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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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Sumário
Ano. 25 - setembro / 2018 - Nº 286

Ópera Rock no cenário nacional


26
A banda de rock brasileira Titãs lançou no primeiro semestre de 2018 seu
décimo quinto disco de estúdio. Um trabalho que propõe um novo formato
para o show business: a ópera-rock Doze Flores Amarelas.

NESTA EDIÇÃO

30
08 Vitrine 20 Play Rec
A Logitech G, marca da
Depois de dois anos de ensaios,
Logitech voltada para gaming,
arranjos e gravações, a saxofonista e
anunciou essa semana o novo


flautista Daniela Spielmann lança o
Headset Logitech G PRO
CD Afinidades, o primeiro disco
Gaming, que oferece per-
autoral em 20 anos de carreira.
formance de áudio voltada
para esportes e características 22 d&b D80
O musical O Homem de La para gamers profissionais e
competitivos. O amplificador D80 de dois e
Mancha, que conta a história quatro canais é um amplificador de
de D. Quixote, superprodução 12 Rápidas e Rasteiras alta densidade de potência, ideal
dirigida por Miguel Falabella, para uso móvel ou em ambientes de
Da retomada dos vinis até os
instalação fixa.
finalizou a temporada no novíssimos serviços de
Teatro Bradesco, onde ficou em streaming. Em setembro, a

cartaz por mais de um mês. Na


cidade do Rio de Janeiro será 64 Eu e a música
o centro das atenções da
“Meu atraso já somava mais de uma
adaptação do clássico de indústria da música. Nos dias
hora e estar desse tanto atrasado
Miguel Cervantes conversamos 11, 12 e 13 acontece o Rio
para uma reunião com Bibi Ferreira
Music Market (RMK).
com os responsáveis pela – me acredite – não é bom negócio.
iluminação e sonorização do 18 Gustavo Victorino Entrei esbaforido pela magnífica
portaria, que de imediato levou-me
musical, pouco antes de o Confira as notícias mais de volta à infância, plena que era
espetáculo iniciar, sobre os quentes dos bastidores do de mármores e madeiras nobres
mercado. como costumavam ser os prédios
desafios e as complexidades
mais elegantes do Centro e da zona
de realizar o musical no
sul carioca dos anos 50”.
Rio de Janeiro.
Expediente
Diretor
Nelson Cardoso
nelson@backstage.com.br
Gerente administrativa
Stella Walliter

38
stella@backstage.com.br
Financeiro
adm@backstage.com.br
Coordenadora de conteúdo
Danielli Marinho
redacao@backstage.com.br
Potência sonora e alta performance Revisão
Danielli Marinho
A JBL apresenta a sua família VRX900 Series. Uma série de modelos Colunistas:
de sistema de falantes e subwoofers ideal para quem procura potên- Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino,
Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Pedro Duboc e
cia e clareza sonora para performance em locais de características Ricardo Mendes.
impróprias aos line arrays de grande porte. Colaborou nesta edição:
Luiz de Urjaiss
Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais

TECNOLOGIA
Leonardo C. Costa
arte@backstage.com.br
Capa

40 Ricardo Mendes
Arte: Leonardo C. Costa
48 Ableton Foto: Divulgação
Publicidade / Anúncios
A cadeia de plugins usada O Ableton Live permite que PABX: (21) 3627-7945
na masterização em Stem é você mapeie um parâmetro arte@backstage.com.br
basicamente a mesma usada para ser controlável. Mas, em Webdesigner / Multimídia
na masterização convencio- alguns casos, pode ser nes- Leonardo C. Costa
multimidia@backstage.com.br
nal. No entanto, cada cessário uma certa engenharia. Assinaturas
profissional tem uma maneira É o caso do Dry/Wet. Veja Maristella Alves
PABX: (21) 3627-7945
particular de trabalhar. como utilizar o recurso da assinaturas@backstage.com.br
melhor forma. Coordenador de Circulação

44 Áudio Fundamental Ernani Matos


ernani@backstage.com.br

Muito se fala sobre as novidades 52 Pro Tools Assistente de Circulação


Adilson Santiago
tecnológicas do mercado de Crítica
Tem um hardware predileto, mas broncalivre@backstage.com.br
áudio, mesas digitais com recursos não sabe integrá-lo ao ProTools?
fantásticos. Mas e os ouvidos? Backstage é uma publicação da editora
Neste artigo, entenda como H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda.
Será que essa “ferramenta” tão integrar sintetizadores e efeitos Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá
importante está sendo externos. Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150
Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549
bem utilizada? CNPJ. 29.418.852/0001-85
Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É

CADERNO ILUMINAÇÃO permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada
cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos
anúncios veiculados.

56 Vitrine iluminação 58 Iluminação cênica


Com prisma rotativo de 8 A iluminação cênica tem sido
faces, DMX: 16 canais e referência para diversas manifestações
potência de lâmpada de 230W artísticas e cultuais. Nesta conversa,
– 7R, o novo produto da Star esta forma de iluminação será
é perfeito para ser usado em analisada como conceito aplicado a
diversas ocasiões em que sejam outros espaços, com fins comerciais,
necessárias eficiência e cujo objetivo está relacionado à
versatilidade. possibilidade de oferecer atratividade
e atenção para produtos.
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

A 4ª revolução
industrial
A internet revolucionou todas as nossas concepções de relacionamen-
to, trabalho e produção e não é mais surpresa ouvir que alguém realiza
pelo menos um tipo de atividade cotidiana por meio remoto, seja por um
aplicativo de banco, loja virtual ou rede social. No entanto, as facilidades
que o mundo digital trouxe ainda deve à sociedade sua principal promessa:
a de reduzir o esforço e ampliar o lucro e as horas de lazer.
O uso da tecnologia aplicada nos meios virtuais, por exemplo, revolucio-
nou a visão dos negócios, aportando, por exemplo, mais celeridade às tran-
sações comerciais, com rapidez na elaboração de cálculos e tabelas, e no
desenvolvimento de indicadores e de controles. Por outro lado, a promes-
sa de que haveria redução no volume de trabalho continua uma expectati-
va, uma vez que, desde a popularização dos computadores e da internet, se
6

aumentou o número de horas trabalhadas em nome do aumento da produ-


tividade da indústria.
Essa relação homem-trabalho, porém, não só modificou o volume de ne-
gócios como também desabonou o valor do produto, a exemplo da lógica
da oferta e da procura, e o valor agregado se desvencilhou de preço do pro-
duto. Ter muitos produtos parecidos no mercado, embora inovadores e di-
ferenciados, com alto valor agregado, hoje significa pagar mais barato pelo
mesmo produto de 20 anos atrás sem as mesmas tecnologias atuais.
Então, se os preços caem cada vez mais e a inovação se tornou parte obrigatória
na apresentação de produtos e serviços, como frear a queda vertiginosa do pre-
ço aplicado no produto? Na nova Era da revolução tecnológica, ou Era Indus-
trial 4.0, com o desenvolvimento da Inteligência Artificial e do Big Data, so-
mados à quebra de paradigmas, se espera uma profunda transformação das re-
lações sociais, com alcance e complexidade ainda não experimentados.
Esse novo tipo de processo já não é tão estranho assim a alguns setores e à
nova geração de profissionais. Um exemplo são os espaços de coworking que
já funcionam pelo mundo, incluindo o Brasil, onde o produto do trabalho é
obtido de forma mais colaborativa. Na área musical, por exemplo, os home
studios e a possibilidade de desenvolver a produção de um novo trabalho em
países diferentes, bem como parcerias entre compositores de diversos países,
também já são realidades.
É mais provável que nesse novo momento da 4a Revolução Industrial seja
possível recuperar a promessa do começo da ‘Era dos Computadores’ e se
possa, de fato, transferir o processo do trabalho para uma base mais
automatizada, conquistando o tão almejado tempo para o ócio produtivo.
Ou seja, mais tempo para apreciar as conquistas e pensar em criar mais
conquistas. A conferir!
Boa leitura e bem-vindo "de novo" ao mundo novo.

facebook.com/backstage.revista
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SSL NATIVE V6 PLUG-IN


www.solidstatelogic.com/studio/sslnative
A Solid State Logic anunciou o lançamento
do SSL Native v6, que veio substituir a acla-
mada coleção de plugins Duende Native com
versões completamente reescritas. As carac-
terísticas fundamentais do áudio desse plugin
permanecem imutáveis, mas houve uma série
de melhorias que incluem a nova interface de
usuário de alta resolução, gerenciamento de
Preset, compra extentida e opção de assinatu-
ra que cabem no bolso e necessidades de di-
versos usuários, além de modificações no
framework que asseguram um suporte com-
pleto aos plug-ins SSL Native por anos a fren-
te. O display de retina redesenhado e de alta
definição permite uma operação mais suave e melhoras no fluxo de trabalho, acelerando assim a pro-
dução. O novo layout gráfico e características asseguram operação criativa e mais fluente. Os plugins
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Channel strip e o Bus Compressor agora vêm com presets de fábrica pela primeira vez, exclusivamen-
te desenhados pelos engenheiros e produtores da SSL. O SSL Native v6 é grátis para aqueles que pos-
suem a versão Duende Native v5.

ALTOFALANTES VECTOR
www.crestron.com
A Creston agora coloca à disposição dos usuários dos
altofalantes Vector a tecnologia dos amplificadores Duecanali
e Quattrocanali, da Powersoft. Os altofalantes Vector
Performance estão disponíveis com desenho coaxial de 6” até
modelos de 12” e 15”, e subwoofers duplos de 18”, estes dispo-
níveis para sistemas de alto impacto. Cada um desses falantes
apresentam um desenho de transdutor coaxial inovador que
proporcionam som claro e ótima inteligibilidade para reforços
de voz e reprodução de meios em ambientes corporativos. O
transdutor dos falantes Vector Performance representa um
avanço em termos de desenho de falantes coaxiais. Seu driver
de compressão de titânio de diafragma grande permite transi-
ção uniforme ao woofer, provendo melhor alienação aguda/
grave, performance de largura de banda mais suave e níveis de
pressão sonora aumentados, sem distorção. O desenho com-
pacto de boca de alta frequência reduz o efeito shadow ou de
sombra para produzir um som incrivelmente dinâmico e claro,
tanto para a voz como para a música. A localização de drivers
agudos e graves juntos resulta em menos interação de
crossover dentro do padrão de cobertura e proporciona res-
posta ultra uniforme.
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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br

DUECANALI E QUATTROCANALI
www.powersoft-audio.com
Os dois modelos de amplificadores da
Powersoft anunciaram uma parceria com a
Vector, e estão disponíveis para amplificar
a nova linha de alto-falantes Creston.
Tanto o Duecanali como Quattrocanali
são amplificadores de dois e quatro canais
de uma unidade de rack – ideais para apli-
cações pequenas e médias em que o número
de canais é limitado e a necessidade de um
produto flexível para operar com alta e bai-
xa impedância é uma prioridade. As séries
estão disponíveis em uma variedade de
configurações de potência, todas elas re-
presentando uma força séria, fazendo delas
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a solução perfeita para espaços que buscam


um som cristalino, controle total e volume
de saída sustentado.

HEADSET LOGITECH G PRO GAMING


https://www.logitechg.com/pt-br
A Logitech G, marca da Logitech voltada para gaming,
anunciou essa semana o novo Headset Logitech G PRO
Gaming, que oferece performance de áudio voltada para e-
sports e características para gamers profissionais e competi-
tivos. Como a mais nova adição da linha Logitech G PRO
focada em produtos profissionais para gaming, o Headset
Logitech G PRO Gaming é leve, forte e extremamente con-
fortável para uso intenso. O produto conta com drivers
Logitech G Pro-G para uma qualidade de áudio superior,
fones com acolchoamento de couro sintético premium que
proporcionam um excelente isolamento de som e um mi-
crofone condensador profissional para uma comunicação
clara e sem ruídos. Os avançados drivers Pro-G da Logitech
G foram construídos a partir de um inovador material de
malha híbrida que proporciona áudio de altíssima qualida-
de e, quando combinado aos perfis de áudio avançados da
Logitech, esses drivers proporcionam um som rico em deta-
lhes, como baixos crescentes, elevações limpas, agudos pre-
cisos e baixos níveis de distorção.
O Headset Logitech G PRO Gaming também oferece até
50% a mais de isolamento de som do que outros modelos da
Logitech, então você nunca será distraído por sons exter-
nos. O Headset Logitech G PRO Gaming está disponível
na cor preta, tem um design leve e confortável que conecta
através de controles e cabos analógicos e destacáveis.
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Polysom lança FOCO NA GRAVAÇÃO E NA


PRODUÇÃO NA PLS SHANGAI
Para assegurar que está de olho no público do
“Carnaval na Obra” em vinil duplo mercado de entretenimento chinês e suas de-
mandas, a Prolight+Sound Shangai 2018 expan-
Foto: Divulgação

de a Zona de Gravação e Produção nesta edição


2018, que acontece entre os dias 10 e 13 de
outubro, no Shangai New International Expo
Centre. A decisão vem ao encontro do crescente
desenvolvimento dos mercados de áudio e vídeo
na China. Um estudo recente demonstrou que a
indústria de videos curta metragem ultrapassará
30 bilhões RMB (equivalente a mais de 4 bilhões
de dólares americanos) em 2020. Pensando nis-
so, a feira de Shangai vai reforçar o status de ser
uma plataforma de educação e negócios,
conectando profissionais de gravação, áudio e
música, por meio de parcerias com organiza-
ções globais, incluindo a International Music
Software Trade Association (IMSTA). O local terá
6 mil metros quadrados e vai apresentar os mais
modernos equipamentos, serviços e técnicas
usada em gravações real time e multipista,
mixagem e materização.
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CRUÏLLA DE OUTONO
Criadora do movimento Man- Mundo Livre, Carnaval na Quem estiver por Barcelona e quiser aproveitar
gue Beat ao lado de Chico Obra traz quatro dos grandes o início do outono na cidade, tem a opção de
Science e Nação Zumbi, a produtores daquela geração: assistir o Cruïlla de outono. Durante todo o mês
Mundo Livre S.A. trouxe no- Carlos Eduardo Miranda, Edu- haverá um ciclo de concertos que agradará os
vos elementos para a música ardo Bid, Apollo 9 e Edu K. Eles amantes do indie, punk, rock, do pop catalão e
brasileira e até hoje é referên- se dividiram entre as 14 faixas, da música gipsy e balcânica. O line up será
cia para as novas gerações. que traziam forte influência da composto por apresentações de artistas como
Esse ano, a banda tem um dos recente turnê ao México e da Emir Kusturica, acompanhado pelos músicos
seus discos mais importantes, eletrônica, usada como um ins- do The No Smoking Orchestra. Além do mais,
haverá também a Barcelona Gipsy Balkan
Carnaval na Obra (1998), lan- trumento, uma ferramenta a
Orchestra, um grupo nascido em Barcelona e
çado em vinil duplo de 180 mais. Entre as composições es-
com projeção internacional. Outros nomes do
gramas pela coleção Clássicos tão alguns dos maiores sucessos
set up incluem Anna Calva, La MODA, Miles
em Vinil, da Polysom. da banda, como Maroca, Bolo de
Sanko, Animal, entre outros.
O álbum, que completa seus Ameixa, Quem tem Bit tem Tudo, https://www.cruillabarcelona.com/ca/cruilla-de-
20 anos, foi o disco que inau- A Expressão Exata e O Africano e tardor-2018/
gurou a então nova gravadora o Ariano. Mais informações:
Abril Music. Terceiro disco da http://polysom.com.br/site/
AFROBRASILIDADE
A cantora Luciane Dom lançou em julho, durante
WORKSHOP DE MÚSICA show no Teatro Ipanema, no Rio, o seu primeiro
No dia 15 de agosto aconteceu na Harmony Music Academy, o álbum chamado Liberte esse Banzo. O show
workshop do grupo de música instrumental, (( TRIO )), em paralelo composto por músicas da cantora e releituras
à apresentação semestral dos alunos da escola. Para saber mais retoma a ancestralidade como tema de partida,
sobre aulas de música no espaço, situado no Recreio dos Bandei- culminando na diáspora africana, na mistura de
rantes, no Rio, acesse @harmonymusicacademy no Instagram ou o linguagens, ritmos e poesias. Para conhecer o
site www.harmonymusicacademy.com.br trabalho, acesse www.lucianedom.com
Pitty estreia turnê 2018-2019
SANGUE NOVO

montado de uma nova


Foto: Jorge Bispo

maneira e o cenário será


composto por desenhos
exclusivos da artista Eva
Uviedo.
A turnê também será
organizada de forma di-
ferente, contrariando
os moldes tradicionais,
nos quais primeiro é
lançado um álbum e de- Nova aposta de Rick Bonadio,
pois a turnê. Dessa vez Mariana Coelho lança o single
os shows vão acontecer Tranquila. Composta pela cantora
simultaneamente ao lan- capixaba em parceria com Digão,
da extinta banda Dnaipes, seguindo
çamento das músicas,
a linha do reggae, a música tem pro-
que deverão estar no no- dução de Rick. A canção ganhou tam-
vo disco da cantora, bém um clipe, gravado em uma ca-
previsto para esse ano. choeira de Águas de Santa Bárbara,
As canções serão incor- disponível no canal do Midas Music no
poradas e reveladas nos Youtube: https://www.youtube.com/
shows ao longo da tur- watch?v=l-dZQw3kC6A . Com ape-
nas 17 anos, Mariana foi semifinalista
nê. Isso já foi visto na
do The Voice Brasil em 2017, pelo
última apresentação, time do Lulu Santos.
no João Rock, quando
Após mais de dois anos longe da es- ela interpretou pela pri-
trada, fazendo apresentações ocasio- meira vez "Te Conecta". No re- ROUPA NOVA E
nais, participações e dedicando-se a pertório estarão os singles mais MAITE PERRONI
outros projetos, Pitty volta aos palcos recentes "Na Pele", lançado com
GRAVAM CLIPE DE
em 2018 com um novo show que ex- participação de Elza Soares, e
pressa bem sua personalidade e ener- "Contramão", com Emmily Bar- MÚSICA INÉDITA
gia, misturando a essência musical reto (Far From Alaska) e Tássia O segundo semestre de 2018 será
presente em suas primeiras composi- Reis, além de sucessos da carreira marcado pelo projeto As Novas do
ções e a estética sonora dos dias de e outras surpresas. Durante a tur- Roupa, composto por 12 canções
hoje presente em suas novas músicas. nê Pitty pretende convidar artis- inéditas que estão sendo lançadas
É um novo ciclo, uma nova forma de tas diversos para fazerem shows em partes nas plataformas digitais
de abertura. e em videoclipes.
trabalhar as músicas. O palco será
Além de um álbum 100% inédito, o
Roupa Nova anunciou uma parce-
SHURE MUDA FAZ MUDANÇA NOS CURSOS ONLINE GRATUITOS ria de peso, a mexicana Maite
A partir do dia 06 de agosto, a Shure passará a realizar mensalmente seus cursos Perroni, que aproveitou sua passa-
online, sempre às segundas-feiras, às 14h (horário de Brasília), ministradas pelos gem pelo Brasil e se juntou aos seis
profissionais da companhia. Em plataforma interativa com transmissão ao vivo para integrantes da banda para gravar
todo o Brasil, a empresa oferece conteúdo relevante para profissionais, especialis- o clipe Destino ou Acaso, uma das
tas de áudio e entusiastas da marca. A Shure tem como um dos seus pilares globais faixas inéditas do novo projeto.
o investimento em educação. Neste novo formato, a empresa promete trazer con- Queda de Braço, Luzes de Emer-
vidados especiais do mercado de Pro Áudio e A/V. Os webinários visam esclarecer
gência e Seja Bem Vindo (o amor)
as principais dúvidas dos participantes, abordar temas relevantes e apresentar as
foram as primeiras canções lan-
últimas novidades do mundo do áudio. Além do conteúdo informativo, os cursos
çadas, e já estão disponíveis nas
online proporcionam interatividade e contato direto com os palestrantes e convida-
dos. Para participar dos próximos webinários, os interessados podem se inscrever plataformas digitais e, em breve,
diretamente pelo e-mail relacoespublicas@shure.com estarão no YouTube.

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Negra Li protagoniza RIO MUSIC MARKET

Foto: Divulgação
musical MPB
Foto: Érik Almeida

Da retomada dos vinis até os novíssimos serviços de


streaming. Em setembro, a cidade do Rio de Janeiro
será o centro das atenções da indústria da música.
Nos dias 11, 12 e 13, acontece o Rio Music Market
(RMK), um dos mais importantes encontros do mer-
cado de música brasileiro, que reunirá importantes
profissionais da indústria nacional e internacional
para debater as constantes transformações da in-
dústria fonográfica e suas novas oportunidades. O
encontro será no CRAB - Centro Sebrae de Referên-
cia do Artesanato Brasileiro. Além de trazer à discus-
são assuntos atuais como streaming, "value gap", sin-
cronização, playlists e biografias musicais, a sexta edi-
ção do evento contará ainda com um coquetel e show
de abertura no Theatro Net Rio, com os artistas
Jaques Morelenbaum, Carlos Malta e Duo Gisbranco.
Com direção artística de da de Negra Li. A cantora in-
14

Jarbas Homem de Mello, di- terpretará Suzete Campos,


UNIVERSAL LANÇA MÚSICAS
reção musical e arranjos de uma grande atriz de musicais.
PARA RELAXAR
Miguel Briamonte e direção O elenco também conta com O estresse do dia a dia agora pode ser aliviado com
de movimentos e coreografi- Érico Brás (Jura, como o an- o set de músicas para relaxar que a Universal lan-
as de Kátia Barros, o espetá- jo), além de Reiner Tenente çou recentemente na loja da Apple. Peaceful
culo MPB – Musical Popular (Gero, o anjo), Dagoberto Music é uma playlist de músicas para relaxamento
Brasileiro estreia no dia 10 Feliz (Nogueira) e Marcelo e busca da tranquilidade. Seja no trabalho, nos
de agosto no Teatro Sesc – Góes (Dino). O espetáculo estudos ou até mesmo antes fazer uma prova ou
uma aula de yoga, a trilha sonora de alta qualida-
Ginástico, no Rio de Janeiro. tem cenografia e adereços de
de, compostas por um novo gênero de artistas, traz
A temporada vai até 9 de se- Marco Lima, iluminação de uma mescla de contemporaneidade, música ambi-
tembro. Idealizado por Re- Fran Barros, figurinos de Fá- ente, para desestressar e até um viés eletrônico, per-
nata Ferraz e Silvio Ferraz, o bio Namatame, visagismo de feita para quem também pratica mindfullness. https:/
espetáculo tem texto inédito Dicko Lorenzo, direção de /peacefulmusic.lnk.to/playlistPR
de Enéas Carlos Pereira e produção de Valdir Archanjo
Edu Salemi. A montagem e Bira Saide e realização da
ATUALIZAÇÃO PARA CL E QL
tem novidades com a entra- ViaCultura. Recentemente a Yamaha anunciou a Versão 5.0 para
os modelos CL e QL de consoles digitais. Essa nova
VANGUART LANÇA CLIPE atualização inclui suporte para controle remoto para a
Rupert Neve RMP-D8 8-Channel Remote Control
Há menos de um mês o Vanguart apresentou a versão do deluxe do Dante Microphone Preamplifier, assim como um novo
seu mais recente álbum, Beijo Estranho (Deck/ 2017). Nela, além Portico 5045 Source Enhancer para uso no Premium
das canções do disco, sucesso de público e crítica, eles apresentam Rack. Com a atualização, o novo microfone preamplifi-
três faixas inéditas. A primeira delas, Tudo que Não For Vida, de cado Class-A no Rupert Neve Designs RMP-D8 pode
autoria de Helio Flanders (voz, violão e piano) e Reginaldo Lincoln agora ser controlado remotamente de qualquer con-
(voz e baixo), tem seu clipe oficial disponibilizado no YouTube. A sole CL ou QL, proporcionando uma opção de alta
canção, de arranjo mais pop, com letra direta e forte, teve suas finalização para locais que tenham conexão Dante,
imagens gravadas em Itararé (SP), com direção, roteiro e dança de estúdios, sistemas de broadcast e turnês. Para mais
Olívia Niculitchef. Para assistir Tudo que Não For Vida https:// informações, acesse http://www.yamaha.com ou para
www.youtube.com/watch?v=StOIWrbOL84 Para ouvir, Beijo Estra- informações sobre o RMP-D8 e o 5045, acesse http://
nho (Deluxe), acesse: https://vanguart.lnk.to/BeijoEstranjoDeluxePR www.rupertneve.com
PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA
alizada e dirigida por José Maurício Esperança (Céu), Dores de Amores
Machline, a festa - patrocinada este ano (Zezé Motta e Sandra de Sá), Perola
pela Petrobras – contou com roteiro de Negra (Maria Bethânia, Caetano
Zelia Duncan, cenografia de Gringo Veloso, Moreno, Zeca e Tom), Ma-
Cardia e direção musical de João Carlos grelinha (Baby do Brasil), Estácio,
Coutinho. A atriz Leandra Leal abriu a holly Estácio (Alcione), Juventude
noite, que foi conduzida por Debora Transviada, (Xênia França e Áurea
Bloch e Camila Pitanga. Martins), Fadas (Pedro Luis, Hamilton
de Holanda e Yamandú Costa) e Ne-
No dia 15 de agosto, o Brasil conhe- gro Gato (Liniker, Iza e Lazzo).
ceu os melhores da música durante o
29º Prêmio da Música Brasileira. As
Bahias e A Cozinha Mineira, Chico
Buarque, Mario Adnet, Yamandú Cos-
ta, Moacyr Luz e Samba do Trabalha-
dor e Mônica Salmaso, foram os gran-
des vencedores da noite, com 2 tro-
féus cada.
Nesta edição, o mais tradicional e Durante a cerimônia, a trajetória de Luiz
prestigiado evento do gênero no país, Melodia foi celebrada por grandes no-
celebrou a carreira de Luiz Melodia mes da música, que apresentaram su-
(1951-2017), compositor carioca fale- cessos como: Ébano (Fabiana Cozza),
cido recentemente que recebeu, em Quase Fui Lhe Procurar (Lenine e João
vida, cinco troféus da premiação. Ide- Cavalcanti), Salve Linda Canção Sem

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MÚSICA BRASILEIRA ECOA NO VELHO MUNDO


atrações. A maior parte das apre-
sentações passou por ali, cuja
temática este ano foi o fundo do
mar”. Foram construídos cavalos
marinhos de 12 metros com uma es-
pécie de farol no lugar dos olhos e
um exército de medusas para deco-
rar a fachada do maior palco já
construído por Danés. Com altura
equivalente a um prédio de cinco an-
dares, foi batizado como Catedral
PALCO GIGANTE do Mar (La catedral del mar).
O Parc del Fórum ficou pequeno O festival aconteceu no Parc del Fórum
para a música brasileira. Gilberto nos dias 12, 13 e 14 de julho e contou
Gil fez escala na cidade de Barce- pelo segundo ano consecutivo com o
lona para mostrar a genuína músi- palco Estrella Damm, de dimensões co-
ca brasileira durante o festival lossais, construído pelo diretor artístico
Cruïlla. O cantor se apresentou na Lluís Danés, sendo uma das principais
noite do dia 13 de julho acompa-
nhado do Revafela40.
Membro importante do movimento
Tropicália, Gil é hoje um dos artistas
mais respeitados e considerado
uma espécie de embaixador da mú-
16

sica brasileira no exterior, principal-


mente por sua forte convicção no DISCO-FUNK, HOUSE,
poder transformador da cultura. De AFROBEAT, FLAMENCO
acordo com a produção do Cruïla, Nesta edição também estreiou o
que acontece a cada verão na cida- sexto palco do festival, o Brugal.
de catalã, ter Gil no line up foi um Foram no total 9 artistas, incluindo
luxo e uma oportunidade ímpar DJs como MliR, Zonzo e Banana
para o público. No mesmo dia se Boogaloo, além do melhor da disco,
apresentam ainda Pharrell Williams house e afrobeat. Outros destaques
e N.E.R.D. e Damian “Jr. Gong” foram o flamenco de Maruja Limón e
Marley, entre muitos outros. o headliner DJ Questlove.

DETONAUTAS E LUCAS LUCCO SSL AO VIVO COM ROBERT PLANT


JUNTOS EM CLIPE O engenheiro e técnico de PA Mark Kennedy esteve
Por Onde Você Anda?, de autoria de Tico Santa Cruz e em turnê com um modelo SSL mais uma vez, mas desta
Detonautas Roque Clube, que contou com a participação vez acompanhando Robert Plant. Para essa jornada,
especial de Lucas Lucco, ganha agora um videoclipe com
Kennedy escolheu uma SSL L500 para som ao vivo,
Lucas dividindo os microfones com o DRC no estúdio e como
fornecida pelas empresas Solotech e Britannia Row
ator, em par romântico com a atriz Ana Isabela Godinho. O
Productions. A atual turnê de Plant, de acordo com
clipe tem em seu roteiro o casal retratado na música e os
conflitos atuais: estar feliz nas redes sociais em contraponto Kennedy, tem um approach mais orgânico que funcio-
com a distância e o silêncio da ausência de notícias, após uma na bem. Ainda segundo Kennedy, a mixagem do show
briga, ou o rompimento do relacionamento. Com direção de é uma espécia de volta ao básico. Ele desliga tudo e
Fred Siqueira e de Lucas Lucco, o clipe foi gravado em começa como uma folha em branco, com o mais sim-
Goiás, no Stúdio Siriguela e em externas. A canção faz parte ples que ele pode criar. Depois, conforme a necessida-
do repertório do CD VI (2017), álbum que comemora os 20 de, vai ligando os recursos. Além do processamento do
anos de carreira do Detonautas Roque Clube, que já ultra- canal normal, ele usa o compressor Bus SSL, reverbs,
passou a marca de 6 milhões de streams apenas no Spotify. delays e o VHD Saturator, e um gráfico EQ de 31 ban-
O videoclipe tem como assistente de direção: Polly Stemut,
das, do rack FX. Antes dessa turnê, Kennedy chegou a
montagem: Isaac Metanoia, finalização e Color: Rafa Pereira
usar a SSL para a turnê Faithless 20th Anniversary.
e makup: Leandro Ferreira.
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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br

preços cairiam na busca de novos mer-


cados que, em tese, compensariam a res-
trição americana, os chineses preferi-
ram reajustes preventivos pela perda de
alguns degraus na economia de escala.
Grandes fabricantes americanos com
unidades em território chinês estão re-
duzindo drasticamente a produção por
conta do “canto de sereia” dos subsídios
de Donald Trump e investindo em no-
vas fábricas em território americano. E
a encrenca parece estar só começando...

ARETHA
Com a morte da diva Aretha Franklin, se
vai o pouco que ainda restava das grandes
vozes americanas. Atualmente, indepen-
dente de estilo, as cantoras gringas estão
cada vez mais dependentes da tecnologia
e com uma notória falta de personalidade
RECORDE que se esvai em gritos monocórdicos que
No mês passado, em Sydney, na Austrá- transformam todas numa coisa só. É o fim
lia, 470 guitarristas se reuniram ao ar li- de um era escrita por Billy Holiday, Ella
O desenvolvimento e a vre para tocar Highway to Hell, um clás- Fitzgerald e Nina Simone.
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inserção de marcas sico do AC/DC. Cada guitarrista pagou


45 dólares pela participação e ganhou MUSIKMESSE
próprias evidenciam de presente um pequeno amplificador A empresa promotora das maiores feiras
Marshall para plugar, tocar e levar para mundiais de áudio e instrumentos en-
que a estratégia casa. O evento de caráter beneficente frenta dificuldades no próprio pátio. A
adotada por vários fez parte da programação do Sydney Messe Frankfurt foi por muitos anos a
Guitar Festival. O Guiness Book regis- maior feira do segmento e, ao contrário do
importadores trou o recorde que anteriormente era da que se imaginava, a ideia de expandir a vi-
música Knocking On Heaven’s Door, toriosa proposta trouxe apenas divisão
brasileiros nos últimos
numa concentração de 365 guitarristas mercadológica, sem, no entanto, o acrés-
anos foi acertada e tocando juntos, na Índia, em 2013. cimo comercial esperado. Emparedada
pela necessidade de uma inevitável feira
tecnicamente perfeita CONSTATAÇÃO na China, a Musikmesse aportou também
diante das incertezas e Apesar da qualidade dos concorrentes, na Rússia e em outros eventos de menor
em alguns casos até superiores, a Shure significado. O resultado foi a mudança do
do pragmatismo do ainda está para microfones como a principal eixo de compradores. A feira
marca BomBril está para as esponjas de alemã mantém o charme e a história, mas
mercado. As grifes têm aço ou a Gillete para os aparelhos de perde em volume de negócios para a feira
custo, mas, na prática, barbear. São marcas que se confundem chinesa, o que inevitavelmente reduzirá
de tal forma com o produto que muitas cedo ou tarde a sua importância e o seu
nem sempre a diferença vezes a opção de compra é mais reflexo tamanho no próprio quintal germânico.
de preço se justifica do que pesquisa.
VOTO
pela qualidade. PREVISÍVEL Antes que me perguntem, aviso. Voto no
Anotem, os preços na China estão su- primeiro candidato que mudar o trata-
Por aqui, importadores bindo em dólares. Embora sutilmente mento tributário dos instrumentos musi-
e consumidores majorados, eles refletem uma alta que cais classificando como ferramenta de edu-
busca segurança por conta da recém- cação e cultura, e não produto voltado ao
parece que já deflagrada guerra comercial iniciada lazer e divertimento. Países desenvolvidos
entre aquele país e os EUA. Enquanto tratam o segmento assim. Aqui, nenhum
descobriram isso.
todos, inclusive eu, imaginavam que os candidato até agora tocou no assunto.
GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

PERGUNTINHA rão origem a um novo trabalho, me comercialização desse tipo de


MALCRIADA deixa encafifado. Programas re- produto. No mínimo, exigir uma
Tem coisa mais chata do que mú- produtores de vozes sampleadas já campanha de conscientização in-
sica eletrônica? Sem “combustí- estão disponíveis na internet há formando dos perigos que o manu-
vel” na cabeça, não consigo ima- um bom tempo. Como não tem o seio de equipamentos com essa ca-
ginar alguém que ouça isso por autor para contestar, fico imagi- racterística oferece. Ter corrente elé-
mais de 10 minutos. Surgido no nando o quanto de armação não trica de até 220V nas saídas de áudio
final dos anos 70, ainda nos possa existir nisso tudo. De uma e não saber disso chega a ser crimi-
primórdios dos sintetizadores, o hora para outra, estão surgindo ve- noso. Com a palavra as autoridades e
gênero teve no grupo alemão lhos duetos, gravações inéditas, os nossos ilustres legisladores.
Kraftwerk o embrião de uma es- músicas nunca gravadas e o es-
cola que deu origem ao minima- cambau. Fico desconfiado, porque GUERRA DE EGOS
lismo popularizado por Philip o avanço da tecnologia vai tornar Os bastidores dos programas musi-
Glass. Com o tempo o gênero se cada vez mais difícil identificar o cais da Globo andam esquentando.
perdeu e virou uma colagem que é treta. Além da disputa de beleza de jura-
simplória feita em computador e dos e apresentadores, até candida-
vendida como música. Conheci- MAU NEGÓCIO to anda botando marra onde não
da como “ bate estaca”, a coisa Essa história de fazer a política su- deve. As equipes de produção vi-
perdeu essência e virou trilha bir ao palco está sendo ruim para vem como algodão entre cristais.
sonora de bundalelê de jovens alguns artistas. Num país polari-
pseudo muderninhos. E para pio- zado como o Brasil, assumir pos- MENTIRA
rar, agora querem juntar isso turas políticas, mesmo que reco- Salvo exceções, os números de
com música sertaneja. Vou ali mendável, está gerando resistên- visualizações e acessos divulgados
me suicidar e já volto. cias em contratantes que temem a por grande parte dos youtubers ou
rejeição do artista em seus even- “influenciadores digitais” é mera
CHICO tos. Sem citar nomes, a postura de armação tecnológica. Para conquis-
Autor de algumas obras-primas da ativista ideológico já custou caro tar patrocínios e atrair a atenção,
MPB, o genial Chico Buarque de a muita gente e pode deixar um eles usam a própria tecnologia para
Holanda não consegue passar o mes- carimbo que vai comprometer por estufar seus números na ânsia de
mo talento para o palco. Mesmo ido- um bom tempo mesmo os melho- conquistar espaço e dinheiro no
latrado por aficionados, a impressão res trabalhos. mundo virtual. Um estudante de
do espetáculo que viaja pelo Brasil é engenharia da PUC me mostrou
de que falta algo. Me perdoem os fãs, DIREITOS em 10 minutos como fazer um mi-
mas o show é chaaaaaato... Chegam as eleições e o “fenômeno” lhão de visualizações em qualquer
se repete. Centenas de músicas são porcaria que se coloca na rede. São
BRAZIL usadas pelos candidatos sem qual- aplicativos e pequenas ferramentas
Não é de hoje que a afinidade de quer pagamento de direitos auto- que ficam “atirando” no servidor e
Paul McCartney com o Brasil se rais. O Ecad até tenta cobrar, mas é contabilizam números irreais e in-
tornou constante e nada dissimula- praticamente impossível fiscalizar variavelmente lucrativos. Mas tem
da pelo ex-Beatle. No novo disco um país do tamanho do Brasil em gente que ainda acredita.
lançado esse mês, ele homenageia o tão curto espaço de tempo.
nosso país com uma canção no ál- DURA REALIDADE
bum Egypt Station. Fugindo à sua ca- MAIS UM A China destruiu a outrora grandio-
racterística de hitmaker, Paul com- Foi registrada mais uma vítima sa indústria brasileira de alto-falan-
pôs a música Back in Brazil tentando dos chamados “amplificadores de tes. Sem condições de competir no
misturar samba com balada e sabe- rabo quente” e graças aos céus a quesito preço, o segmento ficou res-
se lá mais o quê. A música tem até coisa ficou no susto e sem maio- trito a alto-falantes específicos ou de
canto de pássaros. Ficou esquisita, res consequências. O caso acon- alta qualidade e desempenho como
mas vale pela homenagem. teceu num show de música serta- o caso da JBL (leia-se Harman). O
neja no interior do Paraná. O foco na qualidade mantém de pé
SUSPEITO operador teve queimaduras leves marcas como a Eros (leia-se Grupo
Essa história de encontrar “música nos dedos e um susto de contar Renaer) e que deixam na nossa me-
inédita” do artista tal, ou encon- para os netos. Alguém precisa ur- mória alguns alto-falantes que fa-
trarem velhos registros de artistas gentemente regular isso com zem história e são reconhecidos en-
mortos que serão recuperados e da- normas técnicas ou vedação à tre os melhores do mundo.

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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
PLAY REC | www.backstage.com.br

AFINIDADES LOVE MONSTER


Daniela Spielmann Amy Shark
Depois de dois anos de A cantora e compositora
ensaios, arranjos e grava- australiana Amy Shark
ções, a saxofonista e flau- lançou, na última sexta-
tista Daniela Spielmann feira (13), seu aguardado
lança o CD Afinidades, o álbum de estreia, Love
primeiro disco autoral Monster, via Sony Music.
em 20 anos de carreira, a O disco já está disponí-
contar do álbum de es- vel nas plataformas de
treia do grupo Rabo de Lagartixa, lançado em 1998. streaming. A estreia de
Instrumentista virtuose, reconhecida por seus pares e Shark é um álbum muito bem trabalhado e profun-
por onde passa, nesse CD, Dani também se mostra como damente pessoal, onde brilham sua força na compo-
exímia arranjadora e compositora. Gravado com o seu sição e empatia lírica. Principalmente escrito por
Quarteto, - com Xande Figueiredo na bateria, Domingos Shark e produzido por Dann Hume (Courtney
20

Teixeira no violão e Rodrigo Villa no contrabaixo, todos Barnett, Lisa Mitchell, Troye Sivan, The Temper
amigos e parceiros de projetos musicais – o novo disco ga- Trap), a australiana se juntou a grandes nomes da
nhou ainda diversas participações especiais, como Sheila indústria, incluindo Mark Hoppus, do Blink-182,
Zagury (piano), Anat Cohen (clarinete), Silvério Pontes em Psycho, Joel Little (Lorde, Khalid, Broods) em
(trompete e flugel), Alexandre Romanazzi (flauta), Dudu Never Coming Back e o vocalista Jack Antonoff
Maia (bandolim), Idriss Boudrioua (sax alto), Beto Cazes (Taylor Swift, Lorde) em All Loved Up. Orgulhosa e
(percussão), Nando Duarte (violão de 7; Cordas), viola animada, Shark revelou que cada letra é real e fala da
(DhyanToffolo), violoncello (Matheus Ceccato) e nos sua vida. O longo e sinuoso caminho da cantora
violinos Oswaldo Carvalho, Rogério Rosa, Glauco rumo ao sucesso foi uma lição de resiliência. Parece
Fernandes, William Doyle. que, depois de anos de trabalho duro e determina-
A saxofonista compôs, arranjou e produziu um reper- ção, Amy Shark está deixando sua marca no mundo.
tório com composições inspiradas em situações e afe- Seu single atual, I Said Hi, alcançou certificado de
tos que vivenciou. Estudiosa da música brasileira, mu- Platina, 15 milhões de streams globais e 1.5 milhão
sicalmente o CD abraça diversos gêneros brasileiros e de visualizações. Em abril, ela levou para casa um
hibridações como maracatu, samba-choro de gafieira, prêmio APRA por seu single de Platina tripla, Ado-
afoxé, baião, samba-latino e bossa-nova, um reflexo re, que já ultrapassa 60 milhões de streams em todo o
também da pluralidade musical do quarteto. Forte- mundo. No ano passado, ela foi a vencedora de dois
mente marcado pela brasilidade, seja pelo repertório prêmios ARIA (Melhor Artista Revelação e Melhor
ou pela maneira de tocar, o quarteto se inspira na pre- Lançamento Pop) e seu EP de estreia, Night Thinker,
missa jazzística de criação coletiva, ao vivo, primando explodiu no top 10 do iTunes em 15 países. Para ante-
por sutilezas de comunicação que só o tempo e o co- cipar o lançamento do novo álbum, Amy liberou uma
nhecimento profundo da alma musical permitem. série de pequenos vídeos, The Love Monster Story, con-
O quarteto começou a se apresentar em 2001, pe- tando a história do disco: https://bit.ly/2LaLDoQ
ríodo de lançamento do primeiro CD da saxofo- A cantora e compositora natural de Queensland
nista, Brazilian Breath, indicado ao Grammy Lati- já fez cinco turnês nos Estados Unidos nos últi-
no em 2002. Ao longo do tempo, os shows conta- mos dois anos, além de diversos shows pela Euro-
ram com as participações de Aurea Martins, Sivuca, pa. Amy já participou de diversos programas na
Ricardo Silveira, Zé Menezes, Anat Cohen, Nicolas TV norte -americana, incluindo The Late Late
Krassic, Silvério Pontes e Zé da Velha, Zélia Show with James Corden e The Tonight Show Starring
Duncan, entre muitos artistas. Desde então, o Jimmy Fallon. A cantora se prepara para sua turnê
quarteto vem participando de inúmeros festivais australiana, antes de retornar à América do Nor-
nacionais e internacionais. te, em setembro.
DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

TRIOS BRASILEIROS O PIANO DE SERGIO ROBERTO DE


T’Rio OLIVEIRA E RICARDO TACUCHIAN
Miriam Grosman e Ingrid Barancoski
Formado por Cristiano
Alves (clarinete), Fer- Comprovando a imorta-
nando Thebaldi (viola) e lidade da arte, sua trans-
Yuka Shimizu (piano), o cendência e legado, che-
grupo interpreta no dis- ga às lojas físicas e virtu-
co Trios Brasileiros peças de ais o CD O piano de Sergio
João Guilherme Ripper, Li- Roberto de Oliveira e Ri-
duino Pitombeira, Ricardo cardo Tacuchian, reunin-
Tacuchian e Nestor de do obras do saudoso mú-
Hollanda Cavalcanti. Foi a partir da admiração em co- sico, falecido há quase
mum que o clarinetista, o violonista e a pianista japo- um ano, e do consagrado maestro e compositor, todas in-
nesa radicada no Brasil decidiram registrar essas joias terpretadas pelas pianistas Miriam Grosman e Ingrid
da música de câmara nacional. Assim como Cristiano, Barancoski. O disco é um lançamento da gravadora carioca
que soma em sua trajetória artística um grande número A Casa Discos, que tinha Oliveira como proprietário e
de prêmios e títulos pelo Brasil e no exterior, Fernando gestor, e agora se renova, determinada na manutenção da
e Yuka, enquanto o recém-criado Duo Barajiru têm em memória do seu criador e também no desenvolvimento de
comum obras dedicadas aos três artistas pelos compo- novos projetos eruditos e instrumentais, tendo à frente seu
sitores que participam do disco. O compositor cea- amigo e renomado clarinetista Cristiano Alves.
rense Liduino Pitombeira participa do disco com três Resultado de uma recente parceria e amizade entre os
obras distintas. A peça Fantasia , sobre a “muié compositores, o CD começou a ser concebido em 2015,
rendêra”, traz uma melodia original que vai se des- quando Tacuchian procurou a gravadora para produzir o
construindo até que em um dado momento se trans- disco Água-forte: duo Grosman-Barancoski interpreta
forma em um tema de doze notas em ambiente de har- Tacuchian. Segundo o próprio Tacuchian, “o processo de
monia quartal. O carioca Nestor Hollanda Cavalcanti gravação em estúdio nos aproximou, eu, ele e as duas pia-
participa com O sábio em Sol, para trio e um narrador. A nistas, Miriam e Ingrid. Assim tive a oportunidade de co-
obra tem por base a “canção sem palavras” do 4° movi- nhecer melhor sua personalidade sempre gentil, sua ca-
mento, criada sobre os versos de Luiz Guilherme de pacidade de trabalho e liderança e, acima de tudo, sua
Beaurepaire, edificada sobre um único som e harmoni- musicalidade. Ao concluirmos o projeto que nos deu tan-
zada com acordes onde o “sol” e por vezes a fundamen- to prazer, não só pela realização artística, mas também
tal, ou a terça, ou a quinta do acorde. O Trio para pelo contato humano que desfrutamos, Sérgio me procu-
clarineta, viola e piano, de João Guilherme Ripper, re- rou para consultar se eu concordaria em realizar outro
mete à forma sonata com dois temas de características CD, agora em parceria com ele, com as mesmas pianistas,
diversas que se contrapõem no decorrer de toda obra. por quem ele passou a ter grande apreço pelo talento e
O compositor Ricardo Tacuchian participa com seu arte, e pela integridade e seriedade de ambas”.
Trio das Águas, escrita em 2012, uma de suas muitas A produção do CD foi, de certa forma, interrompida
obras com inspiração ecológica. Sua abordagem, pre- por conta da doença fatal do compositor e produtor,
dominantemente poética, traz no primeiro movimen- diagnosticada em 2016. Todavia, neste mesmo ano,
to, Águas do mar, no segundo Águas do rio e, por fim, Sergio Roberto de Oliveira não abdicou de muitos de
Águas da Chuva, que representa a grande dívida de nos- seus planos. Viveu um intenso processo interno de
sa sobrevivência com a natureza. reformulação de valores e da vida.

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LANÇAMENTO| www.backstage.com.br
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AMPLIFICADOR D80
O amplificador
E ste modelo contém configura-
ções compatíveis com todos os
alto-falantes da d&b. A capacidade
ção igual de entrada de sinal para canais
de saída do amplificador aumenta a fle-
xibilidade da aplicação, particularmente
de delay do sinal permite que confi- para o uso em monitor, frontfill ou canal
D80 de 2 canais gurações definíveis pelo usuário de de efeito.
e/ou quatro canais até 10s (= 3440 m / 11286 pés) sejam A função LoadMatch integrada dentro
aplicadas a cada canal independente. O do D80 permite a compensação elétrica
é um amplificador
mesmo se aplica aos dois equalizadores das propriedades do cabo do alto-falan-
de alta densidade de 16 bandas, fornecendo filtros opcio- te, sem a necessidade de um condutor
de potência, ideal nais paramétrico, assimétrico, de prate- extra. Isso resulta em uma maior precisão
leiras ou de encaixe. na reprodução de áudio em uma largura
para uso móvel ou
O D80 incorpora uma tela TFT colorida, de banda de até 20kHz, preservando o
em ambientes de oferecendo acesso rápido à estrutura do equilíbrio de tons quando forem usados
instalação fixa. menu, enquanto o codificador rotativo comprimentos de cabo de até 70 m (230
pode ser usado para ajuste fino. O painel pés). O D80 incorpora amplificadores
frontal e a tela sensível ao toque, inte- Classe D utilizando uma fonte de ali-
grada, do D80 são inclinados para facili- mentação com Correção de Fator de Po-
redacao@backstage.com.br tar a operação quando o amplificador tência (PFC) adequada para tensões de
Fotos: Divulgação está abaixo do nível dos olhos. A propor- rede de 100 V / 120 V / 200 V / 230 V, 50 -
60 Hz e mantém uma saída estável Touring para três amplificadores outros dispositivos de baixa corren-
quando utilizada com rede instável. D80 está equipado com um conector te, como laptops. O painel de co-
Um NL8 fornece todas as saídas em de alimentação de rede 32 A CEE, nectores de alto-falante de 2 RUs do
um único conector, enquanto as saí- um dispositivo de distribuição de conjunto de 6 racks Touring D80
das individuais são, opcionalmente, rede com uma ligação de alimenta- fornece seis saídas de alto-falante
conectores NL4 ou EP5. Os co- ção de 32 A e um painel para cone- NL8 (4 canais) e duas LKA25 (12
nectores RJ45 e etherCON permi- xão de alto-falantes. O conjunto de canais). Esse painel de conectores
tem o acesso à rede d&b Remote racks Touring está disponível com de alto-falante também é equipa-
via CAN-Bus e OCA / AES70 via
Ethernet, respectivamente.
Para mais informações sobre a O painel de conectores de alto-falante de 2
integração de funções adicionais
RUs do conjunto de 6 racks Touring D80
na D80, é recomendável entrar em
contato com o seu distribuidor. fornece seis saídas de alto-falante NL8 (4
canais) e duas LKA25 (12 canais)
CONJUNTO DE RACKS
Os conjuntos de racks D80 Touring
são projetados como racks de siste- um único painel de distribuição de do com um soquete Power over
ma completamente equipados e pré- energia da rede 32 A CEE ou um pa- Ethernet (POE) para conectar e ali-
cabeados, fornecendo distribuição inel de distribuição de energia duplo mentar um inclinômetro.
de energia da rede, interfaces de 30 A NEMA. As saídas de rede auxi- A ponte de rede de áudio DS10
conectores e todo o cabeamento in- liar, eletricamente intertravadas entrega 16 saídas AES3 para os
terno para três ou seis amplificado- (tomadas powerCON 16 A), são amplificadores D80 através do
res D80. Esse conjunto de rack D80 fornecidas para alimentar o DS10 e protocolo Dante via Ethernet,

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LANÇAMENTO| www.backstage.com.br

além de fornecer a distribuição de racks D80 Touring como padrão. nar até 12 gabinetes da série J no
dados de controle. Ele incorpora Outra comodidade é que o kit de ArrayProcessing ou 24 gabinetes
atualização do rack DS10 contém no modo padrão com alto-falantes
24

um comutador integrado de 5 por-


tas, oferecendo uma rede primária tudo o que é necessário para subs- conectados. Até 24 alto-falantes
e redundante para o protocolo tituir o conjunto do rack D80 de matriz linear T, Y ou V podem ser
Dante, além de funções avançadas, Touring por um DS10. Este kit in- acionados com ArrayProcessing a
como os modos de filtragem mul- clui uma ponte de rede de áudio partir de um único rack de amplifi-
ticast e VLAN. Essa extensa flexi- DS10, um cabo de alimentação cador, enquanto um total de 48
bilidade de switch oferece conecti- powerCON para powerCON, um módulos de matriz de linha Y ou V-
vidade estendida para um laptop patch cable Ethernet e dois cabos Series podem ser acionados no
controlar os amplificadores d&b de correção AES3 XLR.. modo padrão com alto-falantes
usando o software de controle re- conectados. Os adaptadores estão
moto R1, através do protocolo MULTICORE MC24 disponíveis para serem separados
OCA (Open Control Architecture). Os sistemas de matriz de linha do cabo multicore às entradas indi-
Usando a ponte de rede de áudio grande requerem uma solução mul- viduais NLT4 dos alto-falantes.
DS10, os sinais de áudio e os dados ticore eficiente, especialmente Uma opção de entrada está disponí-
do controle remoto podem ser quando cada alto-falante em uma vel para adaptar uma saída do ampli-
combinados usando um único cabo matriz é acionado individual- ficador NL8 a um multicore MC24.
Ethernet. O painel frontal do DS10 mente com o ArrayProcessing. O Todos os conjuntos de rack Touring
foi projetado para se alinhar com o sistema multicore d&b MC24 foi da d&b vêm totalmente montados,
painel de entrada do conjunto do projetado especificamente para pré-instalados e testados.
rack D80 Touring. uso com conjunto de 6 rack D80
As estruturas de aço interna anti- Touring. Ele fornece 12 canais de Mais informações:
choque de 19” também acomodam amplificação (24 linhas 4 mm2)
um painel de I/O que fornece si- com um conector LKA25 F / M, for-
nais de áudio analógico e digital, necendo 12 canais no modo de ca-
bem como quatro conectores de nal duplo, ou 6 canais no modo ati-
rede para redes remotas Ethernet vo de 2 vias e modo Mix TOP / SUB.
http://www.dbaudio.com
ou CAN-Bus. O conjunto do rack Um único rack Touring pode acio-
D80 Touring é fornecido com uma
rede de áudio DS10, que é forne- Observações:
cida com todo o cabeamento ne- 1 - Os conjuntos de rack Touring não vêm com amplificadores D80.
cessário, ou com uma gaveta de 2 - A montagem do rack D80 Touring para três amplificadores D80 está
1RU. A ponte de rede de áudio disponível na versão Nema L21-30 (dispositivos de 120 V), mediante solicitação.
3 - powerCON® é uma marca registrada da Neutrik AG, Liechtenstein.
DS10 é fornecida no conjunto de 6
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Foi lançado

TITÃS LANÇA
entre os dias 27
de abril e 11 de
maio, pela
banda de rock
brasileira, Titãs,
o seu décimo
quinto disco de
estúdio que
propõe um novo
ÓPERA ROCK E INOVA
formato pro
show business: a
NO CENÁRIO DO ROCK BRASIL
ópera-rock
Doze Flores
Amarelas.
O álbum, disponível em todas as pla-
taformas digitais, contempla um
espetáculo cênico, com roteiro teatral
De acordo com o guitarrista Tony
Bellotto, Doze Flores Amarelas tem um
formato inédito na história do rock
Luiz de Urjaiss integrado e criado em paralelo às can- nacional, pelo pioneirismo do grupo,
redacao@backstage.com.br ções. Com a veiculação do DVD desde o inspirado em bandas que fizeram his-
Fotos: Silmara Ciuffa / mês passado, o grupo pretende iniciar tória do gênero no mundo. “O The
Divulgação uma turnê nacional a partir de outubro. Who, com Tommy e Quadrophenia, as-
PRODUÇÃO ARTÍSTICA
Trabalhando na equipe do Titãs
desde o álbum Nheengatu (2014), o
produtor musical Rafael Ramos
conta que os desafios eram os mais
diversos possíveis, desde se uma
música gravada em estúdio funcio-
naria ao vivo, até se o discurso es-
tava claro com o público assistin-
do sentado. A linguagem segue
próxima a dos musicais, tão difun-
dida ultimamente com a popu-
larização das versões das peças da
Broadway, entre outras, mas se di-
fere por se tratar de uma banda de
rock contando uma história per-
meada por diversos afluentes para-
lelos a isso.
“Nunca trabalhei num projeto
deste tamanho, nem em quantida-
de de músicas dentro de um só pro-
jeto, muito menos em um projeto
que evoluiria para uma ópera ao
vivo, levando os elementos de es-
túdio para uma situação completa-
mente diferente no palco. Tanto o
disco quanto o DVD foram re-
gistrados em Pro Tools gravando
em 24bits, 48kHz. Não consigo
nem imaginar como seria se fosse
sim como o Pink Floyd e o Green da através das canções. Paralela- na era do analógico, acho que limi-
Day, com The Wall e American mente, formamos as músicas num taria muito as possibilidades de
Idiot, respectivamente, foram as processo febril de muita produção. edições, testes que fizemos em for-
principais referências. Mas tam- Os arranjos com a banda vieram matos, arranjos, sync com a parte
bém o Jesus Christ Superstar e ou- junto – uma coisa interferindo e de vídeo”, comenta.
tros trabalhos, como o Queen, e inspirando a outra”, conta Bellotto. O produtor aponta o repertório,
muitas outras inspirações, que
vão de Macbeth a Black Mirror”,
enumera o músico. Tanto o disco quanto o DVD foram
O formato da ópera rock contempla,
além do show musical, o teatro, a en- registrados em Pro Tools gravando em
cenação em palco, e o cinema, repre- 24bits, 48kHz.
sentado nas projeções que compõem
o espetáculo. “Nosso processo de
criação foi ativo e um pouco caóti- Para esse musical, os Titãs convo- composto por 25 músicas inéditas,
co, como sempre acontece em tra- caram o baterista Mario Fabre, o interpretadas pela banda, em show
balhos de alta voltagem criativa. guitarrista Beto Lee e três vo- dividido em três atos, com marca-
Começamos por chamar o drama- calistas: Corina Sabbas, Cyntia ções de palco, troca de figurinos,
turgo Hugo Possolo e o escritor Mendes e Yas Werneck, que fazem como pontos bem divergentes do
Marcelo Rubens Paiva, para pen- as três Marias do espetáculo. Tam- que sempre se viu ao longo da car-
sarmos juntos um roteiro, ou argu- bém contaram com os arranjos de reira do grupo, tão livre e expressi-
mento da história, que seria conta- cordas de Jaques Morelenbaum. vo no palco. “Titãs é uma banda de

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Projeto de luz desenvolvido para criar um híbrido entre a luz narrativa do teatro e a luz com dinâmicas de movimento e cor dos shows

rock, punk, e nos dias de hoje onde mas que pudesse ter uma conexão dos pelo lighting designer que, ori-
tudo é tão efêmero, com discursos com o rock, e os aparelhos de LED entado pela banda, precisou se es-
rasos, salvo poucas exceções, você e os moving lights que trariam a forçar para dar dramaticidade a ser-
ter um grupo com essa história se ar- linguagem do show”, explica. viço do projeto.
riscando e criando, para manter-se “Tratei de criar um híbrido entre a “Trabalho com dois tipos de pro-
fiel ao estilo, é um bom exemplo de luz narrativa do teatro e a luz com gramação – não uso time code –,
que existe chance para música, para dinâmicas de movimento e cor dos tudo mixado ao vivo. Gosto do live,
o comportamento e para o compro- shows. Fiz uso da pré-programa- mas não abro mão de programar
metimento artístico dentro de um ção, trabalhando no WYSIWYG e algumas bases. Com o tempo de es-
cenário onde esse tipo de procedi- depois transportando para console trada as coisas podem se aprimorar
mento é quase nulo”, observa. Grand MA. Tive o cuidado de e ter menos live, portanto, sempre
construir narrativas para cada uma teremos surpresas vindas da cena;
ILUMINAÇÃO
À frente do projeto de luz de Doze
Flores Amarelas, o lighting designer Fiz uso da pré-programação,
Guilherme Bonfanti conta que o trabalhando no WYSIWYG e depois
desenho da cenografia, as ideias da
encenação, e o papel fundamental transportando para console Grand MA.
que o vídeo teria no espetáculo sur-
giu a partir do hibridismo de lingua-
gens entre o teatro, cinema e show. das três personagens, e trabalhar o um músico que não vai para o foco,
“Tínhamos uma história para con- desenho de luz que incidia na ban- um solo feito fora de posição, por
tar, ao mesmo tempo, uma banda da”, ressalta. exemplo. Ao pensar nestas duas
muito forte em cena, e projeções do De acordo com Guilherme, o dese- linguagens que se misturariam ao
início ao fim, com três cantoras e nho chega no palco com uma pre- vivo, o show e o teatro, optei por
dois atores. Ou seja, elementos re- definição, mas ganha corpo ao ser ter um roteiro pré-gravado de toda
lativos ao teatro, ao show e ao ci- executado. Eliminar a fumaça e o a movimentação das cantoras e
nema. Meu projeto partiu do uso movimento para acentuar a lin- dos cantores. Esta sequência de
dos refletores convencionais, para guagem teatral, diferenciando-a de marcações de luz/focos estava pron-
trazer a linguagem do teatro/ópera, show, foi um dos desafios enfrenta- ta e eu acionava, como no teatro,
com um botão. A luz entrava no tem- aridade maior deste trabalho foi a
po e a saída era dada por outro clique ausência da fumaça, muito comum
meu. Trata-se de usar um sistema de para dar volume, preenchimento e
cues pré-gravadas com tempo para deixar o desenho evidente. A inci-
entradas e saídas. Ao mesmo tempo dência de luz define a atmosfera da
eu tinha 25 páginas pré-gravadas, música, a distribuição dos aparelhos
uma por música, com os efeitos; posi- cria massas de cor e a dinâmica das
ções dos movings com as cores pré- músicas está na troca de ângulos e não
definidas, os aparelhos de LED (Robe no clássico movimento dos movings.
600, FX8, ribaltas LED) com as posi- Um pouco old school, mas me pareceu
ções e as cores, focos da banda, e de- mais adequado”, revela.
mais efeitos que faziam parte da lin- Sobre os desafios enfrentados para a
guagem do show. Isto tudo separado, realização do projeto, Guilherme des-
cada um, em seu fader. Como usei a taca a projeção do início ao fim sem ser
Grand MA full size, uma console que em telão de LED. “A qualidade da ima-
me permite trabalhar com muitas coi- gem tinha que ser preservada e tínha-
sas pré-gravadas, tratei de explorar ao mos um cenário que colocava as can-
máximo os recursos da mesa, tendo as- toras e os músicos a uma distância não
sim tudo ‘na minha mão’, mas pronto muito confortável para que eu os ilu-
para simplesmente levantar um fader minasse. Hoje, com o avanço tecno-
ou clicar em um botão e dar a dinâmi- lógico e o uso do 3D, das consoles ver-
ca ao vivo e junto com eles. Quando sáteis, melhorou muito nossa condi-
chegamos no DVD estava muito mais ção, mas ainda acredito que a luz no
definido. Eu tinha muitos efeitos espaço real incidindo sobre o corpo
prontos; uma sequência de movi- dos músicos é a concretização do dese-
mento, o chamado chase de position, nho. O 3D é um guia, ajudando a ter
uma strobo”, enumera. bases prontas, e economizando tempo
de gravação; os softwares de desenho e
ÓPERA ROCK das consoles te permitem ter a mesa
Fazendo um paralelo à projeção ma- pronta, as cores definidas, os efeitos. O
peada em palco, com banda ao vivo, teatro é, para mim, a escola para se fa-
por exemplo, Guilherme explica que zer luz em qualquer linguagem. Nele
interligar a performance dos Titãs – aprendemos a conceituar, estudamos
considerando a representatividade estética, aprendemos a trabalhar em
que a banda tem para o cenário do equipe e somos absolutamente rigoro-
rock brasileiro – junto a uma estética sos com o que fazemos”, finaliza.
construída ao longo de mais de 30
anos de atividade, e não se tratando Lista de equipamentos de luz
de atores contratados para uma ópe- Para a gravação de Doze Flores Ama-
ra rock, as músicas precisariam se relas, foram utilizados:
manter como o texto teatral princi- • 18 ROBE MMX Wash beam 1200;
• 16 ROBE 600;
pal, independente do gênero a que
• 20 PAR LED RGBWA 3watts 25 graus;
estariam atrelados. • 12 Ribaltas LED FX 8 (ROBE);
“Tratei de manter os elementos do rock • 12 Ribaltas LED RGBWA;
and roll: luz branca muito intensa e em • Nos refletores, 10 Mole Fay (bruts) de
algumas músicas somente o branco 4 lâmpadas,16 fresneis de 2000w
como luz base, backlight vindo do chão com barn door;
• 60 lâmpadas PAR 64 narrow spot
com ataques em momentos muito es-
(#2);
pecíficos, uso de diferentes posições • 18 elipsoidais ETC 19 graus,
dos aparelhos, partindo do teto e • 6 Atomic 3000;
vindo até o piso, alto contraste em • 01 Grand MA2 Full size e 60
algumas músicas. Creio que a peculi- canais de dimmer.

29
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
30

O musical O Homem de

ODE HOMEM
La Mancha, que conta a
história de D. Quixote, é
uma superprodução do
Atelier de Cultura e
finalizou a temporada no
Teatro Bradesco Rio, onde
ficou em cartaz por mais
de um mês. O enredo do
musical traz a história de
LA MANCHA
Miguel de Cervantes,
poeta, ator de teatro e O musical narra diversos momentos
que culminam na encenação da
história de D. Alonso Quijana, fazen-
onais, sendo 30 atores, 16 músicos e 46
integrantes da equipe técnica e teve a
direção de Miguel Falabella.
coletor de impostos, que é deiro tomado pela loucura e que imagi- O teatro Bradesco foi projetado para ter
na ser D. Quixote, Senhor de La Man- uma acústica impecável e qualidade so-
internado em um
cha, um Cavaleiro Errante atrás de nora excepcional alcançada. O objetivo
manicômio no final aventuras para combater o mal, assistir do local é atender a demanda de um es-
dos anos 1590. os indefesos e praticar o bem. O espetá- paço multiuso, respeitando a variação
culo apresenta 27 números musicais, dos sons de cada tipo de espetáculo,
dentre os quais está a música O Sonho sem comprometer a nitidez de cada um
redacao@backstage.com.br
Impossível, um dos maiores ícones da deles. No espetáculo La Mancha, o sis-
Fotos: Divulgação / história do teatro musical. A produção tema de som utilizado foi um Meyer
Ernani Matos completa foi composta por 92 profissi- Sound para o PA, da Gabisom, com
mesa Venue Profile e um comple-
xo sistema RF de microfonação.
Em entrevista à revista Backstage,
os responsáveis pela iluminação e
sonorização do musical, pouco an-
tes de mais uma noite de o espetá-
culo iniciar, contaram um pouco
sobre os desafios e as complexida-
des de realizar O Homem de La
Mancha no Rio de Janeiro.

SONORIZAÇÃO
André Garrido, que atua há dez
anos em teatro musical e mais de
23 anos na área de shows, foi o
responsável pela operação do
som durante a temporada carioca
do musical no teatro Bradesco.
Todo o sistema da casa é Meyer
Sound, configurao em: L, Centro,
R, subwoofer, mais sistema de re-
torno, surround e delay. “O pró-
prio sistema da casa também foi
usado para o La Mancha, o que foi
locado a mais foi o sistema de
surround e nada mais, porque in-
clusive shows que são feitos na
casa, o Gabi (Gabisom) beneficia o
uso do L, Centro, R, subwoofer e Sistema na casa é Meyer Sound (Gabisom)
front fill, o que eu acho um luxo, por-
que não é qualquer teatro que deixa da que cada lado possuia 10 elemen- zer a operação do sistema e dar
usar um sistema assim tão completo. tos, mais seis no centro. continuidade ao trabalho. “Es-
Então o que foram locados a mais em Com designer de som projetado tou aqui como cabeça da área de
termos de caixas foi o sistema de por Daniel D’angelo, Garrido áudio, mas a configuração e o ali-
surround”, explica, informando ain- conta que foi convidado para fa- nhamento foi feito pelo Daniel.
Eu gosto da acústica do teatro. O
Bradesco é um dos que mais gosto
de trabalhar, em especial no Rio
de Janeiro, é o local que me sinto
melhor com relação a equipamen-
to, com relação a serviço, acústi-
ca. A house mix fica num local
onde realmente deveria ser, existe
um respeito com relação ao pro-
fissional de áudio por conta disso,
o que é muito bacana”, elogia.

DESAFIOS
Para Garrido, o principal desafio
ao aceitar o trabalho foi por ser a
primeira vez que operava um es-
André Garrido, operador de áudio no musical “O Homem de La Mancha” petáculo que não são eram as suas

31
que você divide uma banda, fica
REPORTAGEM| www.backstage.com.br

complicado. A mesa de mixagem,


portanto, gera um conforto. Man-
damos o som mais ou menos confi-
gurado, agrupando os metais, as
madeiras, e aí eles podem fazer a
própria mix”, explica.

VOLUME SONORO
O bom e velho dilema de ter ou não
muita pressão sonora nas apresen-
tações no Brasil também acompa-
nha os espetáculos teatrais. André
Garrido avalia que há cenas em
que o nível de pressão sonora em
demasia pode dificultar o bom de-
sempenho técnico. “A dificuldade
que eu encontrei aqui é que, nor-
malmente, o brasileiro gosta de um
32

Som é enviado para os músicos mais ou menos configurado, com metais e madeiras agrupados som um pouco mais forte. Eu acho
um pouco excessivo. Por exemplo,
configurações. “Isso foi difícil mundo bem alinhado no tempo na cena do Quarto do Dr. Quijana
para mim. As configurações de certo. Por outro lado, fica muito tem uma complicação, por conta
output não são minhas, elas já vie- bonito na posição que eles estão, a de comb filter. Tem muita gente
ram prontas, então tive que apren- plateia gosta, justamente porque falando muito próximo um do
der e decorar o que já estava previa- eles não estão no fosso. Mas, repi- outro. Os microfones estão muito
mente pronto, o que para mim foi to, é um desafio, porque toda vez escondidos, por questão de design
uma dificuldade, e é uma dificulda-
de para qualquer profissional de
áudio, porque você tem que aprender
todo o mecanismo de como funciona,
todas as marcas em todas as cenas e
isso demanda estudo”, observa.
Outra dificuldade apontada por
André foi a disposição da orques-
tra, ao vivo. Em vez de ficar alo-
cada em um fosso, como é de costu-
me em musicais ou óperas, no De
La Mancha, a orquestra ficava no
andar superior do cenário, dividi-
da em dois grupos, um à direita e
outro à esquerda. “Os músicos têm
aqui uma situação muito confortá-
vel, porque cada um tem uma me-
sa, um mixer de 16 canais, e eles
usam o mixer de acordo com o seu
próprio conforto. A dificuldade
maior é que a orquestra fica dividi-
da, em percussão e metais e bateria
e madeiras. Então isso é um desafio
para o maestro, poder ter todo
mundo em sync, poder ter todo Subwoofer Meyer Sound: privilegiar os graves é mandatório para público brasileiro
Flavio Lago, maestro durante a montagem Sistema de RF mais complexo: técnico tem que saber o posicionamento dos microfones certos para
O Homem de La Mancha cada ator

e por questão de pedido da produ- dentro do musical, e uma dificul- sação, as equalizações, os equilíbri-
ção. Se usarmos microfones muito dade é que o designer precisa se- os, o feeling do andamento de um
longe da boca com uma pressão guir muito o gosto de quem con- espetáculo inteiro, de fazer mais ou
sonora maior do que o aconselhá- tratou. Mas o áudio é o áudio. Ele menos masterizado, isso está se
vel estamos correndo o risco o tem que estar pronto e determina- perdendo. Isso e uma coisa que te-
tempo todo de ter feedback; e tirar do pelo designer, produção e pro- nho visto muito e isso me preocu-
as realimentações, os comb filters dução musical, no caso o maestro pa”, aponta.
com muito volume é muito com- ou regente”, avalia. “Em teatro musical você tem que
plicado”, avalia. Garrido lembra também que um aprender a fundo, a trabalhar to-
“Nesta cena do Quarto, como é dos caminhos é o estudo e aperfei- das as configurações, então você
um local em que ele está adoecido, çoamento técnico dessa nova ge- tem que estudar mais. Tem que
os níveis são baixos, porque eu ração de profissionais de sonori- ter um preparo técnico maior,
achei que tinha que ser baixo, por- zação. “Eu vejo muita gente nova porque a quantidade de sem fios
que normalmente num quarto de trabalhando, vejo muita gente que a gente usa é uma loucura.
um doente se fala baixo. Então a com muito software na mão, e as Você tem que configurar os RFs,
cena já não demanda volumes, e é a pessoas estão esquecendo de usar saber o posicionamento dos mi-
hora em que se escuta melhor, é a o ouvido. É isso que tenho perce- crofones certos para cada ator, para
hora em que não se agride o ouvi- bido. Por exemplo, aqui tenho quem canta, para quem não canta;
do, é uma hora em que se entende um visor que é a leitura do siste- é tudo muito difícil”, completa,
cada sílaba, cada palavra. Mas ma de áudio, mais o visor para ver acrescentando que não gosta de
exitem horas em que eles está lu- o maestro regendo, outro visor desvincular muito o trabalho de
tando, está brigando, e isso de- para os meus snapshots com as designer e operador, porque, em-
manda outro nível de volume. minhas cenas, e outro visor que bora em teatro musical haja essa
são os efeitos, se eu tiver que co- divisão de microfonista, operador,
CULTURA MUSICAL locar mais um na minha frente designer, com a escassa mão de
Para André, o público brasileiro de como normalmente estão fazen- obra de designers, o operador
teatro ainda está em processo de do, que é o das cenas (marcação), muitas vezes tem que dar conti-
formação musical, o que deixa um será muita coisa para você olhar, nuidade aos projetos. “No Brasil o
pouco mais difícil encontrar um e não tem como prestar atenção que acontece é que os designers
equilíbrio perfeito. “Estamos num em tudo. Tudo bem que você não são muito poucos. Então eles pe-
processo de formar cultura sonora erra as marcas, mas, em compen- gam um projeto e logo depois têm

33
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
34

Espetáculo contou com o rider de iluminação do próprio teatro Bradesco e ainda com equipamentos da empresa locadora parceira LPL

outros projetos para fazer, e, se lo. Este projeto tem muito critério “Quando a gente precisa para um
não tiverem um profissional de na escolha dos equipamentos que evento específico como esse do
áudio (operador) com grande ní- foram usados. Cada detalhe faz De La Mancha, que exige bastan-
vel de entendimento, o espetá- uma grande diferença, como por te moving e LED, a gente conta
culo pode virar um caos. Acho exemplo na famosa cena de Dom com as empresas parceiras.” , afir-
que o Brasil poderia fazer me- Quixote no topo da escada, em que ma. Nesta peça a LPL Professional
Lighting foi a empresa responsável
pela iluminação incluindo o for-
No Brasil o que acontece é que os designers são necimento de todos os equipa-
mentos para o espetáculo, que foi
muito poucos. Então eles pegam um projeto e logo seguido o prejeto inicial da tempo-
rada em São Paulo.
depois tem outro projeto chamando-os
DESAFIO PARA O DE LA
MANCHA
lhor do que está fazendo hoje se os moving lights BMFL e as duas Outro cuidado na construção do
houvesse um pouquinho mais de máquinas de low fog MDG foram sistema do teatro é o quadro elétri-
carinho e cuidado com o próprio fundamentais para compor esta co de visitante. “Isso é para aten-
trabalho”, observa. cena. De acordo com Vlad Russo, der a montagem do sistema deles
líder técnico de iluminação do (visitante), que é separado, porque
ILUMINAÇÃO teatro Bradesco, a equipe traba- o nosso é blindado”, relata.
A criação da luz foi de Drika Ma- lha com sistema de socapex e De acordo com Orlando Schaider,
theus, uma conceituada Light tomadera, sem vara fixa, o que dá operador de luz do La Mancha, a
Designer e que ganhou um prêmio a possibilidade de montar o set em mesa usada no musical – uma
pelo projeto de luz deste mesmo diversas varas para poder atender a Grand MA - já veio pronta e era só
musical na temporada de São Pau- todos os espetáculos. fazer a programação da própria
MA. “Usamos a MA para contro-
lar os movings ROBE: MC Aurea,
BMFL, etc. Entre as cenas, desta-
caria a cena da igreja. É uma das
cenas em que a Drika Matheus
usou 4 Robes de ponta para fazer
esse gobo da janela, e ficou fantás-
tico; acho que não teria outro
equipamento para fazer esse efeito
da janela”, avalia, destacando que
o projeto de iluminação (Drika
Matheus) também foi um grande
desafio. “Desafio, porque tudo é di-
gital, com poucas lâmpadas quen-
tes e tudo em LED. Tem pouca luz
geral, geral mesmo só para dar a
profundidade, de ir contra. Temos
também mil pontos de luz em fibra
ótica, e isso também foi uma difi-
Local da orquestra
culdade em fazer. Tudo já veio
pronto de São Paulo pela Drika
Matheus e nós só reproduzimos superiores direita e esquerda do controle de efeitos de microfonia,
aqui”, ressalta. palco. Flavio Lago, maestro do etc. “Dosar uma orquestra em um
musical, que alternava a regência microfone é muito mais comple-
ORQUESTRA AO VIVO das apresentações com o diretor xo do que dosar na mão mesmo,
Quase vinte músicos tocando ao residente musical Daniel Rocha, com eles na sua acústica normal,
vivo. O espetáculo trazia uma or- conta que, tradicionalmente, am- porque imagine, por exemplo, que
questra que, ao contrário do tradi- plificar uma orquestra já é algo o som de um trompete é muito di-
cional fosso, foi alocada nas partes complexo, junto com cantores, ferente do som de uma flauta, e
você não consegue competir esses
dois instrumentos em termos de
volume”, observa.
“Quando você tem todos os mi-
crofones abertos e o trompete
toca, o microfone vai pegar todo o
som dele, e todos os outros micro-
fones em volta também. Dosar isso
na hora de amplificar é muito
complexo. É um trabalho difícil e
fazer esse controle de som é com-
plicado. Por isso fizeram esse pro-
jeto pensando na orquestra como
parte integrante do espetáculo,
tanto que a orquestra inteira usa
figurino. É um pouco complicado,
porque a gente não tem total do-
mínio sobre a orquestra. Os músi-
cos têm que estar muito espertos,
porque nem sempre em todos os
momentos eles têm total visibili-
dade do maestro. Então, a orques-
Equipe de iluminação (da esquerda para direita): Fabiano Correa, Orlando Schaider, Anderson Aquino,
Alexandro Alves e Vlad Russo
tra, além de ter muita atenção no

35
tém estruturação rítmica, de um lado.
REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Já a parte de percussão, como é muito


grande, mais os metais, ficaram do
outro lado do cenário.

COMUNICAÇÃO
TELEVISIONADA
Como os dois lados estavam parale-
lo, eles conseguiam, mesmo de lon-
ge, olhar para o maestro. “Para eles
não é a melhor coisa, mas ainda é o
jeito mais seguro, porque tem uma
televisão ali escondida. Mas a or-
questra precisa de rigidez, de preci-
são extrema, e acontece que a tele-
visão tem um mínimo de delay, o
que atrapalha muito. Então, o mais
difícil desse espetáculo é conciliar o
que os cantores veem nas televisões
36

com o ouvido, ou seja, precisa ter


muito ouvido. Mas de qualquer for-
ma todos eles já conhecem o espe-
táculo e a partitura. Então ela tem
o som de orquestra realmente
cheia, com naipe completo de me-
tais, trompetes, duas trompas, dois
trombones, parte de percussão enor-
me, dois violões, toda a gama de ma-
maestro, tem que conhecer muito panhola e da música flamenca. deiras, fagote, clarinete, flauta e
bem o espetáculo”, afirma. Acho que foi a primeira vez que oboé. Enfim é um som muito diver-
Para solucionar essa dificuldade, pensaram nisso. Tanto a parte de sificado, uma orquestra muito rica,
os músicos da orquestra conta-
vam também com televisões, on-
de aparecia o maestro. “Eu fico Dosar uma orquestra em um microfone é
posicionado em um dos lados, e
tem uma câmera que me filma (o muuito mais complexo do que dosar na mão
maestro) e essa câmera mostra o mesmo, com eles na sua acústica normal.
maestro para o músico saber as
‘deixas’ exatas”, fala. (Flavio Lago)

DIFERENCIAL
O diretor musical fez questão de violão quanto de percussão fo- e não tem nenhum instrumento de
pegar violinistas que fossem es- ram muito importantes em todo teclado, nenhum som é sintetizado;
pecializados em flamenco, por o espetáculo”, acrescenta. o máximo são os efeitos de choque,
conta do espetáculo, da história, Segundo Flavio, com um grupo de mas em geral tudo de música é acús-
e isso fez uma grande diferença. músicos cada lado, a divisão da or- tico”, explica.
“Da parte musical, não é a toa questra ficou da seguinte forma: “(O Homem de La Manhca) é uma
que foi um espetáculo tão premi- instrumentos de sopro (que é extre- peça clássica e se manteve uma
ado, porque ele tem um refina- mamente importante ficarem juntos, estruturação musical, então é mui-
mento musical muito grande, por questões de timbre), os violões, a to bom trabalhar com instrumen-
com muitos detalhes, trazendo bateria e o contrabaixo, ou seja, a cha- tos acústicos e com esta gama de
toda a influência da música es- mada cozinha, que é a parte que man- músicos”, finaliza Flavio Lago.
Equipamentos de Iluminação- LPL Equipamentos de Sonorização (Gabisom)
PA/FOH:
01- Console Grand MA 01 – Yamaha PM5D RH (teatro);
01 – Venue Profile (O Homem de La Mancha);
24 - CE Source 4 Jr - 25/50
24 – Meyer M'elodie (L,C,R)
4 - Atomic 3000 04 – Subwoofers Meyer 700HP;
03 – Meyer UPA-1P delay balcão nobre;
10 - CE Source 4 - 15/30 06 – Meyer UPM-1P front fill;
01 – Meyer Galileu 616;
20 - PAR 16 01 – CLEARCOM SYSTEM (FOH – Monitor)

14 - Bulb Strip w/ 1 bulb MONITOR


01 – Yamaha PM5D RH;
30 - Fresnel 2K Barndoor
06 – Monitores de palco Meyer UM1P;
40 - PAR RGBW 15 deg 02 – Monitores de palco Meyer MJ212;
01 – Subwoofer para drum fill Meyer PSW2;
38 - Ribalta Standard 02 – Side fill com 01 Meyer 650P e 02 Meyer CQ2;

8 - CE Source 4 Jr - 25/50 Zoom; A Size Gobo Holder [1] MICROFONES:


02 – Shure SM58 UR4D Wireless
20 - BMFL Wash Beam 01 – Shure SM91;
08 – Shure SM57;
14 - MAC Aura XB
08 – Shure SM58;
11 - Source 4 Par NSP 08 – Shure SM58 beta;
04 – Shure KSM 137;
8 - Source 4 Par WFL 02 – Sennheiser e914;
04 – Audio Technica AT 4033;
21 - Source 4 Par MFL 02 – Microfones para púlpito Crown;

37
LANÇAMENTO| www.backstage.com.br
38

A JBL apresenta
a sua família
VRX900 Series.
Uma série de
modelos de

SERIES
sistema de
falantes e
subwoofers ideal
para quem

VRX900 - VRX932LAP
procura potência,
clareza sonora
para performance
em locais de
características
impróprias aos A linha de line arrays da JBL Serie
VRX900 lidera a indústria no
campo de reforço sonoro. Pensado
SISTEMA COM DUAS VIAS
O modelo VRX932LAP é um potente,
leve e compacto sistema de falantes de
line arrays de também para locais pequenos e fecha- 12” de duas vias desenhado para usar
grande porte. dos, a série de line arrays Constant em formato array de até cinco unida-
Curvature VRX900 foi desenhada e des. Este modelo é a escolha ideal
construída com a possibilidade de ter os quando é preciso muita performance
redacao@backstage.com.br mesmos padrões de uso avançado de um do line array, mas o tamanho do local
Fotos: Divulgação VerTec. Os falantes do modelo entregam não possui características para os tiros
extraordinária potência, clareza, flexibi- longos dos modelos de lines maiores e
Mais infor mações: lidade e, claro, um som magnífico em um ainda há necessidade de um setup rá-
http://www.jblpro.com pacote atrativo, fácil de usar e acessível. pido e fácil.
CARACTERÍSTICAS: Especificações técnicas
O módulo amplificador integrado
JBL Drivepack® DPC-2 projetado Power Rating LF Driver
1750 Watts pico 1 x JBL 2262FF 305 mm (12 in)
pela Crown fornece 1750 Watts de 875 Watts contínuo neodymium magnet
potência de pico. O módulo de en-
Alcance de frequência HF Driver
trada baseado em DSP fornece 3 x JBL 2408J, 38 mm (1.5 in)
57 Hz - 20 kHz
otimização do sistema e funciona- (-10 dB)
Controles de usuário
lidade EQ. Input Attenuator (0-16 dB)
Dimensões
Woofer diferenciado exclusivo de 349 mm x 597 mm x 444 mm
Processamento de sinal
neodímio da JBL para alta potência (13.75 in x 23.5 in x 17.5 in)
DSP based, resident in Input
e baixo peso. Resposta de frequência Module
O VRX932LAP possui 3 drivers 75 Hz - 20 kHz
AC Power Operating Range
2408J Annular Ring Diaphragm (+/-3db)
90-132 VAC ou 216-264 VAC,
HF. O número 2408 representa o Saída máxima de pico 50/60 Hz
mais recente projeto de driver de 136 dB SPL at 1m
AC Conector de entrada
compactação da JBL Professional. Cobertura Neutrik PowerCon (NAC 3MPA)
Guia de onda de Curvatura Cons- 100 x 15 nominal
AC Loop Through Connector
tante para coerência de array sem DPC-2 Saída (IED contínuo em Neutrik PowerCon (NAC 3MPB)
precedentes. forma de ruído rosa na impedância
AC Corrente requerida
de carga nominal)
Hardware de montagem integral LF: 750 Watts, HF: 125 Watts 6A per system a 120V, 3A per
para conexão simples dos gabine- system a 240V
tes e quadro de matriz opcional. DPC-2 Seção de saída
LF: Dual-Bridged Technology™, Peso
Soquete de pólo duplo para flexibi- Class D 24 kg (52 lb)
lidade e ajuste. Acessório opcional
Conector de saída de áudio
O Array Configuration Selector per- XLR com loop through VRX-AF: Quadro de
matriz suspensa
mite "sombreamento de array".

39
PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br

MASTERIZAÇÃO
E M S T E M S
PARTE 2
40

Ricardo Mendes é produtor,


professor e autor de ‘Guitarra:
harmonia, técnica e improvisação’

Se você não leu a


parte 1 deste artigo,
recomendo que leia
A cadeia de plug-ins usada na mas-
terização em Stem é basicamente
a mesma usada na masterização conven-
Mas isso é uma arranjo individual meu e,
com certeza, o mesmo resultado pode
ser alcançado com configurações dife-
cional. A verdade é que cada profissio- rentes que vou compartilhar com vocês:
a edição do mês nal tem uma maneira particular de tra- 1 – Normalize (não entra como plugin)
passado, onde balhar, e essa cadeia pode variar, mas a 2 – Equalizador subtrativo
explico como se princípio essa seria uma configuração 3 – Compressor multi-banda
bem básica: 4 – Equalizador middle-side
preparar para uma 5 – Compressor
masterização 6 – Equalizador aditivo
em Stems. 7 – Limiter
8 – Metering (correlação de fase, medi-
O acesso é gratuito dor em RMS e medidor em LUFS)
pelo site da
Backstage, basta 1 – Ganho (gain, trim ou normalize)
2 – Equalizador
fazer um cadastro 3 – Compressor
simples para ler 4 – Limiter
de graça todo 5 – Metering (medidores)
A minha cadeia é ligeiramente diferen-
o conteúdo te, com a particularidade de eu dividir o 1 – Normalize (não entra como plugin)
da edição. “metering” em 3 plugins diferentes. O primeiro passo é aumentar o sinal da
mix o máximo possível sem aplicar para fazer pequenas correções no para diminuir um pouco o bumbo,
nenhum processamento dinâmico áudio. Desconfie se for necessário preste atenção no que acontece
(limiter ou compressor) a ele. A fazer cortes dramáticos e radicais. com outros instrumentos aproxi-
maneira de fazer isso é normali- Normalmente estes cortes são ci- madamente na mesma faixa de
zando. Normalizar é o processo de rúrgicos e com “Q” bem fino, de frequência, como o baixo e tons
da bateria, por exemplo. Este é o
estágio onde faço as alterações
Normalizar é o processo de aumentar o ganho do mais drásticas na timbragem da
sinal até o ponto em que o pico chegue a 0dFS. música. Na verdade, eu penso no
compressor multi-banda como
Aplica-se a normalização ao áudio, gerando um novo um equalizador dinâmico.
arquivo com seu pico batendo em 0dBFS.

aumentar o ganho do sinal até o modo que o corte seja feito somen-
ponto em que o pico chegue a 0 te naquela frequência, sem afetar
dBFS. Esse processo não é feito em as frequências vizinhas. Caso seja
tempo real como é feito com os realmente necessário fazer cortes
plugins. Aplica-se a normalização muito grandes, talvez seja melhor
ao áudio, gerando um novo arqui- revisitar a mixagem e acertar o que
vo com seu pico batendo em 0 estiver errado. Lembre-se, equa-
dBFS. Eu, normalmente, gosto de lizadores estéreo podem causar 4 – Equalizador middle-side
dar uma ínfima margem de segu- problemas de fase. Para ter certeza Este tipo de equalizador permite
rança. Em vez de ajustar o pa- que isso não acontecerá use um equalizar separadamente o material
râmetro “level” para 100%, eu co- equalizador com correção linear de que está no centro da mixagem do
loco em 99.6%. Mas não há proble- fase. Eles são mais pesados e cau- material que está nas pontas (L ou
ma em colocá-lo em 100%. Colo- sam latência no sistema, mas man- R). É um ótimo artifício quando
car o “level” em 100% significa têm a integridade da fase do sinal queremos aumentar a percepção do
que o pico do sinal processado que passa através deles. estéreo. Este tipo de equalizador
chegará a 0dBFS. A distorção digi- comumente costuma trazer um
tal (clipping) só ocorre quando o parâmetro chamado mono-maker,
sinal vai acima de 0 dBFS, por isso que permite definir uma faixa de
você pode colocar seguramente em frequência e direcionar o sinal das
100%. A minha opção de colocar o pontas para o centro. Isso é particu-
level em 99.6% é mais psicológica larmente útil nas frequências bai-
do que matemática. E também é xas. É claro que nenhuma música é
virtualmente imperceptível ao ou- igual a outra, mas de maneira geral é
vido humano. Como disse antes, comum se privilegiar as frequências
cada um trabalha com seus méto- altas nas pontas e as médias e baixas
dos/hábitos. 3 – Compressor multi-banda no centro.
O compressor multi-banda pode
processar separadamente cada fai-
xa de frequência definida previa-
mente pelo usuário, de modo que
se um bumbo estiver muito alto,
você pode comprimi-lo sem com-
prometer outras partes do áudio. 5 – Compressor
Mas lembre-se que um compres- Esse compressor tem a função ape-
sor multi-banda não comprime só nas de dar uma nivelada suave no
um instrumento. Ele comprime sinal processado até agora. Nor-
2 – Equalizador subtrativo uma faixa de frequência. Ao com- malmente se usa ataque lento e ta-
O equalizador subtrativo é usado primir a faixa de frequência grave xas de compressão pequenas.

41
PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br

deve ser usado com muita cautela, nifica que o sinal está em fase. Se
pois ao apertar demais o parâmetro estiver posicionado à esquerda do
threshold do limiter, com o objeti- centro, algum problema na fase
vo de se conseguir mais volume, está sendo detectado.
vários artefatos são criados, acar-
retando uma deterioração do som.
Os efeitos mais perceptivos desta
deterioração são a distorção, perda
de graves e perda dos transientes
(sons percussivos). Hoje as plata-
6 – Equalizador aditivo formas digitais fazem seu próprio
Este equalizador será utilizado de nivelamento através de algoritmos.
maneira inversa ao equalizador Não faz mais sentido sacrificar a Outros mostram um leque bidi-
mensional. O que estiver fora desse
leque está fora de fase. No entanto,
é comum que ocorram pequenos pi-
Não faz sentido sacrificar a qualidade do áudio
cos fora do leque em um material
em troca de volume, pois, independente do quão alta estéreo, mesmo que este não apre-
a sua masterização esteja ela será nivelada sente problemas de fase. Mas se o
medidor indicar atividade constan-
automaticamente com as outras.
te fora desse leque, isso significa que
há problemas de fase.
42

subtrativo. Será usado para fazer qualidade do áudio em troca de vo-


pequenos ajustes de timbre adicio- lume, pois, independente do quão
nando frequências que estejam fal- alta a sua masterização esteja ela
tando. Ao contrário do equalizador será nivelada automaticamente
subtrativo, usaremos o “Q” mais com as outras. Na verdade, ela até
amplo de modo que, ao aumentar parecerá estar mais baixa do que as
uma frequência, as vizinhas ve- outras, pois a compressão excessiva
nham junto também, o que causa do limiter terá retirado os transien-
um efeito mais natural e evita a res- tes da música, e são justamente eles
sonância da frequência aumentada. que nos dão aquela sensação de
“punch” e pressão sonora.

Este terceiro meter também mede


na unidade de LUFS, que quer di-
zer: Loudness Units Relative to
Full Scale (Unidades Relativas de
8 – Metering (correlação de fase, Volume à Escala Inteira). As plata-
medidor em RMS e medidor em formas digitais usam valores dife-
7 – Limiter LUFS) rentes entre si. Veja abaixo:
O Limiter é o plugin que irá au- Sempre é importante chegar à in- Spotfy: -14 LUFS
mentar o sinal sem deixar que ele tegridade da fase do seu sinal. Al- YouTube: - 13 LUFS
ultrapasse 0 dBFS. Normalmente guns analisadores de espectro de AppleMusic: - 16 LUFS
os plugins de limiter também ofe- áudio mostram de maneira dife- Soundcloud: não nivela.
recem a opção de dithering, que só rente, mas dizem a mesma coisa. Continuamos na próxima edição!
deve ser usada na hora da conver- Os do tipo linear mostram uma li-
são para 16 bits. Apesar do limiter nha que, se o cursor estiver posi- Para saber mais
ser indispensável na masterização, cionado do meio para a direita sig- redacao@backstage.com.br
43
ÁUDIO FUNDAMENTAL| www.backstage.com.br

EXERCITANDO OS OUVIDOS
44

Hoje muito se fala


sobre as novidades
tecnológicas do
mercado de áudio, Pedro Duboc é Técnico de Áudio e membro da Sobrac (So-

mesas digitais com ciedade Brasileira de Acústica), ABPAudio (Associação Brasi-


leira de Profissionais de Áudio), ASA (Acoustical Society of
recursos fantásticos,
America) e AES (American Engineering Society).
novos modelos de
microfones, fones,
caixas e por aí vai.
O que percebo é que
H oje precisamos conhecer os softwares
do momento, como o Smaart, WWB,
entre outros, como ferramentas que nos
mais importante de um lenhador, nossos
ouvidos são a nossa ferramenta mais im-
portante. Você jamais fará um bom som
cada vez mais ajudam a desempenhar um trabalho de ex- se não desenvolver (afiar) os seus ouvi-
celência, porém, será que a ferramenta dos, e é sobre isso que falaremos hoje, so-
precisamos correr mais importante está sendo bem utilizada? bre como exercitar os nossos ouvidos.
contra o tempo para Lembro-me bem de uma história so- O mundo do áudio é dominado por
nos atualizarmos bre a diligência que fala que se gastar- equipamentos como amplificadores,
quanto a todas essas mos tempo amolando o machado, a caixas de som etc. Reconhecemos que o
missão de derrubar a árvore será rápi- nosso precioso sinal de áudio será degra-
inovações e nos da e eficiente, e, ao contrário, se for- dado quando passar por esses equipa-
mantermos mos derrubar a árvore com o machado mentos. Ao final de toda a cadeia de
atualizados no como está, sem ser amolado, certa- áudio, usaremos nossos ouvidos para
mente levaremos muito mais tempo e responder a pergunta mais importante:
mercado de
gastaremos muito mais energia para - A qualidade do som está aceitável?
trabalho. atingir o mesmo resultado. O maestro, o engenheiro de gravação e o
crítico musical experientes têm em co-
redacao@backstage.com.br O que essa lição nos ensina? mum ouvidos suficientemente treina-
Fotos: Divulgação Assim como o machado é a ferramenta dos para esse julgamento, mas e os estu-
dantes que estão aprendendo so- podemos usar 260Hz, que seria o 10dB, lembrando que 10dB são o
bre os mistérios do áudio? dó central do piano (claro que sem a dobro de loudness.
Os ouvidos do maestro, do enge- beleza harmônica do instrumento) Com o nível constante em 1000Hz,
nheiro de gravação, do crítico mu- e, em seguida, pular para 520Hz, ou mudamos apenas 5dB e, em seguida,
sical e do aluno provavelmente seja, uma oitava acima. Esses são 2dB. Pode parecer difícil em um pri-
têm a mesma sensibilidade se for- apenas exemplos de exercícios de meiro momento perceber a mu-
mos examinar por meio de uma
audiometria, a diferença é que o es-
tudante não experimentou uma É mais fácil perceber a mudança de 2dB em
audição crítica como os outros
níves mais altos de sinal, portanto, seria
profissionais, e é exatamente isso o
que falaremos aqui. interessante nesse exercício subir 10dB antes
de iniciar a percepção de 2dB.
Como seria esse treinamento au-
ditivo?
Em primeiro lugar, precisamos tons puros que podemos fazer. dança de 2dB, porém com o tempo
conhecer as frequências, talvez Logo depois, podemos exercitar de exercício isso é possível. É mais
num primeiro momento deva- nossa sensibilidade para mudan- fácil perceber a mudança de 2dB
mos limitar o range de 100Hz – ças de intensidade sonora. Inici- em níveis mais altos de sinal, por-
10.000Hz. Começamos, então, amos, por exemplo, com 1000Hz tanto, seria interessante nesse
com um tom puro de 100Hz, em em um nível constante. Em se- exercício subir 10dB antes de ini-
seguida 10.000Hz. Logo a seguir, guida, uma mudança de nível de ciar a percepção de 2dB.

45
Com esse exercício vemos que a Os harmônicos são múltiplos da
ÁUDIO FUNDAMENTAL| www.backstage.com.br

mínima mudança percebida pelos frequência fundamental de 1000Hz.


ouvidos depende do loudness do A sine wave não contém harmônicos
tom de 1000Hz, e o loudness de- por ser um tom puro, já a onda trian-
pende da frequência. gular de 1000Hz contém um fraco
Em seguida fazemos o mesmo exercí- terceiro harmônico de 3000Hz, outro
cio com 100Hz. Percebemos que é de 5000Hz e outro de 7000Hz.
muito menos perceptível a mudança Se ouvirmos a frequência fundamen-
em 100Hz do que em 1000Hz. A me- tal de 1000Hz juntamente com seus
nor mudança perceptível depende da harmônicos, então temos a diferença
frequência e do nível de som. entre a onda pura e a triangular.
Ainda nos exercícios de níveis so- Esses são apenas alguns exercícios
noros, é interessante fazer o mesmo para aprimorarmos nossa audição,
exercício com música, assim como posso citar aqui dezenas de outros
com a fala. aonde podemos treinar a detecção
O terceiro exercício é com limita- de distorção, efeitos de reverbera-
ção de banda. Primeiro colocamos ção, sinal x ruído, coloração vocal,
uma música para tocar sem filtros. mascaramento, percepção de delays
Em seguida, colocamos um filtro entre diversos outros exercícios.
passa alta (Lo-Cut) em 200Hz, em O importante é despertarmos para o
seguida 500Hz, e em seguida 1000Hz. fato de que nossa mais importante
Assim criamos uma referência dos ferramenta de áudio é o nosso sistema
cortes. Em seguida, faremos o mesmo auditivo e, assim como tudo na vida,
46

com filtros passa baixa (Hi-Cut) em 8k, precisamos exercitá-lo para um me-
5k e 2k e sempre voltando ao full band. lhor aproveitamento.
Faremos também o exercício de irre- Outro lado importante quando fala-
gularidades na resposta de frequência. mos de nossos ouvidos é o cuidado
Nos exercícios anteriores experi- que devemos ter para não perdermos
mentamos cortar as altas e as baixas, nossa audição. É bom lembrar que a
aqui, agora, trabalharemos com alte- perda auditiva é irreversível e a expo-
rações no espectro. sição a níveis sonoros muito altos por
Com a mesma faixa de música que longos períodos causa perda auditiva,
utilizamos nos outros exercícios, va- como podemos ver na tabela do mi-
mos agora dar 10dB com Q fechado nistério do trabalho.
em 8K. Percebemos que mesmo com É isso aí galera, vamos seguir cuidan-
Q fechado, algumas frequências aci- do e treinando os nossos ouvidos, afi-
ma e abaixo de 8k são afetadas. Em nal dependemos deles para ganhar o
seguida uma mudança de 5dB em 8k. nosso pão!
Agora, faremos um julgamento de Grande abraço e até a próxima!
qualidade sonora.
Como tudo na vida, alguns sons são Para saber online
descritos como simples e outros como
complexos. Estar apto a distinguir
entre o simples e o complexo, ambos
no tipo de diferença e na quantidade
da diferença, é extremamente neces-
sário no trabalho com áudio.
Aqui utilizaremos uma sine wave de
1000Hz e, em seguida, em onda triangu-
lar de 1000Hz. Ouça bem a diferença!
A onda triangular soa diferente por Matérias das edições anteriores
causa dos harmônicos que contém. https://goo.gl/FyJkHq
47
TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

DRY / WET
CUSTOMIZE UM CONTROLE PARA QUASE TUDO

Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound


designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para
48

cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

Comentar que o
Ableton Live V amos dizer que você precisa de um
controle de “Incrementos” (um
fader ou botão) para controlar um “grupo
tão de incrementos Dry/Wet destacado por
esses retângulos em verde, mas o último da
direita, Auto Filter (X vermelho) não tem!
permite que você
mapeie um
parâmetro para ser
controlável soa até
uma redundância. Figura 01- Plugins Wet/Dry or Not

Mas, em alguns
de efeitos” via Midi controlador, e isso vai
casos, pode ser mandar + mais efeito(Wet) ou - menos
nescessário uma efeito (Dry) para o seu plugin, ou efeito
no áudio!
certa engenharia,
Como exemplo, vou usar um plugin na-
alguns truques tivo da Ableton para mostra a situação
mesmo, para específica, mas o conceito serve para
muitas outras situações!
facilitar nossa vida Para ficar claro do que estou falando,
Figura 02 - Auto Filter

de produtor, veja na imagem a seguir a situação: Vamos focar só no plugin Auto Filter, então!
controladorista, Temos aqui quatro plugins da Ableton, Abra um novo projeto e insira em um
Reverb, Simple Delay, Flager e Auto Filter. áudio Track nesse plugin – Auto Filter!
DJ, etc. Repare que os três primeiros já têm um bo- Abra seu projeto no“Session View”,
do (retângulo vermelho) e aper-
tando com o direito para revelar
submenu (Ctrl + R no PC, ou
Comm + R no Mac), dê um novo
nome a essa instância! Que tal?
WET!
Agora clique nessa instância WET
com o botão direito para selecio-
nar, e com o botão esquerdo crie
uma outra instância Chain, troque
para cor amarela (se preferir) e já
mude o nome para DRY.
*Alternativamente, clique com
Figura 03 - Loop Ref
botão direito do mouse na área
Drop Audio Effects Here para
...Browser (Ctrl + Alt + B no PC ícone (seta verde) à esqueda do Create Chain (para criar uma
ou Alt + Comm no Mac), ...Audio plugin: Macro Controls. nova instância nessa lista).
Effects, ...Auto Filter, agora arras- Nosso próximo passo será selecionar Nesse momento vamos aproximar
te o plugin para cima do track que
você quer o efeito (ou dê duplo
clique). Para facilitar a vizualização,
eu deletei os outros tracks de Midi e
Audio!
Vamos adicionar um Loop para
termos uma fonte de áudio para
testar o resultado do efeito final!
Browser... Samples... Bongos -
121bpm.wav (ou qualquer outro
de sua preferência).
Agora vamos trabalhar no plugin
Auto Filter.
Dê duplo clique no nome do Track Figura 04 - Group Devise
(para revelar o plugin), e clique no
plugin com o botão esquerdo para esse outro ícone logo abaixo, Chain o cursor do mouse junto a esse
selecionar o Devise, e com o direi- List (seta verde ainda à esquerda). ícone Chain e selecioná-lo para
to para revelar o submenu, como Isso vai revelar essa instância do expandir a Zone Editor.
Aproxime o cursor do Mouse junto a
esse pequeno retângulo azul (ZO-
NE) no Zone Editor e veremos o
cursor se transformar de seta (quan-
do em cima do retângulo) para col-
chete a medida que afastamos o
cursor ao longo do Zone Editor.
Com o cursor em forma de colche-
te, aperte o botão esquerdo do
mouse para arrastar (aumentar ar-
Figura 05 - Chain and Rename WET
rastando) esse retângulo que vai se
mostra a imagem acima. Com o plugin em uma lista que permite transformar em uma faixa (Zone
cursor e botão direito apertado, se- que você encadeie (Chain) várias Range) por todo o Zone Editor; de
lecione “Group” (alternativamen- instâncias nesse “Group” criado 0 até o 127.
te Ctrl + G no PC, ou Comm + G anteriormente. Então, selecione Esse é o nosso objetivo com as duas
no Mac). Então selecione esse essa instância com o botão esquer- instâncias (WET/DRY).

49
ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

1 (retângulo verde) estará assina-


lado, mapeado ao cursor de sele-
ção no Chain Ruler que acabamos
de mapear!
Reparem que, depois de mapeado,
o Aste Seletor (cursor) recebe um
pequeno ponto verde sobre ele
(destacado pelo círculo verme-
lho). Acho que também podemos
renomear esse botão mapeado na-
quele mesmo processo usado em
etapas anteriores: WET/DRY está
de bom tamanho.
Ok, estamos no ponto de testar
Figura 06 - NeweChain-Rename-Color nossa programação!
Fiz alguns ajustes no Auto Filter
No mesmo mood, vamos alterar ções: Selete Map to *Macro 1. plugin para que pudéssemos perce-
esse controle azul claro (Fade Ran- (como mostra a imagem acima). ber bem o efeito (marca amarela)
ge), mais estreito logo acima dessa *Isso significa que o botão Macro Cuidado com o volume! Abaixe os
que aumentamos.
50

Na instância WET, vamos arrastar


da esquerda para a direita, diminu-
indo (do 127 ~ 65), como indica a
seta verde superior. Repita o mesmo
processo com a instância DRY, só
que dessa vez comece da direita para
a esquerda diminuindo (do 0 ~ 64),
como sugere a seta verde inferior na
imagem. Repare a rampa (Ramp) de
cores diferentes criada.
Vamos fazer agora o mapeamento
do Chain Seletor que no Ableton
Figura 07 - Zone Editor

Figura 08 - Adjust Full Lanes

Live 10 é esse pequeno “Aste Se-


letor” azul claro sobre a régua de
seleção (Chain Selector Ruler),
indicado pela seta verde!
Com o botão direito bem em cima
do seletor, clique com o botão di-
reito e o submenu mostrará as op- Figura 09 - Adjust Fade Range
para direita, e veja que você tem
total controle sobre a quantidade
de efeito aplicado no Track.
Nesse mesmo setup você pode usar
qualquer outro plugin ou grupos de
plugins que você deseje manter
inalterado, tendo assim um contro-
Figura 10 - Map Macro Botton 1 Figura 11 - Rename e Color le “independente” na quantidade
níveis para não afetar as caixas, ou clado para começar o Loop e mexa de efeito aplicado no Track ou Gru-
os ouvidos. Aperte a barra do te- no botão mapeado, para esquerda e po de plugins. Esse processo previ-
ne de você, acidentalmente, numa
Jam, bagunçar os seus presets e sal-
var por engano, por exemplo.
É isso por hora amigos.
Bom proveito e boa sorte a todos!
Para saber online
Figura 12 - Modulating Botton

Figura 13 - Other Plugin W-same Config Facebook - Lika Meinberg

51
TECNOLOGIA|PRO TOOLS| www.backstage.com.br

Figura 1 - Homestudio com diversos equipamentos externos

SEU HARDWARE PREDILETO


52

Se tem uma área


que mudou muito
E O PRO TOOLS:
rápido, foi a entenda como integrar
de produção
musical no sintetizadores e efeitos externos
que se refere à
qualidade dos
Cristiano Moura é produtor, en-
instrumentos genheiro de som e ministra cur-
virtuais sos na ProClass-RJ

e plugins.
No início,
eram
considerados
V eja na figura 1. Como nos primei-
ros homestudios, apesar de contar
com o computadores, os sons vindos
pressor, por exemplo, e o Pro Tools pensou
neste público também. Neste artigo, va-
mos aprender as formas mais eficientes de
apenas dos módulos de sons, teclados e perifé- interligar seus equipamentos para usar
“brinquedos”, ricos ainda eram essenciais. em conjunto com o Pro Tools.
Então, dependendo da época em que você
se comparados começou a produzir música no computa- SUA INTERFACE É SEU
aos hardwares, dor, é possível que não sinta a menor ne- LIMITADOR
mas não é mais o cessidade de investir em hardware, dada Primeiramente, é importante estar ci-
essa evolução. Por outro lado, muitas pes- ente de que para interligar diversos
caso hoje em dia. soas têm unidades físicas que gostam mui- equipamentos físicos você vai precisar
to, seja um teclado, um reverb ou um com- de uma interface com múltiplas entra-
ra-se que seja reconhecida no seu
computador sem problemas, mas
caso não aconteça, acesse o manual
do fabricante para ver se há necessi-
dade de instalar algum driver.
Dentro do Pro Tools, vamos criar um
Figura 2 - Interface de áudio com múltiplas entradas Instrument Track, que é o único tipo
de track capaz de lidar com conexões
das e saídas (Figura 2). interface, e MIDI IN do teclado no de áudio e MIDI simultaneamente.
A conta é simples: para ligar em MIDI OUT da interface (Figura 4). Talvez você precise melhorar sua
instrumento externo estéreo, você
precisa de duas entradas. Já para li-
gar efeitos externos, é mais com-
plicado; você precisa de duas en-
tradas e duas saídas. Mais abaixo,
falaremos mais sobre o motivo.

INTEGRANDO TECLADOS
COM ÁUDIO + MIDI
No caso de sintetizadores analó-
gicos sem conexão MIDI, não há
muito o que fazer a não ser gravar o
áudio, exatamente como faríamos
com uma voz.
Porém, especialmente os tecladis-
Figura 3 - Teclados workstation
tas que tocam muito ao vivo, geral-
mente têm teclados que, além de Obs.: se seu teclado tiver conexão visualização e acrescentar pelo
meramente poder enviar dados USB, ela pode ser usada como cone- menu View > Edit Window Views
MIDI, também tem um banco de xão MIDI no lugar das ligações tra- as opções “I/O” e “Instrument”.
sons de primeira linha. Dado o in- dicionais mecionadas acima. Espe- No campo I/O, defina no Input a
entrada que você ligou seu instru-
mento e no Output direcione nor-
malmente para suas caixas de som,
como nos outros canais.
Já o campo “Instrument” é referen-
te às conexões MIDI. Então no IN
e OUT escolha a conexão MIDI em
que o teclado foi ligado ou a porta
USB do teclado (Figura 5).
Figura 4 - ligações para teclado externo Este método permite que, na mes-

vestimento e qualidade, fatalmen-


te também vão querer usar estes
sons em estúdio.
Alguns exemplos são os teclados
da Roland, Korg e Nord (figura 3).
Então vamos aprender a interligar
tanto o áudio quanto o MIDI. Para
começar, as ligações físicas são
três: AUDIO OUT do teclado no
AUDIO IN na sua interface, MIDI
OUT do teclado no MIDI IN da sua Figura 5 - Configurações Instrument Track

53
TECNOLOGIA|PRO TOOLS| www.backstage.com.br

ma pista, o usuário possa monito-


rar o áudio vindo do teclado e, ao
mesmo tempo, registre a perfor-
mance em MIDI, que é muito mais
flexível para edição.
A contrapartida neste caso é que o
teclado deve sempre estar ligado e
conectado à interface, pois ele está Figura 6 - Ligações para efeito externo
sendo usado como módulo de som
também, ao invés de um plug-in de de para recall, preço e muito mais,
instrumento virtual. INTEGRANDO EFEITOS não são poucas as pessoas que ain-
O que normalmente se faz para EXTERNOS da preferem a sonoridade de pro-
evitar este inconveniente é fazer toda Ainda que um processador exter- cessadores externos. Então vamos
a edição MIDI até ficar exatamente no tenha diversas desvantagens às ligações primeiro.
A ligação para processamento de
efeitos externamente é bem dife-
rente da ligação de instrumentos.
O sinal precisa sair do Pro Tools (e
do computador), entrar no efeito,
processar, e voltar para o Pro Tools.
Este tipo de processo é chamado de
Send/Return.
Então você precisa ligar um cabo
Figura 7 - Criando o path de insert para ligar o OUT da interface no
54

IN do processador externo, e um
como você quer, e depois gravar o re- comparado a um plugin, como só segundo cabo que vai do OUT do
sultado em um track de áudio, libe- poder ser usado em um único ca- processador externo para o IN da
rando assim o instrumento. nal, manutenção, ruído, dificulda- interface. É importante ressaltar
que se formos usar o OUT 4 da
interface também temos obrigato-
riamente que usar o IN 4. Se usar o
OUT 12, usar o IN 12 também é
fundamental, e assim por diante
(Figura 6).
Lembre-se que se for estéreo, preci-
samos de duas entradas e duas saídas.
Agora temos que pensar que o
Pro Tools não detecta automati-
camente nada. Precisamos “avi-
sar” ao Pro Tools que temos um
processador de efeito inserido.
Para fazer isso, vamos acessar o
menu Setup > I/O… e na aba
“Insert” clicar no botão “New
Path”, escrever o nome do proce-
ssador e avisar se é estéreo ou
mono (Figura 7).
Por último, falta apenas indicar em
que entrada/saída este efeito está
ligado. Para isso, basta clicar na
conexão indicada (Figura 8).
Figura 8 - Atribuição da conexão de áudio Pronto! Agora ao clicar em um
insert, você vai reparar que, além
das opções de plugins, também te-
remos a opção I/O, que interliga
automaticamente o efeito externo
de forma simples (Figura 9).

DETALHES TÉCNICOS
IMPORTANTES
Qualquer um dos dois processos
pode ocasionar latência (atraso
no som). Isto ocorre por três
motivos distintos e que não po-
dem ser confundidos: o tempo de
processamento do Pro Tools, tem-
po de conversão entre o ambiente
digital e analógico e, por último, o
tempo de processamento do equi-
pamento externo.
O tempo de processamento inter-
no do Pro Tools é determinado Figura 9 - Hardware Insert

pelo Hardware Buffer Size, acessí-


vel pelo menu Setup > Playback pre haverá um atraso na moni- que estiver satisfeito é bom gra-
Engine, e como a maioria deve sa- toração/audição quando estiver- var o resultado em uma nova
ber, quanto menor o número, me- mos trabalhando com instru- pista de áudio.
nos latência. mentos externos em tempo real. Já com relação à latência ditada
Então há de se ressaltar que sem- Então use um valor mínimo para pela conversão, não precisa se pre-
minimizar este atraso, e uma vez ocupar muito, pois ela é minúscula
(na casa de 1–3 ms) e, no caso do
efeito externo sendo usado como
insert, ela já é automaticamente
compensada.
Por último, há também o atraso
do próprio processador externo,
e o Pro Tools não tem como sa-
ber qual é atraso inerente. Mas
você pode consultar o manual
para ver corretamente, ou sim-
plesmente fazer uma gravação de
uma pista para outra para identifi-
car o atraso. Uma vez identificado o
valor, basta inserir na coluna H/W
Insert Delay na caixa de diálogo I/O
Setup (Figura 10).
E com isso vamos ficando por
aqui. Espero que tenha esclareci-
do algumas dúvidas, e não dei-
xem de sugerir assuntos para os
próximos artigos.
Abraços e até a próxima!
Para saber online
cmoura@proclass.com.br
Figura 10 - Hardware Insert Delay

55
VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO

RUSH™ MULTIBEAM 2
http://www.martinprofessional.com.br/
home/produtos/rush-multibeam-2
O RUSH™ Multibeam 2 é um versátil
efeito de luz, com duas barras de LED mó-
veis - cada uma com 5 feixes estreitos con-
trolados individualmente para poderosos
efeitos no ar. Possui 10 beams de longo al-
cance, estreitos e intensos, com dimming
eletrônico e efeito strobe. O RUSH™
Multibeam 2 vem com macros pré-pro-
gramados para efeitos fáceis, função más-
ter/slave, assim como a ativação de DMX
ou sonora. Entre as especificações se des-
tacam efeito multibeam intenso e pode-
roso; 10 LEDs de 10W RGBW com con-
trole individual; duas barras com con-
trole individual.
56

MOVING HEAD BEAM 7R S 230W


https://www.star.ind.br/site/pt/produtos/427/
moving-head-beam-7r-s--230w/
Com prisma rotativo de 8 faces, DMX: 16 canais e
potência de lâmpada de 230W – 7R, o novo produto
da Star é perfeito para ser usado em diversas ocasiões
em que seja necessário eficiência e versatilidade. O
disco de cores possui 14 cores + Branco, além de
efeito Rainbow. A roda de gobos vem com 17 gobos
+ aberto, efeito Rainbow e efeito Shake. Outras ca-
racterísticas são Dimmer/Strobo, filtro Frost: 0%
~100% linear, Pan de 540° / Tilt de 270°, além de
foco com ajuste linear. As dimensões e o peso do
produto também são dois pontos a ser levado em
consideração: 35,5 X 39 X 45 cm e 17 Kg. O consu-
mo é de 250W e opera em Bivolt.
AXCOR PROFILE 400 E 400 HC
https://www.claypaky.it/en/products/axcor-profile-
400#news
Com a série AXCOR PROFILE 400, a Claypaky vem revolu-
cionando o Mercado médio oferecendo uma luminária que é
capaz de aglutinar quase todos os avanços da iluminação, ca-
racterísticas mecânicas e eletrônicas dentro de um extraordi-
nário corpo compacto: menos de 65 cm de altura. No produto
cabe um motor de 300W de LED branco, disponível em duas
versões: com saída de 6500K (Axcor Profile 400) ou tempe-
ratura de cor de 5600K (Axcor Profile 400 HC) e CRI de cer-
ca de 70 ou 90, respectivamente. Entre as características ex-
cepcionais essa luz compacta de LED oferece um sistema de
enquadramento que trabalha em quatro planos focais, seção
de efeitos com roda de animação, um sistema de cores com-
pleto com CTO linear e Iris de alta precisão mecânica. O
Axcor Profile 400 é extremamente silencioso e tem 3 modos
de operação, que podem ser selecionados de acordo com cada
necessidade: Silent, Standard e Auto. O peso deste equipa-
mento fica em torno de 25kg.

CONTROLADOR DE SISTEMAS ONYX


www.obsidiancontrol.com / www.elationlighting.com
A Elation apresenta um novo capítulo
na evolução do sistema de controles
Obsidian Control Systems com o lan-
çamento do ONYX, uma plataforma
inovadora e descomplicada de con-
trole de iluminação que é compatí-
vel com todos os produtos da M-
Series. O ONYX foi desenvolvido
para atuar junto aos modelos da M-
Series tais como M-DMX, M-Touch,
M-Play, M2PC, M2GO, M2GO HD,
M1, M1 HD e M6. A primeira versão
do software, o ONYX 4.0, inclui me-
lhorias na livraria e um marco com
novas características e funções que es-
tarão disponíveis em um futuro próximo. O software foi desenvolvido por profissionais com mais de 25
anos de experiência em controles de iluminação, de forma que o produto oferece uma plataforma está-
vel e eficiente, fácil de programar e de operação intuitiva. Em todos os estágios do desenvolvimento do
ONYX houve um esforço para apresentar ao usuário um ambiente simples e de controle “limpo”, o que
significa que não precisa ser um expert em TI para operá-lo. O ONYX está apto a trabalhar desde pe-
quenos shows até grandes produções com ferramentas fáceis de usar e ambiente gráfico otimizado que
se adapta a qualquer tarefa ou complexidade.

57
ILUMINAÇÃO | www.backstage.com.br
58 CADERNO ILUMINAÇÃO

Vitrine e estratégias promocionais permanentes com Iluminação Cênica. Fonte: Simon Hatter

A iluminação cênica
tem sido referência
para diversas
manifestações
artísticas e cultuais
como recurso
DOS PALCOS
PARA AS VITRINES
essencial para a
valorização de
protagonistas e para Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de even-
tos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design
a proposição de de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisa-
dinâmicas que dor em Iluminação Cênica.

também enaltecem
os espetáculos e
shows, transmitindo
sensações e
N esta conversa, esta forma de ilu-
minação será analisada como con-
ceito aplicado a outros espaços, com
como também por interesses estéti-
cos, mas, principalmente, de forma a
estimular a compra e memória dos
fins comerciais, cujo objetivo está re- consumidores.
percepções únicas. lacionado à possibilidade de oferecer O setor de varejo – composto por todas
atratividade e atenção para produtos, as empresas e organizações comerciais
Vitrine e estratégias promocionais pontuais com Iluminação Cênica. Fonte: Retail Jeweller

cujas atividades de venda de bens dade e alternativas versáteis na comércio varejista prezando pela
ou serviços são realizadas direta- forma de demonstrar e comercia- rapidez e eficiência, para o melhor
mente com os consumidores fi- lizar produtos. Essas ações podem atendimento das necessidades dos
nais – faz parte de um segmento ser puramente pontuais, com pra- clientes. Mas onde se aplica a ilu-
de mercado cujas experiências e zos e meios limitados, ou perma- minação cênica nesse contexto?
transformações têm ocorrido de nentes, com proatividade, versati- Os espaços comerciais são desen-
maneira rápida e intensa em lidade e planejamento. volvidos de maneira setorizada,
meio aos avanços tecnológicos e Cada vez mais exigente, o consu- para melhor comodidade e con-
às mudanças de comportamento
dos consumidores. Em condições
normais de competitividade, tor- Inovação e compartilhamento integram
na-se fundamental a busca de es- estratégias adotadas pelo comércio varejista
tratégias diversificadas, alinhadas prezando pela rapidez e eficiência... Mas onde se
à inovação nas soluções e proces- aplica a iluminação cênica nesse contexto?
sos promocionais e de comercia-
lização, para a sobrevivência nos
mercados atuantes. midor final busca novidades, in- forto para os consumidores, orga-
Mas nessa prévia teórica, as em- centivado pelas interações das em- nização visual e projetual. Novas
presas inseridas no varejo neces- presas do setor com os meios de tecnologias surgem constante-
sitam de ações assertivas, dinâ- comunicação e as redes sociais. mente, alinhadas à oferta de solu-
micas e adaptadas a essas mudan- Inovação e compartilhamento in- ções diversas para cada espaço,
ças, exigindo criatividade, agili- tegram estratégias adotadas pelo permitindo também o enalteci-

59
ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO

Vitrine e Visual Merchandising com Iluminação Cênica. Fonte: Refinery29


60

mento das marcas, fachadas, layout, cação do ambiente de um ponto de


merchandising e vitrines. Lojas que venda, proporcionando identidade e
não acompanham essa evolução ten- personalização para o interior do es-
dem a se estagnar e, consequentemen- paço comercial, mas de maneira deci-
te, serem esquecidas em um universo siva para a vitrine. Ao destacar esse
cada vez mais marcado pela prolifera- mostrador ou mesmo elementos da
ção de imagens e experiências. fachada de uma loja, naturalmente
Com isso, a estimulação dos consumi- haverá mais ênfase na percepção dos
dores ávidos por novidades poderá produtos expostos, e convite para a
ocorrer, presencialmente e espacial- visita ao interior, pela capacidade de
mente, no primeiro contato com as atratividade aos olhos do público, e

Ao destacar esse mostrador ou mesmo elementos


da fachada de uma loja, naturalmene haverá
mais ênfase na percepção dos produtos expostos

vitrines, espaços destacados para a ex- diferenciação perante à concorrên-


posição de produtos, coleções, con- cia. E, para isso, a iluminação se tor-
ceitos e informações. Esses espaços na a mais importante ferramenta
possuem características e dimensões para o Visual Merchandising.
diferenciadas entre os estabelecimen- A vitrine é um elemento de extrema
tos, e não há um padrão regulamenta- importância para um espaço de vare-
do ou normatizado. Todos os espaços jo. Para uma loja, esse elemento mos-
comerciais, no entanto, têm funções e trador não deve apenas atrair as pes-
objetivos similares: serem chamari- soas para entrarem no espaço interi-
zes, na demonstração de produtos e or, mas também deve apresentar uma
ações promocionais. identidade contextualizada com a
Algumas técnicas aplicadas aos es- marca, destacada para os clientes. A
paços comerciais, como o Visual vitrine de uma loja dá aos novos cli-
Merchandising, permitem a qualifi- entes a primeira impressão sobre a
Vitrine e Visual Merchandising com Iluminação Cênica. Fonte: Retail Focus

loja, marca e produtos. passo que determinados aspectos per-


A iluminação como recurso funda- cebidos nas vitrines, vinculados de
mental para a visualização das infor- maneira tradicional aos modelos em-
mações e produtos demonstrados na blemáticos da composição cênica tea-
vitrine pode ter um impacto ainda tral, podem também atrair a atenção
mais decisivo quando corretamente de potenciais compradores para a loja,
contextualizada com o projeto de vi- pela retenção dos estímulos na mente
trine. Ainda mais, quando técnicas dos espectadores, resultando em uma
específicas, como da Iluminação Cê- compra posterior por meio de comér-
nica, podem proporcionar efeitos e cio eletrônico (via website da loja).
dinâmicas atrativas e reveladoras de Essa técnica de aguçamento de me-

A iluminação como recurso fundamental para a


visualização das informações e produtos
demonstrados na vitrine pode ter um impacto ainda
mais decisivo quando contextualizada

aspectos e elementos específicos mórias – visuais, afetivas, influen-


para a criação de cenários instigan- ciadoras – tem sido utilizada pela pu-
tes e incentivadores. Se um dos obje- blicidade de diversas maneiras, inclu-
tivos da iluminação aplicada à vitri- sive por Lighting Designers em espe-
ne é valorizar ou reforçar uma marca táculos que provocam reflexões, sur-
ou produto, a Iluminação Cênica po- presas e emoções, pela ativação de
derá ser um meio potencialmente percepções e sensações associadas
próspero para a conquista de resulta- também à memória. Ainda mais
dos promissores. quando recursos da Iluminação Cêni-
Simples adequações da iluminação ca, tais como paineis de LEDs e Video
disponível já poderão também pro- Walls podem ser utilizados como in-
porcionar vendas espontâneas, pelo tegrantes de um projeto cujo objetivo
simples fato de revelarem correta- é induzir um Storytelling – composto
mente os elementos destacados, ao por recursos visuais que podem con-

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62 CADERNO ILUMINAÇÃO

Vitrine e Storytelling com Iluminação Cênica. Fonte: Civic Innovation Design

tar uma história relevante sobre a contemple variações e dinâmicas atmosferas e cenários únicos e per-
marca ou o produto. de acordo com momento diferen- sonalizados, além da valorização,
Projetos luminotécnicos que pre- tes para os mesmos clientes. ornamentação e particularização,
zam por soluções estáticas tendem Ainda sobre a temperatura de cor, o tão próprias para espetáculos co-
a acomodar a percepção visual a correto alinhamento dessa grandeza mo para as vitrines. De fato, a Ilu-
uma condição de monotonia e luminotécnica aos elementos ex- minação Cênica pode se configu-
previsibilidade. Do contrário, postos nas vitrines tona-se funda- rar em uma ferramenta fundamen-
com a possibilidade de simulações mental para o resultado esperado. tal para as estratégias promocio-
versáteis e compatíveis com asso- Complementar a isso, o uso de fil- nais, por todas as possibilidades e
ciações mais interessantes, como tros para luzes coloridas pode ainda recursos disponíveis.
com a simulação das variações da proporcionar vigor e vivacidade, Mais e mais oportunidades surgem
luz no decorrer do dia, que se ca- desde que adequadamente e sutil- para Lighting Designers, em pro-
racterizam pela constante mudan- mente. Em outras condições, com duções artísticas e eventos pontu-
ça de temperaturas de cor e inten- exagero, pode ser atrativo e excitan- ais ou seriados. Outras podem es-
sidade, ou que se alteram sensivel- te, mas a relação da iluminação com tar mais afastadas dos palcos, em-
mente nas mudanças de estação os elementos expostos será comple- bora proporcionem as mesmas rea-
ou mudanças no clima, já se tor- tamente diferente – nesse caso, a luz lizações e satisfações. Muitas delas
nam diferenciais, intrigantes para será protagonista, em detrimento da podem estar evidentes, inclusive,
os consumidores mais atentos. marca ou produtos. na vitrine mais próxima...
Com esses elementos, a ilumina- Aliado a isso, as técnicas de Ilumi- Abraços e até a próxima conversa!
ção de varejo pode se tornar mais nação Cênica identificadas e anali-
atraente e chamativa quando o sadas em conversas anteriores, Para saber mais
projeto de iluminação é otimizado muitas delas associadas aos princí- redacao@backstage.com.br
para os produtos expostos, e que pios do Design e da Gestalt, criarão
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ROQUE
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Foto: George's Studio

SANTEIRO O MUSICAL - EM 1996


A queles quarenta minutos que o táxi levou do San-
tos Dumont até o Morro da Viúva me pareceram
intermináveis. Meu atraso já somava mais de uma hora
fora pelo produtor Moysés Ajchenblat do rigor profis-
sional da Diva.
É, estou pondo o carro na frente dos bois. Acontece
e estar desse tanto atrasado para uma reunião com Bibi que aquela minha volta ao Rio depois de meses longe,
Ferreira – me acredite – não é bom negócio. Entrei es- o cheiro do mar, o calor do verão, a sombra das amen-
baforido pela magnífica portaria, que de imediato le- doeiras contrastando com o transito frenético da ave-
vou-me de volta à infância, plena que era de mármores nida Oswaldo Cruz – um território que minha cario-
e madeiras nobres como costumavam ser os prédios quice frequentara muito pouco – me propôs este início
mais elegantes do Centro e da zona sul carioca dos algo nostálgico. Vamos do começo então? Podemos
anos 50. Identifiquei-me ao porteiro e após cinco mi- voltar a uma bela tarde em meados de 1995, no aparta-
nutos de um diálogo sorridente pelo interfone (certa- mento de Moysés, encravado na fronteira entre
mente travado com a funcionária de Bibi) ele Ipanema e Leblon que o Jardim de Alá determina. Sua
reassumiu o ar grave que porteiros de prédios assim si- funcionária me servia o café e eu pensava na proposta
sudos têm por dever de ofício. Saiu, solene, da impo- que ele me fizera minutos antes.
nente escrivaninha e abriu gentilmente a pesada porta - Vou produzir um musical. Roque Santeiro.
do elevador para que eu entrasse. A grade panto- Moysés sorrira e saboreara minha surpresa.
gráfica, dourada por décadas de lustro contínuo, fe- -?
chou-se. O elevador foi subindo lentamente, dando- - Isso. Uma produção grande.
me algum tempo para pensar numa desculpa válida, o O musical baseava-se num desejo antigo de Dias Go-
que eu de antemão sabia que seria inútil, avisado que mes, que havia escrito a peça que dera origem à novela,
LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM

O Berço do Herói, proibida pela censura ditatorial em para a primeira leitura: Agildo Ribeiro, Nicette Bru-
1965. Dez anos depois, apoiado pela Globo, ele tentara no, Milton Gonçalves, Sidney Magal, Rogéria, Bem-
transformar a trama em novela, com esse mesmo títu- vindo Sequeira... um elenco estelar. Bibi olhou-me
lo, musicada por Edu Lobo e Caetano Veloso, mas a com aquela cara de “onde-você-estava-é-inútil-falar-
censura voltou a mostrar suas garras e Roque Santeiro de-atraso-de-avião-coisa-e-tal”. Baixei a cabeça e
acabou por só poder ir ao ar em 1985, com uma trilha desisti de falar do voo cancelado que me atrasara.
sonora que acabou por revelar – em dois discos – al- Pouco tempo depois, eu e Guarabyra nos recolhemos
guns dos maiores sucessos da discografia novelesca em algum lugar, não lembro onde, e matamos em uma
brasileira: as compostas por nós, Sá & Guarabyra (Ro- semana a trilha que nos cabia. Voltei com as músicas
que Santeiro, Dona – com o Roupa Nova - e Verdades e para o Rio e gravei com o produtor e arranjador Pedro
Mentiras), o De Volta pro Aconchego de Dominguinhos e Braga, enquanto a Claudia Alvarenga – preparadora
Nando Cordel (com Elba Ramalho), a Vitoriosa de Ivan vocal - tentava ensinar a cantar um elenco que em sua
Lins e Vitor Martins, os Mistérios da Meia Noite de Zé maioria não tinha a intimidade musical necessária.
Ramalho, o Santa Fé de Moraes Moreira... Nos ensaios, fiquei mais próximo de Dias e Bibi.
Foi lembrando disso que entendi a intenção de Dias Compartilhávamos a preocupação com a crise que co-
Gomes em retornar à ideia da comédia musical. meçava a mostrar sua
- Mas vocês já não cara no país e que, como
têm uma trilha do de costume, atingia
Edu com o Caeta- antes de tudo o en-
no? – perguntei ao tretenimento e as
Moysés. artes. Mas na verda-
- Esse material foi de não havia na-
perdido. O que te- quela época uma cul-
mos é o que o Caeta- tura do Musical, co-
no pegou das letras mo já existe hoje
originais do Dias e no Brasil. Dava-se
musicou. Mas falta mais importância
toda a parte do 2º ato. à parte do desem-
Eu queria que você e o penho teatral que
Guarabyra musicas- às habilidades vo-
sem as letras do Dias cais dos atores. O
que estão prontas e resultado acabou
completassem o resto. sendo aquém do
Claro que liguei pro esperado e com
Guarabyra na hora. To- 13 atores e 29 bailarinos/cantores na folha de paga-
pamos a empreitada. A trama era um terreno já bem mento, Roque Santeiro – o Musical não conseguiu se
conhecido por nós e de quebra ganharíamos em Dias sustentar em cartaz por mais de alguns poucos me-
Gomes um parceiro de peso, que havia muito admirá- ses, frustrando a todos que trabalharam duro por
vamos como escritor e teatrólogo. Mas o Moysés não seu sucesso.
parou por aí: No ano passado, a opereta brasileira idealizada por
- Queria também que você fizesse a direção musical... Dias Gomes foi devidamente resgatada em São Paulo,
Pedi um tempo pra pensar. Além de não ser minha es- com trilha sonora de Zeca Baleiro e direção de Débora
pecialidade – nunca havia feito algo semelhante – eu Dubois. Um elenco enxuto e uma produção de acordo
morava em São Paulo e esse tipo de trabalho exigiria com a realidade da nossa cultura tornaram possível o
uma presença constante. Mas Moysés cortou minhas renascimento desse brilhante texto, que parece não en-
preocupações maiores pela raiz: velhecer nunca, admitindo intermináveis releituras.
- Vamos ter um arranjador e uma preparadora vocal. Dias Gomes morreu aos 76 anos, em 1999, num absur-
Em dois ou três dias por semana aqui no Rio você re- do acidente de carro em São Paulo. Dele me resta uma
solve o principal da coisa. carinhosa dedicatória na contracapa de sua autobio-
Voltemos então à avenida Oswaldo Cruz, ao vetusto e grafia: “Para Sá, seu talento, seu profissionalismo, com
imponente prédio dos anos...40? 50?... A funcionária um forte abraço do Dias Gomes – Rio, 17/5/98”.
de Bibi abriu-me a porta. Na sala, os atores reunidos Foi uma honra trabalhar ao seu lado.

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