos.
Nos últimos anos, para se manterem competitivas, muitas organizações têm explorado
técnicas da abordagem de gestão por processos. Tal abordagem recebeu impulso adicional
através da norma ISO 9001:2000, a qual define que a organização deve ser retratada por
seus processos de negócio principais e não pelo seu organograma. A gestão por processos
associada à tecnologia de workflow pode trazer diversos benefícios à organização, tais como:
(a) descrição precisa e não ambígua dos processos de negócio existentes; (b) melhoria na
definição de novos processos; (c) maior eficácia na coordenação do trabalho entre diferentes
agentes; (d) obtenção, em tempo real, de informações precisas sobre o andamento dos
processos e; (e) padronização dos processos executados, de forma manual ou automatizada,
pela organização.
A tecnologia de workflow, através da automatização dos processos de negócio
executados na organização, proporciona não apenas a redução de custos, tempo, erros e
redundância na execução dos processos, mas também maior controle sobre os mesmos, o
que leva ao incremento da qualidade dos processos, de seus resultados e da organização
como um todo. Devido a estes e outros fatores é crescente o interesse acadêmico e científico
por sistemas de workflow e pelo gerenciamento de processos de negócio (BPM).
Processos de negócio e respectivos modelos de workflow frequentemente incluem
uma variedade de fragmentos, os quais podem ser entendidos como atividades de bloco com
semântica específica e bem definida. Em particular, um fragmento (ou função recorrente em
processo de negócio) pode ocorrer diversas vezes em uma mesma definição de processo
[Thom 2006a], [Thom 2006b). Durante a execução do processo, por sua vez, diferentes
cópias de um mesmo fragmento podem apresentar tanto os mesmos valores de parâmetros
como valores diferentes. Como exemplo, considere o processo de aprovação de empenho de
verbas de uma organização do setor varejista na Figura 1. O processo inclui as seguintes
atividades: a) necessita aprovação complementar; b) avalia empenho de verbas e; c) avisa
administrador sobre atraso. Este processo contém fragmentos relacionados a funções
recorrentes de processos (ou padrões) tais como decisão (atividades a), aprovação
(atividade b) e notificação (atividade c).
2. Trabalhos Correlatos
Devido as suas potenciais vantagens, padrões de workflow têm atraído a atenção de
pesquisadores e da indústria de software. Nós últimos anos, diversas abordagens têm sido
propostas. Em [Aalst 2002] são descritos 21 padrões de workflow para controle de fluxo
(e.g., seqüencial, paralelo, condicional). Tais padrões são úteis tanto para a definição de
workflows, como para validar o poder de expressão das linguagens e ferramentas de
workflow [Aalst 2003].
Recentemente, um conjunto de 39 padrões de dados foi proposto em [Russell
2004a]. Os padrões descrevem diversas maneiras, através das quais, dados podem ser
representados em definições de workflow. Em outro trabalho, o autor propõe um conjunto de
padrões de recursos, onde cada padrão descreve a representação e utilização de um recurso
específico em workflow [Russell 2004b]. Russell (2006) propõe, ainda, uma framework para
classificação de padrões com base em tratamento de exceções em sistemas de workflow. O
framework vem sendo utilizado para verificar a habilidade de sistemas de workflow para o
tratamento de exceções.
Em [Bradshaw 2005] são propostos padrões de interação entre um processo BPEL
(Business Process Execution Language) e outra aplicação. Exemplos destes padrões são
One-Way Message e Asynchronous Interaction with Timeout. Estes padrões são similares
a alguns dos padrões sendo propostos neste artigo (ex.: unidireional e bi-direcional
performativo). A Oracle BPEL Process Manager propõe uma biblioteca de padrões de
workflow. Com base em requisitos específicos do negócio, o usuário escolher o melhor
padrão disponível na biblioteca.
Além destas abordagens, existem diversas outras tais como o Handbook de
Processos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) [Malone 2004], a biblioteca de
processos desenvolvida no contexto do projeto ECOMOD [Frank 2006], as linguagens de
padrões propostas em [Cooplien 2004], assim como os padrões de negócio propostos por
Eriksson (2001).
A maioria das abordagens revisadas nesta Seção são relevantes tanto para a
implementação de sistemas de workflow, como para a definição de linguagens de modelagem
de workflow. No entanto, elas respondem parcialmente à questão sobre quais funções (tais
como as ilustradas na Figura 1) o projetista deve considerar repetidamente em vários modelos
de processos. Mais ainda, tais abordagens não exploram a completude e necessidade de tais
padrões para a modelagem de processos de negócio e workflow.
Padrão
Padrão Padrão Performativo
Notificativo Aprovação Unidirecional
Após, para cada padrão de workflow foi calculado o valor de suporte, tal como
realizado com regras associativas [Agrawal 2006]. No contexto deste artigo, o suporte
significa o número de ocorrências de cada padrão de workflow nos 190 processos de
workflow analisados. Observe que para aqueles processos incluindo mais de uma ocorrência
de um mesmo padrão, considerou-se apenas uma ocorrência deste. Procedeu-se, assim, visto
que o suporte foi calculado com base no número de processos e não com base no número de
atividades atômicas. Além disso, em alguns casos, os padrões foram identificados em ordens
parciais de atividades. A seguinte fórmula foi considerada para o cálculo do suporte:
S = F (A∧C) ; Onde:
Aprovação 60%
Retirada de Dúvidas 2%
Financeiro 8%
Logístico 0%
Informativo 16%
Decisório 64%
Notificativo 54%
Informative
pattern
Notification Decision
pattern pattern
Approval Notification
Unidirectional
pattern pattern
Performative
pattern
Figure 14. Um processo de pagamento construído com base na combinação dos
padrões
6 Conclusões
Ainda que existam diversos trabalhos na área de padrões de workflow (e.g., padrões de
controle de fluxo [Aalst 2003], fluxo de dados [Russell 2004a], recursos de workflow
[Russell 2004b] e tratamento de exceção [Russell 2006]), padrões com base em funções
recorrentes em processos de negócio têm sido pouco explorados. Em vista disso, este artigo
apresentou o levantamento e classificação de um conjunto de padrões de workflow com base
em funções recorrentes frequentemente encontradas em processos de negócio.
Através da mineração de 190 processos de workflow de diferentes organizações
constatou-se, com alta probabilidade, a existência dos padrões nos processos investigados.
Através da análise estrutural e do particionamento de cada processo, evidenciou-se que os
padrões classificados representam o conjunto necessário e suficiente de construtores para a
modelagem de todos os processos analisados. As principais vantagens da abordagem são:
Maior eficiência na modelagem: Com poucos padrões é possível modelar uma
grande variedade de processos. Tais padrões são mais próximos do vocabulário ou nível de
abstração no qual o processo de negócio é usualmente descrito (documentado) pela própria
organização. Acredita-se que o (re-)uso destes padrões pode diminuir o tempo de
modelagem (eficiência) e garantir maior probabilidade de correção na automatização do
processo.
Interoperabilidade: o (re-)uso dos padrões pode contribuir para maior
interoperabilidade entre sistemas de workflow;
Aplicabilidade em diferentes níveis de abstração: Alguns padrões podem ser úteis
tanto para a modelagem conceitual dos processos de negócio como em nível de
implementação (ex.: BPEL4WS). Em um trabalho anterior demonstramos o mapeamento
entre os níveis conceitual e lógico, permitindo sua automatização [Thom 2005].
Além disso, existe forte indício de que o conjunto de padrões investigado é completo,
ou seja, necessário e suficiente para a modelagem de um grande número (senão a totalidade)
de processos de negócios distintos. Tais padrões podem, eventualmente, simplificar o
processo de modelagem, visto que possuem semântica simples e bem definida. Mais ainda,
ferramentas de modelagem podem automatizar a seleção e aplicação dos padrões com base
nas características dos processos sendo projetados, considerando-se diferentes aspectos (ex.:
organizacionais, dependentes da aplicação). Os padrões de workflow investigados podem,
ainda, ser utilizados para teste de completude e na comparação do poder de expressão das
ferramentas e linguagens de modelagem de workflow existentes e futuras.
Como trabalhos futuros pretendemos investigar a completude do conjunto de padrões
estudado para a modelagem de processos de negócio e workflow em geral. Pretendemos,
ainda, extender alguma ferramenta de modelagem de processos com os padrões de workflow
propostos. Em [Thom 2007] apresentamos a primeira iniciativa neste contexto. Por fim,
verificar a utilidade e da eficiência (ex.: tempo de modelagem e correção) dos padrões,
quando integrados à ferramenta de modelagem de processos através de um catálogo
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