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PROFESSOR: Thállius Moraes

TERÇA DOS TRIBUNAIS DIREITO ADMINISTRATIVO

PODERES ADMINISTRATIVOS
INTRODUÇÃO
Os poderes administrativos são instrumentos que a Administração utiliza no cumprimento de suas
finalidades, diferindo dos demais poderes políticos do Estado (como a função Legislativa e Jurisdicional,
denominados poderes estruturais, previstos na própria Constituição).
Esses poderes são exercidos pelo Estado no desempenho de sua função administrativa (função típica
do Poder Executivo e atípica dos Poderes Legislativo e Judiciário).

PODER-DEVER DE AGIR
Vale salientar que o exercício desses poderes, trata-se na verdade de um dever da administração
pública, que deve obrigatoriamente exercê-los.
As competências administrativas devem obrigatoriamente ser exercidas pelos seus titulares, uma vez
que são irrenunciáveis e existem para que o interesse público seja alcançado.
Caso o agente público, em face de determinada situação que exija sua atuação permaneça inerte,
isto é, seja omisso em seu dever de agir, estará agindo com abuso de poder, podendo ser responsabilizado.

PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO


Dentre os poderes administrativos, existe uma importante diferenciação entre poder vinculado e
poder discricionário. A principal diferença entre eles reside no fato de, ao praticar determinado ato, o
administrador possuir ou não margem de escolha na realização do mesmo, conforme veremos a seguir.
PODER VINCULADO
O poder vinculado é exercido pela Administração, na prática de seus atos administrativos, sem
margem de liberdade na sua esfera de atuação.
Esse determina que o administrador somente pode fazer o que a lei determina, ele não possui
escolha, ou seja, o administrador está limitado aos exatos ditames da lei. Uma vez preenchidos os
requisitos estabelecidos pela lei, o administrador está obrigado a agir nos exatos moldes determinados
pela lei. Trata-se, na verdade, de um poder-dever de agir.

PODER DISCRICIONÁRIO
No exercício de seu poder discricionário, o administrador possui uma razoável liberdade de atuação,
podendo valorar a oportunidade e conveniência da prática do ato (diferentemente do que ocorre no poder
vinculado, em que tal margem de liberdade é inexistente).
A conveniência e a oportunidade foram o denominado núcleo do poder discricionário. Ao realizar
esse juízo de conveniência e oportunidade, o administrador possui, dentro dos limites traçados em lei, uma
autonomia para eleger a conduta mais adequada ao preenchimento do interesse público ao praticar tais
atos. Vale ressaltar que essa liberdade de atuação jamais poderá ser feita de forma abusiva ou arbitrária.

PODERES ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE


Ao praticar determinado ato, o administrador público o faz embasado em um determinado poder,
que varia dependendo da situação. Os atos do administrador público encontram seu fundamento,
dependendo da conduta adotada, em um dos seguintes poderes: Hierárquico; Disciplinar; Polícia
Administrativa e Regulamentar, conforme veremos a seguir.

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1) PODER HIERÁRQUICO
O poder hierárquico é caracterizado pela existência de níveis de subordinação existente entre os
órgãos e agentes da administração pública. Desse poder resultam prerrogativas ao administrador de dar
ordens, coordenar, controlar e corrigir a atuação de seus subordinados. Vale ressaltar que esse poder é
sempre exercido no âmbito interno, dentro da mesma pessoa jurídica, alcançando seus órgãos e agentes.
Assim, do exercício do poder hierárquico, emana a prerrogativa que o superior possui, em relação
aos seus subordinados, de dar ordens, fiscalizar a atuação, rever os atos praticados e também o poder
para delegar e avocar competências. Ao realizar a anulação e revogação, tanto de seus próprios atos,
quanto dos atos praticados por seus subordinados, encontramos uma expressão do poder hierárquico.

2) PODER DISCIPLINAR
O poder disciplinar é aquele que permite que o administrador aplique sanções em caso de infrações
administrativas, praticadas por aqueles que estão sujeitos à sua disciplina interna. Assim, embasada em tal
poder poderá a administração punir seus próprios servidores e também particulares que possuam algum
vinculo jurídico com a mesma, como, por exemplo, um contrato administrativo (cuidado, caso o punido
seja um particular em geral, teremos a expressão do poder de polícia administrativa, estudado logo à
frente).

3) PODER DE POLÍCIA
Encontramos o conceito de poder de polícia administrativa legalmente previsto no art. 84 do Código
Tributário Nacional, que diz:
“Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.”

Podemos resumidamente conceituar o Poder de Polícia como o poder do qual dispõe o


administrador de criar condições e restrições aos particulares no uso e gozo de seus bens, direitos e
atividades, de modo a proteger o interesse coletivo.

POLÍCIA ADMINISTRATIVA E POLÍCIA JUDICIÁRIA


Uma diferenciação bastante importante é a existente entre a polícia administrativa e a polícia
judiciária.
No presente tópico, estudamos a polícia administrativa, que trata da limitação das atividades
particulares, abrangendo ilícitos de ordem administrativa, conforme acima visto.
Já a polícia judiciária tem por finalidade a preparação da atuação da função jurisdicional no Estado no
que se refere a ilícitos penais (crimes e contravenções penais), coletando elementos para o exercício do jus
puniendi do Estado.
Assim, a principal diferenciação incide na natureza do ilícito, caso seja um ilícito administrativo,
estaremos diante do poder de polícia administrativa, entretanto, diante de ilícitos de natureza penal,
estaremos no âmbito da polícia judiciária.

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MODALIDADES DE EXERCÍCIOS
O poder de polícia pode ser exercido de maneira preventiva ou repressiva.
As medidas preventivas tem o objetivo de adequar o comportamento individual à lei (como por
exemplo fiscalização, vistoria, notificação, autorização e licença), enquanto as medidas repressivas
possuem a finalidade de coagir o infrator a cumprir a lei, sento utilizadas em caso de descumprimento da
mesma, sofrendo penalidades (multa, interdição de atividade e apreensão de mercadorias deterioradas,
por exemplo).
Vale salientar que o poder de polícia é eminentemente preventivo, somente cabendo medidas
repressivas em caso do descumprimento das normas preestabelecidas.

ATRIBUTOS
O poder de polícia administrativa foi instituído com a finalidade de regulamentar o modo de exercício
dos direitos individuais, de forma a evitar que tal exercício colida com os direitos da coletividade. Assim,
para que essa poder seja efetivo, ele é dotado de alguns atributos que colocam a administração pública em
relação de superioridade em face dos administrados.
1) DISCRICIONARIEDADE
O poder de polícia é, dentro do previsto na legislação, discricionário. Assim, o administrador possui
certa liberdade de atuação no que tange à fiscalização (ela pode escolher o momento oportuno para agir e
quais são os meios mais adequados a serem utilizados) e também à escolha e gradação das penalidades.

2) AUTOEXECUTORIEDADE
Esse atributo permite que o administrador, ao praticar um ato embasado no poder de polícia,
execute diretamente suas decisões, isto é, coloque em prática o que decidiu, sem necessitar de
confirmação ou auxílio do Poder Judiciário. Isso somente poderá ocorrer caso haja expressa previsão legal
ou em situações excepcionais, de modo a evitar um maior prejuízo ao interesse público.
Em virtude desse atributo, o administrador pode executar diretamente suas decisões, inclusive com
o uso da força, sem precisar de intervenção judicial para tanto. Exemplos: apreensão de mercadorias com
prazo de validade expirado e interdição de um estabelecimento irregular.
Vale ressaltar que nem todo ato de Poder de Polícia goza desse atributo. Como exemplo temos a
multa, que, uma vez aplicada, não pode ser diretamente executada (não pode o administrador retirar o
dinheiro para pagamento dela à força do particular). Para a multa ser executada, é necessário um processo
judicial (execução judicial para cobrança de dívida ativa da Fazenda Pública).

3) COERCIBILIDADE
Ao praticar um ato embasada no poder de polícia, a Administração Púbica o faz com a utilização do
seu poder extroverso (ou poder de império), que a coloca em situação de superioridade em face dos
particulares.
Em face desse atributo, o ato de poder de polícia é imposto unilateralmente pelo Estado,
independente da concordância do particular, que estará obrigado a obedecer a determinação legal. Por
exemplo, quando a legislação de trânsito é alterada, não importa se o particular concorda ou não com
aquela alteração, ele estará obrigado a obedecer essas novas regras.

FASES DO PODER DE POLÍCIA (ciclo de polícia)


A doutrina dominante, embasada inclusive em jurisprudência dos tribunais superiores, divide o ciclo
de polícia em quatro fases.

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1) ORDEM DE POLÍCIA
Trata-se da fase normativa, em que a lei que limita a atividade dos particulares é criada. Essa lei
(ordem primária) pode também estar regulamentada em atos normativos secundários, como decretos,
resoluções e portarias, que objetivam seu fiel cumprimento, regulamentando-a.

2) CONSENTIMENTO
A fase de consentimento nem sempre é existente, não estando presente em todo ciclo de polícia.
Essa fase reflete situações em que o particular, para exercer determinada atividade predominantemente
de seu interesse, de forma lícita, necessita de prévia anuência da administração pública, como no caso de
licenças e autorizações.

3) FISCALIZAÇÃO
Aqui encontramos a atividade administrativa responsável pela verificação do cumprimento das
ordens de polícia. A atividade de fiscalização reflete atos materiais que decorrem da própria ordem. Por
exemplo, na ordem de polícia determinada regra é criada, na fase de fiscalização verifica-se se essa regra
está sendo cumprida. Em caso negativo, isto é, em situações de não observância dessas disposições, entra
em cena a fase sancionatória.

4) SANÇÃO
Nessa fase temos a atuação coercitiva e repressiva da administração pública, que objetiva punir o
particular que descumpriu uma ordem de polícia. Essa fase somente será concretizada em caso de
desobediência às normas de polícia preexistentes, assim, nem todo ciclo de polícia possui essa fase.

Assim, as únicas fases que sempre estarão presentes em todo e qualquer ciclo de polícia é a fase de
ordem de polícia e a fase de fiscalização.

PODER DE POLÍCIA ORIGINÁRIO E DELEGADO


O poder de polícia originário é aquele exercido diretamente pelos entes federados (União, Estados,
DF e Municípios), ou seja, pela administração direta, que atuará por meio de seus órgãos e agentes.
O poder de polícia delegado caracteriza-se por ser executado pelas entidades administrativas do
Estado, isto é, pela sua administração indireta.

DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA


Por ser uma decorrência do poder extroverso do Estado (poder de império), o poder de polícia jamais
poderá ser exercido por uma pessoa jurídica de direito privado (da administração pública ou da iniciativa
privada), ainda que seja uma delegatária de serviço público, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal.
Esse poder, conforme vimos é de titularidade dos entes da administração direta (entes federados).
Entretanto, admite-se sua delegação para pessoas jurídicas de direito público (autarquias e fundações
públicas de direito público), sendo operada por meio de lei.
Não obstante, prevalece na jurisprudência que algumas das fases do poder de polícia podem ser
delegadas para pessoas jurídicas de direito privado, mesmo que não integrantes da Administração Pública.

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4) PODER REGULAMENTAR
O poder regulamentar reflete a atribuição que a Administração Pública possui de editar atos gerais,
com o intuito de regulamentar e complementar as leis, de modo a dar fiel execução às mesmas,
permitindo a sua efetiva aplicação.
Esse poder tem a característica de ser um mero "complemento" da lei, que agirá sempre embasado e
limitado à mesma. É importante ressaltar que por meio do poder regulamentar não pode a autoridade
administrativa inovar no ordenamento jurídico, isto é, esse ato normativo não pode criar uma situação
jurídica nova, assim como não pode alterar, extinguir, contrariar ou modificar o conteúdo da lei. Ele tem
como finalidade regulamentar e complementar a lei, para que ela possa ser fielmente executada.
O poder regulamentar possui uma natureza derivada (ou secundária), pois ele somente é exercido
com base em uma lei já existente. As leis, por outro lado, são atos de natureza originária (ou primária),
uma vez que emanam diretamente na Constituição Federal, podendo trazer situações novas no
ordenamento jurídico.
A doutrina tradicional utiliza a expressão poder regulamentar para designar as atribuições dos Chefes
do Poder Executivo de editar atos administrativos de caráter normativo (como os decretos e regulamentos,
por exemplo).
Contudo, encontramos também questões que dizem ser expressão do Poder Regulamentar não
somente os decretos expedidos pelos Chefes do Poder Executivo, mas também demais atos de caráter
normativo editados por outras autoridades públicas (como uma portaria, por exemplo).

DECRETOS AUTÔNOMOS
Com o advento da Emenda Constitucional nº 32, a possibilidade de edição de tais instrumentos foi
introduzida no texto constitucional, mais especificamente no art. 84, que trata das competências do
Presidente da República.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VI -dispor, mediante decreto, sobre:
a) Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

O parágrafo único do mesmo artigo define que essa atribuição pode ser delegada aos Ministros de
Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites
traçados nas respectivas delegações.
Assim, atualmente é possível a existência de atos administrativos que não estejam subordinados
diretamente a nenhuma lei.
De acordo com o princípio da simetria, a atribuição para edição de tais atos também pode ser
estendidas para os chefes do Poder Executivo nos Estados, Municípios e Distrito Federal, desde que
previstos nas respectivas Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal.

O conteúdo desse decreto deve limitar-se somente à organização e ao funcionamento da


Administração Pública, mas não pode implicar em:
 aumento de despesa;
 criação ou extinção de órgãos públicos;
 extinção de funções ou de cargos públicos (salvo se estiverem vagos).
Assim, diferentemente dos decretos de execução, os decretos autônomos podem inovar no
ordenamento jurídico, criando situações não correlacionadas a nenhuma lei preexistente.

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USO E ABUSO DE PODER


As autoridades públicas, ao praticar os atos administrativos, o fazem com um poder que gera uma
superioridade em face dos particulares. Essas prerrogativas são outorgadas pelo Estado aos seus agentes,
que tem como finalidade a proteção do interesse da coletividade, devendo sua atuação sempre ser
pautada pelas normas constitucionais, legais e infralegais, além dos princípios do regime jurídico-
administrativo (implícitos e explícitos), sempre tendo o interesse público como norte.
Quanto esse poder é exercido sem a observância dessas disposições, nos deparamos com o abuso de
poder, tornando o ato passível de anulação e o agente público sujeito às sanções civis, penais e
administrativas cabíveis.
O abuso de poder torna o ato ilegal, sendo um instituto pertencente à esfera administrativa. Não
pode ser confundido com o crime de abuso de autoridade (lei 4.898/1965), que se enquadra na categoria
de ilícitos penais, não pertencendo ao ramo do direito administrativo.

MODALIDADES ABUSO DE PODER


O abuso de poder pode ser praticado sob três modalidades distintas:

1) EXCESSO DE PODER
Ocorre quando a autoridade pública pratica um ato fora ou além de sua esfera de competências.
Nesse caso o agente público pratica um ato para o qual não tem competência, que seria atribuição legal
de outra pessoa. O excesso de poder também pode ocorrer quando o agente público, embora tenha
atribuição legal para o ato, exorbita a sua esfera de competência. Seria o caso, por exemplo, de um
servidor que possui competência para aplicação de multas de 1 até 10 salários mínimos, mas acaba por
aplicar uma multa de 20 salários mínimos, exorbitando sua competência. Assim, essa no excesso de poder
o vício encontra-se no elemento competência.

2) DESVIO DE PODER (OU DESVIO DE FINALIDADE)


Nesse caso, o agente público pratica um ato para o qual possui competência (o elemento
competência é respeitado), entretanto, o faz com desvio de finalidade, que ocorre quando o ato é
praticado por motivos ou com fins diversos dos previstos na legislação ou do interesse público. Por
exemplo, seria o caso de uma autoridade pública que possui poder para determinar remoções de ofício,
mas o faz não para atender à necessidade do serviço, mas sim para se vingar de determinado servidor.
Desse modo, no desvio de poder o agente público age dentro da sua esfera legal de competências, mas
existe um vício no elemento finalidade.

3) OMISSÃO
O abuso de poder na modalidade omissiva ocorre quando o agente público possui o dever legal de
agir (praticar determinado ato), mas não o faz, prejudicando terceiros com sua inércia.

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EXERCÍCIOS
1) Constitui exemplo de atuação da Administração pública fundada no exercício do poder de
polícia:
a) Interdição e demolição de construção com risco de desabamento.
b) Permissão de uso de imóvel público para particular que se responsabilize por sua guarda.
c) Declaração de inidoneidade à particular que fraudou procedimento licitatório.
d) Concessão de serviço público à exploração privada, sujeito às normas fixadas pelo poder
concedente.
e) Aplicação de penalidade a servidor público, observado o devido processo legal e o contraditório.

2) Entre os poderes próprios da Administração, o que está subjacente à aplicação de sanções


àqueles que com ela contratam, corresponde ao poder
a) disciplinar.
b) regulamentar.
c) de polícia.
d) hierárquico.
e) de tutela.

3) João é Prefeito do Município X e, no exercício de seu poder regulamentar, expediu decreto


alterando determinada lei. A conduta narrada
a) implicou abuso do poder regulamentar, vez que houve invasão da competência do Poder
Legislativo.
b) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de
editar atos de caráter geral e abstrato que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto,
acarretar a alteração legislativa.
c) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que
tal poder se exterioriza, exclusivamente, por meio dos regulamentos autônomos.
d) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de
editar atos de caráter individual, que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar
a alteração legislativa.
e) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que
tal poder se exterioriza, exclusivamente, por meio das resoluções.

4) O poder disciplinar
a) é sempre vinculado.
b) equipara-se, em determinadas hipóteses, ao poder punitivo do Estado, realizado por meio da
Justiça Penal.
c) não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina interna da Administração.
d) pode ser exercido ainda que não esteja legalmente atribuído.
e) vincula-se ao poder hierárquico, um reduzindo-se ao outro, haja vista que o primeiro é mais amplo
que o segundo.

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5) Considere que determinada autoridade pública, no exercício regular de sua função e nos
limites de suas atribuições, tenha interditado um estabelecimento comercial em função de
risco sanitário decorrente de grande quantidade de entulho e lixo em suas dependências. Tal
ato
a) corresponde ao princípio da legalidade, exercido in concreto.
b) decorre do poder moderador, devendo ser exercido nos limites da competência da autoridade.
c) se insere no poder normativo próprio da Administração, dotado de coercibilidade.
d) é expressão do poder hierárquico, que encontra fundamento no interesse da coletividade.
e) constitui expressão do poder de polícia, dotado de autoexecutoriedade.

6) Entre os poderes administrativos, pode-se citar o poder regulamentar, que apresenta, como
sua principal expressão,
a) a concessão de autorizações e licenças a cidadãos para o desempenho de atividades de interesse
público.
b) a possibilidade de disciplinar, de forma autônoma por ato do Executivo, o regime jurídico de seus
servidores.
c) a prática de atos materiais de organização do trabalho dos órgãos e entidades da Administração
pública, como distribuição de tarefas entre os servidores.
d) a edição de decretos, no exercício de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, para fiel
execução de lei em vigor.
e) a disciplina relativa à prestação de serviços públicos por concessionárias e permissionárias, visando
à sua regularidade e modicidade tarifária.

7) No que concerne ao poder disciplinar detido pela Administração, trata-se de


a) prerrogativa de aplicar penalidades àqueles sujeitos à disciplina administrativa, inclusive os que
contratam com a Administração.
b) decorrência da hierarquia, atingindo apenas os servidores públicos sujeitos ao regime estatutário,
não autorizando a aplicação de sanções, mas apenas de medidas corretivas.
c) prerrogativa que autoriza a administração a disciplinar a atuação dos cidadãos, impondo restrições
a condutas e atividades, nos termos da lei.
d) faculdade de intervir no domínio econômico, para disciplinar atividades de interesse público
mediante a edição de atos próprios.
e) poder atribuído às agências reguladoras para regular a prestação de serviços públicos, inclusive
aplicando penalidades às concessionárias.

8) Durante inspeção a um laboratório e fábrica de produtos veterinários, os agentes da


Administração pública competente constataram em um exemplar, a utilização de determinado
insumo não mais autorizado. Em razão disso, lavraram auto de infração e de apreensão de
todos os produtos da mesma categoria. Os donos do laboratório insurgiram-se contra a medida
que
a) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Administração pública em razão da
apreensão das mercadorias, o que demandaria autorização judicial.
b) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a processo judicial, salvo se houvesse
expressa previsão em decreto autônomo da Administração pública.
c) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se estende não só em relação aos servidores
públicos, mas também em direção daqueles que travarem relações jurídicas com o poder público.

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d) constitui regular exercício de poder de polícia pela Administração pública, cuja atuação pode
prever medidas preventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a segurança e a saúde dos
administrados.
e) deveria estar integral e expressamente prevista na legislação que trata da competência de
fiscalização da Administração pública em matéria de vigilância sanitária, não se admitindo adoção de
medidas acautelatórias e de urgência.

9) O chefe do departamento pessoal de uma determinada autarquia federal, para o bom


funcionamento dos serviços afetos à sua unidade, editou ato normativo interno estabelecendo
horários de saída para o almoço, respeitando, para tanto, as especificidades das jornadas de
trabalho de cada subordinado. Justificou o ato na necessidade de a unidade contar, sempre,
com pelo menos um servidor. A edição do ato encontra fundamento no poder
a) de polícia, que é próprio da função administrativa, e assim denominado por cuidar-se, na hipótese,
de pessoa jurídica integrante da Administração pública indireta.
b) hierárquico, que é próprio da função administrativa, e por meio do qual a Administração pública
mantém a disciplina e impõe o cumprimento de deveres funcionais.
c) disciplinar, que obriga o cumprimento, pelos subordinados, das ordens dos superiores, sob pena de
punição.
d) hierárquico, que, no entanto, deixou de ser próprio da função administrativa, em razão do
princípio da eficiência, que exclui a ingerência dos superiores.
e) disciplinar, que se sobrepõe e se confunde com o poder hierárquico, pois atribui competência ao
administrador para aplicar penalidade aos seus subordinados.

10) Determinado estabelecimento comercial, situado nas proximidades de equipamentos públicos,


tais como escolas e hospitais, foi interditado pela vigilância sanitária, em razão de estar
comercializando alimentos fora da data de validade e deteriorados. Antes da interdição, o
estabelecimento foi notificado e lhe foi oportunizada a apresentação de defesa. No mesmo
ato, alguns alimentos foram apreendidos, sendo constatado, inclusive, que estavam impróprios
para o consumo. Em defesa, a pessoa jurídica interditada alegou que a Administração agiu de
forma arbitrária, porque, para tanto, dependeria de ordem judicial prévia e de perícia
produzida sob o crivo do contraditório. A alegação
a) procede, pois à Administração é vedado agir diretamente, especialmente para limitar direitos,
hipótese em que, somente por ordem judicial, poderia haver a apreensão de mercadorias e a
interdição.
b) procede, porque a Administração deveria, antes da interdição, ter autuado o estabelecimento,
solicitando, se não cessasse a conduta, autorização legislativa para a interdição.
c) improcede, pois a Administração está autorizada, em defesa do interesse público, a limitar ou
interditar direitos dos administrados sem ter que previamente recorrer ao judiciário, com fundamento
no Poder de Polícia.
d) improcede, pois a Administração pode produzir atos discricionários, pautados em critério de
conveniência e oportunidade, que limitam ou interditam direitos, atividade que não se sujeita a
controle externo, razão porque, na hipótese, prescinde-se de prévia autorização judicial.
e) procede, pois desde a Constituição Federal de 1988, foi consagrado o princípio democrático, que,
com fundamento no consensualismo, não mais permite a produção de atos administrativos
autoexecutórios.

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11) A Administração pública, após regular processo administrativo, penalizou servidor seu lotado
junto à Secretaria dos Transportes, por ter deixado de praticar ato de sua competência, sem
justificativa juridicamente aceitável. A hipótese trata do exercício do poder
a) de polícia administrativa, fundamentado na hierarquia e na sujeição geral que liga os servidores à
Administração contratante.
b) disciplinar, que encontra fundamento de validade na lei e é decorrência do princípio hierárquico.
c) poder regulamentar, uma vez que a punição caracteriza-se como ato geral e abstrato, exceto no
que concerne ao interessado sancionado.
d) de polícia, que encontra fundamento na lei e no princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado.
e) disciplinar, que não decorre da hierarquia, mas do fato de o particular estar sujeito à disciplina
administrativa.

12) Os servidores públicos estão sujeitos à hierarquia no exercício de suas atividades funcionais.
Considerando esse aspecto,
a) o poder disciplinar a que estão sujeitos é decorrente dessa hierarquia, visto que guarda relação
com o vínculo funcional existente e observa a estrutura organizacional da Administração pública para
identificação da autoridade competente para apuração e punição por infrações disciplinares.
b) submetem-se ao poder de tutela da Administração, que projeta efeitos internos, sobre órgãos e
servidores, e externos, atingindo relações jurídicas contratuais travadas com terceiros.
c) conclui-se que o poder hierárquico é premissa para o poder disciplinar, ou seja, este somente tem
lugar onde se identificam relações jurídicas hierarquizadas, funcional ou contratualmente, neste caso,
em relação à prestação de serviços terceirizados.
d) o poder hierárquico autoriza a edição de atos normativos de caráter autônomo, com força de lei,
no que se refere à disciplina jurídica dos direitos e deveres dos servidores públicos.
e) somente o poder hierárquico e o poder disciplinar produzem efeitos internos na Administração
pública, tendo em vista que o poder de polícia e o poder regulamentar visam à produção de efeitos na
esfera jurídica de direito privado, não podendo atingir a atuação de servidores públicos.

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