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Modernização de Usinas Hidrelétricas

Alternativa econômica, rápida e ecológica para o aumento da


geração de energia limpa no Brasil

Voith Hydro

São Paulo, fevereiro de 2015


DESTAQUES

1. O Brasil possui mais de 100 usinas que necessitam ser modernizadas.

2. A Modernização traz como beneficio o aumento de potência das usinas já instaladas, sem
necessidade de grandes obras de engenharia civil – custo reduzido e sem impactos
ambientais.

3. É possível aumentar a capacidade instalada em até 30% em usinas existentes (WWF, 2004).
Considerando que as usinas existentes com mais de 30 anos de operação totalizam 28.000
MW de potência instalada, seria possível obter 6.500 MW de potência adicional –
equivalente a 2 usinas Ilha Solteira.

4. 14 usinas possuem oportunidades de instalação de 32 novas unidades (“turbinas”), que


resultariam em aumento de 7.425 MW de potência para o sistema - equivalente a ½ Itaipu.

5. Somando-se exclusivamente o ganho de rendimento com a repotenciação em sete usinas


(Marimbondo, Furnas, Mascarenhas de Moraes, Itumbiara, Funil, Estreito e Porto Colômbia),
haveria a economia de 1 bilhão de m³ de água ao ano – equivalente ao fluxo de 4 dias do Rio
São Francisco ou 1 ano de abastecimento do sistema Cantareira para a Cidade de São Paulo.

6. A implementação de uma modernização ocorre de 1 a 3 anos, versus 5 anos ou mais para


início de operação de uma nova usina hidrelétrica.

7. Beneficia o sistema energético sem impactos ambientais – não há necessidade de novos


reservatórios (represas) e barragens.

8. Pode gerar benefícios à ecologia, através de novas tecnologias que aumentam a oxigenação
da água e preservação de peixes e espécies animais.

9. Maior barreira – legislação vigente que limita a energia a ser comprada das usinas
hidrelétricas em operação, desestimulando investimentos em melhorias desse tipo.

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aumento da geração de energia limpa no Brasil.
INTRODUÇÃO

USINAS HIDRELÉTRICAS

O Brasil possui atualmente uma potência instalada de aproximadamente 117 GW, sendo que mais de
70% desse total, cerca de 84.000 MW, são originados por usinas hidrelétricas (conforme gráfico).

A fonte hídrica é a mais utilizada por ser a mais vantajosa em relação às demais possibilidades na
matriz energética em nosso país. Destacam-se:
 Não é poluente e gera energia muito mais barata do que as usinas termelétricas (a carvão,
gás natural, derivados de petróleo ou biomassa).
 Mais segura e barata do que as usinas nucleares.
 Menor risco de interrupção ou redução de produção do que as eólicas (devido à necessidade
de ventos constantes).

A maioria das usinas hidrelétricas em operação no país foi construída nas décadas de 50,60 e 70. Em
média, após 30 a 35 anos de funcionamento os principais equipamentos dessas usinas já se
encontram depreciados e entram no que se chama de “idade crítica”, necessitando de, no mínimo,
uma reabilitação (ver gráfico abaixo):

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Idade Crítica dos Equipamentos (em anos)

Estruturas Civis

Turbinas

Hidro-Mecânicos

Gerador/Transformador

Barramento

Proteção

20 40 60 80

Estima-se que dos cerca de 84.000 MW de potência instalada nas usinas hidrelétricas, 28.000 MW
(33%) sejam em usinas com mais de 30 anos de funcionamento e outros 20.000 MW (24%) em usinas
entre 20 e 30 anos de idade. Dessas, mais de 100 usinas (15.000 MW) já deveriam ter sido
modernizadas com base na vida útil e idade crítica dos equipamentos.

Potências instalada das Usinas Hidrelétricas por idade de


funcionamento (em MW)

28.000
34.000

30 anos +
20 a 30 anos
até 20 anos

20.000

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ENTENDENDO A MODERNIZAÇÃO

A Modernização permite a revitalização do parque gerador em funcionamento, com ganhos de


eficiência, aumento de geração de energia elétrica, preservação do patrimônio público e redução do
risco de falta de energia repentina com custos reduzidos de implantação quando comparados com
outras alternativas. Essas vantagens somam-se ao fato de não necessitar de novas barragens
(represas), redução dos riscos de contaminação devido ao envelhecimento dos equipamentos e, em
alguns casos, melhoria na qualidade da água e proteção à vida animal e vegetal nos rios.

A expressão “Modernização de Usinas Hidrelétricas” é a simplificação de três grandes oportunidades


de melhorias nas usinas em funcionamento:

 Reabilitação
Restaura o equipamento de geração até a condição original de forma a estender a vida útil e
confiável do equipamento aliado à redução dos custos de manutenção.

 Repotenciação
Aumenta a geração de energia do equipamento por meio de modificações e/ou substituição
de componentes por outros de maior eficiência.

 Otimização / Automatização
Produz energia adicional pela operação da usina de forma mais eficiente.

Para entender a necessidade da modernização das usinas, vamos lembrar que as usinas são
formadas por conjuntos de grandes equipamentos mecânicos, elétricos e eletrônicos que, na maioria
dos casos no Brasil, funcionam 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Como qualquer equipamento, eles sofrem um desgaste natural. Esse desgaste ocasiona:

 Redução na eficiência com queda na capacidade de geração de energia.


 Aumento do risco de acidentes ambientais, como vazamentos de óleo e produtos
contaminantes nos rios.
 Aumento do risco de parada brusca e inesperada dos equipamentos, com interrupção na
geração de energia (possibilidade de apagões).

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Ocorrem, em média, dois eventos relevantes ao ano em usinas hidrelétricas que ocasionam paradas
inesperadas em equipamentos e consequente perda de geração.

Além dos fatores de manutenção, ocorre uma evolução tecnológica importante nos equipamentos –
geradores, transformadores, turbinas e equipamentos eletrônicos. A substituição dos modelos
antigos pelos mais modernos e eficientes apresenta um custo muito inferior e aproximadamente a
metade do tempo necessário (de 1 a 3 anos) para a construção de uma nova usina hidrelétrica.

Um estudo das perspectivas de repotenciação foi desenvolvido, classificando-as por tipos. O critério
é a extensão do empreendimento. São os tipos adotados pela ANEEL, a partir da repotenciação
mínima, obtendo-se então a seguinte classificação:

 Repotenciação Mínima

Corresponde ao reparo da turbina e do gerador, recuperando seus rendimentos originais.


Este reparo corresponde, em média, a 2,5% de ganho de capacidade.

 Repotenciação Leve

Se obtém a ordem de 10% de ganho de capacidade – valor adotado por já existirem vários
casos neste nível. Envolve repotenciação da turbina e do gerador.

 Repotenciação Pesada

Ganhos de capacidade de 20 a 30% pela troca do rotor. Poucos casos foram registrados. No
levantamento da ANEEL, adotou-se 23,3% como valor médio.

Assim, é possível aumentar a potência de geração de energia em até 30% de usinas instaladas.
Considerando que as usinas com mais de 30 anos de operação no Brasil produzem juntas 28.000
MW, adotando-se como valor médio 23% de ganhos com a repotenciação pesada, é possível obter
6.500 MW de energia nova, o equivalente a duas usinas Ilha Solteira.

Ou seja, com a repotenciação pesada das usinas com 30 anos ou mais em operação no Brasil, é
possível evitar a construção de duas usinas do porte de Ilha Solteira, incluindo grandes obras de
engenharia civil, a inundação para formação dos reservatórios e impacto nas comunidades vizinhas e
ribeirinhas.

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BARREIRAS À MODERNIZAÇÃO – REVISÃO DA LEGISLAÇÃO

Aparentemente, o processo de Modernização de usinas hidrelétricas é vantajoso para todos os


agentes:

 População brasileira / consumidores – pois, com baixo investimento tem garantido a


segurança no abastecimento de energia elétrica sem aumentar o valor do KW consumido.
 Operadores das usinas – melhor custo de investimento para geração de nova energia e no
menor prazo possível de execução.
 Meio ambiente – geração de nova energia limpa sem novos reservatórios (represas), redução
do risco de contaminação dos rios e possível melhoria na qualidade da água com proteção à
vida aquática.
 Estado – tem a garantia da oferta de nova energia para garantir a crescente demanda
nacional sem impactos ambientais, com baixo custo e menor prazo de implantação.

Então, porque há poucos casos de Modernização de Hidrelétricas no país?

Além de um possível desconhecimento por parte de algumas pessoas, a legislação vigente no país
não estimula o aumento da produtividade em todas as usinas em funcionamento.

Resumidamente, grande parte das usinas têm a garantia de compra de determinada quantia de
energia gerada a um valor pré-definido (garantia física). A energia excedente não tem
necessariamente garantia de compra e pode ser remunerada com um preço inferior às vezes ao
custo de manutenção.

Em outubro de 2010 a portaria 861 do MME permite a revisão de garantia física caso o agente
introduza modificações nos equipamentos existentes. Devido às características de algumas usinas os
ganhos reais não são percebidos, ou a quantidade de energia adicional permitida para
comercialização não paga os investimentos relevantes para obter os ganhos, inviabilizando muitos
projetos. Lembramos que o horizonte para cálculo de retorno atual é o final da concessão, visto que
não se têm hoje um panorama estável para renovação das mesmas depois da lei 12.783.

Adicionalmente, para as usinas que renovaram as concessões, não existe mais a sinalização
econômica para os agentes de geração para a maximização da garantia física, uma vez que ela foi
oferecida diretamente aos agentes de distribuição. Por outro lado, também não há sinalização
econômica adequada para a maximização de potência instalada para as usinas em regime de preço,
face aos ganhos limitados de garantia física e custos excessivos com encargos de transmissão.

Como resultado, grande parte das usinas importantes ao sistema que poderiam produzir mais
energia permanecem em patamares tecnológicos muito antigos, resultando em baixa produtividade
do setor.

Enquanto houver esse cenário, os administradores dessas usinas não percebem vantagem em
investir no aumento da capacidade instalada e rendimento dos equipamentos por uma questão
econômica, mesmo entendendo os ganhos reais para o país como um todo.
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Por esse motivo, entende-se a necessidade de uma revisão urgente das regras vigentes no intuito de
fomentar a produtividade nas usinas, seja por economia de água ou aumento de potência nas
máquinas.

OBSERVAÇÃO SOBRE A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

É importante fazer uma observação sobre o potencial que a Modernização de Usinas Hidrelétricas
tem na demanda crescente por energia elétrica no país.

Mencionamos dados como a média de 23% de aumento de potência instalada com repotenciação
pesada, a previsão de novos 6.500 MW (ou duas usinas de Ilha Solteira) com a Modernização das
usinas com mais de 30 anos, ou, ainda, o aumento de 7.425 MW (meia Itaipu) com 32 novas
unidades instaladas em 14 usinas já em funcionamento.

Esse aumento de geração certamente é relevante e pode contribuir muito com a segurança
energética sem impacto ambiental, com baixo custo e curto prazo para implantação, porém, a
Modernização sozinha não é capaz de equacionar todo o déficit de energia elétrica previsto para os
próximos anos.

É necessário o investimento em novas Usinas Hidrelétricas, bem como em outras fontes de energia,
como eólica, solar, de biomassa e maremotriz.

VOITH HYDRO E MODERNIZAÇÃO

A Voith é uma empresa de origem alemã fundada em 1867 e presente no Brasil há 50 anos. Sua
divisão Hydro participou de momentos importantes na história do progresso do país, como a
construção de Itaipu, Furnas e, atualmente, Belo Monte.

É uma das empresas com maior experiência no processo de Modernização de Usinas Hidrelétricas
em todo o mundo, com destaque para:

 Usina Hidrelétrica de Rheinfelden - localizada na fronteira da Alemanha com a Suíça,


inaugurada em 1898 e Modernizada em 2011. Passou a gerar o triplo de eletricidade após a
Modernização pela Voith, com instalação de quatro novas turbinas bulbo – gera 600 MW, o
suficiente para abastecer 170.000 domicílios.

 Usina Hidrelétrica de Bath County - localizada no estado da Virgínia, EUA, é a usina


hidrelétrica reversível mais potente do mundo. A Modernização concluída em 2009 incluiu a
substituição do sistema de ventilação e de resfriamento, e um novo projeto de enrolamento
do estator das seis turbinas. O projeto aumentou a capacidade da usina em 25%, para 2.700
MW.

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 Usina Hidrelétrica Uglich - no rio Volga, Rússia, a obra de Modernização concluída em 2010
permitiu um aumento da potência instalada em 18%. A Voith forneceu um novo conjunto de
máquinas, incluindo a turbina Kaplan vertical e seu gerador, os equipamentos elétricos e
mecânicos da usina e o sistema de automação.

 Usina Hidrelétrica de Chavantes – rio Paranapanema, estado de São Paulo, Brasil. A Voith
Hydro foi contratada para modernizar toda a usina com 40 anos de funcionamento, e
entregou a primeira etapa em julho de 2014. Essa etapa englobou os itens principais das
unidades geradoras, como turbina, gerador e válvula, além de alguns sistemas auxiliares e
automação.

 Usina Hidrelétrica Água Vermelha – na divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, tinha
capacidade de geração de 1,4 GW antes do início Modernização que inclui reparos nos seis
geradores e reforma das turbinas. É responsável por mais da metade de toda energia gerada
pela AES Tietê.

Além desses, a Voith Hydro já participou de dezenas de outros projetos de Modernização de


Hidrelétrica em todo o mundo, incluindo obras importantes no Brasil, como em Capivara, Salto
Santiago, Salto Grande, Jurumirim e Furnas.

www.voith.com.br

MAIS INFORMAÇÕES

 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica - http://www.aneel.gov.br/

 EPE – Empresa de Pesquisa Energética do Ministério das Minas e Energia -


http://www.epe.gov.br/

 Portaria 418 do Ministério das Minas e Energia -


http://www.epe.gov.br/leiloes/Documents/Leil%C3%B5es%20A-1_A-3_A-
5%202009/Portaria%20MME%20n%C2%B0%20418-09.pdf

 Portaria 861 do Ministério das Minas e Energia –


http://www.epe.gov.br/geracao/Documents/Estudos_26/Portaria%20MME%20n%C2%BA%20861-
10.pdf

 Nota Técnica do Ministério das Minas e Energia – Repotenciação e Modernização de Usinas


Hidrelétrica (2008) - http://www.epe.gov.br/SerieEstudosDemanda/20081201_1.pdf

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aumento da geração de energia limpa no Brasil.
 WWF – A repotenciação de usinas hidrelétricas como alternativa para o aumento da oferta
de energia no Brasil com proteção ambiental -
http://wwf.panda.org/about_our_earth/about_freshwater/freshwater_resources/?15930/4/A-
repotenciacao-de-usinas-hidreletricas-como-alternativa-para-o-aumento-da-oferta-de-energia-no-
brasil-com-protecao-ambiental

 Voith Hydro – Modernização - http://voith.com/br/mercados-e-setores-de-negocios/energia-


hidreletrica/modernizacao-547.html

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Modernização de Usinas Hidrelétricas – Alternativa econômica, rápida e ecológica para o
aumento da geração de energia limpa no Brasil.

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