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Material Teórico

Direito Processual
Civil (I)
Tema 4
Das Respostas do Réu

Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa


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Das Respostas do Réu

A citação garante ao réu o direito de participação na relação jurídica,


possibilitando a sua resposta, em obediência ao princípio do contraditório e da
ampla defesa.

DA RESPOSTA DO RÉU
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em
petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e
reconvenção.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para
responder ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda
não citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho
que deferir a desistência.
Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas
simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em
apenso aos autos principais.

São várias as manifestações do réu, diante da citação:

Contestação

O réu, perante a citação, deve efetivar sua defesa, sendo a


contestação o instrumento imprescindível para exercê-la.
Determina o art. 300 CPC, que a contestação é a defesa
propriamente dita:

Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a


matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito,
com que impugna o pedido do autor e especificando as
provas que pretende produzir.

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O réu deve alegar todas as defesas que tenha contra o pedido do autor, sob
pena de preclusão1.

O art. 303 CPC aponta que só direito superveniente e questões de ordem


pública podem ser arguidas a posteriori:

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir


novas alegações quando:
I - relativas a direito superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em
qualquer tempo e juízo.

A defesa processual é exposta, na contestação, em preliminar. Enumera o art.


301 CPC tais hipóteses:

a. Nulidade ou inexistência de citação: a triangulação da relação


jurídica não se efetivou, o réu deverá arguir a mácula sob pena de
suprimento da citação (art. 214 CPC):

Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a


citação inicial do réu.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu supre,
entretanto, a falta de citação.
§ 2o Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e
sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em
que ele ou seu advogado for intimado da decisão.

b. Incompetência absoluta: não obedecido o critério da competência


em razão da matéria e da função pode o réu pedir apreciação do
juiz a fim de que os autos sejam enviados ao juízo competente.
Serão nulos os atos decisórios emanados, nos termos do art. 113,
parágrafo 2º CPC:

Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada


de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau
de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou
na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos, a
parte responderá integralmente pelas custas.
§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos
decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz
competente.

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Princípio da Eventualidade.

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c. Inépcia da inicial: a petição inicial está com vício grave,
apresentando ausência de pedido, de narrativa dos fatos e
fundamentos jurídicos (causa de pedir), de lógica na estruturação da
peça, impossibilidade jurídica do pedido ou pedidos incompatíveis:

Art. 295
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial
quando:
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

d. Perempção: restrição ao direito de demandar pela quarta vez,


porque o autor foi desidioso e deixou extinguir o processo por não
prover o andamento do processo (268, parágrafo único do CPC):

Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes,


à extinção do processo pelo fundamento previsto no no
III (quando, por não promover os atos e diligências que
Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias) do
artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

e. Litispendência: impossibilidade de se repetir ação, já que há outra


idêntica em curso.

CPC 301 § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa


julgada, quando se reproduz ação anteriormente
ajuizada.

f. Coisa Julgada: idêntica ação já foi alvo de tutela jurisdicional, com


sentença de mérito e solução da lide. Não pode ser reproposta a
segunda ação, merecendo sua extinção pelo juiz.

CPC 301 § 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem


as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o
mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em
curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi
decidida por sentença, de que não caiba recurso.

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g. Conexão: duas ações com mesmo objeto, mesma causa de pedir. A
última ação proposta deverá ser reunida com a anterior para
julgamento conjunto (105 CPC):

Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de


ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode
ordenar a reunião de ações propostas em separado, a
fim de que sejam decididas simultaneamente.

A conexão envolve, como diz o art. 103 CPC “duas ou mais


ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir”, ou
seja, = pedido; = causa de pedir. Exemplo:

 Ação de consignação em pagamento e ação


ordinária em que se discute a cláusula contratual de
correção das parcelas consignadas.
 Ação de alimentos e de investigação de paternidade.

A continência envolve 2 ações com mesmas PARTES e mesma


CAUSA DE PEDIR. Porém a causa maior (continente) abrange a
menor (contida). Ex. DIVÓRCIO litigioso (causa continente) e
ação de regulamentação de visitas (causa contida).

EFEITO: 105 CPC – reúnem-se ações, de ofício ou a


requerimento das partes. Ao se reunirem as ações pode haver
uma causa modificadora da competência, somente se a
competência for relativa, porque serão reunidos os pedidos para
obter julgamento conjunto e evitar decisões conflitantes.

h. Falta de representação, autorização ou incapacidade de parte: a


representação processual não está conforme a lei processual exige,
podendo invalidar toda a demanda se não arguida tempestivamente.

Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher


podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a
recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja
impossível dá-la.
Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou
da outorga, quando necessária, invalida o processo.

Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a


irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo
o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.
Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a
providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.

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i. Convenção de Arbitragem: a demanda deverá ser julgada por árbitro,
por vontade das partes (contrato), uma vez que consentiram na
resolução do litígio que verse sobre DIREITOS PATRIMONIAIS
disponíveis.

j. Carência da ação: ausência de possibilidade jurídica do pedido,


interesse de agir e legitimidade das partes.

Art. 295. A petição inicial será indeferida:


I - quando for inepta;
II - quando a parte for manifestamente ilegítima;
III - quando o autor carecer de interesse processual

k. Falta de caução: a caução é uma garantia prestada por determinação


legal. A doutrina aponta como exemplos o art. 488 CPC.
Necessidade de a parte depositar 5% do valor da causa para propor
ação rescisória; O art. 835 CPC dispõe que autor estrangeiro não
residente no país deve caucionar as custas e honorários, se não tiver
bens imóveis aqui, para garantir o pagamento se perder a demanda.

O réu pode, ainda, argumentar diretamente contra o pedido do autor. As


alegações diretas e indiretas ao direito do autor são apontadas como fatos
impeditivos (exemplos: exceção de contrato não cumprido, exceção de
cumprimento defeituoso do contrato), fatos modificativos (que é a mudança
na relação jurídica narrada na inaugural. Exemplos: novação, transação,
compensação, confusão, pagamento em consignação, etc), fatos extintivos
(tornam a ação improcedente porque extinguem o direito em causa. Exemplos:
pagamento, morte do titular do direito personalíssimo, prescrição, decadência,
etc).

São pressupostos processuais objetivos extrínsecos, de acordo com a doutrina,


a omissão, ausência ou inexistência de fatos impeditivos do direito do autor, a
coisa julgada e a litispendência.

O ônus da impugnação especificada determina que o réu deverá detalhar os


pontos pelos quais diverge da inicial, sob pena de presumirem-se verdadeiros e
confessados. Fato confessado dispensa prova (não se aplica este ônus ao
Ministério Público, advogado dativo e curador especial).

Finalmente, deve o réu, na contestação indicar as provas que pretende


produzir.

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Exceções

O réu pode apresentar defesa indireta (contornando a


inicial) e provocar o retardamento da apreciação do mérito
da causa.

São as exceções, ou seja, incidentes processuais que


versam sobre:

a. Incompetência relativa (exceção declinatória de


foro) regulada no CPC:

Das Exceções
Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a
incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).
Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de
jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias,
contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a
suspeição.
Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição
pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua
imediata remessa ao juízo que determinou a citação.
Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até
que seja definitivamente julgada.

Subseção I
Da Incompetência
Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e
devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina.
Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o
excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.
Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará
audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias.
Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente
improcedente.
Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz
competente.

Portanto, a exceção declinatória de foro visa evitar que a competência


territorial se prorrogue, devendo o réu indicar na peça, para qual juízo os
autos devem ser enviados.

b. Suspeição ou Impedimento do JUIZ (exceção de suspeição ou de


impedimento). O Juiz (órgão jurisdicional) deve ser imparcial, por isso,
se estiver em quaisquer hipóteses previstas no art. 134 e 135 CPC é
considerado maculado para atuar. O processo ficará suspenso até que
seja definitivamente julgada a exceção:

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IMPEDIMENTOS

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou


voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou
como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença
ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge
ou qualquer parente seu,consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha
colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em
linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte
na causa.
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao
advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.

SUSPEIÇÃO

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:


I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de
parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar
alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para
atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de


todos os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se declarar
suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes (art. 304).

Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição:


I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos
casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;
II - ao serventuário de justiça;
III - ao perito;
IV - ao intérprete.
§ 1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em
petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em
que Ihe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em
separado e sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco)
dias, facultando a prova quando necessária e julgando o pedido.
§ 2o Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.

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RECONVENÇÃO

Pode o réu fazer pedido, apresentando outra peça, além da contestação.


A RECONVENÇÃO (315 CPC) como modo de CONTRA ATAQUE ao
direito do e pedido do autor:

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez
que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao
autor, quando este demandar em nome de outrem.

Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na


pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze)
dias.

Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que


a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.

Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

Ocorre dentro do processo já iniciado e provoca a manifestação judicial


sobre a lide do autor e a trazida pelo réu, na mesma sentença.

São requisitos para apreciação da reconvenção haver juiz competente,


ritos compatíveis, conexão entre os fundamentos da defesa (Exemplos:
autor quer cumprimento de cláusula contratual, réu pede rescisão; autor
quer despejo, réu quer indenização por benfeitorias, locatário quer
consignar aluguel, locador quer despejo).

Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será CITADO, na pessoa


de seu procurador ou advogado, POR PUBLICAÇÃO PELA IMPRENSA
OFICIAL para contestá-la no prazo de 15 dias. Como a ação está em
trâmite a citação utiliza a forma de uma INTIMAÇÃO.

O prazo para reconvir é o mesmo das respostas do réu, 15 dias.

Quanto à forma, a reconvenção é peça autônoma à contestação, mas


deve ser ofertada no mesmo prazo e em conjunto com a contestação
(299 CPC).

Como a reconvenção equivale a uma relação processual distinta do


pedido inicial, o juiz pode julgar, por exemplo, improcedente a inicial e
procedente a reconvenção. Pode extinguir a inicial e julgar o mérito da
reconvenção...

A reconvenção NÃO É POSSÍVEL nos juizados especiais, processo de


execução, nas cautelares, ações com rito sumário, nas possessórias e
ação renovatória de locação.

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Pedido Contraposto

Resposta e atitude do réu em fazer um pedido conexo


à causa de pedir do autor:

Art. 278 § 1º É lícito ao réu, na contestação,


formular pedido em seu favor, desde que
fundado nos mesmos fatos referidos na inicial.

Ocorre nos juizados especiais cíveis e no rito sumário,


onde a intenção é FAZER PEDIDO no corpo da
contestação ou oralmente – chamado PEDIDO CONTRAPOSTO.

A terminologia provém da Lei 9099/95 art. 17, parágrafo único:

Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á,


desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio de
pedido e a citação.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada
a contestação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença.

No rito sumário, o art. 278, parágrafo 1º do CPC estabelece que se o réu,


fundado nos mesmos fatos referidos na inicial, formular pedido a seu favor na
contestação, o juiz poderá reconhecê-lo, dado ao caráter dúplice que a
contestação pode assumir nesse procedimento.

Exemplos: discussão da culpa em acidente de veículos; pedido de indenização


do réu, no caso de desabamento, etc.

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Ação Declaratória Incidental

Além de contestar, o réu pode defender-se provocando a


suspensão do processo até que o julgador aprecie questão
incidente. O réu, para tanto, deve ingressar com ação
declaratória incidental (5o CPC):

Art. 5o Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de


cuja existência ou inexistência depender o julgamento da lide, qualquer
das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença.

A ação declaratória é movida no curso de outra, para que sejam julgadas as


ações em conjunto, já que o mérito esbarra numa questão prejudicial (relação
jurídica), que precisa ser declarada.

Em regra, os motivos narrados na fundamentação da sentença, não são


alcançados pela coisa julgada (470 CPC), porém com a Ação Declaratória
Incidental amplia-se a decisão, aumentando o objeto da sentença para a parte
de sua motivação (questão prejudicial) que é também MÉRITO da decisão. A
intenção é evitar decisões conflitantes.

Exemplos:

 Ação de alimentos (é a ação principal): réu provoca a investigação


paternidade (Ação Declaratória Incidental - ADI). A sentença reconhece
e amplia a paternidade ou não.

 Ação de despejo: réu ingressa com ADI para declarar a inexistência da


relação de locação (para tentar configurar COMODATO). A ação
incidental PREJUDICA a principal.

Reconhecimento Jurídico do Pedido

Trata-se da RENDIÇÃO DO RÉU, praticando ato de


reconhecimento jurídico do pedido (269, II CPC), quer em
petição simples, na contestação ou oralmente, se ouvido em
depoimento pessoal:

Art. 269. Haverá resolução de mérito:


II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

É ato privativo do réu que admite o pedido formulado pelo autor. Deve o
requerido ser capaz e o pedido disponível. Pode alcançar todo o objeto da ação
(total) ou parte dele (parcial). O reconhecimento jurídico do pedido vincula o
Juiz na procedência da demanda.

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Impugnação do Valor da Causa

Pode o réu impugnar O VALOR DA CAUSA, provocando incidente no processo


(261 CPC):

Art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor


atribuído à causa pelo autor. A impugnação será autuada em apenso,
ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, sem
suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de
perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o valor da causa.

Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor


atribuído à causa na petição inicial.

O pedido de impugnação fica em apenso, mas o Juiz não


suspende o processo.

A impugnação pode ser admitida em qualquer tipo de


processo para majorar ou diminuir o valor dado à causa
pelo autor, recolhendo-se às custas complementares, se
necessário for.

Revelia

Pode o réu silenciar. A OMISSÃO DO RÉU ou SUA INÉRCIA no


direito de defesa é a REVELIA (319 CPC):

DA REVELIA
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão
verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito
mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar
a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do
instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido,
ou a causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo
promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de
responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os
prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada
ato decisório.
Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado em que se encontrar.

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O réu não se manifesta. A revelia é a ausência de contestação. Ocorre quando:

 Réu deixa passar o tempo e não contesta;


 Contesta fora do prazo;
 Contesta, mas não faz a impugnação dos fatos alegados na inicial, porque
contestou genericamente (302 CPC).

Os efeitos da revelia impõem que o Juiz presumirá verdadeiros os fatos


alegados pelo autor (presunção relativa). O réu enfrentará, também outro
efeito: não será mais intimado dos atos processuais, se não tiver advogado
constituído. Assim, se quiser participar do processo, ingressará no estado em
que está.

As exceções para o juiz não impor diretamente os efeitos materiais que a


inércia do réu gera estão dispostos no art. 320 do CPC:

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo


antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento
público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

No Projeto do Novo CPC com a finalidade de simplificação pretende-se as


seguintes reformulações: possibilidade de o réu formular pedido
independentemente do expediente formal da reconvenção (a intenção é retirar
a reconvenção do Novo CPC).

Outra proposta importante foi a extinção de incidentes como a exceção, por


exemplo. Além de a incompetência, absoluta e relativa poderem ser levantadas
pelo réu em preliminar de contestação, a incorreção do valor da causa e a
indevida concessão do benefício da justiça gratuita (que são impugnáveis, pela
redação nova, na própria contestação).

A ação declaratória incidental, a ação declaratória incidental de falsidade de


documento e o incidente de exibição de documentos também mudam. Vejamos
como fica o projeto:

Da incompetência
Art. 49. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como
preliminar de contestação, que poderá ser protocolada no juízo do
domicílio do réu.
§ 1º A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício.
§ 2º Declarada a incompetência, serão os autos remetidos ao juízo
competente.
§ 3º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os
efeitos das decisões proferidas pelo juízo incompetente, até que outra
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

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Art. 50. Prorrogar-se-á a competência relativa, se o réu não a alegar em
preliminar de contestação.

Art. 89. Incumbe ao advogado ou à parte, quando postular em causa


própria:
I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que
receberá intimação;
II – comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1º Se o advogado não cumprir o disposto no inciso I, o juiz, antes de
determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo
de quarenta e oito horas, sob pena de indeferimento da petição.
§ 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas
válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço
constante dos autos.

Art. 256. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor


atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão; o juiz decidirá a
respeito na sentença, impondo, se for o caso, a complementação das
custas.

Art. 306. Na petição inicial e na contestação, as partes apresentarão o


rol de testemunhas cuja oitiva pretendam, devidamente qualificadas, em
número não superior a cinco.

DA CONTESTAÇÃO
Art. 334. O réu poderá oferecer contestação em petição escrita, no
prazo de quinze dias contados da audiência de conciliação.

Art. 335. Não havendo audiência de conciliação, o prazo da contestação


será computado a partir da juntada do mandado ou de outro instrumento
de citação.

Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de


defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o
pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Art. 337. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido contraposto


para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com
o fundamento da defesa, hipótese em que o autor será intimado, na
pessoa do seu advogado, para responder a ele no prazo de quinze dias.
Parágrafo único. A desistência da ação ou a ocorrência de causa
extintiva não obsta ao prosseguimento do processo quanto ao pedido
contraposto.

Art. 338. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta e relativa;
III – incorreção do valor da causa;
IV – inépcia da petição inicial;
V – perempção;
VI – litispendência;
VII – coisa julgada;
VIII – conexão;

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IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de
autorização;
X – convenção de arbitragem;
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como
preliminar;
XIII – indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça.
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz
ação anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica à outra quando têm as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso; há
coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por sentença de
que não caiba recurso.
§ 4º Excetuada a convenção arbitral, o juiz conhecerá de ofício da
matéria enumerada neste artigo.

Art. 339. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima, o juiz


facultará ao autor, em quinze dias, a emenda da inicial, para corrigir o
vício.
Nesse caso, o autor reembolsará as despesas e pagará honorários ao
procurador do réu excluído, moderadamente arbitrados pelo juiz.

Art. 340. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os


fatos narrados na petição inicial, presumindo-se verdadeiros os não
impugnados, salvo se:
I – não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público
que a lei considerar da substância do ato;
III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se
aplica ao defensor público, ao advogado dativo, ao curador especial e
ao membro do Ministério Público.

Art. 341. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas


alegações quando:
I – relativas a direito superveniente;
II – competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em
qualquer tempo e juízo.

Art. 348. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro


lhe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este
será ouvido no prazo de quinze dias, facultando-lhe o juiz a produção de
prova e a apresentação de rol adicional de testemunhas.
Parágrafo único. Proceder-se-á de igual modo se o réu oferecer pedido
contraposto.

DAS ALEGAÇÕES DO RÉU


Art. 349. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art.338,
o juiz mandará ouvir o autor no prazo de quinze dias, permitindo-lhe a
produção de prova documental.
Art. 350. Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades
sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior
a um mês.

15
Art. 351. Cumpridas as providências preliminares ou não havendo
necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do
processo, observando o que dispõe o Capítulo X.

DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO


Art. 114. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas
funções no processo:
I – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento
como testemunha;
II – de que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido
sentença ou decisão;
III – quando nele estiver postulando, como defensor, advogado ou
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou
qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
o segundo grau, inclusive;
IV – quando ele próprio ou seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive, for parte no feito;
V – quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica
parte na causa;
VI – quando alguma das partes for sua credora ou devedora, de seu
cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o
terceiro grau, inclusive;
VII – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das
partes.
§ 1º No caso do inciso III, o impedimento só se verifica quando
advogado, defensor e membro do Ministério Público já estavam
exercendo o patrocínio da causa antes do início da atividade judicante
do magistrado.
§ 2º É vedado criar fato superveniente a fim de caracterizar o
impedimento do juiz.

Art. 115. Há suspeição do juiz:


I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes;
II – que receber presentes antes ou depois de iniciado o processo,
aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou
subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro
íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.

Art. 116. A parte alegará impedimento ou suspeição em petição


específica dirigida ao juiz da causa, indicando o fundamento da recusa,
podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com
rol de testemunhas.
§ 1º Protocolada a petição, o processo ficará suspenso.
§ 2º Despachando a petição, se reconhecer o impedimento ou a
suspeição, o juiz ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal;
em caso contrário, determinará a atuação em apartado da petição e,
dentro de dez dias, dará as suas razões, acompanhadas de
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa
dos autos ao tribunal.
§ 3º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição são
infundadas, o tribunal determinará o seu arquivamento; caso contrário,

16
tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, condenará o
juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal.
§ 4º O tribunal pode declarar a nulidade dos atos do juiz, se praticados
quando já presente o motivo de impedimento ou suspeição.

Art. 117. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou


afins, em linha reta e colateral, até segundo grau, o primeiro que
conhecer da causa no tribunal impede que o outro atue no processo,
caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu
substituto legal.

Art. 118. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de


suspeição:
I – ao membro do Ministério Público;
II – ao serventuário de justiça;
III – ao perito;
IV – ao intérprete;
V – ao mediador e ao conciliador judicial;
VI – aos demais sujeitos imparciais do processo.

Procedimentos e Ritos Cognitivos

Verificamos, na primeira aula, que a atividade do Estado que visa a resolução


de conflitos, retirando incertezas e aplicando a lei a um caso concreto, é a
COGNIÇÃO.

A cognição exauriente2 é típica dos processos em que se busca a solução


definitiva da lide, devendo o juiz decidir com base na certeza do direito,
característica do processo de conhecimento.

A observação rito previsto em lei é caracterizado como pressuposto


processual intrínseco, que garante que o procedimento é regular.

O processo de conhecimento segue o rito (procedimento) comum.

De acordo com a celeridade e concentração de atos, o procedimento comum


(272 CPC) pode ser dividido em:

 ORDINÁRIO (art. 282 e seguintes do CPC) – forma generalizada para o


Estado resolver os litígios, contemplando várias etapas para
manifestação, participação das partes e produção de provas.
 SUMÁRIO (art. 275 e seguintes do CPC) – rito “abreviado” com
atividade mais célere na produção de provas e resposta do órgão
jurisdicional.

Quando a lei silenciar acerca do tipo de procedimento a ser seguido por uma
ação, aplica-se a regra geral: procedimento ordinário.

2
Luiz Guilherme Marioni. Op.Cit. p.22.

17
Seja qual for o rito, mais ou menos concentrado, no processo de cognição,
estarão presentes as fases: postulatória, saneadora, de instrução e de decisão,
mesmo que abreviadas.

Além do procedimento comum, outros ritos também são contemplados no


processo de cognição:

 No rito SUMARÍSSIMO (dos juizados especiais cíveis) vislumbra-se a


mesma sequência procedimental, todavia com maior celeridade e
informalidade dos atos, já que a intenção é solucionar rapidamente a
lide, mesmo com mitigação das garantias do contraditório, ampla defesa,
assistência de advogado e duplo grau de jurisdição.

 Os procedimentos especiais são delimitados pelas normas que os


regem, aproveitando suas características específicas para melhor
atender o direito material envolvido (seja este tratado na legislação
extravagante ou no Livro IV do Código de Processo Civil).

Cognição

Especial Sumaríssimo

ORDINÁRIO

SUMÁRIO

Para o Projeto do Novo CPC um grande avanço se deu: agora os


procedimentos, em geral, seguem um rito só - o procedimento comum:

Art. 302. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo


disposição em contrário deste Código ou de lei.

Parágrafo único. Também se aplica o rito comum ao processo de


execução e aos procedimentos especiais, naquilo que não se ache
diversamente regulado.

18
Rito Ordinário

Visão Geral do Procedimento

1. Fase Postulatória: analisada nos capítulos anteriores, compreende da


propositura da petição inicial até a resposta do réu

2. Fase Saneadora: Juiz verifica a regularidade procedimental

O Juiz recebeu a inicial e determinou a citação do réu. Após o ingresso


do sujeito passivo na ação (fase postulatória), há ainda alguns
resquícios da postulação a serem finalizados. Determinam os art. 326 e
327 do CPC que dependendo da atitude do réu, pode o Magistrado
mandar ouvir o autor em 10 dias sobre fatos impeditivos, extintivos ou
modificativos do direito narrado na inicial, permitindo até a produção de
prova documental. Trata-se da réplica. Após o cumprimento de tais
providências preliminares, inicia-se a fase do JULGAMENTO
CONFORME O ESTADO DO PROCESSO.

Pode o magistrado, precocemente, extinguir o processo, antes da fase


de instrução e colheita de provas.

a. Sentença - 267 CPC

Pelo conteúdo emanado na sentença, o Juiz verifica as hipóteses do 267


do CPC para sentenciar e dar o provimento final que, na cognição,
significa esgotar a atividade processual na primeira instância.

Na sentença TERMINATIVA, o Juiz não aprecia o mérito, ele sentencia,


fundado em mácula PROCESSUAL:

 Há defeito ou mácula na inicial que autorizam seu indeferimento;


 Processo ficou paralisado por mais de um ano por negligência das
partes ou por desídia do autor, quando não promoveu os atos e
diligências que lhe competiam, deixando de dar andamento por
mais de trinta dias ao feito.
 Ausência dos pressupostos processuais. Juiz precisa rever os
seguintes...

19
 As partes são capazes? Verifica a capacidade
processual das partes.
 Estão representadas por advogado? Há o profissional
de direito com Carteira da OAB para acompanhar o
feito. Analisa a capacidade postulatória – art. 13 CPC.
 Existe vício de incompetência ou parcialidade do juízo?
Como a regra é do juiz imparcial e competente, deve
ser suprida qualquer mácula sob esse aspecto.
 Inexiste litispendência ou coisa julgada? Casos de
extinção do feito (art. 301, parágrafo 3º CPC).
 Citação foi válida? Verifica o magistrado a triangulação
da relação jurídica.

Para prolatar a sentença processual o juiz achou irregularidades que


autorizam a extinção do processo sem o julgamento do mérito da ação.

 Há carência da ação (condições da ação não estão configuradas


no processo).
 A convenção de arbitragem foi alegada e comprovada no feito.
 Desistência do autor em prosseguir com a ação (deverá nesse
caso, como foi citado o réu, responder pelas custas, despesas e
honorários advocatícios).
 Faleceu uma das partes e a ação era intransmissível.
 Confusão entre sujeito ativo e passivo do processo.
 Demais casos em que a lei prevê, como o autor não mandar citar
o litisconsorte necessário para vir integrar a lide, ou ainda, as
partes suspenderam a instância (processo) por mais de seis
meses e não voltaram a dar andamento ao feito.

b. Sentença – 269 CPC

Analisa, ainda, o magistrado, as hipóteses do 269 do CPC. Juiz


sentencia APRECIANDO O MÉRITO da ação (já há elementos para o
juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor, então ele profere a sentença):

 Houve reconhecimento jurídico do pedido pelo réu.


 As partes fizeram acordo, transigiram.
 Configurou-se a decadência ou a prescrição.
 Autor renunciou ao direito sobre o qual se funda a ação.

c. Julgamento Antecipado da Lide

Nas hipóteses do 330 do CPC, a lei determina o JULGAMENTO


ANTECIPADO DA LIDE, uma vez que o mérito envolvia questão de
direito ou questão de direito e de fato provado documentalmente, ou
seja, sem necessidade da produção de provas em audiência:

20
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de
direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em
audiência;
II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

No caso da revelia, como não houve controvérsia e, em se tratando de


direitos disponíveis, pode o magistrado julgar antecipadamente a lide.

d. Artigo 331 CPC

Entendendo, todavia, o magistrado, que o processo necessita da


produção de PROVAS emanará o despacho que trata o art. 331 CPC,
marcando AUDIÊNCIA preliminar:

Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções
precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o
juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta)
dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo
fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para
transigir.
§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por
sentença.
§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará
os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e
determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de
instrução e julgamento, se necessário.
§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias
da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá,
desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos
termos do § 2o.

A audiência preliminar é marcada em caso de direitos que possibilitem


transacionar, fazer acordo. As partes devem comparecer ou enviar
procuradores com poderes especiais para transigir.

Em havendo conciliação o Magistrado prolata a sentença do parágrafo


1º do art. 331 CPC, homologando o acordo (encerra o feito com
julgamento de mérito).

Não conciliando, cumpre ao Juiz fixar os PONTOS CONTROVERTIDOS,


decidindo as questões processuais pendentes e marcando a
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO, momento em que serão
colhidas as provas orais. Através desse despacho, finalizada está a fase
saneadora, passando-se para a de instrução.

21
3. Fase de Instrução

Na fase instrutória, o juiz procederá à colheita de provas. Podem ser, as


provas, fornecidas por meio eletrônico.

Prova é todo elemento que pode levar o conhecimento de um FATO a


alguém (Vicente Grecco Filho). Finalidade é o CONVENCIMENTO do
julgador, para quem é destinada a prova. O OBJETO da prova são
FATOS POSITIVOS (que ocorreram) e CONTROVERTIDOS (no qual há
divergência entre as partes).

Não se provam fatos NEGATIVOS (Justiniano: “a prova incumbe a quem


afirma e não a quem nega a existência de um fato”),
INCONTROVERSOS (porque não há divergência), NOTÓRIOS (todos
sabem e conhecem), INCONCLUDENTES (não se chega a qualquer
conclusão) e INTUITIVOS (os dependem de um raciocínio dedutivo para
alcançar o fato que se pretende provar).

Conforme dispõe o art. 333 CPC o ônus da prova incumbe “ao autor
para provar o fato que constitui, embasa seu direito”, ao “réu para provar
fato que impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”.

Pelo Princípio da CONFISSÃO FICTA a ausência de contestação implica


reconhecimento da veracidade dos fatos descritos na inicial. Mas tal
presunção é relativa, porque não se aplica quando a prova recair sobre
direitos indisponíveis.

O destinatário da prova é o magistrado. Segundo as regras


procedimentais ele possui liberdade para valorar cada prova apreciando
o conjunto levado a seu conhecimento pelas partes. É o chamado
princípio do livre convencimento motivado.

Como não há hierarquia entre as provas, deverá justificar, o magistrado,


as razões de seu convencimento.

a. Meios de Prova:

“Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser


produzidas em audiência” (art. 336, “caput” CPC)

Buscando agilizar e tornar célere a produção de provas, o artigo


acima defende a aproximação do juiz na colheita dos fatos que o
auxiliarão na decisão da causa, daí a estipulação legal para o juiz (se
possível) que instruir a causa, vir a julgá-la (art. 132 CPC).

A prova documental deve ser juntada pelas partes na primeira


oportunidade em que forem se manifestar nos autos (petição inicial,
contestação etc.), já que são provas pré-constituídas, existentes
antes do ingresso com a demanda.

22
A chamada prova legal está descrita no art. 366 CPC e é exigida pela
lei, como modo irrefutável de se comprovar a existência de um fato. É
o que ocorre, por exemplo, com a exigência de escritura pública para
comprovar negócios que constituam, transfiram, modifiquem ou
tratem de renúncia sobre direitos reais imobiliários. Se for necessária
a escritura pública, nenhuma outra prova pode suprir a prova legal.

São os meios indicados pelo Código:

 Depoimento pessoal (343 CPC): o juiz ouve as partes


a fim de que sejam esclarecidos fatos controvertidos,
possibilitando, ainda, uma eventual confissão
(admissão de interesse contrário ao do depoente).
 Confissão (348 CPC): a parte admite, contra seu
interesse, o fato objeto da lide. Só podem ser
confessados fatos que envolvam direitos disponíveis,
ou seja, pelos quais possa transacionar. São
INDISPONÍVEIS os direitos pessoais relativos à
personalidade, ao pátrio poder, estado e capacidade
das pessoas.
 Exibição de documento ou coisa (355 CPC): a parte
(ou o terceiro) é incitada (o) a colaborar para
esclarecimento da verdade, em juízo, trazendo o
documento ou coisa para fazer valer o direito de quem
necessita da prova.
 Testemunhas (400 CPC): são ouvidas em juízo com o
fim de narrar fatos, ao Juiz, como percebidos ou
presenciados por elas. Daí não ser admitido esse meio
de prova se já há prova documental ou confissão no
mesmo sentido, ou se a prova depende exclusivamente
de documento ou perícia para ser determinado. O art.
405 CPC aponta quais pessoas não podem servir como
testemunhas em juízo (dementes, menores, cônjuge e
parentes da parte, inimigo da parte, etc.).
 Perícia (420 CPC): é a prova técnica, que auxilia o juiz
na apreciação de eventos que dependem de
conhecimento profundo sobre determinado assunto,
traduzindo e detalhando o fato para as partes,
advogados e interessados, que também são leigos.
 Inspeção judicial (440 CPC): exame de pessoas,
coisas ou locais diretamente pelo juiz, quando
insuficientes os outros meios de prova utilizados para
convencimento do magistrado.

23
b. Audiência de Instrução e Julgamento

Ato processual em que é realizada a tentativa de conciliação entre as


partes, a colheita de prova oral e o julgamento da demanda. As
provas orais podem ser registradas e armazenadas, inclusive por
meios eletrônicos.

Obedece ao princípio da publicidade (qualquer pessoa poderá


assistir aos atos praticados), da imediação (juiz deverá presidir o ato
instrutório e delimitar a sua produção), da identidade física do juiz (o
julgador que participar da instrução, sempre que possível julgará a
causa, porque presenciou a colheita das provas).

JUIZ

CONCILIAÇÃO

PROVAS ORAIS

Esclarecimento Perito

Depoimento Autor-Réu

Testemunhas

DEBATES

JULGAMENTO

A ordem das provas produzidas em audiência está no art. 452 CPC, lembrando
que sempre o autor é quem possui a iniciativa para depois o réu se defender
(princípio do contraditório) – válido quer para com os esclarecimentos periciais,
depoimentos pessoais ou testemunhas.

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4. Fase de Decisão

Na fase decisória o juiz prolatará uma sentença. Esse é ato no qual o


Juiz apreciará ou não o mérito da causa, sob fundamento dos arts. 267
(que comentamos) ou do 269 do CPC.

A sentença possui três requisitos (assim como o acórdão, que é o


julgamento proferido nos tribunais), sob pena de nulidade da decisão:

 Relatório, ou seja, o resumo do feito, conteúdo (partes, pedido,


respostas do requerido etc.).

 Fundamentos (análise de questões de fato e de direito pelo


julgador). O juiz não pode se eximir de julgar devendo utilizar o
regramento do 126 CPC em caso de lacuna ou obscuridade legal.

 Dispositivo (decisão de procedência ou improcedência do


pedido). O alvo do recurso das partes ou a coisa julgada material
é o dispositivo. O Julgamento deve se realizar nos limites do que
foi proposto ao Magistrado. Não pode, ele, decidir objeto diverso
do pedido (“extra petita”), além da lide (“ultra petita”) ou menos do
que lhe foi requerido (“infra” ou “citra petita”).

Em sendo o pedido certo e determinado, deverá a sentença ser certa e


líquida (art. 460, parágrafo único do CPC). Não havendo impugnação
pelas partes a decisão passa a ser imutável (467 CPC), principalmente
se forem questões de mérito (269).

A coisa julgada é a qualidade de imutabilidade da decisão de mérito (269


CPC) que não foi impugnada por recurso. Tem como característica a
preservação das relações jurídicas e a estabilização do direito.

25
Ritos Sumário e Sumaríssimo

Cabimento do Rito Sumário

O RITO SUMÁRIO é um procedimento mais célere, em que as fases


procedimentais são mais condensadas.

Nos termos do art. 275 CPC ele tem


cabimento nas ações que tenham valor de
até 60 (sessenta) salários mínimos,
causas que independem de valor e que
tratem de: arrendamento rural e parceria
agrícola, cobrança de condomínio,
ressarcimento por danos em prédio rústico
ou urbano, danos decorrentes de
acidentes de veículos de via terrestre,
cobrança de seguro decorrente de danos
de acidente de veículos, cobrança de
honorários de profissionais liberais, ação
revisional de aluguel (Lei do Inquilinato,
art. 68), ações de acidentes do trabalho,
retificação de grafia no registro civil de
pessoas físicas, ações de representante
comercial autônomo e o representado,
apuração de irregularidades contra idosos
(Estatuto do Idoso, artigo 65) etc.

O rito sumário não é aplicável nas ações relativas ao estado e capacidade das
pessoas, por vedação expressa do parágrafo único do art. 275 CPC.

O procedimento consiste em:

1. Fase Postulatória

A petição inicial deve conter, além dos requisitos do art. 282 CPC, o rol
de testemunhas, a quesitação e nome do assistente técnico, em caso de
perícia (276 CPC).

O Juiz mandará citar o réu para comparecer à audiência de conciliação.


Lembrando que o ato citatório deve ser realizado em até 10 (dez) dias
antes da audiência para propiciar a defesa do réu. Se for frutífera a
conciliação o Juiz a homologará em sentença.

O réu apresenta a defesa em audiência. As respostas do réu podem ser


orais ou escritas atinentes à impugnação do valor da causa, exceção de
incompetência (relativa), suspeição e impedimento ou, ainda,
contestação com pedido contraposto (278, parágrafo 1º do CPC).

26
Não são admissíveis as seguintes manifestações: reconvenção, Ação
Declaratória Incidental, ou ainda intervenção de terceiros (desde que
não envolva seguro, caso em que é possível), assistência ou recurso de
terceiro interessado (280 CPC).

Necessitando de provas orais, será marcada audiência de instrução e


julgamento:

Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria


audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol
de testemunhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde
logo, podendo indicar assistente técnico.
§ 2º Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo
qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e 330, I e II, será
designada audiência de instrução e julgamento para data próxima, não
excedente de trinta dias, salvo se houver determinação de perícia.
Art. 279. Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser
documentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil
de documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar
o juiz.
Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a
taquigrafia, a estenotipia ou outro método de documentação, os
depoimentos serão reduzidos a termo, do qual constará apenas o
essencial.

Art. 281. Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá sentença


na própria audiência ou no prazo de dez dias.

O Juiz, no rito sumário em caso de ações decorrentes de acidente


automobilístico, com pedido de indenização ou cobrança de seguro, não pode
proferir sentença ilíquida, ou seja, incerta no tocante ao valor da condenação
(art. 475 – A, parágrafo 3o. CPC).

Cabimento do Rito Sumaríssimo

O rito sumaríssimo é atinente aos Juizados Especiais Cíveis.

Para os Juizados Especiais Estaduais, o art. 3º, da Lei 9099/95 propicia que as
causas até 40 salários mínimos sejam ali julgadas com mais informalidade,
celeridade e menor rigorismo procedimental. Também tem cabimento para as
ações que versem sobre o art. 275, inciso II do CPC, despejo para uso próprio,
possessórias até 40 (quarenta) salários mínimos, execução de suas causas e
de títulos executivos até 40 (quarenta) salários mínimos.

Podem ser autores nos Juizados, as pessoas determinadas pelo art. 8o:

Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o
incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas
públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.

27
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado
Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009)
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de
pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
II - as microempresas, assim definidas pela Lei no 9.841, de 5 de
outubro de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março
de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art.
1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. (Incluído pela Lei nº
12.126, de 2009)

Inicia-se o procedimento com um pedido


(art. 14 Lei 9099/95) que pode ser escrito ou
oral (reduzido a termo pelo Cartório).

Nessa oportunidade a audiência de


conciliação é marcada (art. 16),
convocando-se as partes para
comparecimento. A audiência conciliatória
pode originar uma sentença (art. 22,
parágrafo único) se as partes se conciliarem.

Se não houver conciliação será designada a


Audiência Instrução e Julgamento, podendo
ser ouvidas as partes, as testemunhas
(prova oral) e prolatada a sentença.

As peculiaridades desse procedimento são,


a contestação (art. 30) poderá ser escrita ou
oral, contendo um pedido contraposto (art.
31 e parágrafo único) que será analisado
com a inicial na mesma sentença (art. 38).

Da sentença cabe um recurso (art. 41 e 42) a ser interposto em 10 dias.

Procedimento compatível com o estadual é o dos juizados federais, previsto


pela Lei 10.259/2001.

O cabimento do rito é para causas atinentes à justiça federal até 60 (sessenta)


salários mínimos (art. 3º).

Os autores devem ser pessoas físicas, micro empresas ou empresas de


pequeno porte. Já são rés, a União, autarquias, fundações, empresas públicas
federais.

Nos juizados especiais federais não há prazos diferenciados para o poder


público (art. 9º). Os procuradores dos entes estatais têm poderes para transigir.

Nas ações previdenciárias estão autorizadas, as partes, para em 10 (dez) dias


apresentarem quesitos e indicarem assistentes técnicos para análise judicial.

28
São possíveis ações movidas contra a Fazenda Pública nos juizados especiais
da Fazenda Pública, nos termos da Lei 12.153/2009.

Vamos, mais uma vez, conhecer a modificação do Projeto do Novo CPC


acerca do conteúdo tratado: Mudam as definições de sentença e
pronunciamentos do juiz e são integradas as terminologias ao processo
eletrônico.

DOS PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ


Art. 158. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,
decisões interlocutórias e despachos.
§ 1º Ressalvadas as previsões expressas nos procedimentos especiais,
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento
nos arts. 473 e 475, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum,
bem como o que extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza
decisória que não se enquadre na descrição do § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista
obrigatória independem de despacho, devendo ser praticados de ofício
pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

Art. 159. Recebe a denominação de acórdão o julgamento colegiado


proferido pelos tribunais.

Art. 160. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos


serão redigidos, datados e assinados pelos magistrados.
Parágrafo único. Quando os pronunciamentos de que trata o caput
forem proferidos oralmente, o taquígrafo, o datilógrafo ou o digitador os
registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.
§ 1º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser
feita eletronicamente, na forma da lei.
§ 2º A íntegra de qualquer pronunciamento judicial será publicada no
Diário de Justiça Eletrônico.

DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
Art. 300. A extinção do processo se dará por sentença.

Art. 301. Antes de proferir sentença sem resolução de mérito, o juiz


deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.

Art. 315. A petição inicial será indeferida quando:


I – for inepta;
II – a parte for manifestamente ilegítima;
III – o autor carecer de interesse processual;
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 89 e 305.
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:
I – lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III – contiver pedidos incompatíveis entre si.

Art. 316. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao


juiz, no prazo de quarenta e oito horas, reformar sua decisão.

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Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, o juiz mandará citar o
réu para responder ao recurso.

DA REJEIÇÃO LIMINAR DA DEMANDA


Art. 317. Independentemente de citação do réu, o juiz rejeitará
liminarmente a demanda se:
I – manifestamente improcedente o pedido, desde que a decisão
proferida não contrarie entendimento do Supremo Tribunal Federal ou
do Superior Tribunal de Justiça, sumulado ou adotado em julgamento
de casos repetitivos;
II – o pedido contrariar entendimento do Supremo Tribunal Federal ou
do Superior Tribunal de Justiça, sumulado ou adotado em julgamento
de casos repetitivos;
III – verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição;
§ 1º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em
julgado da sentença.
§ 2º Aplica-se a este artigo, no que couber, o disposto no art. 316.

DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE


Art. 353. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença
com resolução de mérito:
I – quando a questão de mérito for unicamente de direito ou, sendo de
direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em
audiência;
II – quando ocorrer a revelia e incidirem seus efeitos.

DO SANEAMENTO DO PROCESSO
Art. 354. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses das seções deste
Capítulo, o juiz, declarando saneado o processo, delimitará os pontos
controvertidos sobre os quais deverá incidir a prova, especificará os
meios admitidos de sua produção e, se necessário, designará audiência
de instrução e julgamento.

DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


Art. 355. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a
audiência e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados,
bem como outras pessoas que dela devam participar.
Parágrafo único. Logo após a instalação da audiência, o juiz tentará
conciliar as partes, independentemente de ter ocorrido ou não tentativa
anterior.

Art. 356. O juiz exerce o poder de polícia e incumbe-lhe:


I – manter a ordem e o decoro na audiência;
II – ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem
inconvenientemente;
III – requisitar, quando necessário, a força policial.

Art. 357. As provas orais serão produzidas na audiência,


preferencialmente nesta ordem:
I – o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de
esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 449;
II – prestarão depoimentos pessoais o autor e depois o réu;
III – serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.
Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os
assistentes técnicos e as testemunhas, os advogados e o Ministério
Público não poderão intervir ou apartear, sem licença do juiz.

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Art. 358. A audiência poderá ser adiada:
I – por convenção das partes, admissível uma única vez;
Il – se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer das
pessoas que dela devam participar.
§ 1º O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da
audiência; não o fazendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2º Poderá ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas
pela parte cujo advogado não tenha comparecido à audiência,
aplicando-se a mesma regra ao Ministério Público.
§ 3º Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas
acrescidas.

Art. 359. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor


e ao do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for caso de
sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de vinte minutos para
cada um, prorrogável por dez minutos, a critério do juiz.
§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que
formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do
mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.
§ 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de
direito, o debate oral poderá ser substituído por memoriais, que serão
apresentados pelo autor e pelo réu, nessa ordem, em prazos
sucessivos de quinze dias, assegurada vista dos autos.

Art. 360. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir,


num só dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu
prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta
preferencial.

Art. 361. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz


proferirá a sentença desde logo ou no prazo de vinte dias.

Art. 362. O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em
resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os
despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.
§ 1º Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz
rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume próprio.
§ 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do
Ministério Público e o escrivão, dispensadas as partes, exceto quando
houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham
poderes.
§ 3º O escrivão trasladará para os autos cópia autêntica do termo de
audiência.
§ 4º Tratando-se de processo eletrônico, será observado o disposto na
legislação específica e em normas internas dos tribunais.
§ 5º A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em
áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido
acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação
específica.

Art. 363. A audiência será pública, ressalvadas as exceções legais.

DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA


Art. 467. O juiz proferirá sentença sem resolução de mérito quando:
I – indeferir a petição inicial;

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Il – o processo ficar parado durante mais de um ano por negligência das
partes;
III –, por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de um mês;
IV – se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V – o juiz acolher a alegação de perempção, de litispendência ou de
coisa julgada;
VI – o juiz verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII – verificar a existência de convenção de arbitragem;
VIII – o autor desistir da ação;
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível
por disposição legal;
X – ocorrer confusão entre autor e réu; e
XI – nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada
para suprir a falta em quarenta e oito horas.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão
proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será
condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V e
VI, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a
sentença de mérito.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento
do réu, desistir da ação.
§ 5º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os
incisos deste artigo, o juiz terá quarenta e oito horas para se retratar.

Art. 468. A sentença sem resolução de mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de ilegitimidade ou falta de interesse processual, a nova
propositura da ação depende da correção do vício.
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do
pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
§ 3º Se o autor der causa, por três vezes, a sentença fundada em
abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de
alegar em defesa o seu direito.

Art. 469. Haverá resolução de mérito quando:


I – o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;
II – o réu reconhecer a procedência do pedido;
III – as partes transigirem;
IV – o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
V – o autor renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação.
Parágrafo único. A prescrição e a decadência não serão decretadas
sem que antes seja dada às partes oportunidade de se manifestar.

Art. 470. O juiz proferirá sentença de mérito sempre que puder julgá-lo
em favor da parte a quem aproveitaria o acolhimento da preliminar.

DOS REQUISITOS E DOS EFEITOS DA SENTENÇA


Art. 471. São requisitos essenciais da sentença:
I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e
da contestação do réu, bem como o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;

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II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de
direito;
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões que as partes lhe
submeterem.

Art. 472. O juiz proferirá a sentença de mérito acolhendo ou rejeitando,


no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de
sentença sem resolução de mérito, o juiz decidirá de forma concisa.
Parágrafo único. Fundamentando-se a sentença em regras que
contiverem conceitos juridicamente indeterminados, cláusulas gerais ou
princípios jurídicos, o juiz deve expor, analiticamente, o sentido em que
as normas foram compreendidas, demonstrando as razões pelas quais,
ponderando os valores em questão e à luz das peculiaridades do caso
concreto, não aplicou princípios colidentes.

Art. 473. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de


pagar quantia certa, ainda que formulado pedido genérico, a sentença
definirá desde logo a extensão da obrigação, salvo quando:
I – não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II – a apuração do valor devido depender da produção de prova de
realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim
reconhecida na sentença.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, imediatamente após
a prolação da sentença, seguir-se-á a apuração do valor devido por
liquidação.

Art. 474. É vedado ao juiz proferir sentença de natureza diversa da


pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em
objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida
relação jurídica condicional.

Art. 475. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,


modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá
ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte,
no momento de proferir a sentença.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as
partes sobre ele antes de decidir.

Art. 476. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:


I – para corrigir nela, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões
materiais ou lhe retificar erros de cálculo;
II – para aplicar tese fixada em julgamento de casos repetitivos;
III – por meio de embargos de declaração.

Art. 477. A sentença que condenar o réu ao pagamento de uma


prestação consistente em dinheiro ou em coisa valerá como título
constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz
na forma da lei.
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:
I – embora a condenação seja genérica;
II – pendente arresto de bens do devedor;
III – ainda quando o credor possa promover a execução provisória da
sentença.

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