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FRAGMENTOS DA OBRA DE NIETZSCHE ACERCA DO PENSAMENTO DA

VONTADE DE POTÊNCIA

1. “E sabeis o que é para mim o ‘mundo’? Devo mostrá-lo a vós em meu espelho? Este
mundo, uma monstruosidade de força, sem início sem fim, uma firme brônzea grandeza
de força, que não se torna maior nem menor, que não se consome, apenas se transmuda,
inalteravelmente grande em seu todo, uma economia sem despesas e perdas, mas também
sem acréscimos ou rendimentos, cercada de ‘nada’ como de seu limite, nada de
evanescente de desperdiçado, nada de infinitamente extenso, mas como força
determinada posta em determinado espaço, e não em um espaço que em alguma parte
estivesse ‘vazio’, mas antes como força por toda parte, como jogo de forças e ondas de
força ao mesmo tempo um e múltiplo, aqui acumulando-se e ao mesmo tempo ali
minguando, um mar de forças tempestuando e ondulando em si próprias, eternamente
mudando, eternamente recorrentes, com descomunais anos de retorno, com uma vazante
e enchente de suas configurações, partindo das mais simples às mais múltiplas, do mais
quieto mais rígido, mais frio ao mais ardente, mais selvagem, mais contraditório consigo
mesmo, e depois outra vez voltando da plenitude ao simples, do jogo de contradições de
volta ao prazer da consonância, afirmando ainda a si próprio, nessa igualdade de suas
trilhas e anos, abençoando a si próprio como aquilo que eternamente tem de retornar,
como um vir-a-ser que não conhece nenhuma saciedade, nenhum fastio, nenhum cansaço
–; esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente destruir-
a-si-próprio, esse mundo secreto da dupla volúpia, esse meu para “além do bem e do
mal” , sem alvo, se na felicidade do círculo não está um alvo, sem vontade, se um anel
não tem boa vontade consigo mesmo – quereis um nome para esse mundo? Uma solução
para todos os seus enigmas? Uma luz também para nós? Os mais escondidos, os mais
fortes, os mais intrépidos, os mais da meia-noite? Esse mundo é vontade de potência – e
nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de potência – e nada além
disso! (Fragmento Póstumo, 1885)

2. “(...) a essência mais íntima do ser é vontade de potência”. (Fragmento póstumo 1888)

3. “Mas o que é vida? Aqui se faz necessária uma versão nova, mais precisa do conceito
de ‘vida’. Minha fórmula a esse respeito anuncia: vida é vontade de potência.”
(Fragmento Póstumo de 1885-1886)

4. “A vida é apenas um caso particular de vontade de potência” (Fragmento Póstumo de


1888)

5. “Somente onde há vida, há também vontade: mas não vontade de vida, e sim – assim
vos ensino – vontade de potência.” (Assim Falou Zaratustra II, Da superação de si”)”
6. “Mas o que é vida? Aqui se faz necessária uma versão nova, mais precisa do conceito
de ‘vida’. Minha fórmula a esse respeito anuncia: vida é vontade de potência.”
(Fragmento Póstumo de 1885-1886)

7. “Esse conceito vitorioso de força graças ao qual os nossos físicos criaram Deus e o
mundo, tem necessidade de um complemento; é preciso atribuir-lhe um querer interno
que denominarei vontade de potência, isto é, um apetite insaciável de demonstração de
força” (Fragmento Póstumo de 1885)

8. “Não existe vontade; existem pontuações de vontade que constantemente aumentam ou


diminuem a sua potência” (Fragmento de 1887/1888)

9. “Os fisiólogos deveriam refletir antes de colocar o instinto de conservação como o


“instinto cardeal” de um ser orgânico. Algo vivo quer sobretudo extravasar sua força: a
‘conservação’ é apenas uma conseqüência disso.” (Fragmento Póstumo de 1885-1886)

10. “A vida como a forma mais conhecida do ser, é especificamente uma vontade de
acumulação de força: todos os processos da vida tem aqui a sua alavanca: nada quer se
conservar, tudo quer crescer e acumular. A vida (...) tende a um sentimento máximo de
potência: é essencialmente um esforço para mais potência.” (Fragmento Póstumo de
1888)

11. “O princípio spinozista da ‘autoconservação’ deveria, a bem da verdade, pôr termo à


mudança (...) mas o princípio é falso, o contrário é que é verdadeiro. Em todo o ser vivo
pode-se justamente mostrar, com a maior clareza, que ele faz tudo – não para conservar-
se, mas apenas para tornar-se mais.” (Fragmento Póstumo de 1888).

12. “Querer conservar-se a si mesmo é a expressão de uma situação de penúria, de uma


restrição do próprio impulso fundamental da vida, que surge da ampliação da potência e,
nessa vontade, frequentemente põe em questão e sacrifica a autoconservação” (Gaia
Ciência, § 349)

13. “O comportamento da natureza tem toda uma aparência de desperdício, porém, não o
desperdício de uma exuberância criminosa, mas o da inexperiência; é preciso admitir que
se ela fosse um ser humano, ela acabaria por irritar-se contra si mesmo e sua inépcia. A
natureza joga o filósofo como uma flecha no meio dos homens, ela não visa, mas espera
que a flecha venha se cravar em algum ponto. Fazendo isso, ela se engana um numero
infinito de vezes e fica exasperada com isso. Ela se comporta com tanta prodigalidade no
domínio da cultura quanto nas plantas e nas sementes. Ela atinge seus fins de maneira
geral e custosa, sacrificando nisso muitas forças (...) A natureza é má economista, suas
despesas são bem maiores do que sua receita: apesar de sua abundância, ela acabará um
dia por arruinar-se”. (Schopenhauer Educador, 7)

14. “Uma coisa, um fenômeno pode ser sempre reinterpretado para novos fins,
requisitado de maneira nova, transformado e redirecionado por uma nova utilidade, por
um poder que lhe é superior.” (Genealogia da Moral, II, 12)

15. “(...) Mas todos os fins, todas as utilidades, são apenas indícios de que uma vontade
de potência de assenhoreou de algo menos poderoso e lhe imprimiu o sentido de uma
função; e toda a história de uma “coisa”, um órgão, um uso, pode desse modo ser uma
ininterrupta cadeia de signos de sempre novas interpretações e ajustes, cujas causas nem
precisam estar relacionadas entre si, antes podendo se suceder e substituir de maneira
meramente casual.” (Genealogia da Moral, II, §12)

16. “O que é bom? Tudo que intensifica no homem o sentimento de potência. O que é
mal? Tudo que provém da fraqueza”. (Fragmento Póstumo de 1887-1888)

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