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Direito Ambiental
Capítulos 1 ao 8
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 1
Olá, aluno!
material para você não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade,
garantindo que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins
de entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
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completo que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a
estrutura do PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
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trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina.
Bons estudos
1
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Ambiental da seguinte forma:
CAPÍTULOS
Administrativa.
Capítulo 8 – Tutela Processual Coletiva do Meio Ambiente e Tutela Penal e Processual Penal do
Meio Ambiente.
2
SUMÁRIO
DIREITO AMBIENTAL, Capítulo 1 ................................................................................................................................ 4
GABARITO .......................................................................................................................................................................... 28
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 29
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 30
3
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 1
“Um desenvolvimento que faz face às necessidades das gerações presentes sem
1
Vide questão 8 desse material.
4
Nesse contexto, o princípio quarto da Declaração da Rio 92 aduz que “para se alcançar o
Enquanto isso, o princípio quinto da mesma declaração aduz: “todos os Estados e todos
II - propriedade privada;
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
5
Alguns doutrinadores afirmam que do fato de a Constituição Federal estabelecer que
Na Constituição de 1988 esse princípio está expresso no já citado art. 225, caput, e na
equilibrado está diretamente ligado ao direito à vida, à saúde e à dignidade humana. Por isso,
o STJ já decidiu que esse direito essencial deve ser imprescritível.
6
indígena. (...) Do ponto de vista do sujeito passivo (causador de eventual dano), a prescrição cria
segurança jurídica e estabilidade. O dano ambiental refere-se àquele que oferece grande risco
a toda humanidade e à coletividade, que é a titular do bem ambiental que constitui direito
difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental assumiu grande
amplitude no Brasil, com profundas implicações, na espécie, de responsabilidade do degradador
do meio ambiente, inclusive imputando-lhe responsabilidade objetiva, fundada no simples risco
com natureza eminentemente privada, e tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo,
indisponível, fundamental, que antecede todos os demais direitos – pois sem ele não há vida,
nem saúde, nem trabalho, nem lazer – o último prevalece, por óbvio, concluindo pela
montante da reparação. (REsp 1.120.117-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009).
Os danos ambientais geralmente são graves e irreversíveis, com isso, devemos preferir
sempre evitar a remediar. Dessa ideia surgem os princípios da prevenção e da precaução,
extremamente importantes para a nossa matéria. Mas qual a diferença entre eles já que ambos
visam evitar que o dano ambiental ocorra por meio de medidas preventivas?2
2
Vide questões 2, 3, 4, 7, 8 e 9 desse material.
7
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
A aplicação do princípio da prevenção ocorre A aplicação do princípio da precaução ocorre
na certeza científica do impacto ambiental da na constatação de potenciais riscos de
atividade. impacto ambiental da atividade, que no
Conhecendo os danos que determinada momento não podem ser cientificamente
atividade causa ao meio ambiente, podemos comprovados. É um dever de cautela.
impor medidas preventivas para minimizar ou
eliminar esses efeitos.
capacidades. Quando haja perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica
absoluta não deverá ser utilizada como razão para postergar a adoção de medidas eficazes
Como a incerteza científica deve ser interpretada em favor do meio ambiente, o ônus de
provar que as ações não são danosas é do acusado interessado3. Mas atenção: a aplicação do
princípio deve ser feita apenas em caso de perigo de dano grave e irreversível, sob pena
de inviabilizar o desenvolvimento científico e econômico se for aplicado a qualquer tipo de
risco ambiental.
ambiental, exige que o poluidor suporte as despesas de prevenção, reparação e repressão dos
seus danos ambientais4.
3
Vide questão 7 desse material.
4
Vide questões 1 e 10 desse material.
8
Aplicando o princípio do poluidor pagador, os custos sociais externos do processo de
Temos nesse caso uma responsabilidade civil objetiva6 do degradador ambiental que,
independentemente de agir com dolo ou culpa, deve ser responsabilizado pelo dano que a sua
atividade causou ao meio ambiente, comprovado o dano e o nexo causal entre ele e a atividade
do agente.
Quem paga pode poluir? Claro que não! Essa é uma interpretação completamente
equivocada do princípio do poluidor pagador. Não é sua intenção estabelecer a “compra do
5
Vide questão 6 desse material.
6
Vide questões 5, 8 e 10 desse material.
7
Vide questão 4 desse material.
8
Vide questões 9 e 10 desse material.
9
direito de poluir”. É lógico que diante de um direito fundamental tão importante, ligado ao
direito à vida e à dignidade humana, não é compatível com o nosso ordenamento jurídico que
se polua mediante pagamento. E como vimos, o princípio do poluidor pagador não se limita à
compensação do dano já causado, aliás, muito mais importante é a sua função de prevenção.
Por esse princípio, é definido um valor econômico aos recursos naturais para racionalizar
o seu uso, evitando o seu desperdício. Portanto, o usuário dos recursos naturais deve pagar por
eles, mesmo que a sua atividade seja lícita9. É uma forma de evolução e de complementar o
princípio do poluidor pagador.
O princípio do usuário pagador não é uma sanção. Essa compensação financeira deve
Para realizar essas intervenções, o Estado pode se valer de políticas públicas no âmbito
da fiscalização das atividades econômicas poluidoras; da aplicação de multas rigorosas e sanções
9
Vide questão 8 e 9 desse material.
10
exemplos podemos enxergar como o Estado tem mecanismos efetivos para incentivar a
Poder Legislativo elaborar leis que visem esse objetivo. Portanto, o dever de intervenção para a
preservação do meio ambiente cabe a todos os Poderes da República, em todas as suas esferas
de atuação.
estabelece, de acordo com o caput do art. 255 da CF, que o cidadão tem o direito (e o dever)
de participar das decisões sobre o equilíbrio do meio ambiente.
que exige a publicidade do estudo prévio de impacto ambiental. Ademais, você verá ao longo
do curso que todas as normas infraconstitucionais em matéria ambiental privilegiam o princípio
da informação.
Art. 5º, XXXIII, da CF: todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
11
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
civil, salvo matérias que envolvam segredo industrial ou do Estado. Nesse ponto, vale ressaltar
que, apesar de o artigo acima citado dispor que é obrigação dos órgãos públicos prestar as
pois trata-se de um interesse difuso. Portanto, em regra, qualquer pessoa pode ter acesso às
informações que tratam do meio ambiente sem precisar comprovar interesse específico.
Essas informações devem ser prestadas, por meios hábeis a atingir a coletividade, de
forma periódica, e não apenas quando ocorrer um dano ambiental, para que seja possível a
adoção de medidas preventivas contra eventuais irregularidades.
Visto isso, podemos elencar os seguintes requisitos da informação ambiental: que seja
Está expressamente disposto no art. 225, §1º, VI da CF/88, que determina ao Poder Público
o dever de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente.
É um princípio com tanta relevância que foi criada a Política Nacional de Educação
Ambiental pela Lei 9.795/99, que define a educação ambiental como um conjunto de “processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
10
Vide questão 4 desse material.
12
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
De acordo com o art. 5º, XXII e XXIII, da CF/88, fica garantido o direito à propriedade a
quem exercer a sua função social. Com isso, o legislador constituinte fez com que a propriedade
perdesse o seu caráter absoluto e passasse a ser uma forma de promover o progresso da
Sendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito difuso, que tem como
titular a coletividade, evidentemente que a função social da propriedade está condicionada à
sua tutela.
Prova disso é que o Código Civil determina em seu art. 1.228, §1º, que o direito de
propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais,
de modo que sejam preservados a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
CF/88. Como os danos ambientais podem tomar grandes proporções, atingindo mais de um
país, esse princípio ganha relevância no direito ambiental.
11
Vide questão 4 desse material.
13
1.12 Princípio da ubiquidade
Muitos autores o citam como princípio do direito ambiental tendo em vista que o meio
ambiente é onipresente e, por isso, a sua agressão em qualquer localidade seria capaz de gerar
Também conhecido como princípio do controle do poluidor pelo Poder Público, consiste
no exercício do Poder de Polícia ambiental do Estado para intervir de forma necessária no
âmbito particular para fiscalizar, orientar e conscientizar quanto aos limites da exploração do
meio ambiente, à sua importância para a coletividade e à sua utilização consciente para que
seja permanentemente disponível13.
ordenamento jurídico.
Por exemplo, existindo uma lei que determina garantias de proteção ao meio ambiente,
ela não pode ser revogada sem que outra a substitua com garantias maiores ou similares.
É pelo princípio da vedação ao retrocesso que podemos afirmar que o Poder Público está
obrigado, em todas as suas esferas de poder, a atuar no sentido progressivo na proteção dos
direitos fundamentais, jamais recuando, suprimindo ou restringindo, a efetividade das suas
garantias.
12
Vide questão 9 desse material.
13
Vide questão 9 desse material.
14
15
1.15 Princípio do Protetor-Recebedor
Esse princípio funciona como um instrumento econômico de proteção ambiental que visa
incentivar as iniciativas para proteção do meio ambiente por meio de recompensas econômicas.
Essas recompensas devem ser custeadas pela pessoa física, jurídica ou pela coletividade que se
beneficia da iniciativa do protetor.
16
QUADRO SINÓTICO
17
proteção ambiental, como as decisões públicas e a fiscalização das suas
execuções.
As informações sobre o meio ambiente devem ser disponibilizadas para todos
os interessados. O direito à informação sobre matéria ambiental é um
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
desdobramento lógico do princípio da participação comunitária, pois o cidadão
só poderá participar se tiver informação.
PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO Incumbe ao Poder Público promover em todos os níveis de ensino a educação
AMBIENTAL ambiental e a conscientização pública para preservar o meio ambiente.
O direito de propriedade está condicionado à observância da sua função social.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO
Sendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito difuso, que
SOCIOAMBIENTAL DA
tem como titular a coletividade, evidentemente que a função social da
PROPRIEDADE
propriedade está condicionada à sua tutela.
A poluição ambiental não fica limitada apenas a um território, portanto, as
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
nações precisam cooperar entre si para proteger o equilíbrio do meio
ENTRE OS POVOS
ambiente.
Cabe ao Poder Público impor limites, controlar a produção, a comercialização
PRINCÍPIO DO LIMITE e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que gerem risco à vida, à
qualidade de vida e ao meio ambiente.
Como o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO fundamental, quando conquistadas garantias de proteção ambiental, a
RETROCESSO ECOLÓGICO sociedade não pode retroagir para níveis de proteção inferiores sem que as
circunstâncias fáticas sejam substancialmente alteradas.
PRINCÍPIO DO PROTETOR Segundo o princípio do protetor recebedor, as condutas de proteção ambiental
RECEBEDOR relevantes devem ser compensadas com benefícios econômicos.
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QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) do poluidor-pagador.
B) do desenvolvimento sustentável.
C) do equilíbrio.
D) do limite.
E) da prevenção.
Comentário:
recompor o meio ambiente lesado ou de indenizar pelos danos causados, como afirma a
questão. Lembre-se: o princípio do desenvolvimento sustentável busca harmonizar o
crescimento econômico, a preservação ambiental e a equidade social; o princípio do
da prevenção busca aplicar medidas preventivas para evitar qualquer dano ambiental que
seja cientificamente comprovado.
19
Questão 2
existem elementos seguros para afirmar que uma determinada atividade é perigosa, sendo que
têm por objetivo impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, por meio da imposição de
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
se aplica quando, apesar de não existir certeza científica, há riscos potenciais da atividade.
Questão 3
concessionária de energia local, para que seja determinada a redução do campo eletromagnético
em linhas de transmissão de energia elétrica localizadas nas proximidades das residências dos
moradores do bairro, alegando eventuais efeitos nocivos à saúde humana em decorrência desse
de esse serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde humana, o que exige análise
dos riscos.
20
Nessa situação hipotética, o pedido da associação feito na referida ACP se pauta no princípio
ambiental
A) da precaução.
B) da proporcionalidade.
C) da equidade.
D) do poluidor-pagador.
E) do desenvolvimento sustentável.
Comentário:
A questão narra uma situação em que não há estudos conclusivos sobre uma determinada
atividade produzir ou não danos ambientais. Pelo princípio da precaução, a falta de certeza
científica milita em favor do meio ambiente, portanto, isso não deve ser um pretexto para
Questão 4
de arcar com as consequências de sua conduta lesiva contra o meio ambiente, tanto na seara
civil e administrativa, quanto na penal.
B) as entidades privadas não estão sujeitas ao princípio da informação no que se relaciona à
matéria ambiental.
C) o princípio da função socioambiental da propriedade possui caráter de dever individual,
concreto, embora ausente a certeza científica, com o fim de evitar a verificação desses danos.
Comentário:
21
De acordo com o art. 225, §3º da Constituição Federal, as pessoas físicas e jurídicas estão
princípio da informação ambiental, pelo qual todo cidadão tem o direito às informações
que julgar necessárias sobre o meio ambiente, pois trata-se de um direito difuso, que
interessa à toda coletividade. A alternativa “C” está incorreta porque o princípio da função
precaução.
Questão 5
A) é de natureza subjetiva.
B) é de natureza objetiva.
Comentário:
22
Questão 6
D) da precaução.
E) da cooperação.
Comentário:
enunciado da questão definiu o seu objetivo, agora vamos ver os objetivos dos princípios
das outras alternativas: princípio da função social da propriedade – objetiva condicionar o
Questão 7
(IBFC - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) A respeito do princípio da precaução
em relação ao Direito Ambiental, é correto afirmar que:
A) o ônus da prova sobre a ocorrência do dano ambiental e sua autoria é do autor da ação civil
pública.
E) compete a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou
ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva.
Comentário:
cabe ao réu, suposto poluidor, comprovar que não lesou o meio ambiente, conforme
disposto na alternativa “E”. Ademais, como visto, o princípio da precaução se aplica quando
Questão 8
(TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) A respeito dos princípios
quantitativa por uma melhoria qualitativa como caminho para o progresso, trazendo a
integração entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico para o benefício das
presentes e futuras gerações.
B) O princípio usuário-pagador pressupõe uma prática ilícita daquele que utiliza o recurso
ambiental, sendo possível a exigência de pagamento quando houver o cometimento de faltas
ou infrações.
C) O princípio da precaução contido no artigo 225 da Constituição Federal impõe ao Poder
prejuízo.
D) A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente obriga a reparação dos danos causados pelo
poluidor à fauna, à flora e ao meio ambiente, devendo ser demonstrada a culpa em sua conduta,
24
Comentário:
aplicado em práticas lícitas; a alternativa “C” está incorreta porque o princípio da precaução
é aplicado no controle de atividades potencialmente danosas, em que não haja certeza
científica. Ademais, por esse princípio inverte-se o ônus da prova. Portanto, não é possível
liberar a atividade se não houver prova do prejuízo, sendo a dúvida interpretada pro natura;
a alternativa “D” está incorreta porque a obrigação de indenizar ou reparar os danos
Questão 9
II. Para a maioria da doutrina que faz a diferenciação entre estes dois princípios, o princípio da
precaução é aplicável aos casos em que os impactos ambientais são conhecidos e devem ser
evitados ou mitigados, enquanto o princípio da prevenção é aplicável aos casos em que não há
certeza científica sobre os riscos e os impactos ambientais da atividade a ser exercida.
III. As Resoluções do CONAMA que tratam de padrões máximos de emissão de poluentes têm
25
IV. O princípio da Ubiquidade é aquele segundo o qual as presentes gerações não podem utilizar
V. A cobrança pelo uso da água prevista na Lei de Recursos Hídricos e a compensação ambiental
Comentário:
26
Questão 10
Comentário:
Pelo princípio do poluidor-pagador, o sujeito que praticar atividade que cause ou possa
causar dano ambiental deve ser responsável pelas despesas de prevenção, reparação e
repressão desse dano. Portanto, a responsabilidade pela prevenção ao dano ambiental está
acumuladas.
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GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - CERTO
Questão 3 - A
Questão 4 - A
Questão 5 - B
Questão 6 - A
Questão 7 - E
Questão 8 - A
Questão 9 - B
Questão 10 - B
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
CF/88: art. 4º, IX, 5º, XXII, XIII, XXXIII, 170 e 225;
PNMA: art. 2º e 40;
Código Civil: art. 1.228, §1º.
29
JURISPRUDÊNCIA
STJ. REsp 1.120-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009 (Informativo 415, STJ)
O dano ambiental refere-se àquele que oferece grande risco a toda humanidade e à coletividade, que é a titular
do bem ambiental que constitui direito difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental
assumiu grande amplitude no Brasil, com profundas implicações, na espécie, de responsabilidade do degradador
do meio ambiente, inclusive imputando-lhe responsabilidade objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato
da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. O direito ao pedido de reparação
de danos ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, também está protegido pelo manto da imprescritibilidade,
por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à afirmação dos povos, independentemente de
estar expresso ou não em texto legal. No conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do causador
do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança jurídica e estabilidade com natureza eminentemente privada, e
tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, fundamental, que antecede todos os demais
direitos – pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer – o último prevalece, por óbvio, concluindo
pela imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental. Mesmo que o pedido seja genérico, havendo
elementos suficientes nos autos, pode o magistrado determinar, desde já, o montante da reparação.
Quando se cogita da preservação da vida numa escala mais ampla, ou seja, no plano coletivo, não apenas nacional,
mas inclusive planetário, vem à baila o chamado "princípio da precaução", que hoje norteia as condutas de todos
aqueles que atuam no campo da proteção do meio ambiente e da saúde pública. Ainda que não expressamente
formulado, encontra abrigo nos arts. 196 e 225 de nossa Constituição. O princípio da precaução foi explicitado, de
30
forma pioneira, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio
de Janeiro, em 1992, da qual resultou a Agenda 21, que, em seu item 15, estabeleceu que, diante de uma ameaça
de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o
adiamento de medidas viáveis para prevenir a degradação ambiental. (...) Dentre os principais elementos que
integram tal princípio figuram: i) a precaução diante de incertezas científicas; ii) a exploração de alternativas a ações
potencialmente prejudiciais, inclusive a da não-ação; iii) a transferência do ônus da prova aos seus proponentes e
não às vítimas ou possíveis vítimas; e iv) o emprego de processos democráticos de decisão e acompanhamento
dessas ações, com destaque para o direito subjetivo ao consentimento informado.
STJ. REsp 1049822/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, 1ª Turma, DJe 18/05/2009.
Aquele que cria ou assume o risco de danos ambientais tem o dever de reparar os danos causados e, em tal
contexto, transfere-se a ele todo o encargo de provar que sua conduta não foi lesiva. Cabível, na hipótese, a
inversão o ônus da prova que, em verdade, se dá em prol da sociedade, que detém o direito de ver reparada ou
compensada a eventual prática lesiva ao meio ambiente.
STJ. R.E. 2003/0195051-9. Rel. orig. Min. José Delgado, rel. p/ acórdão Min. Teori Zavascki, 18/08/2005.
Publ. 17/10/2005, p. 179.
O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais (CRFB/1988, art. 225,
§3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da prevenção, do
poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem, para os destinatários (Estado e comunidade), deveres
e obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem
como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in natura), prestações essas que
não se excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.
O exercício do ius variandi, para flexibilizar restrições urbanístico-ambientais contratuais, haverá de respeitar o ato
jurídico perfeito e o licenciamento do empreendimento, pressuposto geral que, no Direito Urbanístico, como no
Direito Ambiental, é decorrência da crescente escassez de espaços verdades e dilapidação da qualidade de vida
nas cidades. Por isso mesmo, submete-se ao princípio da não-regressão (ou, por outra terminologia, princípio da
31
proibição do retrocesso), garantia de que os avanços urbanísticos-ambientais conquistados no passado não serão
diluídos, destruídos ou negados pela geração atual ou pelas seguintes.
Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Direito Constitucional e Ambiental. Acórdão do tribunal de
origem que, além de impor normativa alienígena, desprezou norma técnica mundialmente aceita. Conteúdo jurídico
do princípio da precaução. Ausência, por ora, de fundamentos fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de
energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar
legal. Presunção de constitucionalidade não elidida. Recurso provido. Ações civis públicas julgadas improcedentes.
1. O assunto corresponde ao Tema nº 479 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet
e trata, à luz dos arts. 5º, caput e inciso II, e 225, da Constituição Federal, da possibilidade, ou não, de se impor a
concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, por observância ao princípio da precaução, a
obrigação de reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de transmissão, de acordo com padrões internacionais
de segurança, em face de eventuais efeitos nocivos à saúde da população. 2. O princípio da precaução é um critério
de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto,
evento ou serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o estado analise
os riscos, avalie os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais serão
decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. 3. Não há vedação
para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão
judicial não se afaste da análise formal dos limites desses parâmetros e que privilegie a opção democrática das
escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública. 4. Por ora, não existem fundamentos
fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das linhas
de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar legal fixado. 5. Por força da repercussão geral, é fixada a
seguinte tese: no atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da
exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por
sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos
pela Organização Mundial de Saúde, conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. 6. Recurso extraordinário provido
para o fim de julgar improcedentes ambas as ações civis públicas, sem a fixação de verbas de sucumbência.
DANO AMBIENTAL. MORTANDADE. PÁSSAROS. O MP estadual, recorrido, ajuizou, na origem, ação civil pública em
desfavor da empresa agrícola, recorrente, sob a alegação de que essa seria responsável por dano ambiental por
uso de agrotóxico ilegal, o que teria causado grande mortandade de pássaros. A recorrente, em contestação, entre
outras alegações, sustentou a descaracterização do mencionado dano, arguindo que pouco mais de trezentas aves
teriam morrido, sem que tenha havido efetivo comprometimento do meio ambiente. A sentença julgou procedente
a ação, condenando a recorrente a pagar a importância de R$ 150 mil em indenização a ser revertida para o meio
ambiente local, em recomposição do dano ambiental causado com a morte de 1.300 pássaros da fauna silvestre, o
32
que se manteve em grau de apelação. Nesta instância especial, ao apreciar a controvérsia, consignou o Min. Relator
que a existência de um dano ambiental não só encerra a necessidade de reconstituição do meio ambiente no que
for possível, com a necessária punição do poluidor (princípio do poluidor-pagador), mas também traz em seu bojo
a necessidade de evitar que o fato venha a repetir-se, o que justifica medidas coercitivas e punições que terão,
inclusive, natureza educativa. Observou não haver como fracionar o meio ambiente e, dessa forma, deve ser
responsabilizado o agente pela morte dos pássaros em decorrência de sua ação poluidora. Quanto ao valor
estabelecido na condenação, entendeu que o pleito da recorrente para que se tome como base de cálculo o valor
unitário de cada pássaro não pode prosperar, já que a mensuração do dano ecológico não se exaure na simples
recomposição numérica dos animais mortos, devendo-se também considerar os nefastos efeitos decorrentes do
desequilíbrio ecológico em face da ação praticada pela recorrente. Diante desses fundamentos, entre outros, a
Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 1.120.117-AC, DJe 19/11/2009, e REsp 1.114.893-
MG.
STF. ADI 3540 MC/DF. Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 01/09/2005
EMENTA: MEIO AMBIENTE – DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) – PRERROGATIVA
QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE – DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE
NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE – NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE
A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS
INTERGENERACIONAIS – ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º, III) –
ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES PERTINENTE – MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI – SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
– POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR
OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA,
QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL –
RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) – COLISÃO DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES
CONSTITUCIONAIS RELEVANTES – OS DIREITOS BÁSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES
(FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) – A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA
(CF, ART. 170, VI) – DECISÃO NÃO REFERENDADA – CONSEQUENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA
CAUTELAR. A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM
DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que
assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial
obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade
coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável,
representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais
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marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de
uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM
DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A
incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de
motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica,
considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que
privilegia a “defesa do meio ambiente” (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de
meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente
laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela
efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que
provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além
de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A
QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA
INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO
FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O
princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra
suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de
obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação
desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição
inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos
direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade
das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. O ART. 4º DO CÓDIGO FLORESTAL E A
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001: UM AVANÇO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. - A Medida Provisória nº 2.166-67, de 24/08/2001, na parte em que introduziu significativas
alterações no art. 4o do Código Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art.
225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrário, mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das
atividades desenvolvidas no âmbito das áreas de preservação permanente, em ordem a impedir ações predatórias
e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação de maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora
propiciada, de modo adequado e compatível com o texto constitucional, pelo diploma normativo em questão. -
Somente a alteração e a supressão do regime jurídico pertinente aos espaços territoriais especialmente protegidos
qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art. 225, § 1º, III, da Constituição, como matérias sujeitas ao princípio
da reserva legal. - É lícito ao Poder Público – qualquer que seja a dimensão institucional em que se posicione na
estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) – autorizar, licenciar ou permitir a
execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde
que, além de observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte
comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico
de proteção especial (CF, art. 225, § 1º, III).
34
STF. ADPF 101/DF. Rel. Min. Cármen Lúcia, 11/03/2009.
35
ar; c) quando compactados inteiros, os pneus tendem a voltar à sua forma original e retornam à superfície,
ocupando espaços que são escassos e de grande valia, em especial nas grandes cidades; d) pneus inservíveis e
descartados a céu aberto são criadouros de insetos e outros transmissores de doenças; e) o alto índice calorífico
dos pneus, interessante para as indústrias cimenteiras, quando queimados a céu aberto se tornam focos de incêndio
difíceis de extinguir, podendo durar dias, meses e até anos; f) o Brasil produz pneus usados em quantitativo
suficiente para abastecer as fábricas de remoldagem de pneus, do que decorre não faltar matéria prima a impedir
a atividade econômica. Ponderação dos princípios constitucionais: demonstração de que a importação de pneus
usados ou remoldados afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente
equilibrado (arts. 170, inc. I e VI e seu parágrafo único, 196 e 225 da Constituição do Brasil).
STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837)
É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. "Art. 254. Transmitir,
através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: Pena
- multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá
determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias." O Estado não pode determinar que os
programas somente possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado
pelo texto constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados.
A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória).
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Juspodivm, 2018.
LENZA, Pedro. Direito constitucional Esquematizado. 23ª ed. São Paulo – Saraiva, 2019.
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CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 2
SUMÁRIO
2. Responsabilidade Ambiental 29
QUADRO SINÓTICO 49
QUESTÕES COMENTADAS 54
GABARITO 66
LEGISLAÇÃO COMPILADA 67
JURISPRUDÊNCIA 68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77
1
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 2
Antes da Constituição Federal de 1988 o meio ambiente era visto apenas como um recurso
em todo o planeta.
provocadas pelo homem deram início a uma crise ambiental e, com ela, surgiram os primeiros
princípios ambientais.
Foi em 1972, na Conferência de Estocolmo, que teve início a visão protecionista do meio
ambiente. Essa percepção influenciou diversos ordenamentos jurídicos, inclusive o brasileiro que,
em sede infraconstitucional, criou a Secretaria do Meio Ambiente – SEMA, em 1973, e a Política
Mas foi apenas com a Constituição de 1988 que a proteção do meio ambiente ganha
status constitucional. Com a sua constitucionalização, os princípios ambientais são elevados ao
patamar dos direitos fundamentais.
previsão constitucional, a proteção ambiental passa a ser uma obrigação do Poder Público, que
deve atuar sempre observando como diretriz o princípio do desenvolvimento sustentável.
Vale lembrar que a forma como o meio ambiente está tutelado pela Constituição de 1988
Quando a Constituição Federal, em seu art. 225, afirma que “todos têm direito ao meio
dos direitos fundamentais, alguns direitos, como o agora estudado, possuem matéria de direito
fundamental, ou seja, influenciam diretamente na estrutura do Estado e da sociedade, é o que
intervir. Os direitos de segunda geração são os direitos de igualdade – direitos sociais, culturais
e econômicos.
3
Quando os direitos de liberdade e de igualdade já estavam consolidados, surge a noção
terceira geração, pois trata-se de um direito coletivo difuso. Mas o que isso significa?
ser direitos difusos, direitos coletivos propriamente ditos, ou direitos individuais homogêneos.
O que os diferencia? Basicamente possibilidade de determinar os seus titulares, de dividir o
objeto da tutela e a forma como os polos da relação jurídica estão ligados. O Código de Defesa
do Consumidor nos oferece as seguintes definições:
Art. 81. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
1
Vide questão 4 desse material.
4
1.3 Proteção do meio ambiente no art. 225 da CF/88
Ordem Social).
É de extrema importância para o nosso estudo entender as disposições ali escritas, pois
elas devem guiar todo o raciocínio dentro da matéria, então leia o texto da Constituição com
atenção:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
5
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente,
na forma da lei.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos.
O art. 225 da CF/88 dispõe de diversos aspectos e princípios que devem ser observados
em todo o estudo do direito ambiental. Primeiramente, temos a definição do bem jurídico
tutelado: o meio ambiente ecologicamente equilibrado; depois, podemos extrair da norma que
6
ele se trata de um bem difuso, pois pertence a “todos” e é “de uso comum do povo”; ainda,
atual deve cuidar do equilíbrio ambiental para si pensando na manutenção desse equilíbrio no
futuro.
que possa assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, não retira da
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, em suas
interações normais. Ou seja, interações sociais que firam esse direito devem ser condenadas de
acordo com o caput do art. 225 da CF/88.
um conjunto de ações para proteger o meio ambiente, que ainda não foi degradado; enquanto
a restauração consiste em ações para restituir o meio ambiente já degradado ao mais próximo
possível da sua condição original.
2
Vide questão 5 desse material.
7
Portanto, de acordo com o §1º, I, do art. 225 da CF/88, incumbe ao Poder Público proteger
o meio ambiente e, caso ocorra um dano, restituí-lo da forma mais completa possível.
Processos ecológicos essenciais são os processos vitais, que tornam possíveis as relações
entre os seres vivos e o meio ambiente, como as cadeias alimentares, o ciclo da água, do
Por sua vez, o manejo ecológico das espécies e ecossistemas significa que o Poder Público
deve administrar a biodiversidade das espécies vivas e dos seus respectivos ecossistemas.
A Lei 11.105/05 define normas de segurança e de fiscalização das atividades que envolvem
organismos geneticamente modificados (OGM) e seus derivados. Para tanto, cria o Conselho
Nacional de Biossegurança e a Política Nacional de Biossegurança.
A Lei 9.985/00, por fim, cria a área ambientalmente protegida, importante instrumento de
que devem ser protegidos devido à relevância dos seus atributos ambientais.
Essa reserva de território deve ser feita em todas as unidades da Federação por meio de
lei ou decreto do Poder Executivo, entretanto, uma vez estabelecida, a sua redução ou supressão
3
Vide questões 3 e 5 desse material.
4
Vide questões 2 e 3 desse material.
8
só pode ser feita através de lei. Evidente é o intuito do legislador constituinte: facilitar a criação
O estudo prévio de impacto ambiental, que chamaremos de EIA, é uma forma de avaliar o
impacto que determinada atividade pode causar ao meio ambiente. Ele serve para subsidiar o
Além da realização do EIA, a Constituição exige que a ele seja dada publicidade,
prestigiando o princípio da informação. Com isso, qualquer interessado pode tomar
5
Vide questões 2 e 3 desse material.
6
Vide questões 3 e 5 desse material.
7
Vide questão 5 desse material.
9
Nacional de Educação Ambiental, pela Lei 9.795/99, que conceitua a educação ambiental como
“processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade”.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade8;
Há diversos diplomas legais que, com base no dispositivo da Constituição, visam a proteção
dos animais e das plantas no ecossistema equilibrado, inclusive tipificando como crime a
conduta danosa a esses bens.
Por exemplo, a Lei de Crimes Ambientais, em seu art. 32, define como crime “praticar ato
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando há recurso alternativo.
É para cumprir esse preceito constitucional que a Lei 11.794/08 estabelece regras para os
procedimentos científicos e de aprendizagem que utilizam animais. Fica reservado o uso de
animais vivos, em experiencias que possam causar dor ou angústia, aos casos inevitáveis. Nesses
casos, é preciso desenvolver a pesquisa sob sedação, analgesia ou anestesia adequada e que o
animal seja sacrificado antes de recobrar a consciência – morte por meios humanitários.
fazia “pegas e correrias de boi” para depois sacrificar o animal e oferecer à comunidade como
hóstia.
8
Vide questões 3 e 5 desse material.
10
A controvérsia girava em torno do direito à manifestação cultural, protegido
Para o Supremo, a farra do boi não se tratava apenas de uma manifestação cultural, mas
sim de uma prática violenta e cruel para com os animais (RE 153.531/SC). As manifestações
culturais no Brasil não podem ser exercidas de forma absoluta, elas encontram limites, e o limite
no caso era a crueldade contra os animais. Portanto, por maioria, a Corte deu provimento ao
recurso, proibindo a realização da farra do boi.
O mesmo entendimento foi adotado quando o Supremo julgou a ADI 4883 e declarou a
a Emenda Constitucional nº 96/17, que acrescentou o §7º ao art. 255 da CF/88. A alteração do
texto constitucional passa a reconhecer práticas desportivas que utilizam animais e que sejam
manifestações culturais como não cruéis.
Portanto, atualmente atividades como a vaquejada e o rodeio não podem ser consideradas
inconstitucionais de acordo com o disposto no inciso VII do §1º do art. 225 da CF/88 e a decisão
do STF ficou sem efeito.
No §2º do art. 225, a Constituição destaca a exploração dos recursos minerais porque essa
atividade gera relevantes impactos ao meio ambiente e tem uma expressiva importância
econômica e social.
11
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados;
em decorrência de um único dano ambiental, o seu causador, pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, possa ser responsabilizada penal, administrativa e civilmente de forma
simultânea e independente.
A responsabilidade civil do ente público por dano ambiental pode ser, inclusive,
decorrente da sua omissão ou da sua atuação insuficiente, e, nesses casos, como veremos
mais adiante neste capítulo, solidária9.
Com esse dispositivo, a Constituição Federal quis enfatizar a importância ambiental desses
ecossistemas, transformando-os em patrimônio nacional. Mas, atenção: a previsão constitucional
não transforma esses biomas em bens da União. O que podemos extrair do §4º é que a Floresta
Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira, por serem patrimônio nacional, não admitem qualquer tipo de internacionalização.
9
Vide questão 1 desse material.
10
Vide questão 2 desse material.
12
As áreas não são bens da União, mas o status de patrimônio nacional garante aos biomas
um regime especial de utilização, que deve ser voltado para a preservação dos respectivos
atributos naturais e para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas.
As terras devolutas são aqueles territórios que não pertencem legitimamente a nenhum
particular e as, incorporadas no patrimônio público, não são afetadas a qualquer uso. Em regra,
são bens públicos dominicais e, por isso, alienáveis.
tratamento jurídico diferenciado pela CF/88: são bens da União e devem ser consideradas como
bens públicos de uso especial, pois estão afetados à uma destinação pública específica – a
proteção dos ecossistemas naturais e, portanto, bens indisponíveis.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas 11;
União, devendo ser usada para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional (com
exceção dos radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização podem ser autorizadas
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar
dos animais envolvidos12.
Como já demonstrado nos comentários do inciso VII do §1º do art. 225 da CF/88, o
legislador constituinte derivado passou a entender que práticas desportivas que utilizem animais,
11
Vide questão 2 desse material.
12
Vide questão 2 desse material.
13
como por exemplo, a vaquejada, são permitidas desde que configurem manifestações culturais
Para harmonizar tais práticas com a proteção do meio ambiente prevista no inciso VII do
§1º do art. 225 da CF/88, a atividade deve ser regulamentada por lei específica que tenha como
não era preparado para tutelar direitos transindividuais. Suas características individualistas eram
incompatíveis e insuficientes para assegurar direitos difusos como o meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Ação Civil Pública: é um instrumento processual que serve para condenar o agente
causador de dano ambiental a cessar ato lesivo ao meio ambiente, recuperar as áreas
degradadas e/ou pagar reparação pecuniária. A Ação Civil Pública – ACP – está
regulamentada pela Lei 7.347/85. Nesta lei, temos um rol taxativo de legitimados a
propor a ACP, mas entre eles não encontramos o cidadão.
Ação Popular: é o instrumento processual utilizado pelo cidadão para fazer um controle
de legalidade e de lesividade de atos, e proteger interesses transindividuais, entre eles,
o meio ambiente. É uma forma de exercer a democracia direta e, portanto, o seu titular
deve ter capacidade eleitoral ativa. Por isso, a pessoa jurídica não é legitimada a propor
Ação Popular (Súmula 265, STF).
14
1.5 Domínio eminente dos bens pelo Estado
O Poder Público exerce um domínio eminente sobre todos os bens situados no território
brasileiro. Não se trata de um domínio patrimonial, é um poder que decorre da soberania do
Estado, que o permite submeter, de forma geral, à sua vontade todos os bens situados em seu
território, sejam eles públicos, privados ou não sujeitos ao regime normal de propriedade, como
a água.
É por esse domínio eminente dos bens pelo Estado que os recursos ambientais podem
sofrer intervenções do Poder Público, mesmo que ele não seja o proprietário.
De acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente, prevista na Lei 6.938/81, são recursos
O Estado exerce a função de gestor e assegurador desses recursos ambientais, que são
classificados como patrimônio público em sentido amplo, tendo em vista o seu uso coletivo.
Quanto à sua destinação, os recursos naturais podem ser classificados como bens públicos
de uso comum do povo, de acordo com a divisão de bens públicos do art. 99 do Código Civil.
Portanto, os bens naturais podem ser utilizados por todos, igualmente, sem necessidade de
autorização da Administração Pública; são afetados e indisponíveis. Exemplos: rios e mares.
Alguns bens naturais são classificados como bens de uso especial, quando possuem destinação
pública específica, como por exemplo, as terras ocupadas por índios.
Não podemos confundir o termo “bem de uso comum do povo” usado no caput do art.
225 da CF/88 com a classificação do CC/02. O intuito do legislador constituinte ao usar essa
expressão foi de intensificar a ideia de que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um
bem transindividual.
A doutrina administrativista tem uma percepção diferente. Por ela, é permitido que os bens
de uso comum do povo sejam desafetados, o que é impossível de acontecer com os bens
naturais, devido à titularidade difusa dada pela Constituição. Ademais, como visto, os bens
15
naturais eventualmente afetados podem ser classificados administrativamente como “bens de
uso especial”, mas não perdem a característica de bem de uso comum do povo no sentido dado
pela Constituição.
distritais ou municipais. Vale lembrar que ao dar a titularidade dos recursos naturais aos entes
federados, a Constituição não está dando a propriedade ou o domínio desses bens. A União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios atuam como gestores responsáveis pela preservação
e adequada utilização desses bens.
A Constituição enumera os bens da União em seu art. 20, nos seguintes temos:
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
46, de 2005)
VI - o mar territorial;
16
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais
no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
Por ser um tema de direito constitucional, vamos tratá-lo de forma objetiva aqui na matéria
de direito ambiental, revisando e destacando os pontos que interessam à nossa disciplina, ok?
As terras devolutas são aquelas que não são de propriedade particular e aquelas que,
incorporadas ao domínio público, ainda não foram afetadas a qualquer uso. Em geral elas são
classificadas como bens públicos dominicais. Em regra, os bens dominicais são disponíveis,
entretanto, quando as terras devolutas são indispensáveis para a preservação ambiental, há uma
exceção quanto a sua disponibilidade: o art. 225, §5º da própria CF/88 estabelece a
indisponibilidade das terras devolutas necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
excepcionalmente classificadas como bens públicos de uso especial devido à destinação pública
que receberam da Constituição.
Para classificar os cursos d’água como bens da União, devemos observar a sua extensão e
o critério da segurança nacional. Para aferir no caso concreto se o bem é federal, estadual ou
distrital, a Agência Nacional de Águas – ANA – definiu 5 critérios na Resolução n. 399/04:
17
5.1. Cada curso d’água, desde a sua foz até a sua nascente, será considerado como
unidade indivisível, para fins de classificação quanto ao domínio.
5.3. Em cada confluência será considerado curso d’água principal aquele cuja bacia
hidrográfica tiver a maior área de drenagem.
5.4. A determinação das áreas de drenagem será feita com base na Cartografia Sistemática
Terrestre Básica.
5.5. Os braços de rios, paranás, igarapés e alagados não serão classificados em separado,
uma vez que são considerados parte integrante do curso d'água principal.
Por esses critérios, os trechos de rios que compõem os cursos principais das bacias
hidrográficas que transpassam ou compõem limites estaduais, são bens da União (STJ,
informativo 398).
As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras.
Entretanto, própria Constituição estabelece que não são bens de União as áreas que sejam
de domínio do estado membro ou que sejam sede de Município (salvo as áreas afetadas ao
destinam prioritariamente à proteção da natureza. Ainda, define que outra destinação dessas
ilhas deve ser precedida de autorização de órgão ambiental competente, tendo em vista que a
existindo, até o início de outro ecossistema. Por serem bens de uso comum do povo, as praias
marítimas devem ter acesso livre, salvo quando a sua área for de interesse para segurança
nacional ou protegida por lei.
18
Os recursos naturais da plataforma continental, da zona econômica exclusiva e o
mar territorial.
Em 1982 ocorreu a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, na Jamaica.
Nessa convenção foram estabelecidos os princípios gerais para a exploração dos recursos
naturais do mar e os conceitos de plataforma continental e de zona econômica exclusiva. O
Brasil ratificou a Convenção em 1988 e regulamentou o direito do mar com a Lei 8.617/93.
O mar territorial brasileiro é um bem da União por ser de interesse para a segurança
nacional, pois a soberania do Brasil se estende por ele, por seu espaço aéreo, por seu leito e
por seu subsolo. O mar territorial compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura
(mais ou menos 22km), medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular.
Lembre-se que a soberania nacional na área de mar territorial e seus respectivos espaços
sobrejacentes e subjacentes não é absoluta, como no caso do território interno. Devemos
sempre lembrar do direito de passagem inocente para os navios de qualquer outro Estado
soberano.
Mas o direito de passagem inocente pode ser exercido de qualquer forma? Claro que não!
O Estado que possui o mar territorial que é área para a passagem inocente tem o direito de
regulamentar essa prática para a segurança da navegação, para a proteção de instalações ou
A Zona Econômica Exclusiva, que vamos chamar apenas de “ZEE”, compreende uma faixa
das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para
mar e do seu subsolo. Por força da Constituição, os recursos naturais encontrados na ZEE são
considerados bens da União, a quem também cabe regulamentar matérias como a investigação
19
O fato de o Brasil ter soberania para explorar e aproveitar os recursos naturais da ZEE
brasileira não retira o direito dos demais Estados ao gozo de liberdades como a navegação e o
sobrevoo.
Por fim, devemos conceituar a plataforma continental como o leito e o subsolo das áreas
A União, por força do art. 20, V, da CF/88, tem o direito exclusivo de autorizar e
brasileira.
Os recursos naturais com potencial energético são em regra bens da União, tendo em vista
a sua relevância econômica. Mesmo que esteja localizado em curso d’água estadual, a área de
potencial de energia hidráulica será sempre bem da União, que tem competência para explorar,
Art. 1.230, do Código Civil – A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e
demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos
arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
20
Cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos.
As cavidades naturais subterrâneas são espaços subterrâneos acessíveis pelo ser humano,
popularmente conhecidos como caverna, gruta, lapa, toca, abismo, furna ou buraco. Inclui-se no
conceito de cavidades naturais subterrâneas o seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna
e a flora e o corpo rochoso, desde que tenham se formado por processos naturais,
O dispositivo aduz às terras ocupadas permanentemente pelos índios, utilizadas para suas
costumes e tradições.
As terras ocupadas tradicionalmente pelos índios são de titularidade da União, mas são
caracterizadas como posse permanente do povo indígena, cabendo a eles o usufruto
Muito importante destacar que o STF entende que a Constituição de 1988 reconheceu os
direitos dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, e não simplesmente outorgou
as eles esse direito. Ou seja, isso quer dizer que o ato de demarcação de terras indígenas tem
natureza declaratória e não constitutiva. Trata-se de um direito originário, mais antigo do que
qualquer outro, que prepondera mesmo diante de pretensos direitos adquiridos materializados
em escrituras públicas ou título de legitimação de posse de pessoa não-índio, que são atos
nulos e extintos pela Constituição.
21
Por fim, vale lembrar que as terras indígenas são bens públicos de uso especial, pois têm
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
Para Carvalho Filho, as regras do art. 26 devem ser estendidas ao Distrito Federal, tendo
Os municípios foram excluídos da partilha de bens constitucional! Mas isso não significa
que eles não tenham titularidade de bens! As ruas, praças, jardins públicos, edifícios públicos
de interesse regional e aos municípios cabe legislar sobre matérias de interesse local.
22
A competência ambiental material, por sua vez, atribui aos entes federados o poder de
É a competência outorgada pela Constituição (art. 22) à União para legislar sobre
determinados assuntos, entre eles: águas, energia, regime de portos, navegação lacustre, fluvial
e marítima, jazidas, minas e outros recursos minerais, populações indígenas, sistema de geologia
Ademais, não custa nada lembrar que o fato de a competência legislativa ser privativa da
União, não significa que só ela tenha o poder de fiscalizar. Guarde essa informação. 😉
Os estados federados possuem sua competência legislativa exclusiva prevista nos §2º e §3º
do art. 25 da CF/88.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
(...)
23
Quanto aos municípios, apesar de não terem sido expressamente contemplados por
que comprovado o interesse restrito ao âmbito territorial do município. Esse “interesse local”
não significa ausência de interesse regional ou nacional. Para detectar se a matéria é de
De acordo com o art. 25, §1º da Constituição Federal, são reservadas aos Estados as
competências que não lhes sejam por ela vedadas. É o que chamamos de competência
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
(...)
24
No âmbito da legislação concorrente, como todos os entes possuem competência
legislativa, é preciso estabelecer algumas regras para evitar conflitos. A mais importante é a
prevista no §1º do art. 24 da CF/88, que limita a competência da União a estabelecer normas
gerais sobre essas matérias, que devem ser observadas pelos estados, DF e municípios. Normas
gerais são aquelas que estabelecem conceitos, princípios e procedimentos básicos para serem
A inércia da União em editar a norma geral faz surgir a competência legislativa supletiva
ou plena para os estados e para o DF, como dispõe o §3º do art. 24 da CF/88, que passam a
poder editar normas gerais e normas específicas sobre os assuntos concorrentes.
Se após exercida a competência legislativa supletiva pelo estado ou pelo DF, a União editar
a norma geral, ela irá suspender a eficácia da lei estadual/distrital no que for lhe for contrária.
Atenção: a lei geral editada pela União supervenientemente não irá revogar a lei geral supletiva
editada pelo estado ou pelo DF! NÃO EXISTE HIERARQUIA ENTRE LEIS DE ENTES
FEDERATIVOS DISTINTOS! Inclusive, ambas as leis podem coexistir, desde que a lei editada a
partir da competência legislativa supletiva não contrarie a norma geral editada
E os municípios? Bem, o art. 24 da CF/88 não atribui nenhuma competência legislativa aos
municípios, por isso, a doutrina majoritária não considera que eles tenham competência
concorrente. Mas o art. 30, I e II da CF/88 afirma que cabe ao município “legislar sobre assuntos
de interesse local” e “suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”! Isso não é
25
A competência legislativa suplementar ou complementar pode ser vista como um
desdobramento da competência concorrente, e está prevista no art. 24, §2º da CF/88 da seguinte
forma: “a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar com base no art. 30, II da CF/88, desde que a norma trate de interesse local. Com
isso, preenchemos eventuais lacunas na divisão constitucional de competências legislativas.
utilizado pelo constituinte para definir quais assuntos seriam incluídos nesse rol foi o interesse
geral. Entre esses assuntos destacamos, em matéria ambiental:
(...)
(...)
(...)
(...)
(...)
26
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos
e mediante aprovação do Congresso Nacional;
(...)
Notou alguma coisa no inciso XII acima citado? Observe que ele autoriza a exploração
dos serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de
exclusiva e passa a ser considerado uma competência material privativa da União que, como
vimos, são aquelas matérias que podem ser delegadas.
27
1.6.6 Competência material comum
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar
o patrimônio público;
(...)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,
os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
(...)
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Para regulamentar esse dispositivo, foi editada a Lei Complementar 140/11, que será
aprofundada adiante, com o intuito de estabelecer uma gestão descentralizada das questões
ambientais, harmonizar políticas públicas e ações administrativas entre as esferas de governo.
28
2. Responsabilidade Ambiental
Como vimos, o art. 225, §3º da CF/88 estabelece que “as condutas e atividades
nos artigos 927 e 186 do Código Civil, são: ato ilícito (com dolo ou culpa) + dano + nexo causal.
29
Quando falamos em culpa no direito civil temos que entendê-la como qualquer
mesmo se a conduta do agente for dolosa ou culposa, se ela não gerar dano à vítima, não
falamos em responsabilidade civil. Por fim, o nexo causal é a relação entre a conduta do agente
e o dano causado à vítima. É uma relação de causa e efeito. Para a responsabilização de alguém,
é preciso provar que ele deu causa ao resultado, não basta que o agente tenha praticado
conduta ilícita e que a vítima tenha sofrido um dano, é preciso estabelecer uma relação casuística
entre os dois.
Já que estamos tratando do nexo causal, é importante lembrar a você que existem situações
excludentes do nexo causal: caso fortuito ou caso de força maior; fato exclusivo da vítima; e
fato de terceiro.
A responsabilidade objetiva, por sua vez, exige apenas dois pressupostos: a dano e nexo
causal. A teoria objetiva baseia-se no risco da atividade e, por isso, não se interessa com o
elemento subjetivo (dolo ou culpa). Portanto, quando dizemos que a responsabilidade é objetiva,
significa que, independente de dolo ou culpa, se houve dano e se esse dano decorreu de
conduta lícita ou ilícita do agente (nexo causal), ele deve ser responsabilizado pelos prejuízos
causados.
A regra civil é que a responsabilidade seja subjetiva, sendo a teoria objetiva aplicada apenas
Art. 14, §1º, da Lei 6.938/81 – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor
ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
degradado por meio de uma tutela específica. Por isso, em regra, cabe ao poluidor a obrigação
13
Vide questão 6 desse material.
30
de recuperar o meio ambiente, restaurando o seu status quo ante. Subsidiariamente, apenas se
o dano for irreparável, é que caberá ao poluidor indenizar os danos causados em dinheiro,
revertido à preservação ambiental14.
Vale lembrar que a responsabilização do poluidor na esfera civil não visa puni-lo, mas
apenas reparar o dano causado. Nesse sentido, o STJ afirma que “é inadequado pretender
conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é
função que incumbe ao direito penal e administrativo” (REsp. 1.345.536/SE).
Como vimos, a responsabilidade ambiental segue a teoria objetiva. Com isso, não é
618 do STJ, “a inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental”. Esse
entendimento se baseia no in dubio pro nature, pois o aplicador do direito deve sempre
interpretar os fatos em favor da tutela do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
14
Vide questão 6 desse material.
31
Quanto às excludentes do nexo causal em sede de responsabilidade civil objetiva
ambiental, a doutrina diverge. Alguns entendem que a teoria objetiva, baseada na teoria do
risco, deve admitir a prova de excludente de responsabilidade. Para eles, a pessoa que assume
o risco de uma atividade deve assumir os seus ônus, exceto os absolutamente imprevisíveis.
Para os que defendem esse posicionamento, o dever de indenizar surge apenas com o
dano, ainda que ele seja causado por culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito
ou de força maior, pois o simples fato de exercer a atividade potencialmente poluidora produz
o dever de reparar seus eventuais danos.
Portanto, para a teoria do risco integral, só se exclui a responsabilidade civil caso seja
comprovado que o dano não existiu ou que o dano não está relacionado com a atividade que
o agente exerce.
É uma teoria extremamente rigorosa e, por isso, é adotada no Brasil apenas nos casos de
Além de ser objetiva e pautada na teoria do risco integral, a responsabilidade civil por
dano ambiental também é solidária. A solidariedade é um artifício técnico usado para facilitar
15
Vide questão 9 desse material.
32
o cumprimento de uma obrigação, que poderá ser reclamada em sua totalidade por qualquer
Para fins de solidariedade ambiental, equiparam-se como poluidores quem faz, quem não
faz quando deveria fazer, quem faz mal feito, quem não se importa que façam, quem financia
meio ambiente degradado é do atual proprietário do imóvel rural, mesmo que ele não tenha
causado o dano (mesmo sem nexo causal).
Súmula 623 do STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
16
Vide questões 7 e 10 desse material.
33
Não custa nada reforçar, tendo em vista a importância do tema, que o direito ao meio
coletivo, indisponível, fundamental e antecede todos os demais direitos (pois sem ele não há
vida), o último prevalece sobre o primeiro e a reparação do dano ambiental é considerada
imprescritível.
Todas das respostas são positivas. A degradação do meio ambiente pode causar um dano
extrapatrimonial a um indivíduo, a alguns indivíduos ou à toda coletividade. Por exemplo, um
dano ambiental pode causar dificuldade ou impossibilitar o exercício de determinada profissão,
Com a crise ambiental e a sociedade de massa em que vivemos, é preciso dar um enfoque
face individual, apresenta-se como um direito difuso, transindividual. Se o indivíduo pode ser
indenizado por dano moral, também deve ser admitido o dano moral da coletividade, caso
17
Vide questão 6 desse material.
34
Seguindo esse entendimento, o STJ demonstra que admite o dano moral coletivo em
matéria ambiental na decisão do REsp. 1.114.839: “a reparação ambiental deve ser feita de forma
mais completa possível, de modo que a condenação a recuperar a área lesionada não exclui o
dever de indenizar, sobretudo pelo dano que permanece entre a sua ocorrência e o pleno
restabelecimento do meio ambiente afetado (dano interino ou intermediário), bem como pelo
dano moral coletivo e pelo dano residual (degradação ambiental que subsiste, não obstante
todos os esforços de restauração)”.
Ademais, na decisão do REsp. 1.367.923, o STJ deixou claro que existe um paradoxo na
admissão de dano moral individual sem que fosse possível o mesmo tratamento à coletividade.
E ainda, que a degradação do meio ambiente causa dano moral coletivo, mesmo que de forma
reflexa18.
De acordo com o art. 37, §6º da CF/88, “as pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
O Código Civil, nesse contexto, dispõe no seu art. 43 que “as pessoas jurídicas de direito
público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade
causa a terceiros, ressalvado direito de regresso contra os causadores do dano, se houver, por
parte destes, culpa ou dolo”.
objetiva pelo dano causado ao meio ambiente por seus agentes, no desempenho de suas
funções ou em razão delas.
18
Vide questão 6 desse material.
35
A teoria do risco administrativo não se confunde com a teoria do risco integral. Ambas
responsabilidade nos casos de fato exclusivo da vítima, caso exclusivo de terceiro, caso fortuito
e força maior.
de um ato comissivo do agente público, mas ela convive perfeitamente com a teoria da culpa
do serviço, que prevê a responsabilidade subjetiva do Estado nos casos de danos decorrentes
da sua omissão.
dano a terceiro, basta que fique comprovado que o Estado não agiu, ou que agiu de forma
insuficiente.
omissão.
36
Apesar disso, em razão do regime especial que rege os créditos públicos, a
público.
fizer.
RESPONSABILIDADE
OBJETIVA
(TEORIA DO RISCO ADM.)
RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO
RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA
(POLUIDOR POR OMISSÃO)
pelos danos que causou ao meio ambiente. A Administração Pública deve fiscalizaras atividades,
apurar eventuais infrações e impor as respectivas sanções ao degradador no âmbito
Como se trata de uma competência material comum aos entes federados, essa atividade
é atribuída aos órgãos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, dentro das
suas respectivas competências.
37
2.2.1 Poder de polícia ambiental
limitando direitos individuais, para tutelar interesse público. Para tanto, são usadas normas
limitadoras e sancionadoras.
O poder de polícia ambiental se fundamenta no art. 225 da CF/88, que determina ser um
O Poder Público exerce o poder de polícia ambiental através do seu órgão ambiental
competente, que deve atuar sempre nos limites da lei, observando o devido processo legal e,
quando se deparar com um ato discricionário, agir sem abuso ou desvio de poder.
A lei complementar 140/11 dispõe que qualquer pessoa que seja legalmente identificada
pode representar infração ambiental ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização
do poluidor (dolo ou culpa) para a sua condenação, além, é claro, do efetivo dano e do nexo
causal entre ele e a conduta. Isso se justifica porque a responsabilização administrativa do
poluidor visa precipuamente a sua punição, ao contrário da responsabilização civil, que visa a
reparação do dano causado.
38
Por esse mesmo fundamento, as infrações ambientais administrativas são tipificadas. Ou
seja, se determinada conduta causadora de dano ambiental não for prevista nas normas de
proteção ao meio ambiente, não haverá responsabilidade administrativa do respectivo poluidor
Veja bem: uma mesma conduta pode ser tipificada como infração administrativa ao mesmo
tempo que está tipificada como crime, ok? Mas se uma conduta estiver tipificada somente como
crime, ela também pode ser sancionada administrativamente! Se uma pessoa violou bem jurídico
tutelado pelo direito penal, consequentemente ela violou uma regra jurídica de uso, gozo,
O agente público que autuar o poluidor, ao lavrar o auto de infração, deve indicar as
sanções aplicadas ao caso concreto seguindo os critérios de: gravidade dos fatos, antecedentes
I - advertência;
II - multa simples;
39
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
Advertência
Segundo o §2º do art. 72 supracitado, a advertência será aplicada pela inobservância das
disposições da lei 9.605/98 e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem
meio de lavratura de auto de infração, garantido o devido processo legal, com contraditório e
ampla defesa.
Com o auto de infração, deve ser estabelecido um prazo para que a irregularidade seja
sanada. Caso decorra o prazo fixado sem a devida regularização, o agente público autuante
deve certificar os fatos e aplicar a respectiva multa.
Por fim, vale salientar que o STJ entende que as demais sanções podem ser aplicadas
Multa simples
A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo: advertido
por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por
órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; ou
40
opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do
Ministério da Marinha.
Como já foi mencionado, o agente público, ao fixar o valor da multa, deve observar a
situação econômica do infrator além dos seus antecedentes e da gravidade dos fatos.
como base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma, metro de carvão-mdc, estéreo, metro
quadrado, dúzia, estipe, cento, milheiros ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto
jurídico lesado.
em dívida ativa e na execução imediata das obrigações pactuadas, tendo em vista o seu caráter
de título executivo extrajudicial.
Multa diária
A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
Ela deve ser imposta até que a infração seja cessada ou até a celebração de termo de
41
Cabe ao agente público estabelecer o valor do dia-multa ao lavrar o auto de infração. Esse
valor não pode ser inferior a R$ 50,00 e nem superior a 10% do valor da multa simples cominada
para a infração.
Atenção: de acordo com o art. 76 da lei 9.605/98, o pagamento da multa imposta pela
substituição. A celebração de acordos para ajustamento de conduta não possui esse condão,
salvo se o órgão ambiental federal compôs esse compromisso.
Mas, no caso de crimes ambientais, não é preciso esperar a condenação do infrator para
realizar a apreensão desses instrumentos e produtos, que deve ser feita logo que verificada a
Quanto à apreensão dos animais, temos as seguintes regras: os animais silvestres devem
ser libertados em seu habitat ou entregues a zoológicos, fundações, entidades científicas, centros
42
prévio e notificação do proprietário para que remova os animais do local no prazo fixado pela
Os animais domésticos e os animais exóticos que forem apreendidos poderão ser vendidos
ou doados pela autoridade ambiental competente para órgãos e entidades públicas de caráter
científico, cultural, educacional, hospitalar, penal, militar ou social, bem como para entidades
sem fins lucrativos de caráter beneficente.
Quanto aos produtos e subprodutos da fauna e da flora, destacamos que a Lei de Crimes
perecíveis apreendidos, como a pele, o pelo, a pena, o chifre e o osso do animal, devem ser
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.
As vendas serão feitas mediante leilão, nos termos da lei 8.666/93, e os custos operacionais
de depósito, remoção, transporte, beneficiamento e demais encargos legais devem ser arcados
pelo adquirente. Outra possibilidade é a doação desses bens ou a utilização deles pela própria
terceiros, fundamentando a medida como a mais adequada para a execução dos fins
institucionais dos beneficiários.
43
aproveitamento indevidos nas situações em que o transporte e a guarda forem inviáveis no caso
instruído com as condições anteriores e posteriores do produto, bem como com a respectiva
avaliação.
Trata-se de uma penalidade aplicada ao produtor que não seguir as normas legais e os
regulamentos aplicáveis ao produto. Serve para impedir que o produto e o subproduto de uma
O embargo deve ser limitado ao local onde de fato ocorreu a infração ambiental. Se existem
outras atividades exercidas na propriedade do embargo, elas não devem ser alcançadas. Ou
seja, a sanção não impede atividades não relacionadas com a infração, mesmo que funcione no
mesmo local da embargada.
multa de 10 mil reais a 1 milhão de reais, suspensão da atividade que originou a infração e da
venda de produtos ou subprodutos criados ou produzidos na área ou local objeto do embargo
44
infringido e o cancelamento de registros, licenças ou autorizações de funcionamento da
a divulgação dos dados do bem embargado e do seu titular em lista oficial, especificando o
local embargado e se o respectivo auto de infração está julgado ou se ainda está pendente.
Demolição de obra
desacordo com a legislação ambiental, ou quando a obra ou construção realizada não atenda
às condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização.
A sanção pode ser executada pela administração ou pelo próprio infrator, em prazo fixado
após o julgamento do auto de infração. Mesmo que seja executada pela Administração, as
despesas da demolição devem ser do infrator.
Ademais, não deve ocorrer a demolição quando, por laudo técnico, ficar demonstrado
que a sua execução pode acarretar mais impactos ao meio ambiente do que a sua
manutenção. Nesses casos, a autoridade ambiental, sem prejuízo das demais sanções
administrativas cabíveis, deve determinar de forma justificada outras medidas para cessar ou
mitigar o dano ambiental.
situações excepcionais, a demolição pode ser feita no próprio ato de fiscalização. É uma medida
extrema, que só pode ser tomada quando o agente público autuante estiver diante de um grave
risco à saúde humana ou de risco de agravamento de dano ambiental que não sejam sanáveis.
Nesses casos, a demolição poderá ser executada pelo próprio agente público, por quem
ele autorizar ou pelo infrator, e sempre às custas deste último. Ademais, em situações assim,
cabe ao representante do Poder Público descrever e documentar a ação, inclusive com fotos.
45
Vale ressaltar que o Decreto 6.514/08, que faz todas essas regulamentações, veda
ambientais.
normas, portanto, não há prazo definido para sua cessação. Se o infrator autuado demonstrar
que regularizou o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento que sofreu a suspensão, a
sanção deve acabar – mas isso depende de uma decisão administrativa da autoridade pública
ambiental competente.
Restritiva de direitos
Segundo o §8º do art. 72 da Lei 9.605/98, as sanções restritivas de direito são: I - suspensão
de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III -
A suspensão do registro, licença ou autorização ocorre até que o infrator adeque as suas
atividades às condicionantes ambientais determinadas pela Administração. O registro, a licença
ou autorização também podem ser cancelados quando for descumpridas as condições que
permitam a manutenção do ato.
46
exemplos de instrumentos econômicos para promover a preservação ambiental. Essas sanções
atingem atividades econômicas que violam as normas ambientais e, nada mais do que justo que
o Poder Público, garantidor do meio ambiente ecologicamente equilibrado, não conceda
contratar com a Administração Pública, que tem um prazo de até 3 anos. Entretanto, a
extinção da restritiva de direitos só ocorrerá com o fim do prazo fixado se o infrator
administração apurar uma infração ambiental é decadencial, apesar do termo “prescrição” usado
na lei; o prazo para a apuração do auto de infração é prescrição intercorrente; e o prazo para
executar a sanção imposta é prescricional.
estiver cessada.
qualquer outro meio, inclusive por edital; II) por qualquer ato inequívoco da administração que
importe apuração do fato; e III) pela decisão condenatória recorrível.
47
Se a infração também for considerada crime, devemos usar o prazo prescricional do
jurídica do administrado.
O artigo supracitado também dispõe sobre a prescrição intercorrente nos termos do seu
§2º: incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado por mais
de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou
mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade
penalidade. Nesse contexto, a Súmula 467 do STJ: “prescreve em cinco anos, contados do
término do processo administrativo, a pretensão da administração pública de promover a
48
QUADRO SINÓTICO
49
Em todas as unidades da Federação devem ser definidos espaços
territoriais e seus componentes para serem especialmente protegidos,
ART. 225, §1º, III, sendo vedada qualquer forma de utilização que comprometa a
DA CF/88 integridade dos atributos que justifiquem essa proteção.
Esses espaços protegidos podem ser criados por meio de lei ou de
decreto, mas só podem ser alterados ou suprimidos por meio de lei.
Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
ART. 225, §1º, IV, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade – a
DA CF/88 publicidade do EIA é essencial para o princípio da informação e,
consequentemente, para a participação da sociedade nas questões
ambientais.
controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
ART. 225, §1º, V,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
DA CF/88
vida e o meio ambiente (lembre-se do poder de polícia ambiental).
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
ART. 225, §1º, VI,
pública para a preservação do meio ambiente – é uma forma de viabilizar
DA CF/88
o princípio democrático.
proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
ART. 225, §1º,
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
VII, DA CF/88
espécies ou submetam os animais a crueldade.
Princípio do poluidor-pagador: aquele que explorar recursos minerais
fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado [lembre-se que a
ART. 225, §2º DA
prioridade da reparação é in natura, se não for possível, o degradador
CF/88
deve indenizar em pecúnia], de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.
ART. 225, §3º DA Tríplice responsabilização: os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
CF/88 estão sujeitos à responsabilidade penal, administrativa e civil.
Patrimônio nacional: Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
ART. 225, §4º DA
Sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
CF/88
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
recursos naturais.
ART. 225, §5º DA As terras necessárias (afetadas) à proteção do meio ambiente são
CF/88 indisponíveis.
50
ART. 225, §6º DA O local das usinas nucleares deve ser definido por lei federal.
CF/88
VAQUEJADA: não se consideram cruéis as práticas desportivas que
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, registradas
ART. 225, §7º DA
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
CF/88
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure
o bem-estar dos animais envolvidos.
AÇÕES Ação Civil Pública
CONSTITUCIONAI Ação Popular
S
Competência legislativa Competência material
Estado
União Estado e DF Municípios União Municípios
e DF
Exclusiva
art. 25, §2º e
§3º
COMPETÊNCIAS Remanescente
Privativa Exclusiva Exclusiva
art. 25, §1º
art. 22 art. 30, I art. 21 Comum Comum
Concorrente
Concorrente Suplementar Comum art. 23 art. 23
art. 24
art. 24 art. 30, II art. 23
Suplementar
art. 24, §2º
Supletiva
art. 24, §3º
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Responsabilidade civil
ART. 225, §3º DA CF/88 Obrigação do poluidor de recuperar ou
ART. 4º, VII DA LEI 6.938/81 indenizar os danos causados.
Independentemente da existência de dolo ou
culpa, o poluidor é obrigado a indenizar e
reparar os danos decorrentes de sua atividade
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
causados ao meio ambiente e a terceiros.
Basta a comprovação do dano e o nexo causal
entre ele e a atividade do poluidor.
51
Na responsabilidade objetiva ambiental não
cabe a invocação de causa excludente do
nexo de causalidade para afastar a
TEORIA DO RISCO INTEGRAL responsabilização.
Excludentes de nexo causal: caso fortuito,
força maior, culpa exclusiva da vítima e fato
de terceiro.
É possível acumular na mesma condenação
REPARAÇÃO INTEGRAL DO MEIO
obrigação de fazer, de não fazer e de
AMBIENTE
indenizar.
É uma responsabilidade extracontratual –
emana da lei/Constituição.
Há responsabilidade civil ambiental do Estado
quando a sua omissão na fiscalização for
RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR
determinante para que o dano ocorra ou para
DANO AMBIENTAL
a sua maior gravidade.
Nesses casos a responsabilidade civil da
Administração Pública é solidária, mas de
execução subsidiária.
Responsabilidade administrativa
Considera-se infração administrativa
ambiental toda ação ou omissão que viole as
ART. 70 DA LEI 9.605/98
regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Dolo/culpa + dano + nexo causal
Advertência
Multa simples
Multa diária
Apreensão dos animais, produtos e
SANÇÕES AMBIENTAIS ADMINISTRATIVAS subprodutos da fauna e da flora,
instrumentos, petrechos, equipamentos
ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração
Destruição ou inutilização do produto
52
Suspensão de venda e fabricação do
produto
Embargo de obra ou atividade
Demolição da obra
Suspensão parcial ou total das
atividades
Restritiva de direitos
Para apurar a prática de infração ambiental: 5
anos contados da data da prática do ato, ou,
no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que esta estiver
cessado.
Se a infração administrativa também for um
crime, o prazo para a apuração deve ser o
mesmo prazo prescricional da lei penal.
53
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(FCC - 2019 - MPE-MT - Promotor de Justiça Substituto) Segundo prevê o art. 225 da
Constituição Federal “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Nesse
caso,
A) degradação ambiental e poluição são expressões que se equivalem.
B) como cabe ao Poder Público o dever de defender o meio ambiente, jamais poderá ser
responsabilizado por sua degradação.
C) o poluidor será sempre a pessoa física ou jurídica de direito privado, responsável, direta ou
indiretamente, pela degradação ambiental.
D) o poluidor será a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta
ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.
E) a poluição será sempre ilícita.
Comentário:
A Lei 6.938/81, em seu art. 3º, faz algumas conceituações importantes. Entre elas, está a
54
estéticas ou sanitárias do meio ambiente; ou que lancem matérias ou energia em desacordo
O mesmo artigo ainda define “poluidor” como: “pessoa jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental.
Veja que, de acordo com a definição legal de poluidor, o próprio Poder Público pode ser
responsabilizado pela degradação que seja causada direta ou indiretamente por sua
Por fim, destacamos que a poluição pode ser lícita! O uso de recursos naturais, mesmo
dentro das normas regulamentares, causa danos ao meio ambiente.
Questão 2
territórios, em que poderão ser instaladas usinas que operem com reator nuclear, excluídas as
áreas necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
B) a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar e a Zona Costeira são patrimônio nacional,
devendo sua utilização econômica ser feita dentro de condições que assegurem a preservação
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais, sendo exigido prévio depósito,
nos casos de risco previsível, para fins de reparação.
C) a Constituição Federal autoriza práticas desportivas em que são utilizados animais, desde que
sejam manifestações culturais registradas como bem de natureza imaterial, devendo ainda ser
regulamentadas por lei específica, a fim de evitar a crueldade contra os animais.
55
cabendo ao órgão ambiental responsável pela análise a guarda dos documentos, a fim de que
Comentário:
É uma questão bem interessante porque aborda vários assuntos do art. 225 da CF/88. Em
primeiro lugar, as localizações das usinas que operem com reator nuclear devem ser
definidas por meio de lei complementar federal, de acordo com os termos do §6º: “as
usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal,
sem o que não poderão ser instaladas”.
A Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar e a Zona Costeira, bem como a Mata
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais. Entretanto, não é exigido prévio depósito para fins de reparação nos casos de
risco previsível.
De acordo com o §7º, ficam autorizada as práticas desportivas em que são utilizados
animais, desde que sejam manifestações culturais registradas como bem de natureza
imaterial, devendo ainda ser regulamentadas por lei específica, a fim de evitar a crueldade
contra os animais.
56
Por fim, a definição de espaços territoriais e de seus componentes a serem especialmente
Questão 3
(VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto) O artigo 225 da Constituição Federal impõe ao
Conama, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção.
D) proteger a fauna e a flora, autorizadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, desde que não provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais à crueldade.
E) vedar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
Comentário:
De acordo com o §1º, III, do art. 225 da CF/88, incumbe ao Poder Público definir, em todas
as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
57
O inciso seguinte dispõe sobre a exigência, na forma da lei, do estudo prévio de impacto
ambiente.
de material genético. Cabe ao Poder Público, segundo o inciso II do §1º do art. 225 da
CF/88, preservar a diversidade e a integralidade do patrimônio genético do País e fiscalizar
as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.
O inciso VII do mesmo dispositivo define como um dever do Poder Público na tutela do
meio ambiente ecologicamente equilibrado “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
Por fim, incumbe ao Poder Público controlar, e não vedar, a produção, a comercialização
e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente, de acordo com o disposto no art. 225, §1º, V da
CF/88.
Questão 4
58
se ao poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
B) da soberania territorial.
C) do combate à pobreza.
D) de guerra e paz.
E) do meio ambiente como um direito humano.
Comentário:
Questão 5
(IBFC - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”
(trecho do art. 225, da Constituição Federal). De modo a assegurar o cumprimento e a
59
D) promover a educação ambiental exclusivamente no nível fundamental de ensino e a
risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à
experimentação.
Comentário:
que comportem risco para a vida e o meio ambiente, assim como também tem o dever
de controlar a produção, a comercialização e o emprego dessas substâncias e de técnicas
e métodos que também possam colocar a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente
em risco.
Por fim, a proteção da fauna e da flora é mais um dever do Poder Público elencado pelo
art. 225 da CF/88, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. As
práticas experimentais com animais não são completamente vedadas. Quando for inevitável
o uso de animais vivos em experimentos, se causarem dor ou angústia, devem ser
realizados sob sedação, analgesia ou anestesia. Essa entre outras normas buscam
60
regulamentar práticas científicas e educacionais com o mínimo de sofrimento para o animal
envolvido.
Questão 6
II. A reparação do dano ambiental deve ocorrer, preferencialmente, de forma indireta, com o
pagamento de indenização e aplicação de sanções pecuniárias de cunho inibitório.
III. O dano ambiental é de caráter coletivo ou difuso, podendo, contudo, impactar também
IV. Inexiste a figura do dano moral ambiental, havendo a obrigação de reparar apenas danos
patrimoniais, ainda que causados a bens imateriais (ou incorpóreos), como o equilíbrio ambiental
A) I e IV.
B) I e III.
C) III e IV.
D) I e II.
E) II e IV.
Comentário:
61
A responsabilidade civil ambiental é objetiva, justificada pelo exercício de atividade com
Por fim, o agente degradador tem o dever de reparar os danos patrimoniais causados por
sua atividade, bem como os danos morais, inclusive os coletivos. (...) 4. O dano moral
coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo massificado, sendo
desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação,
tal qual fosse um indivíduo isolado. (...) (REsp 1269494/MG, Rel. Min. Eliana Calmon,
Segunda Turma, julgado em 24/09/2013).
Questão 7
possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual
e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
( ) CERTO
( ) ERRADO
62
Comentário:
Questão 8
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
Mais uma vez, o teor de uma súmula do STJ foi cobrado, mas, dessa vez, o examinador
quis que o candidato soubesse a Súmula 618: A inversão do ônus da prova aplica-se às
ações de degradação ambiental. Portanto, compete ao suposto infrator demonstrar que
não praticou a atividade lesiva ou que a atividade que praticou não é potencialmente lesiva
ao meio ambiente.
Questão 9
(CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto) Por equívoco de um de seus empregados,
uma empresa alimentícia deixou vazar acidentalmente parte de seu insumo em um rio, o que
causou a morte de 5 t de peixes.
Nessa situação hipotética, relativamente à responsabilidade civil ambiental, a empresa
63
A) não responderá pelo dano ambiental, por ser uma pessoa jurídica.
B) não responderá pelo dano, visto que não houve dolo na morte dos peixes.
C) responderá pelo dano, uma vez que a responsabilidade civil ambiental é objetiva e pautada
Comentário:
teoria do risco integral. Portanto, não importa a análise do elemento subjetivo do agente
e se houve alguma excludente de nexo causal. A empresa assume a responsabilidade
Questão 10
particular é de responsabilidade
A) solidária entre o poder público e o causador do dano ambiental, ainda que não mais seja o
proprietário do imóvel.
B) exclusiva do poder público.
C) exclusiva do causador do dano ambiental, ainda que não mais seja o proprietário do imóvel.
64
Comentário:
65
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - C
Questão 3 - B
Questão 4 - E
Questão 5 - C
Questão 6 - B
Questão 7 - CERTO
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - D
Questão 10 - D
66
LEGISLAÇÃO COMPILADA
CF/88: Art. 5º, LXXII, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30, 129, III, 225
CDC: Art. 81;
Súmula: 365, STF.
Responsabilidade Ambiental:
67
JURISPRUDÊNCIA
STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863)
1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabilização por danos ambientais
causados pela supressão de vegetação nativa e edificação irregular em Área de Preservação Permanente. O juiz de
primeiro grau e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais consideraram provado o dano ambiental e condenaram o
réu a repará-lo; porém, julgaram improcedente o pedido indenizatório pelo dano ecológico pretérito e residual.
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito da Lei 7.347/85 e da Lei 6.938/81, de
cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar (...)
STF. Plenário. ADI 5468/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29 e 30/6/2016 (Info 832).
Impossibilidade do Poder Judiciário interferir, no mérito, na elaboração das leis orçamentárias Salvo em situações
graves e excepcionais, não cabe ao Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes,
interferir na função do Poder Legislativo de definir receitas e despesas da Administração Pública, emendando
projetos de leis orçamentárias, quando atendidas as condições previstas no art. 166, §§ 3º e 4º, da Constituição
Federal.
68
STF. MS 28845/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 21.11.2017. (MS-28845)
Descabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrativas, o controle de
controvérsia submetida à apreciação do Poder Judiciário. Com base nesse entendimento, a 1ª Turma indeferiu
mandado de segurança impetrado contra o ato, por meio do qual o CNJ determinou o arquivamento de processo
administrativo, ante a alegada inviabilidade de controle, pelo Órgão, de questão submetida ao crivo do Supremo
Tribunal Federal (STF). A impetrante postulava no CNJ a sua recondução à titularidade interina de Tabelionato de
Notas e Ofício de Protesto de Títulos e o consequente afastamento de aprovado em concurso público que assumiu
o acervo do cartório. Afirmava o descumprimento da decisão liminar em mandado de segurança que suspendeu o
mencionado certame. A Turma considerou, inicialmente, que o eventual descumprimento de decisão proferida pelo
STF não se resolve na seara do CNJ, mas, sim, na do próprio Tribunal, mediante reclamação. Entendeu, ademais,
que o CNJ observou, com acerto, o fato de a controvérsia estar submetida ao Judiciário, quadro impeditivo da
própria atuação, tendo em conta o disposto nos parágrafos 4º e 5º do artigo 103-B da Constituição Federal.
Pet 5.714 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 28-11-2017, 1ª T, DJE de 13-12-2017
Deputado federal. Crime contra a honra. Nexo de implicação entre as declarações e o exercício do mandato.
Imunidade parlamentar material. Alcance. Art. 53, caput, da CF. (...) A verbalização da representação parlamentar
não contempla ofensas pessoais, via achincalhamentos ou licenciosidade da fala. Placita, contudo, modelo de
expressão não protocolar, ou mesmo desabrido, em manifestações muitas vezes ácidas, jocosas, mordazes, ou até
impiedosas, em que o vernáculo contundente, ainda que acaso deplorável no patamar de respeito mútuo a que se
aspira em uma sociedade civilizada, embala a exposição do ponto de vista do orador.
O STF admite a legitimidade do parlamentar – e somente do parlamentar – para impetrar mandado de segurança
com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis
com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo
Responsabilidade Ambiental
69
1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabilização por danos ambientais
causados pela supressão de vegetação nativa e edificação irregular em Área de Preservação Permanente. O juiz de
primeiro grau e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais consideraram provado o dano ambiental e condenaram o
réu a repará-lo; porém, julgaram improcedente o pedido indenizatório pelo dano ecológico pretérito e residual.
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito da Lei 7.347/85 e da Lei 6.938/81, de
cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar (...)
STJ - REsp: 1357614 SE 2012/0259765-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Publicação: DJ 11/05/2015
(...) RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. DANOS DECORRENTES DE VAZAMENTO DE AMÔNIA NO
RIO SERGIPE. ACIDENTE AMBIENTAL OCORRIDO EM OUTUBRO DE 2008. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
NÃO CONFIGURADA. DANO PATRIMONIAL. SÚMULA 283/STF. DANO MORAL. SÚMULA 284/STF. RAZOABILIDADE.
RECURSO NÃO PROVIDO. (...) 1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) para demonstração da
legitimidade para vindicar indenização por dano ambiental que resultou na redução da pesca na área atingida, o
registro de pescador profissional e a habilitação ao benefício do seguro-desemprego, durante o período de defeso,
somados a outros elementos de prova que permitam o convencimento do magistrado acerca do exercício dessa
atividade, são idôneos à sua comprovação; b) a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela
teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre
na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de
excludentes de responsabilidade civil para afastar a sua obrigação de indenizar; c) é inadequado pretender
conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é função que
incumbe ao direito penal e administrativo; d) em vista das circunstâncias específicas e homogeneidade dos efeitos
do dano ambiental verificado no ecossistema do rio Sergipe - afetando significativamente, por cerca de seis meses,
o volume pescado e a renda dos pescadores na região afetada -, sem que tenha sido dado amparo pela poluidora
para mitigação dos danos morais experimentados e demonstrados por aqueles que extraem o sustento da pesca
profissional, não se justifica, em sede de recurso especial, a revisão do quantum arbitrado, a título de compensação
por danos morais, em R$ 3.000,00 (três mil reais); e) o dano material somente é indenizável mediante prova efetiva
de sua ocorrência, não havendo falar em indenização por lucros cessantes dissociada do dano efetivamente
demonstrado nos autos; assim, se durante o interregno em que foram experimentados os efeitos do dano ambiental
houve o período de "defeso" - incidindo a proibição sobre toda atividade de pesca do lesado -, não há cogitar em
indenização por lucros cessantes durante essa vedação (...).
70
STJ - REsp: 578797 RS 2003/0162662-0, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento:
05/08/2004, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 20/09/2004 p. 196)
STJ - REsp: 442586 SP 2002/0075602-3, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento:
26/11/2002, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 24/02/2003 p. 196REVJMG vol.
163 p. 825RSTJ vol. 173 p. 136
71
poderá, inter partes, discutir a culpa e o regresso pelo evento. 5. Considerando que a lei legitima o Ministério
Público da União e do Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente, é inequívoco que o Estado não pode inscrever sel-executing, sem acesso à justiça,
quantum indenizatório, posto ser imprescindível ação de cognição, mesmo para imposição de indenização, o que
não se confunde com a multa, em obediência aos cânones do devido processo legal e da inafastabilidade da
jurisdição. 6. In casu, discute-se tão-somente a aplicação da multa, vedada a incursão na questão da
responsabilidade fática por força da Súmula 07/STJ. 5. Recurso improvido.
STJ - REsp: 1114398 PR 2009/0067989-1, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento:
08/02/2012, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 16/02/2012
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. NATUREZA JURÍDICA DOS MANGUEZAIS E MARISMAS. TERRENOS DE MARINHA.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATERRO ILEGAL DE LIXO. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. PAPEL DO
JUIZ NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL. ATIVISMO JUDICIAL. MUDANÇAS CLIMÁTICAS.
DESAFETAÇÃO OU DESCLASSIFICAÇÃO JURÍDICA TÁCITA. SÚMULA 282/STF. VIOLAÇÃO DO ART. 397 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. ART. 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981. (...) 2. Por séculos prevaleceu entre nós a concepção cultural
distorcida que enxergava nos manguezais lato sensu (= manguezais stricto sensu e marismas) o modelo consumado
do feio, do fétido e do insalubre, uma modalidade de patinho-feio dos ecossistemas ou antítese do Jardim do
Éden. 3. Ecossistema-transição entre o ambiente marinho, fluvial e terrestre, os manguezais foram menosprezados,
popular e juridicamente, e por isso mesmo considerados terra improdutiva e de ninguém, associados à procriação
de mosquitos transmissores de doenças graves, como a malária e a febre amarela. Um ambiente desprezível, tanto
que ocupado pela população mais humilde, na forma de palafitas, e sinônimo de pobreza, sujeira e párias sociais
(como zonas de prostituição e outras atividades ilícitas). 4. Dar cabo dos manguezais, sobretudo os urbanos em
época de epidemias, era favor prestado pelos particulares e dever do Estado, percepção incorporada tanto no
72
sentimento do povo como em leis sanitárias promulgadas nos vários níveis de governo. 5. Benfeitor-modernizador,
o adversário do manguezal era incentivado pela Administração e contava com a leniência do Judiciário, pois
ninguém haveria de obstaculizar a ação de quem era socialmente abraçado como exemplo do empreendedor a
serviço da urbanização civilizadora e do saneamento purificador do corpo e do espírito. 6. Destruir manguezal
impunha-se como recuperação e cura de uma anomalia da Natureza, convertendo a aberração natural pela
humanização, saneamento e expurgo de suas características ecológicas no Jardim do Éden de que nunca fizera
parte. 7. No Brasil, ao contrário de outros países, o juiz não cria obrigações de proteção do meio ambiente. Elas
jorram da lei, após terem passado pelo crivo do Poder Legislativo. Daí não precisarmos de juízes ativistas, pois o
ativismo é da lei e do texto constitucional. Felizmente nosso Judiciário não é assombrado por um oceano de lacunas
ou um festival de meias-palavras legislativas. Se lacuna existe, não é por falta de lei, nem mesmo por defeito na
lei; é por ausência ou deficiência de implementação administrativa e judicial dos inequívocos deveres ambientais
estabelecidos pelo legislador. 8. A legislação brasileira atual reflete a transformação científica, ética, política e jurídica
que reposicionou os manguezais, levando-os da condição de risco à saúde pública ao patamar de ecossistema
criticamente ameaçado. Objetivando resguardar suas funções ecológicas, econômicas e sociais, o legislador atribuiu-
lhes o regime jurídico de Área de Preservação Permanente. 9. É dever de todos, proprietários ou não, zelar pela
preservação dos manguezais, necessidade cada vez maior, sobretudo em época de mudanças climáticas e aumento
do nível do mar. Destruí-los para uso econômico direto, sob o permanente incentivo do lucro fácil e de benefícios
de curto prazo, drená-los ou aterrá-los para a especulação imobiliária ou exploração do solo, ou transformá-los em
depósito de lixo caracterizam ofensa grave ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e ao bem-estar da
coletividade, comportamento que deve ser pronta e energicamente coibido e apenado pela Administração e pelo
Judiciário. 10. Na forma do art. 225, caput, da Constituição de 1988, o manguezal é bem de uso comum do povo,
marcado pela imprescritibilidade e inalienabilidade. Logo, o resultado de aterramento, drenagem e degradação
ilegais de manguezal não se equipara ao instituto do acrescido a terreno de marinha, previsto no art. 20, inciso VII,
do texto constitucional. 11. É incompatível com o Direito brasileiro a chamada desafetação ou desclassificação
jurídica tácita em razão do fato consumado. 12. As obrigações ambientais derivadas do depósito ilegal de lixo ou
resíduos no solo são de natureza propter rem, o que significa dizer que aderem ao título e se transferem ao futuro
proprietário, prescindindo-se de debate sobre a boa ou má-fé do adquirente, pois não se está no âmbito da
responsabilidade subjetiva, baseada em culpa. 13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano
ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se
importa que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem. 14. Constatado
o nexo causal entre a ação e a omissão das recorrentes com o dano ambiental em questão, surge, objetivamente,
o dever de promover a recuperação da área afetada e indenizar eventuais danos remanescentes, na forma do art.
14, § 1º, da Lei 6.938/81 (...).
STJ - REsp: 67285 SP 1995/0027385-3, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento:
03/06/2004, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 03/09/2007 p. 154
73
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AO MEIO AMBIENTE. REPARAÇÃO. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PRECEDENTES. 1. Mostra-se induvidosa a responsabilidade solidária e objetiva
da recorrente, consoante entenderam as instâncias ordinárias, pelo que seria meramente facultativa a denunciação
da lide, pois nada impede que a contratante se volte, posteriormente, contra a contratada, ou outra pessoa jurídica
ou física, para o ressarcimento da reparação a que vier a ser condenada. 2. Precedentes desta Corte. 3. Recurso
Especial improvido.
STJ - REsp: 880160 RJ 2006/0182866-7, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de
Julgamento: 04/05/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/05/2010
AMBIENTAL. DRENAGEM DE BREJO. DANO AO MEIO AMBIENTE. ATIVIDADE DEGRADANTE INICIADA PELO PODER
PÚBLICO E CONTINUADA PELA PARTE RECORRIDA. NULIDADE DA SENTENÇA. PARTE DOS AGENTES POLUIDORES
QUE NÃO PARTICIPARAM FEITO. INOCORRÊNCIA DE VÍCIOS. LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO.
SOLIDARIEDADE PELA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE SEPARAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE DOS AGENTES NO TEMPO PARA FINS DE CONDENAÇÃO EM OBRIGAÇÃO DE FAZER
(REPARAÇÃO DO NICHO). ABRANGÊNCIA DO CONCEITO DE "POLUIDOR" ADOTADO PELA LEI N. 6.938/81. DIVISÃO
DOS CUSTOS ENTRE OS POLUIDORES QUE DEVE SER APURADO EM OUTRA SEDE. 1. Na origem, cuida-se de ação
civil pública intentada em face de usina por ter ficado constatado que a empresa levava a cabo a drenagem de
reservatório natural de localidade do interior do Rio de Janeiro conhecida como "Brejo Lameiro". Sentença e acórdão
que entenderam pela improcedência dos pedidos do Parquet em razão de a atividade de drenagem ter sido iniciada
pelo Poder Público e apenas continuada pela empresa ora recorrida. 2. Preliminar levantada pelo MPF em seu
parecer - nulidade da sentença em razão da necessidade de integração da lide pelo Departamento Nacional de
Obras e Saneamento - DNOS, extinto órgão federal, ou por quem lhe faça as vezes -, rejeitada, pois é pacífica a
jurisprudência desta Corte Superior no sentido de que, mesmo na existência de múltiplos agentes poluidores, não
existe obrigatoriedade na formação do litisconsórcio, uma vez que a responsabilidade entre eles é solidária pela
reparação integral do dano ambiental (possibilidade se demandar de qualquer um deles, isoladamente ou em
conjunto, pelo todo). Precedente. 3. Também é remansosa a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pela
impossibilidade de que qualquer dos envolvidos alegue, como forma de se isentar do dever de reparação, a não-
contribuição direta e própria para o dano ambiental, considerando justamente que a degradação ambiental impõe,
entre aqueles que para ela concorrem, a solidariedade da reparação integral do dano. 4. Na espécie, ficou assentado
tanto pela sentença (fl. 268), como pelo acórdão recorrido (fl. 365), que a parte recorrida continuou as atividades
degradantes iniciadas pelo Poder Público, aumentando a lesão ao meio ambiente. Inclusive, registrou-se que,
embora lesivas ao brejo, a atuação da usina recorrida é importante para a preservação da rodovia construída sobre
um aterro contíguo ao brejeiro - a ausência de drenagem poderia acarretar a erosão da base da estrada pelo
rompimento do aterro. 5. Inexiste, nesta esteira, dúvidas acerca da caracterização do dano ambiental e da
contribuição da parte recorrida para isto - embora reconheçam as instâncias ordinárias que também o DNOS é
agente degradador (a título inicial). 6. Aplicáveis, assim, os arts. 3º, inc. IV, e 4º, inc. VII, da Lei n. 6.938/81. 7. Óbvio,
portanto, que, sendo demandada pela integralidade de um dano que não lhe é totalmente atribuível, a parte
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recorrida poderá, em outra sede, cobrar de quem considere cabível a parte das despesas com a recuperação que
lhe serão atribuídas nestes autos. 8. Recurso especial provido.
STJ - REsp: 1056540 GO 2008/0102625-1, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento:
25/08/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 14/09/2009
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA. ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º, DA LEI 6.398/1981. IRRETROATIVIDADE
DA LEI. PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: SÚMULA 282/STF. PRESCRIÇÃO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO:
SÚMULA 284/STF. INADMISSIBILIDADE. 1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não
exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade. 2. Excetuam-se à regra,
dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado porque,
independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao novo proprietário
a responsabilidade pelos danos. Precedentes do STJ. 3. A solidariedade nessa hipótese decorre da dicção dos arts.
3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei 6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente). 4. Se possível identificar o real
causador do desastre ambiental, a ele cabe a responsabilidade de reparar o dano, ainda que solidariamente com
o atual proprietário do imóvel danificado. 5. Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao
meio ambiente a ela cabe a reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica. 6. É
inadmissível discutir em recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de origem, pela ausência de
prequestionamento. 7. É deficiente a fundamentação do especial que não demonstra contrariedade ou negativa de
vigência a tratado ou lei federal. 8. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
STJ - REsp: 1120117 AC 2009/0074033-7, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento:
10/11/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 19/11/2009
ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL PÚBLICA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL – IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL – PEDIDO GENÉRICO – ARBITRAMENTO
DO QUANTUM DEBEATUR NA SENTENÇA: REVISÃO, POSSIBILIDADE - SÚMULAS 284/STF E 7/STJ. 1.É da
competência da Justiça Federal o processo e julgamento de Ação Civil Pública visando indenizar a comunidade
indígena Ashaninka-Kampa do rio Amônia. 2. Segundo a jurisprudência do STJ e STF trata-se de competência
territorial e funcional, eis que o dano ambiental não integra apenas o foro estadual da Comarca local, sendo bem
mais abrangente espraiando-se por todo o território do Estado, dentro da esfera de competência do Juiz Federal.
3. Reparação pelos danos materiais e morais, consubstanciados na extração ilegal de madeira da área indígena. 4.
O dano ambiental além de atingir de imediato o bem jurídico que lhe está próximo, a comunidade indígena,
também atinge a todos os integrantes do Estado, espraiando-se para toda a comunidade local, não indígena e
para futuras gerações pela irreversibilidade do mal ocasionado. 5. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil
assume grande amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é
objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente
causador do dano. 6. O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade hermenêutica,
está protegido pelo manto da imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial
75
à afirmação dos povos, independentemente de não estar expresso em texto legal. 7. Em matéria de prescrição
cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos normais das ações
indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem
ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer , considera-se imprescritível o direito à reparação. 8. O dano
ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da
imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental. 9. Quando o pedido é genérico, pode o magistrado
determinar, desde já, o montante da reparação, havendo elementos suficientes nos autos. Precedentes do STJ. 10.
Inviável, no presente recurso especial modificar o entendimento adotado pela instância ordinária, no que tange aos
valores arbitrados a título de indenização, por incidência das Súmulas 284/STF e 7/STJ. 11. Recurso especial
parcialmente conhecido e não provido.
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
LENZA, Pedro. Direito constitucional Esquematizado. 23ª ed. São Paulo – Saraiva, 2019.
77
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 3
SUMÁRIO
GABARITO .......................................................................................................................................................................... 45
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................................. 50
1
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 3
1.1 Introdução
A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA foi instituída no Brasil em 1981 através da
Lei 6.938, influenciada pelas normas de direito ambiental internacional e recepcionada pela
Portanto, cabe à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios implementar a
PNMA e exercer a atividade pública de acordo com os seus princípios e objetivos, utilizando de
2
Em seguida, o mesmo dispositivo enumera princípios 1 norteadores que devem ser
Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional
e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
1
Vide questão 5 desse material.
2
Vide questão 10 desse material.
3
necessariamente assegurado e protegido, tendo
em vista o uso coletivo
procedimentos que devem ser realizados para alcançar o resultado esperado, qual seja, os
objetivos gerais.
4
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
econômico com equidade social e a preservação ambiental. O inciso I do art. 4º da PNMA dispõe
exatamente sobre isso quando afirma que a Lei visará “à compatibilização do desenvolvimento
econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico”.
3
Vide questão 2 desse material.
5
Ao estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e normas regulamentadoras do
uso e manejo dos recursos naturais, a PNMA passa a tolerar determinados impactos ambientais.
Com isso, podemos afirmar que o impacto ambiental causado por determinada atividade que
cumpra as normas ambientais é permitido. O que diferencia esse impacto do dano ambiental é
exatamente a atividade fora dos critérios e padrões de qualidade estabelecidos.
racional4.
do meio ambiente, mas, para tanto, ela precisa ter uma consciência pública de democracia e
acesso a dados e informações sobre a qualidade ambiental e sobre o equilíbrio ecológico.
4
Vide questão 10 desse material.
6
Em caso de dano ao meio ambiente, cabe ao poluidor restaurar a sua condição anterior.
Caso isso não seja possível, o poluidor deverá recuperar os danos que causou, deixando o
ecossistema em condição de equilíbrio ambiental, mesmo que diferente da condição original.
Geralmente os danos ambientais não são reversíveis por completo. Por isso, a
A preferência é pela tutela específica de recuperar os danos causados, mas, caso isso não
seja possível, haverá a imposição de obrigação de indenizar ao poluidor, que deve ser revertido
o seu desperdício e mantendo a sua forma preservada. Para tanto, é definido um valor
econômico ao bem natural.
O art. 3º da PNMA define diversos conceitos importantes para o nosso estudo. Essa
conceituação se aplica à toda matéria ambiental e não somente à lei em análise.
5
Vide questões 3, 6 e 10 desse material.
7
b) criem condições adversas às atividades
sociais e econômicas;
O conceito de meio ambiente apresentado pela Lei 6.938/81 trata apenas dos seus aspectos
naturais, mas ele não se resume a isso na sociedade atual. De acordo com a Constituição de
ser amplo, assim como o previsto na Resolução 306/2002 do CONAMA: “conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Portanto, temos como meio ambiente
os seguintes patrimônios:
8
Natural Cultural
é constituído pelo patrimônio histórico,
também chamado de meio ambiente artístico, arqueológico, paisagístico e
físico, composto pelo solo, pela água, turístico.
ar, fauna, flora...
art. 215 e 216 da CF/88
MEIO
AMBIENTE
Artificial Do trabalho
deve garantir ao homem proteção em
é o espaço urbano, composto de seu local de trabalho.
edificações, ruas, praças...
art. 200, VIII da CF/88
PNMA devem ser analisados em conjunto. Tenha em mente que a degradação é um gênero do
qual a poluição faz parte. A degradação do meio ambiente pode ocorrer por causas naturais ou
artificiais. No primeiro caso, não acarretará nenhuma implicação jurídica. Entretanto, quando a
degradação ambiental ocorre por causas artificiais, por ação humana, estamos falando de
poluição.
O SISNAMA é uma rede governamental, formada pelos diversos níveis da federação, que
Estrutura do SISNAMA6
6
Vide questão 1 desse material.
9
Órgão Superior - Conselho de
Governo
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil; e composto por Ministros de Estado e o titular do
Gabinete Pessoal do Presidente da República.
mais conhecido como CONAMA. Tem como finalidade o assessoramento, estudo e proposta ao
Conselho de Governo de diretrizes para as políticas governamentais para o meio ambiente e os
10
Executivo; III – o Presidente do Ibama; IV – um representante dos seguintes Ministérios, indicados
pelos titulares das respectivas Pastas: a) Casa Civil da Presidência da República; b) Ministério da
Economia; c) Ministério da Infraestrutura; d) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
As reuniões do Plenário serão públicas, e devem contar com pelo menos a metade mais
um dos seus membros. As deliberações devem ser feitas por maioria simples dos membros
presentes na sessão, cabendo ao Presidente o voto de qualidade, além do seu voto pessoal.
Também poderão ser realizadas reuniões regionais, de caráter não deliberativo, com a
participação de representantes dos Estados, do Distrito Federal e das capitais dos Estados das
respectivas regiões.
11
de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, Estados, Distrito
vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; assessorar, estudar e
propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e
os recursos naturais; deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
Obs.: na literalidade da Lei 6.938/81, você vai encontrar “Secretaria do Meio Ambiente da
Presidência da República”, mas em 1992 ela foi transformada em Ministério do Meio Ambiente.
Meio Ambiente. Tem como atribuição a execução das ações federais que tratam sobre a política
7
Vide questão 8 desse material.
12
nacional de unidades de conservação da natureza. Em caso de omissão do Instituto Chico
Mendes quanto às suas atribuições, o IBAMA pode, de forma supletiva, exercer o seu poder
de polícia ambiental.
pelo controle e pela fiscalização das atividades capazes de provocar degradação ambiental, nas
suas respectivas jurisdições.
Para que os órgãos ambientais possam efetivar a PNMA seguindo os seus princípios para
alcançar os objetivos elencados, a Lei 6.938/81 estabeleceu em seu art. 9º alguns instrumentos9.
II - o zoneamento ambiental;
8
Vide questão 4 desse material.
9
Vide questão 7 desse material.
13
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
Praticamente todas as atividades humanas causam algum tipo de impacto ambiental, que
é definido pela Resolução 01/86 do CONAMA como “qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança
Zoneamento ambiental
determinado espaço geográfico, que tem como objetivo conhecer a vocação ambiental e
econômica de cada região10.
10
Vide questão 9 desse material.
14
O ZEE procura dividir o território em zonas de acordo com as necessidades de proteção,
Diretor, que deve ser compatível com os zoneamentos dos demais entes.
Qualquer atividade que causa impacto ambiental deve passar por uma avaliação prévia
dispõe sobre a AIA nos seguintes termos “a Avaliação de Impacto Ambiental deve ser
empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável
sobre o meio ambiente, e que dependem de uma decisão de autoridade nacional competente”.
Como existem diversos níveis de impactos ambientais, também existem diversas formas de
AIA, com avaliações menos complexas para atividades que gerem baixo impacto e avaliações
15
EIA
Plano de manejo
Relatório ambiental
A imagem acima mostra os tipos de AIA de acordo com a sua complexidade, quanto maior
o círculo, mais complexa a avaliação, que deve ser feita nos casos de maiores riscos ambientais.
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA deve ser feito para subsidiar o licenciamento
Para que seja concedida a licença ambiental para uma atividade (pública ou privada) que
apresente grande potencial de degradação do meio ambiente, deve ser realizado previamente
o EIA. Nesse sentido, a Resolução 237/97 do CONAMA:
16
Mas quais seriam essas atividades causadoras ou potencialmente causadoras de
II - Ferrovias;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para
fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais
para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e
embocaduras, transposição de bacias, diques;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia., entre elas encontramos as estradas de rodagem com duas ou mais
17
faixas de rolamento, as ferrovias, portos e terminais de minério, petróleo e produtos
químicos, oleodutos, gasodutos e mineradouros. Todas as atividades que constam nesse
rol são, portanto, presumidamente causadoras de significativa degradação ambiental.
atividades que não constem na lista do CONAMA, mas que considere potencialmente poluidora.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência
de cada uma delas.
18
A realização do EIA deve ser feita pelo sujeito interessado em exercer a atividade que será
licenciada, que também deve arcar com todos os seus custos. Para tanto, o empreendedor
poderá contratar uma empresa de consultoria cujos membros sejam inscritos no Cadastro
Atenção: é muito importante você saber que o EIA não vincula a decisão do órgão
ambiental11.
O EIA é dotado de linguagem técnica, muitas vezes incompreensível para a sociedade. Para
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência
do projeto;
11
Vide questão 9 desse material.
12
Vide questão 9 desse material.
19
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos
impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de
alteração esperado;
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua
compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas
por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo
que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as
consequências ambientais de sua implementação.
julgar necessário, quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público ou por
cinquenta ou mais cidadãos.
A audiência pública é tão relevante que, se solicitada e não realizada, a licença ambiental
A da Lei 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, com pena de reclusão de 3 a 6 anos e multa,
se doloso, e de detenção de 1 a 3 anos, se culposo. Ademais, a pena deve ser aumentada de
1/3 até 2/3 se em decorrência do crime ocorre dano significativo ao meio ambiente.
13
Vide questão 9 desse material.
20
O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo feito pelo órgão ambiental
adiante no nosso curso, ok? Mas você já pode ir se familiarizando com os tipos de licenças
ambientais que existem no ordenamento jurídico:
21
Se todas as condicionantes forem cumpridas no prazo de 6 anos, o interessado poderá
solicitar a licença de operação, permitindo que o empreendedor exerça a sua atividade, mas
nela também podem ser previstas condicionantes, que devem ser cumpridas até o momento da
sua renovação.
A licença de operação pode ser concedida por 4 até 10 anos. Depois desse prazo será
necessário requerer uma prorrogação. O prazo para solicitar essa prorrogação é de até 120 dias
antes do fim do prazo de validade. Se o órgão público demorar mais tempo para avaliar a
concessão da prorrogação, a licença fica automaticamente renovada até a manifestação
definitiva da Administração.
Existem vários tipos de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público,
como por exemplo as Áreas de Preservação Permanente – APP, as Áreas de Reserva Legal e as
14
Vide questão 9 desse material.
22
Os estados devem fornecer informações ambientais à União para a formação e atualização
Por sua vez, o município deve prestar as suas informações ambientais ao seu respectivo
estado e à União para formar e atualizar o Sistema Estadual de Informação sobre o meio
ambiente e o SINIMA.
Os órgãos ambientais só podem aceitar avaliações técnicas como o EIA que tenham sido
elaborados por profissionais, empresas ou sociedades civis registradas no Cadastro Técnico
O cadastro deve ser administrado pelo IBAMA e possui o objetivo de relacionar e tonar
público quais são os profissionais dedicados a prestar consultoria ambiental, as suas habilitações
Como já vimos neste curso, o Poder Público deve proceder a fiscalização das atividades
que utilizam recursos naturais por meio do seu poder de polícia ambiental. Diante de ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
23
Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais.
Recursos Ambientais, segundo o art. 17 da PNMA, serve para o registro obrigatório de pessoas
físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração,
produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio
É um cadastro administrado pelo IBAMA e serve para integrar as informações dos entes
federados em matéria ambiental, assim como o Cadastro Técnico de Atividade e Instrumentos
Nesse contexto, foram criados mecanismos complementares para efetivar a PNMA, como
os instrumentos econômicos, a concessão florestal, a servidão ambiental e o seguro ambiental.
O intuito é incentivar uma gestão ecológica das áreas ambientalmente relevantes. Para
tanto, são usados benefícios econômicos para aqueles que preservam o meio ambiente, como
a servidão ambiental e o ICMS ecológico; as atividades poluidoras são desestimuladas com o
A servidão ambiental está prevista a partir do art. 9º-A da PNMA. Por ela, o proprietário
ou possuidor de imóvel rural, pessoa natural ou jurídica, voluntariamente, pode, por
instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante
24
do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar,
No caso das florestas, a servidão deve se referir à vegetação localizada fora da Reserva
Legal mínima exigida e das Áreas de Preservação Permanente – APP, que veremos mais adiante.
Mas, desde já, guarde a informação que a proteção desses espaços decorre da lei.
Mas a quem interessa a servidão ambiental? A propriedade rural precisa ter um percentual
de área ambientalmente protegida, ok? Ok! Mas se uma propriedade não atingir esse percentual
mínimo de área protegida estipulado nas normas ambientais, pode compensar esse déficit com
outras propriedades em que há proteção ambiental além dos limites legais, por meio da
servidão. 😉
O regime de utilização da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo,
No último caso, deve ter prazo de, no mínimo 15 anos. Caso haja transmissão, desmembramento
ou retificação dos limites do imóvel, é vedada a alteração da destinação da área de servidão
15
Vide questão 10 desse material.
25
A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de acesso aos
ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social.
Por outro lado, são deveres do detentor da servidão ambiental, entre outras obrigações
26
propriedade, manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades da área objeto da
estabelece como condição para a aprovação de projeto habilitado para receber benefícios
concedidos pelas entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais o seu
Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no "caput" deste artigo deverão fazer
constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao
controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.
A PNMA institui em seu art. 17-B a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA,
Antes desse tributo, foi criada a Taxa de Fiscalização Ambiental, muito criticada na doutrina
27
fato gerador da antiga Taxa de Fiscalização Ambiental era simplesmente a atividade exercida
Ambiental – TCFA que, sanando a inconstitucionalidade do antigo tributo, trouxe como fato
gerador o serviço de controle das atividades potencialmente poluidoras e a fiscalização da
Ao declarar a constitucionalidade da nova exação, o STF entendeu que não fere o princípio
da isonomia o fato de o valor da TCFA ser calculado em função da potencialidade poluidora da
informações, a fiscalização “porta a porta” fica cada vez mais rara e sem sentido prático.
O pagamento da TCFA deve ser feito trimestralmente e o seu valor é definido pelo
cruzamento do grau de poluição e utilização ambiental com o porte da empresa, nos termos
Caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade sujeita à fiscalização, pagará a taxa
relativamente a apenas uma delas, pelo valor mais elevado. Os recursos arrecadados com a
O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia 31 de março de cada ano
relatório das atividades exercidas no ano anterior, cujo modelo será definido pelo IBAMA, para
28
São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, distritais, estaduais e
29
QUADRO SINÓTICO
30
formação de uma consciência
pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade
ambiental e do equilíbrio
ecológico;
VI - à preservação e restauração
dos recursos ambientais com
vistas à sua utilização racional e
disponibilidade permanente,
concorrendo para a manutenção
do equilíbrio ecológico propício à
vida;
VII - à imposição, ao poluidor e
ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os
danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins
econômicos.
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando
o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
PRINCÍPIOS
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.
31
Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
MEIO AMBIENTE
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
DEGRADAÇÃO A alteração adversa das características do meio ambiente
Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
POLUIÇÃO
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
POLUIDOR
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental
RECURSOS A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o
NATURAIS mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente:
IMPACTO A saúde, a segurança, e o bem-estar da população;
AMBIENTAL As atividades sociais e econômicas;
A biota;
As condições estéticas e sanitárias ambientais;
A qualidade dos recursos ambientais.
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
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VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa
Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental,
seguro ambiental e outros.
Deve ser feito pelo agente interessado, através de empresas de consultoria
ambiental cadastradas no órgão competente, para subsidiar o licenciamento
EIA
de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras que causem significativa
degradação ambiental.
Para prestigiar o princípio da informação e o princípio da participação
democrática, a legislação exige que também seja elaborado um o Relatório
RIMA de Impacto Ambiental – RIMA, com uma linguagem mais acessível que
demonstre as conclusões do EIA, as vantagens e as desvantagens do projeto
e as consequências ambientais da sua implementação.
LICENÇA PRÉVIA: até 5 anos
LICENÇA DE INSTALAÇÃO: até 6 anos
LICENÇA DE OPERAÇÃO: de 4 a 10 anos
LICENCIAMENTO
RENOVAÇÃO DA LICENÇA: requisitada até 120 dias antes de terminar a o
prazo da licença de operação anterior e automaticamente renovada enquanto
a Administração não se manifestar.
O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por
instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado
SERVIDÃO perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua
propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os
recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
33
A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à
Reserva Legal mínima exigida.
A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão
ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.
A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou
perpétua. Sendo temporária, deve ter o prazo mínimo de 15 anos.
O instrumento ou termo que instituir a servidão e o seu contrato de
alienação, cessão ou transferência precisam ser averbados na matrícula dos
imóveis envolvidos.
Tem por fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao
IBAMA para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras
e utilizadoras de recursos naturais. A TCFA é devida trimestralmente e seus
recursos devem ser utilizados restritamente nas atividades de controle e
TCFA
fiscalização ambiental.
São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, distritais,
estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles que praticam
agricultura de subsistência e as populações tradicionais.
34
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como fundações,
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental,
constituem o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), que tem a seguinte estrutura,
dentre outras:
A) órgão superior: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República e o Conselho de
B) órgão central: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA, que tem por finalidade assessorar e propor o Conselho de governo, diretrizes de políticas
Comentário:
35
executores – IBAMA e ICMBio; órgãos seccionais – órgãos e entidades estaduais; e órgãos
Questão 2
relação à Lei 6.938/81, é CORRETO afirmar que se caracteriza como um dos objetivos legalmente
previstos pela Política Nacional de Meio Ambiente o seguinte:
Comentário:
Questão 3
36
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei n.º 12.651/2012, que estabelece prescrições
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
De acordo com o art. 3º da PNMA, que estabelece conceitos importantes para toda a
matéria de Direito Ambiental, entende-se por poluição a degradação da qualidade
Questão 4
(CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina
de
A) órgão superior.
B) órgão supervisor.
C) órgão local.
37
D) órgão seccional.
Comentário:
Mais uma questão que trata sobre a estrutura do SISNAMA. De forma contextualizada, mas
sem grandes mistérios, o examinador quer que o candidato saiba qual a qualidade de um
órgão estadual dentro da estrutura do SISNAMA. Como vimos, todos os órgãos estaduais
são considerados órgãos seccionais. Não confunda com os órgãos locais, que são todos
os órgãos municipais.
Questão 5
(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Os princípios expressos na Lei n.º 6.938/1981 —
degradadas.
C) o desenvolvimento sustentável e o poluidor pagador.
D) o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional
de recursos ambientais.
Comentário:
38
subsolo, da água e do ar; planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
Questão 6
(FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor Público) Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente, é
C) a exploração da vegetação.
D) o desequilíbrio ecológico.
E) a poluição.
Comentário:
39
Segundo o art. 3º da PNMA, poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante
Questão 7
(TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) De acordo com o artigo
impactos ambientais.
B) Os órgãos e entidades que constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
C) Os incentivos à criação de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental e os
Comentário:
territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais
como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; as penalidades disciplinares ou
40
compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
Questão 8
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
Questão 9
41
(VUNESP - 2017 - Prefeitura de São José dos Campos - SP - Procurador) Sobre os
da licença ambiental.
C) o RIMA consiste no estudo de impacto prévio ambiental elaborado e custeado pelo
empreendedor e que envolve atividades técnicas.
Comentário:
Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; o sistema nacional de
informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e
42
atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais;
EIA com linguagem mais acessível). Quando apresentado, o EIA/RIMA não vincula a
autoridade pública.
Por fim, o rol que estabelece os requisitos para o licenciamento e a revisão de atividades
Questão 10
E) A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser,
no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.
Comentário:
43
limita o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou
44
GABARITO
Questão 1 - B
Questão 2 - E
Questão 3 - CERTO
Questão 4 - D
Questão 5 - B
Questão 6 - E
Questão 7 - B
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - D
Questão 10 -B
45
LEGISLAÇÃO COMPILADA
46
JURISPRUDÊNCIA
STF - ADI-MC: 3540 DF, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 01/09/2005, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: DJ 03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528
MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225)- PRERROGATIVA QUALIFICADA
POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO)
QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A ESSE
DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS
TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º, III)- ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME
JURÍDICO A ELES PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI -
SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES
NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS
ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II,
C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225)- COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITÉRIOS DE
SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BÁSICOS
DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES (FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161)
- A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO
CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA (CF, ART. 170, VI)- DECISÃO NÃO REFERENDADA -
CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO
AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS
PESSOAS. - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de
terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao
Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras
gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse
encargo, que é irrenunciável, representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves
conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na
proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO
47
PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO
MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais
nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a
atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios
gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e
abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial
(espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza
constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades e
os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura,
trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado
este em seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A
NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS
DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA . - O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter
eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo
Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da
ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre
valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o
conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente,
que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras
gerações. O ART. 4º DO CÓDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001: UM AVANÇO
EXPRESSIVO NA TUTELA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE . - A Medida Provisória nº 2.166-67, de
24/08/2001, na parte em que introduziu significativas alterações no art. 4o do Código Florestal, longe de
comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrário,
mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das atividades desenvolvidas no âmbito das áreas de
preservação permanente, em ordem a impedir ações predatórias e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação
de maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora propiciada, de modo adequado e compatível com
o texto constitucional, pelo diploma normativo em questão . - Somente a alteração e a supressão do regime jurídico
pertinente aos espaços territoriais especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art.
225, § 1º, III, da Constituição, como matérias sujeitas ao princípio da reserva legal . - É lícito ao Poder Público -
qualquer que seja a dimensão institucional em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros,
Distrito Federal e Municípios) - autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços
no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições,
limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade dos atributos
que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção especial (CF, art. 225, § 1º,
III).
48
STJ - REsp: 994881 SC 2007/0236340-0, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de
Julgamento: 16/12/2008, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 09/09/2009
PROCESSUAL CIVIL E DIREITO AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. OBRA EMBARGADA
PELO IBAMA, COM FUNDAMENTO NA RESOLUÇÃO DO CONAMA N. 303/2002. ÁREA DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. EXCESSO REGULAMENTAR. NÃO-OCORRÊNCIA. ART. 2º, ALÍNEA 'F', DO CÓDIGO FLORESTAL NÃO-
VIOLADO. LOCAL DA ÁREA EMBARGADA. PRETENSÃO DE ANÁLISE DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA
DA SÚMULA 7 DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO-CONHECIDO. 1. O fundamento jurídico da impetração repousa
na ilegalidade da Resolução do Conama n. 303/2002, a qual não teria legitimidade jurídica para prever restrição ao
direito de propriedade, como aquele que delimita como área de preservação permanente a faixa de 300 metros
medidos a partir da linha de preamar máxima. 2. Pelo exame da legislação que regula a matéria (Leis 6.938/81 e
4.771/65), verifica-se que possui o Conama autorização legal para editar resoluções que visem à proteção do
meio ambiente e dos recurso naturais, inclusive mediante a fixação de parâmetros, definições e limites de
Áreas de Preservação Permanente, não havendo o que se falar em excesso regulamentar. 3. Assim, dentro do
contexto fático delineado no acórdão recorrido, e, ainda, com fundamento no que dispõe a Lei n. 6.938/81 e o
artigo 2º, f, da Lei n. 4.771/65, devidamente regulamentada pela Resolução Conama n. 303/2002, é inafastável a
conclusão a que chegou o Tribunal de origem, no sentido de que os limites traçados pela norma regulamentadora
para a construção em áreas de preservação ambiental devem ser obedecidos. 4. É incontroverso nos autos que as
construções sub judice foram implementadas em área de restinga, bem como que a distância das edificações está
em desacordo com a regulamentação da Resolução Conama n. 303/2002. Para se aferir se o embargo à área em
comento se deu apenas em razão de sua vegetação restinga ou se, além disso, visou à proteção da fixação de
dunas e mangues, revela-se indispensável a reapreciação do conjunto probatório existente no processo, o que é
vedado em sede de recurso especial em virtude do preceituado na Súmula n. 7, desta Corte. 5. Recurso especial
não-conhecido.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
50
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 4
SUMÁRIO
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 38
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 39
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................................ 40
1
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 4
1. Licença Ambiental
1.1 Introdução
O meio ambiente é um bem de uso comum do povo, patrimônio público de uso coletivo
que deve ser protegido e assegurado pelo Poder Público. Visto isso, a utilização dos seus
recursos naturais depende de consentimento do Estado, inexistindo direito subjetivo à sua livre
utilização.
gestão ambiental previsto na PNMA, que visa o controle prévio das atividades potencialmente
poluidoras. É uma forma de exercer os postulados do desenvolvimento sustentável, da
preservação, da precaução, do limite e da obrigatoriedade da intervenção estatal.
Como você já pode ter percebido, o licenciamento ambiental decorre do poder de polícia
ambiental da Administração Pública, que é a prerrogativa pública que a autoriza restringir o
uso e o gozo da liberdade e da propriedade privada em favor do interesse público da
coletividade.
2
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental”1.
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos,
projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando
necessárias;
1
Vide questão 9 desse material.
2
Vide questão 9 desse material.
3
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
requerimento, cabe a análise dos documentos, projetos e estudos por um órgão ambiental
integrante do SISNAMA que, quando for necessário, fará vistorias técnicas.
Se no momento dessa análise a autoridade licenciante ficar com alguma dúvida, poderá
solicitar esclarecimentos e complementações. Essa solicitação só poderá ser feita uma vez, mas
se a resposta do empreendedor não for satisfatória, a mesma solicitação poderá ser reiterada.
4
A regra da única complementação é excetuada nos casos de empreendimentos e atividades
sujeitos ao EIA, conforme o §2º do dispositivo citado. Nesses casos, se verificada a necessidade
de uma nova complementação depois dos esclarecimentos já prestados, o órgão ambiental
pode formular um novo pedido mediante decisão motivada que deve contar com a participação
do empreendedor.
da notificação. Esse prazo poderá ser prorrogado se houver justificativa e concordância entre o
empreendedor e o órgão ambiental.
Também poderá ser feita uma audiência pública para debater com a sociedade o
licenciamento ambiental pode ser feita por determinação do próprio órgão ambiental, se julgar
necessário, ou mediante solicitação de entidade civil, do Ministério Público ou de cinquenta ou
mais cidadãos. Se, quando solicitada, a audiência pública não for realizada, a licença ambiental
concedida ao final do procedimento não terá validade.
técnico conclusivo (sempre) e, quando couber, um parecer jurídico. Por fim, a autoridade
competente deve deferir ou indeferir o pedido de licença ambiental e dar a sua devida
publicidade.
O prazo deve ser estabelecido em cada caso pela autoridade competente, a depender das
peculiaridades da atividade ou do empreendimento, observado o prazo máximo de 6 meses,
5
contados do protocolo de requerimento até o deferimento (salvo nos casos em que houver
justificada.
procedimento é da Administração.
Ainda, poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos
empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de
3
Vide questões 1 e 8 desse material.
4
Vide questão 6 desse material.
6
desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que
Quem deve ter licença ambiental? nem toda atividade ou empreendimento precisa de
uma licença ambiental. Ela é obrigatória para qualquer atividade que possa causar degradação
ao meio ambiente, independentemente de ser pública ou privada. Portanto, ela é exigida
para a instalação, localização, ampliação e operação de empreendimento que utilize recursos
turismo, atividades agropecuárias, entre outras. Esse rol de atividades eleitas pelo CONAMA é
meramente exemplificativo, servindo como auxílio para a atuação dos órgãos ambientais.
5
Vide questão 4 desse material.
7
Dependendo da natureza do empreendimento e dos recursos naturais envolvidos, a licença
preliminares, que são as licenças prévia e de instalação; e a segunda fase é composta pela
licença final, que é a licença de operação6.
concepção para atestar se existe viabilidade ambiental. Existindo, a autoridade pública licenciante
6
Vide questão 1 desse material.
7
Vide questões 2 e 6 desse material.
8
Vide questão 2 desse material.
8
deve conceder a licença ambiental prévia, e nela estabelecer requisitos básicos e condicionantes
na licença. Ele deve conter todos os elementos necessários e suficientes para caracterizar a obra
ou o serviço, assegurar a sua viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental.
Ademais, o Projeto Básico deve possibilitar a avaliação dos custos da obra e definir os métodos
e prazos de sua execução.
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo
as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo
Nessa fase do licenciamento deve ser elaborado o Projeto Executivo, que consiste em
uma revisão do Projeto Básico, enriquecido com detalhes técnicos. O foco desse projeto é
9
Vide questões 2 e 5 desse material.
9
Atenção: a Licença de Instalação não autoriza qualquer tipo de operação do
Na fase de licença final, temos a Licença de Operação (LO), que “autoriza a operação da
atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das
Após a instalação, a Administração Pública deve fazer uma vistoria na obra para verificar a
10
Vide questões 2 e 8 desse material.
10
Vamos fazer um link com Direito Administrativo?
Como a licença ambiental prévia vem antes da elaboração do Projeto Básico, o Tribunal de
Contas da União – TCU entende que é um indício de irregularidade grave para efeito de
repasse de recursos financeiros federais, além de ser crime ambiental, o início das obras sem
Licença de Instalação.
11
As medidas preventivas visam evitar dano ambiental, exigindo do empreendedor ações
órgão ambiental licenciador para que o empreendedor minimize o impacto ambiental da sua
atividade ou empreendimento.
Quando não for possível medidas preventivas ou medidas mitigadoras do dano ambiental,
o órgão licenciador deve exigir do empreendedor medidas compensatórias. Nesse caso, cabe
ao responsável pelo impacto ambiental adotar medidas que causem efeitos ambientais positivos,
buscando um reequilíbrio.
O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo
12
A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade
prorrogados no caso concreto, desde que não ultrapassem os prazos máximos de 5 e 6 anos,
respectivamente.
Como a Licença de Operação tem um prazo determinado de validade, ela precisa ser
renovada. Na sua renovação, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão
1.7 Competência
A Constituição Federal, em seu art. 23, VI, estabelece a competência material comum para
De acordo com a Lei Complementar 140/11, tanto a União, como os estados, o Distrito
11
Vide questão 6 desse material.
13
gerem impactos ambientais, mas, no caso concreto, apenas um dos entes será competente, pois
Mesmo que dois ou mais entes sejam interessados no licenciamento, apenas um será o
A Lei Complementar 140/11 estabeleceu em seus artigos 7º, XIV, 8º, XIV, XV, e 9º, XIV, as
seguintes critérios:
12
Vide questões 4, 7 e 9 desse material.
14
o critério de segurança nacional para o licenciamento de atividades de caráter
militar; e
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento, que são critérios objetivos usados para estabelecer tipologias de
empreendimentos e atividades que devem ser licenciados por órgão federal.
(...)
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição
da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;
13
Vide questão 7 desse material.
14
Vide questão 1 desse material.
15
(...)
(...)
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local15, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
Futuramente, ainda neste curso, vamos estudar as Unidades de Conservação. Mas nesse
momento você precisa saber que “Unidades de Conservação” é um gênero do qual a Área de
15
Vide questão 1 desse material.
16
Vide questão 1 desse material.
16
manejo de vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação
não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
seu instituidor:
De acordo com a LC 140/11, a fiscalização, que faz parte do exercício do poder de polícia
ambiental da Administração Pública, deve ser feita pelo órgão responsável pelo licenciamento.
17
Vide questão 3 desse material.
18
Vide questão 7 desse material.
17
Entretanto, a norma não impede que a fiscalização seja feita pelos outros entes federados
no exercício das suas competências materiais comuns estabelecidas pela CF/88. Caso o ente
licenciador fique inerte, outro pode fiscalizar de forma supletiva o empreendimento ou a
atividade.
Esse é o entendimento do STJ, que afirma não existir competência exclusiva de um ente
da federação para promover medidas protetivas ao meio ambiente. Entretanto, caso haja
atuação de mais de um órgão ambiental, o auto de infração lavrado pelo órgão que tem
competência para o licenciamento deve prevalecer.
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação
ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que
detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
pelos valores gastos para a análise ambiental do seu empreendimento ou atividade. Trata-se de
um requisito para a instauração e para o andamento do procedimento de licenciamento
ambiental.
18
Como o objetivo da taxa é ressarcir o Estado pelos gastos com o procedimento de
licenciamento ambiental, a respectiva taxa deve ser individualizada e corresponder aos valores
específicos de cada empreendimento ou atividade.
Ainda, cada tipo de licença pode ter um valor de taxa diferenciado, proporcionais ao custo
Por fim, a taxa de licenciamento ambiental não se confunde com a Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental – TCFA, que é cobrada da atividade ou do empreendimento já licenciado
e em operação. A TCFA tem como fato gerador o serviço de controle e fiscalização, enquanto a
taca de licenciamento ambiental tem como fato gerador o procedimento de licenciamento.
1.9 Publicidade
de uma exigência legal que, se desrespeitada, tornará inválida a licença por vício de legalidade.
A extinção natural da licença ambiental ocorre com o fim do seu prazo de validade.
Entretanto, antes do fim desse prazo, o órgão ambiental competente, mediante decisão
motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender
19
Vide questão 9 desse material.
19
Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição
da licença.
Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.
A modificação de uma licença ambiental ocorre, por exemplo, com a constatação de uma
nova situação, imprevisível no momento em que a licença foi expedida e que agora torna o seu
conteúdo inadequado.
A suspensão de uma licença ambiental ocorre pelo período que o empreendedor leva para
de controle e adequação.
revogação. A licença será cassada quando verificada a violação de condicionante que permitia
a subsistência do ato. A licença será anulada (invalidada) quando houver ilegalidade na sua
concessão, ou seja, por violação de normas legais ou por falsa descrição de informações
relevantes para a expedição da licença. Por fim, a licença pode ser revogada, que é a retirada
do ato administrativo por conveniência e oportunidade da Administração Pública. A revogação
pode ocorrer, por exemplo, nos casos de superveniência de graves riscos ambientais e à saúde,
desde que insuperáveis com medidas de controle e adequação.
20
deparamos com essa situação, a exigência de licenciamento ambiental para regularizar o
empreendimento ou atividade pode ser feita a qualquer momento, desde que cumpridas as
exigências e condições estabelecidas pelo órgão licenciador.
licenciados. Mesmo aqueles que não estejam regularizados devem renovar a licença ambiental
periodicamente.
proteção integral.
21
QUADRO SINÓTICO
LICENÇA AMBIENTAL
É o procedimento administrativo que ao final deferirá ou não uma licença
ambiental (ato administrativo) para atividades ou empreendimentos que
utilizem recursos naturais, efetiva ou potencialmente poluidores do meio
ambiente.
LICENCIAMENTO
Deve ter duração de no máximo 6 meses, contados a partir do protocolo
do requerimento do empreendedor.
Em casos de atividades potencialmente causadoras de significativo dano
ambiental, o licenciamento pode durar até 12 meses.
Concedida na fase preliminar de planejamento. Visa aprovar a localização
e a concepção da atividade ou empreendimento, atestando a sua
LICENÇA PRÉVIA
viabilidade ambiental e estabelecendo condicionantes para serem
atendidas nas licenças seguintes.
Após a licença prévia, atendidas as suas condicionantes e com base nos
planos, programas e projetos aprovados, deve ser expedida a licença de
LICENÇA DE
instalação. Essa licença permite que o requerente instale o seu
INSTALAÇÃO
empreendimento (pode construir). Ela deve conter requisitos básicos e
condicionantes para que se possa requerer a próxima licença.
É a autorização para que a atividade ou o empreendimento possa
começar a operar (produzir). Ela deve ser expedida após verificadas todas
LICENÇA DE
as condicionantes das licenças anteriores e deve prever medidas de
OPERAÇÃO
controle ambiental e condicionantes para a operação. Ela não é perpétua,
deve ser renovada periodicamente.
LICENÇA PRÉVIA – até 5 anos.
PRAZOS DE
LICENÇA DE INSTALAÇÃO – até 6 anos.
VALIDADE
LICENÇA DE OPERAÇÃO – de 4 a 10 anos.
22
Deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias
da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença de
RENOVAÇÃO DA
operação.
LICENÇA
A licença fica automaticamente prorrogada até a manifestação definitiva
do órgão ambiental competente.
UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS
Promover o Promover o Observadas as
licenciamento licenciamento atribuições dos
ambiental de ambiental de demais entes
empreendimentos e atividades ou federativos, promover
atividades: empreendimentos o licenciamento
utilizadores de ambiental das
a) localizados ou recursos ambientais, atividades ou
desenvolvidos efetiva ou empreendimentos:
conjuntamente no potencialmente
Brasil e em país poluidores ou capazes, a) que causem ou
limítrofe; sob qualquer forma, possam causar
de causar degradação impacto ambiental de
b) localizados ou ambiental, ressalvada âmbito local, conforme
desenvolvidos no mar a competência da tipologia definida
COMPETÊNCIA
territorial, na União e dos pelos respectivos
plataforma continental municípios; Conselhos Estaduais
ou na zona econômica de Meio Ambiente,
exclusiva; Promover o considerados os
licenciamento critérios de porte,
c) localizados ou ambiental de potencial poluidor e
desenvolvidos em atividades ou natureza da atividade;
terras indígenas; empreendimentos ou
localizados ou
d) localizados ou desenvolvidos em b) localizados em
desenvolvidos em unidades de unidades de
unidades de conservação conservação
conservação instituídas pelo instituídas pelo
instituídas pela União, Estado, exceto em Município, exceto em
exceto em Áreas de
23
Proteção Ambiental Áreas de Proteção Áreas de Proteção
(APAs); Ambiental (APAs) Ambiental (APAs);
e) localizados ou
desenvolvidos em 2
(dois) ou mais
Estados;
f) de caráter militar,
excetuando-se do
licenciamento
ambiental, nos termos
de ato do Poder
Executivo, aqueles
previstos no preparo e
emprego das Forças
Armadas, conforme
disposto na Lei
Complementar no 97,
de 9 de junho de
1999;
g) destinados a
pesquisar, lavrar,
produzir, beneficiar,
transportar, armazenar
e dispor material
radioativo, em
qualquer estágio, ou
que utilizem energia
nuclear em qualquer
de suas formas e
aplicações, mediante
parecer da Comissão
24
Nacional de Energia
Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam
tipologia estabelecida
por ato do Poder
Executivo, a partir de
proposição da
Comissão Tripartite
Nacional, assegurada
a participação de um
membro do Conselho
Nacional do Meio
Ambiente (Conama), e
considerados os
critérios de porte,
potencial poluidor e
natureza da atividade
ou empreendimento;
25
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) as atividades que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local são
licenciadas pelo IBAMA.
C) o decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, implica sua
emissão tácita e autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra.
Comentário:
26
As atividades que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local são
exceto a APA, que segue os demais critérios de instituição de competência, e não o critério
do instituidor da UC.
Por fim, não existe licenciamento tácito. O decurso dos prazos de licenciamento, sem a
Questão 2
27
determinante; o prazo de validade deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de
Comentário:
6 (seis) anos.
Questão 3
(CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) Uma empresa que utiliza recursos
ambientais efetivamente poluidores pretende construir um empreendimento em uma unidade
de conservação do tipo área de proteção ambiental, criada por decreto estadual e localizada no
mar territorial.
28
Nessa situação, para o desenvolvimento de suas atividades, a empresa deverá requerer o
licenciamento ambiental
A) no IBAMA.
Comentário:
mar territorial, a empresa deverá requerer o seu licenciamento ambiental junto à União, de
acordo com o art. 7º, XIV, b da LC 140/11.
Sabendo que o responsável administrativo para licenciar a atividade é a União, resta saber
qual órgão tem essa atribuição, pois tanto o IBAMA como o Ministério do Meio Ambiente
e o ICMBio pertencem à União.
que em seu art. 4º estabelece a competência do IBAMA, órgão executor do SISNAMA, para
licenciar empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito
nacional ou regional, entre elas, as localizadas ou desenvolvidas no mar territorial.
Questão 4
29
A) Conforme a Lei Complementar nº 140/2011, os empreendimentos e atividades são licenciados
potencialmente poluidoras.
C) É o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob
proteção do meio ambiente, apenas a concessão de autorização do Poder Público federal poderá
contrariar regra municipal ou estadual que estabeleça zoneamento para determinado espaço
territorial.
Comentário:
Ele não pode ser feito de forma concorrente entre os entes federados. Apenas um entre a
União, estados, Distrito Federal e municípios terá a atribuição para o licenciamento no caso
Quanto à alternativa “B”, devemos ter em mente que o licenciamento, o Estudo de Impactos
30
Por fim, como a proteção ao meio ambiente é competência constitucional comum aos
entes federativos, não é possível que a União contrarie regra municipal ou estadual que
estabeleça o zoneamento de determinado espaço territorial.
Questão 5
aplicáveis ao SISNAMA e as Resoluções CONAMA n.º 237/1997 e n.º 378/2006, julgue o item
seguinte.
Comentário:
Questão 6
31
B) A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser
requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de
validade, fixado na respectiva licença.
C) Considera-se Impacto Ambiental Regional todo e qualquer impacto ambiental que afete
diretamente (a área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois
ou mais Municípios.
D) O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a apresentação de novo
requerimento de licença, ficando isento de novo pagamento de custo de análise.
E) O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser o estabelecido pelo cronograma
de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
Comentário:
validade da Licença Prévia já foi repetidamente exposto nesse curso: será de no máximo 5
anos, portanto, pode ser superior a 3 anos. Não custa nada lembrar, e já esclarecendo a
alternativa “E”, que o prazo máximo da Licença de Instalação será de 6 anos e o prazo de
validade da Licença de Operação será de no mínimo 4 anos e no máximo 10 anos.
Falando de Licença de Operação, devemos destacar que ela não é perpétua, deve ser
Pública demore para analisar o pedido e passe do prazo de validade, a licença estará
renovada automaticamente até a apreciação do Poder Público.
Quanto à alternativa “C”, devemos corrigir o seu enunciado afirmando que considera-se
Impacto Ambiental Regional todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (a
área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais
32
A alternativa “D” trata do arquivamento do processo de licenciamento, que ocorre quando
Questão 7
(FCC - 2018 - PGE-TO - Procurador do Estado) De acordo com o disposto na Lei Complementar
no 140/2011, a atividade de licenciamento é realizada pelos entes federados
decreto federal.
E) considerando-se, entre outros aspectos, a inserção em unidades de conservação instituídas
por União, Estados e Municípios e a natureza da atividade, conforme definição dos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente.
Comentário:
Como visto no presente capítulo, existem vários critérios para estabelecer a competência
de um ente para o licenciamento ambiental de uma atividade ou empreendimento. De
acordo com o disposto na Lei Complementar no 140/2011, um desses critérios é a
instituição da Unidade de Conservação, exceto APA. Portanto, em regra, o ente que institui
33
a UC é o responsável pelo licenciamento ambiental de atividade ou empreendimento nela
localizado ou desenvolvido.
Questão 8
(CESPE - 2017 - PGE-SE - Procurador do Estado) Caio deseja iniciar uma criação de pacas
34
Comentário:
Quando um empreendedor pretende exercer uma atividade que utilize recursos naturais,
Diante da alternativa “D”, vale a pena reforçar que não existe licenciamento ambiental
tácito. Se o órgão competente não cumpriu com o prazo estipulado para a análise da
licença ambiental, o processo deve ser remetido a um órgão com competência supletiva.
Questão 9
Estado.
B) compete à SEMA propor ao CONAMA normas e padrões para implementação,
35
Comentário:
Quanto à alternativa “B”, cabe ao IBAMA, e não à SEMA propor ao CONAMA normas e
licenciamento e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo
CONAMA, e não pelo SEMA como afirma a alternativa “E”.
Questão 10
empreendedor
A) o desonera da responsabilidade administrativa.
36
B) o desonera de responsabilidade por eventuais danos ambientais, ante a licitude da sua
atividade.
C) não desonera, mas mitiga a sua responsabilidade civil pelos danos ambientais, uma vez que
Comentário:
37
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - D
Questão 3 - A
Questão 4 - C
Questão 5 - ERRADO
Questão 6 - B
Questão 7 - E
Questão 8 - B
Questão 9 - D
Questão 10 - A
38
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Licença Ambiental:
39
JURISPRUDÊNCIA
Licença Ambiental
STJ. REsp 1479316/SE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 01/09/2015
(...) PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. ÁREA PRIVADA. MATA ATLÂNTICA. DESMATAMENTO.
IBAMA. PODER FISCALIZATÓRIO. POSSIBILIDADE. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. EXISTÊNCIA. PRECEDENTES. 1. Não há falar em competência exclusiva de um
ente da federação para promover medidas protetivas. Impõe-se amplo aparato de fiscalização a ser exercido
pelos quatro entes federados, independentemente do local onde a ameaça ou o dano estejam ocorrendo, bem
como da competência para o licenciamento. 2. A dominialidade da área em que o dano ou o risco de dano se
manifesta é apenas um dos critérios definidores da legitimidade para agir do Parquet Federal. 3. A atividade
fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer
seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o
licenciamento seja do município ou do estado, o que, juntamente com a legitimidade ad causam do Ministério
Público Federal, define a competência da Justiça Federal para o processamento e julgamento do feito.
STF - ADI: 3252 RO, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 06/04/2005, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008
Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei nº 1.315/2004, do Estado de Rondônia, que exige
autorização prévia da Assembleia Legislativa para o licenciamento de atividades utilizadoras de recursos ambientais
consideradas efetivas e potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental. 3. Condicionar a aprovação de licenciamento ambiental à prévia autorização da Assembleia Legislativa
implica indevida interferência do Poder Legislativo na atuação do Poder Executivo, não autorizada pelo art. 2º da
Constituição. Precedente: ADI nº 1.505. 4. Compete à União legislar sobre normas gerais em matéria de
licenciamento ambiental (art. 24, VI, da Constituição. 5. Medida cautelar deferida.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
41
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 5
SUMÁRIO
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 75
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 76
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................................ 77
2
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 5
1. Código Florestal
1.1 Introdução
O Código Florestal foi instituído pela Lei 12.651 de 25 de maio de 2012. Trata-se de uma
norma geral editada pela União no âmbito da sua competência legislativa concorrente prevista
e procedimentos que devem ser observados pelos demais entes federados no exercício das suas
respectivas competências.
florestas que, paradoxalmente, são essenciais para a nossa sobrevivência. Elas possuem funções
altamente relevantes, como a manutenção da diversidade genética, a regeneração do solo, a
manutenção do ciclo da água, da umidade do ar, o amortecimento da variação climática, entre
outras coisas.
Visto isso, durante décadas a sociedade busca compatibilizar o uso dos recursos naturais
das florestas com a sua preservação. O objetivo não é manter o ecossistema florestal intocado,
3
1.1.1 Contexto histórico
No período colonial do Brasil não houve qualquer preocupação com a proteção das
concepção colonial sobre a natureza não mudou. O meio ambiente era apenas um recurso
inesgotável a serviço da humanidade.
de propriedade ao interesse social. Também foi assim nas constituições brasileiras seguintes,
que continuaram a prever o princípio da função social da propriedade, o que foi fundamental
Em 1965 surgiu o Código Florestal Brasileiro através da Lei 4.771/65. Foi um marco para a
proteção ambiental no nosso país, pois a norma era avançada e instituía, por exemplo, a
possibilidade de existir áreas de preservação ambiental, como as Áreas de Preservação
fauna silvestres, bem assim o seu habitat, que se encontram atualmente em grave perigo por
combinação de fatores adversos. Em consequência, ao planejar o desenvolvimento econômico,
deve ser dada a devida importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna
Com o advento da Constituição Federal de 1988, passou a ser um dever do Poder Público
proteger a fauna e a flora, vedadas as práticas que coloquem em risco as suas funções
federados, entre outras matérias ambientais, preservar as florestas, a fauna e a flora. Esse
comando constitucional deve ser exercido pelos entes em cooperação. E, segundo o art. 24 da
para a Mata Atlântica, para a Serra do Mar, para o Pantanal Mato-Grossense e para a Zona
Costeira. Esses ecossistemas são considerados patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á,
na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.
Posteriormente, a Agenda 21, elaborada na Conferência ECO 92, dispõe que as florestas
Como já mencionado, em 2012 foi publicado o novo Código Florestal, muito polêmico por
beneficiar vários indivíduos que foram degradadores do meio ambiente até 22 de julho de 2008,
5
1.2 O Código Florestal Brasileiro
Para estudar o nosso Código Florestal você precisa ter em mente que, apesar do nome,
ele não se refere apenas às florestas. A lei estabelece normas gerais sobre a proteção da
vegetação nativa.
O objetivo do Código Florestal não é a preservação do meio ambiental de forma que ele
fique intocado pelo homem, mas sim o desenvolvimento sustentável da humanidade,
explorando os recursos naturais com equilíbrio. É uma norma que reafirma o compromisso do
Brasil de preservar as florestas e a vegetação nativa ao mesmo tempo que enaltece a
importância da atividade agropecuária para o nosso país.
Também podemos observar que o Código Florestal está em consonância com o art. 225
da CF/88, pois trata o meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito difuso,
Para ressaltar a importância das florestas, elas podem induzir limitações ao direito de
propriedade. Nesse ponto, devemos ter em mente que as obrigações previstas no Código
6
Florestal são de natureza real (propter rem), transmitidas ao atual proprietário ou possuidor do
Por fim, a norma em análise utiliza instrumentos econômicos para fomentar a preservação
do meio ambiente. Ou seja, existindo o protetor ambiental, ele deve receber vantagens
7
Esses princípios norteadores visam compatibilizar o desenvolvimento econômico com a
Por esse princípio, o direito de propriedade não é absoluto, pois sofre limitações legais,
Assim como a PNMA, o Código Florestal elenca alguns conceitos importantes para o estudo
da matéria. Destacamos alguns deles:
Acre
Pará
Amazonas
Roraima
AMAZÔNIA
Rondônia
LEGAL
Amapá
Mato Grosso
Norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás
Oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão
Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ÁREA DE
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
PRESERVAÇÃO
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
PERMANENTE
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
8
Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a
função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
RESERVA LEGAL naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem
como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.
Área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de
ÁREA RURAL julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades
CONSOLIDADA agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de
pousio.
PEQUENA É aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar
PROPRIEDADE e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos
OU POSSE RURAL de reforma agrária.
FAMILIAR
Substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras
USO
coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de
ALTERNATIVO
geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte,
DO SOLO
assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana.
Administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
MANEJO sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se,
SUSTENTÁVEL cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies
madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem
como a utilização de outros bens e serviços.
Fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos, usualmente
VEREDA com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - buriti emergente, sem formar
dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas.
Ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das
marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se
associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como
MANGUEZAL
mangue, com influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões
estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira,
entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina.
SALGADO OU Áreas situadas em regiões com frequências de inundações intermediárias
MARISMAS entre marés de sizígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia
9
TROPICAIS entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde
HIPERSALINOS pode ocorrer a presença de vegetação herbácea específica.
Áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entremarés superiores,
inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam salinidade
APICUM
superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de
vegetação vascular.
Depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram
diferentes comunidades que recebem influência marinha, com cobertura
RESTINGA
vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e
depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato
herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado.
Afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá
NASCENTE
início a um curso d’água.
OLHO D’ÁGUA Afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.
A calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água durante
LEITO REGULAR
o ano.
VÁRZEA DE Áreas marginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações
INUNDAÇÃO OU periódicas.
PLANÍCIE DE
INUNDAÇÃO
Prática de interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas,
POUSIO pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para possibilitar
a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo.
Pantanais e superfícies terrestres cobertas de forma periódica por águas,
ÁREAS ÚMIDAS cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetação
adaptadas à inundação.
CRÉDITO DE Título de direito sobre bem intangível e incorpóreo transacionável.
CARBONO
10
1.3 Área de Preservação Permanente – APP
do Código Florestal).
Trata-se de um espaço territorial especialmente protegido com base no art. 225, §1º, III
da CF/88: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público definir, em todas as unidades da Federação,
espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e
a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
De acordo com o disposto nos arts. 4º e 6º do Código Florestal, as APPs podem ser criadas
em razão da localização ou da finalidade. São onze espécies de áreas que a legislação
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura;
1
Vide questão 8 desse material.
11
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600
(seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros;
A primeira espécie de APP corresponde às matas ciliares, que são as faixas de terra
marginais dos cursos d’água. Note que a legislação estabeleceu um caráter progressivo para o
tamanho das APPs dependendo da largura do curso d’água que ela está relacionada, começando
por 30m, quando o curso d’água correspondente tiver menos de 10m de largura, e podendo
chegar a até 500m quando o curso d’água correspondente tiver largura superior a 600 metros,
como acontece em alguns trechos do Rio Amazonas e do Rio São Francisco.
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
Observe que só haverá APP nos casos de lagos e lagoas naturais e que o critério usado
para o seu tamanho é a localidade do lago ou lagoa correspondente, se em zona urbana ou
em zona rural. No caso das zonas rurais, a lei ainda usa como critério para definir o tamanho
da APP o tamanho da superfície do lago ou lagoa correspondente.
12
Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare,
fica dispensada a instituição de APP na reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III
supracitados, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão
ambiental competente do SISNAMA (§4º).
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja
sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros 2;
Sempre que há fortes chuvas vemos nos noticiários casos de deslizamentos de encostas,
que muitas vezes destroem casas e fazem vítimas. A definição de APP nos declives com
inclinação superior a 45º visa evitar esse tipo de fenômeno com a preservação da totalidade de
sua vegetação. Não há um tamanho específico para a APP estabelecida em razão das encostas,
100% da sua vegetação deve ser preservada.
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem)
metros e inclinação média maior que 25º, as áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à
base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da
elevação;
2
Vide questões 7 e 10 desse material.
3
Vide questão 3 desse material.
13
Esclarecendo o inciso IX, não é qualquer morro (montes, montanhas e serras) que terá APP.
Deve existir APP apenas nos topos dos morros (montes, montanhas e serras), correspondente
ao seu 1/3 superior, e não em toda a sua área; quando eles possuírem altura mínima de 100m,
ou seja, um morro com menos de 100m de altura não terá APP (pelo inciso IX); e uma inclinação
média superior a 25º (lembre-se que as encostas possuem inclinação de 45º).
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja
a vegetação;
As áreas altas, que possuem altitude de 1.800m ou mais acima do nível do mar,
independentemente de qual seja a sua vegetação, deve ser protegida por APP. Nesses casos,
por ausência de previsão legal, o local protegido corresponderá à totalidade da área alta, sem
tamanho mínimo ou máximo especificado na legislação.
(...)
§ 6º Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de
que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a
infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:
14
Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de
interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas
ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
Observe que nas hipóteses elencadas no art. 6º do Código Florestal, que se preocupa com
a função da área de preservação ambiental, as APPs podem ser instituídas mediante decreto
do Poder Executivo – federal, estadual, distrital ou municipal. Entretanto, nas hipóteses do art.
4º, em que as APPs são instituídas em razão da sua localização, devem ser criadas mediante lei.
APP APP
Em razão da Em razão da
LOCALIZAÇÃO FUNÇÃO
15
Como você pode notar, a APP é uma limitação à propriedade. Em caso de APP que esteja
localizada em propriedade privada, não haverá desapropriação do bem, mas apenas uma
restrição para a sua utilização.
Nos casos de APPs instituídas por força de lei (hipóteses do art. 4º do Código Florestal),
que são aquelas áreas protegidas em razão da sua localização, não é cabível indenização ao
proprietário do local, mesmo que prejuízos econômicos sejam alegados. Esse tipo de limitação
da propriedade deve ser genérica, gratuita e unilateral, pois as características que a torna APP
são anteriores ao início da propriedade do imóvel.
Já no caso de APP instituída por meio de Decreto do Poder Executivo (hipóteses do art.
proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado. Destaca-se novamente que a área qualificada como APP merece assim ser
tratada e protegida possuindo ou não vegetação. Portanto, caso não exista vegetação em local
com status de APP, ela deve ser recomposta sob pena de responsabilização penal, civil e
administrativa.
ambiental onde, em regra geral, o ecossistema é intocável, vedado o seu uso econômico direto.
Independentemente se estar localizada em bem público ou privado, de pessoa física ou jurídica,
4
Vide questões 3 e 6 desse material.
16
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços
públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos
parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento,
energia, telecomunicações, radiodifusão, bem como mineração, exceto,
neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
UTILIDADE d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na
PÚBLICA proteção das funções ambientais de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas;
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica
e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe
do Poder Executivo federal.
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação
nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da
erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies
nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena
propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades
tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente
e não prejudique a função ambiental da área;
INTERESSE c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e
SOCIAL atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais
consolidadas, observadas as condições estabelecidas no Código Florestal;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas
consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977, de
7 de julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água
e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes
integrantes e essenciais da atividade;
17
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho,
outorgadas pela autoridade competente;
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica
e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder
Executivo federal.
a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e
pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso
de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos
oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável;
b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água
e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso
da água, quando couber;
c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;
d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno
ancoradouro;
e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de
comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais
ATIVIDADES DE em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço
BAIXO IMPACTO próprio dos moradores;
AMBIENTAL5 f) construção e manutenção de cercas na propriedade;
g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros
requisitos previstos na legislação aplicável;
h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e
produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a
legislação específica de acesso a recursos genéticos;
i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas
e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da
vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área;
j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e
familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros,
desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem
prejudiquem a função ambiental da área;
5
Vide questão 5 desse material.
18
k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e
de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente.
Quanto à intervenção nas APPs, o art. 9º do Código Florestal permite o acesso de pessoas
Como vimos, a depender do fundamento legal para a criação de uma APP, ela deverá ser
feita mediante lei ou mediante decreto do Poder Executivo. Entretanto, para a sua alteração ou
supressão, se faz necessária uma lei formal.
6
Vide questão 3 desse material.
19
Se o objeto da alteração for uma ampliação da APP, sem modificar a área original, ela
também poderá ser feita por meio de decreto do Poder Executivo nos casos do art. 6º do
O legislador escolheu uma forma simples (ato administrativo) para proteger o meio
ambiente. Entretanto, optou por não seguir a simetria das formas nesses casos para dificultar
e ampliar o debate sobre as supressões da proteção. É o que podemos extrair do art. 225, §1º,
III da CF/88.
imóvel, seu possuidor ou ocupante a qualquer título (pessoa física ou jurídica, de direito público
ou privado).
a qualquer título é responsável por promover a sua recomposição. Essa obrigação tem natureza
real e, por isso, transfere-se ao sucessor do domínio ou posse do imóvel (obrigação propter
rem).
Entretanto, o Código Florestal, em seu art. 8º, estabelece que a intervenção ou a supressão
de vegetação nativa em APP pode ser autorizada pelo órgão ambiental competente nas
hipóteses de utilidade pública, interesse social ou de atividades de baixo impacto ambiental.
20
Quanto à supressão de vegetação nativa em APP, quando for protetora de nascentes,
Como foi visto, a APP é uma limitação ao exercício da propriedade, afetando o seu caráter
absoluto. Entretanto, uma restrição como essa não retira do proprietário o domínio do imóvel.
Portanto, diante de uma desapropriação por utilidade pública de bem imóvel que tem em
sua extensão APP, essa área deve ser computada para o valor da respectiva indenização.
Segundo o STJ, mesmo que devida a indenização em relação imóvel com a limitação por
APP, não cabem quanto a essas áreas juros compensatórios. O Tribunal entende que se o
imóvel está impedido de ter exploração econômica por causa da APP, não há que se falar em
compensação ao seu proprietário. Admitir o contrário seria permitir o enriquecimento ilícito pelo
desapropriado.
Também segundo o STJ, nos casos das matas ciliares de rios navegáveis, os terrenos
reservados nas margens das correntes públicas são bens públicos dominiais e,
consequentemente, as APPs ali presentes também. Isso quer dizer que esses terrenos marginais
não compõem o valor da indenização nos casos de desapropriação.
21
Nesse contexto, o STF editou a Súmula 479 nos seguintes termos: “as margens dos rios
navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas
de indenização”.
A Área de Reserva Legal – RL, assim como a Área de Preservação Permanente – APP, é
uma limitação ao direito de propriedade fundamentada na sua função socioambiental.
De acordo com o conceito legal do art. 3º do Código Florestal, a Reserva Legal é a área
localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel, auxiliar a conservação e a
Assegurar o uso
econômico de modo
sustentável dos
recursos naturais.
Auxiliar a
Abrigar e proteger a PARA QUE SERVE conservação e a
fauna silvestre e a
A RESERVA LEGAL? reabilitação dos
flora nativa
processos ecológicos
Promover a
conservação da
biodiversidade
Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente.
22
A área de RL específica de cada imóvel deve corresponder a um percentual mínimo estabelecido
Como você pode ver na tabela, quando o cerrado está localizado na Amazônia Legal, os
imóveis ali situados devem ter 35% das suas áreas destinadas à RL. Entretanto, se o cerrado não
está localizado na Amazônia Legal, a área de RL dos imóveis ali situados deve seguir a regra
das demais regiões do país (20%).
Nos casos dos imóveis localizados na Amazônia Legal em área de floresta, o Poder Público
poderá reduzir os seus percentuais mínimos destinados à Reserva Legal para até 50% (cinquenta
por cento), para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por
cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio público e por
terras indígenas homologadas.
Também poderá ser reduzido para até 50% o percentual mínimo para a RL dos imóveis
localizados na área de floresta da Amazônia Legal quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-
Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por
7
Vide questões 2 e 9 desse material.
23
Os parágrafos 6º, 7º e 8º do art. 12 do Código Florestal elencam algumas exceções, casos
em que o imóvel rural não precisará estabelecer RL:
A área destinada à RL dentro de cada propriedade ou posse rural, aonde se deve manter
a vegetação nativa preservada, não é de livre escolha do seu respectivo proprietário ou
possuidor. O órgão ambiental competente deve aprovar a sua localização.
Além disso, a localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em
consideração os seguintes estudos e critérios:
24
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de
Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área
legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
O proprietário ou possuidor diligente não pode ser penalizado por eventual morosidade
da Administração. Portanto, protocolada a documentação exigida para a análise da localização
da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção
administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão ambiental competente
múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços”.
Diferentemente do que vimos na APP, nas áreas de RL é possível o manejo sustentável dos
seus recursos naturais. O art. 20 do Código Florestal define duas modalidades de manejo
sustentável da vegetação florestal da Reserva Legal: sem propósito comercial para consumo
na propriedade e com propósito comercial.
a 20m³ anuais.
25
No manejo florestal sustentável para fins comerciais, o proprietário ou possuidor precisa
Ainda sobre o manejo florestal sustentável das áreas destinadas à Reserva Legal, o art. 21
do Código Florestal define que é livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, como
frutos, cipós, folhas e sementes. Entretanto, devem ser observados os períodos de coleta e
volumes fixados nos regulamentos específicos, quando houver; a época de maturação dos frutos
Por fim, quando tratamos de manejo de área de Reserva Legal na pequena propriedade
A localização da Reserva Legal só deve ser aprovada pelo órgão estadual integrante do
SISNAMA ou por instituição por ele habilitada após a inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental
Rural – CAR, que é um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório e com prazo
O CAR é um cadastro feito no âmbito do SINIMA que serve para reunir as informações e
os dados ambientais das propriedades e posses rurais de todo o país. Com essas informações,
8
Vide questão 3 desse material.
26
Um dos principais objetivos do CAR é dar publicidade às informações ambientais, garantir
a segurança jurídica, ordem e estabilidade das relações pessoais. O cadastramento não será
considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse.
A inscrição no CAR deve ser feita perante a Administração Pública municipal ou estadual,
imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas
geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a
localização dos remanescentes de vegetação nativa, das APPs, das Áreas de Uso Restrito, das
áreas consolidadas e, caso existente, a localização da RL.
A área correspondente à Reserva Legal deve ser registrada no órgão ambiental competente
Se o imóvel rural possui área de reserva legal acima do mínimo exigido por lei, o respectivo
proprietário ou possuidor não está autorizado a suprimir a vegetação excedente, mas poderá
constituir servidão ambiental ou Cota de Reserva Ambiental, que poderão ser negociadas
27
economicamente com outros proprietários ou possuidores de imóveis rurais deficitários de
Reserva Legal.
Outro instrumento compensatório é a Reserva Legal condominial, que pode ser instituída
em casos de imóveis rurais contíguos, que derivaram da repartição de uma propriedade
Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre
propriedades rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel.
Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá ser
agrupada em regime de condomínio entre os adquirentes.
Muitas vezes o proprietário de um grande imóvel rural dividia a sua área em vários outros
imóveis como uma forma de burlar as exigências para a instituição da Reserva Legal. Para evitar
essa prática, o legislador instituiu, no caso de parcelamento de imóveis rurais, a possibilidade
de as áreas de Reserva Legal dos imóveis desmembrados serem agrupadas em regime de
Para que seja possível um condomínio de Reserva Legal, precisamos observar os seguintes
requisitos: os imóveis precisam ser contínuos, o percentual legal em relação a cada imóvel
ÁREA DE PRESERVAÇÃO
ÁREA DE PROTEÇÃO RESERVA LEGAL
PERMANENTE
Área protegida, coberta ou não Área localizada no interior de
por vegetação nativa, com a uma propriedade ou posse
função ambiental de preservar rural, delimitada nos termos do
CONCEITO LEGAL
os recursos hídricos, a paisagem, art. 12, com a função de
a estabilidade geológica e a assegurar o uso econômico de
biodiversidade, facilitar o fluxo modo sustentável dos recursos
28
gênico de fauna e flora, naturais do imóvel rural, auxiliar
proteger o solo e assegurar o a conservação e a reabilitação
bem-estar das populações dos processos ecológicos e
humanas. promover a conservação da
biodiversidade, bem como o
abrigo e a proteção de fauna
silvestre e da flora nativa
LOCAL Área urbana ou rural Área rural
PRESENÇA NA Nem todas as propriedades Todas as propriedades rurais
PROPRIEDADE RURAL rurais têm APP. precisam ter RL.
Apesar das diferenças, como você pode observar, podem existir situações em que uma
APP e uma RL estarão presentes simultaneamente em uma propriedade rural. Visto isso, o
Código Florestal permite ao proprietário/possuidor computar as APPs existentes em seu
imóvel no cálculo da respectiva Reserva Legal.
Para abater o tamanho da APP do valor mínimo necessário de RL exigido pela lei, devemos
observar os seguintes requisitos:
Que esse benefício não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo
do solo. Ou seja, se a APP for usada no cômputo da área de Reserva legal, o
proprietário ou possuidor do bem não pode usar o local que seria de RL se não
existisse a APP para outras atividades com substituição da vegetação nativa por
outras coberturas do solo;
A APP usada no cálculo do percentual mínimo de RL deve estar conservada ou em
processo de recuperação;
O proprietário ou o possuidor precisa requerer a inclusão do imóvel no CAR.
Apesar de ser usada no cômputo da área de Reserva Legal, a APP não perde a sua natureza
O Código Florestal ainda prevê outra espécie de área de proteção ambiental além das
APPs e das Reservas Legais. Segundo o seu art. 10, é permitida a exploração ecologicamente
29
sustentável nos pantanais e planícies pantaneiras, condicionadas à autorização do órgão
Ademais, nas Áreas de Uso Restrito com inclinação entre 25º e 45º, serão permitidos o
manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a
Cabe ao Poder Público municipal estabelecer as Áreas Verdes Urbanas. Para tanto, contará
hipersalinos. De acordo com o art. 225, §4º da CF/88, a Zona Costeira é um patrimônio nacional
e, portanto, a sua ocupação e exploração devem ocorrer de modo ecologicamente sustentável,
I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento) dessa
modalidade de fitofisionomia no bioma amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento)
no restante do País, excluídas as ocupações consolidadas;
30
II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos processos
ecológicos essenciais a eles associados, bem como da sua produtividade biológica
e condição de berçário de recursos pesqueiros;
III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental estadual,
cientificado o IBAMA e, no caso de uso de terrenos de marinha ou outros bens da
União, realizada regularização prévia da titulação perante a União;
IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e resíduos;
V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, respeitadas as Áreas
de Preservação Permanente; e (
VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das comunidades locais.
2008, desde que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em apicum
ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais
arbustivos adjacentes.
O uso alternativo do solo consiste na substituição da vegetação nativa por outras formas
Como já foi mencionado, o Código Florestal não visa a proteção integral da vegetação,
31
Para requerer a autorização da Administração para supressão da vegetação nativa, o
extinção e das espécies migratórias que fiquem abrigadas nas áreas passíveis de uso alternativo
do solo.
solo, o proprietário ou possuidor deverá proceder a reposição florestal, que deve priorizar os
projetos que contemplem a utilização de espécies nativas do bioma em que ocorreu a supressão.
Ademais, a reposição florestal deve ser feita no mesmo estado em que ocorreu a supressão da
Por fim, buscando racionalizar e otimizar o uso do meio ambiente, o Código Florestal veda
a conversão de vegetação nativa para um uso alternativo do solo quando o imóvel rural possuir
área já desmatada que se encontra abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada.
Cabe observar que é livre a extração de produtos florestais das florestas plantadas que
não estejam em APP ou em Reserva Legal. Como esclarecimento, as florestas plantadas são
aquelas áreas florestais compostas predominantemente de árvores semeadas ou plantadas,
32
Ademais, o art. 33, §3º, do Código Florestal permite o corte ou a exploração de espécies
Florestas plantadas;
Plano de Manejo Florestal Sustentável de floresta nativa aprovado pelo órgão
competente do SISNAMA;
Supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão competente do SISNAMA; ou
Outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão competente do SISNAMA.
Para emitir tal licença, o interessado deve apresentar um Plano de Manejo Florestal
Sustentável – PMFS, que deve ser previamente aprovado pela Administração. Nele devem
constar as técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os
Para fins ambientais, manejo é todo e qualquer procedimento que vise assegurar a
conservação da biodiversidade e dos ecossistemas. O manejo florestal sustentável consiste,
manejo.
9
Vide questão 1 desse material.
33
O PMFS é um importante instrumento para racionalizar o uso dos recursos florestais. Para
Emitida a licença para a exploração florestal, o responsável pelo PMFS fica obrigado a
encaminhar um relatório anual ao órgão ambiental competente com as informações sobre toda
a área de manejo florestal sustentável e a descrição das atividades realizadas. Além disso, o
PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as operações e atividades desenvolvidas
na área de manejo.
Segundo o art. 33, §1º, do Código Florestal, as pessoas físicas ou jurídicas que utilizem
matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que detenham autorização
34
A reposição florestal deve ser feita no estado de origem da matéria-prima utilizada,
mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas, conforme determinações do órgão
competente do SISNAMA.
No parágrafo seguinte, o próprio Código Florestal, estabelece algumas exceções que estão
isentas da obrigação de reposição florestal. Entretanto, a isenção da obrigatoriedade da
reposição florestal não desobriga o interessado da comprovação perante a autoridade
competente da origem do recurso florestal utilizado.
Art. 33, §2º do Código Florestal - É isento da obrigatoriedade da reposição florestal aquele
que utilize:
II - matéria-prima florestal:
a) oriunda de PMFS;
c) não madeireira.
35
A exploração florestal não comercial realizada nas pequenas propriedades ou posses
rurais familiares ou por populações tradicionais.
previsto no PSS, que não será superior a 10 anos, exceto quando houver contrato entre
particulares para o suprimento de matéria-prima florestal oriunda de terras pertencentes a
terceiros.
36
1.10.2 Controle da origem dos produtos florestais
Essa licença será emitida por meio da emissão de Documento de Origem Florestal – DOF,
que deve acompanhar o material até o seu destino final. Para a emissão do DOF, a pessoa física
ou jurídica responsável deve ser registrada no Cadastro Técnico Federal de Atividades
No DOF deverão constar a especificação do material, sua volumetria e dados sobre sua
origem e destino. É obrigatória a exigência do DOF por aquele que recebe ou adquire o material,
seja ou não com fins comerciais. E o seu porte também é obrigatório até o beneficiamento final.
importantes do Capítulo VIII do Código Florestal. Primeiramente, o art. 35, §2º estabelece que é
livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas não
consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal; em seguida, o §3º do mesmo
artigo afirma que o corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso
alternativo do solo serão permitidos independentemente de autorização prévia, devendo o
37
as limitações e condições previstas em lei, devem ser informados ao órgão competente, no
Por fim, o controle do comércio de plantas vivas e outros produtos oriundos da flora
nativa será feito por meio de licença do órgão estadual competente do SISNAMA e de registro
O uso de fogo na vegetação é, em regra, proibido pelo Código Florestal, que elenca as
seguintes exceções:
Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
(...)
38
para o emprego do fogo e para o controle de incêndios para a emissão da respectiva licença
ambiental.
Como exemplo da exceção elencada no inciso II, podemos citar a vegetação do cerrado,
que tem o fogo como um aliado para a germinação de sementes que precisam sofrer um
Para fins de responsabilização ambiental pelo uso irregular do fogo em terras públicas
ou particulares, a autoridade competente para fiscalizar e autuar o responsável deverá
demonstrar o nexo causal entre a ação do agente ou do seu preposto e o dano efetivamente
causado.
O art. 38 supracitado deve ser interpretado de acordo com os preceitos da CF/88 e com o
haja alternativa técnica e científica. Portanto, existindo forma de substituir essa prática sem
inviabilizar a atividade econômica, ela deve ser adotada gradativamente.
cana-de-açúcar, considerou razoável que esse método seja substituído gradualmente pela
mecanização da colheita, sem determinar a proibição imediata da queima da cana-de-açúcar
por considerar os aspectos econômicos, sociais e políticos que envolvem a questão (RE
586.224/SP).
39
Esse programa de apoio visa a redução de impactos ambientais para o desenvolvimento
c) a conservação da biodiversidade;
e) a regulação do clima;
O programa relativo aos serviços ambientais deve integrar os sistemas nacionais e estaduais
40
a) obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de
juros menores, bem como limites e prazos maiores que os praticados no mercado;
41
Para financiar as atividades necessárias à regularização ambiental das propriedades rurais,
restrito, cujo desmatamento seja anterior a 22 de julho de 2008; e a utilização de fundos públicos
para concessão de créditos reembolsáveis e não reembolsáveis destinados à compensação,
recuperação ou recomposição das APPs, das Reservas Legais e das áreas de uso restrito, cujo
O Código Florestal, em seu art. 44, institui a Cota de Reserva Ambiental – CRA, que
consiste em um título nominativo que representa a área com vegetação nativa ou em
processo de recuperação
Obs.: o §4º do art. 44 do Código Florestal ainda permite a instituição de CRA da vegetação
nativa que integra a Reserva Legal das pequenas propriedades ou posses rurais familiares.
imóvel incluído no CAR que mantenha área nas condições acima descritas.
Cada CRA corresponderá a 1 hectare de área com vegetação nativa primária ou com
vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração ou recomposição; ou a 1 hectare de
42
área de recomposição mediante reflorestamento com espécies nativas. Apesar disso, a CRA não
imóvel no CAR e laudo comprobatório emitido pelo próprio órgão ambiental ou por entidade
credenciada.
designação de responsável, quando for pessoa jurídica; certidão negativa de débitos do ITR; e
memorial descritivo do imóvel, com a indicação da área a ser vinculada ao título, contendo pelo
Aprovada a proposta pela Administração, será emitida a CRA e o vínculo entre ela e a sua
O órgão ambiental federal que é competente para emitir a CRA poderá delegar ao órgão
ambiental estadual atribuições para emissão, cancelamento e transferência da CRA, assegurada
Mas, afinal, para que serve a CRA? A CRA pode ser utilizada para compensar Reserva
Legal de imóvel rural deficitário situado no mesmo bioma da área à qual o título está
vinculado.
transferência.
43
A utilização de CRA para compensação da Reserva Legal deve ser averbada na matrícula
A transmissão inter vivos ou causa mortis do imóvel não elimina nem altera o vínculo de
administrativas e penais.
O cancelamento da CRA utilizada para fins de compensação de Reserva Legal só pode ser
efetivado se assegurada Reserva Legal para o imóvel no qual a compensação foi aplicada. Nesses
casos, o cancelamento deve ser averbado na matrícula do imóvel no qual se situa a área
vinculada ao título e do imóvel no qual a compensação foi aplicada.
A agricultura familiar recebe uma série de benefícios legais para simplificar e facilitar a
manutenção da pequena propriedade ou posse rural familiar. Como exemplo clássico desses
ambiental competente.
Enquanto isso, o manejo sustentável da Reserva Legal para exploração florestal eventual,
sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo no próprio imóvel caracterizado como
pequena propriedade ou posse rural familiar, independe de autorização dos órgãos ambientais
competentes. Esse manejo fica limitado à retirada anual de 2m³ por hectare de material lenhoso
e não pode comprometer mais de 15% da biomassa da Reserva Legal, nem ser superior a 15m³
de lenha para uso doméstico e uso energético por ano.
45
A intervenção e a supressão de vegetação em APP e em Reserva Legal para atividades
e jurídico.
Para tanto, deve ser feita uma apresentação de dados que identifiquem a área proposta
para RL pelo respectivo proprietário ou possuidor, cabendo ao órgão do SISNAMA, ou instituição
técnico do Poder Público estadual para a recomposição da vegetação das Reservas Legais em
pequenas propriedades ou posses rurais familiares.
Por fim, o art. 58 estabelece que o Poder Público poderá instituir programa de apoio
Art. 58. Assegurado o controle e a fiscalização dos órgãos ambientais competentes dos
respectivos planos ou projetos, assim como as obrigações do detentor do imóvel, o poder
público poderá instituir programa de apoio técnico e incentivos financeiros, podendo
incluir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, os
imóveis a que se refere o inciso V do caput do art. 3º , nas iniciativas de:
I - preservação voluntária de vegetação nativa acima dos limites estabelecidos no art. 12;
46
III - implantação de sistemas agroflorestal e agrossilvipastoril;
47
Termo de compromisso;
Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas; E
Cotas de Reserva Ambiental.
A inscrição do imóvel rural no CAR, condição obrigatória para a adesão ao PRA, deve ser
requerida em até o dia 31 de dezembro de 2020 para que se possa ter o direito de aderir ao
programa de regularização. Caso os Estados e o Distrito Federal não implantem o PRA até esta
mesma data, o proprietário ou possuidor de imóvel rural poderá aderir ao PRA implantado pela
União.
adesão ao órgão competente integrante do SISNAMA, que convocará o interessado para assinar
um termo de compromisso, com natureza de título executivo extrajudicial.
cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por
infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação
em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
efetiva regularização.
48
Cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a
pessoas.
No regime geral do Código Florestal, podemos ter APP em áreas urbanas e em áreas rurais.
Entretanto, as regras do regime de transição ora estudadas só se aplicam às áreas rurais
consolidadas. Ou seja, as áreas urbanas consolidadas até 22 de julho de 2008, que deveriam ser
caracterizadas como APP, não precisam ser regularizadas.
49
Ademais, ao contrário do regime transitório que admite a continuidade de determinadas
atividades em APP, no regime geral do Código Florestal só pode haver intervenção em APP nos
casos de utilidade pública, interesse social ou atividade de baixo impacto ambiental.
As matas ciliares (vegetações das faixas marginais dos cursos d’água naturais) de imóveis
rurais que possuam áreas consolidadas em APP, devem ser recompostas observando as
seguintes regras:
Recomposição das faixas marginais aos cursos d’água naturais em imóveis rurais com
áreas consolidadas
Área do imóvel Recomposição
Até 1 módulo fiscal 5 metros
Superior a 1 módulo fiscal e de até 2
8 metros
módulos fiscais
Superior a 2 módulos fiscais e até 4 módulos
15 metros
fiscais
No mínimo 20 metros
No máximo 100 metros
Superior a 4 módulos
fiscais e até 10
módulos fiscais;
Nos demais casos
quando o curso
Superior a 4 módulos fiscais
d’água for de até
10m de largura
Metade da largura
do curso d’água,
20 metros
observando o
mínimo de 30 metros
50
e o máximo de 100
metros.
Observe que as áreas consolidadas são submetidas a condições bem mais brandas do que
as previstas no art. 4º, I, do Código Florestal como regra de extensão da APP nos casos das
matas ciliares. O dispositivo mencionado considera a largura do curso d’água para definir o
tamanho da APP e dispõe que a APP será de 30m para os cursos d’água com menos de 10m
Florestal, fixa o raio de 50 metros no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes como
APP.
A recomposição das APP em área rural consolidada no entorno de lagos e lagoas naturais
Ao contrário da regra geral, que leva em consideração o tamanho dos lagos e lagoas
naturais, o regime de transição ao qual as áreas rurais consolidadas estão submetidas leva em
consideração o tamanho da propriedade.
51
Nesse contexto, observe que o maior tamanho de recomposição de APP no regime
transitório (30m) é o menor tamanho de APP no entorno de lagos e lagoas naturais do regime
geral.
Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será obrigatória a recomposição das
Apenas esses tipos de APP sofrem alterações quando tratamos do regime transitório para
a regulamentação das áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. Os demais tipos de
APP seguem as mesmas regras do regime geral do Código Florestal, mesmo quando em áreas
rurais consolidadas.
critérios estipulados pelo órgão competente integrante do SISNAMA e deve ser concluída em
até 20 anos, abrangendo, a cada 2 anos, o mínimo de 1/10 da área total final.
52
A compensação da área de Reserva Legal dependerá da inscrição prévia do imóvel no CAR
e poderá ser feita por meio de Cota de Reserva Ambiental – CRA; servidão ambiental; doação
ao Poder Público de área localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio público
A definição dessas áreas prioritárias deve visar favorecer, entre outras coisas, a recuperação
de bacias hidrográficas excessivamente desmatadas, a criação de corredores ecológicos, a
Quando a compensação for para regularizar a Reserva Legal de imóvel público, poderá
ser feita mediante concessão de direito real de uso ou doação, por parte da pessoa jurídica de
direito público proprietária de imóvel rural que não detém Reserva Legal em extensão suficiente,
ao órgão público responsável pela Unidade de Conservação de área localizada no interior de
Como não poderia ser diferente, as medidas de compensação de área de Reserva Legal
não poderão ser utilizadas como forma de viabilizar a conversão de novas áreas para uso
alternativo do solo.
53
Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 (quatro) módulos
alternativo do solo.
Nesses casos, o proprietário ou possuidor do imóvel não precisará regularizar a sua área
de Reserva legal, pois o próprio Código Florestal, em seu art. 67, considera regular a situação.
área de Reserva Legal, o proprietário ou possuidor do respectivo imóvel fica obrigado a proceder
a sua regularização, nos termos do Código Florestal acima explanados, mesmo que não tenha
sido ele o responsável pela supressão irregular da vegetação.
A regularização da área de Reserva Legal é uma obrigação é propter rem, ou seja, tem
natureza real. Por isso, ela é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou
posse do imóvel rural.
54
Prescindindo-se o debate sobre a boa-fé ou má-fé do atual proprietário ou possuidor do
imóvel rural, ele será obrigado a regularizar a área, pois não estamos no âmbito da
responsabilidade subjetiva, baseada na culpa do agente.
regra geral, deve ser comprovado o dano e o nexo causal entre ele e a conduta do agente,
independentemente de dolo ou culpa.
Entretanto, em situações especiais, para garantir a proteção integral do meio ambiente, STJ
admite a dispensa de comprovação do nexo causal. É o caso ora estudado de imóvel rural
ambientalmente degradado, em que temos uma obrigação de natureza real, que adere ao título
ambiental.
55
QUADRO SINÓTICO
CÓDIGO FLORESTAL
Lei 12.651 de 25 de maio de 2012;
É uma norma geral editada pela União;
INTRODUÇÃO
Trata das florestas e das demais formas de vegetação nativa;
Objetiva o desenvolvimento sustentável.
Afirmação do compromisso soberano do Brasil com a
preservação das suas florestas e demais formas de vegetação
nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos
hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar
das gerações presentes e futuras – princípio da prevenção/
princípio da precaução/ princípio da solidariedade intergeracional;
Reafirmação da importância da função estratégica da atividade
agropecuária e do papel das florestas e demais formas de
vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento
econômico, na melhoria da qualidade de vida da população
brasileira e na presença do País nos mercados nacional e
PRINCÍPIOS
internacional de alimentos e bioenergia – princípio do
desenvolvimento sustentável;
Ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas,
consagrando o compromisso do País com a compatibilização e
harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da
água, do solo e da vegetação – princípio da obrigatoriedade da
intervenção do Estado;
Responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação
de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa
e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais
56
– princípio da obrigatoriedade da intervenção do Estado/
princípio da participação democrática;
Fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da
inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação
e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa
– princípio da obrigatoriedade da intervenção do Estado;
Criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar
a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para
promover o desenvolvimento de atividades produtivas
sustentáveis – princípio da obrigatoriedade da intervenção do
Estado/ princípio do poluidor-pagador/ princípio do protetor-
recebedor.
Função socioambiental da propriedade – o direito à propriedade
não é absoluto, pois sofre limitações legais, como as estabelecidas
no Código Florestal. Elas se justificam porque o meio ambiente
ecologicamente equilibrado é um direito difuso e inerente à vida,
ou seja, nitidamente de interesse público.
Acre
Pará
Amazonas
Roraima
AMAZÔNIA LEGAL Rondônia
Amapá
Mato Grosso
Norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás
Oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão.
57
Em razão da finalidade: Art. 6º. Instituídas por Decreto do Poder
Executivo. Cabe indenização ao proprietário se, em razão da limitação
por APP, ficar comprovada a inviabilidade de utilização do bem.
Em regra, as APPs são intocáveis, vedado o seu uso econômico direto.
Exceções:
INTERVENÇÃO NA
Utilidade pública;
APP
Interesse social; e
Atividade de baixo impacto ambiental.
ALTERAÇÃO OU Sempre que houver supressão ou alteração que modifique a área origina
SUPRESSÃO da APP, deverá ser feita mediante lei.
RESERVA LEGAL
Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a
função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
CONCEITO LEGAL naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem
como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.
58
funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica,
subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de
distribuição de energia elétrica.
Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de
capacidade de rodovias e ferrovias.
ÁREA DE USO
Ademais, nas Áreas de Uso Restrito com inclinação entre 25º e 45º, serão
RESTRITO
permitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades
agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física
associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas
agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as
hipóteses de utilidade pública e interesse social.
São espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação,
preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano
Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município,
ÁREAS VERDES
indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de
URBANAS
recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos
recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens
e manifestações culturais.
59
O cadastramento não é título para fins de reconhecimento de direito de
posse ou propriedade.
A inscrição no CAR deve ser feita perante a Administração Pública
municipal ou estadual.
A área correspondente à Reserva Legal deve ser registrada no órgão
ambiental competente através da inscrição do imóvel no CAR, dispensada
a averbação no registro do imóvel, vedada, via de regra, a alteração da
sua destinação nos casos de transmissão ou desmembramento do bem.
60
Estão isentos da obrigatoriedade da reposição florestal aquele que
utilize: costaneiras, aparas, cavacos ou outros resíduos provenientes da
atividade industrial; ou matéria-prima florestal oriunda de PMFS; oriunda
de floresta plantada; ou não madeireira.
Aquele que utilizar matéria-prima florestal em suas atividades deve
suprir-se de recursos oriundos de florestas plantadas; de florestas nativas
EXPLORAÇÃO com Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS aprovado pela
FLORESTAL Administração Pública; de supressão de vegetação nativa quando
autorizada pelo órgão competente do SISNAMA; ou de outras formas de
biomassa florestal definidas pelo SISNAMA.
Administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se,
cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies
madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem
como a utilização de outros bens e serviços.
61
SUSTENTÁVEL - competente do SISNAMA, com o objetivo de assegurar a produção
PSS equivalente ao consumo de matéria-prima florestal pela atividade
industrial.
CONTROLE DE O transporte, por qualquer meio, e o armazenamento de madeira, lenha,
ORIGEM DOS carvão e outros produtos ou subprodutos florestais provenientes de
PRODUTOS florestas de espécies nativas, usados para fins comerciais ou industriais,
FLORESTAIS precisam de licença do órgão competente do SISNAMA.
É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do
fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação
do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel
rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de
monitoramento e controle;
II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em
conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante prévia
aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao
manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características
ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;
USO DO FOGOE O III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa
CONTROLE DE devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada por
INCÊNDIOS instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão
ambiental competente do Sisnama.
62
PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE
Pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição,
monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos
ecossistemas e que gerem serviços ambientais;
Compensação pelas medidas de conservação ambiental
LINHAS DE AÇÃO necessárias para o cumprimento dos objetivos do Código Florestal;
e
Incentivos para comercialização, inovação e aceleração das ações
de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e
demais formas de vegetação nativa
63
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
C) Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do solo no imóvel
rural que possuir área abandonada.
Comentário:
Todas as alternativas estão corretas, exceto a “A”, pois o corte ou a exploração de espécies
nativas plantadas em área destinada ao uso alternativo do solo não dependem de
autorização prévia.
De acordo com o art. 35, §3º do Código Florestal, a prática em questão é permitida, desde
que o plantio ou reflorestamento esteja previamente cadastrado no órgão ambiental
64
Questão 2
(CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto) Rafael é proprietário de um imóvel rural
com vegetação de floresta no estado do Pará. Esse imóvel deixou de ter área de reserva legal
A) não tem obrigação de reflorestar a referida área, porque não foi ele quem causou a
degradação.
Comentário:
Para responder esta questão, o candidato precisaria saber que a obrigação de reflorestar
é de natureza real, acompanha o título do imóvel rural e cabe ao atual proprietário ou
Depois, o candidato precisaria lembrar das porcentagens mínimas do imóvel rural exigidas
para fins de Reserva Legal. Primeiramente, devemos verificar se o local é na Amazônia
Legal ou em outra região do país, caso em que sempre teremos o percentual 20% da área
do imóvel destinada à Reserva Legal.
Na questão Rafael tem um imóvel rural localizado no Pará, estado que faz parte da
Amazônia Legal. Constatando-se tal informação, o candidato precisa saber que nas áreas
de floresta a área do imóvel destinada à Reserva Legal será de no mínimo 80%; nas áreas
Como o imóvel de Rafael está localizado em área de floresta no estado do Pará (Amazônia
Legal), ele deve reflorestar 80% de sua propriedade.
65
Questão 3
D) A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei municipal desobriga
o proprietário ou posseiro da manutenção da área de Reserva Legal.
E) O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial
Comentário:
seu art. 8º, excetua essa regra afirmando ser possível a intervenção ou a supressão de
vegetação nativa em APP quando houver utilidade pública, interesse social ou atividade de
baixo impacto ambiental.
66
Também como regra, o Código Florestal exige a autorização do órgão ambiental
Ademais, a inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei municipal
Por fim, O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito
comercial depende de autorização do órgão ambiental competente.
Questão 4
(FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto) Suponha que determinado proprietário rural deseje
67
E) não encontra amparo legal, eis que a servidão ambiental constitui uma limitação voluntária
instituída pelo proprietário da área que não substitui ou reduz as limitações impostas pela
reserva legal mínima.
Comentário:
firmado perante órgão integrante do SISNAMA a, limitar o uso de toda a sua propriedade
ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes,
sentido que fosse possível a servidão ambiental ser instituída em áreas correspondentes à
APP e RL mínima.
Questão 5
hipóteses de atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental definidas nas alíneas do inciso
X do art. 3º da Lei Federal n. 12.651/2012.
( ) CERTO
( ) ERRADO
68
Comentário:
social.
Questão 6
(MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Vespertina) Como regra geral, a Lei Federal
n. 12.651/2012 somente admite a intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de
Preservação Permanente nas hipóteses de utilidade pública e de baixo impacto ambiental por
esta previstas.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
Questão 7
69
(MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Vespertina) De acordo com decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI n. 4.903, foi reconhecida a
caracterização das nascentes e olhos d'água intermitentes como áreas de preservação
permanente, de modo que, atualmente, a proteção do entorno destas áreas abrange o raio
mínimo de 50 (cinquenta) metros no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes e
Comentário:
De acordo com a literalidade do art. 4º, IV do Código Florestal, são consideradas APPs as
localizadas entorno das nascentes e olhos d’água, devem ser consideradas Áreas de
Preservação Permanente independentemente de eles serem perenes ou intermitentes.
Questão 8
conhecida como Código Florestal, define como área de preservação permanente somente a
coberta por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
( ) ERRADO
70
Comentário:
Questão 9
(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Em uma área completamente preservada, com bioma
intacto, localizada em sua integralidade no bioma cerrado, existe uma propriedade particular de
100 ha, dos quais 40 ha constituem reserva legal com a devida averbação na matrícula do imóvel
Nessa situação, o limite máximo de hectares que o proprietário poderá destinar para fins de
instituição de servidão ambiental corresponde a
A) 5 ha.
B) 25 ha.
C) 45 ha.
D) 65 ha.
Comentário:
É uma questão que, à primeira vista, parece complicada e incompleta, mas só tem uma
alternativa possível. Vejamos: em primeiro lugar, o candidato precisaria saber que a área
de Reserva Legal mínima não pode ser objeto de servidão, mas a área destinada
voluntariamente à Reserva Legal de forma excedente ao mínimo exigido por lei, pode.
71
Visto isso, o candidato precisaria saber qual o percentual mínimo de RL estabelecido para
o imóvel rural localizado no bioma cerrado. Neste ponto, temos o seguinte problema que
poderia gerar dúvidas na questão: se o cerrado está dentro da área de Amazônia Legal, o
Código Florestal estabelece que os imóveis rurais devem ter 35% do seu território
destinado à RL. Entretanto, se o cerrado está fora da Amazônia Legal, os imóveis rurais
devem seguir a regra das demais localidades do país para definição de RL: 20% da sua
área.
Como o examinador não define se o cerrado em questão está em área de Amazônia Legal
ou não, vamos tentar responder a questão das duas formas e ver se temos alternativas
possíveis, ok?
imóveis rurais ali localizados deve ser de 20%. Portanto, o proprietário em questão
estabeleceu uma área de RL 20% a mais do que o exigido por lei ao destinar 40 ha da sua
propriedade de 100 ha. Nessa situação, ele poderá instituir servidão ambiental em até 80%
do seu imóvel, que engloba 60% da área remanescente e 20% da área de RL acima do
mínimo exigido por lei.
80% de uma propriedade de 100 ha corresponde a 80 ha e, como você pode ver, não
temos a opção de 80 ha. Portanto, podemos concluir que o cerrado que o examinador se
referiu está localizado na Amazônia Legal.
Quando o imóvel rural está em área de cerrado na Amazônia Legal, deve ter no mínimo
35% da sua área destinada à Reserva Legal. Em uma propriedade de 100 ha, portanto, 35
ha devem ser compreendidos por esta limitação. Entretanto, o proprietário em questão
Com essas informações, fica fácil concluir que o a servidão ambiental em questão poderá
ter no máximo 65 ha, correspondentes aos 60 ha remanescentes e 5 ha excedentes da
72
Questão 10
(CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) De acordo com o Código Florestal,
considera-se área de preservação permanente
A) a faixa marginal de curso d’água efêmero, desde a borda da calha do leito maior, em largura
mínima de 30 metros, para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura.
B) a faixa marginal de curso d’água perene, desde a borda da calha do leito maior, em largura
mínima de 10 metros, para os cursos d’água de menos de 30 metros de largura.
C) os manguezais, até o limite de 200 metros, contados da borda da calha do leito maior do
curso d’água.
D) a área no entorno das nascentes, intermitentes ou perenes, qualquer que seja a sua situação
topográfica, em um raio mínimo de 50 metros.
E) as bordas dos tabuleiros ou chapadas, em toda a sua extensão.
Comentário:
ser contado a partir da borda da calha do leito regular e não da calha do leito maior,
como afirma a alternativa “A” e “B”.
A alternativa “B” também está incorreta porque inverte o tamanho da APP com o tamanho
da largura do curso d’água que ele se relaciona. O correto seria dizer que a APP das faixas
marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros,
desde a borda da calha do leito regular, será de no mínimo 30m quando a largura do
Quanto aos manguezais, o Código Florestal define que toda a sua extensão deve ser
considerada APP, sem estabelecer nenhum limite, como faz a alternativa “C”.
73
De acordo com o inciso IV do art. 4º do Código Florestal e o entendimento do STF, as
áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água, sejam eles perenes ou intermitentes,
devem ser consideradas APP no raio mínimo de 50m, conforme o disposto na alternativa
“D”.
Por fim, as bordas dos tabuleiros ou chapadas possuem como área considerada APP o
espaço até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em
projeções horizontais.
74
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - D
Questão 3 - A
Questão 4 - E
Questão 5 - CERTO
Questão 6 - ERRADO
Questão 7 - CERTO
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - D
Questão 10 - D
75
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Licença Ambiental:
As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas
de indenização.
76
JURISPRUDÊNCIA
Código Florestal
STJ - AgRg no REsp: 1317806 MG 2012/0080818-4, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data
de Julgamento: 06/11/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/11/2012
STF. ADI 3540 MC/DF, rel. Min. Celso de Mello, 1º.9.2005. (Informativo 399)
O Tribunal, por maioria, negou referendo à decisão do Min. Nelson Jobim, Presidente, que deferira pedido de
liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República contra o
art. 1º da Medida Provisória 2.166-67/2001, na parte em que alterou o art. 4º, caput e §§ 1º a 7º da Lei 4.771/65
(Código Florestal), que dispõem sobre autorização do órgão ambiental para supressão de vegetação em área de
preservação permanente - APP. Entendeu-se que a norma impugnada, ao invés de resultar qualquer efeito lesivo
e predatório ao meio-ambiente, veio a conferir-lhe proteção, viabilizando o exercício, pelo Poder Público, do efetivo
controle estatal sobre o procedimento de supressão de vegetação em APP. Inicialmente, comparou-se o texto do
art. 4º resultante das modificações introduzidas pela MP impugnada com o da sua redação primitiva, elecando-se
diversas consequências danosas advindas com a suspensão dos dispositivos impugnados, dentre as quais: a retirada
77
da garantia de que a supressão de vegetação somente seria permitida em caso de utilidade pública ou de interesse
social; o afastamento da possibilidade de o órgão ambiental autorizar a supressão de vegetação em APP, o que
teria implicado a inversão do sistema constitucional de competências; o afastamento das medidas mitigadoras e
compensatórias que deveriam ser adotadas pelo empreendedor antes da supressão da vegetação; o impedimento
de acesso de pessoas e animais às APP para obtenção de água, sob pena das sanções prescritas na Lei 9.605/98.
Em seguida, tendo em conta que o art. 4º, caput, alterado pela MP, admite a supressão de vegetação, e não de
APP, e asseverando que somente a alteração e a supressão desta, bem como do regime jurídico que institui,
delimita e disciplina esse espaço protegido, é que se submetem ao princípio da reserva legal, consubstanciado no
art. 225, § 1º, III, da CF, concluiu-se prescindir de lei, em sentido formal, o ato administrativo que, vinculado à
norma legal que disciplina determinado espaço territorial protegido, decide sobre obras ou atividades a serem nele
realizados. Se assim não fosse, estar-se-ia subvertendo o sistema constitucional das competências, atribuindo ao
Legislativo o que seria de competência do Executivo. Em razão desses motivos, reputou-se ausente a plausibilidade
jurídica da pretensão. Considerou-se, também, inexistente o periculum in mora, já que o diploma em questão,
embora editado há mais de 4 anos, veio a ser impugnado apenas em julho de 2005, não havendo que se falar,
outrossim, em risco de danos irreparáveis e irreversíveis às áreas atingidas pela retirada de vegetação, eis que a
própria Constituição da República, no § 2º do seu art. 225, impõe as medidas destinadas à restauração do meio-
ambiente degradado. Afirmou-se se estar, na verdade, diante de periculum in mora em sentido inverso, pois o
deferimento da liminar estaria ocasionando a paralisação de inúmeras atividades econômicas, obras e serviços em
andamento, com prejuízos inestimáveis para o país. Por conseguinte, cassou-se a liminar concedida, restaurando-
se a eficácia e a aplicabilidade do diploma legislativo impugnado. Vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco
Aurélio que referendavam a decisão liminar. O Min. Nelson Jobim, Presidente, reformulou sua decisão para
acompanhar o voto do relator.
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ALEGAÇÃO DE COISA JULGADA. VIOLAÇÃO DO § 3º DO
ART. 267 DO CPC NÃO CONFIGURADA. NÃO-DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. AVERBAÇÃO DA DEMANDA NA
MATRÍCULADO IMÓVEL. LEGALIDADE. DIREITO DOS CONSUMIDORES À INFORMAÇÃO E ÀTRANSPARÊNCIA.
PODER GERAL DE CAUTELA. 1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obstar a construção
de empreendimento imobiliário de grande porte em Área de Preservação Permanente situada em Jurerê
Internacional, sem licenciamento do Ibama. O acórdão recorrido limitou-se a manter decisão liminar que determinou
a averbação da demanda no cartório de registro de imóveis. 2. As peculiaridades do Termo de Ajustamento de
Conduta, mencionadas em Memorial, não foram analisadas pelo Tribunal a quo, nem debatidas nos Aclaratórios
ou no Recurso Especial, sendo inviável, nessa oportunidade, o pronunciamento do STJ. 3. Não está configurada a
alegada violação do art. 267, § 3º, do CPC, porquanto o Tribunal de origem não afastou a possibilidade de
reconhecimento, de ofício e em qualquer grau de jurisdição, da coisa julgada. Sua recusa em apreciá-la está
78
justificada no fato de que tal preliminar já havia sido rechaçada por decisão anterior, pendente de recurso, sendo
descabida e inoportuna a renovação da mesma questão. Nesse ponto, tampouco ficou demonstrada divergência
jurisprudencial. 4. Quanto ao mérito, observo que a recorrente carece de interesse jurídico tutelável porque a
averbação, em si, obrigação alguma lhe impõe, servindo apenas para informar os pretensos adquirentes da
existência de Ação Civil Pública na qual se questiona a legalidade do empreendimento. 5. Na verdade, o interesse
implícito da empresa, que não se mostra legítimo, é de que inexista prejuízo mediato à sua atividade comercial
com a ampliação da publicidade acerca da demanda, em negativa ao direito básico à informação do consumidor,
bem como aos princípios da transparência e da boa-fé, estatuídos pelo CDC. 6. Impende anotar que a averbação
foi determinada na esteira de acórdão (questionado no REsp 1.177.692/SC) que deferira em parte a liminar pleiteada
pelo Ministério Público para condicionar o prosseguimento das obras à prestação de caução imobiliária equivalente
a 15% do valor comercial dos imóveis, para fins de compensação ambiental, bem como à ciência dos adquirentes.
7. Nesse contexto, o provimento encontra suporte no art. 167, II, item 12, da Lei 6.015/1973, que determina a
averbação "das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto atos ou títulos registrados ou averbados".
8. Ressalto ainda que, ao contrário do que sustenta a recorrente, o amparo legal para proceder à averbação não
se restringe ao art. 167, II, da Lei 6.015/1973, porquanto o rol nele estabelecido não é taxativo, e sim exemplificativo,
haja vista a norma extensiva do art. 246 da mesma lei. 9. Na hipótese, a averbação serve para tornar completa e
adequada a informação sobre a real situação do empreendimento, o que se coaduna com a finalidade do sistema
registral e com os direitos do consumidor. 10. Ademais, tal medida está legitimada no poder geral de cautela do
julgador (art. 798 do CPC), que, a par da decisão liminar, considerou-a adequada para assegurar a necessária
informação dos adquirentes acerca do litígio existente. 11. Recurso Especial não provido.
STJ - REsp: 1056540 GO 2008/0102625-1, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento:
25/08/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 14/09/2009
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL. CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA. ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º, DA LEI 6.398/1981. IRRETROATIVIDADE
DA LEI. PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: SÚMULA 282/STF. PRESCRIÇÃO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO:
SÚMULA 284/STF. INADMISSIBILIDADE. 1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não
exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade. 2. Excetuam-se à regra,
dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado
porque, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao
novo proprietário a responsabilidade pelos danos. Precedentes do STJ. 3. A solidariedade nessa hipótese decorre
da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei 6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente). 4. Se
possível identificar o real causador do desastre ambiental, a ele cabe a responsabilidade de reparar o dano,
ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. 5. Comprovado que a empresa Furnas
foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente a ela cabe a reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade
de outra pessoa jurídica. 6. É inadmissível discutir em recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de
origem, pela ausência de prequestionamento. 7. É deficiente a fundamentação do especial que não demonstra
79
contrariedade ou negativa de vigência a tratado ou lei federal. 8. Recurso especial parcialmente conhecido e não
provido.
STF. ADI 1.086, voto do Min. Ilmar Galvão, julgamento em 7-6-01, DJ de 10-8-01.
(...) a atividade de florestamento ou reflorestamento, ao contrário do que se poderia supor, não pode deixar de ser
tida como eventualmente lesiva ao meio ambiente, quando, por exemplo, implique substituir determinada espécie
de flora nativa, com as suas próprias especificidades, por outra, muitas vezes sem nenhuma identidade com o
ecossistema local e escolhidas apenas em função da sua utilidade econômica, com ruptura, portanto, do equilíbrio
e da diversidade da flora local.
STJ. Resp. 878.467-PE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 15/9/2009. (Informativo 407).
Trata-se de Resp em que se discute a decadência para a Administração anular ato administrativo que aprovara um
projeto de reflorestamento. Tal ato, entre outras irregularidades, não teria atendido às manifestações técnicas
produzidas pelo IBAMA e, ainda, evidenciou-se um flagrante desrespeito ao meio ambiente, na medida em que
houve plantio de bambu em áreas de encostas em diversos estágios de desenvolvimento vegetativo, bem como a
utilização de áreas de preservação permanente.
STF - RE: 586224 SP, Relator: Min. LUIZ FUX. DJe 08.05.2015. (Informativo 776).
(...) No mérito, o Plenário destacou que a questão em análise, diante de seu caráter eclético e multidisciplinar,
envolveria questões sociais, econômicas e políticas – possibilidade de crise social, geração de desemprego,
contaminação do meio ambiente em razão do emprego de máquinas, impossibilidade de mecanização em
determinados terrenos e existência de proposta federal de redução gradativa de uso da queima –, em conformidade
com informações colhidas em audiência pública realizada sobre o tema. (...) seria necessário, portanto, sopesar se
o impacto positivo da proibição imediata da queima da cana na produtividade seria constitucionalmente mais
relevante do que o pacto social em que o Estado brasileiro se comprometera a conferir ao seu povo o pleno
emprego para o completo gozo da sua dignidade. (...) Portanto, mesmo que fosse mais benéfico, para não dizer
inevitável, optar pela mecanização da colheita da cana, por conta da saúde do trabalhador e da população a viver
nas proximidades da área de cultura, não se poderia deixar de lado o meio pelo qual se considerasse mais razoável
pra a obtenção desse objetivo: a proibição imediata da queima da cana ou a sua eliminação gradual. Por óbvio,
afigurar-se-ia muito mais harmônico com a disciplina constitucional a eliminação planejada e gradual da queima
da cana. (...) As normas federais paradigmáticas a tratar do assunto, expressamente, apontariam para a necessidade
de se traçar um planejamento com o intuito de se extinguir gradativamente o uso do fogo como método
despalhador e facilitador para o corte da cana (Lei 12.651/2012, art. 40, e Decreto 2.661/1998).
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
81
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 6
SUMÁRIO
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 52
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 53
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................................ 54
1
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 6
As áreas ambientalmente relevantes do nosso país exigem uma proteção especial para
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade.
2
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico
Para regulamentar a proteção desses espaços, foi editada a Lei 9.985/00, conhecida como
a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, que estabelece
critérios e normas para criação, implantação e gestão das unidades de conservação da natureza.
A referida lei define unidade de conservação como “espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (art. 2º, I).
Outros conceitos importantes para o seu estudo estão elencados no art. 2º da Lei 9.985/00,
destacando-se:
CONCEITOS IMPOTANTES
O manejo do uso humano da natureza,
compreendendo a preservação, a
manutenção, a utilização sustentável, a
restauração e a recuperação do ambiente
natural, para que possa produzir o maior
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
benefício, em bases sustentáveis, às atuais
gerações, mantendo seu potencial de
satisfazer as necessidades e aspirações das
gerações futuras, e garantindo a sobrevivência
dos seres vivos em geral.
Manutenção dos ecossistemas livres de
alterações causadas por interferência humana,
PROTEÇÃO INTEGRAL
admitido apenas o uso indireto dos seus
atributos naturais.
Aquele que não envolve consumo, coleta,
USO INDIRETO
dano ou destruição dos recursos naturais.
3
Aquele que envolve coleta e uso, comercial ou
USO DIRETO
não, dos recursos naturais.
Exploração do ambiente de maneira a garantir
a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos,
USO SUSTENTÁVEL
mantendo a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos, de forma socialmente
justa e economicamente viável.
Sistema de exploração baseado na coleta e
EXTRATIVISMO extração, de modo sustentável, de recursos
naturais renováveis.
Definição de setores ou zonas em uma
unidade de conservação com objetivos de
manejo e normas específicos, com o propósito
ZONEAMENTO
de proporcionar os meios e as condições para
que todos os objetivos da unidade possam ser
alcançados de forma harmônica e eficaz.
Documento técnico mediante o qual, com
fundamento nos objetivos gerais de uma
unidade de conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir
PLANO DE MANEJO
o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da
unidade.
O entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas estão sujeitas a
ZONA DE AMORTECIMENTO normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos
sobre a unidade.
Porções de ecossistemas naturais ou
seminaturais, ligando unidades de
CORREDORES ECOLÓGICOS conservação, que possibilitam entre elas o
fluxo de genes e o movimento da biota,
facilitando a dispersão de espécies e a
4
recolonização de áreas degradadas, bem
como a manutenção de populações que
demandam para sua sobrevivência áreas com
extensão maior do que aquela das unidades
individuais.
Permanente e as áreas de Reserva Legal também são espaços territoriais definidos pelo Poder
Público como ambientalmente relevantes e que merecem uma proteção especial. Portanto, no
5
Vale destacar mais uma vez o que a Constituição dispõe no art. 225 sobre os espaços
locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente atendidos por
6
nenhuma categoria prevista na lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma clara
distinção.
O art. 4º da Lei 9.985/00, que institui do SNUC, estabelece como objetivos desse sistema,
que estão listados a seguir. A familiaridade com esses objetivos do SNUC é muito importante
para entender e fixar os dispositivos da lei, principalmente para que serve cada tipo de unidade
de conservação.
Em seguida, o art. 5º da mesma lei elenca diretrizes, princípios, que devem reger o SNUC:
7
ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o
patrimônio biológico existente;
XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que,
uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e
atender aos seus objetivos;
XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades
de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas
de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de
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preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e
recuperação dos ecossistemas.
Como você pode observar, os incisos do art. 5º da Lei 9.985/00 se relacionam diretamente
Entretanto, isso não quer dizer que em todas as situações o meio ambiente será intocável. É
possível garantir o equilíbrio ecológico e, ao mesmo tempo, explorar os recursos naturais.
De acordo com a intensidade de proteção de cada área, a Lei 9.985/00, que institui o
SNUC, divide as Unidades de Conservação da Natureza, que chamarmos de “UC”, em duas
9
II - Unidades de Uso Sustentável.
livres de alterações ou interferências do homem, admitindo-se apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais, ou seja, aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos
naturais.
A relevância dessas áreas é tão grande que em determinados casos a lei determina que a
UC de proteção integral seja de domínio público, o que vai desencadear a desapropriação das
áreas incluídas em seus limites por interesse social
Em outras situações, a lei permite que a UC seja instituída em área de domínio particular,
sem que haja desapropriação, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da UC com a
utilização do imóvel e dos seus recursos naturais pelo proprietário.
10
1
maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e
O regime jurídico das Unidades de Uso Sustentável permite a exploração de parcela dos
recursos naturais do local de acordo com o manejo sustentável e observados o respectivo
1
Vide questão 1 desse material.
2
Vide questão 1 desse material.
11
Por fim, vale ressaltar que as unidades de conservação da categoria de Uso Sustentável
consulta pública.
Natureza
De acordo com o art. 22 da Lei do SNUC, as UC serão instituídas por “ato do Poder
Público”. Note que a norma não definiu qual seria esse ato, portanto, a doutrina admite que as
unidades sejam criadas por meio de lei ou por meio de Decreto do Chefe do Poder Executivo 3.
de uma unidade de conservação e um processo legislativo mais rigoroso para a sua supressão
ou diminuição é facilitar a criação de áreas ambientalmente protegidas e dificultar a redução
Assim, a alteração de uma UC que vise a sua ampliação, sem modificar a sua área
original, pode ser feita por lei ou decreto do Chefe do Poder Executivo.
de decreto, deve indicar a sua denominação, a categoria de manejo, os seus objetivos, limites,
3
Vide questão 5 desse material.
12
área, o órgão responsável por sua administração e quais são as atividades econômicas, de
será beneficiada. Assim como o ato de criação das Florestas Nacionais, Florestas Estaduais e
Florestas Municipais, que também veremos adiante, devem indicar a população tradicional
residente.
Patrimônio Natural, ao criar uma unidade de conservação, deve ser observada a sua zona de
amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos, que poderão ter seus limites
condições de funcionamento. Inclusive, deve responder de forma solidária com o particular que
eventualmente cause dano à unidade.
Isso se justifica diante da inércia do Estado em situação que deveria agir para evitar o dano
ao meio ambiente, ou mesmo na sua atuação deficiente que, mesmo indiretamente, contribui
para o acontecimento do dano.
Todas as unidades de conservação devem ter um Plano de Manejo, que deve ser
elaborado no prazo de 5 anos a partir da sua criação. Trata-se de documento técnico que,
com fundamento nos objetivos gerais da unidade, estabelece o seu zoneamento e as normas
4
Vide questão 5 desse material.
13
que devem presidir o uso da área e o manejo dos seus recursos naturais, inclusive a implantação
das estruturas físicas necessárias à sua gestão (art. 2º, XVII da Lei 9.985/00), funcionando como
uma verdadeira lei interna da unidade.
O Plano de Manejo da unidade de conservação deve abranger a sua área, sua zona de
conservação em desacordo com os seus objetivos, Plano de Manejo e regulamentos. Por isso,
até que seja elaborado o Plano de Manejo (que tem um prazo de 5 anos a partir da criação da
unidade para ser feito), todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conservação
de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos
deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por
representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de
terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e,
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por populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de
criação da unidade.
Para as unidades de conservação do grupo de Proteção Integral a lei determina que exista
um Conselho Consultivo, entretanto, no caso das unidades de uso sustentável, a lei só faz
Vale ressaltar que as unidades de conservação podem ser geridas por organizações da
sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento
a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão. Nesse caso, vale lembrar que, mesmo
transferindo a execução da gestão para uma terceira pessoa, o Estado não pode abdicar do
dever de controle e fiscalização da unidade.
A visitação das Estações Ecológicas é restrita ao objetivo educacional de acordo com o que
5
Vide questão 5 desse material.
15
A pesquisa científica desenvolvida em UC Estação Ecológica depende de autorização prévia
Como você já percebeu, a proteção do meio ambiente nas Estações Ecológicas é altíssima.
Por isso, só é permitido que haja alteração dos seus ecossistemas em casos específicos elencados
no art. 9º, §4º da lei do SNUC:
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos
ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão
total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.
As Reservas Biológicas são UC de proteção integral que, têm como objetivo de promover
a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem
interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de
Assim como as Estações Ecológicas, a Reserva Biológica deve ser de domínio público, o
que significa que as áreas particulares incluídas em seus limites precisam ser desapropriadas; e
16
a sua criação também depende apenas da elaboração de estudos técnicos, sendo a realização
As visitações públicas nas áreas de Reserva Biológica também são, em regra, vedadas.
Excetua-se, de acordo com o regulamento específico, apenas as visitações com fins
educacionais.
territoriais ambientalmente protegidos. O primeiro Parque Nacional do Brasil foi criado em 1937,
em Itatiaia, com o objetivo de incentivar a pesquisa científica e oferece lazer à população.
6
Vide questão 5 desse material.
7
Vide questão 3 desse material.
17
Como você percebeu, a visitação pública não é proibida nos Parques Nacionais, ao
pesquisas científicas realizadas nos Parques Nacionais devem ter prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade e estará sujeita às condições e restrições por este
De acordo com o STJ, quando o Poder Público cria uma UC como um Parque, torna-se
corresponsável pela fiscalização dos seus atributos naturais e pela manutenção de suas corretas
Atualmente, temos 74 Parques Nacionais, 223 Parques Estaduais e 178 Parques Naturais
Municipais, totalizando 475 UC dessa espécie.
18
A Lei 9.985/00, a lei do SNUC, regulamentou os Monumentos Naturais do Brasil em seu
art. 12, estabelecendo como seu objetivo básico a preservação dos sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica.
constituídos por áreas particulares 8, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da
unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Portanto,
em regra, não é preciso desapropriar imóveis para instituir essa espécie de Unidade de
Conservação da Natureza.
do Estado na propriedade privada, como ocorre nos casos das Áreas de Preservação Permanente
– APPs que já estudamos. Através dessas limitações, o Poder Público estabelece restrições para
8
Vide questão 2 desse material.
19
1.7 Unidade de Conservação da Natureza: Refúgio Da Vida
Silvestre
O Refúgio de Vida Silvestre é a última espécie de unidade de proteção integral que temos
no Brasil. Previsto no art. 13 da lei do SNUC, tem como objetivo proteger ambientes naturais
onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades
unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.
A visitação pública das áreas de Refúgio de Vida Silvestre está sujeita às normas e
Refúgios da Vida Silvestre no Brasil, sendo 9 instituídos pela União, 55 instituídos pelos estados
e 13 instituídos pelos municípios.
Com isso, temos o total de 663.474 Km² de área de proteção integral do meio ambiente
9
Vide questão 6 desse material.
20
1.8 Unidade de Conservação da Natureza: Área De Proteção
Ambiental
certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas,
As Áreas de Preservação Ambiental, que chamaremos de APA, podem ser constituídas por
terras de domínio público ou privado11. Quando instituídas em imóveis privados, a APA pode
estabelecer normas e restrições para a sua utilização, respeitando os limites constitucionais.
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente12, conforme se
Ao elaborar o Plano de Manejo da uma Área de Proteção Ambiental, deve ser garantida
a participação ampla da população residente, que também terá voz na sua implementação e
em eventual atualização.
10
Vide questão 10 desse material.
11
Vide questão 7 desse material.
12
Vide questão 4 desse material.
21
A Lei Complementar 140/11 estabelece um tratamento especial quanto à instituição da
Em regra geral, o ente federativo instituidor é o critério usado para definir a competência
Entretanto, nos casos das Áreas de Proteção Ambiental, o legislador optou por adotar
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição
da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho
22
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial
poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade;
Como exemplo, uma atividade que pretende ser desenvolvida em APA estadual pode ter
como licenciador um órgão ambiental municipal quando essa atividade cause ou possa causar
apenas impacto ambiental de âmbito local.
Atualmente existem 37 APAs federais, 200 APAs estaduais e 138 APAs municipais,
totalizando 375 Áreas de Proteção Ambiental no Brasil.
Geralmente trata-se de uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da
biota regional.
23
Essas Unidades de Conservação têm como objetivo manter os ecossistemas naturais de
Podem ser constituídas por terras de domínio público ou privado e respeitados os limites
caso.
30 estaduais e 16 municipais.
A Floresta Nacional é mais uma espécie de UC de uso sustentável. Ela consiste em uma
área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo
básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase
em métodos para exploração sustentável de florestas nativas 14.
limites devem ser desapropriadas. Entretanto, nas Florestas Nacionais é admitida a permanência
13
Vide questão 4 desse material.
14
Vide questão 8 desse material.
24
de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação 15, em conformidade com o
disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade, que deve ser elaborado com ampla
participação dessa população.
território.
ambiental que buscava a preservação das atividades seringueiras na Amazônia e foi premiado
e reconhecido de várias formas por seu ativismo e contribuições para o desenvolvimento
sustentável.
ambiental. Em 1985, mais de 100 seringueiros criaram o Conselho Nacional dos Seringueiros
(CNS), entidade representativa que teve como proposta a fundação das Reservas Extrativistas.
15
Vide questão 4 desse material.
25
Através desse movimento liderado por Chico Mendes, foi editada a Lei 7.804/89, que prevê
A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de
vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
A utilização dessas terras públicas pelas populações extrativistas tradicionais é feita através
de um contrato de concessão de direito real de uso. Essa forma de concessão salvaguarda o
recursos naturais.
O ato de criação de uma Reserva Extrativista deve indicar qual é a população extrativista
tradicional que será beneficiada. E essa população deve ter ampla participação na elaboração,
A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo
com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é permitida e incentivada,
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às
16
Vide questão 4 desse material.
26
Nas unidades de conservação da natureza da espécie Reserva Extrativista, a lei proíbe
Por outro lado, é permitida a exploração comercial dos recursos madeireiros, desde que
em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades
A Reserva de Fauna é uma UC de uso sustentável que consistem em uma área natural
faunísticos.
A visitação pública pode ser permitida nas Reservas de Fauna, desde que compatível com
o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração. Nesse contexto, o §3º do art. 19 da lei do SNUC veda expressamente a caça
A criação de um Conselho é facultativa nos casos das UC Reservas de Fauna, pois a lei é
27
Curiosamente, ainda não existem áreas destinadas à Reserva de Fauna em nosso país.
O uso dessas terras públicas que são ocupadas pelas populações tradicionais deve ser
regulado por meio de um contrato de concessão de direito real de uso. Assim como nas Reservas
Extrativistas, o ato de criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável deve indicar qual
a população tradicional será beneficiada e essa população deve ter ampla participação na
elaboração, atualização e implementação do respectivo Plano de Manejo.
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na
17
Vide questão 4 desse material.
28
Sustentável, definindo suas zonas de proteção integral, de uso sustentável, de amortecimento e
Público de Imóveis.
29
A pesquisa científica e a visitação pública, inclusive com objetivos turísticos, recreativos e
Como qualquer outra UC, a Reserva Particular do Patrimônio Natural, que chamaremos
apenas de Reserva Particular, precisa elaborar um plano ne manejo. Para tanto, sempre que
possível e oportuno, o proprietário do imóvel gravado deve ser orientado técnica e
quanto a atos que possam interferir na integridade da unidade, elaborar e apresentar um plano
de manejo ao órgão público ambiental competente e encaminhar, anualmente ou sempre que
alguns benefícios legais, como incentivos econômicos, o que materializa o princípio ambiental
do protetor-recebedor.
Exemplo desses benefícios é a isenção do Imposto Territorial Rural – ITR para a área
reconhecida como Reserva Particular, que é um relevante instrumento para o incentivo à
preservação do meio ambiente.
Ainda, os proprietários dessas reservas podem auferir renda para o auxílio da sua
30
Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição
de energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida por uma unidade de conservação,
deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo
com o disposto em regulamentação específica.
Por fim, outro exemplo de benefício econômico desse tipo de UC é que a propriedade
com área de Reserva Particular superior a 50% da área de Reserva Legal mínima exigida e com
plano de manejo aprovado, possui preferência na concessão de crédito rural pela Administração
Pública federal.
A pessoa física ou jurídica, que deseja instituir uma Reserva Particular em toda ou em parte
da sua propriedade, deve fazer um requerimento ao órgão ambiental competente. Em âmbito
Averbada à matrícula do imóvel, a Reserva Particular só poderá ser extinta ou ter os seus
Atualmente, temos 993 Reservas Particulares do Patrimônio Natural no Brasil, sendo 670
instituídas no âmbito federal, 321 no âmbito estadual e 2 no âmbito municipal, segundo os
31
QUADRO SINÓTICO
32
exceção dos casos
previstos em lei.
Estação Ecológica;
UNIDADES DE Reserva Biológica;
PROTEÇÃO Parque Nacional;
INTEGRAL Monumento Natural; e
Refúgio da Vida Silvestre.
Área de Proteção Ambiental – APP;
Área de Relevante Interesse Ecológico;
Floresta Nacional;
UNIDADES DE USO
Reserva Extrativista;
SUSTENTÁVEL
Reserva de Fauna;
Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Criação – Lei ou Decreto do Chefe do Poder Executivo;
INSTITUIÇÃO E
Supressão ou alteração (para diminuir) – Lei específica.
SUPRESSÃO DA
Se a alteração da UC for para aumentar a sua área, sem modificar a
UNIDADE DE
original, é permitida a alteração por meio de lei ou decreto do Chefe
CONSERVAÇÃO
do Poder Executivo.
É um documento técnico que, com fundamento nos objetivos
gerais da unidade, estabelece o seu zoneamento e as normas
que devem presidir o uso da área e o manejo dos seus recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à sua gestão.
PLANO DE MANEJO
É a lei interna da unidade.
Deve ser elaborado em 5 anos contados a partir da criação da
UC.
Deve abranger a área da UC e sua respectiva zona de
amortecimento e corredores ecológicos, quando houver.
Consultivo ou Deliberativo;
Presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes de órgãos públicos, de
CONSELHO
organizações da sociedade civil, por proprietários de terras
localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural,
quando for o caso, e, por populações tradicionais residentes,
33
conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da
unidade.
O Conselho Consultivo é obrigatório para todas as UC de
Proteção Integral,
Quando o legislador não determina a obrigatoriedade de um
Conselho, ele será facultativo.
UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL
Objetiva a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas;
Domínio público;
A consulta pública prévia à sua criação é facultativa;
Visitação pública: restrita ao objetivo educacional.
Na Estação Ecológica só se permite alterações do ecossistema
nos casos de:
ESTAÇÃO
a) Medidas que visem restaurar o ecossistema modificado;
ECOLÓGICA
b) Manejo de espécies para preservar a diversidade biológica;
c) Coleta de componentes dos ecossistemas para fins científicos;
d) Pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior
do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta
controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área
correspondente a no máximo três por cento da extensão total
da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.
Objetiva a preservação integral da biota e dos demais atributos
naturais da sua área;
Domínio público;
A consulta pública prévia à sua criação é facultativa;
RESERVA BIOLÓGICA Visitação pública: restrita ao objetivo educacional.
Não admite interferência humana direta ou modificações no seu
meio ambiente, salvo medidas necessárias para recuperar e
preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os
processos ecológicos naturais;
Quando criados pelos estados ou pelos municípios, chamamos,
PARQUE NACIONAL respectivamente, de “Parques Estaduais” e de “Parque Natural
Municipal”;
34
Objetiva preservar os ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica;
Domínio público;
Visitação pública: permitida.
Possibilita a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.
Objetiva a preservação dos sítios naturais raros, singulares ou de
MONUMENTO grande beleza cênica;
NATURAL Domínio público ou particular;
Visitação pública: permitida.
Objetiva proteger ambientes naturais onde se asseguram
condições para a existência ou reprodução de espécies ou
REFÚGIO DA VIDA
comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
SILVESTRE
Domínio público ou particular;
Visitação pública: permitida.
UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL
Em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-
estar das populações humanas;
Objetiva proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo
de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
ÁREA DE PROTEÇÃO
naturais.
AMBIENTAL
Domínio público ou particular;
Visitação Pública: permitida;
Conselho Consultivo de Deliberativo, presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por
representantes dos órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e da população residente.
ÁREA DE RELEVANTE Área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
INTERESSE humana, com características naturais extraordinárias ou que
ECOLÓGICO abriga exemplares raros da biota regional.
35
Objetiva manter os ecossistemas naturais de importância
regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de
modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da
natureza.
Domínio público ou particular;
Conselho facultativo.
Quando criada pelo estado ou pelo município, chamamos,
respectivamente, de “Floresta Estadual” e de “Floresta
Municipal”;
Área com cobertura florestal de espécies predominantemente
nativas;
Objetiva o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a
pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração
sustentável de florestas nativas;
FLORESTA
Domínio público;
NACIONAL
Admitida a permanência de populações tradicionais que a
habitam no momento da sua criação;
Visitação pública: permitida;
Pesquisa científica permitida e incentivada;
Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o
caso, das populações tradicionais residentes.
Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente,
na agricultura de subsistência e na criação de animais de
pequeno porte;
Objetiva proteger os meios de vida e a cultura dessas
RESERVA populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais
EXTRATIVISTA da unidade;
Domínio público;
Uso concedido às populações extrativistas tradicionais por meio
de um contrato de concessão de direito real de uso;
O ato de criação de uma Reserva Extrativista deve indicar qual
é a população extrativista tradicional que será beneficiada;
36
Visitação pública: permitida, desde que compatível com os
interesses locais;
Pesquisa científica permitida e incentivada;
Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e das populações
tradicionais residentes na área.
É permitida a exploração comercial dos recursos madeireiros,
desde que em bases sustentáveis e em situações especiais e
complementares às demais atividades desenvolvidas;
Fica proibido:
a) a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou
profissional;
b) o uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou práticas
que danifiquem os seus habitats; e
c) práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos
ecossistemas.
Área natural com populações animais de espécies nativas,
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas
para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico
sustentável de recursos faunísticos;
RESERVA DE FAUNA
Domínio público;
Visitação pública: permitida;
Vedada a caça amadorística ou profissional;
Conselho facultativo.
Área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência
baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às
condições ecológicas locais e que desempenham um papel
RESERVA DE
fundamental na proteção da natureza e na manutenção da
DESENVOLVIMENTO
diversidade biológica;
SUSTENTÁVEL
Objetiva preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as
condições e os meios necessários para a reprodução e a
melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos
recursos naturais das populações tradicionais, bem como
37
valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas
de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações;
Domínio público;
Uso concedido às populações tradicionais por meio de um
contrato de concessão de direito real de uso, que deve levar em
consideração o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da
população e a conservação;
O ato de criação de uma Reserva de Desenvolvimento
Sustentável deve indicar qual é a população tradicional que será
beneficiada;
Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e das populações
tradicionais residentes na área.
É admitida a exploração de componentes dos ecossistemas
naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da
cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao
zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.
Instituída em uma área privada, gravada perpetuamente;
Objetiva conservar a diversidade biológica do local;
Constituída mediante um termo de compromisso assinado
perante o órgão ambiental, que verificará a existência de
interesse público, e será averbado à margem da inscrição no
Registro Público de Imóveis.
RESERVA Visitação pública: permitida, inclusive com objetivos turísticos,
PARTICULAR DO recreativos e educacionais;
PATRIMÔNIO Uma vez instituída a Reserva Particular, cabe ao proprietário do
NATURAL respectivo imóvel a manutenção da preservação ambiental, a
sinalização dos seus limites, a advertência de terceiros quanto a
atos que possam interferir na integridade da unidade, elaborar
e apresentar um plano de manejo ao órgão público ambiental
competente e encaminhar, anualmente ou sempre que
solicitado, relatório da situação da reserva e das atividades
desenvolvidas no local.
38
Averbada à matrícula do imóvel, a Reserva Particular só poderá
ser extinta ou ter os seus limites reduzidos mediante lei
específica.
39
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Comentário:
Preste atenção: o examinador pediu para assinalar a alternativa incorreta. A alternativa “A”
dispõe do conceito legal das áreas de proteção ambiental previsto no art. 15 da lei do
SNUC. A alternativa “B” reproduz o disposto no art. 30 da mesma lei, que autoriza a
administração das unidades de conservação por OSCIPs. Nesse caso, vale lembrar que,
mesmo transferindo a execução da gestão para uma terceira pessoa, o Estado não pode
40
Quanto à alternativa “C”, temos o disposto no art. 21 da lei do SNUC. Entretanto, não
com objetivos turísticos, recreativos e educacionais”, à primeira vista pode parecer que a
pesquisa científica também só pode ser desenvolvida com objetivos turísticos, recreativos
Entretanto, ainda mais errada está a alternativa “D”, que inclui a Floresta Nacional como
uma unidade de conservação de proteção integral, quando se trata de uma unidade de
Vamos recordar:
Estação Ecológica;
UNIDADES DE Reserva Biológica;
PROTEÇÃO Parque Nacional;
INTEGRAL Monumento Natural; e
Refúgio da Vida Silvestre.
Área de Proteção Ambiental – APP;
Área de Relevante Interesse Ecológico;
Floresta Nacional;
UNIDADES DE USO
Reserva Extrativista;
SUSTENTÁVEL
Reserva de Fauna;
Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Questão 2
( ) CERTO
( ) ERRADO
41
Comentário:
De acordo com o art. 12, §1º, da lei do SNUC, a unidade de conservação Monumento
Natural pode ser constituída por área de domínio particular, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais
Questão 3
( ) ERRADO
Comentário:
Chamamos de Parque Nacional as unidades de conservação desse tipo que são instituídas
pela União. Quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas,
Lembre-se que o mesmo acontece com as Florestas Nacionais, que são unidades de
conservação de uso sustentável. Quando elas são criadas pela União, são chamadas de
Florestas Nacionais, quando criadas pelos estados, são chamadas de Florestas Estaduais, e
quando criadas pelos municípios, são chamadas de Florestas Municipais.
42
Questão 4
(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) São unidades de conservação que admitem a
habitação ou a permanência de populações tradicionais
Comentário:
de Manejo da unidade.
Questão 5
(CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Conforme a Lei n.º 9.985/2000, que instituiu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), os requisitos necessários à criação
de uma unidade de conservação, exceto no caso de estação ecológica ou reserva biológica, são
Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, a licença de instalação
43
B) a edição de ato autorizador do Poder Executivo e a realização de estudos técnicos e de
no local.
D) a publicação de lei autorizadora, a elaboração de licenciamento ambiental, a identificação da
dimensão e dos limites da unidade e a verificação da existência de população tradicional
residente no local.
Comentário:
A lei do SNUC determina que as unidades de conservação serão criadas por “ato do Poder
Público”, sem especificar qual seria esse ato. Portanto, entende-se que as UC podem ser
criadas por meio de lei ou de Decreto do Chefe do Poder Executivo.
Em regra, a criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos
e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.
Entretanto, nos casos de criação de uma estação ecológica ou de uma reserva biológica,
essa consulta pública é dispensada, sendo facultativa.
Deixamos, portanto, a nossa crítica à elaboração da questão: exceto nos casos de estação
Questão 6
44
(MPE-BA - 2018 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto) O senhor João de Deus possui
uma pequena propriedade localizada na Zona Rural do Município fictício de Águas Claras. A
totalidade da poligonal dessa propriedade passou a ser parte integrante de uma unidade de
conservação, que tem como objetivo “proteger ambientes naturais onde se assegurem
condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da
fauna residente ou migratória” (BRASIL, 2000, p.5). Dentre outras informações repassadas pelo
órgão ambiental, consta que a visitação pública nessa unidade de conservação está sujeita a
normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo, às normas estabelecidas pelo órgão
2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), é correto afirmar que
A) a unidade de conservação constituída sobre a propriedade de seu João de Deus é uma Área
de Proteção Ambiental, sendo uma unidade de conservação do grupo de Uso Sustentável. Por
essa razão, não há óbices a que o senhor João de Deus permaneça na área, podendo ser
Sustentável. Nesse caso, o senhor João de Deus poderá permanecer na área, mas podem ser
estabelecidas regras, como forma de compatibilizar os objetivos da unidade de conservação,
de Conservação do grupo de Proteção Integral. Nesse caso, o senhor João de Deus poderá
permanecer na área, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade de
do senhor João de Deus, incluída em seus limites, será desapropriada, de acordo com o que
dispõe a lei.
E) a Unidade de Conservação constituída é uma Estação Ecológica, sendo esta uma Unidade de
Conservação do Grupo de Proteção Integral. Nesse caso, a posse e o domínio são públicos,
45
sendo que a área do senhor João de Deus, incluída em seus limites, será desapropriada, de
Comentário:
Nesse caso, o senhor João de Deus poderá permanecer na área, desde que seja possível
coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser
desapropriada.
Questão 7
(FCC - 2018 - PGE-AP - Procurador do Estado) Determinado proprietário de área rural com
remanescente de mata nativa realizou a extração ilegal de madeira dentro de sua propriedade.
Responsabilizado pelo Poder Público, o proprietário comprometeu-se a proceder a
recomposição dos danos a essa mata e a convertê-la em unidade de conservação, que ficaria
sob seu domínio e responsabilidade, sem transferência ao poder público. A Unidade de
46
Conservação prevista na legislação aplicável que melhor atenderá aos requisitos mencionados é
a
A) Reserva Biológica.
Comentário:
conservação são de posse e domínio público, ou seja, a propriedade privada que se localize
em seus limites deve ser desapropriada, ao contrário do que quer a questão – que a
unidade fique sob o domínio e responsabilidade do particular proprietário, sem
Questão 8
47
C) Na Estação Ecológica não podem ser permitidas alterações dos ecossistemas.
D) O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é preservar a natureza, sendo admitido
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.
pesquisa científica.
Comentário:
A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos
O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da
flora local e da fauna residente ou migratória. A unidade de conservação que tem como
objetivo a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, como aduz a alternativa “B”, é o Parque Nacional.
Quanto à alternativa “C”, na Estação Ecológica, em regra, não são permitidas alterações
dos ecossistemas. Entretanto, a própria lei do SNUC, em seu art. 9º, §4º, estabelece 4
exceções, situações que que são permitidas as alterações dos seus ecossistemas:
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado
pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em
uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até
o limite de um mil e quinhentos hectares.
48
O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. A alternativa “D”
conceituou o objetivo das Unidades de Proteção Integral - preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos
em lei.
Por fim, só nos resta a alternativa “E”, que conceitua a Floresta Nacional de acordo com o
Questão 9
problema?
I – A remoção das populações tradicionais, em caráter excepcional, quando comprovada a
tradicionais.
A) Todas as alternativas podem revelar-se adequadas.
49
C) Apenas as alternativas I, II e III podem revelar-se adequadas.
Comentário:
Público.
Outra opção para enfrentar o problema proposto pela questão é a dupla afetação da área
como unidade de conservação e como território tradicional, viabilizada por meio de
administração conjunta ou gestão compartilhada. Isso deve ocorrer quando for possível a
harmonização entre os interesses da UC e das populações tradicionais.
unidade de conservação de uso sustentável é aceitável nos casos em que, por exemplo,
ocorra a perda os atributos que ensejaram a instituição da UC de proteção integral.
Por fim, cabe a desafetação da unidade, com alteração de seus limites incidentes sobre o
Questão 10
50
(CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Uma área em geral extensa, com
certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e
que tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais é considerada, pela
Comentário:
natureza de uso sustentável, que consiste em uma área, em geral extensa, com um certo
grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
51
GABARITO
Questão 1 - B
Questão 2 - ERRADO
Questão 3 - CERTO
Questão 4 - C
Questão 5 - B
Questão 6 - C
Questão 7 - B
Questão 8 - E
Questão 9 - A
Questão 10 - E
52
LEGISLAÇÃO COMPILADA
53
JURISPRUDÊNCIA
STF - AC: 1255 RR, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 16/06/2006, Data de
Publicação: DJ 22/06/2006 PP-00005.
STF. ADI 1.086, voto do Min. Ilmar Galvão, julgamento em 7-6-01, DJ de 10-8-01.
(...) a atividade de florestamento ou reflorestamento, ao contrário do que se poderia supor, não pode deixar de ser
tida como eventualmente lesiva ao meio ambiente, quando, por exemplo, implique em substituir determinada
espécie de flora nativa, com as suas próprias especificidades, por outra, muitas vezes sem nenhuma identidade
com o ecossistema local e escolhidas em função de sua utilidade econômica, com ruptura, portanto, do equilíbrio
e da diversidade da flora local (...).
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
56
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 7
SUMÁRIO
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 34
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 35
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................................ 36
1
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 7
1.1 Introdução
legislador constituinte impôs ao Poder Público diversas obrigações, que decorrem do princípio
ambiental da obrigatoriedade de intervenção estatal.
Como já foi explicado neste curso, a intervenção, no âmbito ambiental, do Poder Público
na propriedade privada decorre do seu domínio eminente, que é o poder político que permite
que o Estado influencie todos os bens situados em seu território, seja bem público, bem privado
ou bem não sujeito ao regime normal de propriedade, como a água.
O domínio eminente não se trata de um domínio relacionado com a propriedade, mas sim
com um poder geral do Estado, decorrente da sua soberania, sobre tudo em seu território.
Visto isso, os bens naturais situados no Brasil, mesmo que não sejam de propriedade do
Estado, sujeitam-se à interferência do Poder Público, que deve instituir regimes jurídicos
específicos, sempre visando o preceito constitucional do equilíbrio ambiental para as presentes
e futuras gerações.
2
De acordo com a PNMA que já estudamos, os recursos naturais são: a atmosfera, as águas
Com o advento da Constituição Federal de 1988, as águas do nosso País passaram a ser
bens públicos divididos entre a União e os estados federados, de acordo com os arts. 20 e
(...)
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais;
(...)
(...)
Como você pode observar no dispositivo acima, o legislador constituinte usou os critérios
do domínio, da extensão e da segurança nacional para classificar os cursos d’água como bens
da União. Ademais, os recursos naturais com potencial energético são considerados bens da
1
Vide questão 8 desse material.
3
Os potenciais de energia elétrica são sempre bens da União, independentemente de
onde se situem.
Portanto, são bens dos estados o curso d’água que tenha início e fim dentro dos limites
territoriais de um estado-membro, e desde que não tenha outra característica que os tornem
O art. 22, IV, da CF/88 define como competência privativa da União, ou seja, com
possibilidade de delegação, a competência para legislar sobre águas e energia3. Já o art. 24 da
CF/88 estabelece como competência concorrente entre a União, os estados e o Distrito Federal,
legislar sobre a conservação da natureza, a defesa dos recursos naturais, a proteção do meio
ambiente e o controle da poluição.
Como competência material exclusiva da União, no art. 21, XIX, da CF/88, temos a
2
Vide questão 8 desse material.
3
Vide questão 8 desse material.
4
Já o art. 23 da CF/88, atribui à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios
Instituída pela Lei 9.437/97, a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH baseia-se nos
seguintes fundamentos:
4
Vide questões 4 e 10 desse material.
5
Vide questão 2 desse material.
6
Vide questão 4 desse material.
5
água para um rio principal e seus afluentes. Com o presente fundamento, a PNRH
define que os Planos de Recursos Hídricos devem ser elaborados por bacia
hidrográfica7;
a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades – o modelo de
gestão implantado pela PNRH é baseado na participação democrática da sociedade
junto ao Poder Público, em respeito ao princípio democrático.
O que são bacias hidrográficas? O conjunto de diversos corpos d’água, como um rio e
seus afluentes, formam uma bacia hidrográfica.
Para que seja feita a gestão descentralizada dos recursos hídricos, são definidas regiões
hidrográficas, que consistem em um espaço territorial, compreendido por uma bacia, grupo de
bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas
homogêneas ou similares.
7
Vide questão 3 desse material.
8
As 12 Regiões hidrográficas do Brasil. Fonte: CNRH (2003).
6
De acordo com o art. 2º da Lei 9.437/97, a PNRH tem como objetivos:
Em seguida, o art. 3º da Lei 9.437/97 estabelece como diretrizes gerais de ação para a
implementação da PNRH:
Ademais, a União deve trabalhar de forma cooperada com os estados federados para um
Para alcançar os objetivos acima citados, a PNRH possui os seguintes instrumentos 11:
9
Vide questão 4 desse material.
10
Vide questão 1 desse material.
11
Vide questões 1, 6 e 10 desse material.
7
Enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo os usos preponderantes da
água;
A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
A cobrança pelo uso de recursos hídricos; e
O Sistema de Informação sobre Recursos Hídricos.
Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores, elaborados para cada bacia
hidrográfica, para cada estado federado e para o País como um todo12, que visam a fundamentar
visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem
12
Vide questões 8 e 10 desse material.
13
Vide questão 7 desse material.
8
destinadas e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas
permanentes.
A classificação das águas foi feita pelas Resoluções 357/05 e 396/08 do CONAMA. Nesse
contexto temos o seguinte enquadramento14:
de acesso à água. Como as águas são recursos naturais, bens públicos de uso comum do povo,
essenciais à sadia qualidade de vida, o seu uso depende de prévia autorização do Poder Público,
A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples
direito de seu uso15. Trata-se de um ato administrativo precário (passível de revogação ou
nos termos e condições definidas no próprio ato, de acordo com a legislação vigente.
O prazo máximo de uma outorga para o uso de recursos hídricos é de 35 anos16, renovável,
devendo ser onerosa, condicionada às prioridades de uso estabelecidas no respectivo Plano de
14
Vide questão 1 desse material.
15
Vide questão 10 desse material.
16
Vide questão 8 desse material.
9
Apesar de a regra geral ser o prazo máximo de 35 anos para a validade da autorização
administrativa do direito de uso dos recursos hídricos, a Lei 9.984/00, que cria a Agência Nacional
das Águas – ANA, estabelece que, nos casos das outorgas de direito de uso de recursos hídricos
autorização.
Ademais, a ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, com a
finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos. A outorga preventiva
não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de
outorga, possibilitando, aos investidores, o planejamento de empreendimentos que necessitem
desses recursos. O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a
complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de três anos.
A onerosidade da outorga de uso de recursos hídricos não tem natureza tributária. Trata-
Estão sujeitos a outorga17 pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos
hídricos, taxados em rol exemplificativo pelo art. 12 da PNRH:
17
Vide questões 1 e 4 desse material.
10
Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e
Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente
em um corpo de água.
Mesmo nos casos que não é necessária a outorga, o interessado deve solicitar uma
dispensa de outorga ao órgão ambiental competente, pois não é possível utilizar recursos
hídricos sem antes consultar o Poder Público.
11
A outorga de direito de uso de recursos hídricos concedida pelo Poder Público poderá ser
judicial ou extrajudicial do usuário no caso de o outorgado ser pessoa jurídica, ou quando ocorre
o término do prazo de sua validade sem que seja renovada. Nenhuma dessas hipóteses de
Outro instrumento da PNRH é a cobrança pelo uso de recursos hídricos, que objetiva
reconhecer a água como um bem econômico, passível de precificação, dando ao usuário uma
indicação real de seu valor; incentivar a racionalização do seu uso; e obter recursos financeiros
para financiar programas e intervenções previstas nos planos de recursos hídricos.
Na fixação dos valores dessa cobrança, devem ser observados, dentre outros fatores, o
volume retirado e o seu regime de variação nas derivações, captações e extrações de água e,
nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu
regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.
Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados
prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados 18. Eles devem ser utilizados no
financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos
18
Vide questões 5 e 8 desse material.
12
Hídricos; e no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e
Esses valores não possuem natureza tributária, são tarifas com o intuito de incentivar o uso
racional da água. Portanto, é perfeitamente possível que sejam aplicados de maneira direcionada
acima descrita19. Por isso, não podemos confundir essa cobrança com as taxas (essas sim de
natureza tributária) cobradas pelo fornecimento de água e coleta de esgoto.
Por fim, temos como o último instrumento da PNRH o Sistema de Informações Sobre
Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos tem como objetivos: reunir, dar
19
Vide questão 1 desse material.
13
Temos a sua estrutura composta por um Conselho Nacional de Recursos Hídricos; a
Agência Nacional de Águas – ANA; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito
Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos federais, estaduais, distritais de municipais
participação democrática.
órgão, integrante da estrutura do mesmo ministério, que seja responsável pela gestão dos
recursos hídricos.
20
Vide questão 10 desse material.
21
Vide questão 7 desse material.
14
Estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
Aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer
critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;
Acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e
determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
Estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e
para a cobrança por seu uso;
Zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB);
Estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos
e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens
(SNISB22); e
Apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário,
recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao
Congresso Nacional23.
A Agência Nacional de Águas – ANA foi criada pela Lei 9.984/00. Trata-se de uma agência
Segundo a Lei 13.848/19, a ANA será dirigida por Diretoria Colegiada composta de 5 (cinco)
membros, nomeados pelo Presidente da República, com mandatos não coincidentes de 5 (cinco)
anos, vedada a recondução, sendo um deles o Diretor-Presidente, e terá em sua estrutura uma
22
Vide questão 9 desse material.
23
Vide questão 9 desse material.
15
I – supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento
da legislação federal pertinente aos recursos hídricos;
III – (VETADO)
IX – arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo uso
de recursos hídricos de domínio da União, na forma do disposto no art. 22 da Lei no
9.433, de 1997;
24
Vide questão 9 desse material.
16
XIII - promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede
hidrometeorológica nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas ou privadas
que a integram, ou que dela sejam usuárias;
XVI - prestar apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos hídricos;
competência para:
17
Arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos
hídricos25;
Aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia26;
Acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
Propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as
acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito
de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos,
de acordo com os domínios destes;
Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os
valores a serem cobrados; e
Estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de
interesse comum ou coletivo.
No exercício dessas competências, das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá
recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com
participativa, por isso, conta com representantes da União, dos estados e do Distrito Federal
cujos territórios se situam, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação,
25
Vide questão 9 desse material.
26
Vide questão 9 desse material.
18
Ainda quanto à composição dos membros dos Comitês de Bacias Hidrográficas, quando a
respectiva área de atuação for bacia de rio fronteiriço e de transfronteiriços de gestão
compartilhada, a União deve incluir entre os seus representantes um membro do Ministério das
Relações Exteriores;
E nos casos de bacias hidrográficas situadas em territórios indígenas, devem ser incluídos
nos respectivos comitês representantes da FUNAI, entre os representantes da União, e
Quanto aos Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal, que
19
As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva27 do respectivo ou
respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica. Para tanto, uma Agência de Água terá a mesma área
de atuação de um ou mais Comitê de Bacia Hidrográfica.
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos
gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição
financeira responsável pela administração desses recursos;
IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área
de atuação;
27
Vide questão 9 desse material.
28
Vide questão 7 desse material.
20
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos
hídricos29;
29
Vide questão 7 desse material.
30
Vide questão 7 desse material.
21
QUADRO SINÓTICO
22
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto) A política nacional de recursos hídricos instituída pela
esgoto.
B) a outorga onerosa dos direitos de uso dos recursos hídricos, conferida exclusivamente para
geração de energia por pequenas centrais hidrelétricas, com potencial de geração de até 30
MW.
todo o território nacional nas categorias “A”, “B” ou “C”, conforme a prioridade, respectivamente,
para consumo humano, dessedentação de animais ou geração de energia elétrica.
Comentário:
23
direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; e o Sistema
de seu valor; incentivar a racionalização do seu uso; e obter recursos financeiros para
financiar programas e intervenções previstas nos planos de recursos hídricos.
Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados
prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados. Esses valores não possuem
natureza tributária, são tarifas. Portanto, é perfeitamente possível que sejam aplicados de
maneira direcionada acima descrita. Entretanto não se confundem com as tarifas cobradas
pelo serviço de fornecimento domiciliar de água tratada e coleta de esgoto, pois trata-se
Questão 2
que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, prevê o uso prioritário das águas para fins
energéticos.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
Um dos fundamentos da PNRH é o uso prioritário dos recursos hídricos para o consumo
humano e a dessedentação de animais em casos de escassez.
24
Questão 3
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
será a unidade territorial usada para a sua implementação e para a atuação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Questão 4
(MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto) Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política
B) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
C) A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo
25
Comentário:
O art. 1º da PNRH estabelece os seus fundamentos, entre eles, está a água como um
recurso natural limitado, dotado de valor econômico; e a gestão dos recursos hídricos, que
deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
E de acordo como art. 3º da PNRH, dentre as diretrizes gerais para a sua implementação,
Quando a PNRH trata da outorga de direitos de uso de recursos hídricos pelo Poder
Público, um dos seus instrumentos, define alguns direitos que se sujeitam a essa
Questão 5
Valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos podem ser aplicados em
bacia hidrográfica distinta daquela em que forem gerados tais valores.
( ) CERTO
( ) ERRADO
26
Comentário:
hidrográfica em que foram gerados, mas não é impossível a sua aplicação em bacia distinta.
Questão 6
(TRF - 2ª Região - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) De acordo a Lei n.
9.433/97, são instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
Comentário:
27
Questão 7
I. A criação de uma Agência de Água está condicionada à viabilidade financeira assegurada pela
cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
II. Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento
compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e conterão, entre
outras questões obrigatórias, propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com
vistas à proteção dos recursos hídricos.
III. Compete ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos propor aos Comitês de Bacia
Hidrográfica os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos, bem como o plano de
aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
IV. O número de representantes do poder executivo nos órgãos colegiados do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos não poderá exceder à metade do total dos seus
membros.
Assinale a alternativa CORRETA:
Comentário:
Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento
compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão uma séria
de questões obrigatórias, que são consideradas o seu conteúdo mínimo.
28
Essas questões estão elencadas nos incisos do artigo 7º da PNRH e, entre elas, está a
Por fim, o número de representantes do poder executivo nos órgãos colegiados do Sistema
Questão 8
(VUNESP - 2018 - TJ-RS - Juiz de Direito Substituto) No tocante às águas, nos termos da
Estado.
C) São bens da União todas as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito.
D) Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados
exclusivamente na bacia hidrográfica em que foram gerados.
Comentário:
Em regra geral, a outorga de direitos de uso de recursos hídricos deve ser feita por prazo
não excedente a 35 anos, sendo renovável. Apesar disso, a Lei 9.984/00, que cria a Agência
29
Nacional das Águas – ANA, estabelece que, nos casos das outorgas de direito de uso de
Quanto aos Planos de Recursos Hídricos, o art. 8º da PNRH determina que eles devem ser
elaborados por bacia hidrográfica, por estado e para o País, não incluindo os municípios.
Em relação à cobrança pelo uso dos recursos hídricos, como já foi mencionado, os seus
valores devem ser preferencialmente aplicados na bacia hidrográfica em que foram
gerados, mas essa regra não impede situações em que tais recursos sejam aplicados em
bacias diversas.
De acordo com o art. 20 da CF/88, são bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes
de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como
os terrenos marginais e as praias fluviais; e os potenciais de energia hidráulica.
Por fim, a Constituição Federal estabelece em seu art. 22 a competência privativa da União
30
Questão 9
(CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Os comitês de bacias hidrográficas
são
Comentário:
No âmbito da gestão dos recursos hídricos, quem exerce o poder de polícia administrativa
31
estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de
interesse comum ou coletivo.
Por outro lado, compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, entre outras
Por fim, de acordo com a Lei 9984/00, compete à ANA outorgar o direito de uso de
Questão 10
(FMP Concursos - 2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto) Sobre a Política Nacional
de Recursos Hídricos, assinale a alternativa CORRETA.
A) O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é integrado, exclusivamente,
regional.
C) São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, entre outros: os Planos de
Recursos Hídricos, a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a cobrança pelo uso de
recursos hídricos.
D) A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos implica alienação parcial das águas.
E) A água é um recurso natural limitado, não dotado de valor econômico.
Comentário:
32
Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal, pelos Comitês de Bacia
Hidrográfica, pelos órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, distritais e municipais
cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos, e pelas Agências de
Água.
uso de recursos hídricos e o Sistema de Informação sobre Recursos Hídricos. Quando aos
Planos de Recursos Hídricos, segundo o art. 8º da PNRH, eles devem ser elaborados por
bacia hidrográfica, por estado e para o País. Já quanto à outorga dos direitos de uso de
recursos hídricos, a sua concessão jamais implicará em alienação parcial das águas, que
são inalienáveis.
Por fim, a PNRH baseia-se no fundamento de que a água é um recurso natural limitado,
dotado de valor econômico.
33
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - ERRADO
Questão 3 - CERTO
Questão 4 - C
Questão 5 - CERTO
Questão 6 - E
Questão 7 - C
Questão 8 - E
Questão 9 - E
Questão 10 - C
34
LEGISLAÇÃO COMPILADA
35
JURISPRUDÊNCIA
STJ - CC: 97359 SP 2008/0157898-8, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento:
10/06/2009, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: --> DJe 24/06/2009.
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL E JUÍZO ESTADUAL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. IMÓVEL QUE
CONFRONTA COM RIO FEDERAL. INTERESSE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. De acordo com a
Nota Técnica n. 18/2005/NGI e a Resolução n. 399 da Agência Nacional de Águas - ANA, o Rio Piracicaba, por
banhar mais de um estado da Federação, é considerado federal, nos termos do artigo 20, III, da Constituição
Federal. Conflito conhecido, declarando-se competente o Juízo Federal da 3ª Vara de Piracicaba- SJ/SP.
STJ - REsp: 848287 RS 2006/0107872-6, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento:
17/08/2006, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 14/09/2006 p. 289.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
37
CARREIRA JURÍDICA
Direito Ambiental
Capítulo 8
SUMÁRIO
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 51
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 52
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................................................ 53
1
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 8
1.1 Introdução
fundamentais a anterioridade eleitoral (art. 16 da CF), a irretroatividade tributária (art. 150, III, a,
da CF) e o meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225 da CF). É o que chamamos de
Não custa nada recordar que o caput do art. 225 da CF/88 dispõe que “todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
2
De acordo com o dispositivo constitucional, podemos classificar o direito fundamental ao
Interesse difuso: os direitos coletivos podem ser divididos em direitos difusos, coletivos
propriamente ditos e individuais homogêneos. Todos eles tutelam interesses que extrapolam a
esfera do indivíduo, mas cada um guarda as suas peculiaridades, que os diferenciam. Os
interesses e direitos difusos, especificamente, são aqueles indivisíveis, que possui como titulares
pessoas indeterminadas ligadas por uma circunstância de fato. O direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado é classificado como um direito difuso porque é um bem indivisível
e envolve a sociedade como um todo, já que não é possível determinar com precisão quem é
ou não atingido por um dano ambiental.
seguintes termos: “a prescrição tutela interesse privado, podendo ser compreendida como
mecanismo de segurança jurídica e estabilidade. O dano ambiental refere-se àquele que oferece
3
grande risco a toda humanidade e à coletividade, que é a titular do bem ambiental que constitui
ambiental, materializada pela prescrição, e a forma mais benéfica de tutelar do bem jurídico
coletivo, indisponível, fundamental e que antecede todos os demais direitos (pois sem o meio
ambiente ecologicamente equilibrado não há vida, saúde, trabalho ou lazer), obviamente o este
último prevalece1.
que encara a responsabilidade do degradador com firmeza e com maiores implicações, como
por exemplo, imputando-lhe a responsabilidade objetiva fundamentada no simples risco de
dano ambiental ou no simples fato de sua atividade ser danosa ao meio ambiente,
criado o que chamamos de microssistema processual da tutela coletiva, composto pela Lei
4.717/65 (Lei de Ação Popular), Lei 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública) e Lei 8.078/90 (Código
de Defesa do Consumidor).
1
Vide questão 7 e 10 desse material.
4
Art. 129, CF/88 – São funções institucionais do Ministério Público: (...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Art. 5º, LXXIII, CF/88 – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;
Lembre-se: a proteção do meio ambiente abrange o meio ambiente natural, como a fauna
e a flora; o meio ambiente artificial, como o espaço urbano; o meio ambiente cultural, como o
processual de extrema importância para a proteção do meio ambiente. Através dessa ação, os
seus legitimados podem pleitear perante o judiciário a cessação de ato lesivo ao meio ambiente,
assim como a recuperação de áreas degradadas e eventual pagamento de reparação por dano
ambiental2.
2
Vide questão 5 desse material.
5
ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urbana, à honra e à dignidade de grupos raciais,
Por outro lado, não será cabível Ação Civil Pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou
específica. Portanto, apenas se não for possível a sua reparação integral é que caberá também
a indenização.
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação
da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária,
se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor .
legitimar apenas o Ministério Público para propor a ação civil pública, o art. 5º da Lei 7.347/85
estabelece um rol taxativo de outros legitimados.
3
Vide questões 1 e 2 desse material.
6
Art. 5º da Lei 7.347/85 – Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
A despeito de o cidadão não ser legitimado para propor ação civil pública, qualquer pessoa
pode provocar a iniciativa do Ministério Público, e o servidor público tem o dever, informando
sobre lesão ou ameaça de lesão ao meio ambiente (art. 6º da lei de ACP). Se, no exercício de
suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis
(art. 7º da lei de ACP).
Perceba que não é qualquer associação que está legitimada a propor ação civil pública
Quanto ao primeiro requisito, o juiz pode dispensar que a associação esteja constituída a
mais de um ano quando existir manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
4
Vide questão 1 desse material.
5
Vide questão 4 desse material.
7
Quanto ao segundo requisito, chamado de pertinência temática, a associação deve
Ademais, quando uma associação cumpre os dois requisitos legais, o STF entende que ela
não precisa de uma autorização especial de seus membros, nem mesmo em assembleia geral,
para que possa atuar em ação civil pública. Nesse contexto, o Tribunal ainda destaca a
representa.
Quanto ao Ministério Público, quando outro legitimado for o autor da ação civil pública, o
Parquet deve atuar como fiscal da lei. E, em caso de desistência infundada ou abandono da
ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade
ativa.
formar o litisconsórcio passivo necessário entre os poluidores, ou intentar a ACP contra apenas
um ou alguns deles6.
6
Vide questão 9 e 10 desse material.
8
A ação civil pública discute apenas a proteção do meio ambiente e as consequências de
sua violação. Não é cabível discutir o direito de regresso entre os sujeitos passivos da ação, que
Para instruir a inicial de uma Ação Civil Pública, o interessado poderá requerer às
autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas
ou perícias de qualquer organismo público ou particular, deve ser respondido no prazo que
assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação,
hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo
ao juiz requisitá-los.
Ademais, o art. 10 da Lei de Ação Civil Pública tipifica como crime a recusa, o retardamento
ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura a Ação Civil Pública quando forem
requisitados pelo Ministério Público, punido com pena de reclusão, de 1 a 3 anos, e multa de
As Ações Civis Públicas devem ser propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo
juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa7. A propositura da ação
prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (art. 2º da lei de ACP).
7
Vide questão 3 desse material.
9
Nas Ações Civis Públicas, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
O juiz poderá conceder liminar em sede de Ação Civil Pública, sujeita a agravo, com ou
sem justificação prévia. A multa cominada liminarmente só é exigível após o eventual trânsito
em julgado a favor do autor, entretanto, será devida desde o dia em que houver configurado o
descumprimento8.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em
decisão sujeita a agravo.
A sentença civil fará coisa julgada erga omnes nos limites da competência territorial do
órgão judicial que a prolatou, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
Na fase recursal em sede de Ação Civil Pública, o juízo poderá conferir efeito suspensivo
ao recurso para evitar dano irreparável à parte. Já na fase executória da sentença, o art. 15 da
lei de ACP dispõe que, decorridos 60 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, se
a associação autora não promover a execução, o Ministério Público fica obrigado a promovê-la,
8
Vide questão 8 desse material.
10
1.2.1 Inquérito Civil
que serve para a apuração de fatos para a formação da convicção do membro do Ministério
Público quanto ao dano ambiental e instruir futura ação civil pública.
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou
informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles
documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.
Assim como no processo penal, a realização de um inquérito civil não é necessária para a
propositura da demanda judicial que, existindo elementos de convicção suficientes, pode ser
proposta de imediato.
11
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento,
designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
do inquérito civil e até mesmo o seu arquivamento não são causas impeditivas para a
propositura de ação civil pública sobre a mesma matéria pelos demais legitimados.
feito entre os órgãos públicos legitimados para propor a Ação Civil Pública (e não associações)
e pessoa física ou jurídica, com eficácia de título executivo extrajudicial 9.
conduta lesiva à lei e compensar os danos que não possam ser recuperados.
Art. 5º, § 6°, da lei 7.347/85 – Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Vale salientar que não podemos falar em direito subjetivo de firmar um compromisso
9
Vide questão 6 desse material.
12
Nem todos os legitimados para propor Ação Civil Pública também são legitimados para
celebrar o compromisso de ajustamento de conduta. Como você já pode ter percebido, dentre
eles, apenas os órgãos públicos possuem essa capacidade – ou seja, apenas o Ministério Público,
firmado não abranja todos os elementos que devem ser protegidos, caberá Ação Civil Pública
em relação aos fatos ou pessoas remanescentes.
O TAC não pode ser caracterizado como uma transação, que é um instrumento
característico do direito civil individual, incompatível com a tutela dos direitos transindividuais,
como a proteção do meio ambiente, que são direitos indisponíveis, de titularidade coletiva e de
proteção obrigatória pelo Poder Público.
13
Por se tratar de um título executivo extrajudicial, descumpridas as obrigações estipuladas,
o TAC poderá ser executado por qualquer dos legitimados ativos da Ação Civil Pública,
independentemente de qual deles o celebrou.
transindividuais. Com isso, a Ação Popular é uma verdadeiro instrumento, com previsão
constitucional (art. 5º, LXXIII), para o controle popular da legalidade e da lesividade de atos.
por meio do título eleitoral ou documento correspondente, decorre do exercício e gozo dos
direitos políticos pela pessoa física. A partir dessa afirmação, podemos extrair algumas
conclusões importantes:
Além do autor da Ação Popular, o seu polo ativo pode ser ocupado por qualquer outro
lesivos ao patrimônio:
14
De sociedades de economia mista;
De sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados
ausentes;
De empresas públicas;
De serviços sociais autônomos;
De instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
receita ânua;
De empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados
e dos Municípios; e
De quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
Como você pode notar, a Ação Popular serve para proteger o patrimônio público. Para
atos lesivos por meio de Ação Popular terão por limite a repercussão deles sobre a contribuição
dos cofres públicos.
Segundo o art. 2º da lei de AP, são nulos os atos lesivos ao patrimônio público que
Competência;
Forma;
Objeto;
15
Motivo;
Finalidade.
Portanto, o ato que for praticado por sujeito incompetente, com vício de forma, com
a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais
do agente que o praticou;
o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de
lei, regulamento ou outro ato normativo;
a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em
que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada
ao resultado obtido; e
o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Segundo o art. 3º da Lei de AP, além dessas ilegalidades acima citadas, referentes aos
elementos do ato administrativo, outros vícios podem ser constatados e serão anuláveis por
Também são nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer
das pessoas ou entidades supra referidas:
Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º.
16
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura,
contrato ou avaliação;
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível
concorrência pública ou administrativa, quando:
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação;
VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor,
desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais;
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação;
17
IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e
regulamentadoras que regem a espécie.
Por oportuno, vale destacar que não é apenas o ato comissivo da Administração Pública
que está sujeito à impugnação por meio de Ação Popular. A omissão do Poder Público que
possa acarretar dano ambiental também pode ser objeto de uma Ação Popular.
impugnado ao patrimônio público. Essa lesão poderá ser efetiva ou legalmente presumida, caso
em que basta a demonstração da prática do ato para que ele seja considerado nulo de pleno
direito. Na Ação Popular que visa defender o meio ambiente, a lesividade é presumida,
dispensando-se a sua comprovação.
No polo passivo de uma Ação Popular, assim como na Ação Civil Pública, pode figurar
qualquer pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado, que seja direta ou
indiretamente responsável pelo ato danoso ao meio ambiente.
Para instruir a inicial da Ação Popular, o cidadão poderá requerer às entidades acima
mencionadas certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a
finalidade delas. Essas certidões e informações devem ser fornecidas dentro de 15 dias da
entrega, sob recibo, do respectivo requerimento. Ademais, a lei exige que tais certidões e
Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo,
poderá ser negada ao cidadão requerente a certidão ou informação. Nesse caso, assim como
na ACP, a Ação Popular poderá ser proposta desacompanhada dos documentos negados,
cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e salvo em casos de segurança
18
nacional, requisitá-las. Feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que cessará
A competência para conhecer, processar e julgar a Ação Popular é definida de acordo com
a origem do ato impugnado. É competente o juiz que, de acordo com a organização judiciária
de cada estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado, ao
Município, as pessoas jurídicas criadas ou mantidas por eles, bem como os atos das sociedades
de que eles sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por eles subvencionadas ou em
relação às quais tenham interesse patrimonial.
entidade, será competente o juiz das causas da União, se houver; mas, quando interessar
simultaneamente ao estado e ao município, será competente o juiz das causas do estado, se
houver.
Ao contrário da Ação Civil Pública que é completamente gratuita, na Ação Popular são
devidas as custas processuais e o preparo, que deverão ser pagos pela parte vencida ao final
do processo.
A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
dirigente.
sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus
autores. Para tanto, ao despachar a inicial, o juiz ordenará, além da citação dos réus, a intimação
do representante do Ministério Público.
19
A desistência da Ação Popular acarretará a publicação de editais para que qualquer cidadão
A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e
Ademais, a sentença de uma Ação Popular que, julgando procedente a ação popular,
É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º da lei de AP, ainda que
A sentença em sede de Ação Popular terá eficácia erga omnes, exceto no caso de haver
sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova. Neste caso, qualquer cidadão poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
20
2. Tutela Penal e Processual Penal do Meio Ambiente
regulamentar a Constituição Federal no âmbito penal ambiental, tipificando a maior parte dos
crimes contra o meio ambiente.
Uma característica desse diploma é que, não raras vezes, o legislador da Lei de Crimes
21
Exemplo: Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
O dispositivo citado expressa que a pena do crime será aumentada de metade se ele for
praticado contra espécie ameaçada de extinção. Mas a Lei de Crimes Ambientais não nos diz
quais são as espécies ameaçadas de extinção! Nesse caso, o intérprete deve recorrer às listas
oficiais do IBAMA para saber quais são essas espécies.
Outra característica da Lei de Crimes Ambientais é que ela tipifica condutas de perigo
abstrato, ou seja, que independem da produção de um dano efetivo ao meio ambiente para
que sejam puníveis (por exemplo, art. 52). Essa técnica legislativa é muito importante para
materializar o princípio da prevenção, que direciona a norma ambiental como um todo, e não
22
só a penal, para os riscos decorrentes de determinadas condutas e não apenas para os danos
propriamente efetivados.
Código de Processo Penal – Princípio da Especialidade. Entretanto, você precisa ter em mente
que, caso a lei penal ambiental seja omissa em algum ponto, nós devemos aplicar as normas
condutas lesivas ao meio ambiente em seu art. 225, §3º quando afirma que “as condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
No art. 2º da Lei 9.605/98, a Lei de Crimes Ambientais, temos a previsão de que “quem,
de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a
estes cominadas, na medida da sua culpabilidade”
para evitá-la” também devem ser punidos pelos crimes ambientais, na medida da sua
culpabilidade.
Desse artigo, tiramos a seguinte conclusão: é possível o concurso de pessoas nos crimes
ambientais com fundamento na teoria monista (ou unitária) – todos os agentes respondem pelo
mesmo crime, na medida se sua culpabilidade. Assim, apesar de todos os agentes responderem
pelo mesmo crime, não necessariamente terão a mesma pena.
23
são subjetivas, pois é imprescindível que o dolo ou a culpa (elemento subjetivo) do agente seja
jurídica por crime ambiental, no Brasil prevalece o entendimento de que isso é possível.
Fundamentada na teoria da realidade, da personalidade real ou orgânica, a teoria que defende
a possibilidade de uma pessoa jurídica responder por crime ambiental afirma que ela é um ente
real, com capacidade e vontade própria, distinta das pessoas físicas que a compõem.
Para essa teoria, as pessoas jurídicas são seres coletivos, dotados de vontade, que podem
ser exercidas de diversas formas, portanto, não há que se falar em responsabilidade penal
objetiva ao puni-las. Ademais, as pessoas jurídicas têm capacidade de culpabilidade e de sanção
da pena, pois a responsabilidade penal recai sobre o autor do crime – a própria pessoa jurídica.
Além disso, o argumento de que a pessoa jurídica não poderia sofrer restrição ao seu direito
de liberdade de locomoção não deve prosperar, pois a pena privativa de liberdade não é a única
sanção penal prevista em nosso ordenamento jurídico.
24
Por fim, está clara a previsão constitucional da responsabilização de pessoa jurídica por
crimes ambientais, na forma do art. 225, §3º, regulamentado infraconstitucionalmente por meio
do art. 3º da Lei de Crimes Ambientais, com a seguinte redação:
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Visto isso, é importante ressaltar que, para haver responsabilidade penal da pessoa jurídica
a infração deve ser cometida no interesse ou benefício da entidade e por decisão do seu
RESPONSABILIDADE PENAL DA
PESSOA JURÍDICA
- REPRESENTANTE LEGAL;
- REPRESENTANTE CONTRATUAL; ou
- ÓRGÃO COLEGIADO
25
Até algum tempo atrás, o STJ entendia que só seria possível a responsabilidade penal da
pessoa jurídica por crimes ambientais se, simultaneamente, houvesse a imputação da pessoa
natural que atua em seu nome ou benefício.
Esse entendimento consagrava a teoria da dupla imputação, pela qual o Ministério Público
só poderia formular uma denúncia contra pessoa jurídica se identificasse a pessoa física que
participou do delito (REsp. 610.114/RN).
sentido de ser admissível a condenação de uma pessoa jurídica pela prática de um crime
ambiental, ainda que as pessoas físicas com ela relacionadas sejam absolvidas.
Para o STF, a teoria da dupla imputação, até então adotada pelo STJ, afronta a CF/88 ao
Dessa forma, o STF passou a rechaçar a teoria da dupla imputação e admitir a denúncia
Nesse contexto, vale ressaltar que a denúncia contra os dirigentes da pessoa jurídica deve
contar com elementos hábeis a comprovar a relação entre o fato delituoso e as respectivas
autorias, sob pena se ser considerada inepta. Portanto, deve ser comprovado o nexo causal
entre as condutas dos dirigentes e as imputações a eles atribuídas.
26
Por fim, destaca-se que é possível a desconsideração da personalidade jurídica sempre que
ela for obstáculo para o ressarcimento de prejuízos causados à qualidade ambiental (art. 4º da
Lei 9.605/98).
público
são consideradas pessoas jurídicas de direito público. Há doutrina que admite a responsabilidade
penal por crimes ambientais desses entes, baseando-se no fato de não existir especificação de
quais pessoas jurídicas (de direito público ou de direito privado) estão submetidas às regras do
art. 225, §3º da CF/88 e 3º da Lei de Crimes Ambientais.
Os que defendem essa teoria afirmam que, nesses casos, o magistrado deve escolher a
pena cabível à pessoa jurídica de direito público dentre as possibilidades previstas no art. 21 da
Lei de Crimes Ambientais. Ao contrário do que pode parecer, a condenação de um ente público
Por outro lado, a doutrina que não admite a responsabilização criminal de pessoas jurídicas
de direito público argumenta que é intrínseco a elas a perseguição da finalidade pública, sendo
impossível que atuem em interesse ou benefício próprio (o que é necessário para que exista
responsabilidade penal das pessoas jurídicas).
Quando a pessoa jurídica de direito público não persegue a finalidade pública, há desvio
de poder e, nessa situação, só a pessoa natural é responsabilizada penalmente.
Além disso, para a doutrina contra a punição penal da pessoa jurídica de direito público,
não teria sentido uma eventual sanção contra um ente público, seria redundante condenar, por
exemplo, um município à pena de multa, pois ela acabaria transcendendo a pessoa jurídica
condenada e quem arcaria com a condenação seriam os contribuintes.
27
2.3 Aplicação da Pena
O art. 6º da Lei de Crimes Ambientais dispõe de critérios a serem observados pelo julgador
na imposição e na gradação da pena base dos crimes nela previstos. São eles:
Em primeiro lugar, ressaltamos que os antecedentes do infrator que devem ser analisados
são aqueles pertinentes à toda legislação ambiental, não apenas à Lei de Crimes Ambientais.
Portanto, é possível considerar uma infração administrativa ambiental como mau antecedente.
Depois, é preciso esclarecer que esses critérios devem ser analisados pelo magistrado no
momento de definir a pena base do condenado em conjunto com os critérios do art. 59 e 60
do CP.
28
Em relação às agravantes, entende-se que o baixo grau de instrução do agente retira a sua
potencial consciência de ilicitude, configurando erro de proibição.
ao momento em que ele deve ser manifestado, entende-se possível a sua ocorrência antes ou
depois da denúncia.
29
Em relação às agravantes dos crimes ambientais, destacamos que a reincidência prevista
Apesar que crime comum prévio não implicar na agravante de reincidência em crime
ambiental, o crime ambiental prévio implicará na agravante da reincidência em condenação por
30
Com o fim da segunda etapa da aplicação da pena, deve ser estabelecido o regime inicial
de cumprimento de pena para a pessoa física. Como a Lei de Crimes Ambientais não dispõe de
regra específica sobre o tema, nesse ponto aplicamos as disposições do CP:
A regra de substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos na Lei
de Crimes Ambientais tem uma pequena diferença em relação à regra do Código Penal: na Lei
9.605/98, essa substituição ocorre nos crimes com penas aplicadas inferiores a 4 anos, ou seja,
quando o condenado tiver a pena por crime ambiental instituída em 4 anos exatos, não terá
direito à sua substituição por restritiva de direitos. Por outro lado, o CP, em seu art. 44, I, prevê
31
que a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ocorre quando a
condenação é igual ou inferior a 4 anos. Isso quer dizer que, ao contrário dos crimes ambientais,
quando o condenado por crime comum tem a sua pena estabelecida em exatos 4 anos, terá
Prestação
pecuniária
Suspensão
Recolhimento
parcial ou total
PENAS domiciliar
de atividades
RESTRITIVAS
DE DIREITOS
Interdição Prestação de
temporária de serviços à
direitos comunidade
Crimes Ambientais.
32
conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta,
se possível.
A pena de suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo
às prescrições legais. Enquanto isso, a pena de prestação pecuniária consiste no pagamento
em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada
pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos.
Segundo o art. 12 da Lei de Crimes Ambientais, o valor a título de prestação pecuniária será
deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
Na última fase de aplicação da pena, se não for possível a substituição da pena privativa
de liberdade por uma pena restritiva de direitos, o magistrado deve observar a possibilidade de
cabimento da suspensão condicional da pena.
Se cabível, a respectiva pena não será executada, caso em que o condenado deverá se
submeter a determinadas condições legais e impostas pelo juiz no caso concreto. Essas últimas,
no caso dos crimes ambientais, devem ser relacionadas com a proteção do meio ambiente.
33
O condenado não pode ser reincidente em crime doloso; e
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e circunstâncias, autorizem a concessão do benefício.
Segundo o princípio da insignificância, a lei penal deve ser aplicada apenas para punir
condutas que sejam efetivamente capazes de lesar um bem jurídico tutelado pelo direito penal.
Trata-se de uma forma de materializar a fragmentariedade do direito penal e a teoria de
intervenção mínima.
Prevalece em nosso ordenamento jurídico que a ultima ratio da tutela penal deve ser
utilizada apenas quando a agressão ao meio ambiente ecologicamente equilibrado por
intolerável e quando as demais instâncias (civil e administrativa) não forem suficientes para coibir
a conduta infracional.
As infrações penais previstas na Lei 9.605/98 são de ação penal pública incondicionada.
Isso quer dizer que, em regra, será o Ministério Público o titular da ação penal referente a crimes
ambientais. A exceção se configura nos casos de ação penal privada subsidiária da pública, em
que a titularidade da ação passa para o ofendido diante da inércia do MP.
Nesse contexto, é importante ressaltar que o titular da ação penal privada subsidiária da
pública é apenas o ofendido, pessoa física. Não há possibilidade de, por exemplo, associação
civil de proteção ambiental ingressar com ação penal, mesmo que seja legitimada para propor
ação civil pública.
34
2.5.2 Transação penal
De acordo com o art. 27 da Lei 9.605/98, nos crimes ambientais de menor potencial
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa pode ser
formulada pelo representante do Ministério Público quando houver a prévia composição do
dano ambiental e não estejam presentes as situações que impedem a celebração da transação
penal.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até
a metade.
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação
de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação
do Juiz.
35
2.5.3 Suspensão condicional do processo
Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, também é possível aplicar a suspensão
condicional do processo. De acordo com o art. 28 da Lei de Crimes Ambientais, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do respectivo processo:
Se o laudo demonstrar que a respectiva reparação não foi completa durante a suspensão
condicional do processo, o prazo de suspensão será prorrogado nos termos do art. 28, II da Lei
de Crimes Ambientais, assim como ficará suspenso o prazo prescricional da infração.
36
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do §
1° do artigo mencionado no caput;
2.5.4 Competência
A Lei de Crimes Ambientais nada dispõe sobre a competência para conhecer e julgar os
crimes ambientais. Portanto, diante de uma interpretação sistemática da Constituição Federal,
concluímos que, em regra, a competência para o julgamento dos crimes ambientais é da Justiça
Comum Estadual.
A Justiça Comum Federal será competente para o julgamento dos crimes ambientais
apenas nas hipóteses em que eles tenham como objeto bens, serviços ou interesses da União
ou de suas autarquias ou empresas públicas, de acordo com o art. 109 da CF/88.
Ademais, segundo os Tribunais Superiores, ainda temos como hipóteses que justificam a
competência da Justiça Federal:
Como o inciso IV do art. 109 da CF/88 exclui do âmbito da competência da Justiça Federal
as contravenções penais, em regra, as contravenções ambientais serão julgadas perante a Justiça
Comum Estadual, mesmo que atingidos bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias
ou empresas públicas.
37
A exceção à essa regra encontra-se no caso de contravenção ambiental cometida por
pessoa com foro por prerrogativa de função previsto constitucionalmente, como os juízes
federais, que devem ser julgados perante a Justiça Federal.
38
QUADRO SINÓTICO
Legitimados:
Ministério Público;
Defensoria Pública;
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
União, estados, Distrito Federal e municípios;
Autarquia, empresa pública, fundação e sociedade de economia
mista; e
Associação civil constituída há pelo menos 1 ano e com
pertinência temática.
39
As penas restritivas de direitos substituem as penas privativas de
liberdade:
Quando tratar-se de crime culposo;
Quando, mesmo que em crime doloso, for aplicada a pena
PENAS RESTRITIVAS
privativa de liberdade inferior a quatro anos; e
DE DIREITOS
Quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja
suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
Pena privativa de liberdade não superior a três anos;
Não reincidência em crime doloso; e
SUSPENSÃO
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
CONDICIONAL DA
PENA personalidade do agente, bem como os motivos e
circunstâncias, autorizem a concessão do benefício.
40
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto) Associação civil de defesa do meio
ambiente fundada em 2015 propôs uma ação civil pública contra determinada indústria de
produção de vinagre que causara grave degradação ambiental. Na ação, solicita-se a
ambiente
A) não detém legitimidade para propor a ação civil pública, visto que essa competência é
demanda.
C) deveria ter pleiteado alternativamente a condenação da obrigação de fazer ou a reparação
Comentário:
41
Uma associação civil de defesa do meio ambiente fundada em 2015 está legitimada para
propor a Ação Civil Pública em questão, pois cumpre os requisitos de tempo (constituída
há pelo menos 1 ano) e de pertinência temática.
Questão 2
(MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Vespertina) Em ação civil pública ambiental,
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
O art. 3º da Lei de Ação Civil Pública dispõe que o seu objeto poderá ser a condenação
Questão 3
(CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.
Conforme jurisprudência do STJ, é competência da justiça eleitoral julgar ação civil pública em
que se busque cessar degradação ambiental causada por partido político em propaganda
eleitoral consistente em pichações e pinturas em edificações urbanas.
( ) CERTO
( ) ERRADO
42
Comentário:
Na Ação Civil Pública em que se busca cessar degradação ambiental causada por partido
Justiça Eleitoral. Apesar de a obrigação de pagar, fazer ou não fazer que se requer com a
ACP ser dirigida a partido político, a demanda não é inerente ao processo eleitoral.
Questão 4
(CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) Uma associação de proteção ao patrimônio ambiental
de Santa Catarina, constituída havia seis meses, ajuizou ACP requerendo a paralisação das obras
de construção de um resort sobre dois sambaquis do estado — depósitos de conchas dos povos
A) não detém legitimidade para propor a ACP, em razão do seu tempo de pré-constituição, mas
poderia propor ação popular com o mesmo fim.
B) não detém legitimidade para propor a ACP, porque a defesa de patrimônio arqueológico
extrapola as suas finalidades.
C) detém legitimidade para propor a ACP, independentemente de ter sido constituída nos
termos da lei civil, pois não se exige das associações o registro do seu estatuto em cartório.
D) detém legitimidade para propor a ACP, pois o requisito de tempo de pré-constituição poderá
ser dispensado pelo juiz, se verificado manifesto interesse social pela dimensão do dano.
E) não detém legitimidade para propor a ACP, a menos que atue em litisconsórcio com o
Ministério Público.
43
Comentário:
atuação de outro legitimado, desde que cumpra dois requisitos legais: esteja constituída
há pelo menos 1 ano nos termos da lei civil e tenha finalidade compatível com a tutela
No caso em questão, a associação civil possui a pertinência temática, pois tem como
finalidade institucional a proteção do meio ambiente, que inclui o patrimônio arqueológico;
entretanto, por ter sido constituída há apenas 6 meses, em regra, a associação não poderia
propor a Ação Civil Pública (nem a Ação Popular, que é de legitimidade exclusiva do
cidadão)
Questão 5
instalar o empreendimento. A liminar incluiu, ainda, pedido para que a empresa fosse obrigada
a iniciar imediatamente replantio na área desmatada.
Nessa situação hipotética, a ação civil pública proposta deverá discutir
44
Comentário:
A Ação Civil Pública visa apurar a responsabilidade civil do degradador ambiental. Se for
detectado que réu da ACP também tem responsabilidade administrativa ou penal, o juiz
deve encaminhar as informações para os órgãos competentes da Administração Pública e
Questão 6
C) título executivo.
D) negócio jurídico condicionado.
Comentário:
O Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, que pode ser celebrado entre órgãos públicos
legitimados paras propor ACP e os poluidores interessados, tem natureza de título
executivo extrajudicial.
45
Questão 7
(CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) O Ministério Público ajuizou ações
na esfera cível e criminal contra empresa exploradora de petróleo, alegando prejuízos
empresa, que contava com as melhores tecnologias disponíveis, e a idoneidade dos esforços
para a reparação do problema, tendo o prejuízo ocorrido por motivo de força maior.
Determinado pescador profissional ajuizou ação indenizatória individual pelos mesmos fatos,
requerendo danos materiais e morais.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
A) A pretensão indenizatória na ação civil pública pelo dano ambiental difuso é imprescritível.
B) A pretensão do pescador é imprescritível.
E) O reconhecimento da força maior como determinante do dano não tem repercussão na ação
criminal.
Comentário:
46
A responsabilidade civil do autor do dano ambiental, além de ser objetiva, é fundamentada
na teoria do risco integral, ou seja, nem mesmo as causas excludentes de nexo causal são
capazes de afastar a responsabilização.
No caso em questão, o dano ambiental foi comprovadamente causado por força maior,
mas isso não é capaz de retirar a responsabilidade civil de indenizar do agente. Entretanto,
ao reconhecer a força maior como determinante do dano, afasta-se a responsabilidade
à segurança jurídica.
Questão 8
o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia quem se
houver configurado o descumprimento.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
De acordo com o art. 12 da lei de ACP, o juiz pode conceder liminar com ou sem
justificação prévia. Nesses casos, a multa cominada só será exigível do réu depois do
trânsito em julgado da decisão em favor do autor, mas será contabilizada a partir do dia
47
Questão 9
(VUNESP - 2016 - TJ-RJ - Juiz Substituto) Um Município, no interior de Minas Gerais, pretende,
em sede recursal, a inclusão do referido Estado no polo passivo da Ação Civil Pública, que visa
a reparação e prevenção de danos ambientais causados por deslizamentos de terras em encostas
habitadas. Segundo regra geral quanto ao dano ambiental e urbanístico, e segundo posição do
STJ, o litisconsórcio, nesses casos é
Administração Pública.
Comentário:
Para apurar o nexo de causal e a solidariedade no caso de dano ambiental, a lei equipara
quem faz, a quem não faz quando deveria fazer, quem faz mal feito, quem não se importa
que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem.
Por isso, existindo vários agentes poluidores responsáveis por um dano ambiental, a
formação de litisconsórcio passivo entre eles não é necessário, mas sim facultativo.
48
Questão 10
(FMP Concursos - 2015 - MPE-AM - Promotor de Justiça Substituto) Ao ajuizar ação civil
pública para proteger o meio ambiente, pode o Promotor de Justiça
I – inserir no polo passivo tanto a pessoa jurídica como a pessoa física responsável direta ou
indiretamente pelo dano ambiental.
II – buscar a reparação de dano ambiental causado há mais de vinte anos, devido ao caráter
imprescritível do dano ambiental.
III – pleitear medida cautelar inibitória com o escopo de evitar a instalação de atividade lesiva
ao meio ambiente, em atenção ao princípio do poluidor-pagador.
IV – demandar, na mesma ação, o ente público que autorizou a atividade poluidora e o particular
beneficiário da autorização.
Quais das assertivas acima estão corretas?
A) Apenas a I, II e III.
B) Apenas a III e IV.
C) Todas.
D) Apenas a I e III.
E) Apenas a I, II e IV.
Comentário:
Ao ajuizar uma ACP para proteger o meio ambiente, o Promotor de Justiça pode compor
o polo passivo com um litisconsórcio facultativo entre a pessoa jurídica e a pessoa física
responsáveis direta ou indiretamente pelo dano ambiental; pode buscar a reparação de
um dano ambiental ocorrido há mais de 20 anos, pois o STJ entende que o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, difuso e inerente à vida humana, é imprescritível; e
pode demandar em uma só ação o ente público que autorizou a atividade poluidora e o
particular poluidor que se beneficiou dessa autorização, pois a responsabilidade do ente é
solidária. Por fim, o Promotor de Justiça também pode pleitear, em sede de ACP, medida
inibitória com o escopo de evitar a instalação de atividade lesiva ao meio ambiente,
49
entretanto, o fundamento dessa tutela não será o princípio do poluidor-pagador, como
50
GABARITO
Questão 1 - E
Questão 2 - ERRADO
Questão 3 - ERRADO
Questão 4 - D
Questão 5 - A
Questão 6 - C
Questão 7 - A
Questão 8 - CERTO
Questão 9 - A
Questão 10 - E
51
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.
52
JURISPRUDÊNCIA
STF. MS: 22164/SP, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 30/10/1995, TRIBUNAL
PLENO, Data de Publicação: DJ 17-11-1995 PP-39206 EMENT VOL-01809-05 PP-01155.
STJ. REsp: 1120117 AC 2009/0074033-7, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento:
10/11/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 19/11/2009.
ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL. IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL. PEDIDO GENÉRICO. ARBITRAMENTO DO
QUANTUM DEBEATUR NA SENTENÇA: REVISÃO, POSSIBILIDADE - SÚMULAS 284/STF E 7/STJ. 1.É da competência
da Justiça Federal o processo e julgamento de Ação Civil Pública visando indenizar a comunidade indígena
Ashaninka-Kampa do rio Amônia. 2. Segundo a jurisprudência do STJ e STF trata-se de competência territorial e
funcional, eis que o dano ambiental não integra apenas o foro estadual da Comarca local, sendo bem mais
abrangente espraiando-se por todo o território do Estado, dentro da esfera de competência do Juiz Federal. 3.
53
Reparação pelos danos materiais e morais, consubstanciados na extração ilegal de madeira da área indígena. 4. O
dano ambiental além de atingir de imediato o bem jurídico que lhe está próximo, a comunidade indígena, também
atinge a todos os integrantes do Estado, espraiando-se para toda a comunidade local, não indígena e para futuras
gerações pela irreversibilidade do mal ocasionado. 5. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume grande
amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no
simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano.
6. O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, está protegido pelo
manto da imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à afirmação dos
povos, independentemente de não estar expresso em texto legal. 7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir
qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos normais das ações indenizatórias; se
o bem jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não há vida, nem
saúde, nem trabalho, nem lazer , considera-se imprescritível o direito à reparação. 8. O dano ambiental inclui-se
dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a
ação que visa reparar o dano ambiental. 9. Quando o pedido é genérico, pode o magistrado determinar, desde já,
o montante da reparação, havendo elementos suficientes nos autos. Precedentes do STJ. 10. Inviável, no presente
recurso especial modificar o entendimento adotado pela instância ordinária, no que tange aos valores arbitrados a
título de indenização, por incidência das Súmulas 284/STF e 7/STJ. 11. Recurso especial parcialmente conhecido e
não provido.
STJ - REsp: 876931 RJ 2006/0115752-8, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de
Julgamento: 10/08/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/09/2010.
54
é "[z]elar pela manutenção e melhoria da qualidade de vida do bairro, buscando manter sua ocupação e seu
desenvolvimento em ritmo e grau compatíveis com suas características de zona residencial". 2. Desta cláusula, é
perfeitamente possível extrair sua legitimidade para ação civil pública em que se pretende o seqüestro do conjunto
arquitetônico "Mansão dos Lage", a cessação imediata de toda atividade predadora e poluidora no conjunto
arquitetônico e a proibição de construção de anexos e de obras internas e externas no referido conjunto
arquitetônico. Dois são os motivos que levam a tal compreensão. 3. Em primeiro lugar, a Constituição da República
vigente expressamente vincula o meio ambiente à sadia qualidade de vida (art. 225, caput), daí porque é válido
concluir que a proteção ambiental tem correlação direta com a manutenção e melhoria da qualidade de vida dos
moradores do Jardim Botânico (RJ). 4. Em segundo lugar, a legislação federal brasileira que trata da problemática
da preservação do meio ambiente é expressa, clara e precisa quanto à relação de continência existente entre os
conceitos de loteamento, paisagismo e estética urbana e o conceito de meio ambiente, sendo que este último
abrange os primeiros. 5. Neste sentido, importante citar o que dispõe o art. 3º, inc. III, alíneas a e d, da Lei n.
6.938/81, que considera como poluição qualquer degradação ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente prejudiquem a saúde e o bem-estar da população e afetem condições estéticas do meio ambiente.
6. Assim sendo, não há como sustentar, à luz da legislação vigente, que inexiste pertinência temática entre o objeto
social da parte recorrente e a pretensão desenvolvida na presente demanda, na forma do art. 5º, inc. V, alínea b,
da Lei n. 7.347/85. 7. Recurso especial provido.
STF. ARE 1197788, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 03/05/2019, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-107 DIVULG 21/05/2019 PUBLIC 22/05/2019.
55
da demanda coletiva, para que se dê a legitimidade da associação e crave os parâmetros subjetivos dos efeitos do
julgado” (fl. 54, vol. 6). Sustentam que “os efeitos da decisão no processo coletivo beneficiam tão somente aqueles
que, à época da impetração, encontravam-se vinculados à legitimada coletiva que ajuizou a ação” (fl. 55, vol. 6).
(...) Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 4. Razão jurídica não assiste aos agravantes. 5. O
acórdão recorrido harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal quanto à desnecessidade de
instrução da inicial com relação nominal e autorização expressa dos associados para a impetração de mandado de
segurança coletivo. (...)
STJ - REsp: 232187 SP 1999/0086288-0, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento:
23/03/2000, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 08/05/2000 p. 67 LEXSTJ vol. 132
p. 203.
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. 1. É parte legítima para figurar no pólo passivo da
Ação Civil Pública a pessoa jurídica ou física apontada como tendo praticado o dano ambiental. 2. A Ação Civil
Pública deve discutir, unicamente, a relação jurídica referente à proteção do meio ambiente e das suas
conseqüências pela violação a ele praticada. 3. Incabível, por essa afirmação, a denunciação da lide. 4. Direito
de regresso, se decorrente do fenômeno de violação ao meio ambiente, deve ser discutido em ação própria.
5. As questões de ordem pública decididas no saneador não são atingidas pela preclusão. 6. Recurso especial
improvido.
STJ - REsp: 596764 MG 2003/0177227-5, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de
Julgamento: 17/05/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/05/2012.
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TERMO DEAJUSTAMENTO DE CONDUTA. NÃO
OBRIGATORIEDADE DE O MINISTÉRIO PÚBLICO ACEITÁ-LO OU DE NEGOCIAR SUAS CLÁUSULAS.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO SUBJETIVO DO PARTICULAR. 1. Tanto o art. 5º, § 6º, da LACP quanto o art. 211 do
ECA dispõem que os legitimados para a propositura da ação civil pública "poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais". 2. Do mesmo modo que o MP não pode obrigar
qualquer pessoa física ou jurídica a assinar termo de cessação de conduta, o Parquet também não é obrigado a
aceitar a proposta de ajustamento formulada pelo particular. Precedente. 3. O compromisso de ajustamento de
conduta é um acordo semelhante ao instituto da conciliação e, como tal, depende da convergência de vontades
entre as partes. 4. Recurso especial a que se nega provimento.
STJ - REsp: 889766 SP 2006/0211354-5, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento:
04/10/2007, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 18/10/2007 p. 333.
56
por objetivo anular judicialmente atos lesivos ou ilegais aos interesses garantidos constitucionalmente, quais sejam,
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural. 4. A ação popular é o instrumento jurídico que deve ser utilizado para
impugnar atos administrativos omissivos ou comissivos que possam causar danos ao meio ambiente. 5. Pode
ser proposta ação popular ante a omissão do Estado em promover condições de melhoria na coleta do esgoto
da Penitenciária Presidente Bernardes, de modo a que cesse o despejo de elementos poluentes no Córrego
Guarucaia (obrigação de não fazer), a fim de evitar danos ao meio ambiente. 6. A prova pericial cumpre a função
de suprir a falta ou insuficiência de conhecimento técnico do magistrado acerca de matéria extra-jurídica, todavia,
se o juiz entender suficientes as provas trazidas aos autos, pode dispensar a prova pericial, mesmo que requeridas
pelas partes. 7. Recurso especial conhecido em parte e não provido.
STJ. HC: 86259 MG 2007/0154492-9, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Julgamento: 10/06/2008, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/08/2008.
HABEAS CORPUS PREVENTIVO. CRIME AMBIENTAL. ART. 40 DA LEI 9.605/98. INÉPCIA DA DENÚNCIA. OCORRÊNCIA.
AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO MÍNIMA DA CONDUTA DO PACIENTE QUE TERIA CONTRIBUÍDO PARA CAUSAR DANO
DIRETO OU INDIRETO À UNIDADE DE CONSERVAÇÃO. MERA ALUSÃO AO FATO DE SER PROPRIETÁRIO DO
TERRENO. INAMISSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. A formulação de qualquer denúncia criminal se acha
submetida a exigências legais absolutamente insuperáveis, dentre as quais avulta a da exposição do fato criminoso,
com todas as suas circunstâncias (art. 41 do CPP), sem cujo integral atendimento não pode ser validamente exercido
o poder de denunciar ou restará a iniciativa denunciatória carente de aceitabilidade judicial, devendo ser
prontamente rejeitada pelo Juiz que a examina. 2. In casu, a denúncia não descreve, de forma clara e objetiva,
como seria de rigor, a conduta perpetrada pelo agente que teria dado causa, provocado ou desencadeado, de
forma direta ou indireta, o dano à área inserida em unidade de conservação ambiental. 3. Colhe-se dos autos,
especialmente das peças do Inquérito Policial, que a conduta não teria sido perpetrada diretamente pelo paciente,
mas por um caseiro, que trabalha e reside no local, tanto que o Parquet aduziu que a responsabilidade do acusado
derivaria de sua condição de proprietário do sítio (art. 2o. da Lei 9.605/98); entretanto, ainda nessa hipótese,
mostrava-se indispensável que se declinasse qual a atitude ou a conduta que teria concorrido para o dano, de
forma direta ou indireta, sendo vedada a imputação tão-somente pela relação da pessoa com a coisa (possuidor,
proprietário, gerente, etc). 4. Concede-se a ordem, para declarar a nulidade da denúncia oferecida em desfavor do
ora paciente, por inépcia, facultando ao Ministério Público apresentar nova peça acusatória, perante o Juízo
competente, em que pese o parecer ministerial em sentido contrário.
STJ - REsp: 610114 RN 2003/0210087-0, Relator: Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento:
17/11/2005, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 19/12/2005 p. 463
CRIMINAL. RESP. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE
COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA
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DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA
JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADE
COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO-RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE
COLETIVO. ACUSAÇÃO ISOLADA DO ENTE COLETIVO. IMPOSSIBILIDADE. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM
NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. DEMONSTRAÇÃO NECESSÁRIA. DENÚNCIA INEPTA. RECURSO
DESPROVIDO. I. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca, a
possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. III. A responsabilização
penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas
de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. IV. A
imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de
relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades. V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no
ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar
condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a
responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu
administrador ao agir em seu nome e proveito. VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver
intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. VIII. "De qualquer modo, a
pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu
representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.". IX. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas
penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e
desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. X. Não há ofensa ao princípio
constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de
duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada
qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. XI. Há legitimidade da
pessoa jurídica para figurar no pólo passivo da relação processual-penal. XII. Hipótese em que pessoa jurídica de
direito privado foi denunciada isoladamente por crime ambiental porque, em decorrência de lançamento de
elementos residuais nos mananciais dos Rios do Carmo e Mossoró, foram constatadas, em extensão aproximada
de 5 quilômetros, a salinização de suas águas, bem como a degradação das respectivas faunas e floras aquáticas
e silvestres. XIII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física,
que atua em nome e em benefício do ente moral. XIV. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa
jurídica é a própria vontade da empresa. XV. A ausência de identificação das pessoas físicas que, atuando em nome
e proveito da pessoa jurídica, participaram do evento delituoso, inviabiliza o recebimento da exordial acusatória.
XVI. Recurso desprovido.
STF - RE: 548181 PR, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 06/08/2013, Primeira Turma,
Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014
EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA
JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO PENAL À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA
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PESSOA FÍSICA QUE NÃO ENCONTRA AMPARO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. O art. 225, § 3º, da
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à
simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional
não impõe a necessária dupla imputação. 2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam
pela descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as
dificuldades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. 3. Condicionar a aplicação do art. 225, § 3º, da Carta
Política a uma concreta imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional,
expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar o alcance das sanções penais, mas também
de evitar a impunidade pelos crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos responsáveis
internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. 4. A identificação dos setores e
agentes internos da empresa determinantes da produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso
concreto como forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no exercício regular de
suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no interesse ou em benefício da
entidade coletiva. Tal esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, não se
confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa
das pessoas físicas envolvidas. Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas
ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de responsabilidade penal individual. 5. Recurso
Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido.
STJ - REsp: 1409051 SC 2013/0338393-8, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento:
20/04/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/04/2017
RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA
DE DANO EFETIVO AO MEIO AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA.
RECURSO PROVIDO. 1. A devolução do peixe vivo ao rio demonstra a mínima ofensividade ao meio ambiente,
circunstância registrada no "Relatório de Fiscalização firmado pelo ICMBio [em que] foi informado que a gravidade
do dano foi leve, além do crime não ter sido cometido atingindo espécies ameaçadas." 2. Os instrumentos utilizados
- vara de molinete com carretilha, linhas e isopor -, são de uso permitido e não configuram profissionalismo, mas
ao contrário, demonstram o amadorismo da conduta do denunciado. Precedente. 3. Na ausência de lesividade ao
bem jurídico protegido pela norma incriminadora (art. 34, caput, da Lei n. 9.605/1998), verifica-se a atipicidade da
conduta. 4. Recurso especial provido para reconhecer a atipicidade material da conduta, restabelecendo a decisão
primeva de rejeição da denúncia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
DIZER O DIREITO. É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por crime ambiental, ainda que não haja
imputação contra pessoas físicas?. Disponível em: <https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/e-possivel-
responsabilizacao-penal-da.html> Acesso em: 07.04.2020.
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