Você está na página 1de 171

Presidenta da República

Dilma Rousseff

Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão


Miriam Belchior

INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE
Presidenta
Wasmália Bivar

Diretor-Executivo
Fernando J. Abrantes

ÓRGÃOS ESPECÍFICOS SINGULARES

Diretoria de Pesquisas
Marcia Maria Melo Quintslr

Diretoria de Geociências
Wadih João Scandar Neto

Diretoria de Informática
Paulo César Moraes Simões

Centro de Documentação e Disseminação de Informações


David Wu Tai

Escola Nacional de Ciências Estatísticas


Denise Britz do Nascimento Silva

UNIDADE RESPONSÁVEL

Diretoria de Geociências

Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais


Celso José Monteiro Filho
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
Diretoria de Geociências
Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais

Manuais Técnicos em Geociências


número 7

Manual Técnico de Uso da Terra


3 ª edição

Rio de Janeiro
2013
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
Av. Franklin Roosevelt, 166 - Centro - 20021-120 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil

ISSN 0103-9598 Manuais técnicos em geociências


Divulga os procedimentos metodológicos utilizados nos estudos e
pesquisas de geociências.

ISBN 978-85-240-4307-9
© IBGE. 1ª edição 1999
2ª edição 2006
3ª edição 2013

Elaboração do arquivo PDF


Roberto Cavararo

Produção de multimídia
Alberto Guedes da Fontoura Neto
Helena Maria Mattos Pontes
LGonzaga
Márcia do Rosário Brauns
Marisa Sigolo
Mônica Pimentel Cinelli Ribeiro
Roberto Cavararo
Capa
Ubiratã O. dos Santos/Marcos Balster Fiore - Coordenação
de Marketing/Centro de Documentação e Disseminação
de Informações - CDDI
Sumário

Apresentação

Introdução

Manual técnico de uso da terra


O marco teórico-metodológico
O uso da terra e a evolução do pensamento geográfico
A evolução do uso da terra no Brasil
O projeto atual
Levantamento da cobertura e do uso da terra
Princípios básicos
Escala de mapeamento
Natureza da informação básica
Unidade de mapeamento
Nomenclatura
Sistema de classificação para a cobertura
e o uso da terra
Definições da nomenclatura
Áreas antrópicas não agrícolas (1)
Áreas antrópicas agrícolas (2)
Áreas de vegetação natural (3)
Águas (4)
Outras áreas (5)
___________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

Procedimentos técnicos e metodológicos


Levantamento de dados e informações
Análise de dados e informações
Espaços urbano e industrial
Atividades mineradoras
Atividades agrícolas
Exploração de recursos vegetais
Principais usos da água
Interpretação de imagens digitais
Trabalhos de campo
Material de apoio
Roteiro para observações de percurso
Roteiro para observação técnica
Aplicação de entrevista e questionários
Caderneta de campo
Relatório de campo
Elaboração de cartas e mapas da cobertura
e do uso da terra
Fases da interpretação
Reinterpretação e edições temáticas
Legenda de mapeamento
Edição cartográfica e legenda de cor e simbologias
Ligações com o banco de dados
Adição dos complementos ao banco de dados
Elaboração do relatório
O sistema de informações geográficas
O banco de dados
O modelo entidade relacionamento
Referências

Lista de figuras
1 - Esquema teórico da construção de uma nomenclatura
da cobertura terrestre
2 - Complexo Industrial de Barcarena - PA
3 - Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
4 - O Parque Nacional do Cabo Orange é um exemplo de
conservação em corpo d'água costeiro
Sumário_______________________________________________________________________________________

5 - Apa dos recifes de corais e apa costa dos corais sobre
imagem Google Earth
6 - Etapas de levantamento e classificação da cobertura e
do uso da terra
7 - Simbologias de mapeamento para atividades
mineradoras
8 - Simbologias de mapeamento para representar o uso
dos corpos d’água
9 - Etapas do mapeamento digital
10 - Corte da cena 23258-2006-04-02 do satélite Landsat
tm-5, região do lavrado – rr
11 - Corte da cena 221-081 Landsat tm5, em composição
colorida, bacia do rio Jacuí – rs
12 - Imagem 221-081 classificada. Bacia do rio Jacuí – rs
13 - Corte na imagem resourcesat p6lis331708820120815.
Região de Pontes de Lacerda
14 - Imagem 317-88 classificada. Região de Pontes de
Lacerda
15 - Etapas de classificação da cobertura e do uso da terra
16 - Classes da cobertura e do uso da terra
17 - Cores das classes de mapeamento em rgb
18 - O Modelo Entidade Relacionamento – mer para o Uso
da Terra
Lista de fotos
1 - Centro histórico da cidade de Piranhas – Al
2 - Cidade de Salvador – BA
3 - Vista parcial da cidade de Canguçu – rs
4 - Vista de Juiz de Fora – mg
5 - Porto Velho – ro
6 - Cidade de Capixaba – ac
7 - Cidade de Recife – pe
8 - Vista parcial do complexo industrial de Camaçari.
Município de Camaçari – ba
9 - Unigel Plásticos S.A. Polo petroquímico de
Camaçari – BA
10 - Comunidade Beiradão que se expandiu às margens do
rio Jari. Município Laranjal do Jari – ap
11 - Localidade ribeirinha ao rio Solimões. Município de
Careiro da Várzea – am
___________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

12 - Extração de ouro por dragagem. Município de Peixoto


de Azevedo – mt
13 - Processamento de minério de ferro. Município de
Guanambi – ba
14 - Poços de petróleo para extração de óleo. Município de
Carmópolis – se
15 - Extração de areia. Município de Santana – ap
16 - Lavra de extração de material para aterro. Município de
Santo Amaro da Imperatriz – sc
17 - Lavoura de feijão caupi. Município de Porto dos
Gaúchos – mt
18 - Arroz irrigado em curva de nível. Município de
Alegrete – rs
19 - Cultivo de soja. Município de Belterra – pa
20 - Cultivo de milho. Município de Simão Dias – se
21 - Cultura de trigo durante a colheita. Município de Arroio
Grande – rs
22 - Cultura de batata. Município de São José dos
Ausentes – rs
23 - Cultura de cebola. Município de São José do Norte – rs
24 - Cultivo de mandioca. Município de Mazagão – ap
25 - Cultivo de alface. Município de Senador Guiomard – ac
26 - Cultivo de grama irrigada. Município de Neópolis – se
27 - Cultivo de abobrinha, de repolho e de pimentão.
Município de Santo Amaro da Imperatriz – sc
28 - Plasticultura destacando o cultivo de tomate. Município
de Barra do Quaraí – rs
29 - Cultivo de algodão herbáceo. Município de Sinop – MT
30 - Cultura de girassol no assentamento Jacaré-Curituba.
Municipio de Poço Redondo – se
31 - Cultivo de amendoim. Município de Porto Ferreira – sp
32 - Cultivo de abacaxi. Município de Senador Guiomard – ac
33 - Cultivo de melancia irrigada às margens do rio Vaza-
barris. Município de Itaporanga d´ Ajuda – se
34 - Lavoura de cana-de-açúcar. Município de
Ulianópolis – pa
35 - Cultivo de cana-de-açúcar. Município de Presidente
Figueiredo – am
36 - Cultura de fumo. Município de Arroio do Padre – RS
Sumário_______________________________________________________________________________________

37 - Cultivos temporários diversificados no vale do rio Caí,


destacando o milho, mandioca, cana-de-açucar e a
horticultura. Município de Nova Petrópolis – RS
38 - Cultura temporária diversificada em área florestal
associada com avicultura de corte. Município de
Lajeado – RS
39 - Cultivo de crotalária. Município de Porto dos
Gaúchos – MT
40 - Cultivo de sorgo forrageiro. Município de
Cotriguaçu – MT
41 - Cultivo de laranja. Município de Itabaianinha – SE
42 - Cultivo de guaraná. Município de Presidente
Figueiredo – AM
43 - Mangueira de cultivo. Município de Neópolis – SE
44 - Cultivo de mamoeiro. Município de Porto Grande – AP
45 - Parreiras da vinícola Miolo S.A. Município de Bento
Gonçalves – RS
46 - Cultivo de macieira. Município de Vacaria – RS
47 - Cultivo de pupunha. Distrito de Jaci-Paraná. Município
Porto Velho – RO
48 - Lavoura de café ocupando relevo forte ondulado.
Município de Cabo Verde – MG
49 - Cultivo de café. Município de Rolim de Moura – RO
50 - Cultura de nogueiras. Município de Cachoeira do
Sul – RS
51 - Cultivo de pimenta-do-reino. Município de Baião – PA
52 - Cultivo de coco-da-baía. Município de Neópolis – SE
53 - Cultivo da palmeira de dendê. Município de
Bonito – PA
54 - Cultivos permanentes diversificados com frutas
regionais como graviola, cupuaçu, cacau. Município de
Senador Guiomard – AC
55 - Cultivos permanentes diversificados com mangaba,
banana, laranja, etc. Município de Barra dos
Coqueiros – SE
56 - Cultivo da erva-mate associado ao cultivo de milho.
Município de Venâncio Aires – RS
57 - Seringueira de cultivo. Município de Brasiléia – AC
58 - Pecuária de animais de grande porte (bovinos).
Município de Barros Cassal – RS
___________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

59 - Pecuária de animais de grande porte (bubalinos em


confinamento). Município de Vila Nova do Sul – RS
60 - Pecuária de animais de grande porte (bubalinos em
confinamento). Município de Porto de Moz – PA
61 - Criação de cavalos em haras de grandes áreas.
Município de Aceguá – RS
62 - Pecuária de animais de grande porte (avestruz) em
pasto plantado. Município de Simão Dias – SE
63 - Pecuária de animais de médio porte (caprinos).
Município de Mata – RS
64 - Pecuária de animais de médio porte (caprinos).
Município de Sorriso – MT
65 - Pecuária de animais de pequeno porte em granjas
(avicultura de corte), associada a cultivo de uva.
Município de Bento Gonçalves – RS
66 - Silos para armazenamento de grãos na atividade
avícola. Município de Sorriso – MT
67 - Reflorestamento de pínus nos Campos de Cima da
Serra. Município de Cambará do Sul – RS
68 - Reflorestamento de paricá. Município de
Paragominas – PA
69 - Reflorestamento de pinho cuiabano. Município de
Rolim de Moura – RO
70 - Reflorestamento com acácia-negra. Município de Boa
Vista – RR
71 - Reflorestamento com teka. Município de Colorado do
Oeste – RO
72 - Reflorestamento com eucalipto. Município de Breu
Branco – PA
73 - Reflorestamento de eucalipto entre os municípios de
Mostardas e Tavares, junto ao litoral – RS
74 - Cultivo agroflorestal de andiroba e pupunha. Município
de Bonito – PA
75 - Cultivo em sistema silvipastoril associando o cultivo
da seringueira com a pecuária bovina. Município de
Brasiléia – AC
76 - Parque Nacional da Serra dos Órgãos em ambiente
da Floresta Ombrófila Densa. Município de
Teresópolis – RJ
77 - Parque Nacional da Tijuca. Município do Rio de
Janeiro – RJ
Sumário_______________________________________________________________________________________

78 - Área de Relevante Interesse Ecológico em Floresta


Ombrófila Densa, com exploração madeireira em
manejo sustentável (Seringal Nova Esperança).
Município de Xapuri – AC
79 - Terra Indígena Waimiri-Atroari. Município de Presidente
Figueiredo – AM
80 - Área de Proteção Ambiental Margem Direita do
rio Negro – Setor Paduari-Solimões. Município de
Iranduba – AM
81 - Parque Municipal do Urubuí na APA Urubuí. Município
Presidente Figueiredo – AM
82 - Exploração de seringa. Município de Senador
Guiomard – AC
83 - Extração de açaí. Município de Macapá – AP
84 - Floresta Aluvial de onde são extraídos vários produtos,
como frutos de palmáceas, madeira, plantas medicinais,
etc. Município de Santo Antônio da Pedreira – AP
85 - Babaçuais em fogo para ampliação das áreas de pastos.
Município de Brejo Grande do Araguaia- PA
86 - Exploração madeireira no oeste da Amazônia.
Município de Porto Acre – AC
87 - Vegetação de mangue, onde se pratica a cata de
caranguejos. Município de Itaporanga d'Ajuda – SE
88 - A expansão do bambu é grande impeditivo da
utilização dos recursos vegetais. Município de
Epitaciolândia – AC
89 - Vegetação campestre no Parque Estadual do Espinilho.
Município de Barra da Quaraí – RS
90 - Vegetação campestre na Estação Ecológica do Taim.
Município de Rio Grande – RS
91 - Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Município de
Pacaraima – RR
92 - Vegetação de Savana Estépica de onde se extrai a
lenha e outros produtos regionais. Município de
Canindé do São Francisco – SE
93 - Extensas áreas de Savana sem uso identificado.
Município de Amajari – RR
94 - Área da Savana Estépica. Localidade de Paus Pretos
Município de Pindaí – BA
95 - Pecuária de animais de grande porte (bovinos) em área
de Estepe. Município de Arroio Grande – RS
___________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

96 - Pasto natural em área de Savana Estépica com


presença de colonião e jurema preta. Município de
Simão Dias – SE
97 - Pasto natural em área de Estepe da Campanha Gaúcha,
com divisão de pastos por cerca de pedras. Município
de Quaraí – RS
98 - Pecuária de animais de médio porte (ovinos).
Município de Santana da Boa Vista – RS
99 - Ovinocultura em área campestre. Município de
Herval – RS
100 - Captação de água da Caesa no rio Pedreira. Município
de Macapá – AP
101 - Aspecto parcial da construção da Hidrelétrica
Santo Antonio no rio Madeira. Município de Porto
Velho – RO
102 - Barragem de Xingó na divisa dos Estados de Sergipe
e Alagoas
103 - Produção de energia eólica. Município de Osório – RS
104 - Usina termoelétrica flutuante no rio Solimões.
Município de Careiro da Várzea – AM
105 - Transporte de passageiros no porto de Manaus no rio
Negro. Município de Manaus – AM
106 - As pequenas embarcações são bastante utilizadas
para o transporte, inclusive o escolar. Município de
Careiro da Várzea – AM
107 - Transporte de cargas no rio Negro. Município de
Manaus – AM
108 - Lazer e desporto no rio Urubuí. Município Presidente
Figueiredo – AM
109 - O turismo e o lazer de contato direto como a
prática de natação são frequentes no Canyon do rio
São Francisco. Município de Olho d'Água do
Casado – AL
110 - As praias de Alter do Chão são conhecidas
nacionalmente pelo turismo e lazer. Município de
Santarém – PA
111 - A pesca do Surubim tem destaque na produção regional
da Amazônia. Município de Manaus – AM
112 - Carcinicultura na localidade de Aratu. Município de
Nossa Senhora do Socorro – SE
113 - Uso diversificado em corpo d'água continental (rio
Solimões) – AM
Sumário_______________________________________________________________________________________

114 - Estação de captação de água da Caesa em água


costeira. Município de Macapá – AP
115 - Transporte de carga e de passageiro por balsas na laguna
dos Patos. Município de São José do Norte – RS
116 - Porto marítimo de Rio Grande. Município de Rio
Grande – RS
117 - Porto “offshore”. Município de Barra dos
Coqueiros – SE
118 - Área de embarque do porto “offshore”. Município de
Barra dos Coqueiros – SE
119 - As praias costeiras constituem importantes áreas de
lazer e de turismo. Município de Búzios – RJ
120 - Barco de pesca extrativa artesanal. Município de São
José do Norte – RS
121 - Captura de pescado em “currais” no litoral do
Município de Salinópolis – PA
122 - Uso diversificado em corpo d'água costeiro.
Atividades de lazer, esportes náuticos, pesca, etc.
Município de Búzios – RJ
123 - Áreas em processo de arenização. Município de
Quaraí – RS
124 - Praias do rio Tapajós. Município de Santarém – PA

Lista de quadros
Quadro 1 - Sistema básico de classificação da cobertura e
do uso da terra - SCUT
Quadro 2 - Ficha de campo para pontos de amostragem
(GPS) e fotos
___________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

Lista de abreviaturas e siglas


Access – Sistema de gerenciamento de banco de dados da Microsoft
Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
ALOS – Advanced Land Observing Satellite
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica
Bndes – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas
Corine – Coordination of Information on the Environment
CREN – Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ENVI – Environmental Monitoring
Erdas – Earth Resource Data Analysis System
FAO – Food and Agriculture Organization
GPS – Global Positioning System
HRV – Haute Resolution Visible
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ikonos - primeiro satélite comercial capaz de adquirir imagens de alta resolução
(1m). A palavra IKONOS procede do idioma grego e significa imagem.
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPCC – Intergovernamental Panel of Climate Change
Landsat-TM – Land Remote Sensing Satellite – Tematic Mapper
Maxver – Máxima Verossimilhança
MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia
MER – Modelo Entidade Relacionamento
MSS – Multi-Spectral Scanner
NASA – National Aeronautics and Space Administration
NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration
PAPP – Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural
Petrobras – Petróleo Brasileiro S. A.
Planvasf– Plano Diretor para o Desenvolvimento do Vale do São Francisco
Proine – Programa de Irrigação do Nordeste
Pronar – Programa de Ocupação Econômica de Novas Áreas
Radam – Radar na Amazônia
Radambrasil – Radar da Amazônia no Brasil
SCUT – Sistema de Classificação de Uso da Terra
SIG – Sistema de Informação Geográfica
Sigmine – Sistema de Informações Geográficas da Mineração
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SPOT – Satellite pour l'Observation de la Terre
Spring – Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas
Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
UGI – União Geográfica Internacional
UMM – Unidade Mínima de Mapeamento
Sumário_______________________________________________________________________________________

Unidades da Federação
RO - Rondônia
AC - Acre
AM - Amazonas
RR - Roraima
PA - Pará
AP - Amapá
TO - Tocantins

MA - Maranhão
PI - Piauí
CE - Ceará
RN - Rio Grande do Norte
PB - Paraíba
PE - Pernambuco
AL - Alagoas
SE - Sergipe
BA - Bahia

MG - Minas Gerais
ES - Espírito Santo
RJ - Rio de Janeiro
SP - São Paulo

PR -Paraná
SC - Santa Catarina
RS - Rio Grande do Sul

MS - Mato Grosso do Sul


MT - Mato Grosso
GO - Goiás
DF - Distrito Federal

Convenções
- Dado numérico igual a zero não resultante
de arredondamento;
.. Não se aplica dado numérico;
... Dado numérico não disponível;
x Dado numérico omitido a fim de evitar a individualização da
informação;
0; 0,0; 0,00 Dado numérico igual a zero resultante
de arredondamento de um dado numérico originalmente
positivo; e
-0; -0,0; -0,00 Dado numérico igual a zero resultante
de arredondamento de um dado numérico originalmente
negativo.
Apresentação

O
IBGE apresenta à sociedade a terceira edição, atualizada
e modificada, do Manual Técnico de Uso da Terra. Esta
nova edição situa os estudos de uso da terra no contexto
evolutivo do pensamento geográfico, contempla uma reflexão
sobre os conceitos mais atuais que envolvem o tema, em
especial sobre aqueles que tratam dos problemas ambientais e
da questão da equidade, e apresenta o Sistema de Classificação
de Uso da Terra para mapeamentos em nível exploratório.

Com esta edição a Diretoria de Geociências do IBGE, por


intermédio da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos
Ambientais, disponibiliza à comunidade técnica e acadêmica,
aos órgãos de pesquisa, à sociedade como um todo, um
documento não exaustivo, mas sim de caráter evolutivo, que
objetiva tornar-se referência para novos trabalhos no campo
da compreensão e representação da forma contemporânea de
apropriação dos espaços pela sociedade, voltado para apoiar os
interessados em mapear a exploração dos recursos.

Pretende-se que esta publicação possa ser permanentemente


atualizada de modo a refletir as demandas técnico-científicas e
sociais, compatibilizando-se com o seu tempo.

Wadih João Scandar Neto


Diretor de Geociências
Introdução

O
conhecimento sobre o uso da terra ganha relevo
pela necessidade de garantir sua sustentabilidade
diante das questões ambientais, sociais e econômicas
a ele relacionadas e trazidas à tona no debate sobre o
desenvolvimento sustentável. Desde sua primeira edição o
Manual Técnico de Uso da Terra tem buscado acompanhar
a evolução desses estudos no contexto internacional,
assim como no próprio aprimoramento dos procedimentos
utilizados nos trabalhos desenvolvidos pela instituição ao
longo do tempo. Neste sentido na primeira versão ainda não
se dispunha de um sistema de classificação sistematizado
para todo o País. Na segunda edição foram introduzidos os
resultados das discussões voltadas para a sistematização
da classificação, enquanto esta terceira edição apresenta
um Sistema de Classificação de Uso da Terra automatizado,
passível de responder aos anseios da comunidade científica
por um documento de referência para mapeamentos em escala
exploratória, condizente com a missão do IBGE de retratar o
território em suas diferentes nuanças.

A nova versão do Manual de Uso da Terra do IBGE vem ao


encontro dessas questões, pela necessidade de garantir o
levantamento e a disponibilidade deste tipo de informação
de forma sistemática e normalizada, tanto as que emergem
da sociedade brasileira, quanto aquelas que emergem de um
mundo globalizado.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

No que se refere ao uso da terra dentro do debate do desenvolvimento


sustentável, merecem destaque: a caracterização dos processos de utilização
da terra; e as referências aos fatores que levam a mudanças e a expectativa
da justiça ambiental devido aos diferentes interesses, direitos civis e conflitos
distributivos sobre os recursos naturais.

Tendo em conta uma perspectiva teórico-metodológica sintonizada com as


questões atuais, o presente Manual propõe uma base conceitual voltada para
a observação e síntese do conjunto e das particularidades do uso da terra
orientadas, segundo a distribuição geográfica dos recursos da terra, da sua
apropriação social e das transformações ambientais, bem como procedimentos
técnicos de levantamento e mapeamento, compatíveis com esse novo olhar
sobre o uso da terra. Para apresentação de tal abordagem, o manual foi
organizado em quatro partes.

A primeira parte, deste manual, foi destinada à apresentação do marco teórico-


metodológico, buscando-se, inicialmente, colocá-lo em uma perspectiva
histórica da evolução do pensamento geográfico. Este marco teórico-
metodológico se estabelece a partir dos estudos de Anderson e outros (1979)
e da Coordenação da Informação sobre Meio Ambiente da Comissão Europeia
(CORINE, 1999). A reflexão teórica traz como acréscimo à abordagem do uso
da terra desde a observação do seu conjunto e da preocupação ambiental
à retratação da apropriação social da terra tendo em vista a perspectiva da
justiça ambiental.

Na segunda parte, são apresentados os princípios básicos norteadores do


levantamento da cobertura e do uso da terra, o sistema de classificação
concebido para categorizar os usos e a cobertura da terra, e a nomenclatura,
acompanhada das definições dos termos empregados com base na literatura
pertinente e na atuação do IBGE nessa área do conhecimento.

A terceira parte foi destinada aos procedimentos técnicos e metodológicos.


Nela são apresentados os métodos, instrumentos e técnicas adotados na
análise espacial. Nessa análise, além da diferenciação de áreas, busca-se a
correlação entre elas, tendo em conta processos gerais, procurando verificar
a espacialização de eventos socioambientais que se expressam nas diferentes
formas de apropriação do território.

Na continuação dos procedimentos de operacionalização do trabalho, estão


as etapas de trabalho de gabinete e as etapas de trabalho de campo. No que
se refere ao trabalho de gabinete, são enfatizados os procedimentos com
imagens de satélite, a análise de dados e informações de fontes diversas a
partir de parâmetros de referência, qualitativos e quantitativos. Quanto ao
trabalho de campo, é destacado o roteiro para observação de percurso, visando
à apreensão da verdade terrestre, que tem em vista orientar os registros das
observações e entrevistas realizadas pelos técnicos em campo. A articulação
destas duas implica a reinterpretação da imagem de satélite e as edições
temáticas das unidades mapeáveis.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Ainda na parte desses procedimentos, é apresentada a elaboração de cartas


e mapas na escala de conformação dos níveis de informações propostos no
marco teórico-metodológico e segundo os procedimentos técnicos, de acordo
com a tecnologia apropriada.Também são apresentados os procedimentos de
elaboração da legenda de mapeamento que deverá traduzir, através de cores e
simbologias, as tipologias de uso nos diferentes níveis de detalhe informados.
Finalmente, são apresentados os procedimentos para edições cartográficas
em diferentes escalas, especialmente, a escala 1: 250 000, compatível com a
entrada das informações gráficas no banco de dados e a escala 1: 1 000 000,
que se destina à divulgação dos trabalhos do IBGE na Internet.

Na quarta parte, discorre-se sobre o Sistema de Informação Geográfica - SIG e


o Banco de Dados a partir do Modelo Entidade-Relacionamento - MER usando
como referência a notação usada por por Batini, Ceri e Navathe (1992).

A expectativa com o presente manual é que sua concepção teórico-metodológica


e seus procedimentos concorram para a produção de informações necessárias
ao tratamento das questões dirigidas ao desenvolvimento sustentável que
emergem das análises das formas de apropriação do espaço. Além das
diferenciações de áreas e das possibilidades de correlações estabelecidas
nos processos de desenvolvimento, novas relações espaciais poderão ser
expressas respondendo como indicadores socioambientais que podem ser
gerenciados em proveito da melhoria da qualidade de vida da sociedade.
Manual técnico de
uso da terra

O marco teórico-metodológico

O uso da terra e a evolução do


pensamento geográfico
Para entender e posicionar os estudos de Uso da Terra no
contexto atual – no mundo e no Brasil – e o papel que o tema
tem assumido nas últimas décadas, considera-se necessário
fazer um breve retrospecto da evolução da ciência geográfica,
tendo sempre como objeto da nossa investigação o uso da terra.

A Geografia ao longo dos séculos captou os movimentos


científicos voltados para o conhecimento da Terra, sofrendo
rupturas e renovações nos pensamentos científico e social
contemporâneos, permitindo caracterizar seus diferentes
momentos que constituíram a evolução do pensamento
geográfico. Para construir esta análise percorreu-se uma
significativa quantidade de autores dedicados ao estudo da
evolução do pensamento geográfico na busca de identificar o
momento em que o tema Uso da Terra passa a ser identificado
como uma área de pesquisa nas cátedras universitárias e,
principalmente, passa a ter prioridade no contexto político
institucional com significativa contribuição para o entendimento
dos processos econômico, social e ambiental nos diversos
momentos de sua trajetória.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Conhecer a dinâmica da terra sempre foi uma necessidade dos seres


humanos. Desde a Antiguidade é possível encontrar alguma forma de
referência sobre as relações entre a natureza e as atividades do homem.
Almeida (2007) cita uma espécie de almanaque do agricultor feita pelos
Sumérios denominado Instruções de Suruppak, datado de cerca de 2500 a.C.
Entre os gregos, este autor apresenta o poema Os Trabalhos e os Dias de
Hesíodo como uma referência para a ciência geográfica, que orientava
sobre os preceitos e regras que um agricultor deve ter nas suas relações
cotidianas com a natureza e, mais adiante, apresenta importante reflexão
sobre o momento em que ocorre a separação entre ciência e crença e
começa a se estruturar o conceito de epistemé, a partir das contribuições
significativas dos filósofos da natureza. A contribuição desses filósofos,
entre os quais Tales de Mileto, foi fundamental para a vinculação entre
entendimento de um fenômeno natural e sua predição, passo importante
para o pensamento determinista.

Na evolução do pensamento geográfico, constatou-se que o tema Uso da


Terra não chegou a constituir uma abordagem metodológica específica
e sistemática, no entanto, a produção temática pôde se beneficiar das
discussões paradigmáticas, promovidas no âmbito das diferentes escolas
do pensamento, possibilitando sua própria evolução, refletindo as propostas
de cada Escola.

Costa e Rocha (2010) estabeleceram dois grandes períodos em que a


Geografia se divide: pré-científico ou clássico, que se estendeu até o
Século XVIII, e o científico, no qual foram abordados diferentes paradigmas
que nortearam sua evolução. A Geografia pré-científica não apresentava
qualquer sistematização do conhecimento, mas no período seguinte várias
discussões propiciaram o cientificismo da disciplina. Dentre as principais
linhas de discussão podemos citar: I) o determinismo ambiental; II) o
possibilismo; III) a Nova Geografia; iv) a Geografia Crítica; v) a Geografia
Humanística; e vi) a Geografia Global. O que cada uma dessas Escolas do
pensamento contribuiu para o tema Uso da Terra?

O paradigma do determinismo geográfico ou determinismo ambiental


representou o pensamento do Século XIX e teve nos alemães Alexander Von
Humboldt, Friedrich Ratzel e Karl Ritter seus principais expoentes. Influenciados
pelas teorias de Darwin e Lamark utilizaram o método positivista para provar
suas proposições. O determinismo ambiental foi utilizado para justificar o
processo de expansão europeia sobre o continente africano e asiático, tendo
como base a argumentação de que as condições naturais, especialmente as
climáticas, determinavam o comportamento do homem, e interferiam na sua
capacidade de progredir. Constituiu forte instrumento para a legitimação do
expansionismo que brotava na Europa na passagem do capitalismo da sua
fase comercial concorrencial para uma fase monopolista e imperialista (COSTA;
ROCHA, 2010).
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Embora reducionista na sua concepção, por apresentar o homem como fruto


de seu meio, influenciado pelo clima e pelas características locais1, a sua
importância, do ponto de vista histórico, está no fato de ter desenvolvido os
princípios metodológicos da Geografia, o que lhe conferia a qualidade de ser
uma ciência explicativa e não apenas descritiva, e para o tema Uso da Terra
devem-se considerar os aspectos positivos nas análises de causalidade que
este paradigma oferece.

Nessa evolução do pensamento surge, sob a influência da Revolução Francesa,


o possibilismo (La Blache) seguido do método regional (Hartshorne). O
primeiro surge como uma crítica ao pensamento determinista por considerar
que o homem deve ser compreendido como ser ativo que sofre a influência
do meio, porém que atua sobre este, transformando-o. Suertegaray e Nunes
(2001) postulam que sua característica mais importante foi a de descrever
os lugares em estudos voltados para pequenas áreas, ficando, por isto,
conhecidos como estudos regionais, nos quais os aspectos físicos estavam
subjacentes aos aspectos humanos e econômicos e o meio físico era a base
para a sobrevivência.

Os conceitos aportados por Hartshorne em seu método regional foram os de


“área” e “integração” e não apenas as relações homem e a natureza vistos
em La Blache, estabelecendo que a diferenciação entre as áreas tem como
referência a integração de fenômenos heterogêneos em uma porção da
superfície da Terra. Hartshorne investiu nos métodos mais adequados para
dividir aTerra em regiões. Para o tema Uso daTerra esta perspectiva de análise
trouxe contribuições relacionadas com os conceitos de lugar e de espaço,
próprios da Geografia, fundamentais para a distinção e o estabelecimento
das relações entre as formas de utilização de determinadas áreas com sua
hinterlândia. Costa (2003), ao considerar que La Blache define que as paisagens
de uma região são o resultado das superposições, ao longo da história, das
influências humanas e dos dados naturais, reforça a ideia de que para o Uso
daTerra é fundamental conhecer a história dos lugares para se poder entender
a dinâmica que transforma o espaço, criando feições que vão se alternando
ao longo do tempo.

Esses paradigmas caracterizaram a Geografia tradicional que dominou a


produção geográfica e o debate acadêmico desde o final do Século XIX até
meados da década de 1950, quando reflexos da Segunda Grande Guerra
Mundial contribuíram para sua crise e para o surgimento de um movimento
de renovação da Geografia nessa mesma década.

Esse movimento alcança seu ápice nos anos de 1970 quando se instala um
tempo de críticas e de propostas no âmbito dessa disciplina (MORAES, 2010),

1
Se habitante de planícies era agricultor, se junto ao mar seria pescador ou se vivia nos trópicos eram povos inferiores
aos das zonas temperadas, onde as constantes mudanças na pressão barométrica os tornavam mais inteligentes.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

quando surgem novas perspectivas de análise como crítica ao positivismo dos


paradigmas tradicionais. O uso de tecnologias possibilitou aos pesquisadores
refletirem sobre a necessidade de se buscar novas possibilidades teóricas
e metodológicas. Para Costa e Rocha (2010) esse momento significou o
rompimento de grande parte dos geógrafos com os paradigmas tradicionais,
dando lugar à Nova Geografia, capitaneada por algumas vertentes internas.

Na segunda metade do Século XX, surge a revolução quantitativa que


representou um movimento em busca de redefinir a Geografia como ciência,
fazendo ressurgir o interesse por ela. O propósito desta Geografia era provar
hipóteses por meio do uso de leis gerais do arranjo espacial dos fenômenos
e para tal utilizou a matemática e a estatística para provar suas hipóteses. A
quantificação foi introduzida para buscar uma linguagem matemática que
desse à Geografia um caráter mais exato, mais científico (SANTOS, 1986): era
necessário provar as hipóteses por intermédio de técnicas mais críveis. Alguns
geógrafos criticaram este paradigma por considerar que suas ferramentas
deixaram de auxiliar para ser apenas um referencial básico das pesquisas,
deixando os estudos de ter preocupação com as relações sociais e espaciais
presentes no espaço e sim com os modelos matemáticos e com as estatísticas.

Costa e Rocha (2010) consideram que o uso de modelos matemáticos e


estatísticos em conjunto com o uso de computadores nas análises melhorou
os métodos e enriqueceu a Geografia. Do ponto de vista negativo, os autores
ponderam que a intensidade com que se fez uso das técnicas e modelos não
dava respostas a todas as questões e inquietações impostas às ciências sociais.

Ao discurso de alguns autores que afirmam ter sido a Nova Geografia


responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica
pode-se acrescentar que as técnicas introduzidas por esse paradigma
contribuíram sobremaneira para a melhoria do processo de construção de
mapas e da possibilidade de análises sobre a dinâmica de utilização da terra.

Nos anos de 1970, surgem críticas derivadas das discussões sobre suas
contradições internas, em que novas tendências, ou linhas de pensamento,
passam a ser reconhecidas dentro da Nova Geografia: a Geografia Radical, a
Geografia Humanística e a Geografia Idealista. A Geografia Radical ou Crítica
surge como contraponto à busca de respostas às desigualdades sociais e
está centrada na observação analítica dos processos ocorridos na sociedade
com a finalidade de melhorar a compreensão das relações homem/meio. Os
problemas sociais, o aumento da concentração de renda e o crescimento
das cidades, com grande contribuição dos processos migratórios, foram
decisivos para a penetração do pensamento marxista na Geografia e sua
difusão entre um número significativo de pensadores como David Harvey,
Richard Peet, Yves Lacoste, Massimo Quaine, James Anderson, Neil Smith.
No Brasil, especialmente na academia, a corrente da Geografia Crítica foi
capitaneada por Milton Santos, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Ruy Moreira,
Antonio Christofoletti, entre outros no desenvolvimento de estudos analíticos
e fenomenológicos dos fatos e de casos (ALVES, 2012), com um olhar voltado
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

para a identificação de processos (naturais ou socioespaciais). A partir


desta perspectiva, vários trabalhos foram produzidos, buscando entender
as contradições inerentes ao sistema capitalista de produção e à divisão da
sociedade em classes. A mais nova linha de pensamento na Geografia Radical
é a Geografia Pós-Moderna que, se apoiando nas teorias pós-estruturalistas,
discute a construção do meio social a partir das relações espaciais. Para o tema
Uso da Terra, esta perspectiva de análise trouxe contribuições valiosas, pois
permitiu que fossem analisadas as resultantes dos processos de produção
sobre o campo e seus atores. É a partir desta perspectiva que a dinâmica
sociopolítica foi analisada mostrando suas interrelações. Na Geografia
Humanística os principais conceitos são o espaço e o lugar (Paul Claval),
onde o lugar comporta significância afetiva para uma pessoa ou grupo de
pessoas (CAVALCANTI, 1998, apud COSTA; ROCHA, 2010). Sob esta ótica Yi-
Fu Tuan (1980) insere na discussão do conceito a percepção que o indivíduo
tem seus sentimentos e ideias a respeito do espaço e do lugar. A Geografia da
Percepção considera que o indivíduo tem sua forma própria de ver o mundo
em que vive, e ela é regulada pelas mudanças na sociedade, envolvendo a
economia, a cultura e as pessoas. Entende assim que as ligações entre o ser
humano e o meio são diferenciadas em cada um em razão das diferentes
formas de perceberem a realidade. É uma vertente de estudo com fortes
vínculos na psicologia e na sociologia. Essas ponderações foram importantes
na análise dos usos atribuídos à agricultura familiar. Outra vertente da
Geografia Humanística é a Geografia Cultural, cujos principais representantes
no Brasil são Roberto Lobato Corrêa e Zeny Rozendahl.

No portal do Século XXI, as discussões se voltam para uma Geografia Global,


na qual os conceitos de espaço, território, região, paisagem e lugar são revistos
à luz das novas tecnologias digitais, da transmutação da linguagem e das
necessidades das pessoas. Dessa forma, passa-se a discutir sobre a apropriação
das novas tecnologias digitais pela geografia, aplicações, perspectivas e
possibilidades (COSTA; ROCHA, 2010). Essas novas formas de descrever,
reconhecer, analisar e integrar informações com o uso de tecnologias próprias
demandam também uma reavaliação dos conceitos intrínsecos a cada tarefa do
processo de produção da Geografia. Conceitos cartográficos do meio analógico
não necessariamente podem ser considerados em sua totalidade quando do
uso de processos digitais de interpretação para mapeamento, como é o caso
das unidades mínimas de mapeamento - UMM (ROCCHINI, 2005).

Silva (2010), na introdução de sua tese “O Pensamento Geográfico Brasileiro na


Travessia do Século XX para o XXI”, sugere que na formulação do pensamento
numa pesquisa não se deve achar que se está a adentrar um edifício construído
solidamente, cujos métodos já testados em outras construções asseguram
tal solidez, pois tal não ocorre. Essas considerações auxiliam na constatação
de que a evolução do pensamento é de tal forma que permite questionar em
que momento o território passou a ser tematizado no pensamento geográfico
brasileiro contemporâneo e em quais configurações de pensamento se
apresenta. Para o tema Uso da Terra esta é também uma pergunta para a qual
raramente se encontra uma resposta. De quando datam os primeiros estudos?
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Que métodos foram empregados nas pesquisas ao longo do tempo? Por


ser um tema com material substancial para a formulação de hipóteses para
comprovação de teses, a utilização da terra constitui essência importante da
informação que é manipulada como ensaio por cada teoria.

Embora os primeiros conhecimentos da Geografia tenham se distanciado das


questões mais atuais, sua importância está no fato de terem sido fundamentais
no contexto histórico-evolutivo. Se no passado a Geografia serviu para se
conhecer as formas e dimensões, climas e as relações entre o homem e o
ambiente em que vivia, hoje a ciência geográfica tornou-se mais útil para a
sociedade, pois contribui para análises bastante acuradas do espaço e das
questões políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais. Sob estas
considerações subtemas foram sendo estudados transformando-se em
disciplinas, dentre as quais o Uso da Terra (SILVA; ANTUNES, 2007).

Harvey, em seu livro Explanation in Geography acrescenta importante


contribuição teórico-metodológica para a Geografia no que se refere ao uso de
técnicas quantitativas e ao método hipotético-dedutivo, que a ajudaram a se
afirmar como uma disciplina científica. O autor considerou que procedimentos
científicos, testes e modificações de hipóteses deveriam ser feitas para explicar
a evolução dos sistemas espaciais, a fim de compreender os processos de
mudança no espaço e no tempo, por meio de sucessivas formas de modelagem
da realidade que utilizaram estes métodos. Harvey (1969) propõe os modelos
descritivo e explicativo e considera que a tarefa de verificação é avaliar a
relação entre o observado no mundo empírico e o mundo abstrato teórico.
Essas características transformam meras especulações em teorias científicas. O
modelo descritivo trata das medições, de como retratar o mundo, como coletar
as informações, classificá-las e exibi-las, características bastante frequentes nos
levantamentos de Uso da Terra desenvolvidos no IBGE. O modelo explicativo
mostra os procedimentos para testes de hipóteses de causa e efeito, mostrando
ainda a visão em sistemas, tanto como uma teoria geral quanto na forma de
análise de sistemas. Neste caso, pode-se comentar sobre os trabalhos de
análise de impactos que os usos provocam ao meio ambiente e que por sua
vez podem subsidiar análises para avaliação da sustentabilidade ambiental.

A evolução do uso da terra no Brasil


Desde o período da colonização até o Século XIX, foi frequente no Brasil
a existência de terras de uso comum, especialmente entre as populações
rurais desprovidas de terras, possibilitando o uso de locais para pequenos
criatórios, acesso à extração de lenha, madeira e outros produtos, para a
complementação de suas necessidades básicas. Este perfil de utilização se
repetiu em todo o território brasileiro com formas diferenciadas regionalmente.
Em 1850, com a promulgação da Lei de Terras (BRASIL, 1850), que dispõe
sobre as terras devolutas do Império, as terras de uso comum, juridicamente
consideradas como terras públicas, tiveram seu regime jurídico alterado
e foram transformadas nas chamadas terras devolutas, hoje passíveis de
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

apropriação individual, passando a sofrer o processo especulativo e de


interesses individuais (CAMPOS, 2002).

Para os proprietários de terras, oriundos do processo sucessório do sistema de


sesmarias do período colonial, havia a possibilidade de cultivos, mas, em sua
maioria, exerciam o criatório extensivo da pecuária em suas diferentes tipologias.

A evolução das formas de uso da terra no País passa a ter características melhor
definidas apenas a partir do Século XX, nas academias e com a instalação de
instituições como o IBGE. Assim, as linhas de pensamento da Geografia no
Brasil se sucederam principalmente a partir da institucionalização do IBGE em
1936. E os trabalhos sobre Uso daTerra, basicamente, foram desenvolvidos nesta
instituição e em outras poucas instituições de governo como INPE e Embrapa, e
nas universidades, mas sempre com estudos bastante localizados. Alves (2012)
apresenta como marco inicial da Geografia Agrária Brasileira o ano de 1939, com
forte influência da escola francesa de La Blache nos estudos publicados entre a
década de 1940 e 1970 do Século XX. Sob este prisma, os primeiros trabalhos
foram desenvolvidos por Pierre Monbeig, que analisou os gêneros de vida, as
atividades humanas e o habitat existente no interior do Sul do Brasil.

No IBGE, as ênfases metodológicas foram dadas para caracterizar períodos


distintos (SOKOLONSKI; DOMINGUES, 19982):
i) a década de 1940 caracterizou o período dos estudos de colonização, do
qual são exemplos os trabalhos sobre as regiões de colonização estran-
geira do Sul do País e os de exploração das viagens de reconhecimento;
ii) as décadas de 1950 e 1960 caracterizaram o período dos estudos espaciais
da ocupação por produtos agrícolas de um lado e os estudos regionais
centrados em seus aspectos geográficos de outro [é desta fase o primeiro
Mapeamento da Utilização da Terra, de Elza Keller, publicado em 1969];
iii) a ênfase estatística da década de 1970 até meados da década de 1980
caracterizou este período, cujo marco referencial foi o uso intensivo de
técnicas de quantificação e de modelagem nas análises de utilização das
terras. As influências americana e inglesa foram bastante forte nesses
estudos, ressaltando os trabalhos de Brian Berry sobre Geografia Urba-
na e Regional, que influenciaram inúmeros pesquisadores brasileiros
na década de 1980, tornando-se um dos responsáveis pela revolução
científico-social da Geografia – a Geografia Teorética;
iv) os trabalhos de uso da terra desenvolvidos no Projeto Radam e Ra-
dambrasil tiveram ênfase na avaliação da capacidade média de uso da
terra e da capacidade econômica de uso dos recursos naturais renová-
veis, com metodologias que se apoiaram na ponderação das feições
geomorfológicas, dos tipos de solos, da fisionomia da vegetação e das

2
Esta caracterização só foi possível com o apoio de Roberto Schmidt de Almeida, geógrafo do Departamento de Geografia.
Diretoria de Geociências do IBGE, que compilou uma listagem bibliográfica sobre a produção da Geografia.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

características climáticas, estando de certa forma mais ligados aos con-


ceitos de aptidão de terras do que àqueles voltados para a Geografia.
Apenas na década de 1980 é que se iniciaram estudos voltados para o re-
conhecimento de padrões de uso da terra, mas principalmente para apoiar
os estudos de análises integradas da paisagem. Nesses estudos houve a
incorporação de técnicas de sensoriamento remoto para a interpretação
analógica de fotografias aéreas e imagens de média resolução espectral.
Neste escopo foram introduzidos os conceitos de sistema na terminologia
de classificação para a identificação de tipologias de uso da terra; e
v) com a incorporação do Projeto Radambrasil ao IBGE os estudos de uso
da terra passam por uma nova fase (1986-1999), mesclando os conheci-
mentos de cada instituição, voltando-se para análises regionais e para
o ordenamento territorial. Neste período, os trabalhos de uso da terra
foram desenvolvidos no contexto dos estudos integrados de diagnósti-
cos e zoneamentos ambientais e a sua percepção partia da compreensão
de suas características e dinâmica, objetivando identificar os processos
produtivos e os possíveis impactos ambientais decorrentes.

Com a incorporação de técnicas de sensoriamento remoto para a interpretação


analógica de fotografias aéreas e imagens na identificação de padrões
de uso da terra, inicia-se uma nova fase, na qual o avanço da tecnologia
espacial, com as técnicas de geoprocessamento, caracterizou o momento da
disponibilidade de produtos de satélites imageadores da terra como marco de
uma nova era dos estudos de Uso da Terra, pois ao mesmo tempo que lhe dá
uma nova metodologia de pesquisa, revela a concepção teórica que orienta a
apreensão espacial e temporal do uso da terra no seu conjunto para a gestão
da apropriação do espaço geográfico global ou local.

A mais importante referência internacional desse marco nos estudos do Uso


da Terra veio do trabalho da Comissão Mista para Informação e Classificação
do Uso da Terra, formada no início de 1971, que além da participação de
representantes de órgãos federais dos Estados Unidos, como o Departamento
do Interior, a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço - NASA, e o
Departamento de Agricultura, teve ainda a participação da Associação dos
Geógrafos Americanos e da União Geográfica Internacional - UGI.

Tendo em vista a observação do conjunto das tendências e dos padrões de uso


da terra e revestimento do solo, bem como dos valores ambientais, o objetivo
da Comissão era desenvolver um sistema nacional de classificação que fosse
receptivo às entradas de dados, tanto das fontes convencionais quanto dos
sensores remotos localizados em aviões de grande altitude e em plataformas
de satélites. Então, em 1976, o Departamento do Interior dos Estados Unidos
publicou uma revisão do sistema de classificação de uso da terra de autoria de
James R. Anderson, Ernest E. Hardy, JohnT. Roach e Richard E. Witmer, conforme
apresentado na U.S. Geological Survey Circular 671. Esta publicação também
se tornou uma importante referência para os estudos de Uso da Terra no Brasil.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

O trabalho da Comissão chama a atenção não só pelo aspecto da importância


dada a um novo recurso tecnológico para obtenção de informações de uso
da terra, mas também pelo aspecto de fundo que é a visão do conjunto do
uso da terra e revestimento do solo e a preocupação ambiental. Juntos,
esses aspectos vão constituir marcos teórico-metodológicos para os estudos
contemporâneos do uso da terra.

Além do estudo de Anderson e outros (1979), o programa Corine Land


Cover, desenvolvido pela Comissão Europeia, deve ser mencionado pelo
mesmo aspecto de fundo, que é a sua linha teórica também orientada para a
questão ambiental, e pela sua importância nas discussões para este Manual,
sendo utilizado como referência ao serem estabelecidos os procedimentos
metodológicos, principalmente do mapeamento da Cobertura e do Uso daTerra.

Fato é que o avanço tecnológico da observação daTerra, a busca do conhecimento


sobre o conjunto e a preocupação ambiental estiveram sempre associados,
principalmente quando os processos de uso da terra e as consequências deles
originadas passaram a ser reconhecidos como interdependentes. Contudo,
o levantamento do uso da terra, bem como a apreensão dos processos e das
consequências desse uso, era orientado segundo a abordagem do estudo que
estivesse sendo realizado.

Por isso Anderson e outros (1979, p. 31) fizeram questão de esclarecer que a
abordagem da classificação de uso da terra e revestimento do solo, no sistema
por eles descrito “é orientada com base na fonte”, ao contrário, por exemplo
da “orientação segundo pessoas” do “Manual Padronizado de Codificação de
Uso da Terra”, desenvolvido pelo U.S. Urban Renewal e pelo Bureau of Public
Roads (1965)”. Para Anderson e outros (1979) a “orientação segundo pessoas”
privilegia essencialmente os usos da terra urbana, de transporte, de recreação
e outros relacionados, de menor área total àquela época nos EUA. Para esses
autores, embora exista necessidade óbvia de um sistema de classificação de
uso da terra orientado no sentido urbano, há também a necessidade de um
sistema orientado com base na fonte, isto é, com abordagem orientada no
sentido dos recursos, de modo a enfatizar os remanescentes terrestres, que
nos Estados Unidos, àquela época, correspondiam a 95% da área do país.

Apesar da questão da abordagem, os estudos de Uso da Terra, ainda no início


da adoção de sensores remotos e recursos computacionais para classificação
digital dos padrões de uso da terra, não destacavam as questões teóricas e
conceituais dirigidas à preocupação e motivação do levantamento do uso da
terra, restringindo-se, basicamente a identificação da cobertura da terra sem
referência àquelas questões. Deste modo, não causa admiração a seguinte
declaração do European Research Commissioner Philippe Busquin publicada
no EuropaWorld: “Trabalhando conjuntamente, cientistas de toda parte do
mundo têm nos dado uma única e acurada pintura do estado da superfície de
nosso planeta quando nós entramos no terceiro milênio”.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Nos estudos efetuados sobre o meio ambiente e a ação antrópica antes de


1970, a utilização do sensoriamento remoto para obtenção de informações
referentes ao uso da terra se limitava à interpretação da cobertura do solo.
A demanda de dados ambientais, por aqueles estudos, se dava a partir da
necessidade de se examinar os efeitos da interferência do homem sobre os
diversos ambientes naturais. A abordagem era multidisciplinar e a análise de
tais dados constituía o método para aquele exame. Contudo, as concepções
teóricas que estariam norteando tanto a coleta dos dados quanto seu exame
não eram claramente colocadas, como se obviamente fossem de conhecimento
e de consenso de todos que daqueles estudos precisassem.

No Brasil, os primeiros trabalhos sobre uso da terra se iniciaram no final da


década de 1930 do século passado e perduraram até os anos 1940, quando
predominaram estudos sobre a colonização e as viagens de reconhecimento
como os dedicados à análise da colonização do sul do Brasil pela imigração
ou os que se dedicaram à análise da ocupação da Amazônia.

A partir da década de 1950 – embora ainda ocorressem estudos sobre o


tema colonização – até a década de 1960 passam a predominar os estudos
sobre padrões espaciais, analisados a partir de processos produtivos. Esses
estudos permitiram a evolução para as análises da caracterização de variáveis
específicas da ocupação, como a distribuição de propriedades rurais, análise
dos rebanhos, da expansão do povoamento, ou das frentes pioneiras. Já na
metade dessa década, iniciam-se estudos indicativos da preocupação com
questões da regionalização dos usos da terra e com o próprio mapeamento,
como é o trabalho de Keller (1969).

Na década de 1970, foram registrados tanto os avanços em análises


classificatórias das formas e das dinâmicas de uso da terra, especialmente
a partir de focos temáticos, como o uso no meio técnico e acadêmico de
procedimentos estatísticos na Geografia, refletindo uma forte ênfase das
análises quantitativas na produção dos trabalhos da época. Centros importantes,
como o IBGE e universidades disseminaram no País vários estudos sob este
foco. A Geografia nessas instituições, no entanto, ainda não incorporara, de
forma sistemática, procedimentos de análise utilizando sensores remotos. O
primeiro trabalho sistemático utilizando sensores remotos como ferramenta
de interpretação dos fenômenos espacializáveis de significado nacional foi o
Levantamento Sistemático de Recursos Naturais, realizado pelo Radambrasil
utilizando imagens de radar.

Em 1971, com a transformação da Comissão Nacional de Atividades


Espaciais - CNAE no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, com a
missão, entre outras, de promover e executar estudos, pesquisas científicas,
desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos, nos campos
da Ciência Espacial e da Atmosfera, criam-se as condições básicas que se
necessitava para o avanço do conhecimento da realidade do País.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

No momento em que os novos recursos tecnológicos permitiram enfatizar a


riqueza de informações do uso da terra e a subjetividade da sua apreensão
por diferentes abordagens, fica claro que o estudo do uso da terra não pode
prescindir de uma orientação teórica, conceitual e metodológica. Torna-se,
portanto, relevante revelar os paradigmas que orientam um levantamento
de uso da terra.

O projeto atual
Neste manual a reflexão sobre o marco teórico-metodológico dos estudos
contemporâneos de uso e cobertura da terra contribui na construção da sua
abordagem paradigmática, tendo em vista a orientação do levantamento do
uso da terra. Tal construção traz à tona, na segunda parte deste manual, a
apresentação de conceitos e definições nos quais está baseada a terminologia
empregada na classificação de uso da terra.

Por isso, além da experiência de mapeamento de Uso da Terra no âmbito do


IBGE, na atualização deste Manual foram consideradas as contribuições de
vários estudos de Uso daTerra realizados por outras equipes de pesquisadores.
Deste modo, entre definições e conceitos consagrados, além da avalanche de
termos novos, associados com as interpretações de padrões de uso da terra
em diferentes regiões e níveis de detalhe, foram distinguidos aqueles que
melhor expressam a abordagem teórico-metodológica aqui desenvolvida.

Esse esforço de reflexão teórica sobre o uso de uma determinada terminologia


nos estudos ambientais já havia sido iniciado por Xavier da Silva (SILVA, 1995,
p. 15) no seu texto sobre “A Pesquisa Ambiental no Brasil: Uma Visão Crítica”.
Esse autor introduz seu texto dizendo que “O uso de uma terminologia não
é uma ação inconsequente. Pelo contrário, é certamente um caminho para
atrelamentos de toda a ordem, sociais, econômicos e políticos sendo os
mais imediatos”, e esclarece que “O planejamento ambiental – sem que esta
denominação fosse reconhecida, ou seja, a análise e a previsão associadas
a situações territoriais relevantes para governos e firmas de grande porte
passaram a ser executadas segundo a ótica mais pragmática possível, para
servir a interesses de expansão urbana, de exploração agropecuária para o
extrativismo mineral, para a silvicultura”.

Em 1995, Xavier da Silva reconhecia este quadro como existente, o que teria
levado os ambientalistas a uma participação intensa na geração e análise de
conhecimentos ambientais. Parecendo também identificar o mesmo aspecto
de fundo do marco teórico aqui destacado, que é a visão do conjunto do uso
da terra e do revestimento do solo e a preocupação ambiental, esse autor
diz que “Em termos de pesquisa ambiental, firmou-se a imagem do mundo
como um conjunto estruturado de padrões espaciais, a serem identificados,
analisados e classificados de modo a facilitar a intensificação do uso dos
recursos ambientais neles disponíveis. Uma pergunta fundamental ficou desde
então no ar: Em benefício de quem?” (SILVA, 1995, p. 17).
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Xavier da Silva (SILVA, 1995, p. 18) acredita que “ao mostrar de forma
sistemática as razões e os resultados da interferência do homem sobre o
ambiente, a Geografia é um veículo poderoso de conscientização dos jovens
quanto aos problemas de desequilíbrio ambiental, de ocupações desordenadas
de novos territórios, e desperdícios de recursos disponíveis e de poluição
ambiental”. Ele acrescenta que “é imprescindível que sejam definidos
parâmetros aceitáveis para cientistas e engenheiros em conjunto, sob pena
de continuarmos agindo de forma imediatista, por parte dos técnicos e de
maneira excessivamente acadêmica, por parte dos pesquisadores. Os erros
que temos cometido na ocupação econômica de grandes áreas amazônicas, na
construção de barragens, em programas de irrigação, testemunham o alcance
negativo desta atuação descompassada de técnicos e cientistas”.

A concepção teórica sobre a apreensão do conjunto do uso da terra também


é identificada nos estudos de Santos e Silveira (2004, p. 19), ao colocar como
questão o uso do território para tratar da apropriação dos espaços no território
brasileiro. Para empreender o conhecimento do território, Santos e Silveira
(2004, p. 93) advertem que o uso do território está relacionado com a produção
e com o uso de informação. Daí a necessidade de compreender as qualidades
da informação, reconhecer os seus produtores e possuidores, decifrar os seus
usos. Banal ou secreta, de abrangência global ou local, verticalizada por ser
tributária de técnicas como os satélites ou horizontal por ser construída na
co-presença: eis sua qualidade. Mas são os seus produtores e possuidores –
empresas, estado, sociedade – que vão decidir dos seus usos. Cabe, então,
considerar a relação entre as duas potencialidades: a do conhecimento técnico
e a da ação, isto é, a política, mediante os usos da informação, ora voltada
para a busca de maior lucro, ora para a defesa da soberania, para a defesa
dos recursos naturais, etc.

Esses autores esclarecem que há hoje uma informação globalmente organizada,


que se constrói e se difunde com instrumentos de trabalhos específicos, isto
é, sistemas técnicos sofisticados, exigentes de informação e produtores de
informação sobre o território. É o caso dos satélites, que retratam a face do
planeta a intervalos regulares e, nesse ritmo, permitem verificar a evolução
do território (SANTOS; SILVEIRA, 2004, p. 95).

No Brasil, o conhecimento do uso do território, seguindo uma tendência


internacional, evoluiu orientado para os recursos. Santos e Silveira (2004, p. 96)
verificaram que em 1974 as imagens do satélite americano Landsat, recebidas
em Cuiabá (MT), possibilitaram trabalhar em escalas de até 1: 100 000 e, na
década de 1980, as imagens do satélite francês SPOT, na mesma estação
brasileira, aumentaram as escalas para 1: 30 000. Esses autores esclarecem
que após a Segunda Guerra Mundial, dois terços do território brasileiro
haviam sido fotografados, e buscava-se então completar o mapeamento das
regiões mais ignotas do País, o Norte e o Centro-Oeste. Nos anos 1960, estava
concluída a carta do Brasil ao milionésimo. O Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE, a Diretoria de Serviço Geográfico, a Sudene e a Petrobras
iniciaram a produção de cartas em escalas diversas (1: 50 000, 1: 100 000 e
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

1: 250 000). Mais tarde ampliaram-se as escalas de trabalho para 1: 10 000,


1: 5 000 e 1: 2 000 (SANTOS; SILVEIRA, 2004, p. 94). Na década de 1970, em
virtude das características do Sistema Radar, começa a ser elaborada uma
nova Cartografia sobre a Amazônia.

Então, Santos e Silveira (2004) apresentam uma perspectiva de orientação


da visão de conjunto do uso da terra mais comprometida com as questões
teóricas que associam tempo e espaço em extensões diversas de formas de
uso. Verifica-se que, ao questionarem o uso do território, este entendido como
a extensão apropriada e usada (SANTOS; SILVEIRA, 2004, p. 19), os autores
chamam a atenção para a importância que deve ser dada à temporalidade
do uso de diferentes extensões do espaço, ao mesmo tempo que esses
usos devem ser entendidos à luz da interligação dos contextos. Os autores
argumentam que para discutir o território usado, sinônimo de espaço
geográfico (SANTOS; SILVEIRA, 2004, p. 20), é necessária uma periodização,
pois os usos são diferentes nos diversos momentos históricos. Eles esclarecem
que cada periodização se caracteriza por extensões diversas de formas de uso,
marcadas por manifestações particulares interligadas que evoluem juntas e
obedecem a princípios gerais. Para os autores, a evolução que se busca é a
dos contextos, e assim variáveis escolhidas são trabalhadas no interior de
uma situação que é sempre datada. Acrescentam que a eles interessa, em
cada época, o peso diverso da novidade e das heranças, e que o trabalho se
complica porque o espaço acumula defasagens e superposições de divisões
do trabalho sociais e territoriais.

Eles também fazem uma reflexão sobre o avanço tecnológico que permite
associar o conhecimento sobre as condições meteorológicas ao conhecimento
para o uso da terra. Lembram que antes dos radares, dos satélites, dos
computadores e dos SIGs, assim como antes das possibilidades do seu uso
interligado, as informações sobre a terra e sobre o tempo trilhavam caminhos
mais ou menos independentes e seus efeitos eram também circunscritos.
De um lado eram produzidos mapas e, de outro, instalavam-se estações
meteorológicas sem maior comunicação. Atualmente, como exemplificam
aqueles autores, inovações técnicas e organizacionais na agricultura concorrem
para criar um novo uso do tempo e um novo uso da terra (SANTOS; SILVEIRA,
2004, p. 118). Também lembramos aqui que em várias partes do mundo redes
de informação agrometeorológicas possibilitam a complementaridade entre as
informações sobre o uso da terra e as condições meteorológicas, funcionando
como aliadas na observação da mudança no clima, que foi motivada também
pela visão de conjunto do uso da terra e da preocupação ambiental.

A reunião de dados inquietantes3 levou vários países a se organizarem em


torno de metas de controle e mitigação das mudanças climáticas definidas
3
Conforme MCT & BNDES (EFEITOS...,1999, p. 6). Embora o clima tenha sempre variado de modo natural, resultados de
pesquisas e simulações sofisticadas vêm sinalizando evidências de que as emissões excessivas de dióxido de carbono,
metano e óxido nitroso podem provocar mudança permanente e irreversível no clima, imprimindo novos padrões no
regime de ventos, pluviosidade e circulação dos oceanos. Segundo ainda a mesma fonte (EFEITOS...,1999, p. 9). Alguns
dos principais efeitos adversos sinalizados e já percebidos nos dias atuais são: aumento do nível do mar; alteração do
suprimento de água doce; maior número de ciclones; tempestades de chuva e neves fortes e mais frequentes; e forte e
rápido ressecamento do solo.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima –


Convenção do Clima. Em 1990 o primeiro Relatório de Avaliação Científica
do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima - IPCC concluiu que
a continuação do acúmulo de gases de efeito estufa antrópicos na atmosfera
conduziria à mudança do clima, cujo ritmo e magnitude provavelmente
teriam efeitos importantes nos sistemas natural e humano. O Relatório
do IPCC de 1995 afirma que as concentrações de gases de efeito estufa
continuam aumentando. Conforme o IPCC, o aumento das concentrações
de gases de efeito estufa desde a época pré-industrial (ou seja, desde cerca
de 1750) conduziu a um forçamento radiativo4 positivo do clima, que tende
a aquecer a superfície e produzir outras mudanças climáticas. Alterações
têm sido evidenciadas nos registros históricos instrumentais a partir da
segunda metade do Século XIX com aumentos da temperatura global em
torno de 0,4°C a 0,8°C, cuja intensificação é verificada a partir dos anos de
1870 do século passado (PEREIRA; DOMINGUES, 2000). O primeiro ponto
destacado da análise é que as concentrações de gases de efeito estufa na
atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso
(N2O), entre outros, aumentaram de forma significativa: em cerca de 30%,
145% e 15%, respectivamente (valores para 1992). Essas tendências podem
ser atribuídas em grande parte às atividades humanas, sobretudo o uso de
combustíveis fósseis, a mudança no uso da terra e a agricultura.

Os países signatários da Convenção do Clima têm como uma de suas principais


obrigações a elaboração e atualização periódicas do Inventário Nacional de
Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados
pelo Protocolo de Montreal. Isso significa que o Inventário deve incluir apenas
as emissões e remoções de gases de efeito estufa causados pelas atividades
humanas (antrópicas). O inventário foi organizado segundo as fontes de
emissão, chamadas setores: Energia; Processos Industriais, Uso de Solventes
e Outros Produtos; Agropecuária; Mudança no Uso da Terra e Florestas; e
Tratamento de Resíduos. Está mais diretamente relacionado com o tema deste
Manual o setor de Mudança no Uso da Terra e Florestas (BRASIL, 2004, p. 9).

No setor agropecuário as emissões de gases de efeito estufa (CH4 e NOX) são


provenientes principalmente dos cultivos em áreas inundáveis, como o arroz,
dejetos da pecuária e da queima de resíduos agrícolas, além das características
inerentes às áreas onde predominam solos orgânicos.

No setor de Uso da Terra e Florestas, devido à grande extensão territorial


do Brasil, a estimação dos valores nele envolvidos foi um dos pontos mais
complexos do Inventário, envolvendo trabalhos extensos de levantamento
e tratamento de dados de sensoriamento remoto. Nestes trabalhos são
analisados três subsetores:

4
Segundo o IPCC, é uma medida simples da importância de um mecanismo potencial de mudança do clima. O forçamen-
to radiativo é a perturbação do balanço de energia do sistema Terra-atmosfera (em watts por metro quadrado [W/m²])
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

• Conversão de florestas em atividades de agricultura e pecuária, ou seja,


desflorestamento de áreas de vegetação nativa, e regeneração de florestas
pelo abandono de terras cultivadas. Desflorestamento significa emissão de
CO2 para a atmosfera e a regeneração, ao contrário, remoção de CO2;
• Alterações do conteúdo de carbono nos solos, causadas por mudanças de
uso da terra, como a conversão de florestas para uso agrícola e pastagens,
e vice-versa. Essas alterações dependem de diversos fatores: o tipo de uso
e das práticas de manejo de solo utilizadas, avaliadas num período de 20
anos; a aplicação de calcário para combater a acidez dos solos e melhorar
sua fertilidade; e a conversão de solos orgânicos para agricultura, que pro-
voca rápida oxidação de matéria orgânica. As variações de carbono são
associadas a emissões e remoções de CO2; e
• Florestas plantadas no País, especificamente as de uso industrial, atividade
em contínua expansão e que resulta no aumento também de biomassa es-
tocada. Neste subsetor, há emissões e remoções de CO2, com predomínio
das últimas.

A visão de conjunto do uso da terra e as preocupações ambientais, com


destaque para as demandas de um controle e mitigação das mudanças do
clima, e, mais recentemente, as demandas para a contabilização de mudanças
na cobertura e no uso da terra no contexto do Sistema de Contabilidade
Econômico-Ambiental que as Nações Unidas (SYSTEM..., 2012) vêm
promovendo, e contribuindo para a ampliação da produção de uma crítica
e soluções ao modelo de desenvolvimento. No Brasil, constata-se que o
padrão de crescimento econômico – que prevaleceu no País desde a década
de 1930, e a crise de seu esgotamento que marcou os últimos quinze anos da
sociedade brasileira – deixaram como herança, por um lado, transformações
rurais intensas e uma sociedade urbano-industrial moderna e complexa, por
outro, um dramático quadro social, marcado por profundas desigualdades
(BRASIL, 2004, p. 44), tanto no campo como nos centros urbanos.

A crítica produzida tem conduzido, recentemente, as reflexões teóricas sobre


a cobertura e o uso da terra, bem como a preocupação ambiental, para as
questões sociais, mostrando a tendência atual de orientação desses estudos
segundo o conceito de justiça ambiental. Nessa linha de reflexão, incluímos
os estudos de Porto (2005) e Santos e Silveira (2004).

Porto (2005), a partir da abordagem da ecologia política e do conceito de justiça


ambiental, traz ao debate a dimensão do poder, focando especialmente a (re)
produção das relações de dominação centro-periferia marcadas pelo desprezo
sobre as pessoas e a natureza. Destaca também o movimento pela justiça
ambiental no Brasil, realçando que a conscientização e a ação têm origem no
modelo de desenvolvimento injusto, em especial para as populações mais
pobres e discriminadas.

Santos e Silveira (2004) sinalizaram para o fato de que ao contrário das


ações públicas empreendidas em diversos períodos que são exemplos dos
nexos modernos que buscam criar monofuncionalidades no uso da terra, dos
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

transportes, dos portos, como o Polocentro - Programa de Desenvolvimento


dos Cerrados, o Polonorte, o Programa de Irrigação do Nordeste - Proine, o
Programa de Ocupação Econômica de Novas Áreas - Pronar, o Programa de
Apoio ao Pequeno Produtor Rural - PAPP , o Programa Grande Carajás e o
Plano Diretor para o Desenvolvimento do Vale do São Francisco - Planvasf, as
novas ações deverão contemplar a possibilidade de um uso plural do território
pela sociedade (SANTOS; SILVEIRA, 2004, p. 119).

A ideia de justiça ambiental emerge das discussões do conceito de


desenvolvimento sustentável. Esse conceito, amplamente debatido, sempre
esteve longe de um consenso. O seu uso irrestrito para expressar a intenção
de resolver a crise ambiental não veio acompanhado de uma definição clara
que pudesse ser difundida como um acordo como pretendido pelo Relatório
Brundtland5. Conforme Ekins (1993, p. 91), o conceito de desenvolvimento
sustentável foi popularizado pelo Relatório como aquele que trata do
atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades, uma imprecisa
formulação que não faz distinção entre a imensa diferença da “necessidade”
no Primeiro e no Terceiro Mundo, nem entre necessidades humanas e a
necessidade de consumo do consumidor do Primeiro Mundo.

Camacho (1998, p. 11), referindo-se aos movimentos sociais dos Estados


Unidos, observa que o movimento ambiental moderno, majoritário e
convencional, tendeu a excluir a participação substantiva da população negra.
Por outro lado essa população vem se organizando em torno das questões
ambientais em uma intensidade sem precedentes desde a década de 1980.
De acordo com Camacho (1998), como muitos indivíduos e grupos atraídos
pelo movimento ambiental contemporâneo, a população negra e os grupos de
baixa renda ficaram horrorizados quando souberam dos perigos que corriam
suas comunidades por causa de exposições tóxicas agudas e crônicas e
outros perigos ambientais. Entretanto, os grupos majoritários do movimento
ambiental moderno têm sido ainda lentos em reconstruir sua base para incluir
a população negra, bem como os pobres e brancos da classe trabalhadora,
e também em tratar dos interesses ambientais, econômicos e sociais de
comunidades de minorias.

Ele lembra que entre as décadas de 1960 e 1970 nos grupos ambientalistas
majoritários, focalizados na preservação e na conservação do deserto através
de litígio, lobbying político, e a avaliação técnica, encontravam-se negros
engajados em mobilizações de ação coletiva por direitos civis básicos nas
áreas de emprego, habitação, educação e saúde. Assim, dois movimentos
frequentemente separados emergiram associados, precisando de quase duas
décadas para que ocorresse uma convergência significativa de interesses para

5
Como ficou conhecida a publicação “Nosso Futuro Comum” produzida pela Comissão das Nações Unidas sobre Desen-
volvimento e Ambiente.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

que os dois grupos pensassem o desenvolvimento econômico, a justiça social


e a proteção ambiental.

A questão que permanece é que o movimento ambiental majoritário não


reconheceu inteiramente o fato que a desigualdade e os desequilíbrios sociais
do poder contribuem para a degradação ambiental, a exaustão dos recursos,
a poluição, e os perigos ambientais que impactam desproporcionalmente a
população negra, junto com pobres e brancos da classe trabalhadora. Falta
ao grupo ambiental majoritário maior empenho no interesse pela "justiça"
(CAMACHO, 1998, p. 12). O movimento pela justiça ambiental, então, é uma
tentativa de unir os interesses dos movimentos ambientais e de direitos civis.

Novas questões devem ser trazidas às discussões dando atualização a este


Manual, como a constatação dos prejuízos econômicos decorrentes do
modelo de desenvolvimento. Sob este aspecto, não basta apenas identificar
e reconhecer as transformações decorrentes das formas de apropriação do
território, mas é fundamental contabilizar o patrimônio natural remanescente e
acompanhar essas mudanças de forma que, em futuro próximo, seja possível
valorar as transformações, tanto positiva como negativamente.

Considerando os conceitos de uso da terra, apresentados no sistema de


classificação, de uso do território, ambiente, desenvolvimento sustentável,
justiça ambiental e mudanças ambientais, concluiu-se que o marco teórico-
metodológico dos estudos de uso da terra, aqui identificado, nos coloca
diante de um conceito de desenvolvimento sustentável que engloba a visão
de conjunto do uso da terra, tendo em vista a preservação, a conservação e
a justiça ambiental. Para esta visão de conjunto, o Manual de Uso da Terra,
alinhado com projetos internacionais, propõe, para o levantamento de uso da
terra, identificar três (3) níveis diferenciados de observação partindo de uma
visão abrangente, em escala continental, nacional, para uma mais detalhada
capaz de atender demanda social de informação em níveis regionais e locais,
cuja discussão será aprofundada na segunda parte. Deste modo o presente
Manual procura orientar a sua abordagem para aqueles conceitos, visando
atender a expectativa de informação para a sociedade.

Levantamento da cobertura e
do uso da terra
Entende-se por levantamento o conjunto de operações necessárias à
elaboração de uma pesquisa temática que pode ser sintetizada por meio de
mapas. O levantamento da Cobertura e do Uso da Terra indica a distribuição
geográfica da tipologia de uso, identificada por meio de padrões homogêneos
da cobertura terrestre. Envolve pesquisas de escritório e de campo, voltadas
para a interpretação, análise e registro de observações da paisagem,
concernentes aos tipos de uso e cobertura da terra, visando sua classificação
e espacialização por meio de cartas.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

O levantamento sobre a Cobertura e o Uso da Terra comporta análises e


mapeamentos e é de grande utilidade para o conhecimento atualizado das
formas de uso e de ocupação do espaço, constituindo importante ferramenta
de planejamento e de orientação à tomada de decisão.

Ao retratar as formas e a dinâmica de ocupação da terra, estes estudos também


representam instrumento valioso para a construção de indicadores ambientais
e para a avaliação da capacidade de suporte ambiental, frente aos diferentes
manejos empregados na produção, contribuindo assim para a identificação
de alternativas promotoras da sustentabilidade do desenvolvimento.

No contexto das mudanças globais, os levantamentos de Uso e Cobertura


da Terra fornecem subsídios para as análises e avaliações dos impactos
ambientais, como os provenientes de desmatamentos, da perda da
biodiversidade, das mudanças climáticas, das doenças reincidentes, ou,
ainda, os inúmeros impactos gerados pelos altos índices de urbanização e
pelas transformações rurais que se cristalizam em um grande contingente de
população sem emprego, vivendo nos limites das condições de sobrevivência.
Em cada região do País, os problemas se repetem, mas também se diferenciam
a partir das formas e dos tipos de ocupação e do uso da terra, que são
delineados a partir dos processos definidos nos diferentes “circuitos de
produção” (SANTOS, 1988).

Princípios básicos
Espera-se que os levantamentos da Cobertura e do Uso da Terra forneçam
informações do território ao maior número possível de usuários, em escalas
regionais, estaduais e locais, de tal forma que possam ser comparadas entre
si e periodicamente atualizadas. Para atender a tais requisitos Heymann (1994,
p. 12, tradução nossa) recomenda a observância de quatro princípios básicos
na estruturação do sistema de classificação:
- a escala de mapeamento;
- a natureza da informação básica;
- a unidade de mapeamento e definição da menor área a ser mapeada;
- a nomenclatura.

Escala de mapeamento
Sob o ponto de vista matemático, escala é a proporção entre a representação
gráfica de um objeto e a medida correspondente de sua dimensão real.
Para Monteiro (2008), a escala de um mapa é a relação constante que existe
entre as distâncias lineares medidas sobre o mapa e as distâncias lineares
correspondentes medidas sobre o terreno. No entanto, mais que uma simples
relação matemática é um fator de seleção e aproximação do terreno, cheio
de significados técnico e científico. Castro (1995, p.117) também salienta
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

que a escala não deve ser vista apenas sob a perspectiva matemática; pois
a conceituação de escala acorrentada apenas à ótica geométrica é cada vez
mais insatisfatória.

A complexidade dos fenômenos abordados no mundo real vem exigindo


e ampliando as possibilidades de reflexão sobre o termo, incorporando à
acepção tradicional o sentido de representação de diferentes modos de
percepção e concepção do real. Vista desta forma, a escala é uma prática de
observação e elaboração das várias faces e dimensões do real, que só pode
ser apreendido por representação e fragmentação.

A mensuração, análise e explicação dos fenômenos dependem da escala de


observação. Lacoste (1989, p.77) ressalta que a realidade aparece diferente de
acordo com a escala dos mapas, de acordo com os níveis de análise.

A concepção de um método para levantamento e mapeamento de uso e


cobertura, visando atingir diferentes tipos de usuário e propósitos, prevê a
reprodução da informação em diferentes escalas a fim de serem utilizados
em vários níveis de tomada de decisão.

Mapeamentos exploratórios (escalas entre 1: 750 000 a 1: 2 500 000), por


exemplo, são úteis no preparo de programas nacionais de desenvolvimento
e abrangem extensas áreas. Mapeamentos de reconhecimento variam de
acordo com a intensidade dos trabalhos (escalas entre 1: 50 000 até 1: 750 000),
polivalentes na sua essência, atendem ampla faixa de objetivos, perpassando
pelo planejamento regional, de bacias hidrográficas, nacional e estadual.
Por fim, os mapeamentos em maiores escalas (igual ou acima de 1: 50 000),
abrangendo diferentes intensidades de detalhamento (detalhado, semidetalhado
e ultradetalhado), atendem a problemas específicos, a decisões localizadas e se
restringem a pequenas áreas. A estrutura básica dos levantamentos detalhados
é praticamente a mesma, diferenciando-se apenas no método de prospecção
(malhas rígidas) e no maior detalhamento cartográfico.

Partindo destes pressupostos a escolha da escala dependerá em primeira


instância dos objetivos do trabalho e do tamanho da área a ser mapeada.

Natureza da informação básica

O conhecimento da distribuição espacial dos tipos de uso e da cobertura da


terra é fundamental para orientar a utilização racional do espaço. Segundo
Keller (1969, p. 151) somente o registro dos fatos em mapas poderá mostrar
as áreas e a distribuição real das diferentes formas de uso do espaço.

Os dados de imagens orbitais são importantes fonte básica para o mapeamento


do tema uso da terra, embora per si sejam insuficientes para dar conta da
realidade, requerendo a agregação de dados exógenos de naturezas diversas
durante a interpretação dos padrões homogêneos de uso da terra.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

No levantamento da Cobertura e do Uso da Terra, podem ser utilizados dados


de diversos sensores e sua escolha vai depender dos objetivos do trabalho, da
escala de mapeamento, do custo e dos equipamentos disponíveis. Os dados de
sensores de segunda geração (Landsat-TM, SPOT, HRV), por exemplo, são mais
facilmente interpretados do que seus antecessores, como MSS. Os sensores
de segunda geração demandam equipamentos de alta performance para o
processamento e, por tais razões, apresentam custos elevados. Por outro lado,
são mais condizentes com a escala do mapeamento do Uso da Terra no IBGE.

Para análise e interpretação de imagens por meio do sensoriamento remoto,


três (3) elementos são fundamentais a se considerar: o objeto do estudo, a
radiação eletromagnética (aquilo que nossos olhos conseguem perceber como
cores diferentes) e a escolha do sensor.

O tipo e a quantidade de informação sobre a cobertura e o uso da terra, obtidos


dos sensores remotos, dependem das características técnicas dos sensores
escolhidos, tais como: resolução espacial, resolução radiométrica, resolução
espectral e resolução temporal.

A resolução espacial implica na individualização de objetos espacialmente


próximos. Em geral, a resolução espacial de um detector é expressa em termos
do seu campo instantâneo de visada, que define a área do terreno focalizada a
uma dada altitude pelo instrumento sensor (SENSORIAMENTO..., [200-]). Em
função disto o tamanho da menor área interpretável dependerá da resolução
espacial do sensor imageador, que deverá ser compatível com a escala de
mapeamento.

Quanto à resolução radiométrica, refere-se a número possível de dados


contidos em cada banda. Cada dado contém uma quantidade de bits que
apresenta correspondência nos níveis de cinza. Por exemplo, nos satélites SPOT
5 e Landsat 5, com resolução radiométrica de 8 bits, os valores dos tons de
cinza para cada pixel variam de 0 a 255, o que significa o registro de imagens
com 256 níveis de cinza. O satélite NOAA utiliza 10 bits e apresenta 1023 níveis
de cinza, e o RAPIDEYE com 12 bits contém 4096 níveis de cinza. Assim, a
resolução radiométrica está relacionada com a faixa de valores numéricos
associados aos pixels. Este valor numérico representa a intensidade da
radiância proveniente da área do terreno correspondente ao pixel e é chamado
de nível de cinza (FIGUEIREDO, 2005), os quais dependem da quantidade de
bits (dígitos binários) utilizada para cada pixel.

Quanto maior for o valor de bits, maior é a resolução radiométrica. O número


de níveis de cinza é expresso em função do número de dígitos binários (bits)
necessários para armazenar, em forma digital, o valor do nível máximo. O fato
de se ter uma constante evolução nos hardwares e softwares tem possibilitado
melhorias no processamento digital de imagens e consequentemente mais
precisão nos resultados interpretados.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

A resolução espectral também é importante para o mapeamento de uso da terra


pois ela caracteriza a capacidade do sensor em operar em várias e estreitas
bandas espectrais. Esta capacidade se reflete sobre as características dos alvos,
podendo gerar diferentes curvas de comportamento espectral que auxiliam
na distinção das características dos diferentes usos. Os sensores que operam
em centenas de bandas são conhecidos como hiperespectrais, fornecendo ao
intérprete uma ampla gama de possibilidades.

A resolução temporal está relacionada ao intervalo de tempo que cada satélite


revisita uma mesma área, o que significa que quanto mais passagens por uma
mesma área o satélite oferecer maior será a possibilidade de se contar com
imagens de boa qualidade. Quanto menor o intervalo de passagens sobre o
mesmo alvo maior é a periodicidade e a oferta de imagens que o usuário terá
disponível. Para o monitoramento de processos bastante dinâmicos, como
queimadas, acidentes, fenômenos naturais ou para o acompanhamento das
mudanças no crescimento das lavouras a resolução temporal é de suprema
importância. Satélites como Ikonos revisitam uma mesma região a cada 5
dias; o intervalo de tempo entre cada passagem do satélite Landsat é de 16
dias, o do SPOT 26 dias, enquanto o ALOS apresenta uma periodicidade de
46 dias. Outra questão atrelada à resolução temporal tem a ver com a largura
das faixas de imageamento de cada satélite. Essa variação deve ser também
considerada pelo usuário no momento da escolha do sensor e segundo os
objetivos do seu trabalho.

Unidade de mapeamento

A unidade de mapeamento é a representação da homogeneidade e da


diversidade de objetos que recobrem a superfície da terra. Corresponde a uma
cobertura considerada homogênea (floresta, campestre, água, etc.) ou a uma
combinação de áreas homogêneas, que em suas variações representam a
cobertura da superfície terrestre. Caracteriza-se por ser claramente distinguível
das unidades de seu entorno e por representar uma significativa porção
de terra, em uma dada escala. Em termos de cobertura, Heymann (1994)
recomenda que a estrutura da unidade de área precisa ser suficientemente
estável para servir como unidade para uma coleção de informações mais
precisas. A unidade de área a ser mapeada é definida por Heymann (1994) como
uma ferramenta conceitual para a análise da cobertura terrestre, prestando-se
também para a leitura e organização dos dados dos sensores remotos.

Ao se definir a unidade de mapeamento, é preciso considerar que a cobertura da


terra ocorre sempre como uma combinação de superfícies com maior ou menor
grau de homogeneidade, e que dentro do homogêneo existe heterogeneidade.

Uma unidade de mapeamento pode ser designada por um único tipo de


cobertura ou de uso da terra ou pela associação de vários tipos de componentes,
cujos limites podem apresentar-se nítidos ou difusos entre si. As associações
de uso são utilizadas quando diversos tipos de uso da terra são encontrados
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

muito próximos uns dos outros para serem reconhecidos separadamente


a partir do sensor utilizado e/ou da escala trabalhada. Ao se trabalhar com
escalas de reconhecimento é importante que se agregue também ao uso de
associações a variável resolução espacial do sensor, como o Landsat (30m x
30m), que muitas vezes é fator limitante, não permitindo o delineamento da
unidade de mapeamento de forma segura. Neste manual a proposta é que
cada associação ou padrão de uso deva restringir-se a três (3) componentes,
podendo, eventualmente, se estender a quatro (4) desde que a participação
percentual de cada componente da associação seja a mesma.

Por fim, deve-se ter em mente que, qualquer que seja a fonte básica de
informação, nenhuma cobertura da terra poderá ser mapeada em toda sua
diversidade e complexidade, e que a unidade de mapeamento deverá fornecer
ao usuário uma representação aceitável da realidade.

Unidade Mínima de Mapeamento - UMM

Na definição do tamanho da menor unidade de área mapeável é preciso observar


algumas premissas, como sua legibilidade na escala do mapeamento, sua
capacidade para representar as características essenciais do terreno, atendendo à
escala e aos propósitos do levantamento, e a relação entre os custos operacionais
e o fornecimento da desejada informação da cobertura terrestre.Também é preciso
considerar a escala de compilação dos dados e a escala final de apresentação.
Anderson e outros (1979, p.23) ainda ressaltam que em alguns casos, os usos
da terra não podem ser identificados com um grau de detalhe que se aproxime
da dimensão da menor unidade mapeável, enquanto em outros, podem, apesar
de pequenos demais para serem mapeados, a exemplo das fazendas que não
se distinguem de outras categorias quando mapeadas em níveis mais gerais de
classificação, mas que podem ser interpretadas, apesar de muito pequenas para
serem representadas na escala de apresentação final. Atendendo às demandas
preconizadas, considera-se adequado representar a menor área mapeável por
um quadrado de 5mm x 5mm. A relação entre a menor área mapeada e a área
real do terreno está vinculada à escala utilizada. Em um mapeamento na escala
1: 250 000, por exemplo, a menor área mapeável equivale a 156 ha.

Mais recentemente as questões da representação têm sido discutidas à luz


não apenas das questões cartográficas, mas também considerando o insumo
inicial, ou seja, a imagem de satélite. Quando um produto for produzido e
disponibilizado em formato digital é importante que esses novos parâmetros
sejam incluídos na discussão da representação.

Em discussões internas ao trabalho de Uso da terra no IBGE Gomes (2013)


(mensagem pessoal) considerou que no caso de dados matriciais (raster) a
unidade mínima de mapeamento - UMM está associada ao tamanho do pixel,
enquanto para vetores está associada à sua proveniência (cartas topográficas,
fotografias aéreas, imagens de satélite). Entretanto, atenção deve ser dada
ao se migrar de um formato para outro. Por exemplo, se a escala de um
mapa é 1: 50 000, o erro de impressão associado seria de 0,2 mm. Se este for
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

escaneado, transformando os 0,2 mm em metros, de acordo com a escala


de 1:50 000, o tamanho mínimo do pixel (ou a UMM) será de 10 metros. Se,
a seguir, linhas ([por. ex.] curvas de nível) forem digitalizadas, sua precisão
planimétrica será pior que 10 metros. Além disso, no caso de classificação do
uso da terra, a maioria dos mapas provém da digitalização de polígonos em
volta das áreas de uso uniforme; a UMM é definida, então, como o menor
polígono: tal definição parece ser completamente subjetiva e aproximada.
Neste trabalho, grades superpostas a dados de sensoriamento remoto (por
ex. fotografias aéreas) balizam o operador [algoritmo] para classificar cada
uma das células que contém uma dimensão predefinida.

Nomenclatura

A maioria das nomenclaturas usadas para mapeamento ou estatísticas


relacionadas com o espaço utiliza terminologias de Uso daTerra dirigidas para
compilação das atividades humanas.

A construção de uma nomenclatura da Cobertura e do Uso da Terra precisa


estar adequada para mapear a diversidade do território considerado e deve
ser compatível com a escala, o tamanho da menor área a ser mapeada, a fonte
básica de dados e com as necessidades dos virtuais usuários.

Para se garantir a reprodução de resultados de um intérprete para outro, a


terminologia necessita ser clara, precisa, não comportando sentido vago,
tampouco ambíguo.

A nomenclatura do Uso e da Cobertura da Terra foi concebida partindo do


esquema teórico da cobertura terrestre, que abrange os dois primeiros níveis
hierárquicos propostos. O terceiro nível, que representa o uso propriamente
dito, não se encontra representado na figura ilustrativa (Figura 1) do modelo
por comportar inúmeras possibilidades.

Figura 1 - Esquema teórico de construção de uma nomenclatura


da cobertura terrestre

Planeta Terra

Terra Água

Áreas Áreas Outras Água Água


Antrópicas Naturais Áreas Continental Costeira

Não Áreas
Agrícolas Florestal Campestre
Agrícolas Descobertas
Adaptado de Heymann (1994, p. 17 da tradução).
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

A partir desta abstração, a nomenclatura para o levantamento da Cobertura e


do Uso daTerra foi organizada segundo três níveis hierárquicos, comportando
desdobramentos para níveis de maior detalhe, dependendo da escala de
trabalho. Um quarto nível de informação referente aos complementos é
inserido apenas no banco de dados. Essas informações detalham os tipos de
produção da mineração, dos cultivos, do extrativismo, da pecuária.

Sistema de classificação para a cobertura


e o uso da terra
Classificar é agrupar objetos, elementos e eventos em conjuntos levando-se
em conta suas propriedades, consoante um método ou sistema de avaliação.
As abstrações mentais de classificação do real são arquitetadas para atender
a certos propósitos e as necessidades do usuário. Sendo produto do sujeito
que organiza o mundo real, a classificação é subjetiva e nem sempre consegue
atender a todo tipo de usuário, tampouco abarcar toda a complexidade do
alvo. Em função disso, Diniz (1984, p. 182) enfatiza que as classificações só
podem ser julgadas “na esfera do adequado – inadequado, significante – não-
significante, e jamais na do certo e errado”.

Na construção do sistema de classificação ora proposto e visando a


compatibilização entre os vários produtos disponíveis, foram consultados
diversos modelos, projetados ou passíveis de serem adaptados para o uso de
dados e técnicas de sensoriamento remoto, eleitos fonte básica de dados para
o levantamento e mapeamento da Cobertura e do Uso da Terra (ANDERSON
et al., 1979; NATIONAL..., 1999; LAND..., 1997; HEYMANN (1994), 2000, 2006;
CERON; DINIZ, 1970; A FRAMEWORK..., 1976; BIE; LEEUWEN; ZUIDEMA, 1996;
PEREIRA; KURKDJIAN; FORESTI, 1989; KELLER, 1969; MANUAL..., 2006).

Estando o Uso da Terra, neste trabalho, voltado para os recursos da terra com
preocupação socioeconômica e ambiental, é preciso que sejam compreendidos
e definidos os termos Terra, Uso da Terra e Cobertura da Terra.

Terra foi conceituada como

o segmento da superfície do globo terrestre definido no espaço e reconhecido em


função de características e propriedades compreendidas pelos atributos da biosfera,
que sejam razoavelmente estáveis ou ciclicamente previsíveis, incluindo aquelas
de atmosfera, solo, substrato geológico, hidrologia e resultado da atividade do
homem. (A FRAMEWORK..., 1976 apud MANUAL..., 1999, p.13)

O uso da terra, dentre as várias definições existentes, geralmente associadas


às atividades conduzidas pelo homem relacionadas com uma extensão de
terra ou a um ecossistema, foi considerado como uma série de operações
desenvolvidas pelos homens, com a intenção de obter produtos e benefícios,
através do uso dos recursos da terra (BIE; LEEUWEN; ZUIDEMA, 1996, p.?) ou
seja, a atividade do homem que se acha diretamente relacionada com a terra
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

(CLAWSON; STEWART, 1965 apud ANDERSON et al., 1979 p. 20). O uso da


terra está relacionado com a função socioeconômica (agricultura, habitação,
proteção ambiental) da superfície básica. (BOSSARD; FERANEC; OTAHEL,
2000, p.15, tradução nossa).

A cobertura da terra foi definida como os elementos da natureza como a


vegetação (natural e plantada), água, gelo, rocha nua, areia e superfícies
similares, além das construções artificiais criadas pelo homem, que recobrem
a superfície da terra. (BIE; LEEUWEN; ZUIDEMA, 1996; BURLEY, 1961 apud
ANDERSON et al., 1979, p. 20).

Os conceitos atribuídos à cobertura e ao uso da terra guardam íntima relação


entre si e costumam ser aplicados alternativamente. Geralmente as atividades
humanas estão diretamente relacionadas com o tipo de revestimento
do solo, seja ele florestal, agrícola, residencial ou industrial. Dados de
sensoriamento remoto, como fotografias aéreas e imagens de satélite, podem
ser correlacionados com a cobertura da terra e usados para mapear o tema.
Entretanto, como o sensor remoto não registra a atividade diretamente,
mas características da superfície da terra que retratam o revestimento do
solo, as atividades de uso da terra correlacionadas à cobertura, precisam ser
interpretadas a partir de modelos, tonalidades, texturas, formas, arranjos
espaciais das atividades e localização no terreno.

Por outro lado, nem todas as atividades antrópicas se encontram diretamente


relacionadas com a cobertura. O turismo, por exemplo, é uma atividade de
lazer que ocorre em coberturas variadas (florestas, campos, águas), e só pode
ser correlacionado com a cobertura a partir de dados suplementares.

Situações de usos múltiplos, geralmente difíceis de inventariar e classificar,


sobretudo aqueles localizados abaixo da superfície do solo, como a extração
mineral em terras florestais, também requerem atenção redobrada do intérprete
e a utilização de dados auxiliares para melhor compreensão do problema.

Para que os dados oriundos de sensores remotos possam ser utilizados com
eficiência, ao se conceber um sistema de classificação, é preciso observar
alguns critérios, conforme os preconizados por Anderson e outros (1979, p. 23):
• Precisão mínima de 85% para interpretar e identificar as categorias da
cobertura e do uso da terra, tendo os dados de sensores remotos como
primeira fonte de dados;
• Repetição da precisão da interpretação para todas as categorias ;
• Repetição de resultados de um sensor para outro e entre intérpretes ;
• Possibilidade de aplicação a extensas áreas;
• Utilização de dados de sensores remotos capturados em diferentes épocas
do ano;
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

• Uso da vegetação e de outros tipos de cobertura da terra como substitutos


da atividade;
• Identificação de subcategorias em escalas maiores, a partir de levantamen-
tos de campo ou de sensores de maior resolução;
• Possibilidade de agregação de categorias;
• Possibilidade de comparação com dados de uso da terra obtidos posteriormente;
• Possibilidade de identificação de usos múltiplos da terra.

O sistema multinível de classificação apresentado neste manual parte da


divisão sucessiva do universo em três níveis de abstração, visando atender
inicialmente a mapeamentos em escalas 1: 250 000 e 1: 100 000.

O nível I (classes), que contém cinco (5) itens, indica as principais categorias
da cobertura terrestre no planeta, que podem ser discriminadas a partir da
interpretação direta dos dados dos sensores remotos. Atendem aos usuários
interessados em informações nacionais ou inter-regionais.

O nível II (subclasses), abarcando 12 itens, traduz a cobertura e o uso em


uma escala mais regional. Neste nível nem todas as categorias podem ser
interpretadas com igual confiabilidade somente a partir de dados de sensores
remotos, sendo necessário o uso de dados complementares e observações de
campo. Ao se abstrair, por exemplo, a categoria dasTerras Antrópicas Agrícolas
(Nível I), subdividindo-a nas subcategorias nominadas “culturas temporárias”,
“culturas permanentes”,“pastagens” e “silvicultura” (Nível II), se está partindo
do todo para chegar a subconjuntos da agricultura considerada, salientando
que os atributos usados como características diferenciadoras são inerentes
às categorias grupadas. Para interpretar a vegetação natural, este sistema
utiliza como referência máxima o mapeamento da vegetação produzido pelo
Projeto Radam e pelo IBGE.

O nível III (unidades) explicita o uso da terra propriamente dito. Neste patamar
é imprescindível a utilização de dados exógenos aos sensores remotos, como
aqueles obtidos a partir de observações em campo, de inventários, entrevistas
e documentação em geral.

O sistema básico de classificação da cobertura e do uso da terra encontra-


se sintetizado no Quadro 1, que representa o modelo para mapeamento
individualizado das categorias de uso da terra. Como na escala de referência,
nem sempre é possível mapear separadamente os usos propostos pela
nomenclatura, trabalha-se aqui com a possibilidade de separar unidades
heterogêneas, contendo associação de até três (3) tipos de uso.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Quadro 1
Sistema básico de classificação da cobertura e do uso da terra - SCUT 6
(continua)
Nível I Nível II Nível III
Digito II Digito III
Classe Subclasse Unidades*
1.1.1 Vilas
1.1.2 Cidades
Áreas
1 - Areas 1,1 1.1.3 Complexos industriais
Urbanizadas
Antrópicas 1.1.4 Áreas urbano-industrial
Não Agrícolas 1.1.5 Outras áreas urbanizadas
Áreas de 1.2.1 Minerais metálicos
1.2
Mineração 1.2.2 Minerais não metálicos
2.1.1 Graníferas e cerealíferas
2.1.2 Bulbos, raízes e tubérculos
2.1.3 Hortícolas e floríferas
2.1.4 Espécies temporárias produtoras de fibras
2.1.5 Oleaginosas temporárias
Culturas
2.1 2.1.6 Frutíferas temporárias
Temporarias
2.1.7 Cana-de-açúcar
2.1.8 Fumo
2.1.9 Cultivos temporários diversificados
Outros cultivos temporários (abóbora, trevo
2.1.10
forrageiro, etc.)
2 - Áreas 2.2.1 Frutíferas permanentes
Antrópicas 2.2.2 Frutos secos permanentes
Agrícolas
Culturas 2.2.3 Espécies permanentes produtoras de fibras
2.2
Permanentes 2.2.4 Oleaginosas permanentes
2.2.5 Cultivos permanentes diversificados
2.2.6 Outros cultivos permanentes
2.3.1 Pecuária de animais de grande porte
2.3 Pastagens 2.3.2 Pecuária de animais de médio porte
2.3.3 Pecuária de animais de pequeno porte
2.4.1 Reflorestamento
2.4 Silvicultura
2.4.2 Cultivo agroflorestal
Uso
2.5 não 2.5.1 Uso não identificado
Identificado
Unidades de conservação de proteção integral em área
3.1.1
florestal

3.1.2 Unidades de conservação de uso sustentável em área florestal

3.1.3 Terra indígena em área florestal


Área
3.1 3.1.4 Outras áreas protegidas em área florestal
Florestal
3.1.5 Área militar em área florestal
3.1.6 Extrativismo vegetal em área florestal
3.1.7 Extrativismo animal em área florestal
3.1.8 Uso não identificado em área florestal
3 - Áreas de Unidades de conservação de proteção integral em área
3.2.1
Vegetação campestre
Natural Unidades de conservação de uso sustentável em área
3.2.2
campestre
3.2.3 Terra indígena em área campestre
3.2.4 Outras áreas protegidas em área campestre
Área 3.2.5 Área militar em área campestre
3.2
Campestre
3.2.6 Extrativismo vegetal em área campestre
3.2.7 Extrativismo animal em área campestre
3.2.8 Uso não identificado em área campestre
3.2.9 Pecuária de animais de grande porte em área campestre
3.2.10 Pecuária de animais de médio porte em área campestre
3.2.11 Pecuária de animais de pequeno porte em área campestre
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Quadro 1
Sistema básico de classificação da cobertura e do uso da terra - SCUT 6
(conclusão)
Nível I Nível II Nível III
Digito II Digito III
Classe Subclasse Unidades*
Unidades de conservação de proteção integral em corpo
4.1.1
d'água continental

Unidades de conservação de uso sustentável em corpo


4.1.2
d’água continental
4.1.3 Terra indígena em corpo d’água continental
4.1.4 Áreas mlitares em corpo d’água continental
4.1.5 Outras áreas protegidas em corpo d’água continental
Captação para abastecimento em corpo d’água
Águas 4.1.6
4.1 continental
Continentais
4.1.7 Receptor de efluentes em corpo d’água continental
4.1.8 Geração de energia em corpo d’água continental
4.1.9 Transporte em corpo d’água continental
4.1.10 Lazer e desporto em corpo d’água continental
4.1.11 Pesca extrativa artesanal em corpo d’água continental
4.1.12 Aquicultura em corpo d’água continental
4.1.13 Uso não Identificado em corpo d’água continental
4.1.14 Uso diversificado em corpo d’água continental
4 - Água
Unidades de conservação de proteção integral em corpo
4.2.1
d’água costeiro

Unidades de conservação de uso sustentável em corpo


4.2.2
d’água costeiro

4.2.3 Terra indígena em corpo d’água costeiro


4.2.4 Áreas militares em corpo d’água costeiro
4.2.5 Outras áreas protegidas em corpo d’água costeiro
4.2.6 Captação para abastecimento em corpo d’água costeiro
Águas 4.2.7 Receptor de efluentes em corpo d’água costeiro
4.2
Costeiras
4.2.8 Geração de energia em corpo d’água costeiro
4.2.9 Transporte em corpo d’água costeiro
4.2.10 Lazer e desporto em corpo d’água costeiro
4.2.11 Pesca extrativa artesanal em corpo d’água costeiro
4.2.12 Pesca extrativa industrial em corpo d’água costeiro
4.2.13 Aquicultura em corpo d’água costeiro
4.2.14 Uso não identificado em corpo d’água costeiro
4.2.15 Uso diversificado em corpo d’água costeiro
Unidade de conservação de proteção integral em área
5.1.1
descoberta

Unidade de conservação de uso sustentável em área


5.1.2
descoberta

5.1.3 Terra indígena em área descoberta

5.1.4 Outras áreas protegidas em área descoberta


5 - Outras Áreas
5.1 5.1.5
Áreas Descobertas Áreas militares em área descoberta

5.1.6 Extrativismo animal em área descoberta

5.1.7 Uso não identificado em área descoberta


5.1.8 Uso diversificado em área descoberta
5.1.9 Pecuária de animais de médio porte em área descoberta
5.1.10 Pecuária de animais de pequeno porte em área descoberta

* Unidades Identificadas nas áreas estudadas até o presente momento

6
O sistema foi estruturado para comportar combinações de até três (3) diferentes tipos de uso, o que gerou a possibilidade
teórica de 643 539 unidades de mapeamento.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Diante da possibilidade de se obter uma enorme quantidade de combinações dos


usos individualizados, para facilitar a operacionalização do trabalho e atender às
necessidades de consultas ao banco de dados, foi produzida a análise combinatória
dos arranjos possíveis de uso, inicialmente em ambiente Access, o que resultou
em 643 539 combinações de uso da terra, cujos dígitos resultantes do processo
combinatório apresentam numeração que obedece à estrutura do sistema em seus
três níveis7. Quando o objetivo for atender às simplificações do mapeamento em
escalas mais regionais, como por exemplo Estados, é necessário construir uma
legenda sequencial no mapeamento de forma a facilitar a leitura do usuário.

A combinação de usos, conforme descrito anteriormente, é definida a partir da


interpretação preliminar, escolhendo-se a classe de cada componente no Sistema
de Classificação (SCUT), entendendo-se que o Primeiro Componente é aquele que
ocupa mais que 50% da área da unidade. Por meio do botão “consulta” obtém-se
o dígito que atende ao armazenamento das informações alfanuméricas em banco
de dados. Este dígito constitui o centroide do polígono mapeado.

Assim, qualquer dígito encontrado, do norte ao sul ou de leste a oeste, apresentará


a mesma classificação, embora possa apresentar produtos diferenciados. Por
exemplo: uma unidade de mapeamento em que estejam associadas as classes
Graníferas e cerealíferas + Pecuária de animais de médio porte, no Rio Grande
do Sul, as graníferas poderão estar representadas pelos cultivos de soja e trigo,
enquanto na Paraíba elas podem estar representadas pelo milho; da mesma forma a
pecuária de animais de médio porte no Rio Grande do Sul pode estar representada
pela criação de ovinos, enquanto no Ceará estaria representada por caprinos. Assim
a lógica do sistema de classificação atende a uma escala regional de representação
da informação e permite ao usuário agregar outras informações na base de dados.

No caso de mapeamentos em escalas maiores, o sistema de classificação está aberto


para a inclusão de níveis mais detalhados, ressaltando-se que quanto maior o nível
de detalhamento pretendido maior a exigência de informação suplementar. Neste
aspecto, Anderson e outros (1979, p. 28) ressaltam que a maioria dos tipos de uso
e de cobertura da terra pode ser adequadamente localizada, medida e codificada
através da adição de dados auxiliares aos dados básicos de sensores remotos,
exceto áreas urbanas muito complexas ou padrões extremamente heterogêneos.

Mesmo o trabalho tendo como referência uma escala média, e a classificação ser
estabelecida a partir de níveis de agregação de coberturas e uso, são levantadas
informações mais detalhadas que as mapeadas na escala 1:250 000. Para não se perder
estas informações considerou-se conveniente criar um quarto nível de informação
que detalha os tipos de cultivo, de extrativismo, da pecuária ou da mineração, entre
outros, considerando no máximo três (3) itens para cada componente da associação
de classes. Este quarto nível de informação aqui denominado “complementos”
está disponível apenas em banco de dados e nos arquivos digitais para a escala
1: 250 000, disponíveis em formato shape na página de download do IBGE.

7
Atualmente este recurso está disponível apenas na Intranet da Diretoria de Geociências do IBGE para consulta por
qualquer servidor, no endereço: <http://w3.homologacao.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/usodaterra/
app_indice/index.shtm>. Em breve estará disponibilizado na Internet.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Definições da nomenclatura
Na escolha e definição da nomenclatura proposta considerou-se a terminologia corrente
em diversas pesquisas, nacionais e internacionais, visando sua compatibilização com
os produtos disponíveis. Foi dada atenção especial aos termos utilizados em várias
pesquisas do IBGE afins com o tema, por constituírem importantes fontes de dados
auxiliares aos Levantamentos da Cobertura e do Uso daTerra.

As definições apresentadas foram adaptadas ou transcritas das obras consultadas.

Áreas antrópicas não agrícolas (1)

A esta nomenclatura estão associados todos os tipos de uso da terra de natureza


não agrícola, florestal ou água, tais como áreas urbanizadas, industriais,
comerciais, redes de comunicação e áreas de extração mineral.

Áreas urbanizadas (1.1): Como situação urbana foram consideradas as áreas


correspondentes às cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) e às áreas
urbanas isoladas conforme classificação do IBGE8. Compreendem áreas de uso
intensivo, estruturadas por edificações e sistema viário, onde predominam as
superfícies artificiais não agrícolas. Estão incluídas nesta categoria as metrópoles,
cidades, vilas, áreas de rodovias, serviços e transporte, energia, comunicações
e terrenos associados, áreas ocupadas por indústrias, complexos industriais e
comerciais e instituições que podem em alguns casos encontrar-se isolados das áreas
urbanas. As áreas urbanizadas podem ser contínuas, onde as áreas não lineares de
vegetação são excepcionais, ou descontínuas, onde as áreas vegetadas ocupam
superfícies mais significativas. (CENSO DEMOGRÁFICO 2010, 2011).
- Vila (1.1.1): localidade com o mesmo nome do Distrito a que pertence (sede
distrital) e onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos
das sedes municipais.

Foto 1 - Centro histórico da cidade de Piranhas - AL

Foto: Eloisa Domingues

8
A discriminação e hierarquia da situação urbana foi obtida com a Coordenação de EstruturasTerritoriais da Diretoria de Geo-
ciências do IBGE. Para tal utilizou-se o arquivo digital em formato shape, utilizado para apoiar a definição de uma classificação,
como a das áreas urbanas, disponível no endereço: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/malhas_digitais/censo_2010/setores_censitarios/>.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Cidade (1.1.2): localidade com o mesmo nome do Município a que pertence


(sede municipal) e onde está sediada a respectiva Prefeitura, excluídos os
municípios das capitais (GLOSSÁRIO..., 2010). Centro populacional perma-
nente, altamente organizado, com funções urbanas e políticas próprias.

Foto 2 - Cidade de Salvador - BA

Foto: Regina Pereira

Foto 3 - Vista parcial da cidade de Canguçu - RS

Foto: Regina Pereira


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 4 - Vista de Juiz de Fora - MG

Foto: Regina Pereira

Foto 5 - Porto Velho - RO

Foto: Leonardo Gomes

Foto 6 - Cidade de Capixaba - AC

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 7 - Cidade de Recife - PE

Foto: Eloisa Domingues

- Complexos industriais (1.1.3): nestes espaços podem estar instaladas in-


dústrias, onde os processos industriais de certa forma se vinculam ou se
interdependem. A delimitação de um complexo industrial deve passar pelo
reconhecimento de uma matriz de transações intersetoriais e espacialmente
articuladas. Podem estar associados ou ocorrerem em íntima proximidade
funcional. Compreendem uma ampla variedade de indústrias, leves, pe-
sadas, usinas, que podem manter vínculos com o setor agropecuário, ou
ainda a algum parque tecnológico de inovações, podendo encontrar-se em
contato com áreas urbanas.

Foto 8 - Vista parcial do Complexo Industrial de Camaçari.


Município de Camaçari - BA

Foto: Luana Silva Araujo


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Figura 2 - Complexo Industrial de Barcarena - PA

Fonte: SEDECT. CDI. Distritos industriais paraenses. 2008. Disponível em http://www.investpara.


comsysimagesstoriesdownloadsdistritosindustriaisparaenses.pdf

- Áreas urbano-industrial (1.1.4): áreas em que o segmento industrial é cons-


tituído por um número significativo de plantas industriais, desde micro e
pequenas unidades até grandes empresas, podendo ocorrer dispersas na
área nuclear delimitada.

Foto 9 - UNIGEL Plásticos S.A. Polo Petroquímico de Camaçari - BA

Foto: Luana Silva Araujo


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Outras áreas urbanizadas (1.1.5): constituídas pelas demais áreas urbaniza-


das não consideradas acima, tais como áreas em processo de urbanização
incipiente, ou áreas de adensamento habitacional voltadas para o turismo.

Foto 10 - Comunidade Beiradão que se expandiu às margens do rio Jari. Município Laranjal
do Jari - AP

Foto: Angela Gama

Foto 11 - Localidade ribeirinha ao rio Solimões.


Município de Careiro da Várzea - AM

Foto: Regina Pereira


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Áreas de mineração (1.2): referem-se a áreas de exploração ou extração de


substâncias minerais. Os minerais podem ser classificados em metálicos e não
metálicos, incluindo-se nesta última as gemas. Os processos de exploração
mais comuns são a lavra e o garimpo. A lavra refere-se a um conjunto de
operações coordenadas objetivando o aproveitamento econômico da jazida,
desde a extração das substâncias minerais até o beneficiamento das mesmas.
No garimpo o trabalho se utiliza de instrumentos rudimentares, aparelhos
manuais ou máquinas simples e portáveis, na extração de minerais e é
realizado individualmente. A lavra garimpeira é o aproveitamento imediato
de jazimento mineral que, por sua natureza, dimensão, localização e utilização
econômica, pode ser lavrado, independentemente de prévios trabalhos
de pesquisa, segundo os critérios fixados pelo Departamento Nacional de
Produção Mineral - DNPM.
- Minerais metálicos (1.2.1): constituem recursos naturais não renováveis
encontrados em estruturas geológicas muito antigas que contêm em
sua composição elementos físicos e químicos de metal, que possibilitam
razoável condução de calor e eletricidade. Sua transformação atende à
produção industrial que inclui desde equipamentos (agrícolas) até bens
de consumo (embalagens). Dentre os principais, encontram-se alumínio,
chumbo, cobalto, cobre, cromo, estanho, ferro, manganês, nióbio, níquel,
ouro, titânio, zinco e zircônio.

Foto 12 - Extração de ouro por dragagem.


Município de Peixoto de Azevedo - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 13 - Processamento de minério de ferro.


Município de Guanambi - BA

Foto: Helge Sokolonski

- Minerais não metálicos (1.2.2): são considerados minerais não metálicos


aqueles minerais cuja exploração não está vinculada à presença de metais
em sua composição. Entre eles estão as argilas, as gemas (pedras preciosas
e semipreciosas), feldspatos, magnesita, coridon, amianto, mica, diversos
sais, gipsita, florita, pirita, nitratos, fosfato, potássio e elementos como
enxofre e carbono quando na forma de grafite. Também são considerados
minerais não metálicos os materiais de construção, como areia, cascalho,
brita e rochas ornamentais, além das águas minerais.

Foto 14 - Poços de petróleo para extração de óleo.


Município de Carmópolis - SE

Foto: Helge Sokolonski


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 15 - Extração de areia. Município de Santana - AP

Foto: Angela Gama

Foto 16 - Lavra de extração de material para aterro. Município de Santo Amaro da


Imperatriz - SC

Foto: Angela Gama


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Áreas antrópicas agrícolas (2)

No sentido amplo, a terra agrícola pode ser definida como terra utilizada para
a produção de alimentos, fibras e commodities do agronegócio. Inclui todas as
terras cultivadas, caracterizadas pelo delineamento de áreas cultivadas ou em
descanso, podendo também compreender áreas alagadas. Podem se constituir
em zonas agrícolas heterogêneas ou representar extensas áreas de “plantations”.
Encontram-se inseridas nesta categoria as lavouras temporárias, lavouras
permanentes, pastagens plantadas, silvicultura e áreas comprovadamente
agrícolas cujo uso não foi identificado no período do mapeamento.

- Cultura temporária (2.1) é o cultivo de plantas de curta ou média duração,


geralmente com ciclo vegetativo inferior a um ano, que após a produção
deixam o terreno disponível para novo plantio. Dentre as culturas destacam-
se as de grãos e cereais, as de bulbos, raízes, tubérculos e hortaliças. Incluem
ainda as plantas hortícolas, floríferas, medicinais, aromáticas e condimentares
de pequeno porte, que muitas vezes são cultivadas em estruturas como
estufas, ripados e telados. As lavouras semipermanentes como cana-de-açúcar
e mandioca, bem como as culturas de algumas forrageiras destinadas ao
corte também estão incluídas nessa categoria. Neste manual a classificação e
descrição dessas culturas é a mesma referendada pela Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (IBGE, 2002), qual seja:
- Graníferas e cerealíferas (2.1.1) incluem: alpiste, arroz em casca, aveia em
casca (grão), centeio em grão, cevada em casca, milho em grão, outros
cereais para grãos (milheto, etc.), painço em grão, sorgo em grão, soja
em grão, trigo em grão, trigo preto em grão, triticale em grão, ervilha em
grão, fava em grão, feijão comum de cor em grão, feijão comum preto em
grão, feijão em grão (qualquer outro: azuki, mungo de Espanha, de lima),
feijão-fradinho, caupi, de corda, ou macaça em grão, outras leguminosas
em grão de lavoura temporária.

Foto 17 - Lavoura de feijão caupi. Município de Porto dos Gaúchos - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 18 - Arroz irrigado em curva de nível.


Município de Alegrete - RS

Foto: Eloisa Domingues

Foto 19 - Cultivo de soja.


Município de Belterra - PA

Foto: Eduardo Santos


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 20 - Cultivo de milho.


Município de Simão Dias - SE

Foto: Eloisa Domingues

Foto 21 - Cultura de trigo durante a colheita.


Município de Arroio Grande - RS

Foto: Angela Aquino


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Bulbos, raízes e tubérculos (2.1.2) incluem: alho, batata-inglesa (tubérculo),


cebola, mandioca, aipim ou macaxeira (raiz), outros tubérculos e raízes de
lavoura temporária não especificados anteriormente.

Foto 22 - Cultura de batata. Município de São José dos Ausentes - RS

Foto: Angela Gama

Foto 23 - Cultura de Cebola. Município de São José do Norte - RS

Foto: Angela Aquino

Foto 24 - Cultivo de mandioca. Município de Mazagão - AP

Foto: Angela Gama


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Hortícolas9 e floríferas (2.1.3): esta categoria está relacionada com as culturas


praticadas de forma intensiva, direcionadas à produção de alimentos, flo-
res, gramas e plantas ornamentais. Em função de seus produtos altamente
perecíveis, é desenvolvida, preferencialmente, próximo aos grandes centros
consumidores. Incluem hortaliças folhosas e de talos: acelga, agrião, aipo ou
salsão, alcachofra, alface, alho-porró, almeirão ou chicória-amarga, aspargo,
azedinha, beldroega ou ora-pro-nobis, bertalha, brócolis, caruru, cerefólio
(folha), chicória, chicória-de-folha-crespa, chicória-de-folha-lisa, couve, cou-
ve-mineira, couve-crespa ou couve-manteiga, couve-chinesa, couve-da-cata-
lunha, couve-de-bruxelas, couve-flor, couve-tronchuda, endívia ou escarola,
espinafres (comum, da Nova Zelândia, etc.), manjerona (folha), mostarda
(folha), repolho, rúcula ou pinchão, serralha, taioba (folha), outras hortali-
ças folhosas ou de talo, não especificadas anteriormente, repolho, rúcula
ou pinchão, hortaliças de frutos: abobrinha, berinjela, chuchu, jiló, maxixe
(fruto), morango (fruto), pepino (fruto), pimentão, quiabo, tomate estaque-
ado, outras hortaliças de fruto, não especificadas anteriormente, hortaliças
tuberosas e raízes: alcaçuz (raiz), araruta (rizoma), bardana ou gobô (raiz),
batata-baroa ou mandioquinha-salsa, batata-doce (raiz), beterraba, cará,
cenoura, couve-nabo ou rutabaga, couve-rábano ou rábano, inhame (rizo-
ma), nabiça, nabo, rabanete, outras hortaliças tuberosas e raízes, hortaliças
para grãos e vagens: ervilha (vagem), grão-de-bico, guando (grão), lentilha
(grão), tremoço (grão), vagem (feijão-vagem), outras hortaliças para grãos e
vagens, hortaliças condimentares e medicinais: açafrão (flores secas), alca-
parra, alecrim (flor e folha), aloé ou babosa, anis estrelado ou badiana, arruda
(folha), boldo (folha), camomila (flores para infusão), capim-limão (folha),
cebolinha (folha), coentro (folha), cominho (semente), curcuma ou açafrão-
da-terra, erva-cidreira, erva-doce ou anis verde (flores para infusão), estévia
(rama seca), funcho (erva-doce-de-cabeça ou anis doce), gengibre (rizoma),
hortelã-pimenta ou menta (folha), losna ou absinto, manjericão ou alfavaca
(folha), melão-de-São Caetano, mostarda (semente), orégano, pimenta,
poejo, ruibarbo (raiz), salsa, salsaparrilha (raiz), sálvia ou salva, segurelha,
tomilho, outras hortaliças condimentares ou medicinais não especificadas,
tais como: bucha ou esponja vegetal (lufa), cabaça-purunga, cogumelos
comestíveis, milho verde ou doce mesmo em espiga, outras hortaliças.

Dentre as floríferas estão: flores, plantas ornamentais e produtos de viveiro


incluem: flores para corte: alstroemeria, antúrio, aster, boca-de-leão, chuva-
de-prata, copo-de-leite, cravo, crisântemo, cymbidium, estrelitzia, flor-de-
trigo, gengibre, gerbera, gipsófila ou branquinha, gladíolo (palma-de-Santa
Rita), helicônia, liathris, lírio, lisiantus, margaridas, narciso, orquídeas, rosas,
tango, tulipa, outras flores para corte, não especificadas anteriormente.
Folhas verdes para corte: arecas, avenca, cipreste, cordiline, murta, papiro,
paulistinha, outras folhas para corte.

9
Incluem-se nesta classe os cultivos olerícolas, ramo da horticultura que trata da produção racional e econômica das
plantas olerícolas, também denominadas de hortaliças
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 25 - Cultivo de alface. Município de Senador Guiomard - AC

Foto: Angela Aquino

Foto 26 - Cultivo de grama irrigada. Município de Neópolis - SE

Foto: Ronaldo do N. Gonçalves

Foto 27 - Cultivo de abobrinha, de repolho e de pimentão.


Município de Santo Amaro da Imperatriz - SC

Foto: Angela Gama


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 28 - Plasticultura destacando o cultivo de tomate.


Município de Barra do Quaraí - RS

Foto: Regina Pereira

- Espécies temporárias produtoras de fibras (2.1.4): estão incluídas nesta


categoria o algodão herbáceo em caroço, caroço de algodão, pluma de
algodão, junco (haste), juta (fibra), juta (haste), linho (fibra), linho (haste),
malva (fibra), malva (haste), rami (haste), rami (fibra), sorgo vassoura, ou-
tras fibras têxteis de lavoura temporária, não especificadas anteriormente.

Foto 29 - Cultivo de algodão herbáceo. Município de Sinop - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi

- Oleaginosas temporárias (2.1.5): amendoim em casca, colza (inclusive canola


e niger) em grão, gergelim (semente oleaginosa), girassol (semente olea-
ginosa), linho (semente oleaginosa), mamona (baga), outras oleaginosas
de lavoura temporária, não especificadas anteriormente.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 30 - Cultura de girassol no assentamento Jacaré-Curituba.


Município de Poço Redondo - SE

Foto: Ronaldo do N. Gonçalves

Foto 31 - Cultivo de amendoim. Município de Porto Ferreira - SP

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Frutíferas temporárias (2.1.6): abacaxi ou ananás, melancia (fruto), melão


(fruto), outras frutas de lavoura temporária, não especificadas anteriormente.

Foto 32 - Cultivo de abacaxi. Município de Senador Guiomard - AC

Foto: Sonia Gomes

Foto 33 - Cultivo de melancia irrigada às margens do rio Vaza-Barris. Município de Itaporanga


d' Ajuda - SE

Foto: Helge Sokolonski


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Cana-de-açúcar (2.1.7): Esta classe compreende o cultivo de cana-de-


açúcar e a produção de toletes (mudas) de cana-de-açúcar, quando atividade
complementar ao cultivo, a produção de açúcar em bruto para atendimento a
usinas de açúcar e de álcool de cana, e a produção voltada para a fabricação,
refino e moagem de açúcar de cana.

Foto 34 - Lavoura de cana-de-açúcar.


Município de Ulianópolis -PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira

Foto 35 - Cultivo de cana-de-açúcar.


Município de Presidente Figueiredo - AM

Foto: Regina Pereira


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Fumo (2.1.8): compreende o cultivo de fumo para a produção de folha


seca, o processamento do fumo por meio de secagem, defumação e outros
processos, quando atividade complementar ao cultivo; e a produção de
semente de fumo, quando atividade complementar ao cultivo.

Foto 36 - Cultura de fumo. Município de Arroio do Padre - RS

Foto: Regina Pereira

- Cultivos temporários diversificados (2.1.9): esta categoria está associada


aos mosaicos de usos que envolvem a utilização de mais de três produtos.
Estes usos geralmente ocorrem em pequenas propriedades com produção
diversificada, conjugando culturas temporárias como mandioca, milho,
feijão, batata-inglesa, fumo, hortícolas e floríferas, fumo, com frutíferas
permanentes, cultivo de árvores, pecuária de leite, avicultura e suinocultura.
É nesta categoria que estão incluídas as culturas produzidas na agricultura
familiar e/ou de subsistência.

Foto 37 - Cultivos temporários diversificados no vale do rio Caí, destacando o milho,


mandioca, cana-de-açúcar e a horticultura.
Município de Nova Petrópolis - RS

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 38 - Cultura temporária diversificada em área florestal associada com avicultura de


corte. Município de Lajeado - RS

Foto: Eloisa Domingues

- Outros cultivos temporários (2.1.10): cultivos temporários que não se


enquadrem em nenhum dos itens acima tais como abóbora ou jerimum,
feijão verde, palmarosa, tomate rasteiro, vetiver (folha), outras plantas de
lavoura temporária, plantas forrageiras para corte tais como: trevo forra-
geiro, alfafa, aveia, azevém, braquiárias, cana, capim-colonião ou colonial,
capim-elefante (napier), capim-gordura, capim-jaraguá, cevada, comichão,
crotalária, milho, mucuna, palma, sorgo, tremoço, trevo, e outras forrageiras
para corte não especificadas anteriormente como: milheto, jetirana, kudzu
tropical, canarana.

Foto 39 - Cultivo de crotalária. Município de Porto dos Gaúchos - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 40 - Cultivo de sorgo forrageiro. Município de Cotriguaçu - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi

Cultura permanente (2.2): compreende o cultivo de plantas perenes, isto é, de


ciclo vegetativo de longa duração. Essas plantas produzem por vários anos
sucessivos sem a necessidade de novos plantios após colheita, sendo utilizadas
técnicas de cultivo tradicional, orgânico, assim como o cultivo de plantas
modificadas geneticamente (CLASSIFICAÇÃO..., 2007). Compreende também
a produção de sementes e mudas das plantas desta classe, quando atividade
complementar ao cultivo. Nesta categoria estão espécies frutíferas, como
laranjeiras, cajueiros, coqueiros, macieiras e bananeiras; espécies produtoras
de fibras, como coco-da-baía, espécies oleaginosas; cultivos diversificados,
e as espécies como cafeeiros, seringueiras e cacaueiros, em sistemas que
combinam ou não culturas agrícolas com florestas.

De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas-CNAE,


versão 2.0 (CLASSIFICAÇÃO..., 2007), referência deste manual, as culturas
permanentes encontram-se agrupadas em:
- Frutíferas permanentes (2.2.1): referem-se sempre às áreas com cultivo de
abacate, açaí, acerola ou cereja-das-Antilhas, ameixa, amora, araçá, arati-
cum, banana, cajá-manga, caju fruto, camu-camu, caqui, carambola, cereja
ou cereja-da-europa, ceriguela ou seriguela, cherimólia, cupuaçu, figo,
framboesa, fruta-de-conde, goiaba, graviola, groselha, guaraná semente,
jabuticaba, jaca, jambo, jamelão, jenipapo, lichia ou lechia, maçã, mamão,
manga, mangustão ou bacupari, maracujá, marmelo, nectarina, nêspera,
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

pera, pêssego, pitanga, quivi, ou quiuí, romã, sapoti, tamarindo, outras


frutas de lavoura permanente (exceto frutas cítricas e uva), cidra, kinkan,
laranjinha kinkan ou kumquat, laranja-lima, pêra, da terra, etc., lima-de-bico,
da Pérsia, etc., limão, pomelo ou grapefruit, tangel (cítrico híbrido), tange-
rina-ponkan, mexerica, bergamota, etc. Outras frutas cítricas como tangor
(cítrico híbrido), toranja, uvas (para mesa), uvas (para vinho ou passas).

Foto 41 - Cultivo de laranja. Município de Itabaianinha - SE

Foto: Ronaldo do N. Gonçalves

Foto 42 - Cultura do guaraná. Município de Presidente Figueiredo - AM

Foto: Regina Pereira


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 43 - Mangueira de cultivo. Município de Neópolis - SE

Foto: Ronaldo N. Gonçalves

Foto 44 - Cultivo de mamoeiro. Município de Porto Grande - AP

Foto: Angela Gama


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 45 - Parreirais da vinícola Miolo S.A.


Município de Bento Gonçalves - RS

Foto: Sonia Gomes

Foto 46 - Cultivo da macieira.


Municípo de Vacaria - RS

Foto: Angela Gama


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Frutos secos permanentes (2.2.2): castanha-de-caju, castanha-europeia, co-


co-da-baía, noz (europeia, pecã), noz (macadâmia), pupunha (coco), tâmara,
tamarindo, outros frutos secos de lavoura permanente não especificados
anteriormente. Café (em coco), café (em grão) - exceto torrado, moído ou
descafeinado. Cacau (em amêndoa). Plantas condimentares e corantes,
baunilha, canela (casca), cravo-da-India (condimentar), louro (folha), noz
moscada, pimenta-do-reino, urucum (semente colorífica), outras plantas
condimentares de lavoura permanente.

Foto 47 - Cultivo de pupunha. Distrito de Jaci-Paraná.


Município Porto Velho - RO

Foto: Sonia Gomes

Foto 48 - Lavoura de café ocupando relevo forte ondulado.


Município Cabo Verde - MG

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 49 - Cultivo de café. Município de Rolim de Moura - RO

Foto: Eloisa Domingues

Foto 50 - Cultura de nogueiras. Município de Cachoeira do Sul - RS

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 51 - Cultivo de pimenta-do-reino. Município de Baião - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira

Foto 52 - Cultivo de coco-da-baía. Município de Neópolis - SE

Foto: Ronaldo do N. Gonçalves


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Espécies permanentes produtoras de fibras (2.2.3): plantas têxteis como


o algodão arbóreo em caroço, sisal ou agave (fibra ou folha), vime (fibra),
outras plantas têxteis de lavoura permanente.
- Oleaginosas permanentes (2.2.4): azeitona, dendê (coco e óleo de palma), pi-
nhão manso, tungue (fruto seco), outras oleoginosas de lavoura permanente.

Foto 53 - Cultivo da palmeira de dendê. Município de Bonito - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira

- Cultivos permanentes diversificados (2.2.5): esta categoria está associada


aos mosaicos de usos (mais de três usos) encabeçados pelos cultivos per-
manentes, conjugados aos cultivos temporários como fumo, batata-inglesa,
milho, feijão, hortícolas e floríferas, cultivo de árvores, pecuária de leite,
avicultura e suinocultura.

Foto 54 - Cultivos permanentes diversificados com frutas regionais como graviola, cupuaçu,
cacau. Município de Senador Guiomard - AC

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 55 - Cultivos permanentes diversificados com mangaba, banana, laranja, etc.


Município de Barra dos Coqueiros - SE

Foto: Helge Sokolonski

- Outros cultivos permanentes (2.2.6): amora (folha), chá-da-índia, erva-mate


(cancheada) cultivo de erva-mate (folha verde) cultivo de lúpulo, palmito
(de açaí, de pupunha, etc.), sagu (medula). Gomas elásticas como o caucho,
hévea (látex coagulado e látex líquido), mangabeira, maniçoba (goma elás-
tica). Gomas não elásticas como a balata, coquirana, maçaranduba, sorva.

Foto 56 - Cultivo da erva-mate associado ao cultivo de milho.


Município de Venâncio Aires - RS

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 57 - Seringueira de cultivo. Município de Brasiléia - AC

Foto: Angela Aquino

Pastagem (2.3): é a área destinada ao pastoreio do gado, formada mediante


plantio de forragens perenes ou aproveitamento e melhoria de pastagens
naturais. Nestas áreas, o solo está coberto por vegetação de gramíneas e/ou
leguminosas, cuja altura pode variar de alguns decímetros a alguns metros.
A atividade que se desenvolve sobre essas pastagens é a pecuária em que se
procura unir ciência e tecnologia visando à produção de animais domésticos
com objetivos econômicos, tais como a criação e o tratamento de animais de
grande porte, criação de animais de médio porte e animais de pequeno porte.
- Pecuária de animais de grande porte (2.3.1): atividade que procura unir ciência
e tecnologia visando à produção de gado bovino, bubalinos, equinos, asininos,
muares, etc., com objetivos econômicos. Inclui a criação de bovinos: bovino
para corte, bovino para leite, pecuária bovina mista, bezerras (vitelas), bezerros
(vitelos), novilhas e novilhos exceto precoce (de 1 a menos de 2 anos), novi-
lhas e novilhos precoces (até 24 meses), bois (2 anos e mais), novilhona (vaca
estéril ou falhada), touro, vaca, vaca em lactação (ordenhada), outros produtos
da pecuária não especificados anteriormente; criação de bubalinos: búfala em
lactação (ordenhada), búfalos menores de 1 ano, búfalos e búfalas de 1 a 2
anos, leite e produtos derivados, outros produtos da pecuária não especificados
anteriormente; além de criação de equinos, asininos, muares, outros produtos
da pecuária não especificados anteriormente. A criação de gado bovino é a mais
difundida mundialmente devido à utilidade que apresenta ao homem como
força de trabalho, meio de transporte e principalmente fornecimento de carne,
leite e couro. De acordo com os níveis de manejo e a estrutura de produção, a
atividade também pode ser classificada como extensiva, semi-intensiva e/ou
intensiva, ou de acordo com a finalidade (cria-recria, corte, leite, mista), mas
neste manual estas características não serão analisadas.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 58 - Pecuária de animais de grande porte (bovinos).


Município de Barros Cassal - RS

Foto: Marilda B. Poubel

Foto 59 - Pecuária de animais de grande porte (bubalinos em confinamento). Município de


Vila Nova do Sul - RS

Foto: Eloisa Domingues

Foto 60 - Pecuária de animais de grande porte (bubalinos em confinamento).


Município de Porto de Moz - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 61 - Criação de cavalos em haras de grandes áreas.


Município de Aceguá - RS

Foto: Eloisa Domingues

Foto 62 - Pecuária de animais de grande porte (avestruz) em pasto plantado. Município de


Simão Dias - SE

Foto: Helge Sokolonski


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Pecuária de animais de médio porte (2.3.2): atividade que procura unir


ciência e tecnologia visando à criação de suínos, ovinos, caprinos com
objetivos econômicos. Inclui: criação de suínos: porcas matrizes reprodu-
toras, suínos de menos de 2 meses, exceto reprodutores, suínos de 2 a 5
meses, exceto reprodutores, suínos de 5 meses e mais, exceto reprodutores
suínos reprodutores (varrão), outros produtos da pecuária não especifica-
dos anteriormente; criação de ovinos: inclui carneiros (não reprodutores),
carneiros (reprodutores), cordeiros (machos e fêmeas), ovelhas (matrizes e
não reprodutoras), ovinos tosquiados, lã ovina de tosquia, outros produtos
da pecuária não especificados anteriormente; criação de caprinos, bode
reprodutor, bode não reprodutor, cabra, cabra em lactação (ordenhada),
cabrita e cabrito, leite e produtos derivados, outros produtos da pecuária
não especificados anteriormente.

Foto 63 - Pecuária de animais de médio porte (caprinos).


Município de Mata - RS

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 64 - Pecuária de animais de médio porte (caprinos).


Município de Sorriso - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi

- Pecuária de animais de pequeno porte (2.3.3): atividade que procura unir


ciência e tecnologia visando à produção de aves, coelhos e abelhas com
objetivos econômicos. Inclui: Criação de aves: frangos e frangas, galinhas
exceto poedeiras, galinhas poedeiras, galos, galináceos da espécie Gallus
gallus. Pintos, ovos de galinha e ovos de outras aves; outras aves, exceto
da espécie Gallus gallus (ema, pavão, perdiz, faisão, avestruz, codornas,
galinha-d'Angola (cocó, tô-fraco, guiné, pintada), patos, gansos, marrecos,
perus); criação de coelhos.

Foto 65 - Pecuária de animais de pequeno porte em granjas (avicultura de corte), associada a


cultivo de uva. Município de Bento Gonçalves - RS

Foto: Angela Gama


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 66 - Silos para armazenamento de grãos na atividade avícola.


Município de Sorriso - MT

Foto: Fernando Yutaka Yamaguchi

Silvicultura (2.4): Atividade ligada a ações de composição, trato e cultivo de


povoamentos florestais, assegurando proteção, estruturando e conservando
a floresta como fornecedora de matéria-prima para a indústria madeireira,
de papel e celulose ou para o consumo familiar. A silvicultura também
desempenha papel de agente protetor, benfeitor e embelezador da paisagem.

Dentre as atividades silviculturais estão incluídos os reflorestamentos e os


cultivos em sistema agroflorestal:
- Reflorestamento (2.4.1): plantio ou formação de maciços com espécies
florestais nativas ou exóticas. Nesta definição não se considera se o plantio
é realizado em áreas anteriormente povoadas com espécies florestais ou
não; considera-se reflorestamento todas as áreas povoadas com essências
florestais, independentemente do ambiente. Os plantios podem ser hetero-
gêneos, homogêneos e consorciados. O plantio heterogêneo é utilizado para
enriquecimento de florestas e na recuperação das florestas nas margens
dos rios. O plantio homogêneo refere-se a plantios puros, normalmente
feitos com espécies exóticas, como pínus, eucalipto e acácia-negra, e no
consorciado se utiliza de espécies florestais entremeadas de espécies agrí-
colas de ciclo curto.
Os reflorestamentos incluem espécies florestais para múltiplas finalidades,
tais como a acácia-negra, algarobeira, andiroba, angico, bambu, bracatinga,
canela, carvalho corticeiro ou sobreiro, casuarina, caxeta ou tabebuia, cedro,
cedro japonês ou criptoméria, cipreste, cuningâmia, eucalipto, gmelina, gre-
vilha gigante, guajuvira, guapuruvu, imbuia, ipê, jacarandá, jacaré ou pau
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

jacaré, jacatirão, mogno ou aguano, pau-brasil, peroba, pinheiro brasileiro


ou araucária, pínus americano, quiri ou kiri, sabiá, sassafrás, sete casacas,
teca, ucuubeira, vinhático, incluindo-se aí as espécies madeireiras (para
papel e celulose, movelaria, indústria naval, etc) e outras espécies florestais
madeireiras, não especificadas anteriormente e outras espécies para con-
servação de bosques de zonas florestais, não especificadas anteriormente.

Foto 67 - Reflorestamento de pínus nos Campos de Cima da Serra.


Município de Cambará do Sul - RS

Foto: Angela Aquino

Foto 68 - Reflorestamento com paricá ou pinus cuiabano.


Município de Paragominas - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 69 - Reflorestamento de pinho cuiabano. Município de Rolim de Moura - RO

Foto: Leonardo Gomes

Foto 70 - Reflorestamento com acácia-negra. Município de Boa Vista - RR

Foto: Helge Sokolonski

Foto 71 - Reflorestamento com teka. Município de Colorado do Oeste - RO

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 72 - Reflorestamento com eucalipto. Município de Breu Branco - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira

Foto 73 - Reflorestamento de eucalipto entre os municípios de Mostarda e Tavares, junto ao


litoral - RS

Foto: Regina Pereira


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Cultivo agroflorestal (2.4.2): é a nomenclatura utilizada neste manual


para tratar os cultivos em sistemas agroflorestais, que são uma forma
de uso da terra na qual se combinam espécies arbóreas lenhosas (fru-
tíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de forma
simultânea ou em sequência temporal e que interagem econômica e
ecologicamente em uma mesma unidade de terra. Envolve o manejo
intencional de árvores, por meio da introdução e mistura de árvores ou
arbustos nos campos de produção agrícola ou pecuária. Existem muitas
variações nas práticas desta categoria: na agrossilvicultura as árvores
são combinadas com culturas agrícolas; em sistemas silvipastoris elas
são combinadas com a produção animal e em sistemas agrossilvipas-
toris o produtor maneja uma mescla de árvores, culturas e animais.
A incorporação de árvores em sistemas de produção de alimentos é
uma prática com longa história, especialmente nas regiões tropicais e
subtropicais, para atender as necessidades básicas de alimento, ma-
deira, lenha e forragem. O uso das árvores no sistema agrícola possi-
bilita aumentar a diversidade dos sistemas monoculturais, controlar
as condições microclimáticas para os outros componentes e melhorar
ou conservar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
De acordo com os tipos de consórcio que envolvem os sistemas agro-
florestais podem ser de três (3) tipos:
• cultivo em sistema agrossilvipastoril, onde a produção é consorciada,
envolvendo o componente arbóreo com cultivos agrícolas e animais;
• cultivo em sistema agrossilvicultural, onde a produção é consorciada,
envolvendo o componente arbóreo com cultivos agrícolas anuais, po-
dendo ser aplicado em áreas de capoeiras ou onde o desmatamento
fez surgir nova vegetação; e
• cultivo em sistema silvipastoril que combina árvores com pastagem
destinada à criação de animais.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 74 - Cultivo agroflorestal de andiroba e pupunha.


Município de Bonito - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira

Foto 75 - Cultivo em sistema silvipastoril associando o cultivo da seringueira com a pecuária


bovina. Município de Brasiléia - AC

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Áreas de vegetação natural (3)

Conforme o sistema de classificação adotado, a vegetação natural compreende


um conjunto de estruturas florestais e campestres, abrangendo desde
florestas e campos originais (primários) e alterados até formações florestais
espontâneas secundárias, arbustivas, herbáceas e/ou gramíneo-lenhosas, em
diversos estágios sucessionais de desenvolvimento, distribuídos por diferentes
ambientes e situações geográficas.

Florestal (3.1): considera-se como florestais as formações arbóreas com porte


superior a 5 m, incluindo-se aí as fisionomias da Floresta Densa (estrutura
florestal com cobertura superior contínua), da Floresta Aberta (estrutura florestal
com diferentes graus de descontinuidade da cobertura superior, conforme seu
tipo (com cipó, bambu, palmeira ou sororoca), da Floresta Estacional (estrutura
florestal com perda das folhas dos estratos superiores durante a estação
desfavorável (seca e frio) além da Floresta Ombrófila Mista (estrutura florestal
que compreende a área de distribuição natural da Araucaria angustifolia,
elemento marcante nos estratos superiores, que geralmente forma cobertura
contínua) e das áreas de mangues. Este título inclui áreas remanescentes
primárias e estágios evoluídos de recomposição florestal (capoeirões/capoeiras)
das diversas regiões fitogeográficas consideradas como florestais):
• Floresta Ombrófila Densa e Aberta10;
• Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária);
• Floresta Estacional Sempre-Verde;
• Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifólia) ;
• Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical Caducifólia);
• Campinarana Florestada;
• Savana Florestal (Cerradão);
• Savana Estépica Florestada;
• Florestas Aluviais (igapós);
• Manguezal arbóreo (Formação Pioneira com influência fluviomarinha); e
• Buritizal (Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre).
A categoria florestal exclui os Reflorestamentos (inclusos nas áreas agrícolas)
e as áreas campestres em geral. Os usos das áreas florestais geralmente estão
associados às áreas especiais (unidades de conservação, terras indígenas), ao
extrativismo vegetal, à extração madeireira, dentre outros.

Por já terem seus usos definidos sob condições especiais pelo Poder
Público competente, os limites oficiais das áreas especiais (unidades de
conservação e terras indígenas) são considerados na sua íntegra pelo
Sistema de Classificação de Uso da Terra.
10
Este título inclui cinco (5) formações ordenadas segundo a topometria: Aluvial, Terras Baixas, Submontana, Montana
e Alto Montana).
__________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

As Terras Indígenas são as áreas destinadas pela União ao usufruto exclusivo


das comunidades indígenas nelas residentes em caráter permanente, as
utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.11

A Unidade de Conservação refere-se ao espaço territorial cujos recursos


ambientais (incluindo as águas jurisdicionais) apresentam características naturais
relevantes, e tem objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Do ponto
de vista ambiental podem ser definidas em diferentes fisionomias de vegetação
(florestais e campestres), assim como no ambiente aquático. De acordo com o tipo
de aproveitamento, as áreas florestais estão divididas nas seguintes categorias:

- Unidade de conservação de proteção integral em área florestal (3.1.1): são


aquelas onde a exploração ou o aproveitamento dos recursos naturais estão
vedados, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos seus benefícios,
com exceção dos casos previstos por lei. Essas unidades estão divididas
legalmente nas seguintes modalidades: Parque Nacional, Reserva Biológica,
Estação Ecológica, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre, podendo
ser federais, estaduais, municipais ou particulares.

Foto 76 - Parque Nacional da Serra dos Órgãos em ambiente da Floresta Ombrófila Densa.
Município de Teresópolis. RJ

Foto: Eloisa Domingues

11
Ver a página da Fundação Nacional do Índio - Funai, na Internet, no endereço: <http://www.funai.gov.br/index.html>.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 77 - Parque Nacional da Tijuca. Município do Rio de Janeiro - RJ

Foto: Eloisa Domingues

- Unidade de conservação de uso sustentável em área florestal (3.1.2): são áreas


nas quais a exploração e o aproveitamento econômico direto são permitidos,
mas de forma planejada e regulamentada. Incluem-se nesta categoria as se-
guintes modalidades: Área de Proteção Ambiental, Floresta Nacional, Reserva
Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Re-
serva Particular do Patrimônio Natural e Área de Relevante Interesse Ecológico.

Foto 78 - Área de Relevante Interesse Ecológico em Floresta Ombrófila Densa, com


exploração madeireira em manejo sustentável (Seringal Nova Esperança ). Município de
Xapuri - AC

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Terras indígenas em área florestal (3.1.3): são áreas destinadas pela União ao
usufruto exclusivo das comunidades indígenas que as habitam. Em algumas
regiões, os recursos naturais das terras indígenas encontram-se bastante
conservados, existindo em seu interior zonas de grande importância biológica.

Foto 79 - Terra Indígena Waimiri-Atroari. Município de Presidente Figueiredo - AM

Foto: Regina Pereira

- Outras áreas protegidas em área florestal (3.1.4): referem-se às áreas


protegidas que não se enquadram nas categorias do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação - SNUC.

Foto 80 - Área de Proteção Ambiental Margem Direita do Rio Negro-Setor Paduari-Solimões.


Município de Iranduba - AM

Foto: Regina Pereira


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 81 - Parque Municipal do Urubuí na APA do Urubuí.


Município de Presidente Figueiredo - AM

Foto: Sonia Gomes

- Áreas militares em área florestal (3.1.5): referem-se às áreas de jurisdição


dos Comandos das Regiões Militares e de Áreas Militares, tanto do Exército
como da Marinha e/ou da Aeronáutica, brasileiros (BRASIL, 1999).
- Extrativismo vegetal em área florestal (3.1.6): Exploração dos recursos vegetais
nativos, através da coleta ou apanha de produtos, que permite a produção
sustentada ao longo do tempo, ou de modo primitivo e itinerante. Os produ-
tos de extrativismo vegetal, segundo as suas formas de aproveitamento, são
classificados em grupos: gomas elásticas (Hévia s.p., caucho, mangabeira,
maniçoba); gomas não elásticas (balata, maçaranduba, sorva); ceras (ouricuri,
carnaúba); fibras (bambu, piaçava, butiá, licuri, etc.); plantas oleaginosas da
exploração florestal (óleos, gorduras vegetais e resinas) tais como: andiroba
(semente oleaginosa), babaçu (amêndoa), babaçu (coco), copaíba (óleo ou
bálsamo), cumaru ou fava-de-tonca (semente), auricuri ou uricuri (coquilho),
murumuru (semente oleaginosa), outros óleos, gorduras vegetais ou resinas
da exploração florestal, não especificados anteriormente, tucum (coco), ucuúba
(amêndoa); produtos aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes da exploração
florestal, tais como canjerana (raiz), cipó timpó ou timbó, ipecacuanha ou poaia
(raiz), jaborandi (folha), jatobá ou jataí (casca), juá, outros produtos aromáti-
cos, medicinais, tóxicos ou corantes da exploração florestal; tanantes vegetais
(outras cascas taníferas); frutos da exploração florestal, abiu ou caimito (fruto),
abricó (fruto), bacuri, cagaita, cajarana ou taperebá, taperebá, cambucá, casta-
nha-do-pará, chichá ou xixá, fruta-pão, imbu ou umbu, jacaratiá, murumuru,
oiti, pinhão (fruto da araucária), pitomba, outras frutas da exploração florestal;
outros produtos da exploração florestal não especificados anteriormente como
bacaba (cariço), buriti (coco), butiá (coco), macaúba, coco-catarro ou coco-babão
(semente oleoginosa), piaçaba (coquilho), pupunha (coco); incluem-se ainda
produtos alimentícios; produtos aromáticos, e madeiras.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 82 - Exploração de seringa. Município de Senador Guiomard - AC

Foto: Angela Aquino

Foto 83 - Extração de açaí. Município de Macapá - AP

Foto: Angela Gama


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 84 - Floresta Aluvial de onde são extraídos vários produtos, como frutos de palmáceas,
madeira, plantas medicinais, etc.
Município de Santo Antônio da Pedreira - AP

Foto: Angela Gama

Foto 85 - Babaçuais em fogo para ampliação das áreas de pastos.


Município de Brejo Grande do Araguaia- PA

Foto: Helge Sokolonski


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 86 - Exploração madeireira no oeste da Amazônia.


Município de Porto Acre - AC

Foto: Glória Vanicore Ribeiro

- Extrativismo animal em área florestal (3.1.7): exploração dos recursos


animais nativos por meio da atividade legalizada de caça e catação de
crustáceos em áreas de mangues.

Foto 87 - Vegetação de Mangue, onde se pratica a cata de caranguejos. Município de


Itaporanga d'Ajuda - SE

Foto: Helge Sokolonski


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Uso não identificado em área florestal (3.1.8): nesta categoria, incluem-se


os casos em que a informação de campo e de outras fontes de dados não
asseguram ao intérprete definir uma classe de uso para determinado po-
lígono em área florestal.

Foto 88 - A expansão do bambu é grande impeditivo da utilização dos recursos vegetais.


Município de Epitaciolândia - AC

Foto: Eloisa Domingues

Campestre (3.2): entende-se como áreas campestres as diferentes categorias


de vegetação fisionomicamente bem diversa da florestal, ou seja, aquelas que
se caracterizam por um estrato predominantemente arbustivo, esparsamente
distribuído sobre um tapete gramíneo-lenhoso. Encontram-se disseminadas
por diferentes regiões fitogeográficas, compreendendo diferentes tipologias
primárias: savanas, estepes planaltinas, campos rupestres das serras costeiras
e campos hidroarenosos litorâneos (restinga), com diversos graus de
antropização. Conforme o Manual técnico da vegetação brasileira (2012) estão
incluídas nessa categoria as Savanas, Estepes, Savana-Estépica, Formações
Pioneiras e Refúgios Ecológicos. Mais especificamente, inclui a tipologia de
remanescentes (primários e vegetação em reconstituição natural ou submetida
ao manejo ou melhoramento) abaixo relacionada:
- Savana Arborizada (Campo-Cerrado) Savana Parque, Savana Gramíneo-
-Lenhosa;
- Savana-Estépica (Caatinga) Arborizada, Savana-Estépica Parque e Savana
Gramíneo-Lenhosa (Caatinga do Sertão Árido, Campos de Roraima, Chaco
Sul-Matogrossense e Parque de Espinilho da Barra do Rio Quaraí);
- Estepe Arborizada, Estepe Parque e Estepe Gramíneo-Lenhosa (Campos
Gerais Planálticos e Campanha Gaúcha);
- Campinarana Gramíneo-Lenhosa;
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Campinarana Arborizada;
- Formações pioneiras de influência marinha (Restingas, exemplos de arbus-
tiva das dunas e herbácea das praias);
- Formações de influência fluviomarinha (Manguezal não arbóreo e Campo
Salino);
- Formações de influência fluvial e/ou lacustre arbustiva e herbácea (Comu-
nidades Aluviais);
- Refúgio Ecológico refere-se a toda e qualquer vegetação diferenciada nos
aspectos florístico e fisionômico ecológico da flora dominante na região
fitoecológica ... Este, muitas vezes, constitui uma “vegetação relíquia”, com
espécies endêmicas, que persiste em situações especialíssimas (MANUAL...,
2012); e
- Veredas referem-se a tipologias que podem estar associadas à legen-
da do Sistema Fitogeográfico em escalas de semidetalhe e de detalhe
(MANUAL..., 2012).
As áreas campestres quando destinadas ao pastoreio do gado, são consideradas
pastagens naturais, ainda que tenham recebido algum manejo. Estas áreas
também podem estar associadas a algum tipo de extrativismo vegetal,
unidades de conservação e terras indígenas. Os usos das áreas campestres
estão definidos pelas seguintes nomenclaturas:
- Unidades de conservação de proteção integral em área campestre (3.2.1):
unidades de conservação de proteção integral em área campestre são
aquelas onde a exploração ou o aproveitamento dos recursos naturais
estão vedados, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos seus
benefícios, com exceção dos casos previstos por lei. Essas unidades estão
divididas legalmente nas seguintes modalidades: Parque Nacional, Reserva
Biológica, Estação Ecológica, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silves-
tre, podendo ser federais, estaduais, municipais ou particulares.

Foto 89 - Vegetação campestre no Parque Estadual do Espinilho.


Município de Barra do Quaraí - RS

Foto: Sonia Gomes


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 90 - Vegetação campestre na Estação Ecológica do Taim.


Município de Rio Grande - RS

Foto: Regina Pereira

- Unidades de conservação de uso sustentável em área campestre (3.2.2):


são áreas nas quais a exploração e o aproveitamento econômico direto são
permitidos, mas de forma planejada e regulamentada. Incluem-se nesta
categoria as seguintes modalidades: Área de Proteção Ambiental, Reserva
Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável,
Reserva Particular do Patrimônio Natural e Área de Relevante Interesse
Ecológico.

- Terras indígenas em área campestre (3.2.3): são áreas destinadas pela União
ao usufruto exclusivo das comunidades indígenas que as habitam. Em algu-
mas regiões, os recursos naturais das terras indígenas encontram-se bastante
conservados, existindo em seu interior zonas de grande importância biológica.

Foto 91 - Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Município de Pacaraima - RR

Foto: Helge Sokolonski


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Outras áreas protegidas em área campestre (3.2.4): referem-se às áreas


protegidas que não se enquadram nas categorias do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação - SNUC.
- Áreas militares em área campestre (3.2.5): referem-se às áreas de jurisdição
dos Comandos das Regiões Militares e de Área Militar, tanto do Exército
como da Marinha e/ou da Aeronáutica, brasileiros (BRASIL, 1999).
- Extrativismo vegetal em área campestre (3.2.6): refere-se à extração de
produtos, tais como: cera vegetal da carnaúba (cera, olho de palha, pó
de palha); fruto do licuri; fibras e materiais para cestaria ou espartaria:
carnaúba (palha), caroá, coroatá ou gravatá (fibra); plantas oleoginosas
(óleos, gorduras vegetais e resinas), uri, ouricuri (coco), pequi (amêndoa);
tanantes vegetais como casca de angico, casca de barbatimão; frutas da
cagaita, cajarana, mangaba, murici, equi (polpa do fruto); outros produtos
das áreas campestres como vagem de algaroba, por exemplo.

Foto 92 - Vegetação de Savana Estépica de onde se extrai a lenha e outros produtos


regionais. Município de Canindé do São Francisco - SE

Foto: Eloisa Domingues

- Extrativismo animal em área campestre (3.2.7): Animais vinculados à ati-


vidade legal de caça.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Uso não identificado em área campestre (3.2.8): nesta categoria incluem-


se os casos em que a informação de campo e de outras fontes de dados
não permitiram ao intérprete definir uma classe de uso para determinado
polígono em área campestre.

Foto 93 - Extensas áreas de Savana sem uso identificado.


Município de Amajari - RR

Foto: Helge Sokolonski

Foto 94 - Área da Savana Estépica. Localidade de Paus Pretos.


Município de Pindaí - BA

Foto: Helge Sokolonski


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Pecuária de animais de grande porte em área campestre (3.2.9): atividade que


se desenvolve sobre campos naturais ou melhorados, onde os animais são
criados extensivamente, algumas vezes sem que haja divisão de propriedades.
Da mesma forma como a pecuária em pastos plantados, esta atividade visa à
criação de gado bovino, bubalinos, equinos, asininos, muares, etc., com ob-
jetivos econômicos. Via de regra é uma atividade que privilegia a criação de
bovinos para corte, como ocorre na Campanha Gaúcha. A criação de bubalinos
ocorre em áreas de vegetação natural, periodicamente alagadas, especial-
mente em áreas do Pantanal e da Amazônia. A criação de equinos, asininos,
muares ocorre extensivamente em campos naturais em várias fisionomias de
vegetação, a exemplo da região do Lavrado dos campos em Roraima.

Foto 95 - Pecuária de animais de grande porte (bovinos) em área de Estepe. Município de


Arroio Grande - RS

Foto: Regina Pereira

Foto 96 - Pasto natural em área de Savana Estépica com presença de colonião e jurema
preta. Município de Simão Dias - SE

Foto: Helge Sokolonski


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 97 - Pasto natural em área de Estepe da Campanha Gaúcha, com divisão de pastos por
cerca de pedras. Município de Quaraí - RS

Foto: Sonia Gomes

- Pecuária de animais de médio porte em área campestre (3.2.10), tais como:


ovinos que incluem carneiros não reprodutores, carneiros reprodutores,
cordeiros (machos e fêmeas), ovelhas (matrizes e não reprodutoras), ovinos
tosquiados, lã ovina de tosquia, outros produtos da pecuária não especifica-
dos anteriormente; caprinos, incluindo bode reprodutor, bode não reprodu-
tor, cabra, cabra em lactação (ordenhada), cabrita e cabrito, leite e produtos
derivados, outros produtos da pecuária não especificados anteriormente;
suínos que incluem porcas matrizes reprodutoras, suínos de menos de 2
meses, exceto reprodutores, suínos de 2 a 5 meses, exceto reprodutores,
suínos de 5 meses e mais, exceto reprodutores, suínos reprodutores (varrão),
outros produtos da pecuária não especificados anteriormente.

Foto 98 - Pecuária de animais de médio porte (ovinos).


Município de Santana da Boa Vista - RS

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 99 - Ovinocultura em área campestre. Município de Herval - RS

Foto: Regina Pereira

- Pecuária de animais de pequeno porte em área campestre (3.2.11): re-


fere-se à criação de frangos e frangas, galinhas não poedeiras, galinhas
poedeiras, galos, galináceos da espécie Gallus gallus não especificados
anteriormente, pintos, ovos de galinha e ovos de outras aves, outras aves,
exceto da espécie Gallus gallus (ema, pavão, perdiz, faisão, avestruz, co-
dornas, galinha d'angola (cocó, tô-fraco, guiné, pintada), patos, gansos,
marrecos, perus).

Águas (4)

Incluem todas as classes de águas interiores e costeiras, como cursos de


água e canais (rios, riachos, canais e outros corpos de água lineares), corpos
d’água naturalmente fechados, sem movimento (lagos naturais regulados)
e reservatórios artificiais (represamentos artificiais d’água construídos para
irrigação, controle de enchentes, fornecimento de água e geração de energia
elétrica), além das lagoas costeiras ou lagunas, estuários e baías.

No mapeamento do Uso da Terra, essa classe está dividida em duas


subclasses: Corpo d'água continental e Corpo d'água costeiro.

Os corpos d'água continentais referem-se aos corpos d’água naturais e


artificiais que não são de origem marinha, tais como: rios, canais, lagos
e lagoas de água doce, represas, açudes, etc.

Os corpos d'água costeiros são corpos de água salgada e salobra que


recobrem os locais junto à costa, englobando a faixa costeira de praias e as
águas abrigadas, como estuários, baías, enseadas, lagunas, lagoas litorâneas
e canais. A delimitação entre costeiro e continental deve ser definida caso
a caso, considerando-se sempre o limite entre a água de mistura (salobra)
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

e água continental, ou seja, deve-se considerar até onde ocorre a influência


marinha. Neste trabalho, o limite é dado pela extensão da planície costeira,
extraído do mapeamento geomorfológico do IBGE. Para estes ambientes
foram definidas as seguintes nomenclaturas:
- Unidades de conservação de proteção integral em corpo d´água conti-
nental (4.1.1): unidades de conservação de proteção integral em corpo
d'água continental são aquelas onde a exploração ou o aproveitamento
dos recursos naturais estão vedados, admitindo-se apenas o aprovei-
tamento indireto dos seus benefícios, com exceção dos casos previs-
tos em lei. Essas unidades estão divididas legalmente nas seguintes
modalidades: Parque Nacional, Reserva Biológica, Estação Ecológica,
Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre, podendo ser federais,
estaduais, municipais ou particulares.
- Unidades de conservação de uso sustentável em corpo d´água con-
tinental (4.1.2): são áreas nas quais a exploração e o aproveitamento
econômico direto são permitidos, mas de forma planejada e regula-
mentada. Incluem-se nesta categoria as seguintes modalidades: Área
de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva
de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Particular do Patrimônio
Natural e Área de Relevante Interesse Ecológico.
- Terras indígenas em corpo d´água continental (4.1.3): são áreas des-
tinadas pela União ao usufruto exclusivo das comunidades indígenas
que as habitam. Em algumas regiões, os recursos naturais das terras
indígenas encontram-se bastante conservados, existindo em seu interior
zonas de grande importância biológica.
- Áreas militares em corpo d’água continental (4.1.4): referem-se às áreas
de jurisdição dos Comandos das Regiões Militares e de Áreas Militares,
tanto do Exército, como da Marinha e/ou da Aeronáutica, brasileiros
(BRASIL,1999).
- Outras áreas protegidas em corpo d’água continental (4.1.5): referem-se
às áreas protegidas que não se enquadram nas categorias do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação - SNUC.
- Captação para abastecimento em corpo d’água continental (4.1.6):
pode ser caracterizada em três diferentes tipos: captação de água para
abastecimento doméstico quando, após tratamento convencional ou
avançado, atende ao consumo dos usos residencial, comercial, insti-
tucional e público; captação de água para abastecimento industrial,
quando o abastecimento atende a processos produtivos, incorporação
ao produto e para refrigeração; e captação de água para abastecimen-
to agrícola, quando atende ao uso para irrigação, dessedentação de
animais e aquicultura intensiva e/ou superintensiva, realizadas em re-
presamentos e/ou nos sistemas de consórcio de animais com plantas,
como arroz e peixe, por exemplo.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 100 - Captação de água da Caesa no rio Pedreira.


Município de Macapá - AP

Foto: Angela Gama

- Receptor de efluentes em corpo d’água continental (4.1.7): é quando o corpo


d'água recebe descarga de efluentes, domésticos, industriais, etc.
- Geração de energia em corpo d’água continental (4.1.8): refere-se ao corpo
d'água represado artificialmente para sua utilização na geração de energia
elétrica.

Foto 101 - Aspecto parcial da construção da Hidrelétrica Santo Antônio no rio Madeira.
Município de Porto Velho - RO

Foto: Leonardo Gomes


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 102 - Barragem de Xingó na divisa dos Estados de Sergipe e Alagoas

Foto: Eloisa Domingues

Foto 103 - Produção de energia eólica. Município de Osório - RS

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 104 - Usina termoelétrica flutuante no rio Solimões.


Município de Careiro da Várzea - AM

Foto: José Henrique Vilas Boas

- Transportes em corpo d’água continental (4.1.9): serviços praticados sob


concessão do Ministério dos Transportes para transportes fluvial e lacustre
de passageiro e de carga.

Foto 105 - Transporte de passageiros no porto de Manaus no rio Negro.


Município de Manaus - AM

Foto: Regina Pereira


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 106 - As pequenas embarcações são bastante utilizadas


para o transporte, inclusive o escolar.
Município de Careiro da Várzea - AM

Foto: Regina Pereira

Foto 107 - Transporte de cargas no rio Negro.


Município de Manaus - AM

Foto: Regina Pereira


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Lazer e desporto em corpo d’água continental (4.1.10): refere-se a todas as


atividades realizadas em corpo d'água com o objetivo de propiciar o descanso
da população ou servir de veículo para competições. Podem ser descritas
como de contato primário, o que significa o contato direto com a água (na-
tação, surfe, atividades subaquáticas, etc.); contato secundário é o contato
indireto com a água, como, por exemplo, a navegação (regatas, turísticas),
pesca amadora, entre outros.

Foto 108 - Lazer e desporto no rio Urubuí. Município Presidente Figueiredo - AM

Foto: Regina Pereira

Foto 109 - O turismo e o lazer de contato direto como a prática de natação são frequentes no
Canyon do rio São Francisco. Município de Olho d'Água do Casado - AL

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 110 - As praias de Alter do Chão são conhecidas nacionalmente pelo turismo e lazer.
Município de Santarém - PA

Foto: Eduardo Santos

- Pesca extrativa artesanal em corpo d’água continental (4.1.11): também conhe-


cida como pesca de pequena escala, caracteriza-se pelo objetivo comercial,
podendo ser ou não combinado com a obtenção de alimento para a família.
No caso de ser combinada, o material de pesca, petrechos e embarcações são
construídos pelos pescadores usando matéria-prima natural. Quando a fina-
lidade é exclusivamente comercial, as embarcações utilizadas são de médio
porte, adquiridas em pequenos estaleiros, com propulsão motorizada ou não.
Os petrechos e insumos são adquiridos no mercado local e a área de atuação
via de regra é próxima ao município residente. Utiliza equipamento básico
de navegação; as embarcações geralmente são de madeira; a tecnologia de
captura tem capacidade de produzir volumes pequeno e médio de pescado,
representa a maior porção da frota brasileira e destina-se ao abastecimento
do mercado interno. Inclui peixes, moluscos e crustáceos. A pesca quando
para subsistência é praticada com técnicas rudimentares e é exercida com o
propósito único de obtenção de alimento, não tendo finalidade comercial. Por
ser uma atividade incompatível de ser representada na escala proposta para o
mapeamento em questão ela não está incluída neste sistema de classificação.

Foto 111 - A pesca do Surubim tem destaque na produção regional da Amazônia. Município
de Manaus - AM

Foto: Sonia Gomes


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Aquicultura em corpo d’água continental (4.1.12): a atividade consiste da


introdução e da manipulação de energia pelo homem num ecossistema
aquático, visando obter maior taxa de extração das espécies aquáticas, no
menor tempo possível. Também pode apresentar sistemas diferenciados
de exploração. Quanto aos tipos, distinguem-se:
- Maricultura: cultivo comercial de moluscos e crustáceos; e
- Piscicultura: multiplicação e criação de peixes em cativeiro.

Foto 112 - Carcinicultura na localidade de Aratu.


Município de Nossa Senhora do Socorro - SE

Foto: Ronaldo do N. Gonçalves

Quanto aos sistemas de manejo podem ser desenvolvidos de forma:


- extensiva: quando se considera o simples povoamento de um corpo de água
qualquer, sem que sejam adotadas medidas de controle das características
físico-químicas e biológicas, os organismos dependem exclusivamente do
alimento natural;
- semi-intensiva: quando a produtividade natural é estimulada pela adubação,
além de alimentos suplementares como grãos, farelos, tortas, farinhas para
prover a maior densidade de estocagem. Pode ser realizada em tanques,
viveiros e demais reservatórios, nos quais se tenha controle total sobre a
entrada e saída de água; e
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- intensiva: quando há o uso de ração balanceada; a desova induzida, com


matrizes geneticamente selecionadas; controle de predadores com armadi-
lhas, telas protetoras, agentes químicos e adoção de medidas profiláticas.
Na aquicultura intensiva há maior sofisticação, pois se administra ração
balanceada, em razão das altas densidades de estocagem. Predomina a
policultura e a produtividade pode ser incrementada por meio de fertiliza-
ção. Assim como a semi-intensiva, também a intensiva pode ser realizada
em tanques viveiros e demais reservatórios desde que haja controle total
sobre a entrada e a saída de água.

- Uso não identificado em corpo d’água continental (4.1.13): nesta categoria,


incluem-se os casos em que a informação de campo ou de outras fontes de
dados não permitiram definir uma classe de uso para determinado polígono
em corpo d'água continental.
- Uso diversificado em corpo d’água continental (4.1.14): nesta categoria,
incluem-se os casos em que ocorrem usos múltiplos em corpo d'água
continental.

Fotos 113 - Uso diversificado em corpo d'água continental (rio Solimões) - AM

Foto: Sonia Gomes


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Unidades de conservação de proteção integral em corpo d´água costeiro


(4.2.1): são aquelas onde a exploração ou o aproveitamento dos recursos
naturais estão vedados, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos
seus benefícios, com exceção dos casos previstos em lei. Essas unidades
estão divididas legalmente nas seguintes modalidades: Parque Nacional,
Reserva Biológica, Estação Ecológica, Monumento Natural e Refúgio de
Vida Silvestre, podendo ser federais, estaduais, municipais ou particulares.

Figura 3 - Parque Nacional Marinho dos Abrolhos

Fonte: ICMbio/Unidades de Conservação; imagem Google Earth

Figura 4 - O Parque Nacional do Cabo Orange é um exemplo


de conservação em corpo d'água costeiro

Fonte: ICMbio/Unidades de Conservação e imagem Google Earth

- Unidades de conservação de uso sustentável em corpo d´água costeiro


(4.2.2): são áreas nas quais a exploração e o aproveitamento econômico
direto são permitidos, mas de forma planejada e regulamentada. Incluem-
se nesta categoria as seguintes modalidades: Área de Proteção Ambien-
tal, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento
Sustentável, Reserva Particular do Patrimônio Natural e Área de Relevante
Interesse Ecológico.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Figura 5 - APA dos recifes de corais e APA Costa dos Corais


sobre imagem Google Earth

Fonte:ICMbio/Unidades de Conservação e Imagem Google Earth

- Terras indígenas em corpo d´água costeiro (4.2.3): são áreas destinadas pela
União ao usufruto exclusivo das comunidades indígenas que a habitam. Em al-
gumas regiões, os recursos naturais das terras indígenas encontram-se bastante
conservados, existindo em seu interior zonas de grande importância biológica.
- Áreas Militares em corpo d’água costeiro (4.2.4): referem-se às áreas de
jurisdição dos Comandos das Regiões Militares e de Áreas Militares, tanto
do Exército como da Marinha e/ou da Aeronáutica, brasileiros (BRASIL,1999).
- Outras áreas protegidas em corpo d’água continental (4.2.5): referem-se às
áreas protegidas que não se enquadram nas categorias do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação - SNUC.
- Captação para abastecimento em corpo d’água costeiro (4.2.6): destaca-se
que nesta classificação o corpo d'água costeiro pode se localizar tanto em
planície costeira como se referir estritamente às águas de mistura (salobras)
e salinas da costa. Vale destacar que quando sua exploração se referir à
obtenção de águas de mistura (salobra) e salina será necessário tratamento
de dessalinização seguido dos tratamentos convencionais para estar apta à
utilização. A captação para abastecimento em corpo d’água costeiro pode
ser caracterizada em três diferentes tipos:
- captação de água para abastecimento doméstico quando, após tratamen-
to convencional ou avançado, atende ao consumo dos usos residencial,
comercial, institucional e público;
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- captação de água para abastecimento industrial, quando o abasteci-


mento atende a processos produtivos, incorporação ao produto e para
refrigeração; e
- captação de água para abastecimento agrícola, quando atende ao uso
para irrigação, dessedentação de animais e aquicultura intensiva e/ou
superintensiva, realizadas em represamentos e/ou nos sistemas de
consórcio de animais com plantas, como arroz e peixe, por exemplo.

Foto 114 - Estação de captação de água da Caesa em água costeira. Município de Macapá - AP

Foto: Regina Pereira

- Receptor de efluentes em corpo d’água costeiro (4.2.7): é quando o corpo


d'água recebe descarga de efluentes, domésticos, industriais, etc.
- Geração de energia em corpo d'água costeiro (4.2.8): embora possa constar
do sistema de classificação esta classe ainda não existe no Brasil.
- Transportes em corpo d’água costeiro (4.2.9): serviços praticados sob conces-
são do Ministério dosTransportes para transporte de passageiros e de carga.

Foto 115 - Transporte de carga e de passageiro por balsas na laguna dos Patos. Município de
São José do Norte - RS

Foto: Angela Aquino


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Foto 116 - Porto marítimo de Rio Grande.


Município de Rio Grande - RS

Foto: Regina Pereira

Foto 117 - Porto “offshore”.


Município de Barra dos Coqueiros - SE

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Foto 118 - Área de embarque do porto “offshore”.


Município de Barra dos Coqueiros - SE

Foto: Eloisa Domingues

- Lazer e desporto em corpo d’água costeiro (4.2.10): refere-se a todas as ati-


vidades realizadas em corpo d'água com o objetivo de propiciar o descanso
da população ou servir de veículo para competições. Podem ser descritas
como de contato primário, quando há contato direto com a água (natação,
surfe, atividades submarinas, pesca amadora, etc.); contato secundário
quando o contato é indireto com a água, como, por exemplo, a navegação
(regatas, turística), pesca amadora, entre outros.

Foto 119 - As praias costeiras constituem importantes áreas de lazer


e de turismo. Município de Búzios - RJ

Foto: Eloisa Domingues


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- Pesca extrativa artesanal em corpo d’água costeiro (4.2.11): também conhecida


como pesca de pequena escala, caracteriza-se pelo objetivo comercial. O material
de pesca, petrechos e embarcações, podem ser construídos pelos pescadores
usando matéria-prima natural. Quando a finalidade é exclusivamente comercial,
as embarcações utilizadas são de médio porte, adquiridas em pequenos estalei-
ros, com propulsão motorizada ou não. Os petrechos e insumos são adquiridos
no mercado local e a área de atuação via de regra é próxima ao município residen-
te. Utiliza equipamento básico de navegação; as embarcações geralmente são de
madeira; a tecnologia de captura tem capacidade de produzir volumes pequeno
e médio de pescado e representa a maior porção da frota brasileira; destina-se ao
abastecimento do mercado interno. Inclui peixes, moluscos, crustáceos. A pesca,
quando para subsistência, é praticada com técnicas rudimentares e é exercida
com o propósito único de obtenção de alimento, não tendo finalidade comercial.

Foto 120 - Barco da pesca extrativa artesanal.


Município de São José do Norte - RS

Foto: Regina Pereira

Foto 121 - Captura de pescado em “currais” no litoral do


Município de Salinópolis - PA

Foto: Joana D'Arc Arouk Ferreira


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

- Pesca extrativa industrial em corpo d'água costeiro (4.2.12): é realizada


por embarcações de maior autonomia, capazes de operar em áreas mais
distantes da costa, efetuando a exploração de recursos pesqueiros que se
apresentam relativamente concentrados em nível geográfico. Apresenta
mecanização a bordo para a operacionalização dos petrechos de captu-
ra; propulsão motorizada, sempre com motores diesel, de potência mais
elevada; equipamento eletrônico de navegação e detecção; o material do
casco pode ser de aço ou madeira. O segmento da pesca industrial costeira
no Brasil está concentrado na captura dos principais recursos em volume
ou valor da produção, com destaque para: lagostas, piramutaba, sardinha,
atuns e afins, camarões e espécies de água rara demersais ou de fundo
(corvina, pescada, pescadinha, castanha etc.).
- Aquicultura em corpo d’água costeiro (4.2.13): a atividade consiste da in-
trodução e da manipulação de energia num ecossistema aquático, visan-
do a obter maior taxa de extração do animal explorado, no menor tempo
possível. Também, como nas demais atividades, pode apresentar sistemas
diferenciados de exploração e de intensidade de manejo. Quanto aos tipos,
distinguem-se:
- Maricultura: cultivo comercial de moluscos e crustáceos; e
- Piscicultura: multiplicação e criação de peixes em cativeiro.

Quanto à intensidade de manejo pode ser desenvolvida de forma:

- extensiva: quando se considera o simples povoamento de um corpo de água


qualquer, sem que sejam adotadas medidas de controle das características
físico-químicas e biológicas, os organismos dependem exclusivamente do
alimento natural;

- semi-intensiva: quando a produtividade natural é estimulada pela adubação,


além de alimentos suplementares como grãos, farelos, tortas, farinhas para
prover a maior densidade de estocagem. Pode ser realizada em tanques,
viveiros e demais reservatórios, nos quais se tenha controle total sobre a
entrada e saída de água; e

- intensiva: é quando há o uso de ração balanceada; a desova induzida,


matrizes geneticamente selecionadas; controle de predadores com armadilhas,
telas protetoras, agentes químicos e a adoção de medidas profiláticas.
Na aquicultura intensiva há maior sofisticação, pois se administra ração
balanceada, em razão das altas densidades de estocagem. Predomina a
policultura e a produtividade pode ser incrementada por meio de fertilização.
Assim como a semi-intensiva, também a intensiva pode ser realizada em
tanques viveiros e demais reservatórios desde que haja controle total sobre
a entrada e a saída de água.
- Uso não identificado em corpo d’água costeiro (4.2.14): nesta categoria,
incluem-se os casos em que a informação de campo ou de outras fontes de
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

dados não permitiram definir uma classe de uso para determinado polígono
em corpo d'água costeiro.
- Uso diversificado em corpo d’água costeiro (4.2.15): nesta categoria in-
cluem-se os casos em que a informação de campo ou de outras fontes de
dados não permitiu definir uma classe de uso para determinado polígono
em corpo d'água costeiro.

Foto 122 - Uso diversificado em corpo d'água costeiro. Atividades de lazer, esportes náuticos,
pesca, etc. Município de Búzios - RJ

Foto: Eloisa Domingues


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Outras áreas (5)

Estas áreas referem-se tanto a ambientes naturais, como rochas desnudas ou


praias, quanto a ambientes antrópicos, decorrentes da degradação provocada
pelas atividades humanas, como extração de minerais.

Áreas descobertas (5.1): referem-se às áreas de praias, dunas e extensões de


areia ou seixos no litoral ou no continente, incluindo leitos de canais de fluxo
com regime torrencial; dunas com vegetação esparsa ou sem vegetação,
desenvolvidas no interior do continente ou nas zonas de praias; áreas de extração
abandonadas e sem cobertura vegetal; áreas cobertas por rocha nua exposta.

Foto 123 - Áreas em processo de arenização. Município de Quaraí - RS

Foto: Eloisa Domingues

Foto 124 - Praias do rio Tapajós. Município de Santarém - PA

Foto: Eduardo Santos


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Procedimentos técnicos e metodológicos


Toda pesquisa requer métodos e instrumentos de seleção e medida para
avaliar um problema, o sentido é dar inteligibilidade aos processos que
diferenciam áreas, correlacionando unidades individuais a processos gerais
a partir de indicadores que possibilitem similaridades e correlações. Um dos
caminhos para atingir este resultado é por meio da análise espacial que,
ao operacionalizar o enfoque geográfico, permite a apreensão de questões
que se expressam nas diferentes formas de territorialização da produção,
da urbanização e de outras manifestações territoriais. Este processo implica
identificar os fenômenos, categorizá-los e mensurá-los, possibilitando
assim sua compreensão. A interpretação da imagem de satélite auxilia na
espacialização dos eventos, enquanto os dados estatísticos transpõem os
fenômenos da realidade para escalas adequadas às nossas análises. Neste
sentido, um conceito que é uma abstração da realidade, ou seja, não é visível
nem mensurável, deve ser transformado em um conjunto de valores concretos
(quantitativos ou qualitativos), através de artifícios que permitem vinculá-los a
uma representação teórica. A Figura 6 apresenta o desenho esquemático dos
fluxos existentes no processo de levantamento e classificação da Cobertura
e do Uso da Terra no IBGE.

Figura 6 - Etapas de levantamento e classificação da cobertura


e do uso da terra

COBERTURA
E USO DA TERRA

Informações Informações
gráficas textuais

Observações Imagens Literatura Levantamentos Informações


de campo Mapas Documentos de campo estatísticas
Fotos

Área Padrão
Produção tecnológico

Tipologia
Agricultura
Classificações
Análises
Interpretações
e interpretações
Análises

Mapas
Cartogramas Síntese
Gráficos

Resultados
cartográficos
e analíticos

Os procedimentos metodológicos compreendem as operações desenvolvidas


para subsidiar os trabalhos de gabinete e de campo, e foram aqui organizadas
sob a forma de etapas do trabalho, quais sejam:
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Levantamento de dados e informações


- Levantamento da bibliografia específica e geral;

- Seleção e consulta de mapas da cobertura e do uso da terra, de vegetação,


geomorfologia, geologia, solos e cartas topográficas, para distinguir as
características de cada região em trabalho e facilitar a interpretação das
coberturas e de outras características, de acordo com a necessidade de
reconhecimento para o intérprete;

- Seleção e compatibilização de dados da carta topográfica com a escala de trabalho;

- Seleção de dados de satélites; e

- Coleção de documentação auxiliar, como informações estatísticas de utilização


da terra, inventário de fotos aéreas e imagens de satélite complementares.

Análise de dados e informações


Esta etapa refere-se à análise de dados e informações documentadas em
estudos, mapas, relatórios, censos econômicos, estatísticas obtidas em órgãos
oficiais e também nos questionários e/ou entrevistas aplicadas pela equipe.
Atualmente, na maior parte das vezes, os relatórios e mapas podem ser obtidos
em formato digital, o que facilita sua incorporação aos projetos de interpretação
para auxiliar na definição da classificação ou mesmo para serem inseridos ao
mapeamento como uma informação complementar. Este tipo de informação
pode ser obtido para diferentes temas, segundo as fontes de sua obtenção.

A cada Censo, por exemplo, o IBGE atualiza os limites de áreas urbanas,


criando vetores que podem ser compatibilizados com a interpretação das
imagens. Esses vetores auxiliam na melhor localização, evitando que sejam
confundidos com outros tipos de uso. Também podem ser consultadas outras
informações vetoriais afins ao tema, nos diversos órgãos.

No que refere aos dados estatísticos, eles deverão ser selecionados e analisados
como indicadores auxiliares que servirão de suporte para a classificação dos
tipos de uso contidos nos padrões homogêneos discriminados na imagem.
Dadas as especificidades, a identificação, localização e caracterização dos
espaços urbanos, industriais, rurais e/ou naturais requerem procedimentos
diferenciados e específicos, discriminados a seguir.

Espaços urbano e industrial

- interpretação de imagens de sensores remotos;

- utilização dos polígonos da malha setorial urbana do IBGE;


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- compilação e análise de dados e informações documentadas em estudos de


redes, mapas, relatórios, censos, questionários e/ou entrevistas;

- trabalhos de campo com aplicação de entrevistas específicas;

- análise dos processos de urbanização a partir da identificação dos arranjos


espaciais dos tipos de desenvolvimento industrial; e

- definição e abrangência dos polígonos de classificação.

Atividades mineradoras

Os padrões de uso das atividades mineradoras podem ser distinguidos pela


morfologia da exploração e pelos sistemas de mineração adotados. Empresas
organizadas e garimpos são os principais representantes dessa tipologia de
uso. As informações e dados sobre a exploração mineral, sobre as empresas
organizadas e áreas garimpeiras de maior expressão espacial, econômica e/ou
relevância regional são obtidos junto ao Departamento Nacional de Produção
Mineral - DNPM e Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, assim
como em mapas geológicos e imagens de sensores remotos. No Sistema de
Informações Geográficas da Mineração - Sigmine, portal do DNPM, no endereço
eletrônico <http://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/>, podem ser obtidas
informações sobre áreas dos processos minerários cadastrados no DNPM,
associadas a outras informações geográficas de interesse ao setor produzidas
por órgãos públicos. São informações bastante detalhadas que permitem a
seleção dos polígonos onde efetivamente exista exploração: concessão de
lavra, lavra garimpeira e registro de exploração. Essas informações podem
ratificar uma suposta área identificada na imagem de satélite.

A representação gráfica dos usos com mineração estará condicionada à sua


importância e representação espacial na escala adotada, o que pode ser feito
tanto pela espacialização em polígono como por uma representação por
simbologias, conforme Figura 7.

Figura 7 - Simbologias de mapeamento para atividades mineradoras


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Atividades agrícolas

A análise conjunta de dados estatísticos, documentos e informações


levantadas em campo, associadas aos padrões de imagem discriminados
subsidiam a classificação da tipologia de uso e a compreensão dos processos
de evolução da área. Um exemplo são os dados dos setores censitários que
trazem informações que podem ratificar aquelas levantadas em campo ou
cobrir algumas lacunas deixadas na ocasião. Dentre elas, destacam-se as
informações sobre: práticas agrícolas, condição do produtor e irrigação dos
estabelecimentos. Para orientar a homogeneização dos procedimentos de
análise e interpretação dos dados estatísticos, é importante que algumas
características e indicadores sejam analisados, especialmente na etapa do
relatório:
• Localização das lavouras temporárias e permanentes, pastagens naturais
e plantadas, das matas e florestas, naturais e plantadas. Esta análise tem
sido feita a partir da superposição dos vetores dos setores censitários
sobre a imagem, o que possibilita estabelecer com relativa precisão as
atividades predominantes em cada padrão homogêneo;
• Áreas de produção agropecuária articuladas à produção industrial da
região, especialmente aquelas voltadas para o agronegócio para identi-
ficar os processos de integração entre a produção agrícola e a produção
industrial;
• Características da produção agrícola, em termos dos sistemas produtivos;
• Características da produtividade e valor da produção das lavouras, da
produção animal, da indústria rural e da extração vegetal com relação ao
total do valor da produção agropecuária;
• Características das relações de produção para apoiar o diagnóstico do
relatório técnico; e
• Características da infraestrutura de apoio à produção.

Exploração de recursos vegetais


A identificação, localização e representação espacial das atividades
relacionadas com a exploração de recursos vegetais são possíveis por meio
da conjugação de procedimentos de interpretação de sensores remotos com
análises de dados de fontes específicas de informação como:
• Incorporação de vetores de mapeamento do extrativismo de fontes insti-
tucionais. Neste caso, é possível construir arquivos vetoriais a partir dos
dados estatísticos disponíveis tanto no IBGE como em outros órgãos de
governos que, quando superpostos à interpretação, informam ou ratificam
o tipo de exploração vegetal, incluindo os produtos explorados;
• Identificação das atividades extrativas vegetais por meio dos mapea-
mentos das formações florestais e das formações campestres, no que se
refere à ocorrência de espécies de valor extrativo detectadas em inven-
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

tários, censos, cadastros, estudos de resíduos de biomassas, guardando


as diferenças entre as tipologias definidas nesse manual como florestais
e campestres;
• Análise das atividades de exploração de madeira, por meio de relatórios
dos mapeamentos de formações florestais ou campestres, em termos
das espécies de valor econômico, censos ou cadastros, inventários por
tipologia de vegetação;
• Análise dos dados, informações e mapeamentos sobre as áreas com
reflorestamento;
• Áreas indicadas para preservação permanente ou conservação sob o ponto
de vista de suas características especiais, valor cênico, etc.;
Avaliar a representatividade espacial das áreas de matas no conjunto das
áreas de uso da terra; e
• Identificar os tipos de produtos do extrativismo vegetal, tais como bor-
rachas, gomas não elásticas, ceras, fibras, tanantes, oleaginosas, alimen-
tícios, aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes, madeiras. A relação
completa destes produtos encontra-se na definição da nomenclatura.

Principais usos da água


Para o tema Uso da Terra, os recursos hídricos são interpretados a partir das
funções que desempenham para a sociedade. Assim, é importante que os
múltiplos usos da água sejam identificados, localizados e caracterizados de
acordo com os conceitos definidos na nomenclatura:
• Captação de água atende ao abastecimento doméstico, industrial e agrí-
cola (irrigação e dessedentação de animais). Os pontos de captura deste
recurso podem ser pesquisados nas companhias de saneamento básico
dos municípios. Só serão representados aqueles captados em águas su-
perficiais mapeáveis na escala adotada;
• Lançamento de dejetos funciona como efluentes domésticos e industriais.
Essas informações podem ser pesquisadas nas companhias de sanea-
mento municipais;
• lazer e desporto são atividades mais difíceis de serem compiladas por
tratar de atividade proporcionada tanto por instituições públicas como por
decisão individual. Assim as Secretarias de Turismo constituem a primeira
fonte de informação a ser pesquisada;
• geração de energia tratará apenas de usinas hidrelétricas e as informações
e dados são obtidos na Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel, Cen-
trais Elétricas Brasileiras S.A - Eletrobras e, eventualmente, em imagens
de sensores remotos e mapas;
• transporte: diz respeito aos serviços praticados sob concessão do Minis-
tério dos Transportes que podem ser classificados segundo a finalidade:
Carga ou de Passageiros. As fontes de informação para estes usos podem
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

ser pesquisadas nas diversas concessionárias dos serviços no estado e/


ou municípios da área de estudo; e
• Aquicultura: para esta atividade podem ser pesquisados todos os segmen-
tos envolvidos, como, por exemplo, o Ministério da Pesca e Aquicultura, as
secretarias estaduais, bancos financiadores, entre outros.

A representação gráfica desses usos da água estará condicionada à sua


importância e representação espacial na escala adotada, o que pode ser feito
tanto pela espacialização em polígono como por uma representação por
simbologias, conforme Figura 8.

Figura 8 - Simbologias de mapeamento para representar


o uso dos corpos d’água

Mineração Usos da Água

Lazer e Desporto de Contato Secundário


Garimpo

Transporte de Carga

Lavra
Transporte de Passageiro

Lazer e Desporto de Contato Primário

Pesca Extrativista e Artesanal

Piscicultura

Represamento para Geração de Energia

Receptor de Efluentes

Captação para Abastecimento


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Interpretação de imagens digitais


Este procedimento é realizado a partir do processamento digital de imagens,
visando a identificação, extração, condensação e realce da informação de
interesse, a partir da enorme quantidade de dados que usualmente compõem
as imagens digitais. O processamento digital de imagens é um instrumento
para facilitar a identificação e a extração de informações contidas nas
imagens, para posterior interpretação. O fluxograma da Figura 9 apresenta
os principais passos para o mapeamento digital.

Figura 9 - Etapas do mapeamento digital

Levantamento Levantamento de Informações


de Campo de Apoio à Classificação

Definição Preliminar
de Classes Temáticas

Segmentação

Classificação automática
ou supervisionada

Informações e Dados de
Edição Matricial
Apoio ao Mapeamento

Transformação em Vetor
e Exportação do mapa

Inúmeras técnicas são usadas na interpretação digital com o objetivo de


extrair informações sobre o uso da terra, e, de acordo com o programa
que se use, as operações podem ser diferentes. No entanto, as mais
comuns são as operações de realces, filtragens e as classificações
multiespectrais. No processo de interpretação, dois tipos de classificação
podem ser utilizados: não supervisionada e supervisionada, sobre as quais
se comentará mais adiante.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Cores, texturas, arranjos e formas são exemplos de características


espectrais 12 de feições observadas nas imagens que revelam os alvos
imageados, permitindo a identificação de padrões essenciais na
interpretação de imagens e a classificação do tipo de Cobertura e de Uso da
Terra. Para a interpretação dessas características a utilização das imagens
em composição colorida falsa-cor é bastante útil para melhor discriminar
os alvos analisados. Nas imagens L andsat frequentemente se utiliza a
composição falsa-cor nas bandas 5R, 4G e 3B na produção de imagens
sintéticas por apresentar forte semelhança com as cores da natureza e por
facilitar a interpretação da cobertura e do uso da terra. Na ausência de
imagens Landsat busca-se substituí-las por outros tipo de imagem, como
as do satélite Resourcesat ou imagens de radar que têm auxiliado bastante
como fonte complementar das interpretações, especialmente para o litoral
nordestino e a Amazônia, onde a frequência de nuvens é muito grande.
Outro instrumento que vem sendo agregado aos trabalhos é o uso das
imagens disponibilizadas pelo Google Earth, que, por sua possibilidade de
grande discriminação de alvos, tem auxiliado na eliminação de dúvidas de
interpretação. É possível, inclusive, a edição de padrões no Google Earth
e sua exportação para o projeto do programa utilizado, como forma de
complementar informação para áreas onde se tem dúvidas, ou mesmo
áreas recobertas por nuvem.

É importante frisar que, para a interpretação digital, o intérprete deve


possuir um conhecimento básico de sensoriamento remoto para identificar
as características espectrais do tipo de sensor que se está manipulando
relativas aos alvos. Para enriquecer e disseminar esse conhecimento em
uma equipe de trabalho, é recomendável extrair padrões de imagem de
cada trabalho já executado para a montagem de um álbum referência,
assim como introduzir o técnico iniciante nos conceitos e técnicas aplicadas
ao tema.

No mapeamento da Cobertura e do Uso da Terra, a interpretação de imagens


digitais de sensores remotos visa à identificação de padrões de imagem
que guardem certa homogeneidade e que possam ser representados na
escala pretendida, segundo as classes previamente definidas.

Na Figura 10, mesmo a olho nu, sem uma análise aprofundada das
características radiométricas da imagem, é possível observar a diferenciação
de alguns padrões de imagem que referenciam diferentes coberturas. Vale
destacar que a comparação de dados orbitais de diferentes épocas durante
os procedimentos analíticos representa ganho qualitativo no produto final.

12
Alguns autores descrevem características espectrais de alvos que são de grande utilidade para o mapeamento da Co-
bertura e do Uso da Terra. A Embrapa (www.embrapa.br) apresenta em sua página virtual documento com informações
a partir de alvos sob o Landsat, como os padrões texturais lisos ou rugosos da vegetação, padrões de cores das áreas
com reflorestamento, comenta sobre as semelhanças entre padrões das áreas com cultivos de café e de laranja quando
já apresentam porte arbustivo, ou ainda as tonalidades bastante escuras das áreas alagadas, em função da presença de
grande quantidade de água. Todas estas são informações que podem ser bastante úteis para a interpretação de imagens,
frisando sempre a necessidade de conhecimento mínimo das características espectrais relativas ao tipo de sensor que
se está manipulando.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Figura 10 - Corte da cena 23258-2006-04-02 do satélite Landsat TM-5,


Região do Lavrado - RR

Fonte http.www.dgi.inpe.br

Na sequência, são apresentadas duas figuras que exemplificam as


correspondências entre o padrão de imagem e a classificação preliminar
de uso da terra, já com as informações complementares adicionadas para a
identificação e diferenciação das tipologias.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Figura 11 - Corte da cena 221-081 Landsat TM5,


em composição colorida, Bacia do rio Jacuí - RS

Fonte http.www.dgi.inpe.br-Suportemapascenas

Figura 12 - Imagem 221-081 classificada. Bacia do rio Jacuí - RS


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Figura 13 - Corte na Imagem Resourcesat P6LIS331708820120815.


Região de Pontes de Lacerda

Fonte: www.inpe.br

Figura 14 - Imagem 317-88 classificada. Região de Pontes de Lacerda


__________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

A utilização de softwares, a disponibilidade de bons equipamentos e o


conhecimento técnico para interpretação digital agilizam os processos
de análise e classificação desses padrões em unidades de mapeamento,
representando um ganho de tempo que chega a 70%, se comparado aos
procedimentos tradicionais por meio analógico.

Preliminarmente, pode-se trabalhar a partir da análise de diferentes combinações


de bandas e filtros com o objetivo de distinguir os diferentes usos e definir as
melhores composições para apoiar a execução de uma classificação. Várias
possibilidades, comuns em muitos softwares de processamento digital13,
estão à disposição do técnico para a execução desses procedimentos com o
objetivo de enfatizar algumas feições, tais como: realces de contraste (lineares
e não-lineares), processos de filtragem digital (passa alta e passa baixa), razão
espectral entre imagens (índices de vegetação), modelo linear de mistura e
análise de principais componentes. Estes procedimentos podem ser realizados,
separadamente, conforme o interesse, em diferentes composições espectrais.

Para Fonseca (2000), o primeiro passo em um processo de classificação


multiespectral é o reconhecimento da assinatura espectral14 das classes, que é
função, principalmente, da porcentagem de minerais, da matéria orgânica, da massa
foliar ou de outras características predominantes nos alvos. Assim, o reconhecimento
da assinatura espectral é útil para reconhecer e extrair características espectrais
semelhantes. De acordo com os parâmetros fornecidos ao classificador são
definidos padrões espectrais que consistem da aglutinação dessas assinaturas (por
região), permitindo produzir os mapas. Os polígonos gerados representam, assim,
uma organização ou fatiamento da imagem segundo as semelhanças assumidas
para se iniciar o processo de classificação.

Há duas categorias de classificação: não supervisionada e supervisionada. A


classificação não supervisionada é implementada por meio do agrupamento
de pixels espectralmente próximos, os quais darão origem às classes e pode
ser executada por classificadores (algoritmos), que diferem de acordo com o
programa que se usa. A classificação por pixel é o processo em que se extrai
informações de uma imagem para reconhecer padrões e objetos homogêneos.
O resultado final deste processo é uma imagem digital que constitui um mapa
de pixels classificados, representados por cores.

O número de classes pode ser predeterminado, ou não, pois existem múltiplas


possibilidades de arranjos espaciais que poderão se constituir em uma
classe composta. As informações auxiliares e de campo serão muito úteis
nesse momento, pois elas servem tanto para sugerir um número de classes,
quanto rejeitar o total de classes fornecido automaticamente pelo programa
de classificação.

13
Exemplos são : ENVI, Spring, Erdas, PCI, etc.
14
Cada alvo terrestre tem sua própria assinatura espectral; cada alvo absorve ou reflete de modo diferente cada uma das
faixas do espectro da luz incidente.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

A classificação não supervisionada é feita por processamento automático de


geração de classes. Este procedimento representa economia de tempo no
mapeamento, especialmente na fase da interpretação preliminar. No Spring
a classificação isoseg (automática) ou classificação não supervisionada
se inicia com o procedimento da segmentação da imagem, isto é, o
particionamento da imagem em grupamentos, consoante os parâmetros
da interface. Essa escolha deve levar em conta a intensidade de ocupação
e do uso da terra. Quanto mais densa e homogênea for a cobertura natural,
a escolha dos parâmetros, tamanho da área em pixels e similaridade dos
tons de cinza, devem recair sobre uma seleção de valores que comportem a
maior aglutinação de pixels, o que reduzirá significativamente a quantidade
de polígonos gerados na segmentação. É importante que sejam feitos
vários testes de forma a se optar pela segmentação que demonstre melhor
adequação às características da área a ser mapeada.

Quando se tem um bom controle de campo é possível utilizar o


processamento supervisionado, para o qual é necessária a aplicação de
pontos de controle correlacionando os alvos na imagem com tipos de uso.
Neste caso é importante conhecer a resolução espectral15 do sensor, ou seja,
o comprimento de onda que ele oferece, pois, dependendo do tipo de sensor
que se utilize, melhor será o resultado da supervisão da imagem, uma vez
que cada sensor tem capacidades diferentes de detectar maior ou menor
quantidade de faixas espectrais.

A classificação supervisionada é implementada com base no conhecimento


do usuário da área, que, a priori, seleciona as classes de interesse e fornece
ao programa os padrões espectrais típicos destas classes. O método de
classificação denominado de Máxima Verossimilhança (MAXVER), que
classifica por pixel, é uma técnica que considera a ponderação das distâncias
entre as médias dos níveis de cinza das classes, utilizando parâmetros
estatísticos, e tem sido utilizado por equipes de instituições como o IBGE e o
INPE. Este classificador após obter a média dos níveis digitais de cada classe
e estabelecer sua distribuição de probabilidade normal, o algoritmo passa a
considerar a distância ponderada entre as médias das classes para classificar
o pixel de acordo com sua posição em relação à distribuição normal (CRUZ;
RIBEIRO, 2008). Este método utiliza amostras de treinamento representativas
das classes a serem mapeadas para extrair das imagens os grupamentos mais
homogêneos, de forma a compor a unidade de mapeamento, ou o polígono.
Para tal, o intérprete faz uso do auxílio das informações de reconhecimento de
campo e realiza experimentos em ensaios de classificação. A quantidade de
amostras de treinamento estará em função da maior ou menor variabilidade
de respostas que a imagem apresente (Figura 15).

Segundo Novo (1989), resolução espectral é "uma medida da largura das faixas espectrais e da sensibilidade do sistema
15

sensor em distinguir entre dois níveis de intensidade do sinal de retorno".


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Figura 15 - Etapas de classificação da cobertura e do uso da terra

Fonte: Classificação preliminar da Folha SF.23VD-I. Ago. 2002. IBGE/CREN – Gerência de Uso da Terra.

O método Bhattacharya, que classifica por região, baseia-se no índice de


probabilidade das classes desejadas. Sempre trabalhando com um par
de classes de cada vez, o método depende diretamente do treinamento
supervisionado para organizar os segmentos de acordo com a menor distância
de Bhattacharya encontrada com determinada classe, associando-o à mesma
(CRUZ; RIBEIRO, 2008).

A definição dos padrões espectrais para a classificação supervisionada,


representados pelas amostras de treinamento, é fortemente auxiliada pelo
conhecimento da área, por informações de fontes bibliográficas e pelos pontos
de amostragem obtidos em campo, representativos de padrões de cobertura
e/ou de uso da terra, homogêneos ou diversificados, cuja área seja perceptível
na imagem. Os pontos de amostragem têm suas coordenadas determinadas
no terreno com o uso de GPS e servem para referenciar geograficamente esses
padrões, descritos pelo observador durante os trabalhos de campo. Esses
pontos, lançados sobre uma imagem georreferenciada, contém a descrição
da paisagem, além de fotos referentes aos padrões de imagem que eles
representam e que servirão de parâmetro para o algoritmo classificador do
software em uso.

A rigor, os trabalhos de campo deveriam ser realizados no mesmo ano da


imagem, de modo a se estabelecer uma correlação entre o padrão da imagem
e a verdade terrestre observada no trabalho de campo. Porém, o rigor técnico
espaço-temporal dos levantamentos de campo, com frequência, entra em
conflito com questões burocrático-financeiras, resultando numa coleta das
amostras fora daquela época mais adequada, demandando maior esforço de
análise do intérprete para relacioná-las com o tipo de cobertura existente à
época do imageamento, recorrendo-se por isso a outras fontes de informação.
A partir desse procedimento é possível se obter uma classificação preliminar,
que deverá sofrer uma reinterpretação após a análise e conclusões sobre toda
a área investigada. No IBGE, a equipe de Uso daTerra tem utilizado o programa
SPRING para o processamento e classificação das imagens de satélite. Nele, a
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

classificação pode ser obtida tanto automaticamente, por meio do classificador


Isoseg, como de forma supervisionada, por meio de vários métodos/critério de
decisão. Pelas vantagens apresentadas nos testes, optou-se pelo classificador
Bhattacharya, que permite a supervisão das amostras e no qual a precisão
da classificação pode ser avaliada tanto pela análise das amostras na Matriz
de Confusão, como pelo limiar de aceitação que o programa oferece. As
informações auxiliares e de campo serão muito úteis nesse momento, pois
elas servem tanto para sugerir um número de classes, quanto rejeitar o
total de classes fornecido automaticamente pelo programa de classificação.
Também é possível predefinir as classes desejadas no Modelo de Dados deste
programa e ajustar as classificações automáticas a esse modelo. Também é
possível a inclusão de novas classes durante o processo de edição matricial
da classificação preliminar. De modo geral, todas essas opções constituem
facilitadores para o intérprete.

Para que os resultados do mapeamento da Cobertura e do Uso da Terra sejam


armazenados em sistema de informação geográfica, a exemplo do IBGE16
que os deposita em banco de dados, os polígonos gerados matricialmente
devem ser transformados em uma representação vetorial para que possam
ser editados por software específico utilizado pela instituição responsável. No
caso do uso do programa Spring utiliza-se a ferramenta matriz/vetor no menu
Temático para sua exportação para outro programa.

Trabalhos de campo
Os trabalhos de campo visam identificar ou ratificar uma classificação prévia
dos tipos de cobertura e de uso da terra contidos nos padrões de imagem
identificados em gabinete, correlacionar esses padrões de imagem com a
verdade terrestre e coletar dados e informações por intermédio da aplicação
de entrevistas e / ou questionários.

Para a organização de um trabalho de campo, é necessário que algumas


providências sejam tomadas antecipadamente. A equipe encarregada desse
trabalho deverá se reunir para traçar as metas e a forma de condução dos
trabalhos. Deve-se preparar o roteiro estimando a quilometragem total a ser
percorrida diariamente. Este roteiro deve ser repassado às áreas administrativas
para controle e acompanhamento a distância. O responsável pelo trabalho em
campo deve, em conjunto com a equipe, preparar o levantamento de diárias
por tipo de cidade de pernoite, número de diárias, custos extras com material
e serviços de terceiros, custo de transporte aéreo quando houver, etc. As
estratégias para a distribuição de tarefas no carro ou nas entrevistas devem
ser discutidas e orientadas para toda a equipe ou para os técnicos que se
incumbirão de tarefas específicas.

A Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais - CREN mantém suas informações armazenadas em banco
16

de dados, estruturado em Sistema de Informação Geográfica.


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Para otimizar a programação é conveniente que previamente seja feito o


agendamento de entrevistas com representantes das diversas instituições que
serão visitadas, como os extensionistas rurais da assistência técnica, buscando
informações sobre agricultura, pecuária, pastagens, reflorestamento e florestas
sustentáveis, entre outras, para apoiarem o entendimento dos processos de
utilização das terras.

O planejamento de campo deve considerar o calendário turístico e/ou de


festas da área a ser visitada para que não haja impedimentos aos trabalhos.
Sugere-se a inclusão de cartas de apresentação dos técnicos às instituições a
serem visitadas, informando os objetivos do trabalho e solicitando o apoio das
instituições locais na cessão de dados e informações. De acordo com a região a
ser visitada, também sugere-se o levantamento da necessidade de vacinações.

Material de apoio

A seleção do material de apoio deve ser feita pela equipe e solicitada ao setor
responsável. Dentre os equipamentos sugere-se:
• Binóculo;
• Caderneta de campo;
• Imagem reproduzida na escala do trabalho, contendo a interpretação pre-
liminar, a grade de coordenadas a cada 10’ e a rede hidrográfica e viária;
• Cartas topográficas;
• Notebook carregado com os dados digitais disponíveis e úteis ao ma-
peamento como: imagem, classificação preliminar, mapas temáticos de
vegetação, solos, geomorfologia, geologia, cartas topográficas, mapas de
rede rodoviária, limites e toponímia municipais, estatísticas de produção
agropecuária, etc.;
• Escalímetro ou régua;
• Cartas temáticas (vegetação, geomorfologia, solos, etc.);
• Máquina fotográfica;
• GPS;
• Informações sobre a área;
• Lista de hotéis para hospedagem; e
• Telefone celular via satélite.

Roteiro para observações de percurso

Os roteiros são orientações para o processo de conhecimento da realidade


local na perspectiva do tema de estudo e na escala de interpretação dos
fatos. São pontos para orientar os técnicos nas observações de percurso, nas
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

entrevistas e no processo de conhecimento da área de estudo e não devem


ser transformados em procedimentos fechados.
• Diariamente deve-se registrar quilometragem e horário de saída e de chegada;
• Devem ser feitas anotações e/ou relatos dos fatos observáveis relevantes
para os objetivos do estudo;
• Em dúvida sobre um fato ou característica relevante, sempre perguntar e
não supor;
• Anotação das observações na caderneta de campo/laptop ou palm top, na
cópia da imagem, e na carta de navegação, tendo o cuidado de amarrar
o ponto ou trecho observado a acidentes geográficos contidos na carta
e a quilometragem marcada no odômetro do carro, ou a pontos de GPS.
As anotações devem ser feitas de forma a não comprometer o conteúdo
original da carta;
• Igual procedimento deverá ser seguido quando a base de navegação for
imagens de satélite ou fotografias aéreas e também na carta da interpre-
tação temática;
• As anotações individuais são livres e devem conter o máximo de informação,
de modo a facilitar a recuperação das observações, objetivando dar consis-
tência ao relatório de campo, à classificação dos padrões de cobertura e de
uso da terra e posteriormente ao relatório final. Sugere-se que sejam feitas
observações por trechos que mantenham igual padrão de cobertura e uso; e
• Fotografar, descrever e localizar por meio de GPS os padrões de uso e
problemas ambientais identificados.

Roteiro para observação técnica

a) sobre áreas urbanas


- identificar pontos/áreas de continuidade e de descontinuidade espacial.
Quando possível amarrar com ponto de GPS o início e final da área urbana
que estiver no trajeto do roteiro; e
- em escalas de detalhe será necessária a observação das áreas residenciais,
comerciais, industriais, adotando-se critérios de arranjos e de funcionali-
dade;

b) sobre extração mineral


- mencionar a localização, o tipo de produto extraído, os processos de extra-
ção e os tipos de danos ambientais causados e suas dimensões, bem como
as práticas de controle e de recuperação ambiental, eventualmente adotadas.

c) sobre lavouras
- observar as áreas ocupadas com lavouras temporárias e permanentes,
mencionando os tipos de culturas existentes; o sistema de cultivo utilizado
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

(monocultivo ou cultivo consorciado); os métodos empregados para o pre-


paro do solo, plantio e colheita; as técnicas de conservação do solo adota-
das; a utilização de irrigação, calagem, adubação, agrotóxicos etc. Sempre
que necessário e possível, recorrer às pessoas do local ou da região para
confirmar e/ou complementar as observações;
- correlacionar as culturas existentes com o relevo e o solo, registrando
possíveis situações de uso inadequado do espaço (plantio em encostas
íngremes, em margens de cursos d'água, etc.); e
- observar, quando possível, se há emprego de fogo no preparo e limpeza
de lavouras.

d) sobre pastagens e plantas forrageiras


- observar as áreas ocupadas com pastagens, mencionando se são naturais
ou plantadas, relacionando as espécies predominantes, e indicando a
maneira como são utilizadas. Sempre que necessário e possível, recorrer
a pessoas do local ou da região para confirmar e/ou complementar as
observações;
- correlacionar os tipos de pastagens existentes com o relevo e o solo, re-
gistrando possíveis situações de uso inadequado dos recursos naturais;
- observar o estado de conservação das pastagens. Verificar a ocorrência e
frequência dos terracetes (trilhas de gado);
- observar a ocorrência de culturas forrageiras para corte, mencionando as
espécies cultivadas; e
- verificar, quando possível, se há emprego de fogo no manejo de pastagens.

e) observações sobre produção animal


- observar os rebanhos encontrados, indicando o tipo (bovino, equino, caprino
etc.), a raça (nelore, guzerá, holandesa, girolanda, charolês, jersey, angus,
etc.), o sistema de criação (extensiva, intensiva ou confinada), o aspecto
sanitário dos animais e a finalidade do empreendimento (corte, leite, corte
e leite etc.). Sempre que necessário e possível, recorrer a pessoas do local
ou da região para confirmar e/ou complementar as observações;
- quando possível, registrar informações sobre divisão de pastagens, aguadas
e sistemas de manejo de pastagens e do rebanho; e
- observar a ocorrência de aquicultura de água doce e salgada (maricultura).

f) sobre reflorestamentos
- observar os reflorestamentos encontrados, indicando, quando possível, as
espécies plantadas. Sempre que necessário e possível, recorrer a pessoas
do local ou da região para confirmar e/ou complementar as observações.

g) sobre sistema agroflorestal


- observar os tipos de culturas do sistema e distinguir se há predomínio de
alguma espécie, o espaçamento entre os tipos de culturas, o tempo de im-
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

plantação para verificar se o plantio já alcançou porte arbóreo, ou se ainda


existem cultivos alimentares e pousio melhorado, apresentados como
alternativa para reduzir o período de pousio e manter a fertilidade do solo
ao longo do tempo, sem depender de insumos externos.
h) sobre áreas naturais e seminaturais
- identificar a tipologia vegetal, se florestal ou campestre;
- identificar o estado de conservação/degradação da cobertura vegetal; e
- identificar os tipos de uso associados às coberturas vegetais.

i) sobre extrativismo
- observar as possíveis espécies extrativas, mencionando o local ou região
onde ocorrem.

j) sobre exploração madeireira em florestas nativas


- observar a ocorrência de madeireiras, se possível registrar as coordenadas
geográficas de sua localização.

k) sobre desmatamentos e queimadas


- verificar se há ocorrência de desmatamentos em encostas, margens
de cursos d’água, manguezais, dunas e outras áreas de preservação
permanente; e
- verificar se há ocorrência de incêndios em áreas de vegetação natural.

l) sobre cursos e corpos d’água


- observar a existência de retilinização de rios, desbarrancamento das mar-
gens do canal, assoreamento de rios, de represas e mananciais;
- observar a aparência das águas dos rios, lagos e represas, considerando
cor, odor, material em suspensão (argila ou detritos); e
- observar indicadores de poluição de mananciais

m) sobre saneamento básico


- verificar o destino final do esgotamento doméstico e do lixo; e
- quando possível identificar a localização dos aterros sanitários e se estão
próximos de cursos e corpos d’água.

n) sobre poluição
- localização de aterros sanitários, cemitérios, áreas de extração mineral,
criatórios de animais domésticos, indústrias, matadouros ou abatedou-
ros, etc.

o) sobre erosão
- identificar o tipo de erosão predominante, se superficial, sulcos ou ravinas.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Aplicação de entrevista e questionários

Todas as questões contidas no Roteiro de Entrevistas do quadro rural (em


anexo), passíveis de observações pontuais na paisagem ou de percurso,
deverão ser anotadas na caderneta de campo e/ou no apoio de navegação
(cartas topográficas, interpretação preliminar, imagem de satélite, cartas
temáticas), buscando, já em campo, estabelecer correlações entre o uso atual
e a estrutura fundiária, o quadro natural e as condições ambientais, tais como:

a) Tipos de uso e de cobertura, manejo e tecnologia:


- descrição do tamanho das glebas cultivadas segundo as culturas, indica-
tivos de sistema de produção, estágio de desenvolvimento das plantas,
aparência, irrigação segundo o tipo, mecanização;
- correlacionar as culturas e os tipos de pastagens com o relevo e o solo
(levar carta de solo quando possível);
- tipo de pastagens (natural ou plantada), ocorrência de plantas invasoras;
- manejo das pastagens (piquetes, aguadas...), presença de capineiras, sila-
gem, pastagens de inverno;
- raça do gado, condições de saúde dos animais;
- levantar se existe rebanho confinado, registrando principalmente a finali-
dade e o destino dos dejetos dos criatórios;
- levantar as espécies utilizadas em aquicultura, o objetivo da criação, o
sistema de criação adotado e o destino da produção;
- identificar a finalidade dos empreendimentos de reflorestamento e a idade
dos povoamentos;
- levantar os tipos de culturas dos sistemas agroflorestais da região e buscar
distinguir as espécies e o tempo de implantação;
- identificar o tipo de produtos nas madeireiras;
- identificar origem da madeira extraída da região e destino da produção;
- identificar se a exploração é feita sob regime de rendimento sustentável ou não;
- identificar se há a produção de biomassa e ciclagem de nutrientes.

b) Condições ambientais:
- desmatamentos nas margens dos rios e encostas;
- uso agrícola nas margens dos rios, especificando o tipo;
- retilinização de rios (aprofundamento do canal, desbarrancamento das
margens do canal, assoreamento de rios, represas e mananciais);
- ocorrência, localização e tipo de erosão (superficial, sulcos e ravinas);
- presença e frequência de terracetes (trilhas do gado);
- vigor das plantas das lavouras e pastagens, como indicativo de fertilidade do solo;
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

- compactação dos solos;


- avaliar se é feita cobertura do solo e se ela é feita com espécies leguminosas;
- aparência das águas dos rios, lagos e represas, observando cor, odor, ma-
terial em suspensão (argila ou detritos);
- eutrofização dos mananciais; e
- destino final do lixo;

c) Verificar a existência de espécies exóticas; os sistemas de manejo praticados;


as espécies em produção; se há produção de biomassa e ciclagem de
nutrientes; identificar se existem espécies madeiráveis; levantamento da fauna;
avaliar se é feita cobertura do solo e se ela é feita com espécies leguminosas.

Caderneta de campo

Cada técnico poderá ter a sua caderneta de campo para suas anotações. Dessa
forma o levantamento será mais rico ao se somar olhares e sensibilidades
diferentes. Pode-se diversificar a forma de anotar as observações e revezar as
atividades no campo. Dependendo das características da equipe, pode-se optar
por se ter apenas uma caderneta para reunir todas as informações. Neste caso,
cada técnico terá tarefas específicas durante o trajeto, que podem ser revezadas.
Neste caso, a caderneta passa a ser de uso dos técnicos participantes. Isto facilita
a transcrição das informações a partir de apenas um documento. Nela deverão
ser registradas todas as observações pertinentes ao tema e de destaque na
paisagem, ressaltando-se que quanto maior o número de informações obtidas
maiores serão as chances da interpretação técnica se aproximar da realidade.

Para agilizar a coleta de amostragem sugere-se a organização de fichamentos,


conforme Quadro 2. Também deve ser organizado um roteiro básico para o
preenchimento de questionários ou anotações de entrevistas.

Quadro 2 - Ficha de campo para pontos de amostragem (GPS) e fotos

Quadro 2 - Ficha de campo para pontos de amostragem (GPS) e fotos

Número Número Unidades


Data do Latitude Longitude da da Cena Folha Descrição
Ponto Foto Federação
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Relatório de campo

Deve ser redigido imediatamente após o retorno do campo, sistematizando as


informações anotadas na caderneta de campo, complementado-as com dados
extraídos de fichas e transcrições de fitas, quando houver. Os relatórios de campo
representam importante subsídio na elaboração dos mapas e do relatório final.

Após o regresso de cada operação de campo também deverá ser legendada


a documentação fotográfica, contendo descrição do uso e da cobertura,
localização, data e autoria da foto.

Elaboração de cartas e mapas da cobertura


e do uso da terra
O mapeamento dos diferentes tipos de uso da terra inicia-se com a aquisição
das imagens de interesse e a interpretação em uma base e escala comuns,
que pode ser até 1: 100 000. Esta interpretação pode ser feita na totalidade
de uma imagem ou em seu recorte. Segue-se a fase de reinterpretação ou
edições temáticas, que ao final resultam as classificações. Finda esta tarefa é
importante que seja composto um mosaico das cenas classificadas, organizada
a legenda dos padrões ou tipos de uso da terra de acordo com o Sistema de
Classificação de Uso da Terra - SCUT. Para em seguida iniciar a composição do
mapa final. A edição cartográfica e legenda de cores e simbologias refere-se ao
ajuste do mapeamento às bases cartográficas, segundo as diferentes escalas de
divulgação para sua publicação em formato pdf; e adição dos complementos
ao arquivo digital que comporá o banco de dados.

Fases da interpretação

Quando necessário, esta fase inicia-se com o georreferenciamento da imagem


em ambiente digital. Após o registro das imagens, iniciam-se as interpretações
preliminares sob uma base de parâmetros e escala comuns, assim como do
esboço de uma legenda preliminar dos padrões de uso da terra, que deverá
ser aprimorada no retorno dos trabalhos de campo. Segue-se, então, a etapa
da classificação preliminar em meio digital.

Reinterpretação e edições temáticas

Na atualidade, via de regra, os procedimentos de interpretação e edições


temáticas, são realizados de forma digital. Por esta razão esses procedimentos
devem estar atrelados ao tipo de software escolhido para a execução do
trabalho e podem ser realizados em vários e diferentes momentos. Portanto,
devem estar em conformidade com as técnicas de mapeamento que o técnico
estiver utilizando na interpretação, ao tipo de software e à capacidade instalada
dos equipamentos.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Havendo uma interpretação preliminar, a reinterpretação deverá ser feita de


preferência após a elaboração do relatório de campo, apoiando-se em todo
o material levantado. Caso a equipe não tenha tido tempo suficiente para
executar uma interpretação preliminar antes dos trabalhos de campo esta
deverá ser realizada imediatamente após o retorno, já de posse de todas as
informações necessárias.

Algumas vezes os trabalhos de campo não são suficientes para cobrir todas
as áreas ou dúvidas predefinidas antes do campo. Nestes casos, a legenda
dispõe de mecanismos para classificar estas áreas como Uso não Identificado.

Durante o processo da classificação, são feitas várias edições temáticas, em


raster e/ou vetor, em busca do refinamento ou de ajustes dos polígonos. Este
é um procedimento necessário em função das confusões geradas, algumas
vezes, pelo processo automático de classificação. Em alguns softwares de
edição de imagem, como Spring, ENVI, entre outros, as edições são matriciais,
sendo necessário transformar o resultado final em vetor, para possibilitar as
edições cartográficas. Quando se trabalha com programas como Quantum
Gis, Geomedia ou Arc GIS as edições são vetoriais.

Para orientar as equipes no manuseio de ferramentas de diferentes softwares


sugere-se a criação de roteiros, tanto para a interpretação como para as edições.
No caso do projeto desenvolvido no IBGE, esses roteiros (denominados
internamente de “protocolos” ou “passo-a-passo”) estão disponíveis para
consulta de qualquer usuário, interno ou externo ao IBGE.

Legenda de mapeamento

As tipologias da Cobertura e do Uso da Terra devem ser representadas


segundo a escala pretendida. Em função dessa escala existirá um maior ou
menor detalhamento na construção da legenda. A Cobertura da Terra deverá
indicar áreas onde predominam as características naturais ou construídas/
produzidas. Quando se tratar de áreas sob legislação específica, essas áreas
serão representadas pelo uso atribuído pela lei, a exemplo das áreas especiais
de conservação/preservação e terras indígenas. As áreas sob utilização
econômica são reconhecidas como padrões de Uso da Terra, aqui entendido
como uma representação sintética de um conjunto de atividades econômicas
com expressão espacial que, de alguma forma, interage nesse espaço. Esses
padrões poderão ser interpretados com o auxílio de um roteiro e deverão
refletir a maior significância espacial de determinado tipo de uso, como
também o funcionamento das atividades produtivas inseridas em determinado
padrão ou associações de uso. Uma vez que o uso da terra pode ser definido
pontualmente (escalas de detalhe) ou interpretado como um conjunto de
fatos ou fenômenos espaciais (escalas de semidetalhe e exploratórias) será
de fundamental importância a compreensão da organização e dinâmica dos
processos políticos, econômicos e sociais que atuam sobre uma área ou
região, de modo a se conhecer as tipologias de uso que podem ser nominadas
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

e, consequentemente, definir os padrões de uso. Os casos específicos, não


identificados a priori, deverão ser discutidos no decorrer do mapeamento.

Na categoria Áreas Antrópicas Não Agrícolas, reúnem-se as coberturas


referentes às áreas abertas construídas, onde predominam edificações que
caracterizam processos de expansão urbana e os complexos industriais, as
Áreas Urbanizadas, as Áreas de Mineração ou Extração Mineral e Outras
Coberturas não agrícolas que não se encaixam nas duas categorias anteriores.
Nas Áreas Antrópicas Agrícolas estão englobadas as áreas de uso para a
produção de alimentos, fibras ou outras matérias-primas que podem ser
empregadas na indústria. Nessa categoria foram definidas cinco (5) subclasses,
assim denominadas: LavourasTemporárias, Lavouras Permanentes, Pastagens,
Silvicultura e Uso não identificado. As Áreas de Vegetação Natural congregam
uma série de fisionomias da vegetação natural que foram organizadas em
duas categorias: as de porte arbóreo foram nominadas como “florestais” e
as de porte arbustivo e herbáceo foram denominadas “campestres”. A classe
Água tem os usos organizados a partir de duas categorias: continentais e
costeiras, nas quais é possível identificar usos homogêneos ou múltiplos,
tanto de utilização econômica como de lazer. Por fim nas Outras Áreas, estão
incluídas as “áreas descobertas”, referindo-se a afloramentos rochosos, praias,
etc., e outras categorias ainda não classificadas, que porventura surgirem ao
longo dos mapeamentos.

A identificação de uma classe de uso da terra deverá, minimamente, passar por


alguns procedimentos básicos de correlações entre diferentes documentos, tais
como o confronto entre padrões de imagens, os levantamentos bibliográficos
e de campo e os dados estatísticos, elementos essenciais de análise para a
classificação das tipologias de uso da terra e para o seu mapeamento. Em
áreas de colonização dirigida, por exemplo, pode-se fazer uso dos polígonos
definidos para os projetos de assentamento, pois eles podem orientar a
identificação das tipologias de uso em razão de se conhecer os processos de
ocupação dessas áreas. Os vetores apresentados no Sistema de Informações
Geográficas da Mineração - Sigmine, do Departamento Nacional de Produção
Mineral - DNPM, no que se refere às Fases de Concessão de Lavra, Lavra
Garimpeira e Registro de Extração, passíveis de serem cartografadas, informam
sobre os produtos desta atividade em exploração efetiva.Também é importante
considerar os vetores disponibilizados pela Funai e pelo Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, quando há necessidade de cartografar os usos
institucionais, como as Terras Indígenas, as Unidades de Conservação e a
sobreposição de outros usos a essas unidades especiais.

No processo de interpretação dos dados estatísticos e dos documentos


acessórios, a aplicação dos recortes municipais e dos setores censitários sobre
as interpretações de imagens constitui instrumento eficiente de correlação.
Dessa forma é possível visualizar, percentualmente, os usos mais expressivos
e correlacioná-los com os padrões de imagem para dirimir dúvidas quanto à
classificação que se deseja definir para área-alvo.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

O mapeamento da cobertura vegetal disponível no IBGE e no Ministério do


Meio Ambiente também constitui fonte de referência para a interpretação
da cobertura sob áreas de vegetação natural e seus usos. A partir de
critérios preestabelecidos, as fisionomias de vegetação identificadas nestes
mapeamentos podem ser classificadas em florestal ou campestre, categorias
que representam a vegetação natural na classificação da Cobertura e do Uso
daTerra. Quanto ao aspecto da atividade extrativa sob essas fisionomias deve-
se recorrer aos inventários florestais e aos mapeamentos estaduais para a
identificação dos principais tipos de extrativismo da área.

Para a construção da legenda de mapeamento de classificação das Águas tomou-


se como referência a Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997) no
que trata do entendimento dos usos consuntivos e não consuntivos17. Os usos
consuntivos compreendem os de infraestrutura social, como de abastecimento
doméstico e dessedentação de animais; os agrícolas, como agricultura, pecuária
e irrigação; e os industriais como termoelétricas, resfriamento e processos
industriais. Os usos não consuntivos referem-se a atividades em que não há perda
entre o que é retirado e o que retorna ao curso natural. Entre elas estão geração
de energia, navegação, pesca, piscicultura, recreação e esportes, assimilação
de esgotos urbanos e industriais. Outro instrumento de referência, utilizado na
definição e hierarquização da legenda de mapeamento das águas, foi a Resolução
Conama nº 20, (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 1986) no que trata
da classificação das águas em doces, salobras e salinas, e segundo os seus usos
preponderantes.

A partir desses critérios de decisão e com o apoio do mapeamento


geomorfológico, considera-se neste manual que são atividades em águas
costeiras aquelas que se estabelecerem na planície costeira e nas águas
marítimas limitadas na linha de 12 milhas náuticas. Com base nestas definições,
é que se buscou organizar e hierarquizar as tipologias de usos contidas em
águas continentais e costeiras para o levantamento e classificação da cobertura
e do uso da terra no IBGE.

Para a cartografia das subclasses dos usos das águas em continentais18 e


costeiras19 é necessário fazer uso do limite da planície costeira, extraído do
mapeamento geomorfológico do IBGE. Em alguns casos, em razão das águas
de mistura avançarem em direção à montante dos rios em muitos quilômetros,
é interessante que se identifique o alcance da influência marinha, pois, as águas
salobras apresentam diferentes graus de salinidade (CONSELHO NACIONAL

17
Uso consuntivo da água é aquele em que há consumo efetivo da água e seu retorno ao manancial é pequeno ou inexis-
tente; Uso não consuntivo é aquele em que o consumo de água é muito pequeno e ocorre o retorno de água ao manancial.

As Águas Continentais são classificadas em dois ambientes: Ambientes Lênticos: aqueles que não possuem correnteza,
18

não possuem fluxo contínuo, como exemplo: lagos, lagoas, brejo ou pântano; Ambientes Lóticos: que possuem fluxo
contínuo, correnteza, como exemplo: rios e nascentes.

19
II Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro define zona costeira como sendo o espaço geográfico de interação do ar,
do mar e da terra, incluindo seus recursos ambientais e abrangendo a faixa marítima (faixa que dista 12 milhas marítimas
das linhas de base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, compreendendo
a totalidade do mar territorial), e a faixa terrestre (faixa do continente formada pelos Municípios que sofrem influência
direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira).
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

DO MEIO AMBIENTE, 2005) que podem influenciar na sua categorização como


águas costeiras no mapeamento do uso da terra. Nestes casos, é fundamental
a correlação entre o mapeamento geomorfológico e o da cobertura vegetal, por
meio da localização da ocorrência de fisionomias vegetacionais indicativas no
auxilio à definição da influência da água do mar, como os manguezais e apicuns.

O Sistema de Classificação de Uso da Terra - SCUT constitui a ferramenta que


possibilita a definição das legendas do mapeamento à escala 1: 250 000 a ser
incorporada ao banco de dados; também permite a identificação e descrição da
cobertura e do uso da terra, e ainda permite a comparabilidade dos tipos de uso
da terra em todo o Território Nacional. Por intermédio desse recurso pode-se
consultar o banco para identificar todas as classes de mesmas características
no País, no estado ou no município. Esse Sistema foi inicialmente estruturado
em ambiente Access e posteriormente foi construído em ambiente Web20. A
definição de cores do mapeamento foi estabelecida no nível II da classificação,
conforme observa-se na Figura 16.

Figura 16 - Classes da cobertura e do uso da terra Níveis I e II

Disponível na Intranet da Diretoria de Geociências do IBGE para consulta por qualquer servidor, no endereço: <http://
20

w3.homologacao.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/usodaterra/app_indi/index.shtm>
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Para as edições de mapas para publicação em escalas menores que 1: 250 000
é necessária uma adequação do conteúdo armazenado no banco de dados, de
forma a se obter uma classificação específica para o caso. Para tal, sugere-se
uma legenda numérica sequencial.

Edição cartográfica e legenda de cor e simbologias

A escolha dos softwares determina os tipos de técnicas empregadas na edição


cartográfica do mapeamento. Além disso, as diferenças entre as características
dos documentos a serem tratados, especialmente em relação à necessidade
de reprojeção ou de ajustes às bases cartográficas, podem implicar em uma
sobrecarga de trabalho para o ajuste de feições, em especial as drenagens
de margem dupla ou dos limites das áreas especiais. Exemplo disto é a
necessidade de se ajustar linhas de uma interpretação temática realizada a
partir de imagens orbitais recentes com a drenagem de uma base cartográfica
muito antiga. Nesses casos, é necessário o ajuste de projeção e datum das
duas fontes de informação. É possível copiar os elementos da massa d'água
para o arquivo matricial para que as edições de ajustes possam ser melhor
viabilizadas.

Na edição cartográfica de produtos de divulgação em escalas menores que


a do banco de dados, para não se perder informação, pode ser necessária a
aglutinação de polígonos muito pequenos próximos uns dos outros. O inverso
também pode ser necessário, isto é, a eliminação de polígonos não compatíveis
com a escala de publicação, utilizando como recurso sua reclassificação para
a classe vizinha com maior afinidade.

A representação das unidades de mapeamento por coropletas é uma opção do


usuário. Para a representação de produtos em escala menores que 1: 250 000
sugere-se a representação dessas unidades por meio da composição de cores.
A cor está relacionada com o nível II da legenda, por serem extremamente
amplas as possibilidades de identificação de unidades no nível III. A legenda
de cores utiliza a padronização internacional e referencia as informações em
RGB de forma a tornar possível seu uso no software em que o usuário estiver
trabalhando. (Figura 17).
_________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

Figura 17 - Cores das classes de mapeamento em RGB


Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Em escalas maiores que 1: 250 000 o usuário pode definir as cores de


mapeamento com mais detalhes e por tal razão deverá utilizar a paleta de
cores oferecida pelo software que utiliza ou adequá-la às tabelas de cores
dos principais sistemas de classificação disponíveis na Internet. Sugere-se
conhecer o sistema de cores apresentados pelo programa CORINE que é
aplicado para os países da União Europeia. (CORINE..., 2009).

No que se refere à simbologia, este tema já foi tratado nos itens sobre
Atividades mineradoras e Principais usos da água. Essa simbologia pode
ser copiada para o banco de dados de forma a ser inserida no mapeamento,
quando necessário.

Ligações com o banco de dados

Após a finalização do mapeamento na escala 1: 250 000 e sua transformação em


vetor, deve-se proceder à etapa de ligações com o banco de dados disponível,
em termos de linhas e legendas, segundo os dígitos identificados no Sistema
de Classificação da Cobertura e do Uso da Terra.

Esse procedimento pode variar em função do software utilizado para a ligação


com o banco. De modo geral, antes desse procedimento são necessários ajustes,
como a eliminação de linhas duplicadas, eliminação de buracos que podem
ser gerados na migração de um programa para outro, ou o preenchimento
de polígonos vazios de informação, a finalização de pontos, a colocação de
centroides/legenda aos polígonos. Após as respectivas avaliações e revisões,
devem ser iniciadas as fases de criação de características e finalmente a carga
no Banco de Dados.

Adição dos complementos ao banco de dados

Esta fase do trabalho implica na organização dos produtos representativos de


cada classe de uso em sistema de banco de dados. Quando o produto matricial
é exportado para arquivos vetoriais, como, por exemplo, para Arc GIS, essa
informação pode ser adicionada às tabelas desses programas, separando-os
por colunas que representem cada nível e cada complemento.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

Elaboração do relatório
Embora não haja um modelo fechado para estruturar o relatório, sugere-se,
como orientação para a descrição dos usos, a utilização da mesma sequência
hierárquica da classificação. Todas as variáveis apresentadas nesse manual
devem ser consideradas como referência para a caracterização, interpretação e
análise dos processos de ocupação e utilização do espaço. É por intermédio do
relatório que serão feitas todas as considerações importantes que não puderam
ser mapeadas em função da escala de representação, por tal razão, além destes,
outros parâmetros de outras fontes também poderão ser tomados para se
avaliar os processos e os impactos que as formas de ocupação e uso imprimem
no espaço. As análises e correlações entre as tipologias de uso da terra e as
características dos ambientes naturais onde ocorrem (biomas/ecossistemas)
resultam novas paisagens ou espaços produtivos que revelam tanto seu
passado como as transformações ocorridas, permitindo determinar os novos
arranjos e as novas redes de relações que se estabelecem. O Uso daTerra ao ser
colocado nessa interface, configura-se como um estudo de importância ímpar
para subsidiar ações, pois ele representa a própria paisagem. Santos (1988)
afirma que é necessário primeiro reconhecer os elementos que se agrupam
nesses novos espaços para se poder compreender as transformações ocorridas
e que essa compreensão parte da análise das variáveis que o compõem. O
autor acrescenta que as novas relações se ampliaram, estabelecendo-se a
partir de circuitos espaciais da produção.

Para que seja possível compreender os espaços identificados por meio do


mapeamento do Uso da Terra, a partir da análise proposta por Santos é
recomendável a utilização da abordagem sistêmica. Tal análise poderá ser
ampliada para uma avaliação das interações dos seus subespaços, tendo
como ponto de partida os bioecossistemas (especialmente nas áreas onde
a cobertura vegetal ainda é predominante) por descreverem as paisagens
compostas predominantemente de elementos naturais, nos quais os tipos
ou padrões de uso enquadrados nessa categoria estarão mais próximos da
dinâmica natural dos ecossistemas, teoricamente, menos impactantes.

Considerando que as transformações ocorridas no mundo têm replicações


até nas regiões mais distantes e que elas se mantêm interligadas pelas novas
variáveis introduzidas no sistema de produção, é importante que sejam também
analisados os espaços, cujos padrões ou tipos de uso sejam determinados
por estruturas e dinâmicas altamente dependentes desses novos circuitos
de produção (SANTOS, 1988). É possível que estes espaços apresentem
um distanciamento das características ecossistêmicas muito grande e que
tenham alto poder de serem impactados. Por tais razões, na elaboração do
relatório o conhecimento da história dos lugares e de seus processos de
produção será muito importante para a compreensão desses espaços. A ideia
é que o entendimento das sinergias estabelecidas entre os sistemas naturais
e antrópicos definem novas paisagens, mediados pelos componentes dos
processos produtivos que dirigirão as novas formas do espaço se organizar.
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

Após o estabelecimento dos principais pontos para a discussão, deve-se


proceder à elaboração do texto analítico, o relatório da Cobertura e do Uso
da Terra com as ilustrações possíveis. Visando manter certa homogeneidade
dos produtos, sugere-se o sumário abaixo:

• Introdução;

• Caracterização geral da área;

• Evolução do uso da terra;

• Material e Método do levantamento contendo: o Material Utilizado (cartas,


imagens, software), os objetivos do Mapeamento, os Procedimentos Técnicos
e Metodológicos, as Etapas do Trabalho e a composição do mapa;

• Discussão dos Resultados (descrição e análise das classes mapeadas e


contextualização);

• Classes de Mapeamento;

• Áreas Antrópicas não Agrícolas;

• Áreas Antrópicas Agrícolas;

• Áreas de Vegetação Natural;

• Águas;

• Outras Áreas;

• Conclusões;

• Referências (bibliografia consultada que apoiou a definição do mapeamento);

• Tabelas, ilustrações, quadros, gráficos e fotos; e

• Anexos (quando for o caso).


����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

O sistema de informações geográficas


O Sistema de Informações Geográficas - SIG é uma estrutura de processamento
automático de dados destinados à coleta, armazenamento, recuperação,
transformação e visualização de dados e informações a ele vinculadas. Um SIG
é composto por diferentes tipos de tecnologias do geoprocessamento21 que
permitem tratar um conjunto de dados, de forma integrada ou individualizada,
e tem a função de fornecer informação, seja na forma de dados espaciais e ou
de dados de atributos. Além de informações, o SIG também fornece algumas
ferramentas para a realização de análises, as quais respondem à formulação
de perguntas e explicam ocorrências ou problemas na área de interesse.

Além da rapidez no processamento das pesquisas outra vantagem de um SIG


em relação a um sistema de informações convencional é que ele incorpora
a componente espacial, o que implica em que objetos estão em algum lugar
no espaço e que podem estar ou serem correlacionados. Um SIG permite
estabelecer relações espaciais entre os elementos gráficos para se realizar
estudos de lugares, de características e propriedades. Dessa forma, as
pesquisas sobre o uso da terra em um SIG oferecem subsídios às decisões
de forma mais eficiente e configura-se como uma ferramenta de grande valor
para a gestão do território, auxiliando sobre quais as opções a serem tomadas
sobre determinado espaço.

Um Sistema de Informações Geográficas atende aos processos de trabalho


voltados para a sistematização das informações disponíveis, incluindo os
estudos de Uso daTerra. Reúne uma série de métodos e técnicas que permitem
coletar, identificar, explorar, tratar, processar e analisar dados espaciais,
permitindo desse modo que se conheça a estrutura de entes espaciais – os
elementos de base cartográfica e elementos temáticos (uso da terra) e a posição
de cada um no espaço geográfico. Permite, ainda, a integração entre atributos
que podem ser pesquisados em diferentes temas, alimentando o pesquisador
de novas informações.

O banco de dados
O Sistema de Informações Geográficas utilizando como principal alicerce
o banco de dados, organiza as informações gráficas – constituídas pelos
polígonos e seus respectivos centroides e simbologias específicas,
georreferenciados à escala do levantamento, pela legenda e por amostragens
georreferenciadas por GPS, entre outras. As informações reunidas no banco
de dados, estruturado conforme o Modelo Entidade Relacionamento - MER
(Figura 18) e georreferenciadas, tornam possível o estabelecimento de relações
entre os atributos e as consultas que forem necessárias.

Ver a página do Centro de Ciências Agroveterinários, da Universidade do Estado de Santa Catarina, no endereço: <http://
21

www.cav.udesc.br>.
Figura 18 - O Modelo Entidade Relacionamento - MER para o Uso da Terra

Nível I (1, N)
Cobertura
(1, 1)

Nível II
Cobertura
e Uso
(1,1) (1,N) (1,N) Complementos
Dados Imagem SCUT
da Legenda (1, 1)
Estatísticos (1, N)
(1,N)

(1,N) (1,N) (0,1)


(1,1) (1, 1)

(1, N) Nível III


(1, 1) Uso
(1,1)

(1,1) (1,N) (1,1)


Unidade da Polígono
Federação
(1,N)
(1,N)

(1,N)

(1,N)
(1,1)
Ponto de
Documentação Operação
(1,N) (1,1) Amostragem
Institucional de Campo

(0,1 )
Manual técnico de uso da terra ________________________________________________________________

(1, 1)

Foto
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

O modelo entidade relacionamento


A modelagem conceitual compreende a identificação dos componentes básicos
do esquema, onde os requisitos de informação dos diferentes grupos de
usuários e áreas de aplicação são integrados e compatibilizados em modelo
que representa, de forma abstrata e simplificada, os aspectos de sistemas do
mundo real observado.

Segundo Santos e Vieira (1999), “o modelo conceitual gerado é fortemente


dependente de diferentes pontos de vista apresentados pelas pessoas que
possuem as informações temáticas e de sua interpretação pela equipe que
elabora o modelo”. O autor considera, ainda, que não existe uma solução única
e por isto o modelo gerado deve ser ajustado às várias percepções das pessoas
envolvidas. A construção do modelo é uma etapa fundamental de um projeto
de banco de dados e requer um grande esforço das pessoas envolvidas no
desenvolvimento do banco, uma vez que um modelo abrangente e adequado
aos requisitos levantados contribui de forma decisiva para o sucesso de um
projeto.

Apesar de existirem na literatura vários modelos para representar as


informações de um ambiente de SIG (BED 97), (BOR 97), (PAR 98), optou-se,
no IBGE, pela utilização do modelo E-R, tendo como referência a notação
usada por Batini, Ceri e Navathe (1992), por acreditar que este atenderia
satisfatoriamente as necessidades do projeto.

Estando os estudos de Uso da Terra organizados sob a forma de um sistema,


isto é, um arranjo de elementos relacionados ou conectados de tal forma que
constituem um todo organizado com características próprias, a estrutura de
um SIG para o tema Uso da Terra pode apoiar os órgãos públicos a entidades
privadas na tomada de decisão em níveis de intervenção regionais, de modo
a auxiliar na gestão ambiental, na modernização de processos, no manejo de
unidades de conservação, na detecção de fontes de emissão de gases estufa
antrópicas, etc.
Referências

ACSELRAD, H.; HERCULANO, S.; PÁDUA, J. A. A justiça ambiental e


a dinâmica das lutas socioambientais no Brasil: uma introdução. In:
ACSELRAD, H.; HERCULANO, S.; PÁDUA, J. (Org.). Justiça ambiental
e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. p. 9-10.

ALMEIDA, R. S. de. Determinismo natural: origens e consequências


na geografia. [Rio de Janeiro], 2007. Disponível em: <http://www.
robertoschmidt.ggf.br/>. Acesso em: dez. 2013.

ALVES, F. D. O pensamento francês na geografia rural do Brasil. Confins:


revista franco-brasileira de geografia, Paris: Revues.org, n. 16, 2012.
Disponível em: <http://confins.revues.org/7814>. Acesso em: dez. 2013.

ANDERSON, J. R. et al. Sistema de classificação do uso da terra e do


revestimento do solo para utilização com dados de sensores remotos.
Tradução de Harold Strang. Rio de Janeiro: IBGE, 1979. 78 p. (Série
Paulo de Assis Ribeiro, n. 9).

THE ATLAS of Canadá. Land cover. Ottawa, [2005]. Disponível em:


<http://atlas.nrcan.gc.ca/site/english/index.html>. Acesso em: dez. 2013.

BATINI, C.; CERI, S.; NAVATHE, S. B.; Conceptual database design:


an entity-relationship approach. Redwood City, Calif.: Benjamin/
Cummings, c1992. 470 p.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

BECKER, B. K.; GOMES, P. C. da C. Meio ambiente: matriz do pensamento geográfico.


In: VIEIRA, P. F.; MAIMON, D. (Org.). As ciências sociais e a questão ambiental: rumo
a interdisciplinaridade. Rio de Janeiro: APED, 1993. p. 147-174.

BIE, C. A. J. M. de; LEEUWEN, J. A. van; ZUIDEMA, P. A. The land use database: a


knowledge-based software program for structured storage and retrieval of user-
defined land use data sets: user’s reference manual. Version 1.04 for MS-DOS.
[Enschede, The Netherlands]: International Institute for Geo-Information Science and
Earth Observation: Food and Agriculture Organization: United Nations Environment
Programme: Wageningen University, 1996. 41 p. Disponível em: <http://ces.iisc.ernet.
in/energy/HC270799/LM/SUSLUP/Luse/Manual/chap2.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

BOSSARD, M.; FERANEC, J.; OTAHEL, J. (Org.). Corine land cover technical guide:
addendum 2000. Copenhagen: European Environment Agency, 2000. (Technical report,
n. 40). Project manager: Chris Steenmans; European Environment Agency. Disponível
em: <http://www.eea.europa.eu/publications/tech40add>. Acesso em: dez. 2013.

BRASIL. Decreto nº 2.596, de 18 de maio de 1998. Regulamenta a Lei nº 9.537, de 11


de dezembro de 1997, que dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas
sob jurisdição nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, ano 136, n. 93, 19 de maio de 1998. Seção 1, p. 3-6. Disponível em: <http://www.
presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em: dez. 2013.

______. Decreto nº 3.213, de 19 de outubro de 1999. Dispõe sobre as áreas de jurisdição


dos Comandos Militares de Área e das Regiões Militares no Exército Brasileiro, e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo,
Brasília, DF, ano 137, n. 201-E, 20 de outubro de 1999. Seção 1, p. 3. Disponível em:
<http://www.presidencia.gov.br/legislacao >. Acesso em: dez. 2013.

______. Lei no 601, de 18 de setembro de 1850. Dispõe sobre as terras devolutas no


Império, e acerca das que são possuídas por título de sesmaria sem preenchimento das
condições legais bem como por simples título de posse mansa e pacífica; e determina
que, medidas e demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a título oneroso, assim
para empresas particulares, como para o estabelecimento de colônias de nacionais
e de estrangeiros, autorizado o governo a promover a colonização estrangeira na
forma que se declara. Coleção Leis do Brasil, [S.l.], 1850. v. 1., p. 307. Disponível em:
< http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lim%20
601-1850?OpenDocument>. Acesso em: dez. 2013.

______. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13
de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, ano 135, n.
6, 9 de jan. 1997. Seção 1, p. 470-474. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/
legislacao>. Acesso em: dez. 2013.
Referências____________________________________________________________________________________

______. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o artigo 225, parágrafo 1,


incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, v. 138, ano 138, 19 jul. 2000. Seção 1,
p. 1. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em: dez. 2013

______. Ministério da Ciência e Tecnologia. Comunicação nacional inicial do Brasil à


Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima. Brasília, DF, 2004.
274 p. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0005/5586.pdf>. Acesso em:
dez. 2013.

CAMACHO, D. E.The environmental justice movement: a political framework. In: _____


(Ed.). Environmental injustices, political struggles: race, class, and the environment.
Durham: Duke University, 1998. p. 11-57.

CÂMARA, G. et al. SPRING: integrating remote sensing and GIS by object - oriented
data modelling. Computers & Graphics, New York, US: Pergamon Press, v. 20, n. 3,
p. 395-403, May-Jun. 1996. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/papers/
spring.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

CAMPOS, N. J. Usos e formas de apropriação da terra na Ilha de Santa Catarina.


Geosul, Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina, v. 17, n. 34, 2002.
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/13741/12598>.
Acesso em: dez. 2013.

CARVALHO, G. L. Região: a evolução de uma categoria de análise da geografia. Boletim


Goiano de Geografia, Goiânia: Universidade Federal de Goiânia, v. 22, n. 1, p. 135-
153, jan./jun. 2002. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg/article/
view/15381/9431>. Acesso em: dez. 2013.

CASTRO, I. E. de. O problema da escala. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C.;


CORRÊA, R. L. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1995. p. 117-140.

CENSO AGROPECUÁRIO 1995-1996. Santa Catarina. Rio de Janeiro: IBGE, n. 21, 1997.

CENSO DEMOGRÁFICO 2000. Características da população e dos domicílios: resultados


do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2001. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/censo2000/default.shtm>. Acesso em: dez. 2013.

CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Características da população e dos domicílios: resultados


do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. 270 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.
br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/resultados_
do_universo.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

CERON, A. O.; DINIZ, J. A. F. Tipologia da agricultura, questões metodológicas e


problemas de aplicação ao Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geografia, Rio
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

de Janeiro: IBGE, v. 32, n. 3, p. 41–72, jul./set. 1970. Disponível em: <http://biblioteca.


ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=7115>. Acesso em: dez. 2013.

CHONCHOL, J. Sistemas agrários en América Latina. México: [s. n.], 1994.

CLASSIFICAÇÃO nacional de atividades econômicas - CNAE: versão 2.0. Rio de Janeiro:


IBGE, 2007. 425 p. Acompanha 1 CD-ROM. Disponível em: Disponível em: <http://concla.
ibge.gov.br/classificacoes/por-tema>. Acesso em: dez. 2013.

COMO medir os impactos. Rio de Janeiro: Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM,


[2006?].

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução nº 20, de 18 de junho


de 1986. Brasília, DF: Conama, 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/
conama/res/res86/res2086.html>. Acesso em: dez. 2013.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução nº 357, de 17 de março


de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para
o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento
de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, ano 142, n. 53, 18 mar. 2005. Seção 1, p. 58. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

CORINE. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. Boston, MA: Wikimedia Foundation,
[2005]. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/CORINE>. Acesso em: dez. 2013.

CORINE: examples of the use of the programme 1985-1990. Luxembourg: Office for
Official Publications of the European Communities: 1991.

CORINE land cover France: guide d’utilisation. [Copenhagen]: European Environment


Agency, 2009. Document Technique. Disponível em: <http://www.statistiques.
developpement-durable.gouv.fr/fileadmin/documents/Produits_editoriaux/Donnees_
en_ligne/Environnement/CLC_guide_d-utilisation_02.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

CORINE land cover (CLC1990) 250 m. Version 06/1999. Copenhagen: European


Environment Agency, 2002. Disponível em: <http://www.eea.europa.eu/data-and-maps/
data/corine-land-cover-clc1990-250-m-version-06-1999>. Acesso em: 2012.

CORRENTES do pensamento geográfico. Publicado por slcabrantes. Disponível em:


<http://pt.scribd.com/doc/20927628/Correntes-do-Pensamento-Geografico>. Acesso
em: dez. 2013.

COSTA, S. M. F. A antropogeografia de Ratzel. 2003. 5 p. Disponível em: <http://www1.


univap.br/~sandra/ratzel.pdf> . Acesso em: dez. 2013.

COSTA, F. R. da; ROCHA, M. M. Geografia: conceitos e paradigmas – apontamentos


preliminares. Revista GEOMAE: geografia, meio ambiente e ensino, Campo Mourão,
PR: Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, Departamento de
Referências____________________________________________________________________________________

Geografia, v. 1, n. 2, p. 25-56, jul./ago. 2010. Disponível em: <http://www.nemo.uem.


br/artigos/geografia_conceitos_e_paradigmas_fabio_costa_marcio_rocha.pdf>. Acesso
em: dez. 2013.

COUTINHO, A. C. Segmentação e classificação de imagens Landsat-TM para o


mapeamento dos usos da terra na região de Campinas, SP. 1997. 149 p. Dissertação
(Mestrado)-Departamento de Ecologia Geral, Instituto de Biociências, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www.segmenta.cnpm.embrapa.
br>. Acesso em: dez. 2013.

CRÓSTA, A. P. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. Campinas:


Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Instituto de Geociências, 1993. 170 p.

CRUZ, Z. Q. da; RIBEIRO, G; P. Ensaios de segmentação e classificação digital de


imagens cbers utilizando o sistema spring em uma unidade de conservação ambiental.
estudo de caso: parque nacional da serra dos órgãos (parnaso). Trabalho apresentado
no II Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação,
realizado em Recife, PE, 2008. Disponível em: <http://www.ufpe.br/cgtg/SIMGEOII_CD/
Organizado/sens_foto/023.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

DAVIDOVICH, F. Gestão do território, um tema em questão. Revista Brasileira de


Geografia, Rio de Janeiro: IBGE, v. 53, n. 3, p. 7-31, jul./set. 1991. Disponível em: <http://
biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/115/rbg_1991_v53_n3.pdf>. Acesso em:
dez. 2013.

DINIZ, J. A. F. Geografia da agricultura. São Paulo: DIFEL, 1984. 278 p.

DIRETRIZES ambientais para o setor pesqueiro: diagnóstico e diretrizes para


aquicultura. Brasília, DF: Secretaria de Coordenação dos Assuntos de Meio Ambiente,
1997a. Projeto PNUD/BRA/94/016.

DIRETRIZES ambientais para o setor pesqueiro: diagnóstico para a pesca marítima.


Brasília, DF: Secretaria de Coordenação dos Assuntos de Meio Ambiente, 1997b.
Projeto PNUD/BRA/94/016.

DEMANDA de instrumentos de gestão ambiental: zoneamento ambiental. Brasília:


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
1997. 32 p. Disponível em: <ftp://ftp.unilins.edu.br/gestamb_t5/Prof_Luiz%20Eduardo/
Zoneamento.doc>. Acesso em: dez. 2013.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL (Brasil). Sistema de


Informações Geográficas da Mineração – SIGMINE. Brasília, DF, [2002?]. Disponível
em: <http://sigmine.dnpm.gov.br>. Acesso em: dez. 2013.

EFEITO estufa e a convenção sobre mudança do clima. Rio de Janeiro: Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES; Brasília, DF: Ministério da Ciência
e Tecnologia, 1999. 38 p.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

EKINS, P. Making development sustainable. In: SACHS, W. (Ed.). Global ecology: a


new arena of political conflict. London: New Jersey: Zed Books; Halifax, Nova Scotia:
Fernwood Publishing, 1993. p. 91-103. Disponível em: <http://www.uvm.edu/rsenr/
rm230/costarica/ekins.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Como interpretar os mosaicos


de imagens do satélite Landsat. Disponível em: <http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.
br/txt/inte.htm>. Acesso em: dez. 2013.

ESTADO do Acre: mapa de uso da terra. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. Escala 1: 1.000.
000. Projeção policônica.

ESTADO de Roraima: uso da terra. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. Escala 1: 1.000.000.
Projeção policônica.

FIGUEIREDO, D. Conceitos básicos de sensoriamento remoto. [S.l.], 2005. Disponível


em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_
sm.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

FONSECA, L. G. M. et al. Processamento digital de imagens. São José dos Campos:


Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, 2000. Acima do título: Tutorial
(exercícios práticos). 66 p. Disponível em: <http://www.geosenso.com/arquivos/
Pratica_PDI.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

A FRAMEWORK for land evaluation. Rome: Food and Agriculture Organization, 1976.
72 p. (FAO Soils Bulletin, n. 29). Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/x5310e/
x5310e00.htm >. Acesso em: dez. 2013.

GLOBAL land cover: unique picture of world vegetation from satellites. Wales, UK:
Europaworld, 2003. European Commission - IP/03/1601   26.11.2003. Disponível em:
<http://europa.eu/rapid/press-release_IP-03-1601_en.htm>. Acesso em: dez. 2013.

GLOSSÁRIO dos termos genéricos dos nomes geográficos utilizados no mapeamento


sistemático do Brasil, volume 1: Escala 1:1.000.000, base cartográfica contínua do
Brasil ao milionésimo - BCIM. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 36 p. Disponível em: <ftp://
geoftp.ibge.gov.br/documentos/cartografia/BCIM.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

GOMES. L. B. Unidade mínima de mapeamento [mensagem pessoal]. Mensagem


recebida por <eloísa.domingues@ibge.gov.br> em jul. 2013.

GONZÁLEZ OTERO, L. M. La utilización del enfoque geosistémico en la investigación


geográfica del médio ambiente cubano. La Habana: Academia, 1991. 24 p.

HARVEY, D. Explanation in geography. London: Edward Arnold, 1969. 521 p.

HEYMANN,Y. Corine land cover technical guide. Colaboração de Chris Steenmans, Guy
Croisille e Michel Bossard. Luxembourg: Statistical Office of the European Communities
- Eurostat, 1994. 136 p.
Referências____________________________________________________________________________________

HIGH-resolution land use and land cover mapping. Reston, VA.: U.S. Department of
the Interior, U.S. Geological Survey – USGS, 1999. Disponível em: <http://pubs.usgs.
gov/fs/1999/0189/report.pdf >. Acesso em: dez. 2013.

HISTÓRIA do pensamento geográfico. In: BÚSSOLA escolar. Disponível em: <http://


www.bussolaescolar.com.br/geografia/historia_do_pensamento_geografico.htm>.
Acesso em dez. 2013.

KELLER, E. C. de S. Mapeamento da utilização da terra. Revista Brasileira de Geografia,


Rio de Janeiro: IBGE, v. 31, n.3, p. 151-160, jul./set. 1969. Disponível em: <http://
biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=7115>. Acesso em: dez. 2013

KOOGAN, A.; HOUAISS, A. Enciclopédia e dicionário ilustrado. Rio de Janeiro: Delta,


1995.

LACOSTE, Y. A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Tradução
de Maria Cecília França. 2. ed. Campinas: Papirus, 1989. 263 p.

LAND use/land cover: classification modified Anderson classification, category,


definitions. Reston,: U.S. Department of the Interior, U.S. Geological Survey – USGS,
1997. Disponível em: <http://www.usgs.gov>. Acesso em: dez. 2013.

LEITE, C. M. C. Uma análise sobre o processo de organização do território: o caso do


zoneamento ecológico-econômico. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro:
IBGE, v. 53, n. 3, p. 67-90, jul./set. 1991. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/115/rbg_1991_v53_n3.pdf >. Acesso em: dez. 2013.

MACEDO, R. K. Equívocos e propostas para a avaliação ambiental. In: TAUK-


TORNISIELO, S. M.; GOBBI, N.; FOWLER, H. G. (Org.). Análise ambiental: uma visão
multidisciplinar. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ed. da Unesp, 1995a. p. 33-44. (Série
naturata).

______. Gestão ambiental: os instrumentos básicos para a gestão ambiental de


territórios e de unidades produtivas. Rio de Janeiro: ABES: AIDIS, 1994. 266 p.

_____. A importância da avaliação ambiental. In: TAUK-TORNISIELO, S. M.; GOBBI,


N.; FOWLER, H. G. (Org.). Análise ambiental: uma visão multidisciplinar. 2. ed. rev. e
ampl. São Paulo: Ed. da Unesp, 1995b. p. 13-31. (Série naturata).

MANUAL de atualização cartográfica: base operacional - Censo 90. Rio de Janeiro:


IBGE, 1988. 140 p. (GR - 7.09).

MANUAL técnico da vegetação brasileira. 2. ed. Rev. e ampl. Rio de Janeiro: IBGE,
2012. 271 p. (Manuais técnicos em geociências, n. 1). Disponível em: <http://www.
ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/vegetacao/manual_vegetacao.shtm>.
Acesso em: dez. 2013.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

MANUAL técnico de geomorfologia. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. 182 p. (Manuais
Técnicos em Geociências, n. 5). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/recursosnaturais/geomorfologia/manual_geomorfologia.shtm >. Acesso
em: dez. 2013.

MANUAL técnico de pedologia. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. 323 p. (Manuais
técnicos em Geociências, n. 4). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/recursosnaturais/sistematizacao/manual_pedologia.shtm >. Acesso em:
dez. 2013.

MANUAL técnico de uso da terra. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. 91 p. (Manuais
técnicos em Geociências, n. 7). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/recursosnaturais/usodaterra/manual_usodaterra.shtm>. Acesso em:
dez. 2013.

MARCO conceitual das Unidades de Conservação Federais do Brasil. Brasília, DF:


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama,
1997. 39 p.

MONTEIRO, C. L. S. Proposta de classificação do uso e da cobertura da terra e sua


representação cartográfica na escala 1: 10.000. 2008. 114 f. Dissertação (Mestrado)
– Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2008. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/
bitstream/handle/123456789/91679/257948.pdf?sequence=1.>. Acesso em: dez. 2013.

MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. 28. ed. São Paulo: Annablume,
2010.

______. Ratzel e a antropogeografia. In: ______. Geografia: pequena história crítica. 20.
ed. São Paulo: Annablume, 2005. p. 67-74.

MUDANÇA do clima 1995: a ciência da mudança do clima. Sumário para formuladores


de políticas e sumário técnico do relatório do Grupo de Trabalho I. IPCC – Grupo de
Trabalho I. Brasília, DF: Ministério da Ciência e Tecnologia; Painel Intergovernamental
sobre Mudança do Clima; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
- PNUD, 2000. 56 p. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/
mudancasclimaticas/proclima/file/publicacoes/politica_economia/portugues/mudanca_
clima_1995.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

NATIONAL land cover data: mapping procedures. Version 05-25-99. Reston, VA.: U.
S. Department of the Interior, U. S. Geological Survey - USGS, 1999. Disponível em:
<http://landcover.usgs.gov/mapping_proc.php>. Acesso em: dez. 2013.

NLCD land cover class definitions. Reston, VA.: U.S. Department of the Interior, U.S.
Geological Survey - USGS, 2001. Disponível em: <http://landcover.usgs.gov/classes.
php>. Acesso em: dez. 2013.
Referências____________________________________________________________________________________

NOVO, E. M. L. de M. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo:


Blucher, 1989. 308 p.

ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. Tradução de António Manuel de Azevedo


Gomes. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988. 927 p.

OLIVEIRA, L. M. T. de; SANTOS, P. R. A. dos. Noções básicas de processamento


e interpretação digital de imagens orbitais. Rio de Janeiro: IBGE, Diretoria de
Geociências, 2001. 25 p. Cursos Técnicos.

PERDIGÃO, V.; ANNONI, A. (Org.) Technical and methodological guide for updating
Corine land cover date base. Luxembourg: Statistical Office of the European
Communities - Eurostat, 1997. Disponível em: <http://www.ec-gis.org/docs/F27057/
CORINE.PDF>. Acesso em: dez. 2013.

PEREIRA, M. N.; KURKDJIAN, M. de L. N. de O.; FORESTI, C. Cobertura e uso da


terra através de sensoriamento remoto. São José dos Campos: Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais - INPE, 1989. 118 p. (INPE-5032-MD/042).

PEREIRA, R. F.; DOMINGUES, E. Efeito estufa e mudanças climáticas. Rio de Janeiro:


IBGE, Diretoria de Geociências, 2000. Trabalho inédito.

PILLAR, V. de P.; TCACENCO, F. A. As pastagens nativas do Vale do Itajaí e litoral norte


de Santa Catarina. Florianópolis: Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária,
1987. 15 p. (Comunicado Técnico, 109).

PIRES, J. de L. O planejamento das atividades de mineração para a área conurbada


de Florianópolis. 2000. 138 p. Dissertação (Mestrado)-Pós-Graduação em Engenharia
Civil, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, 2000.

PLANO Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC II). Brasília, DF: Ministério do Meio
Ambiente, [1997]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/orla/_arquivos/
pngc2.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

PORTO, M. F. Saúde do trabalhador e o desafio ambiental: contribuições do enfoque


ecossocial, da ecologia política e do movimento pela justiça ambiental. Ciência &
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva - Abrasco, v. 10, n. 4, p. 829-839, 2005. Disponível em:<http://www.scielo.br/
pdf/csc/v10n4/a08v10n4.pdf>. Acesso em: dez. 2013.

PROJETO cobertura e uso da terra. Folha SC.24-X-C (Paulo Afonso). Relatório. Salvador:
IBGE, Diretoria de Geociências/NE.1, 2002a.

PROJETO levantamento e classificação do uso da terra. Relatório técnico executivo da


cobertura e uso da terra. Folha SA.22-ZD - Goianésia do Pará. Belém: IBGE, Diretoria
de Geociências/N, 2002b. 18 p.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

PROJETO levantamento e classificação do uso da terra. Relatório técnico executivo


da cobertura e uso da terra. Folha SC.24-ZA - Jeremoabo. Salvador: IBGE, Diretoria
de Geociências/NE.1, 2002c.

PROJETO levantamento e classificação do uso da terra. Relatório técnico executivo


da cobertura e uso da terra. Folha SF.23-VD - Varginha. Rio de Janeiro: IBGE, Diretoria
de Geociências, 2002d. 31 p.

PROJETO levantamento e classificação do uso da terra. Relatório técnico executivo


da cobertura e uso da terra. Folha SG.22-ZD - Florianópolis. Florianópolis: Diretoria
de Geociências/SUL, 2002e. 70 p. mapa.

REFLORESTAR é preservar. Florianópolis: Souza Cruz, 1992. 51 p.

ROCCHINI, D. Resolution problems in calculating landscape metrics. Journal of Spatial


Science, Perth, AU: Spatial Science Institute of Australia & the Mapping Sciences
Institute, v. 50, n. 2, p. 25-35, dez. 2005.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSZTYN, M. (Org.). Para
pensar o desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 29-56.

SANTOS, C. A.; VIEIRA, A. B. Banco de dados temático geoespacial para suporte ao


Projeto SIVAM. In: GIS BRASIL, 5., Salvador, 1999. Anais... Curitiba: FatorGis Online,
1999. 1 CD-ROM.

SANTOS, M. 1992: a redescoberta da natureza. Estudos Avançados, São Paulo:


Universidade de São Paulo - USP, Instituto de Estudos Avançados, v. 6, n. 14, p. 95-
106, 1992. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n14/v6n14a07.pdf>. Acesso
em: dez. 2013.

______. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1986.

______. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos


da geografia. Colaboração de Denise Elias. São Paulo: Hucitec, 1988. 12 p. (Geografia:
teoria e realidade).

SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI.


6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. 473 p.

SENSORIAMENTO remoto: conceitos, tendências e aplicações. Imagens de Satélites


Orbitais. São Paulo: Santiago & Cintra Consultoria, [200-]. 10 p. Disponível em: <http://
www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Molin/leb447/Arquivos/SR/INFO_RAPIDEYE_V1.pdf>.
Acesso em: dez. 2013.

SILVA, A. C. da. O pensamento geográfico brasileiro na travessia do século XX para o


XXI: o território na trama das significações imaginárias. 2010. 2 v. Tese (Doutorado)-
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Estadual Paulista – UNESP,
Presidente Prudente, 2010.
Referências____________________________________________________________________________________

SILVA, D. D. da; PRUSKI, F. F. (Ed.). Recursos hídricos e desenvolvimento sustentável


da agricultura. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente: Associação Brasileira
de Educação Agrícola Superior; Viçosa: Universidade Federal de Viçosa - UFV,
Departamento de Engenharia Agrícola, 1997. 252 p.

SILVA, J. X. da. A pesquisa ambiental no Brasil: uma visão crítica. Cadernos de


Geociências, Rio de Janeiro: IBGE, n. 14, p. 15-27, abr./jun. 1995. Disponível em: <http://
biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=7116>. Acesso em: dez. 2013.

SILVA, J. X. da et al. Um banco de dados ambientais para a Amazônia. Revista Brasileira


de Geografia, Rio de Janeiro: IBGE, v. 53, n. 3, p. 91-125, jul./set. 1991. Disponível em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=7115>. Acesso em: dez. 2013.

SILVA, N.; ANTUNES, Q. Evolução do Pensamento Geográfico no Brasil. Pesquisa em


Foco, São Luis, MA: Universidade Estadual do Maranhão, Núcleo Técnico de Pesquisa
e Extensão, v. 15, n. 1, 2007.

SOKOLONSKI, H. H.; DOMINGUES, E. Uma síntese dos estudos do uso da terra no IBGE.
Trabalho apresentado na Semana Nacional do Meio Ambiente – Senama, realizado
no Rio de Janeiro, 1998.

SOUZA, L. M. de. Canta cantos: uma forma alternativa de se fazer geografia.


2010. 225 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)-Departamento de Geografia,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. Disponível em: <http://
www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MPBB-88PFBK/canta_
cantos_uma_forma_alternativa_de_se_fazer_geografia.pdf?sequence=1>. Acesso em:
dez. 2013.

SUERTEGARAY, D. M. A.; NUNES, J. O. R. A natureza da geografia física na geografia.


Terra Livre, São Paulo: Marco Zero, n. 17, p. 11-24, jul./dez. 2001. Disponível em: <http://
pt.scribd.com/doc/37343961/Suertegaray-2001>. Acesso em: dez. 2013.

SYSTEM of environmental economic accounting. Central framework. Luxembourg:


Commission of the European Communities, 2012. 331 p. Preparado sob os auspícios da
Comissão das Comunidades Européias - Eurostat, Fundo Monetário Internacional - FMI,
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - OCDE, Organização
das Nações Unidas - ONU e Banco Mundial. Disponível em: <http://unstats.un.org/
unsd/envaccounting/White_cover.pdf>. Acesso em: dez. 2013

TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente.


São Paulo: Difel, 1980.

USO da terra no Estado de Roraima: relatório técnico. Rio de Janeiro: IBGE, 2005.
83 p. Acima do título: Projeto levantamento e classificação da cobertura e do uso da
terra. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/
usodaterra/>. Acesso em: dez. 2013.
����������������������������������������������������������������Manual técnico de uso da terra

USO da terra no Estado do Amapá. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 137 p. Acima do título:
Projeto levantamento e classificação do uso da terra. Relatório técnico. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/usodaterra/>. Acesso
em: dez. 2013.

UTRIA, R. D. La incorporación de la dimension ambientale en la planificación del


desarrollo; una possible metodologia. In: SUNKEL, O.; GLIGO, N. (Org.). Estilos
de desarrollo y medio ambiente en la America Latina. México: Fondo de Cultura
Económica, 1980-1981. v. 1, p. 471-539.

VEIGA, A. de A. Glossário em dasonomia. São Paulo: Instituto Florestal, 1977. 98 p.


(Publicação I.F., n. 4).

VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação


brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 123 p.
Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20
-%20RJ/classificacaovegetal.pdf >. Acesso em: dez. 2013.

VOCABULÁRIO básico de recursos naturais e meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro:


IBGE, 2004. 344 p. Acompanha 1 CD-ROM. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/geociencias/recursosnaturais/vocabulario.shtm>. Acesso em: dez. 2013.

VOCABULÁRIO básico do meio ambiente. 4. ed. Rio de Janeiro: Fundação Estadual


de Engenharia do Meio Ambiente, 1992. 246 p.

VOCABULÁRIO básico para a implantação do projeto águas e educação ambiental. São


Paulo: Universidade de São Paulo - USP, Centro de Divulgação Científica e Cultural,
[2003?]. Programa Educ@r.
Equipe técnica

Diretoria de Geociências
Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais
Celso José Monteiro Filho
Planejamento, coordenação e organização geral da publicação
Ângela Maria Resende Couto Gama
Eloisa Domingues
Equipe técnica de Uso da Terra
Angela Maria Faria de Alcântara Aquino
Ângela Maria Resende Couto Gama
Eloisa Domingues
Fernando Peres Dias
Fernando Yutaka Yamaguchi
Helge Henriette Sokolonski
Joana D’Arc Carmo Arouck Ferreira
José Henrique Vilas Boas (in memoriam)
Lilian de Aguiar Contente
Leonardo Barbosa Gomes
Maria Denise Ribeiro Bacelar
Marilda Bueloni Penna Poubel
Mario Luis Pereira da Silva
Mauricio Zacharias Moreira
Perpétua Maria Carvalho Brandão
Regina Francisca Pereira
Ronaldo do Nascimento Gonçalves
Sonia de Oliveira Gomes
Tânia Regina Santos Ribeiro

Colaboração
Roberto Schmidt de Almeida

Estagiários colaboradores
Elton Hollanda dos Santos
Rafael Cardão Augusto
___________________________________________________________________ Manual técnico de uso da terra

Agradecimentos
Ailton Antonio Baptista de Oliveira
Ana Maria Bustamante Goulart

Projeto Editorial
Centro de Documentação e Disseminação de Informações
Coordenação de Produção
Marise Maria Ferreira
Gerência de Editoração
Estruturação textual
Katia Vaz Cavalcanti
Leonardo Martins
Diagramação tabular e de gráficos
Maria do Carmo da Costa Cunha
Sebastião Monsores
Copidesque e revisão
Anna Maria dos Santos
Cristina R. C. de Carvalho
Kátia Domingos Vieira
Diagramação textual
Simone Mello
Programação visual da publicação
Luiz Carlos Chagas Teixeira
Tratamento de arquivos e fotos
Simone Mello
Produção de multimídia
Alberto Guedes da Fontoura Neto
Helena Maria Mattos Pontes
LGonzaga
Márcia do Rosário Brauns
Marisa Sigolo
Mônica Pimentel Cinelli Ribeiro
Roberto Cavararo
Gerência de Documentação
Pesquisa e normalização bibliográfica
Ana Raquel Gomes da Silva
Carla de Castro Palmieri (Estagiária)
Elizabeth de Carvalho Faria
Lioara Mandoju
Maria Beatriz Machado Santos Soares (Estagiária)
Maria Socorro da Silva Araújo
Solange de Oliveira Santos
Elaboração de quartas capas
Ana Raquel Gomes da Silva
Gerência de Gráfica
Impressão e acabamento
Maria Alice da Silva Neves Nabuco
Gráfica Digital
Impressão
Ednalva Maia do Monte

Você também pode gostar