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Unieuro – Curso de Direito

Direito Ambiental – 9º Semestre

Direito Ambiental

ESPAÇOS TERRITORIAIS
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

Prof.ª Dr.ª Bruna de Barros Correia


brunabc86@gmail.com
Unieuro – Curso de Direito
Direito Ambiental – 9º Semestre

Sumário

1. Introdução ao Direito Ambiental


2. Princípios do Direito Ambiental
3. Direito Internacional do Meio Ambiente
4. Sistema Normativo do Meio Ambiente
5. O meio ambiente na Constituição Federal de 1988
6. Política Nacional do Meio Ambiente
7. Sistema Nacional do Meio Ambiente
8. Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
9. Espaços territoriais especialmente protegidos
10. Responsabilidade pelo dano ambiental
11. Tutela processual de proteção ambiental
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Estrutura da Aula
1. Espaços Territoriais Ambientalmente Protegidos
1.1. Conceito
1.2. Fundamento Legal

2. Áreas de Preservação Permanente


2.1. Conceito
2.2. Delimitação de APPs
2.3. Regime de Proteção de APPs

3. Reserva Legal

4. Unidades de Conservação
4.1. Conceito
4.2. Categorias de UC

4.2.1. Unidades de Proteção Integral


4.2.2. Unidades de Uso Sustentável

4.3. Criação, Implantação e Gestão de UC


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1. Espaços Territoriais Ambientalmente Protegidos

1.1. Conceito

Art. 225, CF/88:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção
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1. Espaços Territoriais Ambientalmente Protegidos

- Meio Ambiente: Direitos Humanos difusos e coletivos, essencial para as


gerações presentes e futuras;

- Proteção do Meio Ambiente: Dever do Poder Público e da coletividade;

- Poder Público: Definir, por lei ou decreto, os espaços territoriais a serem


especialmente protegidos;

- Todas as unidades da federação: União, estados, municípios e DF;

- Espaços territoriais e seus componentes: Recursos hídricos, solo, subsolo,


vegetação, espécies animais, espaço aéreo, etc;

- Submetem-se a regime jurídico especial: Supressão e alteração somente


por meio de lei;

- Finalidade: Preservação e a proteção de recursos naturais e da integridade


de amostras de toda a diversidade de ecossistemas, a proteção ao processo
evolutivo das espécies.
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1. Espaços Territoriais Ambientalmente Protegidos

1.2. Fundamento Legal

Os espaços territoriais ambientalmente protegidos pelo direito brasileiro


estão previstos em vários diplomas legais, com formas de criação,
finalidades e regimes jurídicos distindos, dentre os quais se destacam:

- CF/88, art. 225, § 1º, III;

- Lei 6.938/81: Art. 9º, VI;

- Lei 12.651/12: Lei Florestal;

- Lei 9.985/00: SNUC;

- Resoluções do CONAMA.
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2. Áreas de Preservação Permanente

2.1. Conceito

Art. 3º, III, Lei Florestal:

Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não


por vegetação nativa, com a função ambiental de (1) preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, (2) facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, (3) proteger o
solo e (4) assegurar o bem-estar das populações humanas.
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2. Áreas de Preservação Permanente

2.2. Delimitação das APPs

Podem incidir tanto sobre patrimônio público quanto privado, sempre por
efeito de lei:

- Localização (Art. 4º, Lei Florestal);

- Finalidade (Art. 6º, Lei Florestal).

Importante ressaltar que a supressão ou alteração de vegetação em um APP só


poderá ser realizada por meio de lei, em caso de utilidade pública ou de
interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimentos
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao
empreendimento proposto.
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2. Áreas de Preservação Permanente


Em razão da localização:
I – em faixa marginal, de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:

a) 30m, para o curso d´água com menos de 10m de largura;


b) 50m, para o curso d´água com 10m a 50 m de largura;
c) 100m, para o curso d´água com 50m a 200m de largura;
d) 200m, para o curso d´água com 200m a 600m de largura;
c) 500m, para o curso d´água com mais de 600m de largura;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 m, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 metros;
b) 30 m, em zonas urbanas.
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento
ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do
empreendimento;
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2. Áreas de Preservação Permanente

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja
sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 m;
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na
linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 m em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 m e
inclinação média maior que 25°;
X - as áreas em altitude superior a 1.800m, qualquer que seja a vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 m,
a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
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2. Áreas de Preservação Permanente

Em razão da finalidade, por ato do Poder Público, quando houver interesse social
as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a:

I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;


II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares;
IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
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3. Reserva Legal

A Reserva Legal (RL) é definida no Código Florestal, art. 3º, III, como “área
localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos
do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos
recursoso naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o
abrigo e a proteção de fauna silverstre e flora nativa”.

A sistemática da imposição da RL determina que um percentual da propriedade


seja destinado à proteção do meio ambiente.

A sua localização deve ser definida de acordo com a alternativas que


proporcionam o maior fluxo gênico possível entre as espécies, evitando-se as ilhas
de proteção.
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3. Reserva Legal

A origem da destinação de uma área à proteção da vegetação nativa encontra-se no


artigo 23 do Código Florestal de 1934, segundo o qual “nenhum proprietário de
terras cobertas de matas poderá abater mais de três quartas partes da vegetação
existente”.

O Código Florestal de 1965 trouxe significativas limitações sobre a propriedade


rural, especificamente quanto à Bacia Amazônica e outras regiões do país.

Cabe destacar que APP e RL não podem ser confundidas. Assim, não há como
APPs serem consideradas para cálculos de área de RL, conforme o artigo 12,
“caput”, do Código Florestal.
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3. Reserva Legal

São os seguintes os percentuais mínimos para as diversas regiões brasileiras, no


que se refere à manutenção das florestas e outras formas de vegetação nativa, de
acordo com o artigo 12, I e II do Código Florestal:

- 80% em propriedade rural situada na Amazônia Legal;

- 35% em propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia


Legal;

- 20% em propriedade rural situada em área de campos gerais na Amazônia


Legal;

- 20% em propriedade rural situada nas demais regiões do país.


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4. Unidades de Conservação

4.1. Conceito

O SNUC foi instituído pela Lei 9.985/00, a qual não apenas fixa a criação e
implantação desses espaços, como também estabelece as condições para a gestão
dos mesmos, com vistas a dar efetividade à sua proteção.

Art. 2º, I, Lei 9.985/00:

Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as


águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo
Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
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4. Unidades de Conservação

4.2. Categorias de UC

- Unidades de Proteção Integral: Art. 7º, I, §1º, tem o objetivo de preservar a


natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com
exceção dos casos previstos nesta Lei;

1. Estação Ecológica: Tem como objetivo preservar a natureza e realização de pesquisa.


Domínio público, proibida visitação, exceto para fim educacional. Pesquisa depende de
autorização prévia.

2. Reserva Biológica: Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais


atributos naturais, sem interferência humana direta ou modificações ambientais. Domínio
público, proibida visita, exceto pra fim educacional. Pesquisa depende de autorização prévia.
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4. Unidades de Conservação

4.2. Categorias de UC – Unidades de Proteção Integral

3. Parque Nacional: Tem o objetivo de preservar ecossistemas naturais de grande


relevância ecológica e beleza cênica. Domínio público, possibilita pesquisas, atividades de
educação, recreação, interpretação ambiental e turismo ecológico. Pesquisa depende de
autorização prévia.

4. Monumento Natural: Tem o objetivo de preservar sítios naturais raros, singulares ou


de grande beleza cênica. Domínio público ou particular, visitação sujeita à condições e
restrições. Pesquisa depende de autorização prévia.

5. Refúgio da vida Silvestre: Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência e reprodução de espécies ou comunidades da flora
local e da fauna residente ou migratória. Domínio público ou privado, visitação sujeita à
condições e restrições. Pesquisa depende de autorização prévia.
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4. Unidades de Conservação

4.2. Categorias de UC

- Unidades de Uso Sustentável: Art. 7, II, §2º, tem como objetivo compatibilizar
a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

1. Área de Proteção Ambiental: Área em geral extensa, com o objetivo de proteger a


diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade dos
recursos naturais. Domínio público ou privado.

2. Área de Relevante Interesse Ecológico: Área em geral de pequena extensão, com


pouca ou nenhuma ocupação humana, e tem o objetivo de manter os ecossistemas naturais de
importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas. Domínio público ou
privado.

3. Floresta Nacional: Área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas


e tem como objetivo o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa
científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.
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4. Unidades de Conservação

4. Reserva Extrativista: Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, com o


objetivo de proteger os meios de vida e cultura dessas populações e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais. Domínio público.

5. Reserva da Fauna: Área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres
ou aquáticas, residentes ou migratórias. Adequadas para estudos técnico-científicos sobre o
manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Domínio público.

6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável: Área natural que abriga populações


tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais. Tem o objetivo de preservar a natureza e assegurar as condições e os meios
necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração
dos recursos naturais de populações tradicionais. Domínio público.

7. Reserva Particular do Patrimônio Natural: Área privativa, gravada com


perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
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4. Unidades de Conservação

4.3. Criação, Implantação e Gestão de UC

Art. 22 a 36, Lei 9.985/00:

- Criadas pelo Poder Público;

- Precedidas por estudo técnico e consulta pública (Exceto: Estação Ecológica e Reserva Biológica);

- Necessidade de zona de amortecimento e corredores ecológicos (Exceto: Área de Proteção


Ambiental e Reserva Particular de Patrimônio);

- Ampliação dos limites de uma unidade de conservação, por instrumento normativo do


mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos
de consulta pública; A desafetação ou redução só poderá ser feita mediante lei;
- As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas
total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os
procedimentos de consulta pública.
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4. Unidades de Conservação

4.2. Criação, Implantação e Gestão de UC

Devem dispor de Plano de Manejo:

- Área da UC;
- Zona de amortecimento e corredores ecológicos;
- Medidas para promover integração à vida econômica e social das comunidades
vizinhas;
- Deve ser elaborado no prazo de 5 anos, a partir da data de criação da UC;

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