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2001
Marilia Pontes Sposito
UM BREVE BALANÇO DA PESQUISA SOBRE VIOLENCIA ESCOLAR NO BRASIL
Educação e Pesquisa, enero-junio, año/vol. 27, número 001
Universidade de Sao Paulo
São Paulo, Brasil
pp. 87-103
Um breve balanço da pesquisa sobre violência
escolar no Brasil
Marilia Pontes Sposito
Uni ver si da de de São Pa u lo
Resumo
Palavras-chave
Correspondência:
Marilia Pon tes Spo si to
Faculdade de Edu ca ção – USP
Av. da Uni ver si da de, 308 – Blo -
co A – sala 223
05508-900 – São Paulo – SP
e-mail: spo si to@usp.br
Abstract
Keywords
Correspondence:
Ma ri lia Pon tes Spo si to
Fa cul da de de Edu ca ção – USP
Av. da Uni ver si da de, 308 – Blo -
co A – sala 223
05508-900 – São Paulo – SP
e-mail: sposito@usp.br
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Naquele mo mento não estavam sendo A imprensa e a mídia te le vi si va pas sam a
questionadas as formas de sociabilidade entre dar uma cober tu ra esporádica ao fenômeno
alunos, mas eram criticadas as práticas in ter nas da violência, pri vilegiando os ho micídios que
aos estabelecimentos escolares produtoras da ocorrem nas cercanias ou no interior dos pré-
violência. dios escolares, e os eventos que passam a ser
Marcada pela conjuntura, a discussão da notícia são aque les que fogem das rotinas já
violência da escola esteve indissociavelmente li- noticiadas, como os incêndios de esco las pro -
gada à questão democrática. De certo modo tra - vo ca dos por ex-alunos. Observa-se, nos anos
tava-se de buscar um modelo mais democrático 1990, que a violência escolar passa a ser ob-
de gestão dos estabelecimentos, incorporando ser va da nas inte ra ções dos grupos de alunos,
alu nos, pais e de ma is usuá ri os na to ma da de de - caracterizando um tipo de sociabilidade en tre
cisões. Buscava-se uma instituição mais aberta, os pa res ou de jovens com o mundo adulto,
menos autoritária em suas práticas e propicia- ampliando e tornando mais comple xa a pró-
do ra de me lho res con di ções de per ma nên cia dos pria aná lise do fenômeno. As noticias e es tu-
alunos mais po bres no sis te ma for mal de en si no. dos re alizados já dão conta da presença de
Des de os prime i ros anos da dé cada de ocor rên ci as em várias regiões do país, al can-
1980, o Poder Pú blico tentou res ponder ao cli- çan do ci da des de mé dio por te, in clu in do ca pi -
ma de insegurança com dois tipos de medidas: tais e ou tros centros.
de um lado, aquelas relativas à se gurança dos A partir de mea dos da déca da de 1980
estabelecimentos, cada vez mais sob res pon sa- atin gin do os úl ti mos anos da dé ca da de 1990,
bi li da de das agênci as policiais e, de outro, as a vi olência nas esco las foi peremptoriamente
iniciativas de cu nho educativo, que tentavam con si de ra da como questão de se gurança, ar -
alterar a cul tura escolar vigente, tornando-a refecendo as propos tas de teor educa ti vo,
mais permeável às orientações e ca racterísticas com ra ras exceções por parte de gover nos lo-
dos seus usuá ri os. ca is (es taduais ou municipais) de cu nho
Du ran te a déca da de 1980 e início dos pro gres sis ta.
anos 1990 o tema da segurança passa a pre do- A expansão de administrações munici-
minar no de bate público. Os ei xos for tes que pais e estaduais de orientação de esquerda ou
articulavam a dis cussão da escola públi ca em de centro-esquerda no país marca os últimos
tor no de uma de se ja da aber tu ra de mo crá ti ca se anos da década de 1990. Esse é um período
ar re fe cem. marcado por um grande número de iniciativas
Nesse período, não obstante a adoção de públicas preocupadas em reduzir a violência
me di das pon tu a is, o pro ble ma da vi o lên cia nas es - nas escolas. Algu mas ocor rem em par ce ria com
colas persistiu, sob a forma de depredações contra organizações não governamentais – ONG’s –
os prédios, invasões e ameaças a alunos e profes- ou movimentos da sociedade civil. Trata-se,
sores. Mas o clima de insegurança agra va-se com a assim, de fenômeno bastante emergente, que
intensificação da ação do crime organizado e do merece, ainda, uma série de estudos ca pazes
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tráfico em algumas cidades brasileiras. Aumentam de avaliar seu impacto. Além de enfatizar as
a criminalidade e o sentimento de insegurança,
8. Somente a partir de 1999 tornam-se visíveis algumas ações
sobretudo nos bairrosperiféricos, e, des sa for ma, a
empreendidas pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos do
vida escolar passa a sofrer de forma mais nítida os Ministério da Justiça, que lança uma campanha de desarmamento para
impactos dessa nova conjuntura. Essas questões ser divulgada sobretudo na rede escolar e mídia e o Programa Paz nas
tornaram-se mais visíveis em cidades como o Rio Escolas caracterizado por uma série de iniciativas: capacitação de
professores e policiais em direitos humanos, ética e cidadania e
de Janeiro, mas estão presentes, também, em ou- programas de formação voltados para a gestão de conflitos tendo, como
tros centros urbanos. público-alvo, jovens e corpo policial.
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gilância exer ci do por pro fes so res e de ma is pro fis - atingem, tam bém, os se to res mé di os. Embo ra
sionais das unidades escolares. O trabalho de poucas, al gu mas das ques tões são di ri gi das aos
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campo havia evidenciado que esse fenômeno jovens e seus educadores sobre o tema da vi o-
estava presente tanto em escolas altamente rí gi- lência na escola.
das sob o aspecto disciplinar quanto em escolas A primeira pes qui sa realizada pela
permissivas e desorganizadas. Em seu segundo UNESCO com jovens de Brasília apontava que
estudo a autora verifica, já no final dos anos esses seg mentos es tavam mais envolvidos do
1980 que a intensificação do policiamento resul- que as meninas em situações de agres sões fí-
tava na di mi nu i ção dos índices de depredação es - sicas, discussões e amea ças ou in timidações
colar, sendo perceptível, ao mesmo tempo, o no in te ri or da es co la. Des ses três ti pos de con -
aumento das brigas físicas entre alunos. 13 duta, a mais fre qüente incidia so bre as dis cus-
sões (quase 55% do total de en trevistados se
A pesquisa nos anos 1990 en vol via com esse tipo de prá ti ca mu i tas ve zes
ou às vezes, ocorrendo pou cas diferenças en-
Os di agnósticos e al gumas pes quisas de tre ho mens e mulhe res). As ameaças e in ti mi-
natureza des critiva so bre a vio lên cia escolar dações en volviam 28% dos meninos mu ito
são produzidos ao longo da década de 1990 freqüentemente ou mais rara men te e ape nas
por al gu mas or ga ni za ções não-governamentais 10% das me ninas. As agressões físi cas
e en tidades de profissionais da educação (sin- ocorriam em menor nú mero, pois há por cen-
dicatos docentes e as sociações de dire to res de ta gens bas tan te ele va das de jo vens que nun ca
es co las), se gui dos por al guns es tu dos em pre en- se envol ve ram (72% dos jovens e 93% das
didos por organismos pú bli cos. mulheres jovens) ((Waiselfisz, 1999, p.62).
Os le vantamentos nacionais obser va dos O levantamento realizado em 1997
no final da dé cada de 1990 apresentam uma (Abramovay e outros, 1999) envolvendo jo-
peculiaridade. Não são estu dos voltados de vens das cida des da peri fe ria de Bra sília in di-
modo privi le gi a do para o exame das relações cava que para 37,3% desses seg mentos a
entre vi olência e escola. Os mais fre qüen tes são es co la não era local de violência; qua se me ta-
gran des sur veys que se realizam com jovens de considerava a instituição como âmbito de
moradores de ca pitais, onde suas relações com mé dia vi olência; e 16%, de mu ita vi olência.
a vio lên cia são exa minadas no interior de ou- Esses jo vens clas si fi ca ram como mui to vi o len-
tras variáveis. Registra-se ape nas um único es- tos: a televisão, os ba i les, fes tas e shows. Den -
tudo nacional realizado so bre con dições de tre to dos os ambientes citados, ape nas a
trabalho com professores da rede de en sino pú - família é in dicada, por am pla maioria (75%
blico, no qual o tema da violência e se gurança
nas es colas é abor dado. 13. Em seu estudo, Moura (1988) recorre a uma concepção ampla da
Par te sig ni fi ca ti va de di ag nós ti cos quan ti- violência, analisando os mecanismos de controle e punição e as formas
cotidianas da linguagem que não respeitariam a experiência que o
tativos so bre juventude tem sido conduzida por
aluno traz de seu meio.
organizações não-governamentais e por alguns 14. A Fundação Perseu Abramo também realizou pesquisa nacional
institutos de pesquisa. Dentre esses des ta ca-se a com os segmentos jovens (Venturi e Abramo, 2000). As pesquisas
conduzidas pela UNESCO ainda se encontram em andamento, mas os
Unesco, que empreende, em parceria com várias
resultados de algumas cidades já estão publicados: Brasília, Rio de
instituições, pesquisa nacional sobre jovens no Janeiro, Curitiba e Florianópolis.
Brasil, envolvendo as ca pitais. 14 Tais pesquisas 15. Em 1997, um índio pataxó é queimado e assassinado por cinco
nascem particularmente a partir de 1997, o que jovens de camadas médias da cidade de Brasília, ocasionando um
grande debate público, em âmbito nacional. A partir dessa data o
configura claramente uma preocupação em de- Ministério da Justiça começa a voltar suas atenções de forma mais
cifrar certas condutas vi olentas de jovens, que sistemática para o tema da violência entre os jovens.
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tivas voltadas para essa questão (ILANUD, es co las públicas da cidade do Rio de Ja neiro.
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2000). De modo geral, observa-se que, do to- A au to ra apresenta rela to, de cu nho et no grá-
tal de alunos, as modalidades mais freqüen tes fico, que descreve a instituição escolar como
de vitimização foram o fur to de objetos de pe- re fém do crime or ganizado, mas, ao mesmo
que no valor dentro da es cola (48,1% dos alu- tempo, como espa ço de dis puta en tre grupos
nos), ameaça de agres são (36,5%), pertences de jo vens pertencentes a galeras ri vais.23 A ló-
danificados (33,1%) e agressão físi ca por co le- gica do tráfico, que busca a ampli a ção do seu
ga (4,6%). As vio la ções auto-assumidas (self do mí nio terri to ri al, e a lógica das galeras, que
reported ofen ses) in cidiriam sobre 25,4% dos bus cam ex pan dir o raio de suas ações a fim de
alunos, que afirmaram de alguma for ma ter de - se con so li dar en quan to gru po, in va dem a uni -
predado a es co la; 1,9%, que declararam ter le- dade es co lar, im pe din do a sua ação edu ca ti va.
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vado ar mas de fogo; e 8,9%, armas brancas. A Esse pro ces so resulta em ampla frustração de
pesquisa concluía que os poucos diagnósticos expectativas das classes populares que ainda
realizados reve lam que as unida des de ensino acreditam na educação escolar como ins tru-
não vivem “um qua dro de violência ge ne ra li za- men to de democratização so ci al.
da. Comportamentos como ir a es cola por tan do O tráfico de dro gas e a disputa pelos
arma de fogo são bastante ra ros entre os es tu- ter ri tó ri os nos morros são considerados as
dantes paulistas” (Illanud, 2000). gran des ca u sas da onda de vi o lên cia nas es co -
A década de 1990 foi também mais pro- las pú blicas do Rio de Janeiro pelas pes quisas
missora sob o ponto de vista da produção do de Cos ta (1993), Rodrigues (1994), Paim
conhecimento, no in terior da universidade, so- (1997) e Gui ma rães (1995). 24 No en tanto, os
bre o tema da vi o lên cia es co lar. Apa re cem, nes-
18. A pesquisa foi realizada em quatro escolas públicas e três
se pe ríodo, um conjunto de es tu dos expressos particulares, envolvendo 1.026 alunos da cidade de São Paulo.
20
pe las te ses e dis ser ta ções na área da Edu ca ção 19. Maior parcela afirmou ter visto alguma vez colegas portando
e al gumas inves ti ga ções realizadas por equipes armas de fogo (14,6%) e armas brancas (36,1%).
20. O levantamento da produção discente até 1998 foi realizado em
universitárias (Candau, 1999). Algumas delas a caráter exaustivo, em âmbito nacional. A partir dessa data há um
partir de de mandas do Poder Pú blico (Fu kui, conjunto novo de trabalhos aqui incorporados, sem a pretensão de
1991; Tavares dos Santos, 2000).
21 abranger todo o universo possível.
21. Aparecem também nesse período artigos e livros dedicados ao
Nes se momen to, parte im portante da tema da violência escolar que, embora não retratem diretamente
pesquisa acadêmica procura exa minar as re la- resultados de pesquisa, examinam reflexivamente a questão, sob
ções entre a vi olência que ocorre nos ba ir ros aportes teóricos diversos (Ver Cadernos Cedes 47, Morais, 1995). Os
estudos desenvolvidos por Alba Zaluar em torno da criminalidade,
periféricos e favelas de alguns cen tros ur ba nos, tráfico e juventude no Rio de Janeiro, são marcos significativos para a
sobretudo em regiões de domínio do cri me or- compreensão da violência no Brasil. Algumas de suas pesquisas
ganizado ou do nar cotráfico, e a vida escolar. examinaram as relações dos jovens com a escola, tendo sido tratada,
também, a questão da violência (Zaluar, 1985, 1994; Zaluar e Leal,
Destacam-se, nesse quadro, os es tudos re a li za- 1997).
dos na cidade do Rio de Janeiro (Costa, 1993; 22. A respeito do crime e a organização do tráfico consultar Zaluar
Rodrigues;1994, Gui ma rães 1995; Paim, 1997, (1985 e 1994), Peralva (2000), Velho e Alvito (1996).
22 23. Guimarães também distingue o fenômeno do narcotráfico do
Cardia, 1997). fenômeno das galeras, uma vez que, apesar de algumas conexões,
Esses trabalhos trazem ques tões im por- estas não podem ser consideradas como desdobramentos juvenis da
tan tes para a compreensão das relações en tre a ação criminosa, sendo, principalmente, uma forma de prática coletiva
marcada pela sociabilidade de moradores jovens de favelas no Rio de
violência e esco la, apontando, principalmente, Janeiro.
a influência do aumen to da criminalidade e da 24. No entanto, essa situação provoca muitas vezes, por parte das
insegurança so bre os alu nos e a deterioração unidades escolares, certa recusa de aceitação do fenômeno
(Costa,1993; Rodrigues,1994), marcada pelo medo de falar sobre uma
do cli ma es colar. Gui ma rães (1995) investiga a realidade diretamente relacionada à violência: a guerra do tráfico,
ação das galeras funk e do narcotráfico nas incrustada nas comunidades em que os estabelecimentos se localizam.
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ção é Porto Alegre, cidade de médio porte (em (204), o ma i or ín di ce re ca iu so bre as agres sões
torno de 1,2 milhões de habitantes), localizada contra a pessoa (60% das ocorrências), com-
no sul do país. Sobre ela, três dissertações de preendendo as lesões corporais, rou bo (car-
mestrados foram realizadas, sendo a primeira ros, dinheiro) e bri gas e invasões no espaço
delas (Oliveira, 1995) de natureza comparativa, es co lar.
na qual fo ram in ves ti ga das as di fe ren tes per cep - Ampliando o universo geográfico de in -
ções que alunos de escolas públicas e particula- vestigação, es tudos recentes de senvolvidos
res têm sobre a violência no interior das práticas em outras cida des brasileiras trazem ele men-
escolares.30 tos no vos para a cons tituição do tema en-
Há dois estudos so bre escolas mantidas quan to objeto de in ves ti ga ção.
pela prefeitura da cidade de Porto Alegre, que A dissertação de mes trado desen vol vi da
revelam peculiaridades importantes no exame em escola públi ca de Belo Ho rizonte (Ara újo,
da questão das relações en tre vi olência e es co la 2000) pri vilegia os episódios de violência ob-
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no Brasil (Costa, 2000; Paim Costa, 2000). servados na unidade es colar, que traduzem a
Ambos realizaram trabalho de campo em uni- experiência de afrontamento de moradores de
dades esco la res localizadas em bairros mar ca- ba ir ros ge ograficamente próximos, mas dis-
dos por alto grau de violência so ci al, situ a dos tan tes simbolicamente em razão da ri va li da de
na periferia da cidade. As investigações de na- e de for mas de conflitos cotidianos. Sen do
tureza quali ta ti va evi denciam a existência de fre qüen ta da por jovens de ba irros diferentes,
estabelecimentos escolares atu antes, cu jas um deles estigmatizado pelos índices de vi o-
equi pes profissionais formulavam pro jeto pe- lência e cri minalidade, a escola en frentava
dagógico apoiado nas orientações da ad mi nis- problemas internos graves que dificultavam a
tração mu nicipal. 32 con du ção da atividade pe dagógica. O estudo
Nes sas pes quisas é reconhecida a pre sen- ino va porque in vestiga as formas de consti-
ça cotidiana de atos mar cados também pe las tuição da identi da de desses adolescentes que
agressões verbais, em bora para grande parte experimentam não só a violência no seu co ti-
dos ato res en volvidos, inclusive pais, o sentido di a no, mas o estigma no interior da escola em
da vi olência este ja eminentemente ligado à decorrência do seu lugar de mo ra dia. Mer gu-
coação fí si ca. Cer ca das por um am bi en te hos til, lha dos em ambientes de extrema in segurança
as unidades mantêm re lações com os pais que e medo, os jovens desenvolvem algumas
ten dem a se aproxi mar da escola e que buscam
um lu gar se gu ro para a edu ca ção de seus fi lhos.
As rivalidades en tre grupos ju venis que ex pres- 30. Foram aplicados questionários em 148 alunos de 7ª e 8ª séries da
escola particular e em 88 alunos das mesmas séries da escola pública.
sam a seg mentação da região em unidades ter-
31. O trabalho de Costa elegeu como sujeitos da investigação
ritoriais bastante con flituosas e as bri gas entre crianças entre 8 e 13 anos, integrantes de turmas que apresentavam
os alu nos afetam a exe cução do projeto edu ca- sérios problemas de aprendizagem, que se pronunciaram quanto à sua
ti vo da escola, revelando cer ta per plexidade do experiência de violência na família, no bairro, na escola. Eram
reconhecidos na escola como grupo de alunos com sérios problemas de
grupo de professores, que apresenta di fi cul da- agressividade.
33
des em superar a questão. 32. Trata-se do projeto Escola Cidadã, que busca alterar práticas e
orientações das escolas municipais a partir de novas propostas
Investigação condu zi da pelo Institu to de
pedagógicas em torno de um ideal cidadania voltada para os segmentos
Filosofia e Ciên cias Humanas/UFRGS, em par- populares que situa a escola como direito.
ce ria com a pre fe i tu ra de Por to Ale gre (Ta va res, 33. O estudo de Paim Costa apresenta também um quadro de
1999), procurou sistematizar os episódios de vitimização forte por parte de vários alunos, não só no ambiente escolar
como na família.
violência observados na rede de esco las mu ni- 34. A coleta sistemática dos registros ocorreu a partir de 1995
cipais a par tir de 1990. 34 Do total de re gis tros (Santos, 1999).
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lência so cial que perme i am a vida urbana em de con sumo de massas, não apare ce como ca -
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ba ir ros pe riféricos ou fa ve las das ci dades bra- nal seguro de mobilidade so cial as cendente
sileiras. para os mais po bres. Assim, uma profunda cri -
A ins tituição escolar tem sido permeável se da efi cácia so ci a li za do ra da educação es co-
a esse quadro, so bretudo em regiões marca das lar ocor re nesse processo de mutação da
pela presença do crime or ganizado e do nar co- sociedade brasi le i ra, que oferece ca minhos
tráfico. Os estu dos de Zaluar (1985,1994) e Pe - desiguais para a conquista de di re i tos no in te -
ralva (2000) têm evi denciado não só o poder ri or da experiência de mocrática.
que lideranças cri minosas exercem so bre o co- Mas os es tudos reiteram a presença de
tidiano dos mo radores como as múltiplas re la- formas violência voltadas contra a esco la, so -
ções que decorrem de uma for ma in di vi du a lis ta bretudo aque las que dizem respeito às agres-
da so ciabilidade volta da para o consumo, que sões ao patri mô nio, du rante os últimos vinte
afeta, em particular, os segmentos ju ve nis. anos. Apontam, também, para um padrão de
No en tanto, o quadro da ausên cia de se- sociabilidade entre os alunos marca do por
gurança e o incre men to da criminalidade ur ba- prá ti cas violentas – fí sicas e não físicas – ou
na por si só não traduzem a com plexidade do incivilidades que se espraiam para além das
fenômeno da violência em meio escolar. A au- regiões e estabelecimentos situados em áre as
sên cia de um dispositivo ins titucional de mo- difíceis ou pre cárias, atingin do, tam bém, es-
crático no interior de algumas ins tituições co las par ti cu la res des ti na das a eli tes. Cha ma a
públicas – como é o caso dos aparelhos da se- atenção o fato de que mesmo estan do dis se-
gurança, em particular, a polícia, ar ticulada à minadas en tre o conjunto dos alunos, o
fraca pre sença esta tal na ofer ta de serviços pú - discurso acadêmico tende a agregar esses
blicos de na tureza so cial des tinado aos se tores comportamentos em torno da conduta dos
pobres – é um fator a ser considerado na in ten- gru pos ju ve nis, sen do es tes úl ti mos for te men -
sificação das práticas vi olentas nos bairros e te respon sa bi li za dos pela disseminação da
es co las. violência no interior da es cola. Episódios re la-
Essas características que acompanharam tados por professores e às ve zes re gis tra dos de
o pro cesso de transição demo crá ti ca são ali a- for ma se cundária nos es tudos em píricos in di-
das, tam bém, do proces so de abertura das cam a pre sença de situações de extrema vi o-
oportunidades escolares que absorveu amplo lência con duzida pelo conjunto do corpo
contingente de es tudantes oriundos dos seg-
mentos em pobrecidos da so ciedade, so bretudo
no ensino fundamental e, mais recentemente, 38. São ainda necessárias investigações que recortem, no interior
se refletindo so bre o cres cimento das ma trí cu- das relações entre violência e escola, a temática do gênero e das etnias,
aliadas ao universo da crescente presença, ainda pouco estudada no
las do en si no mé dio. Expan são do en si no pú bli - Brasil, dos grupos juvenis. O fenômeno das turmas masculinas é antigo
co sob condições precárias, ex pressas na e faz parte da cultura de rua, mas, nos últimos anos, novas formas vêm
ausência de investimentos maci ços na rede de surgindo marcadas por práticas de violência que merecem ser
estudadas, pois a priori sofreram a designação de “gangues” por parte
es co las e na for ma ção dos docentes, so ma-se à da mídia e da opinião pública sem que estudos sistemáticos tenham
ausência de projetos edu cativos ca pazes de ab - sido realizados. Há, no entanto, algumas investigações importantes
sorver essa nova realidade escolar. A crise eco- conduzidas no Rio de Janeiro por Vianna (1988), Guimarães (1995),
Souto (1997), Cecchetto (1997, 1999) sobre as galeras funk; e por
nô mi ca e as al terações no mundo do trabalho Diógenes, (1998) em Fortaleza. A pesquisa debruçou-se com maior
incidem diretamente so bre as atribuições que ênfase sobre os grupos de estilo como rappers, punks, darks e gangues
articulavam os projetos populares de acesso ao (Abramo, 1994; Sposito 1994a; Guerreiro, 1994; Kemp, 1993;
Cecchetto, 1997, 1999; Costa, 1993; Souto, 1997; entre outros),
sistema escolar. A escola, so bretudo para a ge- restando ainda esse novo campo de estudos dos comportamentos
ração atual, desejosa de ter acesso aos padrões coletivos juvenis.
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como instância que reú ne o mo nopólio da for- cia das ins ti tu i ções so cializadoras. Por essas
ça e da co erção (Elias, 1989). No exame da si- razões, a pesquisa não está isenta da ne ces si-
tuação brasi le i ra, alguns cui da dos me recem ser dade de in vestigar os processos amplos que
considerados, pois o seu uso indiscriminado configuram a expansão da escolaridade nos
pode acentuar apenas um dos pólos da questão úl ti mos anos, ali ada à corrosão das pos si bi li-
– os alunos – e descaracterizar uma série de da des mais efe tivas de mobi li da de so cial e à
problemas conti dos na relação entre o mundo cri se da so ciedade as salariada. Assim, a pró-
adulto e o juve nil, sendo o pri meiro mu itas ve- pria esco la, en quanto cam po de con fli ti vi da-
zes in capaz de estabelecer práticas ca pazes de de que configura a in teração en tre jovens e
gerir o inevitável con flito en tre os gru pos etá- ins ti tu i ções do mundo adul to, deve ser in ves-
rios, sobretudo nos mo men tos de cri se de efi cá - tigada e sub metida à crítica.
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Recebido em 28.08.01
Aprovado em 04.09.01
Marilia Pontes Sposito é professora associada do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências de Educação da
Faculdade de Educação da USP, doutora em Educação e membro da diretoria de Ação Educativa.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.27, n.1, p. 87-103, jan./jun. 2001 103