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Resumo
A Educação Infantil brasileira teve seu início pautado no assistencialismo para as classes
menos abastadas com o intuito de cuidar das crianças enquanto as mães trabalhavam e por
outro lado oferecer educação aos filhos das classes média e alta no sistema pré-escolar.
Através da Constituição de 1988 a criança passa a ter direitos como cidadã à educação,
reforçando-se tal direito com o Estatuto da Criança e Adolescente, sendo o mesmo
consolidado através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) documento no qual a
Educação Infantil passa a ser dever do Estado e direito de toda criança. Assim, após a
efetivação da Educação Infantil como direito, uma série de Referenciais e Parâmetros de
Qualidade foram publicados no sentido de garantir uma educação de qualidade à infância.
Além disso Diretrizes Curriculares foram publicadas no ano de 1999 a fim de direcionar e
estabelecer critérios para o ensino infantil. Em 2009, com base em estudos e análise da
Educação para a infância no Brasil é publicado o Parecer 20/2009 que fixa as Novas
Diretrizes Curriculares da Educação Infantil, cuja análise de seus diferenciais e propostas é
realizada, observando as mudanças significativas previstas.
Introdução
A Educação Infantil tem alcançado uma notoriedade nos últimos anos. A preocupação
com a infância e a percepção que é nesse momento de vida que o ser humano apreende e
amplia seu potencial de aprendizagem e desenvolvimento têm modificado a visão e vêm
promovendo a valorização desta modalidade de ensino. O progresso alcançado no
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atendimento à criança é notório nos últimos vinte e dois anos, após a Constituição Federal
promulgada em 1988, bem como pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A criança passa
a ser vista com essa nova leitura de sociedade, em um ambiente democrático nacional, como
cidadã de pouca idade e, como participante da sociedade, passa a ter o direito à educação e
cuidados previstos por lei. Contudo, para que isso ocorresse na prática muitas mudanças
estavam por vir.
A relação deste enfoque e atenção à criança com a educação ocorre de forma mais
significativa com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), que
coloca que a Educação Infantil é a modalidade de ensino inicial da Educação Básica. Mais
uma vez fica valorizada a importância do zelo pela infância de uma forma diferenciada
daquela vista anteriormente no país, sendo que o direito à educação, segundo o Parecer
CNE/CEB nº 20/2009 (2009, p. 01) era: “para os mais pobres (...) caracterizada pela
vinculação aos órgãos de assistência social, para as crianças das classes mais abastadas, outro
modelo se desenvolveu no diálogo com práticas escolares”. Assim, além de propor o
atendimento à criança, a LDB 9394/96 traz a proposta da qualidade de atendimento tendo em
vista o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos em seus aspectos físico,
afetivo, intelectual, linguístico e social, complementando a ação da família e da comunidade.
À medida que a legislação foi estabelecendo mais amplitude ao atendimento e
educação das crianças, os estudos acerca de seu desenvolvimento, as pesquisas e as produções
sobre o assunto foram se ampliando. A cada mudança sugerida ou estabelecida surgiam novas
necessidades e especificações no tema do ensino à infância no Brasil.
Segundo Oliveira (2002, p.37) acerca desta mudança de visões e estruturas sobre a
infância e o que está a ela interligado:
Se analisada, essa citação pode parecer um tanto quanto utópica, mas é importante
ressaltar que a legislação, ao ser idealizada, prevê os progressos a serem obtidos e como será
o direcionamento de uma nova realidade. O que é fato é que com a LDB 9394/96 a Educação
Infantil incorpora uma visão, uma prática pedagógica e uma forma de gestão escolar bastante
diferenciadas do que era praticado anteriormente. Ela modificou a visão que se tinha da
instituição que ofertava a Educação Infantil, estabeleceu critérios para o profissional da área,
bem como para o ambiente onde a criança seria recebida. Previu a diferenciação entre o
conceito de creche e pré-escola e as propostas pedagógicas vinculadas a elas, bem como a
gestão escolar.
A partir deste momento, a formação para o profissional de Educação Infantil se
intensificou, repensando as posturas pedagógicas adotadas dentro dos espaços de Educação
Infantil como cita Oliveira (2010, p.119): “além disso, novas concepções acerca do
desenvolvimento da cognição e da linguagem modificaram a maneira como as propostas
pedagógicas para a área eram pensadas”.
O Ministério da Educação em 1999 formula um Referencial Curricular Nacional e as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, propostas pelo Conselho Nacional
de Educação, as quais estabelecem quais são os objetivos e o foco da Educação Infantil no
país, norteando como desenvolver as atividades com as crianças a partir de todas as mudanças
que gradativamente se fizeram presentes na legislação.
Fica claro que, dentro dessa nova perspectiva da educação infantil, buscava-se não
mais o assistencialismo à criança cuja mãe trabalhava e sim a educação de qualidade, direito
de todas as crianças. As Diretrizes deixam claro que o objetivo da Educação Infantil é
definitivamente não separar o cuidado da educação da criança e sim sincronizá-los nas
práticas diárias dos professores e comunidade escolar.
Durante o período de 1999 à 2010 o Ministério da Educação publicou uma série de
estudos, levantamentos e propostas acerca da qualidade de atendimento à Educação Infantil
demonstrando a constante preocupação da continuidade do processo de mudança desta
modalidade de ensino. Conforme o Parecer CNE/CEB nº 20/2009 (2009, p.02):
também possui seus direitos. E como tal, deve ter assegurada sua integridade, independente
do ambiente em que vive ou pelo qual é influenciada.
No artigo quinto nas Novas Diretrizes, a Educação Infantil é reforçada como primeira
etapa da Educação Básica, oferecida em creches e pré-escolas, cuidando e educando alunos.
Reforçando a legislação acerca do Ensino Fundamental de 9 anos, as alíneas 2 e 3
estabelecem que o público de seis anos completos até o dia 31 de março deve estar no 1º ano
do Ensino Fundamental, já os que aniversariam após esse dia permanecem na Educação
Infantil. Para esses alunos a frequência não é obrigatória ou pré-requisito para a entrada no
Ensino Fundamental de 9 anos. Em comparação às Diretrizes de 1999 no inciso V reafirmam
a Educação Infantil para “crianças de 0 a 6 anos”, diferentemente do proposto pelas Novas
Diretrizes de 2009, mudança essa caracterizada como um marco da alteração da legislação
nesse sentido.
Ambas as Diretrizes são unânimes em relação à inexistência de atividades que
sugiram, induzam ou busquem o ingresso do seu aluno no Ensino Fundamental devido ao
rendimento escolar e idade. Tendo em vista ainda que não ingressando no Ensino
Fundamental a criança tem garantido o seu direito à educação, no caso em pré-escolas até
poderem estar nesta modalidade de ensino.
Quanto aos princípios que regem a Educação Infantil, a única diferença está no
primeiro inciso. Enquanto as Diretrizes anteriores colocam que os fundamentos norteadores
são: princípios éticos da autonomia, responsabilidade, solidariedade e do respeito ao bem
comum. As Novas Diretrizes colocam que os princípios éticos focam-se na autonomia,
responsabilidade, respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades de singularidades. O texto assim deixa claro que o trabalho a ser desenvolvido
deve pautar-se em “momentos sociais” que serão marcantes na vida e hábitos dos alunos,
sejam eles envolvidos em fatores ambientais, de sociedade e de família. Tendo como foco
ainda os princípios éticos, afirma-se que o respeito e a adequação às diferenças culturais, tanto
na proposta pedagógica quanto na rotina diária do aluno, devem estar presentes e serem dados
como exemplo pelos educadores. Quanto aos princípios políticos e estéticos, não houve
alterações de posicionamento.
O artigo sétimo das Diretrizes Curriculares de 2009 oferece bastante profundidade ao
atendimento à infância. Inicialmente por salientar os direitos da criança, que vão além de um
prato de comida, vestimentas, saúde, proteção quanto a violência do adulto ou ainda à
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otimizem suas vivências na creche e pré-escola, garantindo que esses espaços sejam
estruturados de modo a permitir sua condição de sujeitos ativos e a ampliar suas
possibilidades de ação nas brincadeiras e nas interações com as outras crianças,
momentos em que exercitam sua capacidade de intervir na realidade e participam
das atividades curriculares com os colegas. Isso inclui garantir no cotidiano da
instituição a acessibilidade de espaços, materiais, objetos e brinquedos,
procedimentos e formas de comunicação e orientação vividas, especificidades e
singularidades das crianças com deficiências, transtornos globais de
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Fica claro nesta citação que a brincadeira também deve ocorrer sem a intervenção do
adulto, mas também cabe a ele a condução da criança ao contato e conhecimento de diversas
práticas de expressão cultural e artística como a música, a dança, a poesia, o cinema, a
pintura, o teatro, os textos narrados, escritos ou dramatizados, de forma que todas as
experiências sejam prazerosas, gerando a continuidade de tais práticas durante toda a vida do
indivíduo. Além disso, o contato promovido no ambiente de Educação Infantil também deve
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passar para o Ensino Fundamental, uma mudança brusca e mal embasada pode prejudicar seu
rendimento escolar e aprendizagem, bem como dificultar o trabalho docente no processo de
apreensão dos conteúdos previstos, como a aquisição da leitura e escrita de forma mais
sistematizada. O que se percebe atualmente é uma ansiedade familiar muito grande em
relação às transições dos alunos, muitas vezes não respeitando a maturidade da criança.
O que se vê hoje em relação à mudança da criança da Educação Infantil para o Ensino
Fundamental, em decorrência da “abertura” da lei, através de liminares, é o ingresso
antecipado de crianças caracteristicamente da Educação Infantil no Ensino Fundamental, algo
que possivelmente será resolvido quando as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Infantil e O Ensino de Nove Anos vigorarem em definitivo na Educação Brasileira.
Conclusão
A Educação no Brasil de uma forma em geral é recente, mas ainda assim passou por
muitas reformulações, sempre em busca da qualidade de atendimento e ensino, mas para
alterar as práticas pedagógicas e curriculares mudanças significativas devem acontecer
globalizando ainda mais na Educação Infantil, o acesso à educação e às mais diversas formas
de expressão e cultura presentes em nossa sociedade atual.
O processo é amplo e gradativo, mas cabe a cada educador, a cada gestor analisar
dentro da sua realidade o que precisa e deve ser modificado, começando pelo acesso de toda a
criança a partir dos quatro anos à Educação Infantil. Fazendo um comparativo com a primeira
visão que se tinha de criança com a noção que hoje existe sobre a importância e relevância da
aprendizagem e incentivação nesta fase da vida, percebe-se que já se avançou muito.
Por outro lado, observando-se a distinção que ainda existe entre as camadas da
sociedade e os grupos minoritários que continuam excluídos de alguns “privilégios” que nada
mais são do que seus direitos (tidos por privilégios apenas por se concentrarem nas mãos de
poucos), vê-se que ainda há muito a se fazer pela infância brasileira.
Dessa forma, as Novas Diretrizes Curriculares e todo o trabalho que existiu em seus
bastidores no sentido de redigi-las e publicá-las é apenas o primeiro passo de toda uma
mudança que precisa acontecer de forma que toda criança seja valorizada como indivíduo,
como ser humano, como cidadã de direitos desde o seu nascimento.
O desejo de todos aqueles que são envolvidos com Diretrizes, Referenciais e Leis é
simplesmente que os direitos de todos os cidadãos com menos de seis anos sejam respeitados,
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REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Z.M.R. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 5.ed. São Paulo: Cortez,
2010.