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Análise de Estruturas I

Análise de Estruturas
2014/2015
Ildi Cismaşiu & Corneliu Cismaşiu
ildi@fct.unl.pt cornel@fct.unl.pt

Departamento de Engenharia Civil


Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade Nova de Lisboa

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.1/86


Introdução ao Método das Forças
Condições básicas da Análise Estrutural

ELASTICIDADE
Esforços Deformações

EQUILÍBRIO COMPATIBILIDADE

Forças Externas Deslocamentos

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.2/86


Introdução ao Método das Forças
Método de análise de problemas estruturais hiperestáticos,
que utiliza como incógnitas forças e momentos (reacções ou
esforços internos).
Formalização do Método das Forças - uso das condições
básicas de análise.
As condições básicas do problema devem ser atendidas pela
seguinte ordem:

equilíbrio → comportamento dos materiais → compatibilidade

Determinar, dentro de um conjunto de soluções equilibradas


(mas não compatíveis), uma solução que satisfaz também as
condições de compatibilidade.
Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.3/86
Introdução ao Método das Forças

Na prática, somam-se uma série de soluções básicas, que


satisfazem o equilíbrio e as leis constitutivas mas não as
condições de compatibilidade da estrutura original, para
restabelecer as condições de compatibilidade da estrutura
original.
As soluções básicas são obtidas numa estrutura auxiliar
isostática ( SISTEMA BASE) obtida introduzindo libertações
na estrutura original.
As forças (e/ou momentos) correspondentes as ligações
eliminadas são as incógnitas do problema hiperestático.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.4/86


Indet. estática das est. reticuladas
Na análise de uma estrutura sujeita a uma determinada
solicitação, as incógnitas de natureza estática são:
• as reacções que se desenvolvem nos aparelhos de apoio

• os esforços que se instalam nos elementos resistentes

A aplicação das equações da Estática origina um número de


relações:
• suficientes para o cálculo das reacções de apoio e dos
esforços em qualquer secção da estrutura → estrutura
isostática ou estaticamente determinada
• insuficientes → estrutura hiperstática ou estaticamente
indeterminada

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.5/86


Indeterminação estática
Indeterminação estática das estruturas reticuladas
Estrutura arborescente F
Peça contínua (sem libertações internas), com uma
ligação ao meio de fundação por encastramento esforços
nulos
total e caracterizada pela existência de um caminho caminho
único
único que liga qualquer par de secções (nenhuma
barra se fecha sobre si).
Interiormente isostática por ser possível calcular os esforços em qualquer
secção recorrendo exclusivamente às equações da Estática (existe um
caminho único de escoamento dos esforços que se transmitem ao meio de
fundação).

Exteriormente isostática em consequência de a ligação por encastramento ser


capaz de mobilizar o número e o tipo de reacções necessárias e suficientes
para equilibrar qualquer solicitação.

Uma vez que tanto as reacções de apoio como os esforços podem ser
calculados recorrendo exclusivamente às equações da Estática →
globalmente isostática.
Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.6/86
Indeterminação estática
A hiperstatia de uma estrutura resulta de um excesso de ligações entre os
elementos estruturais, ou destes ao meio de fundação.

Se esse excesso se manifesta ao nível das ligações dos elementos ao meio


de fundação → estrutura exteriormente hiperstática.

• Deixa de existir um caminho único de ligação


F
entre a secção de aplicação da carga e o
meio de fundação;
• As equações da Estática deixam de ser
suficientes para exprimir todas as reacções
de apoio exclusivamente em função da
solicitação.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.7/86


Indeterminação estática (cont)
Se o excesso de ligações se verifica entre os próprios elementos estruturais
→ estrutura interiormente hiperstática.

• Ao fechar uma malha, passa a


existir mais do que um caminho F
ligando uma secção da estrutura
com qualquer outra contida na
malha;
• A maneira como se transmitem
os esforços nos elementos que
formam a malha deixa de poder
ser quantificada recorrendo
exclusivamente às equações da
Estática.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.8/86


Indeterminação estática (cont)
Quando a peça não é contínua, por cada libertação existente pode formular-se
uma nova equação de equilíbrio que obriga a ser nulo o esforço
correspondente à libertação em causa → redução de um grau na hiperstatia
da estrutura.

A localização da libertação não é arbitrária. Uma libertação mal colocada


pode provocar a perda da capacidade resistente da estrutura → mecanismo.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.9/86


Determinação do grau de hiperstatia
Métodos:

• Estatia exterior, interior e global: α = αe + αi


onde: αe = N Rreac_ext − 3(6)
αi = 3(6)N Rmalhas_f echadas − N Rlib_internas
• Método das Estruturas arborescentes

• Método da Estrutura fundamental

• outros ...

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.10/86


Determinação do grau de hiperstatia
Método das Estruturas arborescentes

O método das estruturas arborescentes consiste em transformar a estrutura


original numa ou mais estruturas arborescentes através de cortes de ligações
e/ou introdução de ligações.

Cortar ligações significa fixar em zero o valor do esforço ou reacção na ligação


suprimida. Os cortes serão feitos de modo que cada corte anule três (seis)
esforços.

Introduzir ligações significa fixar em zero o deslocamento (rotação)


correspondente, o que corresponde a considerar um esforço (ou reacção)
adicional na ligação introduzida.

O grau de indeterminação estática global é dado pela soma algébrica do


número de cortes (+) e do número de ligações introduzidas (−).

αg = 3(6) × Ncortes − Nligacoes

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.11/86


Determinação do grau de hiperstatia
Estrutura fundamental - Estruturas sem libertações

– estrutura contínua (sem libertações internas) em


que todas as ligações ao meio de fundação se
realizam por encastramento total.

O número de reacções de apoio possíveis é dado


por
r = 3(6)Nf

onde Nf é o número de nós de fundação da


estrutura.

com 3(6) equações fornecidas pela Estática →

αe = 3(6)(Nf − 1) grau de hiperstatia exterior

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.12/86


Determinação do grau de hiperstatia
Estrutura fundamental (cont)
Na discussão da hiperstatia interior de uma estrutura, supõem-se que, para
além da solicitação, todas as reacções de apoio são conhecidas.

M N N M

V V
Uma estrutura contínua é interiormente isostática
quando não contém malhas fechadas.

Uma malha fechada é 3(6) vezes hiperstática.

Ao abrir a malha é necessário introduzir um corte,


o que equivale a libertar 3(6) esforços → M1 T
V1 N
M2
αi = 3(6) Ci grau de estatia interior V2

onde Ci representa o número de malhas fechadas


que a estrutura contém, depois de desligada do
meio de fundação.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.13/86


Determinação do grau de hiperstatia
Estrutura fundamental (cont)
α = αe + αi = 3(6)(Ci + Nf − 1) grau de hiperstatia global

αe = 3 ×( 3 −1) = 6
|{z} |{z}
2D Nf

αi = 3 × 3 = 9
|{z} |{z}
2D Ci

α = 3 ×( 3 + 3 −1) = 15
|{z} |{z} |{z}
2D Ci Nf

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.14/86


Determinação do grau de hiperstatia
Estrutura fundamental - Estruturas com libertações
• A cada libertação existente numa estrutura, está associada uma nova equação de
equilíbrio;
• Se a libertação for externa, isto é entre os elementos estruturais e o meio de
fundação, essa equação obriga a ser nula a reacção de apoio correspondente;
• Se a libertação for interna, isto é entre os próprios elementos estruturais, a nova
equação de equilíbrio obriga a ser nulo o esforço libertado.

Uma estrutura com libertações pode ser reduzida à estrutura fundamental correspondente,
bloqueando todas as libertações existentes, internas e externas.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.15/86


Determinação do grau de hiperstatia
Grau de hiperstatia exterior Grau de hiperstatia interior
8 9 8 9
< 3 = < 3 =
αe = (N − 1) − Le αi = C − Li
: 6 ; f : 6 ; i

Grau de hiperstatia global


8 9 8 9
< 3 = < 3 =
α= (C + Nf − 1) − Li − Le ou α= C − Li − Le
: 6 ; i : 6 ;

• Le – número de libertações externas


• Li – número de libertações internas
• C – número de malhas fechadas existentes na estrutura fundamental correspondente,
com um único nó de fundação.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.16/86


Determinação do grau de hiperstatia

αe = 3 ×( 4 −1) − 6 = 3
|{z} |{z} |{z}
2D Nf Le C=5

αi = 3 × 2 − 4 = 2 α= 3 × 5 − 4 − 6 =5
|{z} |{z} |{z} |{z} |{z} |{z} |{z}
2D Ci Li 2D C Li Le

α = αe + αi = 3 + 2 = 5

Observação
A maneira mais simples de evitar a má interpretação da representação gráfica de uma
estrutura é trabalhar sobre o modelo discretizado. A introdução de nós a limitar as barras da
estrutura, obriga a localizar as libertações de uma maneira inequívoca.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.17/86


Determinação do grau de hiperstatia

Várias interpretações possíveis

Ligações indicadas de uma maneira inequívoca

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.18/86


Determinação do grau de hiperstatia
Observações

É importante ter em atenção que tanto as reacções de apoio como os


esforços nos elementos estruturais são quantidades vectoriais e que esta
informação não pode ser contabilizada pelas definições do αi , αe e α.

Na dedução das definições para os graus de hiperstatia,


esteve implícita a hipótese de que as equações de equilíbrio
disponíveis eram linearmente independentes, o que pode nem
sempre suceder.

A independência linear das equações da Estática está garantida no caso de


estruturas sem libertações. No caso de estruturas com libertações, tanto o
número como o tipo e a localização podem destruir a independência linear das
equações de equilíbrio disponíveis.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.19/86


Determinação do grau de hiperstatia
Observações
Um sistema hipostático não é necessariamente instável para todas as
solicitações, assim como não é condição suficiente de estabilidade o sistema
ter grau de indeterminação estática maior ou igual à zero.

α=3×2−6=0 ⇒ estrutura isostática


Errado – A fórmula não reconhece o tipo e a orientação dos apoios, nem a da
solicitação.

Para solicitações horizontais a estrutura é hipostática!


Para solicitações verticais a estrutura é hiperstática!

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.20/86


Determinação do grau de hiperstatia
No caso da impossibilidade de representação gráfica do comportamento de
determinado tipo de elemento estrutural (caso típico – estruturas com cabos)
→ as definições para os graus de hiperstatia produzem resultados falsos.

A C

α = |{z}
3 × |{z}
3 − |{z}
3 − |{z}
4 = 2 = (3 − 3) + 2 ∗ 3 − 4
| {z } | {z }
2D C Le Li αe αi

O que caracteriza o cabo (ABC ) é não só estar sujeito apenas a esforço axial,
como também o facto de esse esforço ser o mesmo em toda a peça! Isto
implica a existência de mais uma equação de equilíbrio disponível que
estabelece que o NAB = NBC .
α=2− 1
|{z} =1
NAB =NBC

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.21/86


Determinação do grau de hiperstatia

Exemplo

J
cabo
cabo
I

A B C H D E F

α= 3 × 6 − 3 − 8 − 1 =6
|{z} |{z} |{z} |{z} |{z}
2D C Le Li NBJ =NJE

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.22/86


Método das Forças
Lembrar...
A aplicação do método das forças consiste em
"somar"(sobreposição dos efeitos) uma série de soluções
básicas, que satisfazem o equilíbrio e as leis constitutivas
mas não as condições de compatibilidade da estrutura
original, para restabelecer as condições de compatibilidade
da estrutura original.

As soluções básicas são obtidas numa estrutura auxiliar


isostática (SISTEMA BASE) obtida introduzindo α libertações
na estrutura original.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.23/86


Método das Forças
Descrição do método
1. Grau de hiperstatia e sistema base q
Determina-se α.

2. Sistema base Determina-se o sistema EI


A B C
base (SB) por introdução de libertações L L
na estrutura original hiperstática. Evitar
transformar a estrutura num mecanismo
total ou parcial! α=3×2−4=2
Obs: O número de libertações pode ser

menor do que α desde que a estrutura
hiperestática resultante é simples e a
análise fácil de fazer. q
X2
As incógnitas do problema são as forças
correspondentes as ligações cortadas
X1
(reacções externas e/ou esforços
sistema base
internas), Xi (incógnitas hiperestáticas).

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.24/86


Método das Forças

3. Incompatibilidades em deslocamentos

As libertações introduzem incompatibilidades


q
em deslocamentos:

δvB 6= 0 e θC 6= 0 ∆10 ∆20

Calculam-se estes erros em deslocamentos,


∆i0 , provocados pela carga aplicada (forças
externas aplicadas, assentamentos de apoio, 5qL4
δvB = ∆10 =−
variação de temperatura, ...). 24EI
O sinal dos ∆i0 está associado com o sentido C qL3
dos Xi . θ = ∆20 =−
3EI

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.25/86


Método das Forças
4. Deslocamentos provocados pelas Xi

Calculam-se os deslocamentos provocados no


sistema base pelas incógnitas hiperestáticas δ21
Xi , com valor unitário. δ11
Estes deslocamentos (flexibilidades), δij ,
calculam-se nos mesmos pontos e segundo as X1 = 1
mesmas direcções como as incompatibilidades
calculadas no ponto 2. δ22
X2 = 1
δij – deslocamento no sistema base segundo a δ12

direcção da incógnita hiperstática Xi devido a


solicitação unitária Xj = 1.

L3 L2
δ11 = δ21 =
6EI 4EI

L2 2L
δ12 = δ22 =
4EI 3EI

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.26/86


Método das Forças
5. Reposição das condições de compatibilidade

Determinam-se os valores das incógnitas


q
hiperestáticas que restabelecem as condições gL2/14
de compatibilidade da estrutura original, A C
violadas na obtenção do sistema base. B
8qL/7
A determinação das incógnitas Xi é feita
utilizando o princípio da sobreposição
dos efeitos, somando aos deslocamentos δVB = 0 e θC = 0
provocados no sistema base pelas cargas
aplicadas os deslocamentos provocados pelas
incógnitas hiperestáticas. (
∆10 + δ11 X1 + δ12 X2 = 0
Xα ∆20 + δ21 X1 + δ22 X2 = 0
∆i0 + δij Xj = ∆i i = 1, α
j=1

onde ∆i representa o deslocamento imposto
8qL qL2
na estrutura original segundo a direcção da X1 = X2 =
7 14
incógnita hiperstática Xi .

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.27/86


Matriz de flexibilidade
Condições de compatibilidade
α
X α
X
∆i0 + δij Xj = ∆i ou δij Xj = ∆i − ∆i0
j=1 j=1

Condições de compatibilidade - forma matricial

F X = ∆ − ∆0
• F [δij ] – é a matriz de flexibilidade; δij representa o coeficiente de
flexibilidade, isto é translação ou rotação no SB segundo a direcção da
incógnita Xi devido a carregamento Xj = 1;
• X [Xj ] – é o vector das incógnitas hiperestáticas;
• ∆[∆i ] – vector dos deslocamentos impostos; ∆i representa o
deslocamento imposto segundo a direcção da incógnita hiperstática Xi ;
• ∆0 [∆i0 ] – vector das descontinuidades; ∆i0 representa o deslocamento
segundo a direcção da incógnita hiperstática Xi devido a solicitação
externa.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.28/86


Método das Forças
2 3 q
L3 L2
2 3
6 6EI 4EI 7
δ11 δ12 6 7
EI
F =4 5=6
6
7
7
δ21 δ22 4 L2 2L 5 A B C
L L
4EI 3EI
8 9 8 9
< X = < ∆ =
1 1
X= ; ∆= =0 q
: X2 ; : ∆2 ;
X2
8 9 8 9
< ∆
10
= qL3 < 5L = X1
∆0 = =−
: ∆20 ; 24EI : 8 ; sistema base

q
8 9 gL2/14
qL < 16 =
X = F −1 (∆ − ∆0 ) ⇒ X= A C
14 : L ; B
8qL/7

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.29/86


Método das Forças
Observações
• A matriz de flexibilidade, F , depende das propriedades da estrutura e do
sistema base escolhido.
• A matriz da flexibilidade é uma matriz simétrica;

δij = δji e δii > 0

• Cada coluna da matriz representa os deslocamentos obtidos para o


mesmo carregamento unitário.
• O vector das descontinuidades, ∆0 depende das propriedades da
estrutura, do sistema base escolhido e da solicitação externa. Para obter
a solução para um outro carregamento, mantendo o mesmo SB, apenas
é necessário recalcular o vector das descontinuidades.

Os esforços finais podem ser obtidos q


gL2/14
resolvendo a estrutura isostática com o
carregamento representado ou aplicando a A C
P B
sobreposição dos efeitos, S = S0 + Si Xi . 8qL/7

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.30/86


Revisão dos métodos energéticos
Trabalho virtual e virtual
complementar
Deformação virtual – qualquer
deformação infinitesimal compatível
com as ligações externas e
internas (e que não provoca
necessariamente incremento de
força e tensão).

O trabalho virtual elementar de uma


força F ~ pelo deslocamento virtual
infinitesimal δ~s, define-se como,

~ · δ~s = F δs cos α = F δu
δW = F
~ pelo deslocamento
O trabalho virtual complementar elementar de uma força infinitesimal δ F
~s, define-se como,
~ · ~s = δF s cos α = δF u
δW ∗ = δ F

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.31/86


Princípio dos trabalhos virtuais
Os princípios definem as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio
de um corpo sob acção das forças externas.
Princı́pio dos trabalhos virtuais
SISTEMA (Real) DE FORÇAS SISTEMA VIRTUAL
(equilibrado) ( compatível)

Fi

δi

estado de tensão: σ estado de deformação: ε̄


P
Fi δ̄i – trabalho das força Fi no deslocamento virtual δ̄i
δ Wi (σ, ε̄) – trabalho virtual de deformação da tensão σ na deformação virtual ε̄

Se o sistema de forças Fi está em equilíbrio com as tensões σ, o trabalho das forças


externas é igual ao trabalho das forças internas, em qualquer deformação virtual.
X
Fi δ¯i = δWi (σ, ε̄)

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.32/86


Princípio dos trabalhos virtuais

No caso particular em que a deformação dos corpos é nula (apenas existem movimentos de
corpos rígidos), o trabalho produzido pelas forças aplicadas em equilíbrio nos deslocamentos
virtuais é nulo.

X
Fi δ̄i = 0

Fi

δi

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.33/86


Princípio do trabalho virtual complementar
Sistema COMPATÍVEL Sistema EQUILIBRADO
(REAL) ( VIRTUAL)

Fi
Fi

δi

estado de deformação: ε estado de tensão: σ̄


P
δi σ̄i – trabalho das forças virtuais F̄i no deslocamento δi
δWi⋆ (σ̄, ε) – trabalho virtual de deformação das tensões virtuais σ̄ na deformação ε

Se a um corpo em equilíbrio sob acção de um sistema de forças Fi for aplicado um sistema


de forças virtuais F̄i o trabalho virtual complementar produzido pelas forças F̄i será igual à
variação da energia de deformação complementar.

X
F̄i δi = δ U (σ̄, ε)

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.34/86


Princípio do TV e do TVC

O princípio do trabalho virtual e do trabalho virtual complementar pode ser


utilizado na determinação da configuração de equilíbrio de uma estrutura sob
acção de um sistema de forças.

O PTV apenas exige o equilíbrio do campo dos esforços′ (reais) e a compatibilidade


do campo dos deslocamentos′′ (virtuais). Para efeitos práticos considera-se apenas um
deslocamento virtual unitário - PDV:
n
X Z
forças reais′i × deslocamentos virtuais′′
i = tensões reais′ × deformações virtuais′′ dV
i=1 V

O PTVC apenas exige o equilíbrio do campo dos esforços′′ (virtuais) e a compatibilidade


do campo dos deslocamentos′ (reais).Para efeitos práticos considera-se apenas uma força
virtual unitária - PFV:
n
X Z
forças virtuais′′ ′
i × deslocamentos reaisi = tensões virtuais′′ × deformações reais′ dV
i=1 V

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.35/86


Cálculo do trabalho virtual de deformação
A variação da energia de deformação
de elementos submetidos a um
carregamento genérico (constituído
apenas por forças aplicadas) y

associada a um deslocamento virtual x


é dada por: z

Z L Z L Z L
N N̄ My M̄y Mz M̄z
δU = dx + dx + dx+
0 EA 0 EIy 0 EIz

Z L Z L Z L
Vy V̄y Vz V̄z T T̄
+ dx + dx + dx
0 GA∗ 0 GA∗ 0 GIt
No caso das estruturas reticuladas planas deverá ser necessário considerar a
contribuição dos esforços internos N , M , V e Mt , originando:
Z L Z L Z L Z L
N N̄ My M̄y V V̄ Mt M̄t
δU = dx + dx + ⋆
dx + dx
0 EA 0 EIy 0 GA 0 GIt

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.36/86


Cálculo do trabalho virtual complementar de deformação

A variação da energia complementar de


deformação de elementos submetidos a
um carregamento genérico (constituído y
apenas por forças aplicadas) associada
x
a uma carga virtual é dada por:
z

Z L Z L Z L Z L
⋆ N N̄ My M̄y V V̄ Mt M̄t
δU = dx + dx + dx + dx
0 EA 0 EIy 0 GA⋆ 0 GIt

em que N̄ , M̄y , V̄ e M̄t são os esforços associados a carga virtual P̄ e N/EA,


My /EIy , V /GA⋆ e Mt /GIt são as deformações devidas as cargas reais.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.37/86


Teorema do deslocamento e da força virtual unitária
Considerando sucessivamente como deslocamento virtual o deslocamento
unitário ou como carga virtual a carga unitária, tem-se para a expressão do
PDV e do PFV as seguintes expressões:
Z L Z L Z L Z L
N N̄ My M̄y V V̄ Mt M̄t
Pi = dx + dx + ⋆
dx + dx
0 EA 0 EIy 0 GA 0 GIt

Z L Z L Z L Z L
N N̄ My M̄y V V̄ Mt M̄t
di = dx + dx + dx + dx
0 EA 0 EIy 0 GA⋆ 0 GIt

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.38/86


Cálculo de deslocamentos - PFV
Passos a considerar no cálculo dos deslocamentos:
1. Determinar o sistema compatível (real): traçar os diagramas dos esforços
associados ao carregamento real na estrutura (N , M e V ) - esforços que
provocam deformações compatíveis com os deslocamentos (d) a
determinar;
2. Construir o(s) sistema(s) equilibrado(s) (virtual(ais)): aplicar uma
"força" (força ou momento) unitária, (1̄), fictícia no ponto e na direcção
onde se pretende determinar o "deslocamento" (translação ou rotação) e
traçar os diagramas dos esforços unitários (N̄ , M̄ e V̄ );
3. Calcular o "deslocamento" pretendido utilizando o princípio do trabalho
virtual complementar ou PFV:

XZ Li „ «
N N̄ V V̄ M M̄
d= + + dxi
0 EA GA∗ EI
i

Os integrais podem ser calculados analiticamente ou pelo método


"gráfico" (Mohr ou Bonfim Barreiros).

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.39/86


Método de Mohr (ou Bonfim Barreiros)
Um método expedito para o cálculo de
integrais do tipo
f(x)
Z L Ω
I= f (x) g(x) dx C
0
x
xC
em que uma das funções é linear (associada
ao sistema virtual) g(x) = a + bx é o método g(x)
Mohr.
mC =g(x C)
x
Z L Z L L
I=a f (x) dx + b xf (x) dx = Ω(a+bxC ) = Ω mC
|0 {z } | 0 {z }
Ω Ω·xC

A integração é substituída pelo produto entre:


• área do primeiro diagrama, Ω ou não linear;
• ordenada do segundo diagrama (linear) correspondente ao centróide do
primeiro diagrama, mC = g(xC ).
Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.40/86
Método de Mohr
Áreas mais correntes

Ω = LH Ω = LH/2 Ω = 2LH/3
parábola do 2º grau
G G
H G

L/2 L/3 L/2

L L L

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.41/86


Método das Forças
Sistematização de aplicação do método das forças

1. Identificação do grau de hiperstatia ou de indeterminação estática (α) da


estrutura, igual ao número de incógnitas excedentes ao número de
equações de equilíbrio.
2. Constituição do sistema base (SB): obtenção de um sistema estrutural
isostático, através da eliminação de ligações internas e/ou externas e
introdução das incógnitas hiperestáticas correspondentes as ligações
eliminadas.
3. Cálculo do sistema base para as acções consideradas. Obtenção dos
diagramas M0 , N0 , V0 e T0 (condições de equilíbrio satisfeitas).
4. Cálculo do sistema base para acções unitárias em correspondência com
as incógnitas hiperestáticas. Obtenção dos diagramas M̄i , N̄i , V̄i e T̄i ,
para cada carga unitária Xi = 1 (α sistemas equilibrados).

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.42/86


Método das Forças
5. Cálculo dos deslocamentos no sistema base para cada uma das
incógnita hiperestáticas com valor unitário, Xi = 1. Utiliza-se o Princípio
do Trabalho virtual complementar e os sistemas equilibrados obtidos
(relações de elasticidade satisfeitas).

XZ L „ N̄ N̄V̄i V̄j M̄i M̄j T̄i T̄j


« X N̄i N̄j X M̄i M̄j
i j
δij = + + + dx+ +
0 EA GA⋆ EI GIt k n

nb l

δij – deslocamento na direcção da incógnita hiperstática Xi quando o


sistema base é solicitado por uma carga unitária em Xj = 1.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.43/86


Método das Forças
6. Cálculo dos deslocamentos no sistema base, para acções consideradas,
segundo a direcção das incógnitas hiperestáticas. Utiliza-se o Princípio
do Trabalho virtual complementar e os sistemas equilibrados obtidos na
alínea anterior (relações de elasticidade satisfeitas).

XZ L„ «
N0 N̄i V V̄ M M̄ T T̄ X
∆i0 = + 0 ⋆i + 0 i + 0 i dx − r̄ik ∆k0 +
0 EA GA EI GIt
nb k
XZ L„ «
∆t X N̄i N0 X M̄i M0
+ αt0 N̄i + α M̄i dx + +
0 h k n

j l

∆i0 – é o deslocamento segundo a direcção da incógnita hiperstática i


quando no sistema base actua a solicitação externa.
7. Imposição dos valores dos deslocamentos pretendidos na direcção das
incógnitas hiperestáticas. Utiliza-se o Princípio da sobreposição dos
efeitos (imposição das condições de compatibilidade).

∆i0 + δi1 X1 + δi2 X2 + · · · + δiα Xα = ∆i

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.44/86


Método das Forças
8. Resolução do sistema de equações:
8
>
> δ11 X1 + δ12 X2 + · · · + δ1α Xα = ∆1 − ∆10
>
< δ X +δ X +···+δ X =∆ −∆
21 1 22 2 2α α 2 20
>
> · · · · ··
>
:
δα1 X1 + δα2 X2 + · · · + δαα Xα = ∆α − ∆α0

9. Determinação das restantes quantidades que interessam, S(x)


(deslocamentos dos outros pontos, reacções, esforços/diagramas, etc.),
a partir do sistema base ou por sobreposição dos efeitos.

S(x) = S0 (x) + S̄1 (x) X1 + S̄2 (x) X2 + · · · + S̄α (x) Xα

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.45/86


Método das Forças
Exemplo

L L L

α=3×3−7=2

Sistema base obtido por eliminação de dois apoios simples

X1 X2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.46/86


Método das Forças
q

Z
M0 M̄1
X1 X2 ∆10 = dx
EI
2
q(2L) /2 Z
2 M0 M̄2
qL /2 ∆20 = dx
EI
M0 Z
M̄12
δ11 = dx
EI
M1 Z
M̄22
δ22 = dx
L EI
Z
M2 M̄1 M̄2
δ12 = δ21 = dx
EI
L

2L

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.47/86


Método das Forças
Cálculo dos deslocamentos (incompatibilidades)

2
qL /8 2qL2 2
qL /8

qL 2/2
L L

»
1 1 2 2 2 qL2 1 qL2 1
∆10 = × L × 2qL × (−L) − × L × (−L) + × L × (−L)
EI 2 3 3 8 2 2 2
„ 2« 2 –
1 2 qL 2 2 qL 1 4 qL4
+ × 2qL − × L × (−L) − × L (−L) = −
2 2 3 3 8 2 3 EI

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.48/86


Método das Forças

2
2qL
2 2
qL /8 q(2L) /8

2L

»
1 1 2 2 2 qL2 1
∆20 = × 2qL × L × (−2L) − × L × (−2L)
EI 2 3 3 8 2
2 –
1 2 2 2 q(2L) 1 13 qL4
+ 2qL × 2L × (−2L) − × 2L × (−2L) = −
2 3 3 8 2 4 EI

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.49/86


Método das Forças

L
L 2L

L
L 2L 2L

» –
1 1 2 2 L3
δ11 = 2× L×L× L =
EI 2 3 3 EI
» –
1 1 2 1 2 4L3
δ22 = L × 2L × (2L) + 2L × 2L × (2L) =
EI 2 3 2 3 EI
» „ «–
1 1 2 1 2 3 L3
δ12 = L × L × (2L) + L × L × L + L =
EI 2 3 2 3 2 EI

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.50/86


Método das Forças

8 3 3 4
> 2 L 3 L 4 qL
8 >
> X1 + X2 =
< δ X + δ X = −∆ < 3 EI
> 2 EI 3 EI
11 1 12 2 10

: δ21 X1 + δ22 X2 = −∆20 >
> 3 3 4
: 3 L X1 + 4 L X2 = 13 qL
>
>
2 EI EI 4 EI
11 2
X1 = qL X2 = qL
10 5
2 2
qL /10 qL /10

2
qL /40
2 2
3qL /40 3qL /40

M = M0 + M̄1 X1 + M̄2 X2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.51/86


Método das Forças
Sistema base obtido por introdução de duas rótulas

X1 q X2
„ «
2 2 qL2 1 qL3
∆10 = L =
EI 3 8 2 12EI
L L L
∆20 = ∆10
M0 „ «
2 1 2 2L
δ11 = L1 1 =
EI 2 3 3EI
qL2/8 qL2/8 qL2/8
δ22 = δ11
M1 „ «
1 1 1 L
δ12 = δ21 = L1 =
EI 2 3 6EI
1

M2
Vale a pena pensar bem no sistema
1 base !!!

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.52/86


Método das Forças

8 3
> 2 L L qL
8 >
> X1 + X2 = −
< δ X + δ X = −∆ < 3 EI
> 6EI 12EI
11 1 12 2 10

: δ21 X1 + δ22 X2 = −∆20 >
>
>
> L 2 L qL3
: X1 + X2 = −
6EI 3 EI 12EI
qL2
X1 = X2 = −
10
2 2
qL /10 qL /10

2
qL /40
2 2
3qL /40 3qL /40

M = M0 + M̄1 X1 + M̄2 X2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.53/86


Método das Forças
Variação de temperatura

variação da temperatura

• sistema base – libertando o apoio em B

A B C
• variação de temperatura no sistema base
Z
α∆t
∆B = M̄ dx
X h

∆B • incógnita hiperstática no sistema base


Z
M̄ 2
δB = dx
∆C EI

δB • equação de compatibilidade

∆B
∆B + δ B X = 0 ⇒ X=−
δB

FB

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.54/86


Método das Forças
Variação de temperatura
∆ t = t i − te t0 ∆t te
te te +
ti +te
t0 = 2
+ =
Α ∆B Β ti C −
v =0 ti ti
∆ t/2
SB
te X1
te
ti
X1 ti
λ = ∆ t + t0 ∆C
Α ∆B C αt0
SRC
X1 = 1 α∆t/h
X1 = 1
∆t
m
δB1 t0 SEqV
n

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.55/86


Método das Forças
Pré-esforço

1
0 •
0
1
sistema base – libertando a rotação em B
• pré-esforço no sistema base
A cabo pré−esforço B
Z
X M̄ Mp
∆B = dx
EI

• incógnita hiperstática no sistema base


∆B
Z
M̄ 2
δB = dx
EI

δB • equação de compatibilidade
MB
∆B
∆B + δ B X = 0 ⇒ X=−
δB

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.56/86


Método das Forças
Assentamento de apoio ou apoio elástico

assentamento de apoio – valor definido


ր

ց
apoio elástico – valor em função do esforço nesta direcção, ∆ = X/k

H
X3
X1

∆ X2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.57/86


Método das Forças
p
pL2/2 pL

∆30 M0 V0 N0
∆10
pL
∆20
1
1
H
δ31 M1 V1 N1
1 δ11

δ21
1
L 1

δ32 δ22 M2 V2 N2
δ12

1
1

δ33 M3 V3 N3
1
δ13

δ23

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.58/86


Método das Forças
8
>
> δ11 X1 + δ12 X2 + δ13 X3 + ∆10 = 0
>
>
>
> ∆ = δ̄2
>
< ր
δ21 X1 + δ22 X2 + δ23 X3 + ∆20 = −∆
>
>
> ց
>
>
> ∆ = X2 /k
>
:
δ31 X1 + δ32 X2 + δ33 X3 + ∆30 = 0

Exemplo

A C
B EI 1 qL4
∆=
24 EI

L L

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.59/86


Método das Forças
q
Z
M̄12
1̄ × δ11 = dx
EI
X1 „ «
2 1L 2L L3
δ11 = L =
EI 2 2 3 2 6EI
Z
∆10 M0 M̄1
1̄ × ∆10 = dx
EI
M0 „ 2 «
2 2 qL 5 L 5 qL4
∆10 =− L =−
2
q(2L) /8 = qL2/2 EI 3 2 82 24 EI

δ11
δ11 X1 +∆10 = −∆ (sinal em relação ao X1 )
1
4
qL 5qL4
∆ − ∆10 − 24EI + 24EI
L/2 X1 = = L3
= qL
δ11
M1 6EI

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.60/86


Método das Forças
q

Z
M̄12
X1 1̄ × δ11 = dx
EI

„ «
2 1 2 2L
δ11 = 1L 1 =
EI 2 3 3EI
∆ ∆10 Z
M0 M̄1
1̄ × ∆10 + R1 × ∆ = dx
EI
M0 „ «
2 2 qL2 1 2 qL4
qL2 /8 qL2 /8 ∆10 = L − =0
EI 3 8 2 L 24EI
1 δ11

δ11 X1 + ∆10 = 0 (rotação relativa da secção B )


R1=2/L
M1 X1 = 0

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.61/86


Método das Forças
Exemplo
Determine as forças de fixação na barra bi-encastrada representada.
δ3 X3
EI, GA*
sistema base
δ2 X2
L δ1 X1

M0 V0 N0

1
M1

1 V1 N1
L

1 M2 V2 N2

−1

1
M3 V3 N3

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.62/86


Método das Forças
Elementos da matriz de flexibilidade

δ11 = L3 /(3EI) + L/(GA∗ ) δ21 = 0 δ31 = L2 /(2EI)

δ12 = 0 δ22 = L/(EA) δ32 = 0

δ13 = L2 /(2EI) δ23 = 0 δ33 = L/(EI)

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.63/86


Método das Forças
Caso δ1 = 1, δ2 = δ3 = 0
8 “ 3 ”
L L L2
< 3EI + X1 + + 2EI X3 = 1
>
> GA∗
L ⇒
> EA X2 = 0
>
: L2 L
2EI X1 + + EI X3 = 0

1 1
X1 = L3 L2
X2 = 0 x3 = − L2 2
12EI + GA∗ 6EI + GA∗

Desprezando a contribuição do esforço transverso, temos;

6EI/L2
12EI/L3

∆=1

12EI/L3
6EI/L2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.64/86


Método das Forças
Caso δ2 = 1, δ1 = δ3 = 0
8 “ 3 ”
L L L2
< 3EI + X1 + + 2EI X3 = 0
>
> GA∗
L ⇒
> EA X2 = 1
>
: L2 L
2EI X1 + + EI X3 = 0

EA
X1 = 0 X2 = X3 = 0
L

EA/L EA/L

∆=1

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.65/86


Método das Forças
Caso δ3 = 1, δ1 = δ2 = 0
8 “ 3 ”
L L L2
< 3EI + X1 + + 2EI X3 = 0
>
> GA∗
L ⇒
> EA X2 = 0
>
: L2 L
2EI X1 + + EI X3 = 1
“ ”
2
6EI 4EI 3EI
GA + L
X1 = − 12EI X2 = 0 X3 = 12EIL
2 3
GA∗ + L GA∗ + L

Desprezando a contribuição do esforço transverso,

6EI/L2 2EI/L

∆=1
4EI/L
6EI/L2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.66/86


Método das Forças
Observação

Designando por kij a força que se desenvolve na direcção i quando se


provoca um deslocamento unitário segundo a direcção j , e conhecidos os
deslocamentos da extremidade da barra, δ1 , δ2 e δ3 , podem-se calcular as
forças que os provocam:
8
< k11 δ1 + k12 δ2 + k13 δ3 = F1
>
k21 δ1 + k22 δ2 + k23 δ3 = F2
>
: k δ +k δ +k δ =F
31 1 32 2 33 3 3

Inversamente, conhecidas as forças F1 , F2 e F3 , resultam os deslocamentos


δ1 , δ2 e δ3 .

Esta ideia está na base do Método dos Deslocamentos.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.67/86


Método das Forças
Análise de estruturas mistas

Estrutura mista – composta por elementos solicitados apenas a esforço axial


enquanto outros elementos são solicitados apenas a flexão (pode ainda conter
elementos solicitados a flexão e a esforço axial).

Exemplo

3m

4 kN/m AB : EA → ∞ , EI
20
A B BC , BD : EA = EI
3

1.8 m NBD =?
o
60 45
o

C D
α=3×2−3−2=1

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.68/86


Método das Forças

A B

C D

Escolhendo o esforço axial na barra BD como incógnita hiperstática a


equação de compatibilidade vai impor nulo o deslocamento relativo entre as
secções a esquerda e a direita do corte:

∆DB
∆DB + δDB X = 0 ⇒ X ≡ NBD = −
δDB

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.69/86


Método das Forças
Sistema base sob acção da carga distribuída:

6 kN

x 2.309
A B
HA
VA
M0 N0
4.619
C
HC
VC

8 8
> MBe : 6×1−V ×3=0 > VA = 2 kN ↑
>
> A >
>
>
> >
>
< ↑: V = 4 kN < V = 4 kN ↑
C C

b : 4× 1.8 ◦ 1.8 ◦
>
>
> MB sin 60 ◦ cos 60 − HC sin 60◦ sin 60 = 0
>
>
> HC = 2.309 kN →
>
> >
>
: →: H = 2.309 kN : H = 2.309 kN ←
A A

NBC = −4 × sin 60◦ − 2.309 cos 60◦ = −4.619 kN

M0 (x) = 2x − 2x3 /9 kNm

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.70/86


Método das Forças
Sistema base sob acção da carga unitária, X = 1:

1.115
nAB
A B
1
nBC 1 M1 N1
0.816
C

( (
◦ ◦
→: 1 × sin 45 − nAB + nBC cos 60 = 0 nBC = 0.816

↑: −1 × cos 45◦ + nBC sin 60◦ = 0 nBA = 1.115

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.71/86


Método das Forças
Z „ «
M0 M̄ N N̄ X N0 N̄
∆DB = + 0 dx = Li
EI EA EA
i

4.619 × 0.816 × 3 1.8 1.175


∆DB = × =
20 EI sin 60◦ EI
Z „ «
M̄ 2 N̄ 2 X N̄ 2
δDB = + dx = Li
EI EA EA
i

0.8162 × 3 1.8 12 × 3 1.8 0.589


δDB = × + × =
20 EI sin 60◦ 20 EI sin 45◦ EI

Equação da compatibilidade:

∆DB
X1 = − = −1.993 kN
δDB

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.72/86


Método das Forças
Análise de estruturas articuladas hiperestáticas

Como em treliças hiperestáticas apenas existem esforços axiais, o cálculo dos


coeficientes da matriz de flexibilidade e do vector das descontinuidades toma
uma forma particular.

Exemplo

2m

10 kN 10 kN
2m 2m

α = 3 × |{z} 5 − |{z}
6 − |{z} 12 = 1
C Le Li

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.73/86


Método das Forças
X1 1

∆1 = ∆10 + δ11 X1

X1 1

0 = ∆10 + δ11 X1

X1 1

X1 1

− XEA
1 L1
= ∆10 + δ11 X1
1

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.74/86


Método das Forças
Solução
(utilizando um sistema base obtido pela eliminação de um apoio simples)

X1 1

A equação de compatibilidade força o deslocamento do ponto de aplicação da


incógnita hiperstática X1 a ser nulo (ou um valor imposto no caso de um
assentamento de apoio).

∆10
∆10 + δ11 X1 = 0 ⇒ X1 = −
δ11

Z Z X N2
N1 N0 X N1i N0i N12 1i
∆10 = ds = Li δ11 = ds = Li
EA Ei Ai EA Ei Ai
i i

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.75/86


Método das Forças
20 1
1
A 10 B C A −1 B C

30 2
20 2 10 2 − 2 − 2
−10 1 1

30 −30 −10 2 2 1
D E F D E F
10 10

N0 N1 N12
Barra L EA N0 N1 EA L EA L N = N0 + N1 X1
AB 2 EA 10 −1 −20/EA 2/EA
BC 2 EA 0 0 0 0
DE 2 EA −30 2 −120/EA 8/EA
...

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.76/86


Método das Forças
N0 N1 N12
Barra L EA N0 N1 EA
L EA
L N = N0 + N1 X1
AB 2 EA 10 −1 −20/EA 2/EA −2.8
BC 2 EA 0 0 0 0 0
DE 2 EA −30 2 −120/EA 8/EA −4.4
EF 2 EA −10 1 −20/EA 2/EA 2.8
AD 2 EA 0 0 0 0 0
BE 2 EA −10 1 −20/EA 2/EA 2.8
CF 2 EA 0 1 0 2/EA 12.8
√ √ √ √ √
AE 2 2 EA 20 2 − 2 −80 2/EA 4 2/EA 10.2
√ √ √ √ √
BF 2 2 EA 10 2 − 2 −40 2/EA 4 2/EA −4
P √ √
180+120 2 16+8 2
− EA EA


∆10 108 + 120 2
X1 = − = √ ≃ 12.8 kN
δ11 16 + 8 2

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.77/86


Cálculo de deslocamentos
Aplicação do P.T.V.C ou P.F.V.

Deslocamentos compatíveis (reais) Esforços equilibrados (virtuais)


q
1

δA ∆i
Ri
Diagramas de esforços: N , M , . . . Diagramas de esforços: N̄ , M̄ , . . .
Campos de esforços quaisquer, em equilíbrio
com a força unitária aplicada.
Observação: No caso de estruturas isostáticas, existe um único campo de esforços em
equilíbrio com a força unitária aplicada.
No caso das estruturas hiperestáticas, existem vários campos de esforços equilibrados.
Na prática o cálculo da estrutura hiperstática será feita apenas uma vez para obter o
sistema a compatível real, (acção q) enquanto o sistema equilibrado virtual (acção unitária)
será obtido num sistema isostático qualquer (um sistema base que for mais conveniente).

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.78/86


Cálculo de deslocamentos

q 1

∆i Ri

Diagramas de esforços: N , M , . . . Diagramas de esforços: N̄ , M̄ , . . .

Z Z Z Z
N N̄ M M̄ α∆t X
1 × δA = dx + dx + · · · + N̄ αt0 dx + M̄ dx − R̄i ∆i
EA EA h

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.79/86


Cálculo de deslocamentos
Exemplo:
Admitindo EI, EA → ∞, calcule a flecha a meio vão,
q para a viga representada.
„ «
1 2 qL2 1 qL3
∆10 =− L =−
L EI 3 8 2 24EI

qL3
∆20 = −
q 24EI
„ «
X1 X2 1 1 2 L
δ11 = 1L =
EI 2 3 3EI
„ «
M0 1 1 1 L
δ12 = 1L =
EI 2 3 6EI
qL2/8
L
1
M1 δ22 =
3EI

M2 1 X qL2
∆i0 + δij Xj = 0 ⇒ X1 = X2 =
j
12

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.80/86


Cálculo de deslocamentos
q

L A flecha a meio vão:


Z
M M̄
1×δ = dx
EI
M
qL2/12 » „ « –
2 1LL 1 qL2 2 qL2 2 qL2 L L
δ= − + +
EI 2 4 2 3 12 3 24 3 32 2 8
qL2/24
1 ⇓

qL4
δ=
384EI
M

L/4

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.81/86


Cálculo de deslocamentos

q Ou ainda:
Z
M M̄
L 1×δ = dx
EI
» „ « –
1 1 L L 2 qL2 1 qL2 2 qL2 L L
δ= − −
EI 2 2 2 3 12 3 24 3 32 2 4
M
qL2/12 ⇓

qL2/24 qL4
δ=
1 384EI

L/2 M

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.82/86


Método das Forças - Revisão
1. Identificação do grau de hiperstatia ou de indeterminação estática (α) da
estrutura, igual ao número de incógnitas excedentes ao número de
equações de equilíbrio.
2. Constituição do sistema base (SB): obtenção de um sistema estrutural
isostático, através da eliminação de ligações internas e/ou externas e
introdução das incógnitas hiperestáticas correspondentes as ligações
eliminadas.
3. Cálculo do sistema base para acções unitárias em correspondência com
as incógnitas hiperestáticas. Obtenção dos diagramas M̄i , N̄i , V̄i e T̄i ,
para cada carga unitária Xi = 1 (α sistemas equilibrados).
4. Cálculo do sistema base para as acções consideradas. Obtenção dos
diagramas M0 , N0 , V0 e T0 (condições de equilíbrio satisfeitas).

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.83/86


Método das Forças
5. Cálculo dos deslocamentos (flexibilidades) no sistema base para cada
uma das incógnita hiperestáticas com valor unitário, Xi = 1. Utiliza-se o
Princípio do Trabalho virtual complementar e os sistemas equilibrados
obtidos (relações de elasticidade satisfeitas).

XZ L „ N̄ N̄V̄i V̄j M̄i M̄j T̄i T̄j


« X N̄i N̄j X M̄i M̄j
i j
δij = + + + dx+ +
0 EA GA⋆ EI GIt k n

nb l

δij – deslocamento (flexibilidade) na direcção da incógnita hiperstática Xi


quando o sistema base é solicitado por uma carga unitária em Xj = 1.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.84/86


Método das Forças
6. Cálculo dos deslocamentos no sistema base, para acções consideradas,
segundo a direcção das incógnitas hiperestáticas. Utiliza-se o Princípio
do Trabalho virtual complementar e os sistemas equilibrados obtidos na
alínea anterior (relações de elasticidade satisfeitas).

XZ L„ «
N0 N̄i V V̄ M M̄ T T̄ X
∆i0 = + 0 ⋆i + 0 i + 0 i dx − r̄ik ∆k0 +
0 EA GA EI GIt
nb k
XZ L„ «
∆t X N̄i N0 X M̄i M0
+ αt0 N̄i + α M̄i dx + +
0 h k n

j l

∆i0 – é o deslocamento segundo a direcção da incógnita hiperstática i


quando no sistema base actua a solicitação externa.

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.85/86


Método das Forças
7. Imposição dos valores dos deslocamentos pretendidos na direcção das
incógnitas hiperestáticas. Utiliza-se o Princípio da sobreposição dos
efeitos (imposição das condições de compatibilidade).

∆i0 + δi1 X1 + δi2 X2 + · · · + δiα Xα = ∆i

8. Resolução do sistema de equações:


8
>
> δ11 X1 + δ12 X2 + · · · + δ1α Xα = ∆1 − ∆10
>
< δ X +δ X +···+δ X =∆ −∆
21 1 22 2 2α α 2 20
>
> · · · · ··
>
:
δα1 X1 + δα2 X2 + · · · + δαα Xα = ∆α − ∆α0

9. Determinação das restantes quantidades que interessam, S(x)


(deslocamentos dos outros pontos, reacções, esforços/diagramas, etc.),
a partir do sistema base ou por sobreposição dos efeitos.

S(x) = S0 (x) + S̄1 (x) X1 + S̄2 (x) X2 + · · · + S̄α (x) Xα

Análise de Estruturas IAnálise de Estruturas – p.86/86

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