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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia

Departamento de Física

RELATÓRIO DO EXPERIMENTO 06
CONSTANTE DE TEMPO CAPACITIVA EM UM CIRCIUTO RC

Alberto Júnior
Daniel Barreto
Felipe Cerqueira
Indira Santana
Pedro Suzart
Rená Mendes

Janeiro - 2014
Salvador-Bahia
1. APRESENTAÇÃO

Este relatório descreve as atividades desenvolvidas por Alberto Júnior, Felipe Cerqueira,
Pedro Suzart, Indira Santana, Rená Mendes e Daniel Barreto, alunos dos cursos de Engenharia
Química, Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia, no âmbito da parte experimental da disciplina Fis-213-Fisica Geral e
Experimental 3, durante o 2o semestre/2013.
Serão descritos os objetivos, a parte experimental, os resultados, a discussão e as
conclusões referentes ao experimento intitulado “Constante de Tempo Capacitiva em um Circuito
RC”.

Salvador, 24 de Janeiro de 2014.

ALBERTO JÚNIOR
DANIEL BARRETO
FELIPE CERQUEIRA
INDIRA SANTANA
PEDRO SUZART
RENÁ MENDES

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2. OBJETIVO

Determinar a resistência interna de um voltímetro através da medida da constante de


tempo em um circuito resistivo-capacitivo (RC) e verificar a exatidão do método, aplicando-o
para um resistor de resistência conhecida [1].

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3. RESUMO

A fim de que se pudesse ser feito o estudo da constante de tempo de um capacitor, e


através da mesma, fosse determinado o valor da resistência interna de um voltímetro, neste
experimento foi analisada a variação temporal da tensão nos terminais de um capacitor tanto na
carga quanto na descarga [1].
O resultado obtido foi a comprovação experimental da relação exponencial entre a
constante de tempo e o comportamento da tensão durante a carga e descarga de um capacitor, a
determinação aproximada da resistência interna do voltímetro, sendo considerada a margem de
erro encontrada através do cálculo do valor da resistência de um resistor já conhecida,
comprovando assim a eficácia do método utilizado.

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4. INTRODUÇÃO TEÓRICA

Capacitor

Um sistema formado por duas placas paralelas de área A, de material condutor,


separadas por uma distância d é um capacitor [2].
Quando ligamos suas placas a uma fonte de tensão, aparece nas mesmas uma carga +Q
e outra –Q respectivamente.
Definimos Capacitância C de um capacitor como a relação entre a carga Q e a diferença
de potencial V em seus terminais [2]:

⁄ (1)

Se Q é dado em Coulomb, V em volt, C é expresso em Farad (F). Para a estrutura acima, a


capacitância é calculada pela relação:

⁄ (2)

Sendo uma característica do meio entre as placas, normalmente o vácuo.

Circuito Série – Constante de Tempo Capacitiva

Quando ligamos um circuito com apenas uma Resistência R, a tensão se eleva


instantaneamente ao seu valor máximo. Mas quando inserimos um capacitor neste circuito, a
tensão no capacitor demora certo tempo para atingir seu valor máximo Vo.
O circuito da Figura 1 contém uma fonte de tensão Vo, um resistor R, e um capacitor C,
em série.

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Figura 1: Circuito série RC

Inicialmente, o capacitor está descarregado; ligamos o circuito no instante t = 0, a chave


na posição 1. Vamos verificar que a carga Q do capacitor não se estabelece de maneira
instantânea. Sabemos que:

⁄ (3)

Pela Lei de Ohm temos:

(4)

Carga do Capacitor

Aplicando a Lei das Malhas de Kirchhoff ao circuito da Figura 1, com a chave na


posição 1, e resolvendo a ED, temos:


( ) (5)

quando temos t = R.C temos:

(6)
onde Q0 é a carga máxima do capacitor.

5
A grandeza RC, que tem dimensão de tempo, é chamada de Constante de tempo
Capacitiva. Ela representa o tempo necessário para que a carga ou a tensão no capacitor atinja
um valor igual a 63% do seu valor máximo [1].
O comportamento da tensão V é obtida a partir do comportamento de Q, equação 1.
Então:

⁄ ⁄
( ) (7)

O que podemos observar é que, ao ligarmos um circuito RC, a tensão demora um tempo
infinito para atingir seu valor máximo.

Figura 2: Relação entre a tensão e o tempo durante a carga de um capacitor

Descarga do Capacitor

Supondo agora que, na Figura 1, a chave tenha permanecido na posição 1 por um longo
período de tempo, de modo que o capacitor seja carregado completamente. Levando a chave
para a posição 3 ele começa a ser descarregado pelo resistor R.

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Aplicando novamente a equação das malhas de Kirchhoff, para esse circuito, com a
chave na posição 3, temos:


(8)

onde Q0 é a carga inicial, ou carga máxima do capacitor.


Derivando a Equação (8) em relação ao tempo temos a corrente I. Sabendo também que
V = R.I, temos:

⁄ ⁄ ⁄
( ) (9)


(10)

Teoria da Medida
Ao realizar medidas, na parte referente à constante de tempo capacitiva, com um
multímetro usado como voltímetro, temos que considerar a ideia que o mesmo não é ideal, a
sua resistência RV, apesar de grande, não é infinita [2]. Vamos verificar como ela pode interferir
nas medidas. Simbolizando o voltímetro pelo circuito equivalente, mostrado na Figura 3.

FIGURA 3: Circuito para medição da tensão do capacitor com o multímetro

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O voltímetro está representado por um voltímetro ideal e uma resistência RV em
paralelo. Com a chave na posição 1, na figura 3, o capacitor carrega; na posição 2 (chave
aberta), ele descarrega somente sobre a resistência RV do voltímetro. Na posição 3 ele
descarrega sobre o resistor R conhecido e sobre a resistência do voltímetro RV, associados em
paralelo.
Para a descarga do capacitor, temos:

Figura 4: Circuito para descarga do capacitor

A constante de tempo que obtemos é igual a:

(11)

Propagação de Erros
Uma operação matemática com fatores que contêm erros associados deve ser feita,
respeitando as relações abaixo:
SOMA

(12)

SUBTRAÇÃO

(13)

8
MULTIPLICAÇÃO

[( ⁄ ) ( ⁄ )] (14)

DIVISÃO

[( ⁄ ) ( ⁄ )] (15)

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5. PARTE EXPERIMENTAL

5.1 MATERIAIS UTILIZADOS


 Capacitor de Capacitância conhecida (C = 1000 µF);
 Fonte de Alimentação 12 VDC;
 Placa de conexão;
 Chave de circuito;
 Resistor de 100 kΩ;
 Voltímetro;
 Cronômetro.

5.2 PROCEDIMENTO

Inicialmente montamos o circuito descrito na Figura 5 abaixo, com o capacitor de


capacitância igual a 1000 µF. Ligamos o circuito com a chave na posição 1 e esperamos o
tempo necessário para que o capacitor estivesse completamente carregado. Em seguida
verificamos o voltímetro instalado nos terminais do capacitor, com o circuito aberto,
verificando que a tensão era a mesma da fonte. Fechamos então o circuito, conforme Figura 6
abaixo e com o cronômetro medimos em intervalos de tempo regulares a leitura do voltímetro
até atingir o valor de 37% do valor inicial, e com estes dados, determinamos, via regressão
exponencial, a Constante de Tempo. Com esse valor, podemos determinar a resistência interna
do voltímetro, considerando o capacitor como puramente capacitivo (sem resistência interna).
Em seguida, montamos o circuito representado na Figura 3, com um valor de resistência
conhecida. Medimos a variação da tensão em função do tempo na descarga e na carga do
capacitor. Com isso vamos determinar o valor da resistência conhecida e verificar se resultado
do procedimento executado se aproxima do valor real da resistência.

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FIGURA 5: Circuito para carregar o capacitor

FIGURA 6: Circuito para medição da variação da tensão nos terminais do capacitor

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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com os dados obtidos no experimento feito conforme Figura 6, foi criada a Tabela 1:

TEMPO (s) TENSÃO (V)


[ERRO = 0,05 s] [ERRO = 0,05 V]
0 12,37
60 11,31
120 10,54
180 9,9
240 9,31
300 8,79
360 8,3
420 7,86
480 7,45
540 7,05
600 6,67
660 6,32
720 5,99
780 5,67
840 5,38
900 5,11
960 4,85
1020 4,58
1080 4,34
1140 4,12
1200 3,91

TABELA 1: Variação da Tensão do capacitor durante descarga.

Com esses dados vamos criar o Gráfico 1, verificando o comportamento da tensão


elétrica no tempo, e através da regressão exponencial, determinar a equação da reta de
tendência:

12
TENSÃO X TEMPO
14
12
Tensão (v) 10
y = 11,774e-9E-04x
8
R² = 0,9982
6
4
2
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Tempo (s)

GRÁFICO 1: Variação da Tensão elétrica no tempo durante descarga

Comparando a equação da reta gerada através da regressão exponencial com a Equação


10, considerando a capacitância C igual a 1000 µF, e considerando a confiabilidade do ajuste
devido ao R2 está bem próximo de 1, vamos determinar a resistência interna do voltímetro:

(99,82 % de certeza)

Considerando os dados da tabela, e aplicando a Equação 10, encontramos o seguinte


valor para RV:

Encontramos uma diferença porcentual de 8,2% entre os valores encontrados por cada
método, considerando a margem de erro encontrada.

13
Vamos agora determinar a margem de erro para a resistência interna do voltímetro (RV),
verificando os dados obtidos com o circuito da Figura 4, inserindo um resistor de resistência
conhecida em paralelo com a resistência interna do voltímetro. Construindo as Tabela 2 e o
Gráfico 2 com os esses dados:

TEMPO (s) TENSÃO (V)


[ERRO = 0,05 s] [ERRO = 0,05 V]
0 10,79
60 6,95
120 4,57
180 3,01
240 1,59
300 1,32
360 0,87
420 0,58
480 0,39
540 0,26

Tabela 2: Processo de descarga do capacitor com Resistor conhecido

TENSÃO X TEMPO
12

10

8
TENSÃO (V)

4 y = 10,209e-0,007x
2 R² = 0,9963

0
0 100 200 300 400 500 600
TEMPO (s)

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Gráfico 2: Variação da Tensão elétrica no tempo durante descarga (Resistor conhecido)

Comparando a equação da reta linearizada, através da regressão exponencial, com a


Equação 10, considerando que RTH é a resistência equivalente da associação em paralelo do
resistor de resistência conhecida com a resistência interna do voltímetro, que C = 1000 µF, e
que a confiabilidade da curva ajustada é de 99,63%, temos que:

(99,63% de certeza)

Aplicando a Equação 10 com os dados apresentados na Tabela 2, temos:

Podemos verificar que o valor considerado no primeiro método está dentro da margem
de erro do segundo valor encontrado.

Como:

considerando o valor encontrado para RV:

Considerando o menor valor encontrado dentro da margem de erro, e o valor real do


resistor conhecido, temo um erro percentual de:

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QUESTÕES:

1. O que se pode dizer sobre os valores de resistência encontrados através da regressão


exponencial no gráfico V x t?

Podemos verificar que a linha de tendência, pela qual estimamos o valor da resistência
interna do voltímetro, tem uma boa confiabilidade de ajuste, o que é comprovado com o fato do
termo R2 está bem próximo de 1. O erro encontrado nessa estimação deve-se, possivelmente, à
falta de precisão do voltímetro utilizado, e aos erros gerados durante a leitura do cronômetro,
devido à necessidade de se tomar duas medidas ao mesmo tempo, o que pode ter causado um
desvio em ambas.
Considerando a margem de erro encontrada, temos uma diferença percentual de 8,2% entre
os valores encontrados para a resistência interna do voltímetro através do ajuste da curva do
gráfico e através da aplicação da Equação 10, sendo uma diferença razoavelmente aceitável
para um procedimento experimental. A resistência encontrada na faixa de MΩ também está de
acordo com a teoria, pois no caso de um voltímetro ideal está resistência é infinita.
Na determinação experimental da resistência elétrica do resistor de resistência conhecida,
encontramos um erro percentual de 21,4%. Isso se deve ao fato de que no cálculo da mesma,
além do erro existente na determinação da resistência equivalente entre a associação do resistor
conhecido e a resistência interna do voltímetro, devido ao ajuste da linearização exponencial,
temos também o erro gerado pela consideração da resistência interna do voltímetro, que foi um
valor estimado experimentalmente, o que causou a propagação de erros, gerando uma margem
de erro de 47 kΩ.

2. Determine o comportamento da corrente em cada circuito.

Verificando a Equação 9, podemos perceber que, durante a descarga do capacitor, a


intensidade de corrente elétrica irá cair exponencialmente, tendendo a zero em um tempo t
determinado.

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3. O que se pode afirmar sobre a energia armazenada sobre o capacitor?

A energia total armazenada no capacitor é dada pela seguinte relação:

(16)

Verificando a Equação 3, sabemos que a corrente elétrica é a variação da carga em


relação ao tempo, e verificando a Equação 8, percebemos que a carga tem o mesmo
comportamento da corrente, vai cair exponencialmente com o tempo, como a energia
armazenada no capacitor é diretamente proporcional à carga do mesmo, e a capacitância
permanece constante, a energia armazenada no capacitor terá um comportamento decrescente
no tempo, sendo consumida pelo elemento resistivo do circuito, sendo transformada em calor,
através do Efeito Joule.

4. Quais foram os erros encontrados?

Na determinação experimental da resistência elétrica do resistor conhecido, obtivemos um


erro percentual de 21,4 % em relação ao valor real.
Isso se deve ao fato de que no cálculo para determinação da mesma, além do erro existente
na determinação da resistência equivalente entre a associação do resistor conhecido e a
resistência interna do voltímetro, devido ao ajuste da linearização exponencial, temos também o
erro gerado pela consideração da resistência interna do voltímetro, que foi um valor estimado
experimentalmente, o que causou a propagação de erros, gerando uma margem de erro de 47
kΩ.
O erro encontrado nessa estimação deve-se, possivelmente, à falta de precisão do voltímetro
utilizado, e aos erros gerados durante a leitura do cronômetro, devido à necessidade de se tomar
duas medidas ao mesmo tempo, o que pode ter causado um desvio em ambas.

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7. CONCLUSÕES

Foi possível comprovar experimentalmente a variação exponencial da tensão nos terminais


de um capacitor no tempo, durante a descarga do mesmo. Através da Regressão Exponencial,
foi possível determinar o valor da constante de tempo do circuito, e através da mesma, estimar
o valor da resistência interna do voltímetro utilizado.
Com o valor de um resistor de resistência conhecida, conseguimos verificar a eficácia do
método de determinação da resistência elétrica utilizado, sendo encontrado um desvio relativo
de 21,4%. Foi comprovada a coerência do método experimental utilizado com a teoria e,
considerada a margem de erro, se mostrou um método útil e eficiente para determinação da
resistência interna do voltímetro.

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8. REFERÊNCIAS

[1] Roteiro “Constante de Tempo Capacitiva em um Circuito RC” – Laboratório de Física


IFBA;
[2] http://www.roteirosdefisica003.ufba.br/experiencia07.pdf

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