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Vigilância Epidemiológica
Vigilância Epidemiológica
Definição:
Informaçãodecisãoação

Entende-se por Vigilância Epidemiológica um conjunto de ações que


proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual
ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos.
Lei Orgânica da Saúde Artigo 6o, Parágrafo 2º (BRASIL, 1990).

SMSDCRJ - II Fórum Mortalidade Infantil e Materna: integrando Vigilância e Cuidado-


Cuidado- 2010
Histórico da Vigilância Epidemiológica (VE)

•William Farr (1839-1879) – Monitoramento de problemas de


Saúde e intervenção;
•Século XX: Campanhas sanitárias estatais para controle de
doenças transmissíveis
•1950 Campanhas de Erradicação da Malária – avanço
metodológico em VE: monitoramento, investigação de surtos,
busca ativa de casos; vacinação
•1960 Erradicação Mundial da Varíola  Sistemas de VE

•Brasil 1975  Sistema Nacional de VE (Notificação compulsória


de Doenças e agravos à saúde);
Histórico da Vigilância Epidemiológica (VE)

Transições demográfica e epidemiológica

• Brasil a partir de 1991 Ampliação da Atuação da VE


– Monitoramento e Controle de Doenças e Agravos não
Transmissíveis (DANT); Vigilância de Óbitos; Violência e
Acidentes; Vigilância ambiental, Centros de Informação
Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde (CIEVS) etc..
Sistemas de Vigilância Epidemiológica

• vigilância passiva
Método de coleta de dados baseado na notificação espontânea
* mais simples, menor custo e mais fácil de institucionalizar
* sub-registro de casos.
• vigilância ativa
A equipe de vigilância estabelece contato direto e sistemático com as
fontes de informação.
*investigação mais completa, maior uniformidade dos dados etc.
* mais caros
Lista Nacional de Doenças e Agravos
de Notificação Compulsória
PORTARIA Nº 1.271, DE 6 DE JUNHO DE 2014

I. Botulismo XI. Eventos Adversos Pós-Vacinação


II. Carbúnculo ou Antraz XII.Febre Amarela
III. Cólera XIII. Febre do Nilo Ocidental
IV. Coqueluche XIV. Febre Maculosa
V. Dengue XV. Febre Tifóide
VI. Difteria XVI. Hanseníase
VII. Doença de Creutzfeldt - Jacob XVII. Hantavirose
VIII. Doenças de Chagas (casos agudos) XVIII. Hepatites Virais
IX. Doença Meningocócica e outras XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência
Meningites Humana – HIV em gestantes e crianças expostas
X. Esquistossomose (em área não ao risco de transmissão vertical
endêmica) XX. Influenza humana por novo subtipo
(pandêmico)
Lista Nacional de Doenças e Agravos
de Notificação Compulsória
PORTARIA Nº 1.271, DE 6 DE JUNHO DE 2014

XXI. Leishmaniose Tegumentar Americana


XXXI. Síndrome da Rubéola Congênita
XXII. Leishmaniose Visceral;
XXXII. Sarampo
XXIII. Leptospirose
XXXIII. Sífilis Congênita
XXIV. Malária
XXXIV. Sífilis em gestante
XXV. Meningite por Haemophilus
XXXV. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida -
influenzae
AIDS
XXVI. Peste
XXXVI. Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda
XXVII. Poliomielite
XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda Grave
XXVIII. Paralisia Flácida Aguda
XXXVIII. Tétano
XXIX. Raiva Humana
XXXIX. Tularemia
XXX. Rubéola
XL. Tuberculose
XLI. Varíola
Lista Nacional de Doenças e Agravos
de Notificação Compulsória
PORTARIA Nº 1.271, DE 6 DE JUNHO DE 2014

Doenças e Agravos de notificação imediata:


I. Caso suspeito ou confirmado de:
a) Botulismo II. Caso confirmado de:
b) Carbúnculo ou Antraz a) Tétano Neonatal
c) Cólera
d) Febre Amarela
III. Surto ou agregação de casos ou de óbitos
e) Febre do Nilo Ocidental
por:
f) Hantaviroses
a) Agravos inusitados
g) Influenza humana por novo subtipo
b) Difteria
(pandêmico)
c) Doença de Chagas Aguda
h) Peste
d) Doença Meningocócica
i) Poliomielite
e) Influenza Humana
j) Raiva Humana
IV. Epizootias e/ou morte de animais que podem
l) Sarampo, em indivíduo com história de
preceder a ocorrência de doenças em
viagem ao exterior nos últimos 30 (trinta) dias
humanos:
ou de contato, no mesmo período, com
a) Epizootias em primatas não humanos
alguém que viajou ao exterior
b) Outras epizootias de importância
m) Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda
epidemiológica
n) Síndrome Respiratória Aguda Grave
o) Varíola
p) Tularemia
Lista Nacional de Doenças e Agravos
de Notificação Compulsória
PORTARIA Nº 1.271, DE 6 DE JUNHO DE 2014
Resultados laboratoriais devem ser notificados de forma imediata pelos Laboratórios de Saúde Pública
dos Estados
(LACEN) e Laboratórios de Referência Nacional ou Regional
I. Resultado de amostra individual por:
a) Botulismo
b) Carbúnculo ou Antraz
c) Cólera
d) Febre Amarela
e) Febre do Nilo Ocidental
f) Hantavirose
g) Influenza humana por novo subtipo (pandêmico)
h) Peste
i) Poliomielite
j) Raiva Humana
l) Sarampo
m) Síndrome Respiratória Aguda Grave
n) Varíola
o) Tularemia
II. Resultado de amostras procedentes de investigação de
surtos:
a) Agravos inusitados
b) Doença de Chagas Aguda
c) Difteria
d) Doença Meningocócica
e) Influenza Humana
Notificação compulsória: critérios para o
estabelecimento das listas de doenças

•Magnitude: incidência e/ou prevalência, mortalidade, anos potenciais de


vida perdidos.
•Potencial de disseminação: transmissibilidade da doença.
•Transcendência: gravidade da doença (letalidade, hospitalizações e
seqüelas) e repercussões sociais e econômicas.
•Vulnerabilidade: possibilidade de controle por medidas regulares de
prevenção e controle.

•Compromissos internacionais: OPAS/OMS, doenças de notificação


compulsória internacional (Regulamento Sanitário Internacional,) como a
peste, febre amarela e cólera;

•Epidemias, surtos e agravos inusitados


Notificação de caso

• Notificar a simples suspeita da doença. Não se deve aguardar a


confirmação do caso para se efetuar a notificação, pois isto pode
significar perda da oportunidade de intervir eficazmente;

• A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do


âmbito médicosanitário em caso de risco para a comunidade,
respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos;

• Notificação imediata (via telefone, fax ou email - notifica@saude.gov.br)


• Notificação passiva x ativa
• Notificação negativa
Definição de caso

• Caso suspeito
– Sinais e sintomas clínicos sugestivos da doença em questão, de
tal forma a abranger a maioria dos casos, mas não
excessivamente amplo a ponto de incluir muitos casos de outras
entidades clínicas.
– ALTA SENSIBILIDADE
– ALTO VALOR PREDITIVO NEGATIVO (especialmente nos
contextos de baixa prevalência)

• Exemplo: Caso suspeito de poliomielite


– Todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em menores de 15
anos, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite.
– Toda hipótese diagnóstica de poliomielite, em pessoas de qualquer idade.
– Nota: os casos de paralisia ocular isolada e paralisia facial periférica não devem
ser investigados.
Definição de caso

• Caso confirmado
– Critérios clínicos, quando suficientes (tétano)
– Critérios laboratoriais (febre tifóide)
– Critérios epidemiológicos: evidência de exposição ao agente
etiológico (contato co caso confirmado de sarampo)
– ALTA ESPECIFICIDADE
– ALTO VALOR PREDITIVO POSITIVO (especialmente nos
contextos de alta prevalência – subgrupo de casos suspeitos)
 Critérios variáveis em função do contexto
epidemiológico
 Cólera: confirmação por critério laboratorial, exceto durante
surtos/epidemias, quando o citério clínico é suficiente.
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – IESC
Curso de Graduação em Saúde Coletiva - Disciplina: Bases Conceituais de Vigilância em Saúde

Sistema de Informações sobre Agravos de


Notificação – SINAN
Fluxo de informação

Fonte: Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 6a ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2005.
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – IESC
Curso de Graduação em Medicina
Disciplina: Epidemiologia

SINAN

Ficha de
Notificação
Individual

Fonte: http://www.ufjf.br/hu/files/2013/04/NOTIFICACAO-INDIVIDUAL-NEGATIVA-INDIVIDUAL-OU-SURTO.pdf
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – IESC
Curso de Graduação em Medicina
Disciplina: Epidemiologia

SINAN

Ficha de
Investigação
Epidemiológica

Fonte: Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 6a ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2005.
Fonte de Dados em Vigilância Epidemiológica
1) Notificação compulsória (universal)

-Principal fonte de informação de doenças transmissíveis;

-Obrigatoriedade da notificação todo cidadão (casos suspeitos) e


profissionais de saúde (suspeitos e após investigação confirmados);

- imediata ou não;

2) Investigações
- de surtos e epidemias;
- investigações ou especiais: dados incompletos;
dificuldades para medir eficácia vacinal; cobertura vacinal;
pesquisa etiológica etc...
Fonte de Dados em Vigilância Epidemiológica

3) Vigilância sentinela (não universal)  subconjunto de dados suficiente para


aprofundar a investigação epidemiológica (diarréias, infecções respiratórias);
OBS: diferente de evento sentinela

4) Sistema de Informações
- sobre Mortalidade (SIM);
- de Internação Hospitalar (SIH-SUS)

5) Laboratórios;

6) Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos complementares


Doenças e Agravos não transmissíveis
• Objetivos do monitoramento de DANT
– reduzir a incidência,a prevalência, prorrogar o surgimento de
complicações e incapacidades delas advindas, reduzir
incapacidades e melhorar a qualidade de vida.
hábitos alimentares; atividade física; álcool; tabaco
•Fonte de dados:
- Sistemas de Informações (Ambulatorial SAI- SUS; SIH-
SUS; SIM; registros de câncer);
- Vigilância sentinela (Rede de Serviços de Vigilância de
violência e acidentes-VIVA, desde 2006, emergência médica);
-Inquéritos para fatores de risco e DANT ex:
VIGITEL(>=18 anos; morbidade referida, HA, diabetes, sobrepeso,
obesidade, tabaco e álcool);
-PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (escolares
adolescentes)
Vigilância de Óbitos
Óbitos fetais, infantis, de mulheres em idade fértil e
maternos declarados

vigilância cuidado

ações investigação
comitê comissões

Qualificação da assistência
infantil e materna e prevenção de
óbitos

SMSDCRJ - II Fórum Mortalidade Infantil e Materna: integrando Vigilância e Cuidado-


Cuidado- 2010
Investigação de Causas Mal Definidas

Programa “Redução do Percentual de Óbitos com Causa Mal Definida”.

Autopsia Verbal
método para investigar as mortes ocorridas fora do ambiente
hospitalar ou quando na declaração de óbito foram classificadas como mal
definidas.

Entrevistas aos familiares e/ou cuidador da pessoa falecida.


Vigilância Ambiental

1. Vigilância e controle de fatores de risco biológicos

•Vetores;
•Hospedeiro e reservatórios
•Animais peçonhentos (aranha, serpentes, escorpiões etc).
John Snow: epidemia de cólera em
Londres (1832-1855)
Experimento Natural: testando hipótese etiológica
(informação individualizada)
Vigilância Ambiental
2. Vigilância e controle de fatores de risco Não biológicos

•Água para consumo humano;


•Contaminantes ambientais (poluentes);
•Desastres naturais e acidentes com produtos
perigosos;
Monitoramento da mortalidade e a exposição
ambiental
Desastres naturais e acidentais
Life Span Study:
120.000 pessoas (1950 Japanese National
Census).

Hiroshima about one hour after the bombing on 6


August 1945.
Photo: the U.S.Army.

Radiation Effects Research Foundation http://www.rerf.or.jp/eigo/experhp/rerfhome.htm


Acidente com Césio-137

Goiânia, 1987
•Aparelho de Radioterapia abandonado
•Catadores de lixo – retiraram peças do aparelho e as venderam
para um ferro-velho
•Além do dono do ferro velho, várias pessoas foram expostas ao pó
brilhante azulado proveniente do interior das peças desmontadas e
exibido aos “convidados”
•O maior acidente radioativo no mundo ocorrido fora de usinas
nucleares
Vigilância Epidemiológica de Doenças Emergentes

definições

Nicolai, 2012
DOENÇAS EMERGENTES

Nicolai, 2012
DESASTRES NATURAIS

EVENTOS DE MASSA

Nicolai, 2012
Global Outbreak Alert and Response Network

EVENTOS DE MASSA

2001
Esta é uma
GOARN
estratégia
mundial e muito
2005 recente.

Nicolai, 2012
Centros de Informação Estratégicas e respostas em
Vigilância em Saúde
Registro dos eventos notificados e
monitorados

Monitor CIEVS
SMSRJ

Nicolai, 2012
Vigilância epidemiológica
Disseminação da informação

Monitoramento
38, 2015 dos casos de dengue e febre de chikungunya até a Semana Epidemiológica
Vigilância epidemiológica
Funções: Disseminação da informação

http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/22/2015-034---Dengue-SE-38.pdf
Vigilância epidemiológica
Aplicações
Estimar a magnitude dos problemas de saúde
Vigilância epidemiológica
Aplicações
Caracterizar a distribuição geográfica e temporal das
doenças
Vigilância epidemiológica
Aplicações

Detectar epidemias e novos problemas de saúde

Nicolai CCA, 2013


Vigilância epidemiológica
Aplicações
Avaliar as medidas de controle
Vigilância epidemiológica
Aplicações
Auxiliar o planejamento em saúde

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