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Caio Lacruz

Julio Carelli
Thaisa Moreira
Willian Watanabe
Danilo Barbosa

Ciências do Ambiente

Trabalho apresentado a disci-


plina de Ciências do Ambiente,
da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná.
Professor Jedyn

Curitiba

2009
Introdução

Um maior interesse pela consciência ambiental da indústria de manufatura tem


sido observado devido a aumento da poluição, desenvolvimento de legislações
preventivas e crescimento da demanda de produtos e processos de produção "verde".
Até recentemente, os esforços industriais para aliviar os impactos ambientais de seus
produtos e processos estavam focados em duas áreas: desenvolvimento de um processo
de reciclagem, especialmente para metais e plásticos, e substituições de produtos
químicos nos processos de manufatura, tornando-os processos denominados "processos
limpos".

A consideração de questões ambientais na manufatura exige a realização de uma


análise do processo total, no qual todos os insumos de entrada e saída sejam analisados
e os efeitos exatos de energia e ambiente de cada parâmetro sejam avaliados de maneira
quantitativa. Ferramenta, peça de trabalho, materiais processados e energia são as
variáveis de entrada. Do outro lado, após o processamento, tem-se um produto que
demonstra as características requeridas em termos de qualidade, eficiência econômica e
reciclabilidade. Ainda, têm-se os materiais residuais e as emissões, os quais são partes
indesejadas do processo. Estes são caracterizados com relação ao tipo, quantidade e
estado físico.
Informações disponíveis na organização.

A empresa analisada trabalha na área de fabricação de implementos agrícolas.


Segundo o gerente da empresa todos os requisitos legais estão em dia. A principal
matéria prima utilizada é o aço em suas diversas composições. O aço é processado
através de métodos tradicionais de usinagem. A empresa dispõe de fresas, tornos,
calandras, serras e furadeiras.

Lista de verificação.

A empresa conhece a quantidade de resíduos (liquidos, sólidos e gasosos) gerada


em cada processo?

Não.

As áreas de estocagem foram projetadas para controlar derrames e outros


acidentes?

Não.

Todos os empregados foram treinados para saber o que fazer no caso de um


acidente envolvendo produtos perigosos?

Não.

Os custos de gerenciamento de resíduos são incluídos e discriminados da


contabilidade da empresa?

Sim.

A estratégia mercadológica da empresa incorpora a imagem publica relacionada


à prevenção da poluição?

Não.

Definição de Prioridades

Não há utilização de produtos banidos e fora dos prazos de validade, apesar da


empresa manter produtos fora do prazo de validade em estoque. Os custos de
gerenciamento de despejo se resumem a reciclagem do óleo de corte, que e recolhido
pela empresa que o fornece. Quanto aos custos de gerenciamento de dejetos sólidos,
eles não existem: a empresa mantém um ferro-velho a céu aberto e chão nu, que é o
destino de todas as sucatas metálicas do processo de produção. Não se tem idéia certa
do volume, temos dados em porcentagens totais, mas não tivemos acesso ao total de
produção mensal.

Não há nenhum dejeto extremamente tóxico, capaz de causar desastres


ambientais em pequenas quantidades; a própria reatividade do principal poluidor da
empresa, óleo de corte, e drasticamente reduzida durante o processo de usinagem.
Entretanto, continua tóxico.

Avaliação detalhada.

Qual é a composição dos efluentes e das emissões gerados em sua empresa?

São constituídos basicamente de óleo de corte usado e material metálico. A


aplicação dos fluidos de corte nos processos de usinagem gera vapores, sobretudo, no
contato do refrigerante com superfícies quentes e em movimento da peça trabalhada, da
ferramenta, ou do cavaco, comprometendo o ar do local de trabalho. A pressão e o
aquecimento do fluido de corte também exercem influência no grau de evaporação. Este
comprometimento do ar, em decorrência do uso de aerossóis e dos vapores de agentes
refrigerantes, varia em função, por exemplo, das propriedades físico-químicas do fluido
de corte, da velocidade de rotação das peças que estão sendo trabalhadas e do
aquecimento das superfícies.

Cavacos, refugos, matéria prima inapropriada e restos de matéria prima não


utilizada também são alguns dos resíduos gerados pelo processo. Estocados sem
nenhum critério, podem contribuir para o desequilíbrio do solo.

Quais são as quantidades?

A empresa não tem qualquer controle sobre a quantidade de cavacos e matéria


prima não utilizada. Entretanto a matéria prima inapropriada equivale a 1% do total de
matéria prima recebida pela empresa. A empresa gasta de 8 a 12 galões de óleo de corte
por mês, dependendo da demanda. Os refugos não representam nem 3% da produção
(aproximadamente 5 peças de um total de cerca de 190 peças/mês).

Estes efluentes e emissões procedem de quais processos de produção?

São todos resíduos do processo de usinagem.

Quais efluentes e resíduos são sujeitos a regulamentos ambientais?

Tanto os resíduos sólidos (cavacos, refugos, matéria prima inapropriada e restos


de matéria prima) quanto o óleo de corte, estão sujeitos a uma legislação ambiental.

A portaria Minter nº. 53 de 0l de março de 1979 considera os resíduos sólidos,


como meios de poluição do solo, ar e água e os problemas oriundos da destinação
incorreta dos mesmos estão incluídos nos problemas de Controle da Poluição e Meio
Ambiente. Além disso cita diretrizes sobre Programas de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos como também a sua implantação, operação e manutenção. No que diz respeito
aos Resíduos Perigosos:

Art. 12º- Nos planos ou projetos de destinação final de resíduos sólidos devem
ser incentivadas as soluções conjuntas para grupos de municípios, bem como soluções
em reciclagem e reaproveitamento racional desses resíduos.

O óleo de corte é sujeito a regulamentação ambiental. O seu despejo no solo


pode provocar contaminação. Os resíduos ferrosos podem gerar desequilíbrios que
podem tornar o solo estéril.

Quais matérias primas, insumos e processos de produção geram estes efluentes e


resíduos?

A matéria prima usinada gera cavaco, resto não aproveitado de matéria prima e
refugos. O óleo depois de utilizado torna-se inútil depois de certo numero de ciclos.

Quais as quantidades de matérias-primas e insumos encontrados em cada linha


de resíduos?

É difícil definir quando o óleo chega ao final de sua vida útil. Mas geralmente é
descartado no momento em que suas propriedades físico-químicas já não são mais
aceitáveis para o processo, não caracterizando um insumo descartado. A matéria prima
não aproveitada devido as condições do processo não é contabilizada pela empresa. Esta
matéria prima poderia ser reutilizada, porem é tratada como resíduo e seu destino e o
ferro-velho.

Oportunidades para a prevenção

Existem diversos aspectos que podem ser melhorados no processo de produção


da empresa avaliada: existem emissões liquidas e gasosas provenientes da utilização de
fluido de corte; existem suprimentos obsoletos e fora do prazo de validade, como
ferramentas de materiais ultrapassados e fluidos de corte para processos especiais com
prazo de validade expirado; vazamentos de fluidos de corte em pisos despreparados;
resíduos sólidos, restos de produção, refugos, papeis para documentação de peças e
caixas para estocagem podem ser reduzidos.

Definindo opções de prevenção da poluição

As emissões, tanto de líquidos quanto de gases podem ser reduzidas com


emprego de ferramentas e maquinário que dispensem fluidos de corte. Embora o avanço
da tecnologia do óleo seja muito acelerado e de fácil absorção pelo mercado, ainda e um
agente muito poluente. Com o corte realizado a seco, tanto as emissões gasosas
resultantes do superaquecimento e vaporização quanto as emissões liquidas (óleos em
fim de vida) seriam eliminadas. É claro que alterações desse porte no meio de produção
são muito caras.

Os suprimentos obsoletos já não representam mais um problema. Tudo que foi


caracterizado como insumo obsoleto foi adquirido em fase de inexperiência da empresa,
como ferramentas para processos pouco utilizados, que não tem prazo de validade,
dependem de manutenção interna ou externa; o mesmo pode ser dito para os óleos
utilizados em processos especiais. Percebida a falta de demanda por tais processos, a
empresa deixou de investir em estoque destes produtos.

O que foi dito para óleos especiais não pode ser verificado para os óleos de uso
quotidiano. Há um estoque mantido. Entretanto o problema de estocagem e meramente
econômico, pois não havia, pelo menos durante a visita, galões de óleo que
apresentassem vazamento. Os óleos são separados em pequenas unidades, garrafas, para
serem utilizados diretamente no processo de produção. Durante a usinagem, ocorre
derramamento do óleo; também ocorre impregnação dos cavacos por óleo; durante a
limpeza geral da fabrica, que ocorre uma vez por mês, o chão e lavado e a água
resultante do processo é despejada ou no terreno nos fundos da empresa, ou na rua.
Água que contém o fluido de corte, prejudicial ao meio ambiente. Ainda, os cavacos são
despejados em um ferro velho nos fundos da empresa; são depositados em caçambas
velhas, enferrujadas, sujeitas ao tempo. O fluido que estava impregnado nos cavacos
escoa para o solo. Para minimizar os efeitos causados pelo escoamento de fluido para o
solo, sugerimos a eliminação do fluido de corte no processo. Caso não seja viável,
sugerimos um método de limpeza diferente: com neutralizantes químicos, para reduzir
os efeitos do óleo na natureza. Para o problema de escoamento de óleo dos cavacos,
sugerimos uma maneira mais adequada de deposição dos resíduos sólidos: a reciclagem
de ferro, mesmo oxidado pelas altas temperaturas de usinagem e viável.

Os resíduos sólidos, como cavacos, restos de ferramentas, restos de matéria


prima e refugos podem ser reduzidos melhorando-se o processo em si; para a redução de
cavacos e de restos de matéria prima, sugerimos matérias-primas mais adequadas aos
produtos finais; para os restos de ferramenta, sugerimos a utilização de ferramentas de
vida mais longa, com maior valor tecnológico agregado; para os refugos, não há muita
sugestão: a operação de maquinário e feita por pessoal experiente, acostumado ao
trabalho de usinagem. Tais patamares de desperdício parecem ter atingido o limite.
Neste caso, a única solução para melhoria é o emprego de maquinas CNC,
computadorizadas, com quase nenhuma intervenção humana no processo de usinagem.
Desnecessário dizer que e muito caro e pode não ser muito produtivo no processo da
empresa.

Ainda há restos de escritório, de embalagens e de estoque de pecas. Estes


resíduos, que são principalmente papeis e madeira, podem ser facilmente
reaproveitados. O papel pode ser reciclado e a madeira utilizada como combustível, ou
mesmo processada. Ainda, o papelório pode ser reduzido informatizando o sistema de
estoque e de notificações.
Conclusão

A consciência ambiental, que cresce consideravelmente a cada ano, aumento dos


problemas de descarte e a legislação mais severa obrigam que mais indústrias se
aprofundem nas questões de compatibilidade ambiental das suas produções.

Com as crescentes cobranças civis e legislativas acerca da relação indústria e


meio ambiente, não se permite às empresas continuarem com as velhas tecnologias de
fim-de-tubo, ou seja, apenas tratar ou reciclar os resíduos e as emissões gerados, deve-se
tentar reduzi-los ou eliminá-los. Uma tecnologia que alcance este resultado é a
implementação do conceito de produção mais limpa.

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