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Projeto de Lei 1.

202, de 2007 – Regulamenta o “lobby”

Breve resumo:
Apresentado pelo Deputado Carlos Zarattini - PT/SP, o projeto disciplina a atividade de "lobby" e a atuação dos
grupos de pressão ou de interesse e assemelhados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública
Federal. Serão considerados agentes de relações governamentais (“lobbistas”) os representantes de interesses
públicos ou privados, de pessoas físicas ou jurídicas. É, o intuito do texto, normatizar a colaboração espontânea
ou provocada de grupos de pressão da sociedade civil e entre órgãos públicos. Essas contribuições não
vincularão os tomadores de decisão.
Aprovado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) e com substitutivo pela
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), o texto que segue ao plenário prevê cadastro dos
agentes de relações governamentais no órgão em que irá atuar e parametriza de modo amplo esse cadastramento,
sem, no entanto, entrar nas minucias de como será realizado por cada entidade. Dentre os poucos critérios
apresentados, impede a atuação de condenados por corrupção, tráfico de influência, concussão, advocacia
administrativa ou improbidade administrativa.
A proposta enquadra em improbidade administrativa a percepção de qualquer vantagem, doação, benefício,
cortesia ou presente com valor econômico que possa influenciar processo de decisão.
Consta, ainda, quarentena para os ex-presidentes, ex-governadores e ex-prefeitos, mas não aos demais agentes
públicos. Assim, será passível a atuação de servidor ou parlamentar que tenha sido membro determinado órgão
público como relações governamentais na mesma instituição.
Principais pontos normatizados:
O Projeto regulamenta a atividade de representação de interesses nas relações governamentais em processos de
decisões políticas. Torna legitimo e garantido o direito de representação de interesses em tais processos, quando
o intuito for contribuir para o equilíbrio do ambiente normativo e regulatório do País. Podendo ser exercida por:
1. Entidades representativas de interesse coletivo dos setores econômico e social;
2. Pessoas físicas e jurídicas, públicas e privadas, inclusive instituições e órgãos públicos.
A lei NÃO se aplica às:
I. Relações comerciais entre agentes econômicos e órgãos da Administração Pública que visam à
compra e venda de bens ou serviços pelo Estado;
II. Relações entre Administração e administrado que não tenham a função de sugerir, criar, modificar,
interpretar, revogar ou extinguir norma jurídica;
III. Processos judiciais e a processos ou procedimentos administrativos que não impliquem sugestão,
modificação, interpretação, revogação ou extinção de norma jurídica.

Definições adotadas pelo Substitutivo da Comissão:


Processo de decisão política: o conjunto de atos e procedimentos do Poder Público de natureza normativa,
regulatória ou legislativa, que visem a sugerir, criar, modificar, interpretar, revogar ou extinguir norma
jurídica;
Grupo de pressão: qualquer grupo de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, reunidas, de
fato ou de direito, com objetivos e interesses comuns no resultado de processo de decisão política;
Tomador de decisão: a autoridade pública ou colegiado incumbido de conduzir, relatar, votar, concluir ou
decidir processo de decisão política;
Agentes de relações governamentais: aqueles que exerçam a atividade de representação de interesses nas
relações governamentais, ou em processo de decisão política no intuito de:

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a) Mitigar riscos econômicos, sociais, institucionais ou operacionais;


b) Oferecer modelo mais equilibrado de norma ou política pública;
c) Monitorar a atividade legislativa ou normativa e apresentar sugestões para o melhoramento dessas
proposições;
d) Apresentar fatos, dados e informações importantes para subsidiar a tomada de decisão política;
e) Alertar para eventuais inconstitucionalidades, injuridicidades ou má técnica legislativa.

Atividade de representação de interesses: ostentação de posições próprias ou de terceiro, autorizado por


esse, perante tomadores de decisão, ou que acompanhe processos de decisão política para o fim de registro,
análise ou divulgação a seus representados;
Obs. O texto não considera representação de interesses:
1. O exercício eventual do direito de petição no curso de processo de decisão política, em nome
próprio e sem remuneração;
2. O acompanhamento de sessões públicas, ainda que realizadas no âmbito de processo de decisão
política, como exercício de cidadania e sem a finalidade de sugerir, criar, modificar,
interpretar, revogar ou extinguir norma jurídica;
3. O comparecimento em decorrência de convite público para expressar opinião técnica ou
prestar esclarecimentos solicitados por autoridade pública, desde que a pessoa convidada não
esteja participando de processo de decisão política na qualidade de representante de interesse;
4. O envio de informações ou documentos a tomadores de decisão em resposta ou cumprimento
de solicitação ou determinação dessas autoridades;
A solicitação de informações, nos termos da Lei, com vistas a subsidiar ou instruir ação judicial ou
requerimento administrativo, ou com vistas ao exercício de direito legalmente previsto.

Relações governamentais: a participação social em processos de decisão política, incluindo o


acompanhamento para fins de registro, análise ou divulgação dos atos e procedimentos, inclusive sessões
públicas, vinculados a processo de decisão política, bem como a representação de interesses no curso de
processo de decisão política;

 Os profissionais deverão se cadastrar no órgão em que atuam (Executivo ou Legislativo) e sempre


identificar a entidade ou empresa a que pertencem (ainda que sejam agentes públicos ligados a outros
órgãos federais, estaduais ou municipais);
 O agendamento de reuniões com as autoridades para sugestões ao processo normativo deverá ser
realizado por escrito;
 Os profissionais cadastrados poderão ser ouvidos pelos tomadores de decisão à convite ou mediante
solicitação, em audiência formal ou nas reuniões de audiência pública;
 Será negado o registro ao agente que tenha sido condenado por ato de corrupção, tráfico de influência,
concussão, advocacia administrativa ou improbidade administrativa, enquanto durarem os efeitos da
condenação.
Os documentos que poderão ser apresentados às autoridades políticas COMO SUGESTÃO de agentes de
relações governamentais:
a) Análise de impacto de proposição legislativa ou regulatória;
b) Estudos, notas técnicas, pareceres e similares, com vistas à instrução do processo decisório;
c) Sugestões de emendas, substitutivos, requerimentos e demais documentos no âmbito do processo
legislativo ou regulatório;
d) Sugestão de requerimento de realização ou de participação em audiências públicas.

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As sugestões apresentadas pelos agentes de relações governamentais não serão vinculativas e sua
utilização será discricionária por parte dos membros do Poder Legislativo e Executivo, resguardada a
exclusividade das prerrogativas constitucionais destes membros.
Ilícito Civil:
A proposta caracteriza como crime de improbidade a percepção, por tomador de decisão ou pessoa em seu nome
ou a ele vinculada, de qualquer vantagem, doação, benefício, cortesia ou presente com valor econômico que
possa influenciar processo de decisão [não há prejuízo das demais sanções penais, civis e administrativas
cabíveis].
Aplica-se também ao agente de relações governamentais que induza à prática do ato de improbidade ou para ele
concorra ou dele se beneficie, de qualquer forma direta ou indireta.
Sanções (Art. 12, I, Lei nº 8.429, de 1992) – Poderão ser aplicadas isoladas ou cumulativamente:
1. Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
2. Ressarcimento integral do dano, quando houver;
3. Perda da função pública;
4. Suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos;
5. Pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial;
6. Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de dez anos;

 Não foi acatada a quarentena para o servidor ou parlamentar que tenha sido membro determinado
órgão público para que possa atuar como relações governamentais na mesma instituição.
 O texto fixa quarentena de quatro anos para os ex-presidentes, ex-governadores e ex-prefeitos que
decidirem exercer a atividade de lobistas;
 A proposta prevê que o agente se afaste quando houver conflito de interesse, como definido pela Lei
12.813/13;
 Caso o agente ocupe cargo de provimento efetivo, para atuar como representante de interesses, ele
deve estar em licença para o trato de assuntos particulares ou licença sem remuneração para o
desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional,
sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores
públicos para prestar serviços a seus membros

TEMAS PL 1961/15 (Rogério Rosso) Último Substitutivo


ÂMBITO DE
Atos e decisões administrativas e legislativas Decisões políticas
ATUAÇÃO
Legalidade, ética, transparência e acesso às
PRINCÍPIOS Legalidade, moralidade e publicidade
dependências públicas e autoridades
ÓRGÃO DE CLASSE Prevê a criação de Órgão de Classe Federal Não prevê Órgão de Classe

I - Processo de decisão política;


II - grupo de pressão;
DEFINIÇÕES Representante de grupos de pressão ou III – tomador de decisão;
CONCEITUAIS interesse IV – agentes de relações governamentais;
V – atividade de representação de
interesses.

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Registro obrigatório junto ao órgão de


CREDENCIAMENTO
atuação de cada Poder. Não há registro, nem credenciamento.
E REGISTRO
Credenciamento junto ao Órgão de Classe.

I - condenado por ato de corrupção, tráfico


I - condenados por crimes de corrupção ou
de influência, concussão, advocacia
improbidade administrativa;
VEDAÇÕES AO administrativa ou improbidade
II - Não tenham credenciamento;
EXERCÍCIO administrativa;
III - Tenham exercido cargo público nos
II - Lei nº 12.813/13 (incompatibilidades e
últimos 2 anos.
impedimentos de agentes públicos)

Traz diversas regras de transparência tais


como agenda pública, apresentação de Não impõe nenhuma regra específica de
TRANSPARÊNCIA
relatório de atividades, demonstrativo de transparência.
despesas, etc.

O agente que realizar atividades vedadas


ATIVIDADES O agente sujeita-se às sanções referidas no
sujeita-se a multa e descredenciamento por
VEDADAS art. 12, I, da Lei nº 8.429/92.
até 3 anos.

GARANTIAS AO Enumera uma série de atividades que podem


Não prevê garantias específicas.
PROFISSIONAL ser realizadas pelos agentes de relações gov.

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