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( No quadrado [ 0, 1 [ × [ 0, 1 [ )
1 1 (1,1)
r
χk
s
0
0 1
1
@ @
{0, 1}N
@ @
ξ @ @
η
η3
:
1⊤
B : q@
@ @@
Ψ (x, y, z)
:
q
q 0 1
η2 @
wq
{0, 1}N @
η1 @
0⊥
@@
1
{0, 1}N
3
4
rp rp
1
¬
5
2
⇒
12
1
12 ¬
1 1 7 11
0 4 2 12 12 1
1
1 3
- Bola escalafobética: BD 4, 4 ; 3
3
Resumo
Não temos conhecimento de que alguém já tenha construido uma curva
de Peano no quadrado [ 0, 1 [ × [ 0, 1 [. Construimos uma e mostramos que
a mesma resulta com propriedades topológicas “absurdamente” distintas
da curva usual, isto é, da curva no quadrado [ 0, 1 ] × [ 0, 1 ].
1 Introdução
O século XIX se iniciou com a descoberta de que curvas e funções não
precisam ser do tipo bem comportado, o que até então se supunha. Peano†
em 1890 mostrou até que ponto a matemática podia insultar o senso comum
quando, tratando do aprofundamento dos conceitos de continuidade e dimensão,
publica a sua famosa curva, proposta como cobrindo totalmente a superfı́cie de
um quadrado:
1 1 (1,1)
χ
r
χ : [ 0, 1 ] −→ [ 0, 1 ] × [ 0, 1 ]
0 0 1
Aqui mostramos uma construção desta curva mais simples que as cons-
tantes na literatura (ver por exemplo [1]).
∗ www.dmat.ufrr.br/∼gentil ∴ gentil.silva@gmail.com
† Giuseppe
Peano (1858−1932), natural de Cuneo, Itália, foi professor da Academia Militar
de Turin, com grandes contribuições à Matemática. Seu nome é lembrado hoje em conexão
com os axiomas de Peano dos quais dependem tantas construções rigorosas da álgebra e da
análise.
1
Gentil 2
1 1 (1,1)
χk
r
χk : [ 0, 1 [−→ [ 0, 1 [×[ 0, 1 [
0
0 1
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Desafio: Transferir as 10 bolinhas para o quadrado 10 × 10.
Esta seria uma tarefa extremamente fácil, se não fosse por uma condicão
adicional: no quadrado não devem sobrar posições (escaninhos) vazias!
2a ) Na figura a seguir as bolinhas (do desafio anterior) foram substituidas
por uma quantidade infinita de pontos; da mesma forma o quadrado agora
dispõe de infinitas posições pontuais.
1 r 1 r(1, 1)
0,8 r
r r
rr χ r
0,5
5/12
0,3 r
0
r r r
1
1 r 1 rχ(1)
0,8 r χ(0,3) χ(0,8)
r r
rr χ r
0,5
5/12 5
r χ( 12 )
0,3
0
r r r
χ(0) χ(0,5) 1
1 r (1, 1) 1 r
r rr 43
r
r ϕ rr 12
r
r 15
r r r 0
r
1
Por exemplo: 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 . . . ∈ B e 1 0 1 0 1 0 0 1 1 1 1 1 . . . 6∈ B.
Devido a existência desta bijeção é que podemos identificar os elementos
de ambos os conjuntos.
λ sendo uma bijeção possui inversa λ−1 : [0, 1] → B.
Definição 2 (Definição de representação binária). A imagem de um x ∈ [ 0, 1 ]
por λ−1 é o que chamamos de representação binária de x. Isto é, diremos, por
definição, que uma representação binária é um elemento de B.
Sendo assim, por exemplo, (101010 . . .) é uma representação binária, en-
quanto (0101111 . . .) não.
Dizemos que os números do intervalo [ 0, 1 ] são codificados pelos elementos
de B.
Pois bem, iniciando a construção da curva de Peano consideremos a aplicação,
B
1
Ψ
: q (xn )
Ψ : [0, 1] −→ B
xq
x 7−→ (xn )
0
é contı́nua, é suficiente (por R-4, pág. 44) mostrar que sua inversa:
Ψ−1 :
B, ν −→ [0, 1], µ
(xn ) 7−→ x
é contı́nua e que B, ν é compacto.
A continuidade é dada por (por R-2, pág.
44) e a compacidade de B, ν mostramos no lema 2, pág. 45. Sendo assim Ψ
é mais que contı́nua, é um homeomorfismo.
• Agora vamos definir uma aplicação (η), assim:
B {0, 1}N
η
N N
:
η: B {0, 1} × {0, 1} q (η1 ,η2 )
(xn ) η1 (xn ), η2 (xn ) (xn ) q
{0, 1}N
Gentil 6
η2 (xn ) = η2 (x1 x2 x3 . . .) = (x2 x4 x6 . . .)
Isto é, η1
toma de x n
sua subseqüência de ı́ndices ı́mpares e η2 toma de
xn sua subseqüência de ı́ndices pares:
η1 (x1 x3 x5 x7 . . .)
(x1 x2 x3 x4 x5 . . .)
η2
(x2 x4 x6 x8 . . .)
Dizemos que a aplicação η demultiplexa a seqüência xn .
A aplicação η é injetiva porquanto
η(xn ) = η(yn ) ⇒ η1 (xn ), η2 (xn ) = η1 (yn ), η2 (yn )
⇒ (x1 x3 x5 . . .), (x2 x4 x6 . . .) = (y1 y3 y5 . . .), (y2 y4 y6 . . .)
⇒ (x1 x3 x5 . . .) = (y1 y3 y5 . . .); (x2 x4 x6 . . .) = (y2 y4 y6 . . .)
⇒ (xn ) = (yn ).
A aplicação η não é sobrejetiva. De fato, por exemplo o ponto
N N
(0 1 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 1 . . .) ∈ {0, 1} × {0, 1}
não é imagem de nenhum ponto do domı́nio (por que?).
Vamos agora envidar esforços para mostrar que η é contı́nua. Antes mos-
traremos que é contı́nua a seguinte restrição de η:
α : B′ −→ B′ × B′ (1)
onde B′ ⊂ B, é tal que:
(xn ) ∈ B′ ⇐⇒ suas subseqüências de ı́ndices ı́mpares e pares pertencem a B.
No apêndice (lema 3, pág. 46) mostramos que B′ é compacto e denso.
A aplicação α é uma bijeção. De fato, é injetiva porquanto
α(xn ) = α(yn ) ⇒ α1 (xn ), α2 (xn ) = α1 (yn ), α2 (yn )
⇒ (x1 x3 x5 . . .), (x2 x4 x6 . . .) = (y1 y3 y5 . . .), (y2 y4 y6 . . .)
⇒ (x1 x3 x5 . . .) = (y1 y3 y5 . . .); (x2 x4 x6 . . .) = (y2 y4 y6 . . .)
⇒ (xn ) = (yn ).
α−1 : B′ × B′ B′
(x1 x2 x3 . . .), (y1 y2 y3 . . .) (x1 y1 x2 y2 x3 y3 . . .)
De outro modo,
Gentil 7
x = (x1 x2 x3 x4 . . .)
α−1 (x1 y1 x2 y2 x3 y3 . . .)
y = (y1 y2 y3 y4 . . .)
α : B′ B′ × B′
(xn ) α1 (xn ), α2 (xn )
α−1 : B′ × B′ B′
(x1 x2 x3 . . .), (y1 y2 y3 . . .) (x1 y1 x2 y2 x3 y3 . . .)
Observe que
α−1 (a) = (a1 b1 a2 b2 a3 b3 . . .)
a = (a1 a2 a3 . . .), (b1 b2 b3 . . .) ⇒
α−1 (x) = (x1 y1 x2 y2 x3 y3 . . .)
x = (x1 x2 x3 . . .), (y1 y2 y3 . . .) ⇒
Temos
∞ ∞
( )
X |xn − an | X |yn − bn |
D3 (x, a) < δ ⇐⇒ max n , <δ
n=1
2 n=1
2n
Também
∞ ∞
X |xn − an | X |yn − bn |
ν α−1 (x), α−1 (a) < ε ⇐⇒
+ <ε
n=1
2 2n−1
n=1
22n
Observe que
∞ ∞
X |xn − an | X |xn − an |
< <δ
n=1
22n−1 n=1
2n
e, de igual modo
∞ ∞
X |yn − bn | X |yn − bn |
< <δ
n=1
22n n=1
2n
Somando estas desigualdades vemos que é suficiente tomar 2 δ = ε, isto é, δ = 2ε .
Gentil 8
Portanto a restrição de F :
N N
η : B −→ {0, 1} × {0, 1}
é contı́nua.
• Agora vamos definir a aplicação ξ:
N N
ξ : {0, 1} × {0, 1} I×I
(xn ), (yn ) (x, y)
onde
∞ ∞
X xn X yn
(x, y) = ,
n=1
2n n=1 2n
{0, 1}N ξ 6
1 (1,1)
q (x,y)
(yn ) q
-
(xn ) {0, 1}N 0 1
Então
X
xn X an X yn X bn
D3 ξ(x), ξ(a) < ε ⇐⇒ max − − <ε
2n 2n 2n 2n
,
Gentil 9
Observando que
X x X a X x − a X |x − a |
n n n n n n
n − = ≤ <δ
2 2n 2n 2n
X y X b X y − b X |y − b |
n n n n n n
− = ≤ <δ
2n 2n 2n 2n
1⊤
B {0, 1}N 1 (1,1)
Ψ η ξ
: q : : q(x, y)
z q η2 q
0⊥ 0 1
η1 {0, 1}N
Resumindo, temos
1 1 (1,1)
χ
r
z
0 0 1
onde
χ : I −→ I × I
z 7−→ (x, y)
é tal que
χ = ξ ◦ η ◦ Ψ ⇒ χ(z) = ξ ◦ η ◦ Ψ (z) = ξ ◦ η Ψ(z)
= ξ η(Ψ(z))
Gentil 10
Exemplos:
(1) Calcule a imagem, por χ, de z = 0, 8.
Solução (acompanhe pela figura 1): Desenvolvendo 0, 8 na base 2 (em [3] damos
um algoritmo para o desenvolvimento em base 2), temos
0, 8 = (1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 . . .)2
então Ψ(0, 8) = (1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 . . .). Aplicamos η à seqüência anterior:
η1 (1 0 1 0 1 0 1 01 . . .)
(1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 . . .)
η2
(1 0 1 0 1 0 1 0 1 . . .)
Temos η1 , η2 ∈ {0, 1}N × {0, 1}N . Agora aplicamos ξ ao ponto η1 , η2 :
ξ (η1 , η2 ) = (x, y), onde
1 0 1 0 2
x=y= 1 + 2 + 3 + 4 + ··· =
2 2 2 2 3
Portanto χ(0, 8) = 32 , 32 .
η1 (0 0 1 0 1 0 1 0 1 . . .)
(0 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 . . .)
η2
(1 0 1 0 1 0 1 0 1 . . .)
Agora aplicamos ξ ao ponto η1 , η2 : ξ (η1 , η2 ) = (x, y), onde
0 0 1 0 1 0 1
x= 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ··· =
2 2 2 2 2 2 6
1 0 1 0 1 0 2
y= 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ··· =
2 2 2 2 2 2 3
1 2
Portanto χ(0, 3) = 6 , 3 . A geometria da situação fica
6
χ
1 : 1 (1,1)
0,8 q
2
3¬
q q
1
2⊣
1
χ 3¬
0,3
:
q
0 0 ¬ ¬ -
1
1 1 2
6 3 3
Gentil 11
5
(3) Calcule a imagem, por χ, de z = 12 .
η1 ( 0 1 1 1 1 1 1 1 1 . . .)
( 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . .)
η2
( 1 0 0 0 0 0 0 0 0 . . .)
Agora aplicamos ξ ao ponto η1 , η2 : ξ (η1 , η2 ) = (x, y), onde
0 1 1 1 1 1 1
x= + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ··· =
21 2 2 2 2 2 2
1 0 0 0 0 0 1
y= 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ··· =
2 2 2 2 2 2 2
5
= 12 , 12 .
Portanto χ 12
{0, 1}N
(xn , 011000...)
r
3
r r (x, 8 )
(xn , 010111...)
{0, 1}N x
B {0, 1}N
(xn , 011000...)
q
(x1 0 x2 1 x3 1 x4 0 x5 0 x6 0 ··· ) r
q
(x1 0 x2 1 x3 0 x4 1 x5 1 x6 1 ··· ) r (xn , 010111...)
{0, 1}N
VV : (1 0 0 0 0 . . . , 1 1 0 0 0 . . .) −→ (1 1 0 1 0 0 0 0 0 . . .)
≬
1 3 VF : (1 0 0 0 0 . . . , 1 0 1 1 1 . . .) −→ (1 1 0 0 0 1 0 1 0 . . .)
, →
≬
2 4
FV : (0 1 1 1 1 . . . , 1 1 0 0 0 . . .) −→ (0 1 1 1 1 0 1 0 1 . . .)
≬
FF : (0 1 1 1 1 . . . , 1 0 1 1 1 . . .) −→ (0 1 1 0 1 1 1 1 1 . . .) 6∈ B
(1 1 0 1 0 0 0 0 0...) ( 12 , 3
4)
39
ր
48
(1 0 0 0 0..., 1 1 0 0 0...)
0
Ψ η { 0, 1 }N ξ
39 1 3
concluimos que χ 48 = 2, 4 . Da alternativa seguinte
Gentil 13
{ 0, 1 }N
1 B
(1 1 0 0 0 1 0 1 0...) ( 12 , 3
4)
37
ր
48 (1 0 0 0 0..., 1 0 1 1 1...)
0
Ψ η { 0, 1 }N ξ
37 1 3
concluimos que χ 48 = 2, 4 . Da alternativa seguinte
{ 0, 1 }N
1 B
(0 1 1 1 1 0 1 0 1...) ( 12 , 3
4)
23 (0 1 1 1 1..., 1 1 0 0 0...)
48
0
Ψ η { 0, 1 }N ξ
23 1 3
Deste diagrama concluimos que χ 48 = 2, 4 .
A multiplexação na última alternativa ( FF ) não resulta em B, portanto
não é considerada. Resumindo, temos
(1, 3) r
2 4
39
χ( 48 )=χ( 23 37 1 3
48 )=χ( 48 )=( 2 , 4 )
χ
3 O quadrado hiper-mágico
A seguir construiremos um objeto matemático (tão patológico quanto a
curva de Peano) o qual, em conjunto com a curva de Peano, nos permitirá
transitar entre dimensões arbitrárias.
Definição 3 (Quadrado
hiper-mágico). Chama-se quadrado hiper-mágico num
espaço métrico M, d , com M um quadrado (unitário), a uma aplicação contı́nua
ϕ : M → I injetiva e não sobrejetora. I é um intervalo unitário.
O que há de paradoxal no quadrado hiper-mágico é que conseguimos trans-
ferir todos os pontos do quadrado para sua aresta inferior (ou qualquer outra),
sem sobrepor um ponto a outro e ainda sobram infinitos buracos (lacunas) na
aresta!
O quadrado hiper-mágico resume-se na composição das aplicações mostra-
das na figura a seguir:
B
6 B
g
1
(1,1) q 1
h q f qz
y q
0
- 0
x 1 B
Onde a aplicação
h : I × I −→ B × B
(x, y)7−→ (xn ), (yn )
é um homeomorfismo. A aplicação
g: B×B B
(xn ), (yn ) 7−→ (x1 y1 x2 y2 x3 y3 ...)
(x1 y1 x2 y2 x3 y3 . . .) = ( 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . .)
então,
x1 = 0, x2 = 1, x3 = 1, x4 = 1, . . . ⇒ (xn ) = (0 1 1 1 1 . . .)
y1 = 1, y2 = 0, y3 = 0, y4 = 0, . . . ⇒ (yn ) = (1 0 0 0 0 . . .)
Logo,
(xn ), (yn ) = (0 1 1 1 1 . . .), (1 0 0 0 0 . . .) ∈ B × B,
o que contradiz a construção (definição) de B.
Definimos a aplicação f como f = Ψ−1 (ver pág. 5), resultando assim que
f é um homeomorfismo. Resumindo, temos
1 (1,1) 1
ϕ
rz
0 1 0
onde
ϕ : I × I −→ I
(x, y) 7−→ z
é tal que
ϕ = f ◦ g ◦ h ⇒ ϕ(x, y) = f ◦ g ◦ h (x, y)
= (f ◦ g) h(x, y)
= f g h(x, y)
Exemplos:
1 1
(1) O centro do quadrado é levado em ponto de I ?. Isto é, calcule ϕ 2, 2 .
1
Solução (acompanhe pela figura 2, pág- 14): Temos (1 0 0 0 0 0 . . .)2 = 2 . Então
1 1
h , = (1 0 0 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 0 0 . . .)
2 2
Aplicando g a este ponto obtemos:
(1 0 0 0 0 0 . . .)
g (1 1 0 0 0 0 0 0 . . .)
(1 0 0 0 0 0 . . .)
Gentil 16
logo
g (1 0 0 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 0 0 . . .) = (1 1 0 0 0 0 0 0 . . .) ∈ B.
B
6 h- B (11000...)
1
(1,1) q 1
q g R q 3
(1000...) 4
y q1 1 f
(2,2)
0
- (1000...)
0
x 1 B
5
= 12 , 12 (exemplo (3), pág. 11)
Observe que χ 12
(2) Calcule ϕ 31 , 31 .
(0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . .)
g (0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 . . .)
(0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . .)
Logo,
g (0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . . , 0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . .) = (0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 . . .)
B
6 B (00110011...)
h
:
(1,1) q 1
1
q g
(0101...)
R
f
y q ( 13 , 13 )
q 1
5
0
- (0101...)
0
x 1 B
(0 0 1 1 1 1 1 . . .)
(0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 0 . . .) ∈ B
(0 0 0 0 0 0 0 . . .)
(0 0 0 1 1 1 1 . . .)
(0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 . . .) ∈ B
(0 0 0 0 0 0 0 . . .)
(1, 3) r
2 4
1
@ @
{0, 1}N
@ @
ξ @ @
η
η3
:
1⊤
B : q@
@ @@ (1,1,1)
Ψ (x,y,z)
:
q
q 0 1
η2 @
wq
{0, 1}N @
η1 @
0⊥
@@
1
{0, 1}N
η1 (x1 x4 x7 x10 . . .)
(x1 x2 x3 x4 x5 . . .) (x2 x5 x8 x11 . . .)
η3
(x3 x6 x9 x12 . . .)
Exemplos:
(1) Calcule a imagem, por χ, de w = 0, 5.
Solução: Desenvolvendo 0, 5 na base 2, temos (10000 . . .)2 = 21 .
Então Ψ(0, 5) = (1000000 . . .). Agora aplicamos η à seqüência anterior,
assim
η1 (1000000 . . .) = (1000000 . . .)
η2 (1000000 . . .) = (0000000 . . .)
η3 (1000000 . . .) = (0000000 . . .)
Agora aplicamos ξ ao ponto η1 , η2 , η3 : ξ (η1 , η2 , η3 ) = (x, y, z), obtendo
χ 12 = 21 , 0, 0 .
η1 (1010101010 . . .) = (1010101 . . .)
η2 (1010101010 . . .) = (0101010 . . .)
η3 (1010101010 . . .) = (1010101 . . .)
Agora aplicamos ξ ao ponto η1 , η2 , η3 : ξ (η1 , η2 , η3 ) = (x, y, z), obtendo
χ 32 = 32 , 13 , 32 . Graficamente, temos
-χ 6
1 1
@ @
2
→ q - @ @
χ
@ q3 3 3 @@
3
1 (2,1,2)
@
2
q
(1,1,1)
0 0 q2
-x
1
@
@
@
@
@1
R
@
y
(3) Encontre todos os pontos do intervalo que são transferidos, por χ, para
o centro do cubo. Isto é, resolva a equação χ(x) = 12 , 21 , 21 .
VVV : (1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (1 1 1 0 0 0 0 0 0 . . .)
VVF : (1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (1 1 0 0 0 1 0 0 1 . . .)
VFV : (1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (1 0 1 0 1 0 0 1 0 . . .)
1 1 1 VFF : (1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (1 0 0 0 1 1 0 1 1 . . .)
, , →
2 2 2
FVV : (0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (0 1 1 1 0 0 1 0 0 . . .)
FVF : (0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (0 1 0 1 0 1 1 0 1 . . .)
FFV : (0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (0 0 1 1 1 0 1 1 0 . . .)
FFF : (0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (0 0 0 1 1 1 1 1 1 . . .)
Nota: Os digitos na cor azul, em cada seqüência, representam o perı́odo; isto é,
são os três digitos que se repetem em seguida.
Para ilustrar a finalidade do diagrama acima consideremos, por exemplo,
a segunda das combinações (VVF), assim:
Gentil 21
1
@ @
{0, 1}N
@ @
ξ @ @
η
η3
:
1⊤
B : q@
@ @@ (1,1,1)
Ψ (1 1 1 , , )
:
q 2 2 2
q (1 0 0 0..., 1 0 0 0..., 0 1 1 1...) 0 1
43 (1 1 0 0 0 1 0 0 1...) η2 @
@
56
q
{0, 1}N
η1 @
0⊥
@@
1
{0, 1}N
5 O cubo hiper-mágico
A exemplo do que foi feito para o quadrado também podemos transferir
todos os pontos do cubo para uma de suas arestas. Sendo que esta transformação
cumpre as mesmas condições que a do quadrado: é contı́nua, injetiva e não
sobrejetiva.
1
@ @
B
@ @
η3 h @ @
1⊤
B g q@
@ @@ (1,1,1)
f q
0
(x,y,z)
1
q
η2 @
wq
B @
@
0⊥ B η1 @@
1
Exemplos:
(1) Calcule ϕ 0, 0, 12 .
Ou seja
g (xn ), (yn ), (zn ) = (x1 y1 z1 x2 y2 z2 x3 y3 z3 x4 y4 z4 . . .)
portanto
g (0 0 0 0 0 0 . . . , 0 0 0 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 0 0 . . .) = (0 0 1 0 0 0 0 0 0 . . .)
1 1 1
(2) Calcule ϕ 2, 2, 2 .
Solução: Temos 21 = (1 0 0 0 0 0 0 0 . . .)2 . Logo
1 1 1
h , , = (1 0 0 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 0 0 . . .)
2 2 2
Graficamente, temos
ϕ
z -
6 1
1
q 78
r
(1,1,1)
z
ϕ
r q 18
0
0
1
@
R
y
Cubo Hiper-Mágico
t9
5 t t6
1 t t2
Gentil/2005
“O que a matemática pontua,
s s s s s s s9s s não raro a natureza corrobora.”
5 8 6 7 1 4 2 3
Gentil (1 o Bilhete)
Cálculos do Cubo
11111 ...
1 : (1, 0, 0) 00000 ... 100100100100100 ...
00000 ...
1 0 0 1 0 0 1 0 0
ϕ(1) = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + + ···
2 2 2 2 2 2 2 2 29
1
1 1 1 2 4
= + + + · · · = = ≃ 0, 5714
21 24 27 1 − 213 7
Gentil 25
11111 ...
2 : (1, 1, 0) 11111 ... 110110110110110 ...
00000 ...
1 1 0 1 1 0 1 1 0
ϕ(2) = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + + ···
2 2 2 2 2 2 2 2 29
1 1 1 1 1 1
= 1 + 4 + 7 + ··· + 2 + 5 + 8 + ···
2 2 2 2 2 2
1 1
2 22 4 2 6
= 1 + 1 = + = ≃ 0, 8571
1− 23 1− 23
7 7 7
11111 ...
3 : (1, 1, 1) 11111 ... 111111111111111 ...
11111 ...
1 1 1
ϕ(3) = + 2 + 3 + ··· = 1
21 2 2
11111 ...
4 : (1, 0, 1) 00000 ... 101101101101101 ...
11111 ...
1 0 1 1 0 1 1 0 1
ϕ(4) = + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + ···
21 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1
= 1 + 4 + 7 + ··· + 3 + 6 + 9 + ···
2 2 2 2 2 2
1 1
2 23 4 1 5
= 1 + 1 = + = ≃ 0, 7143
1− 23 1− 23
7 7 7
00000 ...
5 : (0, 0, 0) 00000 ... 000000000000000 ...
00000 ...
0 0 0
ϕ(5) = + 2 + 3 + ··· = 0
21 2 2
00000 ...
6 : (0, 1, 0) 11111 ... 010010010010010 ...
00000 ...
Gentil 26
0 1 0 0 1 0 0 1 0
ϕ(6) = + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + ···
21 2 2 2 2 2 2 2 2
1
1 1 1 22 2
= 2 + 5 + 8 + ··· = 1 = 7 ≃ 0, 2857
2 2 2 1 − 23
00000 ...
7 : (0, 1, 1) 11111 ... 011011011011011 ...
11111 ...
0 1 1 0 1 1 0 1 1
ϕ(7) = + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + ···
21 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1
= 2 + 5 + 8 + ··· + 3 + 6 + 9 + ···
2 2 2 2 2 2
1 1
22 23 2 1 3
= 1 + 1 = + = ≃ 0, 4286
1− 23 1− 23
7 7 7
00000 ...
8 : (0, 0, 1) 00000 ... 001001001001001 ...
11111 ...
0 0 1 0 0 1 0 0 1
ϕ(8) = + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + ···
21 2 2 2 2 2 2 2 2
1
1 1 1 23 1
= 3 + 6 + 9 + ··· = 1 = 7 ≃ 0, 1429
2 2 2 1 − 23
10000 ...
1 1 1
9: 2, 2, 2 10000 ... 111000000000000 ...
10000 ...
1 1 1 0 0 0 0 0 0
ϕ(9) = + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + ···
21 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 7
= + 2 + 3 = ≃ 0, 8750
21 2 2 8
Gentil 27
Buracos:
- O centro do cubo vai, por ϕ, para o ponto 7/8 ∈ [ 0, 1 ] e “gera” (“reserva”) seis
buracos no intervalo (ver exemplo (2), pág. 23). Para esclarecer esta assertiva
observe o diagrama seguinte,
≬
VVV : (1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (1 1 1 0 0 0 0 0 0 . . .) = 49/56
VVF : (1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (1 1 0 0 0 1 0 0 1 . . .) = 43/56
VFV : (1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (1 0 1 0 1 0 0 1 0 . . .) = 37/56
1 1 1 VFF : (1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (1 0 0 0 1 1 0 1 1 . . .) = 31/56
, , →
2 2 2
FVV : (0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (0 1 1 1 0 0 1 0 0 . . .) = 25/56
FVF : (0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (0 1 0 1 0 1 1 0 1 . . .) = 19/56
FFV : (0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . . , 1 0 0 0 . . .) −→ (0 0 1 1 1 0 1 1 0 . . .) = 13/56
FFF : (0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . . , 0 1 1 1 . . .) −→ (0 0 0 1 1 1 1 1 1 . . .) = 7/56
1
h @ @
B
× @ @
@ @
1
B
g (1000...,1000...,0111...) q@
@ @@
(1 1 1 , , )
× 0 2 2 2
1
f
@
43 B @
56
@
0 B
@@
1
3
1 1 0 0 0 . . . , x = 4
(
1 1
1 0 0 0 0 0 . . .
2, 4 : ⇒ 10010000... ⇒ 00000..., y = 0
010000...
00000..., z = 0
1
1 0 0 0 0 . . . , x = 2
(
3 9
110000... 5
4 , 16 : ⇒ 111000010... ⇒ 10100..., y = 8
100100...
1 0 0 0 0 . . . , z = 21
1 1 1 1 1 . . . , x = 1
(
111111...
1, 1 : ⇒ 11111111... ⇒ 11111..., y = 1
111111...
11111..., z = 1
z
1 s
6 s χ
1
¬
1
2
s s s(1,1,1)
9/16 s ϕ
p
s 0 s s s1 x
1/4 s 0 s
p p
1/16 s
p p p -
0 1 1 3 1
4 2 4
1
y
Gentil 29
Holografia
No livro “O UNIVERSO NUMA CASCA DE NOZ” (Stephen Hawking/pág.
198):
“A holografia codifica as informações de uma região do espaço em uma
superfı́cie com uma dimensão a menos. . . Em um modelo de mundo brana, a
holografia seria uma correspondência de um para um entre estados em nosso
mundo quadridimensional e estados em dimensões superiores.
Mais à frente: Entretanto, sob um ponto de vista positivista, não se pode
perguntar: qual é a realidade, brana ou bolha? Ambas são modelos matemáticos
que descrevem as observações. Cada um é livre para usar o modelo mais con-
veniente.”
Não podemos deixar de vislumbrar uma interseção entre estas declarações
e nossas construções.
definida por
k(x, y) = min |x − y|, 1 − |x − y|
No apêndice (pág. 48) provamos que k é uma métrica sobre M = [0, 1[.
⊢ t ⊢ t t t
0 0, 2 1 0, 6 0, 8 0, 9 1
2
k ( 0, 2; 0, 6 ) = k ( 0, 2; 0, 8 ) > k ( 0, 2; 0, 9 ). (2)
Gentil 30
Temos,
1
x≤ 1−x ⇔ x≤
2
Sendo assim, podemos escrever:
x, se 0 ≤ x ≤ 21 ;
k(x, 0) = min x, 1 − x = (3)
1 − x, 1
se 2 ≤ x < 1.
1
2 q
x s
0 q
1
2
1 0 q12 x 1
k(x, 0)
1
q
1
2 q
x
0 q
1
2
1
A partir do gráfico de k(x, 0) construı́mos a régua oficial do universo [0, 1[, k ,
assim:
INMETRO
Figura 5: Régua divina
Nota: Observamos que esta régua é tão legı́tima quanto a usual − vendida
em nossas livrarias, tanto é que já a homologamos junto ao Inmetro.
Esta régua nos será bastante útil para destrinchar alguns paradoxos.
Pois bem, o leitor imagine-se caminhando sempre para a direita, a partir
da origem (referencial) do intervalo [ 0, 1[, assim
•
≀
∼
0 q 21 1
Veremos que, em casos como estes, a métrica divina nos restitui a “virgin-
dade”. De fato, ao lê − pela primeira vez − a afirmativa: está perto e ao
mesmo tempo distante, confesso que senti um, por assim dizer, “desconforto
intelectual”. Como algo pode está perto e simultâneamente distante?
Devo admitir que minhas inquietações, a este respeito, foram total-
mente dirimidas (dissipadas) com o uso da métrica divina; senão vejamos:
•
INMETRO
Figura 6: Régua divina e Bhagavad Gĩtã
1
q
0, 9
1
2 q
0, 1
0
• x
1
Para os que ficaram insatisfeitos com a interpretação mı́stica que demos
para a métrica k, vejamos uma outra, um tanto quanto mais − por assim dizer
− materialista (concreta): vamos curvar o intervalo [ 0, 1 [ segundo um relógio
de comprimento 1, ou ainda, de raio 2πr = 1, assim
Gentil 33
1 0 1 0
tx
3 1 3 1
⌣
rθ
p
4 4 4 4
ty
p1 p1
2 2
teremos uma idéia de como funciona a métrica divina. É isto o que significa
dizer que a métrica curva o espaço.
Nas figuras seguintes ilustramos as relações dadas em (2) (pág. 29),
1 0 1 0 1 0
s
0, 9
s0, 2 0, 8 s s0, 2 s0, 2
3 r 1 3 r 1 3 r 1
p
p
4 4 4 4 4 4
s
0, 6 p1 p1 p1
2 2 2
Temos ainda
1 1 1
≤ x < 1 ⇐⇒ 0 < 1 − x ≤ =⇒ k(x, 0) ≤ .
2 2 2
A seguir esboçamos o gráfico da função dada por k(x, 0):
Gentil 34
k(x, 0) k(x, 0)
6 6
1 1
q q
1 1
2 q 2 q
r
-x -x
0 q
1 q1 0 q
1 q1
2 ↑ 2 ↑
r 1−r
Então
xn ∈ Bk 0; ε ⇐⇒ k(xn , 0) < ε
⇐⇒ min |xn − 0|, 1 − |xn − 0| < ε
⇐⇒ min xn , 1 − xn < ε
n 1 1 o
⇐⇒ min 1 − , 1 − 1 − <ε
n n
n 1 1o 1
⇐⇒ min 1 − , = <ε (5)
n n n
Observe que
1 1
≤1− ⇐⇒ n ≥ 2.
n n
Portanto, dado ε > 0 tomamos, de empréstimo a Arquimedes, um ı́ndice n0 tal
que n1 < ε (n0 > 1/ε) e teremos
0
1 1
≤
∀ n ≥ n0 ⇒ < ε.
n n0
Agora, por (5), teremos (seguindo ⇐=) xn ∈ Bk 0; ε .
1
Façamos duas simulações. Tomando, por exemplo, ε = 4, temos
1
n0 > 1 = 4 ⇒ n0 = 5.
4
1
r r r r rrrr 1
r r r r rrrr
Bk (0; 4) Bk (0; 6)
0 1 3 1 0 1 5 1
4 4 6 6
x = (x1 , x2 ) ∈ M1 × M2 = M e y = (y1 , y2 ) ∈ M1 × M2 = M
Gentil 36
D1 , D2 , D3 : M × M −→ R
dadas por
q
D1 (x, y) = d21 (x1 , y1 ) + d22 (x2 , y2 )
Pode ser mostrado que (M, D1 ), (M, D2 ) e (M, D3 ) são também espaços
métricos.
Observe que x1 , y1 ∈ M1 e x2 , y2 ∈ M2 de modo que d1 (x1 , y1 ) é calculado
no espaço (M1 , d1 ) enquanto d2 (x2 , y2 ) é calculado no espaço (M2 , d2 ).
Exemplo: A partir do espaço métrico [0, 1[, k podemos obter outros três, no
conjunto [ 0, 1 [ × [ 0, 1 [:
1 1
s(x1 ,x2 )
s(y1 ,y2 )
0 1 0 1
assim:
q
D1 (x, y) = k2 (x1 , y1 ) + k2 (x2 , y2 )
BD ( p; r) = Bd ( p1 ; r) × Bd ( p2 ; r) × · · · × Bdn( pn ; r)
3 1 2
Gentil 37
Exemplos:
Vejamos dois exemplos no espaço [0, 1[×[0, 1[, D3 .
( i ) Temos
1 1 1
BD3 (0, 0); = Bk 0; × Bk 0;
4 4 4
1 3 1 3
= 0, ∪ , 1 × 0, ∪ ,1
4 4 4 4
Geometricamente esta bola fica assim:
3
4
1 =⇒
¬
1
4
¬
1 1 3
0 4 2 4 1
3
4
rp rp
1 =⇒
¬
2
5
12
1
12 ¬
1 1 7 11
0 4 2 12 12 1
ss ss
1 1
sx3 st 1 1
xn = n+1 , 1− n+1 → 3 ← tn = 1− n+1 , 1− n+1
sx2 st
2
1 1
sz sy2 1 1
zn = n+1 , n+1 → sz 2 sy3 ← yn = 1− n+1 , n+1
ss 3 ss
0 1
pertencem todas às diagonais do quadrado unitário [0, 1[×[0, 1[. O centro do
quadrado 21 , 21 é o primeiro termo de todas elas.
Deixamos como passatempo ao leitor mostrar que
√
D1 ((0, 0); xn ) = D1 ((0, 0); yn ) = D1 ((0, 0); zn ) = D1 ((0, 0); tn ) = 2/(n + 1),
D2 ((0, 0); xn ) = D2 ((0, 0); yn ) = D2 ((0, 0); zn ) = D2 ((0, 0); tn ) = 2/(n + 1),
D3 ((0, 0); xn ) = D3 ((0, 0); yn ) = D3 ((0, 0); zn ) = D3 ((0, 0); tn ) = 1/(n + 1).
χk : [ 0, 1 [−→ [ 0, 1 [×[ 0, 1 [
1 1 (1,1)
χk
r
0
0 1
Para tanto, a construção da curva de Peano nos permite inferir que é ne-
cessário que o espaço ([0, 1[, k) seja compacto. Vamos envidar esforços para
provar que assim é.
A seguir lembramos:
Definição 4 (Seqüências de Cauchy). Seja (xn ) uma seqüência num espaço
métrico (M, d). Diremos que (xn ) é uma seqüência de Cauchy se dado ε > 0
existir um ı́ndice n0 tal que
∀ m, n ≥ n0 ⇒ d(xm , xn ) < ε.
Proposição 2 (Gentil/01.07.05). O espaço métrico [ 0, 1 [, k é completo.
Prova: Seja (xn ) uma seqüência de Cauchy em [ 0, 1 [, k . Isto significa
que:
∀ ε > 0, ∃ n0 : ∀ m, n ≥ n0 ⇒ k(xm , xn ) = min |xm − xn |, 1−|xm − xn | < ε
(7)
Temos duas alternativas:
1a ) (xn ) é de Cauchy em [ 0, 1 ], µ . Neste caso, como este espaço é completo,
(xn ) converge:
µ k µ k
Se xn −→ 1, então xn −→ 0. Se xn −→ p 6= 1, então xn −→ p.
a
2 ) (xn ) não é de Cauchy em [ 0, 1 ], µ .
k
Neste caso afirmamos que a seqüência converge para 0, isto é: xn −→ 0.
De fato, se (xn ) não é de Cauchy em [ 0, 1 ], µ , então (pág. 39):
∃ ε0 > 0 (fixo)
(8)
Tome k : 1/k < ε0
Tome (7)
1
ε< k
∃ n0 ∈ N, n0 = n0 (ε)
Tome (8)
( xm , xm , ... ) Tome um novo
1 2
k ≥ max{ n0 , k }
( xn , xn , ... ) k > max{ mi , ni }
1 2 ∃ mi , n i ≥ k
( 1−|xm −xn |< ε )
i i
t t p p p t t
0 1 1 3 1
4 2 4
Nota: Não faz mal escolhermos os ı́ndices mj associados aos termos da esquerda
e os ı́ndices nj associados aos termos da direita.
Fazemos duas observações quanto ao fluxograma:
1a ) k ≥ max{ n0 , k } garante que os ı́ndices mi , ni ≥ k, patrocinados por
(8), também satisfazem (7) o que vai garantir que 1 − |xm − xn | < ε.
i i
x1 x6 x4 x2 x3 x5 x7
s ... s s s s s s. . .
0 1
Ψ−1 :
B, ν −→ [0, 1[, k
(xn ) 7−→ x
permanece contı́nua (ver pág. 5). A mesma observação vale para a nova ξ.
Nota: Neste caso continuamos usando a mesma notação para as funções “inter-
mediárias”.
A construção desta curva segue os mesmos passos da anterior.
Gentil 43
Bem, a mudança radical de uma curva para a outra fica por conta dos as-
pectos topológicos, como não poderia deixar de ser. Vejamos alguns exemplos:
1o ) Lembramos que para uma função contı́nua f vale: lim f (xn ) = f (lim xn ).
Por exemplo, considere a seqüência de pontos xn = (1 − 1/n) do intervalo
unitário. Temos
k: lim xn = 0 =⇒ lim χk (xn ) = χk (0) = (0, 0), (origem do quadrado).
n
ss ss
1 1
sx3 st 1 1
xn = n+1 , 1− n+1 → 3 ← tn = 1− n+1 , 1− n+1
sx2 st
2
1 1
sz sy2 1 1
zn = n+1 , n+1 → sz 2 sy3 ← yn = 1− n+1 , n+1
s 3 ss
s
0 1
x1 x6 x4 x2 x3 x5 x7
s ... s s s s s s. . .
0 1
8 Apêndice
8.1 Tabela de métricas
M 1) µ(x, y) = |x − y|, R
M 2) k(x, y) = min |x − y|, 1 − |x − y| , [ 0, 1 [
P∞ |x −y |
M 3) ν(x, y) = n=1 n2n n , { 0, 1}N
q
M 4) D1 (x, y) = d21 (x1 , y1 ) + d22 (x2 , y2 ), M = M1 × M2
M 5) D2 (x, y) = d1 (x1 , y1 ) + d2 (x2 , y2 ), M = M1 × M2
M 6) D3 (x, y) = max {d1 (x1 , y1 ); d2 (x2 , y2 )}, M = M1 × M2
Nota: x = (x1 , x2 ) ∈ M1 × M2 = M e y = (y1 , y2 ) ∈ M1 × M2 = M .
R-6) Seja (xn ) uma seqüência de Cauchy em um espaço métrico (M, d). Se
existe uma subseqüência de (xn ) que converge para p ∈ M , então lim xn = p.
R-7) Uma seqüência
(xn , yn ) de pontos no produto M = M1 × M2 converge
no espaço M, Di (i = 1, 2, 3.) para (a, b) ∈ M1 ×M2 se, e somente se, xn −→ a
em (M1 , d1 ) e yn −→ b em (M2 , d2 ).
p = (p1 , . . . , pk−2 , 0, 1, 1, 1, 1, . . .)
Escolhamos um i > k. Tomando ε > i, teremos 21ε < 21i . Como lim xn = p,
significa que existe um ı́ndice n0 , a partir do qual se verifica ν(xn , p) < 21ε < 21i .
Isto significa, tendo em conta o resultado R-1, que xn deve coincidir com p
até a posição i (no mı́nimo) o que é absurdo. Sendo assim, F resulta fechado.
Por outro lado, sendo o conjunto { 0, 1 }N compacto, temos que, F, ν resulta
compacto,
por ser um subconjunto fechado de um compacto. Também B =
F ∪ (1111 . . .) resulta compacto por ser a união de dois compactos.
′
B , ν é compacto e denso (pág. 6)
Consideremos o subconjunto B′ ⊂ B, onde
(xn ) ∈ B′ ⇐⇒ suas subseqüências de ı́ndices ı́mpares e pares pertencem a B.
Gentil 46
que B̄′ ⊂ B′ . De fato, Considere p ∈ B̄′ e tal que p 6∈ B′ . Então existe um ı́ndice
k de modo que p tem, em sua subseqüência de ı́ndices ı́mpares (ou pares- vamos
supor ı́mpares), todos os termos iguais a 1 a partir de 2k − 1, assim
( p1 , p3 , p5 , . . . , p2k−1 , 1, 1, 1, . . .) 6∈ B
p = ( p1 , p2 , p3 , . . . , pn , . . .)
( p2 , p4 , p6 , . . . , p2n , . . .)
N1 = {1, 3, 5, 7, . . .}
N2 = {2, 4, 6, 8, . . .}
Assim,
(x1 x3 x5 x7 . . .)
(x1 x2 x3 x4 x5 . . .)
(x2 x4 x6 x8 . . .)
N1 = {1, 4, 7, 10, . . .}
N2 = {2, 5, 8, 11, . . .}
N3 = {3, 6, 9, 12, . . .}
Assim,
(x1 x4 x7 x10 . . .)
(x1 x2 x3 x4 x5 . . .) (x2 x5 x8 x11 . . .)
(x3 x6 x9 x12 . . .)
8.4 [ 0, 1 [, k é um espaço métrico.
Teorema 1 (Métrica Divina/Gentil/23.05.08). A aplicação,
k : [ 0, 1 [ ×[ 0, 1 [−→ R
definida por
k(x, y) = min |x − y|, 1 − |x − y|
é uma métrica sobre M = [ 0, 1 [.
Prova: (M1 ) k(x, y) ≥ 0 e k(x, y) = 0 ⇐⇒ x = y ;
Temos
( (
0≤x<1 0≤x<1
⇒ ⇒ −1 < x − y < 1 ⇒ |x − y| < 1.
0≤y<1 −1 < −y ≤ 0
Agora suponhamos,
k(x, y) = min |x − y|, 1 − |x − y| = 0
Já vimos que |x − y| < 1, isto é, 1 − |x − y| > 0. Então se k(x, y) = 0 só
pode ser porque |x − y| = 0, isto é, x = y.
Reciprocamente, se x = y, resulta,
k(x, y) = min |x − y|, 1 − |x − y| = min |0|, 1 − |0| = 0.
Temos
k(x, y) = min |x − y|, 1 − |x − y| = min |y − x|, 1 − |y − x| = k(y, x).
1−|x−z|≤|x−z| ⇔ |x−z|≥ 21
|x−y| |x−z| 1−|z−y| (P5)
Então:
|x − y| ≤ |x − z| + |z − y|
1 − |x − y| ≤ |x − z| + |z − y|
|x − y| + |x − z| + |z − y| ≥ 1 (11)
1
Observe que na possibilidade (P2) se verifica |x − y| ≥ 2 (∗).
|x − y| ≤ 1 − |x − z| + |z − y|
|x − y| + |x − z| − |z − y| ≤ 1 (12)
Gentil 50
|x − z| ≤ |x − y| + |y − z| ⇐⇒ |x − z| − |z − y| ≤ |x − y|
1 − |x − y| ≤ 1 − |x − z| + |z − y|
|x − z| ≤ |x − y| + |y − z|
|x − y| ≤ |x − z| + 1 − |z − y|
|x − y| + |z − y| − |x − z| ≤ 1 (13)
|z − y| ≤ |z − x| + |x − y| ⇐⇒ |z − y| − |x − z| ≤ |x − y|
1 − |x − y| ≤ |x − z| + 1 − |z − y|
|z − y| ≤ |z − x| + |x − y|
|x − y| ≤ 1 − |x − z| + 1 − |z − y|
Gentil 51
|x − y| + |x − z| + |z − y| ≤ 2 (14)
|x − y| = x − y, |x − z| = z − x, |z − y| = z − y
Não faz mal supor x à direita de y. Logo, f (x, y, z) = 2(z − y), então,
(
0 ≤ y ≤ 21 1
⇒ − ≤ −y ≤ 0 ⇒ 0 ≤ z − y < 1 ⇒ 0 ≤ 2(z − y) < 2.
1
≤ z < 1 2
2
1 − |x − y| ≤ 1 − |x − z| + 1 − |z − y| (15)
∗ Observe que estas três condições nos dizem que os três pontos devem estar − si-
Referências
[1] Lima, Elon Lages. Espaços Métricos. Rio de Janeiro:IMPA - CNPq,1993.
[2] Silva, Gentil Lopes. A Métrica Divina. www.dmat.ufrr.br/∼ gentil, 2006.
[3] Silva, Gentil Lopes. O Mito das Ambigüidades nas Representações Decimais.
www.dmat.ufrr.br/∼ gentil, 2006.
[4] Silva, Gentil Lopes. Espaços Métricos (Comentado), 2006. Ainda inédito.
[5] Ubaldi, Pietro. As Noúres: Técnica e recepção das correntes de pensamento.
Tradução de Clóvis Tavares. 4. ed. Rio de Janeiro: FUNDÁPU, 1988.
[6] Silva, Gentil Lopes.Topologia quântica (Einstein×Tagore)(www.dmat.ufrr.br/∼
gentil)