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RGM 219.889
BACHARELADO EM DIREITO
Banca Examinadora:
ORIENTADOR: _________________________________________________________
MEMBRO: _____________________________________________________________
MEMBRO:______________________________________________________________
Aos meus pais, a meus dois amores, meu marido e minha linda filha
Loren,
banca examinadora.
“Enquanto tratarmos os animais como coisas ou
objetos para mero consumo, continuaremos sendo um
país subdesenvolvido. A grandeza de uma nação pode
ser julgada pelo modo que seus animais são tratados”.
Mahatma Gandhi
1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
a. MEIO AMBIENTE
i. CONCEITO
b. A FAUNA E A FLORA E SUA PROTEÇÃO JURÍDICA
i. Conceito de fauna dos crimes contra a fauna da Lei. 9.605/98
ii. O objeto jurídico nos crimes contra a fauna
iii. O objeto material nos crimes contra a fauna
c. OS ANIMAIS
i. CONCEITO
ii. ANIMAIS SILVESTRES
iii. ANIMAIS DOMESTICADOS
iv. ANIMAIS DOMÉSTICOS
d. CRUELDADE CONTRA ANIMAIS – VER VEJA EDIÇÃO 1281 P 24
e. DIREITOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
f. A PROTEÇÃO JURÍDICA AOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
g. PROTEÇÃO CIVIL
h. PROTEÇÃO PENAL
2. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
a. ANTECEDENTES HISTÓRICOS
b. O DIREITO A PARTIR DO GOVERNO GETÚLIO VARGAS
c. A LCP
d. A MODIFICAÇÃO DE CONTRAVENÇÃO PENAL PARA CRIME
e. A LEI 9.605/98
i. COMPARATIVO DA LEI PARA OS ANIMAIS SILVESTRES E DOMÉSTICOS
ii. O ART. 32 CC § 2º DA LEI 9.605/98
iii. A LEGISLAÇÃO É BRANDA
iv. A NECESSIDADE DE EQUIPARAÇÃO DA PROTEÇÃO JURÍDICA AOS
ANIMAIS SILVESTRES E DOMÉSTICOS
3. LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA
a. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS (UNESCO,
1978)
b. DIREITOS DOS ANIMAIS NOUTROS PAÍSES
i. NA EUROPA – ver
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33134-41848-
1-PB.pdf
ii. NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – VER VEJA ED. 1281 P 24
4. JURISPRUDÊNCIA – VER TJSP E STJ
2
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
1. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA........................................................................ 5
1.4.............................................................................................................16
1.4.2 .........................................................................................................19
2.1 Conceito....................................................................................................36
2.2 Origem.......................................................................................................38
42
qualificadas.....................................................................................46
63
Individualização da Pena........................................................................... 63
CONCLUSÃO.......................................................................................................92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................96
INTRODUÇÃO
Historicamente, os animais sempre foram como coisa, uma utilidade para a satisfação das
necessidades humanas.
4
É da Bíblia as mais conhecidas citações que colocam os animais como objeto destinado ao
deleite e apossamento pelo homem. No Livro do Gênesis, está descrito como, no sexto dia da
Semana da Criação, Deus criou o céu, a terra, os animais e o homem.
“Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos igualmente,
e da mesma forma todos os animais, que se arrastam sobre a terra. E Deus viu que isso era bom
(Gênesis 1,25).
Interessante notar que pela sequência das passagens bíblicas, o homem sobreveio aos
animais, criados no quinto dia visto que no sexto dia Deus disse: “Façamos o homem à nossa
imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os
animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra"
(Gênesis, 1,26).
Desta forma, Deus criou e colocou o homem, feito à sua imagem e semelhança, no centro
das coisas existentes.
Desde esses tempos imemoráveis até os dias modernos prevalece a visão antropocêntrica
da criação, o homem como o centro das coisas, reinando sobre os mundos mineral, animal e
vegetal.
Portanto, não há de se supor que esse modo de ver do homem em relação aos animais se
desfaça de um momento para o outro.
De propriedade por desígnio divino, os animais passaram à propriedade humana por direito
(res, bens, coisas).
5
Essa visão sistêmica do mundo dos seres vivos reclama que os animais passem a ser vistos
não como coisa, nem propriedade, estatal ou do povo, mas, sim, como seres por si só possuidores
de direitos à vida, à sadia integridade física e ao bem-estar, porquanto são tão importantes como o
homem na busca da preservação do próprio planeta Terra.
Por esse aspecto, ainda admitida a possibilidade de subjugação de uma espécie pela outra
em busca da sobrevivência (instinto natural da fome), mas sendo o homem portador de recursos
intelectuais e de criação mais avançados em relação aos animais, é de se exigir uma conduta
humana mais próxima da manifestada pelos animais na natureza, em que os mesmos caçam e
subjugam os demais para satisfação da fome e quando o outro põe em risco a sua própria
sobrevivência.
Assim, restaria a intervenção humana no mundo dos chamados animais irracionais somente para
satisfação da própria fome e para o deleite visual. Tais atividades seriam limitadas em função da
mencionada necessidade de preservação das espécies como um todo e da mínima intervenção
humana no mundo animal, exatamente quando o aumento do número de uma (a espécie humana)
ponha em risco a manutenção da outra.
dos animais parece se situar aquém dos princípios constitucionais trazidos pela
das já tão novas diretrizes traçadas pela Carta Constitucional de 1.988 sobre a
de crueldade.
1. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Getúlio Vargas. Este decreto se equiparou a Lei por ter a mesma força e valor,
ser protegidos constitucionalmente em seu título VII, capítulo VI, artigo 225, e
preceitos constitucionais.
contra a Fauna, nos artigos 29 à 37, condutas típicas de maus tratos a animais.
na Lei Federal supra citada de 1998, com pequenas citações sobre Leis
conhecimento científico.
e penalmente, “as práticas que coloquem em risco a sua função ecológica (da
crueldade” (art. 225,§ 1º, VII c.c § 3º). Este o bem jurídico principal. Tanto é que o
Capítulo é intitulado “dos crimes contra o meio ambiente”. Difere do bem jurídico
tutelado pela Lei 5.197, de 03.01.67, que anteriormente dispunha sobre crimes
naturais.
o respeito devido aos animais que, na hipótese do art. 32, é o bem jurídico
9
qual os animais não podem ser sujeitos passivos de crime, mas seus proprietários
Dos 14 arts., destaco o art. 2º: “a) Cada animal tem direito ao
dever de colocar a sua consciência a serviço dos outros animais; c) Cada animal
fauna, com maior ou menor especificação. Assim, no art. 29, caput, são os
fauna; no art. 29, § 1º, II, o ninho, abrigo ou criadouro natural; no art. 29, § 1º, III,
bem como produtos e objetos dela oriundos; no art. 29, § 4º, I, a espécie rara ou
répteis; no art. 31, espécime animal exótico; no art. 32, animais silvestres,
1
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal, volume 1: parte
geral,
arts. 1º a 120 do CP. 24ª ed. rev. e atual. até 31 de dezembro de 2006. São Paulo: Atlas, 2008,
p. 244-245.
10
art. 33, espécimes da fauna aquática; no art. 33, parágrafo único, I, viveiros,
açudes ou estações aquicultura de domínio público; no art. 33, parágrafo único, II,
III, bancos de moluscos e corais; no art. 34, I, II, III, c.c. art. 36, espécimes dos
alternativos”).
quais serve habitualmente. Sobrevivem não por suas próprias condições, mas
pelas condições oferecidas pelo homem. De acordo com a Portaria IBAMA 93/98,
previsto no art 32 da Lei 9.605/98 e que são aceitas pela sociedade como
humanos.
13
detenção, que, porém, é puramente formal no que diz respeito à execução, com a
fechado, permitindo-se, porém, a regressão a tal regime nos termos do artigo 118
internado.
complexa.
2
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Código Penal Interpretado. 6ª Edição. São
Paulo: Atlas, 2007, p. 313.
3
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual Processo Penal e Execução Penal. 6ª ed. rev., atual. e
amp. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 1040.
15
punir e humanizar.
referida lei estabeleça, expressamente, que a execução não possui tal natureza.
poderá ser feita pelo Poder Judiciário. Entretanto, seguindo esse entendimento,
4
MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 9ª ed. rev., amp. e atual. de acordo com as Leis
n. 12.258/2010 (monitoramento eletrônico) e 12.313/2010 (inclui a Defensoria Pública como
órgão da execução penal. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 31.
16
em razão disso, dos princípios constitucionais do devido processo legal. Daí por
natureza judicial, a ser resolvido pelo juízo da execução penal (LEP, art. 194).
7.210/84).
5
PAGLIUCA, José Carlos Gobbis. Direito Penal: legislação especial e execução penal. 3ª ed.
São
Paulo: Ed. Rideel, 2009, p. 210.
17
pelo Juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
progressão”.
de diversos autores, uma vez que em seu artigo 2º, parágrafo 1º, estabelecia que
em regime fechado.
8.072/90, passando a pena aplicada aos crimes previstos no seu artigo 2º, a ser
Lei nº. 8.072/90, onde os condenados às penas previstas nos crimes hediondos, a
reincidente.
112, da Lei de Execução Penal ou o parágrafo 2º, do artigo 2º, da Lei dos Crimes
Hediondos.
Corpus 82.959-7, dizia respeito apenas ao caso julgado, não tendo, portanto,
6
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 374.
19
Federal, in verbis:
cumprimento de pelo menos 1/6 (um sexto) da pena para ter sua progressão de
coletiva.
tempo esse sistema acha-se em crise, apesar da evolução que ele teve. Essa
21
possa ser integrante de conjunto arquitetônico com outra destinação, desde que
compreendem:
semana;
22
Técnica de Classificação;
sim, uma “escola do crime”, onde aqueles criminosos de menor potencial acabam
quanto maior e mais grave o crime cometido por ele, mais ele será respeitado no
convívio carcerário.
sentença pelo juiz que a proferir. Esse regime significa a sistemática, a marcha
o regime aberto aquele em que a pena deve ser cumprida em casa de albergado
ou estabelecimento adequado.
merecimento de cada condenado, bem como aos critérios legais, com ressalvas
que o condenado que cumpre pena no regime fechado não pode progredir
progressão com a passagem de regime mais rigoroso para o mais brando, sem
7
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal, volume 1: parte
geral, arts. 1º a 120 do CP. 24ª ed. rev. e atual. até 31 de dezembro de 2006. São Paulo: Atlas,
2008, p. 252.
24
provisórios (art. 102 da LEP). Todavia, na prática, os presos não ficam em celas
definitivos.
8
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de Barros. Direito Penal, Parte Geral: v. 1. 6ª ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 455.
25
pena superior a 04 (quatro) anos, que não exceda a 08 (oito). Porém, conforme a
ou superior.
deveria lhe garantir seus direitos previstos em lei, mas que na verdade são
9
MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 9ª ed. rev., amp. e atual. de acordo com as
Leis n. 12.258/2010 (monitoramento eletrônico) e 12.313/2010 (inclui a Defensoria Pública
como órgão da execução penal. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 142.
26
vedados, uma vez que o Estado não disponibiliza vagas suficientes no regime
semiaberto.
relação a isso.
aberto, quando for primário e a pena a ele aplicada for igual ou inferior a quatro
(04) anos. Porém, caso o crime seja cometido sem violência ou grave ameaça à
pessoa, a pena aplicada poderá ser substituída por restritiva de direito, ou ainda,
27
Execução Penal”, aponta o lado negativo em relação a esse regime, uma vez que
Execução Penal.
ápice dentro do tema, no artigo 95, que com regra impositiva determina que “em
10
MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 9ª ed. rev., amp. e atual. de acordo com as
Leis n. 12.258/2010 (monitoramento eletrônico) e 12.313/2010 (inclui a Defensoria Pública
como órgão da execução penal. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 144.
28
cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter,
além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e
acima por Renato Marcão, visto que há uma falha imensa por parte do Estado em
domiciliar, que não deve ser confundida com a prisão albergue, visto que aquela
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e ostentar bom
29
Penal, discorda da decisão acima, pois considera pena cumprida como pena
Código Penal. Entendendo ele que tendo o condenado cumprido um sexto de sua
deverá cumprir apenas 1/6 (um sexto) da pena restante, e não da pena total
aplicada.
11
MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 9ª ed. rev., amp. e atual. de acordo com as
Leis n. 12.258/2010 (monitoramento eletrônico) e 12.313/2010 (inclui a Defensoria Pública
como órgão da execução penal. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 165.
30
condições, conferida ao condenado que cumpriu uma parte da pena que lhe foi
imposta”.
pena.
incisos e parágrafo único do Código Penal, bem como nos artigos 131 a 146 da
2003, que deu nova redação a dispositivos da Lei de Execução Penal, foi retirado
condicional está relacionado à quantidade da pena imposta, uma vez que a lei
igual ou superior a 02 (dois) anos, para que ele faça jus ao benefício. As penas
livramento.
terço) da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
para o pagamento de um título líquido, certo e exigível. Antes disso, não há mora.
14
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de Barros. Direito Penal, Parte Geral: v. 1. 6ª ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p.579.
32
SOUZA15 explica que ele poderá ser revogado, sendo facultado ao juiz fazê-lo se
for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja
obrigado a revogá-lo.
crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve
solto o condenado.
concedido.
15
SOUZA, Maíra Syltro de. Livramento Condicional. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/articles/26820/1/LIVRAMENTO-CONDICIONAL>. Acesso em 07-
08-2011.
33
1.9 DA REMIÇÃO
definitiva".
cuja contagem se dará da seguinte forma: 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze)
16
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas,
2006, p. 425-426.
34
forma a se compatibilizarem.
para efeito de progressão de regimes, tendo em vista que a lei não mais o exige
17
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual Processo Penal e Execução Penal. 6ª ed. rev., atual. e
amp. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 1000.
35
um diretor de presídio não pode ter força suficiente para determinar os rumos da
2. CRIMES HEDIONDOS
2.1 CONCEITO
legislador não ter oferecido uma noção sequer do que se entendeu ser a
(...) teríamos um crime hediondo toda vez que uma conduta delituosa
estivesse revestida de excepcional gravidade, seja a execução, quando
o agente revela total desprezo pela vítima, insensível ao sofrimento físico
ou moral a que a submete, seja quanto à natureza do bem jurídico
ofendido, seja ainda pela especial condição das vítimas.
18
LÚCIO, Vicente Carlos. Crimes Hediondos: Lei nº 8.072, de 25/07/90. Comentários, Doutrina,
Prática e Jurisprudência. Com as inovações da Lei nº 8.930, de 06/09/94; 9.677, de 02/07/98 e
9.695, de 20/08/98. -- Bauru,SP: EDIPRO, 1998, p. 28.
19
SILVA, Marisya Souza. Crimes Hediondos e Progressão de Regime Prisional. 2ª ed. rev. e
atual. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 129.
20
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 37.
37
da moral vigente”. Com base nisso, ele ensina que hediondo é o crime que causa
humana.
Crime hediondo pode ser definido como uma conduta típica revestida de
especial gravidade, que provoca instintiva revolta no ser humano, como
por exemplo, ocorre com os delitos de homicídio qualificado, genocídio,
latrocínio e estupro. Sendo os crimes hediondos também conhecidos na
doutrina como delitos de máxima potencialidade lesiva.
do ponto de vista material, o que é um crime hediondo. Ela não criou novos tipos
21
LEAL, João José. Crimes Hediondos: A Lei 8.072/90 como Expressão do Direito Penal da
Severidade. 2ª ed. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 37.
22
TOVIL, Joel. A (nova) Lei dos Crimes Hediondos comentada: aspectos penais, processuais e
jurisprudenciais (na forma das Leis 8.930/94, 9.677/98, 9.695/98 e 11.464/2007). 1ª ed. Rio de
Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2008, p. 1.
38
2.2 ORIGEM
defendida a ideia de ser inserido na Constituição Federal, que estava para ser
Democrático de Direito.
Com isso, foi inserido no texto do artigo 5º, inciso XLIII, que a “lei
23
LEAL, João José. Crimes Hediondos: A Lei 8.072/90 como Expressão do Direito Penal da
Severidade. 2ª ed. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 31.
39
infraconstitucional.
promulgada a Lei nº. 8.072, de 25 de julho de 1990, mais conhecida como Lei de
Crimes Hediondos.
24
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 158.
40
sequestro, que atingia a mais alta camada social, e que, até aquele momento, tais
fatos não faziam parte das estatísticas criminais. O tema, então, havia se inserido
na pauta social.
doutrina, a Lei nº. 8.072/90, que não prima pela técnica, foi editada “sob o
entre o final dos anos 80 e início dos 90, destacou-se a extorsão praticada contra
aos sequestradores.
2. Latrocínio.
9. Genocídio.
tentada e a consumada.
homicídio qualificado (CP, art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV e V).
Crimes Hediondos. Houve uma omissão por parte do legislador de 1990, que
é considerado por JOÃO JOSÉ LEAL 26 como o grande ou talvez o pior equívoco
da lei em estudo, pois o mais grave dos crimes não havia recebido o rótulo legal
dessa lei, a qual havia selecionado alguns tipos penais, de gravidade discutível,
26
LEAL, João José. Crimes Hediondos: A Lei 8.072/90 como Expressão do Direito Penal da
Severidade. 2ª ed. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 97.
43
modificadora do rol dos crimes hediondos, podendo-se dizer que referida lei teve
interesse particular, que foi o assassinato da atriz Daniela Peres. A mãe dessa
atriz, Glória Peres, conhecida autora de novelas, com o apoio dos meios de
Nacional, fortemente pressionado pela opinião pública, e motivado ainda por uma
8930/94.
extermínio, nos ensina ALBERTO SILVA FRANCO 27, que o texto do inciso I, do
artigo 1º da Lei dos Crimes Hediondos, inserido pela Lei nº 8.930/94, revelou uma
Diz ele que não será toda e qualquer hipótese de homicídio simples que terá a
27
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 549.
44
“Crimes Hediondos”, o legislador errou novamente. Referido autor nos ensina que
aderida ao homicídio qualificado não serviu para corrigir a distorção punitiva, mas
liberdade tem sua baliza mínima aumentada de quinze para vinte anos de
reclusão.
podemos observar que a Lei dos Crimes Hediondos que inovou, atribuindo àquele
de alguém.
morte da vítima, que não foi o objetivo primeiro do agente. Pondera ele, que o
resultado morte no denominado latrocínio é culposo, uma vez que não é objetivo
basta para transformar sua descrição típica. Outrossim, referida lei deu ao
quinze para vinte anos de reclusão. Ensina-nos ALBERTO SILVA FRANCO 30, que
29
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 562.
30
Ibdem, p. 563.
46
“extorsão qualificada pela morte” prevista no artigo 158, “caput”, e § 2º, do Código
extorsão entre os crimes hediondos, mesmo a qualificada pela morte. Tal crime foi
incluído no rol dos crimes hediondos, ante o clamor público da sociedade civil na
dos Crimes Hediondos, editada sob o impacto emocional da onda dos sequestros
no país.
47
considerada pela Lei dos Crimes Hediondos em todas as suas formas, desde a
Código Penal, onde se tratava dos crimes contra os costumes, passando a ter
31
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 520.
32
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a Dignidade Sexual: Comentários à Lei 12.015,
de 7 de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 101-102.
48
pudor.
retroativo para prejudicar o réu, mas não se impede que os tribunais continuem
entendiam de modo diverso devem passar a respeitar o novo critério legal a partir
previsto no artigo 267, caput, c .c. o seu § 1º, ambos do Código Penal, no rol dos
crimes hediondos dispostos no artigo 1º, da Lei nº 8.072/90, mostra uma diferença
conceito de epidemia para efeitos do artigo penal não difere do conceito comum
do termo.
aprovação da Lei nº 9.677/98, considerada por ele uma lei repressiva, aprovada
semestre de 1998, que foi marcado por diversas denúncias sobre falsificação de
de agosto de 1998, que tratou de corrigir o erro redacional da Lei nº. 9.677/98,
que pela mesma ementa considerava os delitos nela elencados como hediondos.
saúde pública.
2.4.8 GENOCÍDIO
34
LEAL, João José. Crimes Hediondos: A Lei 8.072/90 como Expressão do Direito Penal da
Severidade. 2ª ed. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 166.
35
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 99.
51
um vocábulo híbrido. Para alguns, deriva da palavra grega genos (raça, nação,
tribo) e do sufixo latino cidio (matar). Outros, preferem buscar a etimologia latina
nos dois componentes: genus (raça, povo, nação) e excidium (destruição, ruína).
nos leva a concluir que até mesmo o nomen iuris é passível de discussão.
considera o genocídio como uma das condutas mais perversas e sórdidas. Tal
religioso. Por essa razão, ela é considerada delito internacional pela Convenção
dezembro de 1948.
contrário ao espírito e aos fins das Nações Unidas e que o mundo civilizado
condena.
52
Convenção, somente foi cumprido pelo Brasil, por meio da Lei nº. 2.889, de 1º de
sua totalidade. Por outro giro, ela protege a vida em comum dos grupos de
Constituição.
editou uma lei às pressas, visando dar uma resposta à sociedade, devido ao fato
prática do crime de tortura, encontrado nos dois incisos do seu artigo 1º, in verbis:
Lei nº. 9.455/97, em certos aspectos, foi até mais benéfica que aquela, uma vez
que naquela época, era vedada a progressão de regimes aos crimes hediondos e
No entanto, o § 7º, do artigo 1º, da Lei nº. 9.455/97, determinou que o regime
tortura deverá ser o fechado; exceção feita à hipótese do § 2º, do mesmo artigo,
conforme estudado no capítulo que trata das penas, terá seu início no regime
hediondos estão definidos somente no artigo 1º da Lei nº. 8.072/90. O Artigo 2º,
caput, dessa Lei faz nítida diferenciação entre os crimes hediondos e os por ela
equiparados.
do artigo 2º, da Lei nº. 8.072/90, os autores dos crimes de tráfico ilícito de
várias condutas enquadráveis nos artigos que constavam da Lei nº 6.368/76, que
relativa à tipologia penal, permaneceu vigente a Lei nº. 6.368/76, até o advento da
anteriores.
37
JESUS, Damásio. Lei Antidrogas Anotada: Comentários à Lei nº. 11.343/2006. 9ª ed. São
Paulo: Ed. Saraiva, 2009, p. 76.
38
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 236.
56
condutas (artigos 33, inciso II, artigos 36, 37 e 39); alargou desmesuradamente as
deficiente porque não criou um tipo que corresponda ao nomen iuris de tráfico
Constituição Federal, e no artigo 2º, caput, da Lei nº. 8.072/90; tipificou diversas
condutas no artigo 33 e nos incisos I, II e III, do § 1º, desse mesmo artigo, que
não se acomodam ao conceito de tráfico, adjetivado pelo vocábulo ilícito, uma vez
39
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e amp.
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 236.
57
aplicava aos tipos penais dos artigos 12 e 13 da Lei nº. 6.368/76, embora
houvesse quem defendesse a aplicação também ao tipo penal do artigo 14. Daí,
Sendo eles o artigo 33, caput, e § 1º e todos seus incisos, o artigo 34 e o artigo
36. Salienta o autor em comento, que dúvidas haverá quanto aos artigos 35, 36 e
37.
2.5.3 DO TERRORISMO
mas nossa legislação ainda não tipificou o delito de terrorismo nem as figuras
típicas que lhe são afins, mostrando-se inexistentes e sem valor as regras da Lei
definido como crime de terrorismo, a Lei de Segurança Nacional – Lei nº. 7.170,
terrorismo contra a segurança nacional, mas não define o tipo penal terrorismo de
40
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010¸ p. 139.
58
inexiste o tipo penal incriminador, não há como aplicar as regras da Lei dos
Hediondos tenha o mencionado em seu artigo 2º, dentre os crimes a que serão
O artigo 2º, incisos I e II, da Lei nº. 8.072/90, além de dispor acerca
41
SILVA, Marisya Souza. Crimes Hediondos e Progressão de Regime Prisional. 2ª ed. rev. e
atual. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 144.
59
incluir também o indulto no rol das vedações, embora o constituinte não o tenha o
(artigo 107, inciso II, do Código Penal), além do mais, são institutos de direito
mediante lei. Todavia, caberá ao Poder Judiciário analisar seu alcance e aplicá-la
42
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, P. 170.
60
República (CF, art. 84, XII). Entretanto, essa atribuição pode ser delegada aos
condicional.
E mais:
Ministério Público do Estado de São Paulo, nos ensina que apesar da edição da
menos gravosa que a fiança para os crimes hediondos e equiparados, tal qual a
prevista no artigo 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, sob pena
de inconstitucionalidade.
não há que se falar, por ora, no cabimento do instituto da fiança para esses
delitos.
tocante aos crimes hediondos e assemelhados, uma vez que o artigo 1º do artigo
executada em fase única, ou, seja, deveria ser ela cumprida integralmente no
regime fechado.
individuais, será cumprida com respeito à dignidade humana, razão pela qual são
44
SILVA, Marisya Souza. Crimes Hediondos e Progressão de Regime Prisional. 2ª ed. rev. e
atual. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 84-85.
64
Assim sendo, o legislador foi infeliz quando fez inserir na Lei dos
livramento condicional.
45
MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 9ª ed. rev., amp. e atual. de acordo com as
Leis n. 12.258/2010 (monitoramento eletrônico) e 12.313/2010 (inclui a Defensoria Pública
como órgão da execução penal. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 179.
65
2º da Lei nº. 8.072/90 foi inserido de forma descabida pelo legislador ordinário,
pena, estabelecida no artigo 5º, incisos III, XLVII e LXIX, da Constituição Federal
de 1988. Ele afirma que pena executada com um único e uniforme regime
46
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 362-363.
66
social.
uma dessocialização.
vedação da progressão de regime prevista por vários anos no artigo 2º, § 1º, da
uma lei ordinária e a Constituição Federal, mas que tal conflito teria sido
princípios constitucionais.
47
SOBRINHO, Sérgio Francisco Carlos Graziano. A Progressão de Regime no Sistema
Prisional do Brasil: a interpretação restritiva e a vedação legal nos crimes hediondos como
elementos de estigmatização do condenado. 1ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2007, p.
119.
48
SILVA, Marisya Souza. Crimes Hediondos e Progressão de Regime Prisional. 2ª ed. rev. e
atual. Curitiba: Ed. Juruá, 2009, p. 91.
67
sustentava que competia à lei ordinária fixar os parâmetros dentro dos quais o
inciso XLVI, estabeleceu que nos crimes hediondos (definidos por ele também), o
cumprimento da pena será no regime fechado, significou que ele não quis deixar
49
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 365.
68
progressão de regimes de suas penas, não podendo nunca suprimir tal direito,
na pena privativa de liberdade. Pois, da maneira que foi feita, o legislador atacou
forma expressa à Lei dos Crimes Hediondos, bem como por se tratar de lei
50
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 367.
51
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 193.
52
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 193-194.
69
específica para o crime de Tortura, não tendo o condão de ser aplicada a outros
tipos penais, pois estes são regidos por uma lei também específica. Acrescenta
ele, que não é pelo fato de se tratarem de leis decorrentes do mesmo inciso LXIII
do artigo 5º da Constituição Federal, que a Lei de Tortura, por ser posterior e mais
benigna, revogaria a Lei dos Crimes Hediondos. Aduz ainda que a previsão
legislador infraconstitucional a tarefa de fazê-lo, que por sua vez editou duas leis
problema da Lei nº. 8.072/90 em face da Lei nº. 9.455/97 é a de saber como fica o
Lei nº. 8.072/90 pela Lei nº. 9.455/97 sempre esteve presente em nossos
Tribunais. Os debates sempre foram muito ricos sob o aspecto das posições
Federal havia editado a Súmula nº 698, que assim dispõe: "Não se estende aos
jurisdição constitucional. A uma, diz respeito às balizas que devem ser adotadas
penas.
53
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 368-369.
71
54
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 368-369.
72
Corte Suprema, alegando que ela estava adotando postura frouxa em relação aos
pena, entre condenados por crimes comuns e por crimes hediondos. De forma
condenado, por crime hediondo ou não, poderia ter sua progressão, passando do
Supremo Tribunal Federal não comportava todo aquele alarde produzido pelos
de liberdade.
55
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 371-372.
73
X, da Constituição Federal.
Federal enviou ao Congresso Nacional projeto de lei que previa uma distinção
em relação aos condenados por crimes previstos na Lei nº. 8072/90. De acordo
pena, e para aquele reincidente, deveria cumprir pelo menos metade de sua
veículo onde ele estava com seus pais, o arrastaram pelas ruas, pois ele se
diante desse crime brutal, foi de fazer campanha que impactou a opinião pública e
as forças políticas, exigindo-se uma legislação penal mais repressiva para esse
tipo de crime.
74
críticas do autor ALBERTO SILVA FRANCO 56, que alega que a retirada de
pelo Governo Federal foi deixado de lado, sendo então formulada a Lei nº.
partir de sua etapa inicial, ou seja, do regime fechado. Isso evidencia o caráter
artigo 2º da Lei de Crimes Hediondos, com a redação dada pelo novo diploma
56
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 372.
57
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed. rev. atual. e amp.
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010, p. 374.
75
Lei nº. 11.464/2007, que entrou em vigor no dia 29 de março de 2007, que regula,
regimes prisionais.
como hediondos ou assemelhados, uma vez que antes de sua vigência, o regime
Corpus nº 82.959-7, não tinha efeito erga omnes, dizendo respeito tão somente
58
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 210.
76
acima exposto, não teve o condão de revogar a Lei dos Crimes Hediondos,
8.072/90, pois não havia sido revogada por nenhuma outra lei, nem teve
suspensa sua execução pelo Senado Federal. Por esses motivos, considerava
essa corrente que a nova lei (11.464/2007) é mais benéfica – novatio legis in
progressão era possível, porém, deveria ser aplicado o percentual de 2/5 (dois)
resumo, para essa corrente mais conservadora, se antes da vigência da Lei nº.
11.464/2007 não se admitia a progressão e agora sim, esta lei é mais benéfica.
fechado para o semiaberto, desde que tenha sido cumprido um sexto da pena no
Penal. Segundo essa posição, até a entrada em vigor da Lei nº. 11.464/2007,
inferior ao que foi determinado na atual disposição legal. Destarte, por se tratar de
corrente é a que merece o mais irrestrito apoio. Para ele, os percentuais de 2/5
(dois quintos) e 3/5 (três quintos) são inquestionavelmente bem mais rigorosos
que o de 1/6 (um sexto) estabelecido pelo artigo 112 da Lei de Execução Penal.
dada pela Lei nº. 11.464/2007, só poderá ocorrer, em relação a crimes hediondos
Execução Penal.
observar que ele destaca a possibilidade de uma terceira corrente, com posição
cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior (regra geral do art.
112 da LEP), era possível apenas para os crimes praticados após essa data.
fevereiro de 2006 (data do julgamento do Habeas Corpus nº. 82.959, pelo STF) e
28 de março de 2007 (data da nova lei), a regra não se aplica, porque, no caso,
seria mais gravosa. Portanto, para esses crimes, o requisito objetivo continua
em tela, pois para esses crimes já era permitida a progressão de regime pela
Tortura). Para os condenados por esses crimes, o requisito objetivo era o da regra
geral do artigo 112 da Lei de Execução Penal (1/6). Portanto, em relação a eles a
nova regra é mais severa, e não retroage. Aplica-se somente aos casos ocorridos
delito praticado, não incide na categoria do bis in idem, como por vezes já se
61
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Código Penal Interpretado. 6ª Edição. São
Paulo: Atlas, 2007, p. 515.
80
vias recursais. Sendo irrelevante que o réu tenha cumprido ou não a pena ou que
majoritária já decide sob a ótica de que se alguém pode sofrer penalidade mais
deva o criminoso reincidente ter também uma sanção mais elevada. Ademais, ele
não está sofrendo uma nova punição pelo crime anterior, e sim um aumento na
sua pena pela prática de um novo delito, uma vez que ao voltar a delinquir, o
reincidência.
62
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: Parte Geral: Parte Especial. 4ª ed.
rev., atual. e amp. 3ª tir. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 453.
81
depois de ter sido condenado, com trânsito em julgado, mas ainda sem cumprir a
pena.
dos Crimes Hediondos, com a redação dada pela Lei nº. 11.464/2007, não deve
coincidir com aquele previsto no artigo 63 do Código Penal aplicável aos demais
delitos não considerados hediondos. No caso dos crimes hediondos, entende ele
crime hediondo, após ter sido condenado por crime desta mesma espécie,
“Crimes Hediondos”, ele nos dá uma hipótese para o assunto em estudo, em que
o agente seja condenado por crime hediondo ou assemelhado, mas antes de ter a
hipótese àquela em que o agente tenha sido condenado por lesões corporais
regime fechado para o semiaberto se dará após cumprido 2/5 (dois quintos) da
Hediondos, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº. 11.464/2007,
dispositivo legal tem-se uma conclusão de que o regime prisional inicial de todo e
fechado.
83
individualização da pena?
aguardar a decisão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, uma vez que
advento da Lei 11.464/07, a redação deste artigo dispunha que a pena por crimes
à época, em vários julgados que impor que determinado crime devesse ser
pena.
regra do § 1º do art. 2º só pode ser concebida como “indicativa”, não como regra
absoluta. Cabe ao juiz avaliar o que é mais adequado em cada caso concreto. A
65
GOMES, Luiz Flávio; SOUZA, Áurea Maria Ferraz de. Crimes Hediondos: regime inicialmente
fechado. Sempre?. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>. Acesso em: 07-08-2011.
66
GOMES, Luiz Flávio; SOUZA, Áurea Maria Ferraz de. Crimes Hediondos: regime inicialmente
fechado. Sempre?. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>. Acesso em: 07-08-2011.
84
encontrar no momento judicial, ou seja, naquele em que o juiz, dentro das balizas
brasileiro estabelece no seu artigo 33, § 2º, alíneas “a”, “b” e “c”, e § 3º, a forma
quantidade da pena aplicada, ele foi além do que lhe era permitido, e se pôs no
fechado, de forma obrigatória, ele impediu que o juiz pudesse, em caso de pena
igual ou inferior a quatro anos ou maior que quatro, mas inferior a oito anos,
restritiva de direitos.
legislador ordinário entra em colisão aberta com a nossa Lei Maior. Alegam
sustenta o seguinte:
irretroatividade da lei penal mais gravosa, que no caso em tela se trata da fixação
68
DELMANTO, Celso; DELMANTO, Roberto; JUNIOR, Roberto Delmanto et al. Código Penal
Comentado. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2010. , p. 218.
86
Senão vejamos:
- OBRIGATORIEDADE:
- NÃO OBRIGATORIEDADE:
com a redação que lhe foi dada pela Lei nº. 11.464/07, dispõe sobre a progressão
temporal, deve ser exigido outro de natureza mais subjetiva, como o bom
consonância com o disposto no art. 33, § 2º, do Código Penal, que condiciona a
Execução Penal, foi objeto de derrogação apenas em sua parte relativa ao tempo
69
LEAL, João José. Progressão de regime prisional e crime hediondo: análise da Lei 11.464/2007 à luz da
política criminal. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos>. acessado em 26-09-2011.
88
apenados por crime hediondo. No entanto, no que pertine ao mérito prisional, este
dispositivo da Lei nº. 7.210/84 continua com sua vigência e eficácia preservadas.
prisional.
131 a 146 da Lei de Execução Penal, assim como nos artigos 83 a 90 do Código
do Código Penal, acrescido pela Lei nº. 8.072/90, dispõe que nos casos de
cumprido mais de dois terço (2/3) da pena, e que também não seja reincidente
Lei dos Crimes Hediondos, mesmo tendo vedada a progressão dos regimes
sem a necessidade de que o condenado tenha que passar pelo estágio dos
(hediondos e assemelhados).
mas apenas que não teriam a progressão dos regimes prisionais até o
tal reincidência específica referida na Lei dos Crimes Hediondos não se tratava
daquela que constava anteriormente na redação primeira do antigo artigo 46, § 1º,
Lei nº 8.072/90 exige apenas que os delitos sejam “dessa natureza”, ou seja,
com sentença transitada em julgada por um dos crimes ali referidos, venha a
podemos destacar na lição de MIRABETE 71, que a Lei de Tóxicos (11.343, de 23-
por crimes relacionados com o tráfico de drogas, descritos nos artigos 33, caput, e
11.343/06.
70
MONTEIRO, Antônio Lopes. Crimes Hediondos, textos, comentários e aspectos polêmicos. 9ª
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2010, p. 184.
71
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal, volume 1: parte
geral, arts. 1º a 120 do CP. 24ª ed. rev. e atual. até 31 de dezembro de 2006. São Paulo: Atlas,
2008, p. 347.
91
Código Penal, com a redação dada pela Lei nº. 8.072/90, só pode ser aplicado
aos condenados por crimes praticados após a vigência dessa Lei, pois, por se
tratar de lei penal mais severa, veda-se sua irretroatividade, em face do princípio
CONCLUSÃO
ser respondida com base em pesquisas doutrinárias, assim como pelas decisões
Do que foi pesquisado e trazido para este trabalho, notamos que a pena
desde os tempos mais remotos. Isso porque ela é considerada como o meio de
correção do indivíduo que comete crimes. Ledo engano. Uma vez que a pena
sistema carcerário está notadamente falido e o Estado não possui (ou pelo menos
sendo criadas. Muitas delas impulsionadas pela forte pressão dos meios de
Congresso Nacional criava leis para dar uma resposta rápida à sociedade, sem se
crimes hediondos. Não parando por aí, pois a Lei de Tortura também foi editada
Outro exemplo, e que faz parte do núcleo central de nosso estudo, foi o
Cabe ainda lembrar que a própria Lei dos Crimes Hediondos, inclusive, só
acadêmicos do curso de Direito, haja vista que se trata de uma lei que já teve um
haver diversas dúvidas sobre a aplicação ou não da decisão proferida pela nossa
Corte Suprema, haja vista que muitos julgadores a considerava aplicável somente
tal entendimento, o que resultou na edição da Lei nº. 11.464/2007, cujo tópico
integralmente.
lei, considerada por uma corrente como mais benéfica, tendo em vista que antes
não se podia haver a progressão, pois era vedada por lei. A outra corrente, por
sua vez, entendia que essa lei era mais gravosa, diante da posição do Supremo
Execução Penal, aplicável aos demais crimes (não hediondos), o que a tornaria
irretroativa.
Diante dessa controvérsia, mais uma vez nossa Corte Suprema, por meio
entendimento de que referida lei, por se tratar de diploma legal mais severo, não
Lei nº. 11.464/2007. Portanto, nesse caso, deve-se aplicar a regra geral do artigo
julgador fixar o regime prisional inicial, devendo ele avaliar o que é mais
95
Por fim, concluímos que para a progressão dos regimes prisionais nos
esse respeito. Pudemos observar através deste estudo que a tentativa de se criar
uma forma de punição mais rigorosa àqueles que cometem crimes hediondos, o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAZ, Marco Antônio Garcia. Cabe, em tese, a liberdade provisória sem fiança
(CPP – art. 310, parágrafo único) ao flagrado por crime de tráfico ilícito de
drogas ou outros crimes tratados na Lei 8.072/90, após o advento da Lei
11.464/07?. Disponível em: <http://www.mp.sp.gov.br/>. Acesso em 02-10-2011.
FRANCO, Alberto Silva; LIRA, Rafael; FELIX, Yuri. Crimes Hediondos. 7ª ed.
rev. atual. e amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2010.
GOMES, Luiz Flávio; SOUZA, Áurea Maria Ferraz de. Crimes Hediondos:
regime inicialmente fechado. Sempre?. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>.
Acesso em: 07-08-2011.
MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Execução Penal. 11ª ed. São
Paulo: Atlas, 2006.