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OS DESAFIOS DO

TELEJORNALISMO
REGIONAL
Universidade Federal de Mato Grosso
Cuiabá, 9 de julho de 2008

Aluna: Mariana Coelho Vianna Gomes


6 º semestre de jornalismo

Telejornalismo

#DESAFIOS GERAIS

Qualidade da informação

“A informação diversificada e a busca de novos ângulos de uma notícia são


fundamentais para não cair na mesmice do jornalismo de agenda – aquele em que os
profissionais se prendem a datas para formular pauta,” é o que diz a jornalista televisiva
Luciane Bacellar.

Analisando de uma perspectiva mais ampla, um dos primeiros desafios do


telejornalismo é garantir a qualidade da informação à sociedade. Sendo a televisão o
meio de comunicação que maior número de pessoas alcança, é imprescindível que o
meio procure inovar e manter a qualidade da produção sempre. Entretanto,
diferentemente das demais mídias, quando se fala em qualidade da informação, a ótica
não se restringe à checagem e a qualidade na construção da notícia, mas,
principalmente, na maneira de apresentá-la.

Autoras do livro ‘Jornalismo de Tv’, as jornalistas Luciana Bistane e Luciana Bacellar


acreditam que a fator criatividade deve ser um aliado constante na produção da notícia
e do telejornal. “Com exceção das reportagens exclusivas, todos os jornais trazem as
mesmas informações. Só acontece uma dúzia de coisas interessantes por dia, que
mereçam ser mostradas?”, questiona Luciana Bistane.

A autora tem razão. Em um universo tão grande de culturas e acontecimentos, não é


compreensível porque telejornais de diferentes emissoras apresentam praticamente um
mesmo espelho em um mesmo dia. A resposta para essa situação é a criatividade.
Utilizar-se de pesquisas, levantamento de dados, repensar formatos distintos de
apresentação da notícia e do telejornal, interagir mais com a população a fim de
descobrir seus interesses, entre outras ações, devem ser implantadas em meio ao corre-
corre do telejornal.

Furos

Contudo, a desqualificação da notícia não é decorrente apenas da falta de criatividade.


A busca vaidosa e incessante pelo furo jornalístico, pelo correr contra o tempo não tem
contribuído com outra coisa senão o constante aparecimento de ‘barrigadas’, textos mal
produzidos e informações descontextualizadas. Sabe-se da importância do caráter de
espontaneidade do telejornalismo. Entrementes, é necessário que se faça uma reflexão,
quem é mais importante: a velocidade da publicação ou a qualidade do que foi
publicado?

Contextualização

Outro fator bastante discutido no universo acadêmico é a contextualização da notícia. E


mais uma vez esbarramos no fator tempo. Que a pressa é inimiga da perfeição todos
sabem. E como diria Franklin Martins, jornalista político e atual ministro das
comunicações, sendo assim, o jornalismo é a profissão que mais se distancia da
perfeição. Nesse contexto, a superficialidade da notícia torna-se notável no
telejornalismo diário. O público está se tornando cada vez mais exigente, entretanto,
nem sempre é correspondido em sua necessidade. No intuito de conservar o seu público
e conquistar novos nichos, os profissionais do telejornalismo deveriam se inspirar um
pouco mais no modo como a notícia é construída e contextualizada em meios como o
jornal, a revista e agora a internet.

Novas tecnologias, e agora?

Quando se fala no uso da internet e das novas tecnologias de informação na prática do


jornalismo, centenas de interrogações permeiam a cabeça dos comunicadores. Afinal, a
tecnologia veio para acabar com o formato de telejornalismo que conhecemos ou para
complementá-lo? De acordo com a jornalista Luciana Bacellar, a produção audiovisual
com esses novos equipamentos é um avanço, na medida em que permite fontes mais
variadas de informação e flagrantes. Pois, hoje, qualquer pessoa pode fotografar filmar,
dar publicidade a um fato. “Sem dúvida essa democratização dos meios de produção
contribui muito para um telejornalismo mais rico”, conclui a jornalista.

A Internet é, sem sombra de dúvida, uma poderosa máquina de informação. No


entanto, se essa nova mídia herdou seus principais artifícios e linguagens de outras
mídias, o que irá permanecer no final do processo de convergência? O principal
elemento de identificação do público com a TV e seus subprodutos é a familiaridade
com o veículo, e esse ainda é um desafio na nova mídia.

Em pesquisa sobre o comportamento do receptor enquanto sujeito na comunicação, o


pesquisador Aguiar Sousa notou que a televisão permite que o público, enquanto
receptor de seus conteúdos, possa imergir na “Rede imaginária” que é apresentada na
telinha.

Sob o ponto de vista do pesquisador a TV é uma fábrica de sonhos, do mesmo modo


que o cinema, e além de projetar esse imaginário diante do telespectador, aplica sobre
ele mecanismos que facilitam a identificação com as imagens que oferta, envolvendo as
pessoas com aquele universo.

O espetáculo visual torna-se tão importante como o próprio acontecimento que a


TV transmite. Há um investimento nas cores, na cenografia. No movimento, nas
curiosidades e na pirotecnia visual, que tornaram a TV, antes de qualquer coisa, um
“aparelho onírico”, uma ponte ligada diretamente ao mundo dos sonhos.
(MARCONDES FILHO, 2000, p. 42).
Além de registrar o que acontece em torno de si, a televisão possui a dimensão do
espetáculo. A relação do telespectador com as imagens na televisão é muito similar à
sua percepção de mundo – o que sedimenta parte dessa mensagem visual junto ao
público.

Todo aquele cuja aparência denuncia claramente seu papel e status de vida não
combina com a TV. Todo aquele que parece capaz de ser um professor, um médico,
um homem de negócios ou de uma dúzia de habilitações ao mesmo tempo, é um
tipo indicado para a TV. Quando uma pessoa parece “classificável”, como o sr.
Nixon, o telespectador não tem nada a preencher. Ele se sente incomodado com a
imagem da TV. (McLUHAN, 1964, p. 371)

Preparo do jornalista

Quais são os desafios do repórter, do editor, enfim, do telejornalista diante dessas novas
demandas e instrumentos? O jornalista seja de que meio de comunicação for, deve agir
da forma como agiram seus antecessores em todos os períodos de mudança social,
ideológica ou tecnológica. Ou seja, ele deve se adequar às novas condições oferecidas
pelo mercado e se utilizar delas para engrandecer e transformar ainda mais a forma
como se faz notícia atualmente nos veículos televisivos.

#DESAFIOS LOCAIS

Qualidade da informação

Em se tratando de telejornalismo regional, é preciso retroceder um pouco nas


preocupações quanto à qualidade da informação. Pois, ainda hoje se observa não só a
carência de inovação dentro dos telejornais, como a baixa qualidade da apuração e da
apresentação das notícias. Não há como negar que, em Mato Grosso, o telejornalismo
de forma geral ainda tenha uma concepção provinciana. A busca por informações de
relevância social e nacional não se faz presente em todas as emissoras. Alguns
telejornais locais ainda se restringem ao ‘jornalismo porta de cadeia’. Aquele
jornalismo sensacionalista, em que a preocupação do repórter e do cinegrafista se
concentra muito mais em espetacularizar a notícia do que explorar os seus vieses e
torná-la interessante ao público. Sem contar com a infinidade de apresentadores-
postulantes e vice-versa, que conquistaram os espaços destinados aos jornalistas, e se
utilizam da credibilidade do jornalismo para se auto-promoverem.

Investimento em telejornal

Poucas são as empresas que, de fato, investiram e investem no telejornalismo local. A


carência é vasta. Vão desde equipamentos até profissionais qualificados. O
questionamento que se faz é o porquê dessa falta de interesse por parte dos donos dos
meios de comunicação. Embora já se venha uma preocupação em relação ao
investimento por parte de alguns, não é o que se nota na grande maioria.

O problema com este telejornal - que foi colocado no ar em 20.5.91 - é que seus
dirigentes não perceberam ainda que, por ser exageradamente panfletário e
sensacionalista, fugiu da missão primeira de qualquer projeto jornalístico: informar
equilibradamente a população, sem partidarismos. O Aqui e Agora tomou, desde o
início, o lado das forças militares repressoras, numa desesperada tentativa de
mostrar os policiais atuando energicamente contra os 'fora da lei', mas se portando
positivamente e com atitudes sensatas e polidas quando do patrulhamento normal.
(SQUIRRA, 1995, ...)

Conclusão

É sabido que os desafios do telejornalismo local ainda são muitos. Da qualidade da


apuração da notícia até o investimento em novas tecnologias, o telejornalismo mato-
grossense não se equipara à produção jornalística dos grandes centros. Entretanto, pelo
que se tem notado, a busca pela profissionalização e pela qualidade da informação têm
se tornado cada dia mais presente dentro das empresas de comunicação. E certamente,
com a demanda da sociedade por notícias completas e contextualizadas, com a
formação de novos profissionais advindos das universidades locais e com a importância
que a informação vem ganhando no universo comunicacional que o planeta está
inserido hoje, os meios de comunicação não verão outra saída senão investir em
telejornalismo de qualidade. E quem sairá ganhando é o jornalismo e a sociedade
brasileira como um todo.

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