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O ESTATUTO DO DESARMAMENTO E A BANDIDOLATRIA: UMA DOENÇA

BRASILEIRA

Quem já foi assaltado nesse Brasilzão sabe a angustia que é ver seus itens pessoais,
que você ou seus pais ralaram muito para conseguir, serem levados num piscar de olhos.
O fulano te aponta uma arma, você fica com cara de boboca, entrega as coisas e os
bandidos vão embora e fica com a tal cara de boboca vendo-os ir. Ou pode ser pior, você
pode receber uma “blitzkrieg” (palavra que vem do alemão, significa guerra-relâmpago,
é uma tática militar que consistia em utilizar forças de ataque rápido para fazerem um
ataque surpresa ao inimigo): levar um monte de coronhadas na cabeça e ter sua mochila
ou bolsa levada embora. Em ambos os casos você fica ou com cara de otário, ou com cara
de boboca, se é que há distinção entre os dois. E acredite se quiser, se o bandido for pego,
ainda haverão pessoas que dirão que ele é inocente e é vítima da sociedade, mas depois
que receber fiança, ele estará lá todo feliz, planejando seu próximo assalto, roubo,
sequestro, homicídio.
Há quem faça uso de argumentos com apelação emocional, dizer que pessoas vão
morrer ou se machucar pois armas fazem isso, proibir uma nação inteira de possuir um
instrumento para defesa pessoal ou de sua família apenas porquê alguém pode se
machucar é a mesma coisa que dizer, em analogia simplista, que devemos proibir piscinas
porquê pessoas se afogam nelas, ou quem sabe proibir veículos automotores pois
acidentes de trânsito acontecem.
“Mais armas, mais mortes”. É uma analogia simples, do ponto de vista leigo, se
armas matam, quanto mais armas, mais mortes”, mas não é bem assim: um estudo da
Universidade Harvard mostrou que países com mais armas legalizadas têm menos
assassinatos. Na Rússia, a taxa de homicídios era de 20,54 por 100 mil habitantes em
2002, quando havia 4 mil armas registradas por 100 mil habitantes. Em 2013, foram nove
assassinatos – e 9 mil armas – para cada 100 mil pessoas.
“Mais armas, mais crimes”. Os EUA têm a maior taxa de armas do mundo: 112,6
por 100 mil habitantes. Mesmo assim, o índice de crimes violentos vem despencando ano
a ano. Em 2014, ano do último levantamento feito pelo FBI, a taxa foi de 386,9
ocorrências a cada 100 mil pessoas, o menor número dos últimos 25 anos.
O número de mortes por armas de fogo aumenta ano a ano no Brasil. Em 2003,
quando a lei foi aprovada, 39.325 pessoas perderam a vida assim. Nove anos depois, em
2012, o número subiu para 40.077 homicídios. Atualmente, o Brasil tem 19 cidades na
lista das 50 mais violentas do mundo:

“Nas promotorias criminais, há milhares de inquéritos em que cidadãos de bem,


que portam arma como única forma de defender seu patrimônio, sua família e o meio em
que vivem, são fichados como autores de crimes” – Luciano Vaccaro, promotor de Justiça
e coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público do Rio
Grande do Sul.
Da mesma forma como pode haver um número maior de acidentes se um portador
não fizer um curso para manuseio, também pode haver um número maior de vítimas que
não puderam se defender por não possuir uma arma que lhe foi negada por uma dessas
restrições. Na realidade de alta criminalidade como no Brasil, a grande maioria dos
assassinatos é perpetrada por criminosos habituais; ou seja, homicídios tipificados como
‘relacionados a outros crimes’, sendo que os homicídios provocados por impulsividade,
descontrole momentâneo, crimes passionais, etc, são casos mais raros. Estatísticas dão
conta de que menos de 1% das vezes em que se usa arma para defesa resulta em ferimento
ou morte.

E, ao contrário do que muitos pensam, a liberação do porte e posse de armas não


aumentaria o número de armas na mão de criminosos, até porque esses já as possuem, e
são ilegais. Para se obter uma arma você precisaria de autorização da Polícia Federal,
fazer testes psicológicos, testes de aptidão, ter mais de 21 anos, esperar um bom tempo
para conseguir o seu registro, fazer o pedido de liberação do porte, esperar mais um bom
tempo para consegui-lo, fazer o pedido de sua arma, registrá-la, sem contar que testes
seriam realizados a cada ano, e cada cidadão poderia ter, no máximo, 6 armas de fogo.
Obviamente, para bandidos é muito mais fácil, eles apenas compram ilegalmente,
inclusive por um preço menor do que pagaríamos.

Não são tão raros casos em que pessoas são ameaçadas – como mulheres, por parte
de ex-namorados ou maridos; jornalistas investigativos ou mesmo cidadãos comuns que
se deparam com criminosos – que, necessitando de rapidamente obter uma arma de fogo
para se proteger e tendo negado esse direito, foram assassinados por não terem tido o
direito de adquirir e portar uma arma garantido no tempo necessário. É quase que certeza
que mulheres que já foram perseguidas, assediadas e estupradas gostaria de ter uma arma
ao seu lado, é bem mais eficiente do que uma Lei do Feminicídio, mais eficiente que uma
Lei Maria da Penha, mais eficiente do que qualquer cartaz de #NãoMereçoSerEstuprada.

Há aqueles que defendem o Estatuto porque, em caso de alguma briga banal, o


sujeito poderia matar o outro desnecessariamente. Ora, não é preciso de uma arma de fogo
para matar alguém, se quiser eu faço isso com um pedaço de pau, uma faca (até pode ser
a de cozinha) e até uma caneta eu posso usar para matar alguém. Então, se alguém lhes
vier com essa, meus amigos, essa pessoa tem problemas.
Falando em justiça, há aqueles que dizem que somente o Estado deve prover a
segurança dos cidadãos, caso contrário aconteceria a justiça privada, você realmente
confia sua vida ao Estado? O Estado, no caso a polícia, não pode estar em vários lugares
ao mesmo tempo. Não existe Estado onipresente. Então, eu afirmar que se quer ter o
direito ao porte de armas é completamente válido, visto a incapacidade do Estado em
fazer a sua própria segurança e, sim, ter o direito de ter porte de armas é completamente
válido.

É importante considerar que o porte de arma de fogo muitas vezes se dá por uma
necessidade momentânea, como uma ameaça específica que se abate sobre alguém, ou
por uma situação atípica, como viagem, deslocamento noturno ou a locais mais perigosos,
e a burocracia para obter a autorização pode levar vários dias. Assim, pessoas sem
nenhuma intenção criminal ou de violência qualquer, podem ver-se na necessidade de
portar uma arma exclusivamente para autodefesa. E diferente do criminoso que pode te
matar e ser solto dias depois, você NÃO TEM UMA SEGUNDA CHANCE!

- Por Lucas Figueira Harada, 3º ANO B

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