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CURITIBA
2003
TERMO DE APROVAÇÃO
ii
Prefiro ser livre a ser escravo.
Prefiro dizer o que penso a mentir.
E prefiro saber a ser ignorante.
iii
À minha esposa, Enides, e aos meus filhos,
Luciana e Alvaro, cujo amor, compreensão
e incentivo permitiram reduzir um pouco
mais a minha ignorância.
iv
AGRADECIMENTOS
À minha Orientadora, Mildred Ballin Hecke, pela orientação segura, pelo incentivo ao
longo de todo o trabalho e pela amizade.
Aos professores e funcionários do CESEC, que, com seu valioso auxílio, tornaram
muito mais fácil e agradável todo o trabalho.
Aos colegas de curso, cuja convivência enriqueceu este trabalho, em todos os sentidos.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1
6. O DOMÍNIO DO PROBLEMA...........................................................................13
vi
16. SUGESTÕES PARA DESENVOLVIMENTO ...............................................53
vii
LISTA DE SÍMBOLOS
σ - Condutividade elétrica
ω - Freqüência angular
ε - Permissividade
i - Unidade imaginária ( −1 )
U - Potencial elétrico escalar
f - Freqüência
t - Tempo
r
∇ - Operador nabla
r
A - Vetor genérico
r
D - Densidade de fluxo elétrico
ρ - Densidade volumétrica de carga
r
B - Densidade de fluxo magnético
r
E - Intensidade de campo elétrico
r
H - Intensidade de campo magnético
r
j - Densidade de corrente
µ - Permeabilidade
v - Função peso (ou de ponderação)
Ω - Domínio
Γ - Contorno do domínio Ω
r
n - Normal unitária externa ao contorno Γ
~
U - Valor conhecido de U
~ r
j - Valor conhecido de j
αm - Coeficientes da solução numérica
βm - Coeficientes da função peso
φ - Funções base do MEF
viii
K mk - Elementos da matriz de rigidez do MEF
Cm - Elementos do vetor de cargas do MEF
λ - Condutividade térmica
T - Temperatura
q - Calor interno
c - Calor específico
ρm - Densidade volumétrica de massa
r
F - Fluxo térmico
e - Espessura
I - Corrente elétrica
L - Comprimento
f1 ,L, f n - Funções não lineares genéricas
r r
F (x ) - Sistema de equações não lineares, função do vetor x
r r r
J ( x0 ) - Matriz Jacobiana do sistema F ( x ) , calculada em x0
ix
RESUMO
x
ABSTRACT
In the present work, the electrical field at the endwinding of a high voltage
synchronous generator is analyzed using the finite element method (FEM). Special
attention is given to the air breakdown phenomena close to the coil insulation external
surface, the well known “corona effect”, caused by the voltage gradient distribution on
that surface.
The use of linear and non-linear electrical characteristics tapes or varnishes
over the endwinding is analyzed, in order to check the corona suppression
effectiveness, as well as the tapes or varnishes characteristics influence on the voltage
gradient distribution.
In this problem, a numerical solution is interesting, since the high resistivity of
the electrical insulation materials used in stator windings manufacturing brings a lot of
problems to map the electrical field experimentally; the instrument probe usually
disturbs the field distribution being measured. In addition, a numerical model is much
more inexpensive than experimental methods, that involves, at least, one stator coil
and high voltage sources and instrumentation.
The stator coil dimensions are from a real synchronous generator, already in
operation. Considering that coil dimensions do not vary largely within a large range of
generator’s rated power and that a usual 13.8 kV rated voltage is adopted, the results
can be considered generally. Although, the method can be used in any generator,
introducing the particular coil dimensions into the model.
xi
1. INTRODUÇÃO
1
a aplicação de fitas ou tintas com características específicas de condutividade elétrica
sobre a superfície externa do isolamento.
O objetivo do presente trabalho é, através da utilização de um modelo
numérico, analisar a distribuição do campo elétrico na extremidade do enrolamento
estatórico, verificando a efetividade da atuação das fitas ou tintas na supressão das
descargas, assim como analisar a influência das características destas fitas ou tintas na
distribuição do campo elétrico.
No desenvolvimento da análise, foi utilizado o programa ANSYS/Mechanical
(versão 6.0).
O presente trabalho se desenvolve através da revisão de literatura, no capítulo
2 e, no capítulo 3, pela apresentação de uma justificativa para a abordagem
bidimensional utilizada. A geometria da extremidade do enrolamento estatórico é
apresentada no capítulo 4, seguida no capítulo 5 pela determinação do potencial
máximo que atua em duas cabeças de bobina adjacentes. A definição do domínio, no
capítulo 6, completa a descrição física do problema abordado.
A modelagem do problema é apresentada nos capítulos 7, 8 e 9, onde são
mostradas, respectivamente, as equações do campo elétrico aplicáveis, as bases do
Método dos Elementos Finitos e a analogia com a análise térmica, necessária à
utilização do ANSYS/Mechanical.
As condições de contorno são apresentadas no capítulo 10. Uma solução
analítica unidimensional é apresentada no capítulo 11, e seus resultados são
comparados com a solução numérica bidimensional no capítulo 12, evidenciando-se as
limitações da referida solução analítica em relação a aspectos importantes do
problema.
Os capítulos 12, 13, 14 e 15 apresentam a solução numérica do problema,
investigando a influência das características de dois vernizes distintos sobre a
distribuição do campo elétrico na superfície das cabeças de bobina, além de explorar a
influência do comprimento dos vernizes e da variação das características de um
mesmo verniz.
2
As conclusões são apresentadas no capítulo 16 e sugestões para o
desenvolvimento de trabalhos futuros são descritas no capítulo 17.
O desenvolvimento deste trabalho foi motivado principalmente pelas
dificuldades práticas encontradas na utilização dos sistemas de proteção anticorona.
Em muitos casos, a aplicação dos vernizes é feita seguindo-se à risca as instruções do
fabricante indicadas no catálogo do produto e, mesmo assim, as descargas não
desaparecem. As curvas características dos vernizes raramente constam dos catálogos,
inviabilizando um maior controle do verniz por parte do usuário antes da efetiva
aplicação sobre as bobinas. A determinação do comprimento de verniz a utilizar é feita
com base em fórmulas empíricas, também geralmente indicadas pelo fabricante no
respectivo catálogo. Os fabricantes que produzem dois ou mais vernizes com
características distintas não indicam quais critérios devem ser observados para a
correta seleção do verniz a utilizar em uma determinada máquina.
Espera-se que as conclusões deste trabalho sirvam de subsídio, tanto para
fabricantes como para usuários, para o aprimoramento dos produtos e das técnicas
utilizadas nos sistemas de proteção anticorona das máquinas elétricas de alta tensão.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
4
base modelos matemáticos baseados na representação deste revestimento por meio de
elementos de circuito (resistores e capacitores) discretos e concentrados. Esta
abordagem permite a obtenção de uma solução analítica unidimensional, descrita por
RIVENC, BIDAN e LEBEY4, apresentando simplificações necessárias à obtenção da
solução analítica que introduzem erros consideráveis para determinados valores de
condutividade dos vernizes empregados. Adicionalmente, a solução analítica se
restringe apenas à região onde o verniz de proteção anticorona está aplicado,
deixando-se de investigar o que acontece no final do verniz, o que será feito no
presente trabalho.
SHEWCHUN e MITCHELL 6, desenvolveram modelos para determinar a
condutividade do carbeto de silício (SiC), o material mais empregado na fabricação de
vernizes de proteção anticorona de característica não-linear. Seu trabalho, porém, não
analisou especificamente as aplicações práticas dadas aos vernizes que utilizam o
carbeto de silício como matéria prima básica.
Grande número de trabalhos experimentais foram desenvolvidos por DAY,
WROBLEWSKI e WEDDLETON 5, KADOTANI e SATO 7, GULLY e WHEELER 9,
14 18 19
CORNICK , MALAMUD e CHEREMISOV , HASSAN et al. e REHDER E
20
STUTT , basicamente para validar os sistemas de proteção anticorona utilizados
pelos principais fabricantes de máquinas elétricas. Nenhum deles abordou uma
eventual comparação entre os resultados experimentais obtidos e a aplicação de uma
abordagem numérica ao problema. A exemplo do trabalho de RIVENC, BIDAN e
LEBEY4, acima mencionado, a investigação ficou restrita ao que acontece sobre a
superfície do verniz de proteção.
16
PHILLIPS, OLSEN e PEDROW trabalharam no desenvolvimento de um
critério de otimização de projeto para eletrodos de alta tensão. O trabalho, porém,
estava mais voltado às linhas de transmissão que às máquinas elétricas rotativas. Da
17
mesma forma, o trabalho teórico de BELEVTSEV sobre o mecanismo da descarga
em gases não trouxe subsídios ao problema específico das máquinas rotativas.
O efeito da superfície dos eletrodos (rugosidade e imperfeições) sobre as
13
descargas em ar foi abordado por MAHDY e ANIS , indicando que a altura das
5
imperfeições superficiais assim como o ângulo médio das mesmas pode reduzir
significativamente a tensão de início das descargas. A utilização de vernizes nas
máquinas elétricas, entretanto, permite a obtenção de superfícies de bom acabamento,
suficientemente lisas para que o efeito das imperfeições não seja acentuado. Além
disto, o critério utilizado para a avaliação dos resultados (a tensão de início das
descargas) não parece ser o mais adequado para avaliar a efetividade da proteção
anticorona, já que o parâmetro determinante para o aparecimento da descarga é a
intensidade de campo elétrico.
15
O trabalho de TECHAUMNAT, HAMADA e TAKUMA , relativo à
intensificação do campo elétrico em pontos de tripla junção (eletrodo, dielétrico sólido
e dielétrico gasoso), na presença de condutividade superficial no dielétrico sólido,
utiliza valores de condutividade muito baixos em relação aos dos vernizes de proteção
anticorona empregados nas máquinas elétricas rotativas. Não é possível, portanto,
utilizar diretamente os seus resultados na investigação das descargas nas cabeças de
bobina.
Os trabalhos que utilizam métodos numéricos, tais como BAKER, GULLY e
WHEELER 8, EGIZIANO et al. 10
, YEO et al. 11
e VITELLI 12
, não abordam
diretamente o problema em cabeças de bobina, não utilizam programas comerciais ,
não comparam os resultados com a solução analítica unidimensional e se concentram
apenas na investigação do emprego de diversos vernizes ou fitas, sem abordar as
variações que podem ocorrer nas características dos materiais ou no efeito que o
comprimento da proteção pode causar na distribuição do campo elétrico.
6
3. JUSTIFICATIVA DA ABORDAGEM BIDIMENSIONAL UTILIZADA
7
considerar a tensão aplicada ao modelo como um potencial constante no tempo, ao
invés de alternado.
A adoção de uma abordagem unidimensional, por sua vez, implica assumir
simplificações muito drásticas para a correta modelagem do problema, como será
mostrado no capítulo 11 deste trabalho, que descreve uma solução analítica
unidimensional. As mesmas limitações que introduzem erros na solução analítica se
aplicam a um eventual modelo numérico unidimensional do problema.
8
4. GEOMETRIA DA EXTREMIDADE DO ENROLAMENTO
E
S
T ROTOR
A
T
O
R
9
FIGURA 1-b – Detalhe da extremidade do enrolamento estatórico, mostrando as
extremidades superiores das bobinas estatóricas.
EXTREMIDADE DO
ENROLAMENTO
ESTATÓRICO
NÚCLEO
ESTATÓRICO
10
5. O POTENCIAL ELÉTRICO NAS CABEÇAS DE BOBINA
20000
Linha A-C
15000
Fase A
10000
Tensão (V)
5000
-5000
Fase C
-10000
-15000
-20000
120
150
180
210
240
270
300
330
360
30
60
90
0
Ângulo (graus)
11
U C = U M sen( wt + 240 0 ) (2)
onde:
U M = 13800 × 2 / 3 = 11267,65V
12
6. O DOMÍNIO DO PROBLEMA
13
Serão considerados três vernizes de proteção anticorona, com características elétricas
distintas:
- verniz condutivo : aplicado desde a superfície do núcleo estatórico, até um
comprimento de 25mm acima deste. O verniz condutivo possui
condutividade constante e igual a 0,5 S/m (correspondente a uma
resistividade superficial de 20000 Ω por quadrado, para uma espessura de
0,1mm).
- Verniz semicondutivo : aplicado desde a extremidade do verniz condutivo,
até um comprimento de 50 mm (L2 na fig.3) ou 100 mm (L1 na fig.3),
medidos sobre a superfície externa do isolamento da bobina. Serão
analisados dois vernizes semicondutivos com distintas características
elétricas não-lineares. Os vernizes são fabricados pela Von Roll Isola,
sendo identificados pelas referências comerciais 217.21 e 217.22. As
características de tensão (CC) x corrente de cada um dos vernizes estão na
figura 4. No desenvolvimento deste trabalho, foi utilizada a curva média de
cada verniz, indicada no centro da região hachurada dos gráficos. A região
hachurada representa a variação nas características do verniz que pode ser
encontrada no produto.
14
A partir dos gráficos da figura 4 anterior e considerando a espessura de 0,1
mm utilizada para os vernizes semicondutivos, pode-se traçar os gráficos de
resistividade x tensão (CC) de cada um dos vernizes 217.21 e 217.22, respectivamente
mostrados nas figuras 5 e 6.
FIGURA 5 – Resistividade x tensão (CC) do verniz 217.21
350000
Resistividade (ohm.m)
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
2,25
2,75
3,25
3,75
4,25
4,75
5,25
5,75
6,25
6,75
7,25
7,75
Tensão (kV)
100000
Resistividade (ohm.m)
80000
60000
40000
20000
0
0,75
1,25
1,75
2,25
2,75
3,25
3,75
4,25
4,75
5,25
5,75
6,25
6,75
7,25
7,75
Tensão (kV)
15
7. A EQUAÇÃO DO CAMPO ELÉTRICO
16
σ i = Condutividade elétrica do isolamento = 10-9 S/m;
17
8. O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
18
Fazendo:
r r
A = σ∇U (21)
Resulta em:
r r r r r r
( ) (
v∇ • σ∇U = ∇ • vσ∇U − ∇v • σ∇U ) (22)
Introduzindo (22) em (18), temos:
r r r r
∫
Ω
[∇ • ( vσ ∇ U ) − σ ∇ U • ∇ v]dΩ =0 (23)
r r r r
∫
Ω
∇ • ( vσ ∇ U ) dΩ − ∫ (σ ∇ U
Ω
• ∇ v)dΩ = 0 (24)
sendo:
r
n = normal unitária externa ao contorno Γ de Ω.
A primeira integral em (25) corresponde às condições de contorno, que podem
ser do tipo:
~
U = U = valor prescrito para o potencial no contorno Γ ;
r ~ r r
j = j = σE = −σ∇U = valor prescrito para a densidade de corrente no
contorno Γ ;
A equação (25) é a formulação variacional do nosso problema. Agora, não
procuramos mais a função U ( x, y ) que satisfaz a equação diferencial original em todo
o domínio Ω. Procuramos uma função U ( x, y ) , contínua em Ω e com derivada
primeira também contínua em Ω, que satisfaça a equação (25) para qualquer função
peso v( x, y ) , contínua em Ω e com derivada primeira também contínua em Ω.
Resta-nos escolher a forma das funções U ( x, y ) e v( x, y ) que iremos utilizar
para viabilizar a implementação prática do método variacional. O Método dos
Elementos Finitos estabelece que:
- as funções base (φ ) utilizadas para aproximar as funções U ( x, y ) e
v( x, y ) devem ser as mesmas:
19
N
U N = ∑α kφ k (26)
k =1
N
v N = ∑ β mφ m (27)
m =1
- as funções base devem ser polinômios não nulos definidos nos elementos
em que o domínio será subdividido.
∑K
k =1
mk α k = Cm para m=1,...,N (29)
20
9. A ANALOGIA COM A ANÁLISE TÉRMICA
onde:
λ = condutividade térmica do material;
T = temperatura (potencial térmico escalar);
q = fontes de calor interno;
21
10. CONDIÇÕES DE CONTORNO DO PROBLEMA
elétrico);
D1n = D2 n (continuidade das componentes normais da densidade de campo
elétrico).
22
11. SOLUÇÃO ANALÍTICA UNIDIMENSIONAL
σ i = condutividade do isolamento;
ev = espessura do verniz;
ei = espessura do isolamento;
23
FIGURA 8 – Modelo da solução analítica unidimensional
r 0 y0 y0
∫ j • dS = ∫ σ i E ti ( x1 )dy + ∫ σ v E tv ( x1 )dy − ∫ σ v E tv (x 2 )dy −
− y0 0 0
0 x2
− ∫ σ i E ti ( x 2 )dy − ∫ σ i E ni ( x )dx = 0 (36)
− y0 x1
Assumindo que:
- A espessura do verniz é pequena (0,1mm) e sua condutividade é alta em
relação à condutividade do isolamento, o campo elétrico no interior do
verniz será puramente tangencial;
- y0 é pequeno e x1 e x2 são pontos bastante próximos um do outro, o que
permite pensar no ponto (x,0) como um nó de um circuito elétrico;
podemos comparar cada uma das integrais em (36) a uma corrente que entra
ou sai do nó em (x,0), ou seja:
I1+ I2-I3- I4- I5=0
24
Desprezando as correntes tangenciais I1 e I4 no isolamento e considerando que:
U = E tv ( x )dx , é o potencial no verniz, (37)
U − U 0 = E ni ( x )ei , é o potencial no isolamento e, (38)
dE tv
E tv ( x1 ) − E tv ( x 2 ) = dx , é a variação do campo elétrico na direção x, (39)
dx
as integrais em (36) resultam em:
d 2U U −U0
σ v ev 2
− σ i = 0
dx ei
que é a equação (33).
A solução, de acordo com o trabalho de RIVENC, BIDAN e LEBEY4 e
dU
considerando as condições de contorno U (0) = 0 e (L ) = 0 , é dada por:
dx
cosh (γ ( x − L ))
U = U 0 1 − (40)
cosh (γL )
onde:
L = comprimento do verniz de proteção anticorona aplicado sobre a bobina;
σi 1
γ = (41)
σ v ei ev
25
12. SOLUÇÃO NUMÉRICA BIDIMENSIONAL
26
O campo elétrico na cabeça de bobina, sem a proteção anticorona aplicada
sobre a superfície externa do isolamento, é mostrado nas figuras 10, 11 e 12 abaixo.
Potencial (V)
27
FIGURA 11 – Distribuição do potencial (V) sobre a superfície externa do isolamento
Potencial (V)
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
28
Todas as figuras acima servirão como referência para a verificação do efeito
da aplicação dos vernizes de proteção anticorona sobre a distribuição do campo
elétrico na cabeça de bobina.
10000
9000
8000
Potencial (V)
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0
Distância (mm)
U analítico U numérico
29
FIGURA 14 – Comparação entre a solução analítica unidimensional e a solução
numérica bidimensional para a intensidade de campo, sem verniz semicondutivo
aplicado sobre a bobina.
(x 106)
Intensidade de campo
20
15
(V/m)
10
0
0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Distância (mm)
E analítico E numérico
3500
3000
Potencial (V)
2500
2000
1500
1000
500
0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0
Distância (mm)
U analítico U numérico
30
FIGURA 16 – Comparação entre a solução analítica unidimensional e a solução
numérica bidimensional para a intensidade de campo, com verniz aplicado (10-5 S/m).
0,15
(V/m)
0,1
0,05
0
0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Distância (mm)
E analítico E numérico
31
final do verniz anti-corona não ocorrerá com a utilização de um método numérico,
desde que o modelo utilizado inclua a região próxima ao final da pintura de proteção
anticorona. Isto, porém, ocorre naturalmente como decorrência da definição do
domínio e da necessidade de atribuir as condições de contorno; como não se conhece o
potencial no final do verniz, o domínio deve ser estendido além dele para a correta
implementação do método.
32
default do Ansys para a norma L2 da carga elétrica no interior do domínio, de 10-6
para 0,63.10-4, ligeiramente superior ao menor valor obtido nas várias iterações.
33
elétrico que se ajusta à curva de resistividade do verniz empregado, desde que o
método apresente convergência, isto é, que a solução, a cada iteração, se aproxime
mais da solução do problema. O método empregado para as iterações foi o de Newton-
Raphson, sucintamente descrito abaixo.
Seja o sistema de equações não lineares:
f 1 ( x1 , x 2 ,L , x n ) = 0
f ( x , x , L , x ) = 0
2 1 2 n
(43)
M
f n ( x1 , x 2 ,L , x n ) = 0
34
Comparando-se as figuras 10 e 18, pode-se constatar a redistribuição do
potencial U ao longo da superfície do verniz. Em conseqüência, a intensidade do
campo elétrico ao longo de toda a superfície do isolamento ficou abaixo daquela
necessária à ruptura do ar; logo, não haverá descarga. Pode-se ainda notar uma certa
concentração do campo elétrico junto ao final da proteção anticorona (L=125 mm).
Apesar disto, a intensidade de campo elétrico ainda é inferior à de ruptura do ar.
Entretanto, como se verá mais adiante neste trabalho, o gradiente de potencial neste
local depende das características do verniz empregado e do seu comprimento. É
possível que, sob determinadas combinações de ambos, o limite de ruptura do ar seja
ultrapassado, aparecendo descargas junto ao final ou junto ao início do verniz
(L=25mm).
Considerando que o programa utilizado permite o cálculo com materiais não
lineares, a curva característica do verniz 217.21 foi introduzida na definição dos
materiais correspondentes ao modelo, conforme mostrado na figura 21.
Potencial (V)
35
FIGURA 19 – Distribuição do potencial (V) sobre a superfície externa do isolamento,
com 100mm do verniz 217.21
Potencial (V)
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
36
FIGURA 21 – Condutividade do verniz 217.21, em função do potencial
Potencial (V)
37
FIGURA 22 – Distribuição do potencial, com 100mm do verniz 217.22
Potencial (V)
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
38
FIGURA 24 – Distribuição da intensidade de campo (V/m), com 100mm do
verniz 217.22
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
Potencial (V)
39
A análise das figuras 23 e 24 mostra que a ação do verniz 217.22 sobre a
distribuição do campo elétrico não é tão efetiva quanto a do verniz 217.21. De fato,
apenas os primeiros 2400 V, de um máximo de cerca de 8000 V na superfície do
isolamento da bobina, se distribuíram sobre o verniz (contra os cerca de 6500 V do
verniz 217.21). Houve, portanto, um deslocamento da zona de maior gradiente de
potencial da extremidade do núcleo estatórico, na bobina sem a proteção anticorona,
para o final do verniz 217.22. Verificando-se o gráfico da figura 24, pode-se constatar
que o gradiente de potencial imediatamente após o final do verniz (L=125 mm) atinge
3,6.106 V/m, suficientemente elevado em relação ao gradiente de ruptura do ar para
provocar o aparecimento de descargas.
40
13. A INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DO VERNIZ
41
FIGURA 26 - Malha utilizada no problema com o verniz 217.21 e no problema com o
verniz 217.22, ambos aplicados com 50mm de comprimento
Potencial (V)
42
FIGURA 28 – Distribuição do potencial na superfície, com 50 mm do verniz 217.21
Potencial (V)
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
43
Das figuras 28 e 29, pode-se concluir que a redução do comprimento do verniz
217.21 de 100 mm para 50 mm é aceitável. A variação de potencial sobre o verniz
passou de 6500 V para cerca de 4800 V, mas esta redução não implicou na elevação
significativa do gradiente de potencial no final do verniz, que ficou em torno de
1,8.106 V/m.
44
FIGURA 30 – Distribuição do potencial, com 50 mm do verniz 217.22
Potencial (V)
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
45
FIGURA 32 - Distribuição da intensidade de campo (V/m) sobre a superfície externa
do isolamento, com 50 mm do verniz 217.22
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
46
14. A INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DA CONDUTIVIDADE DO VERNIZ
A resistividade dos vernizes (ou a sua condutividade) pode variar dentro de uma
ampla faixa, conforme pode ser visto na figura 4. Dos resultados obtidos nos modelos
acima descritos, fica claro que a utilização de vernizes com condutividades mais
elevadas que a média do verniz 217.21 não produzirá bons resultados, ocorrendo ainda
concentração do campo elétrico nas extremidades do verniz. Iremos, portanto,
investigar os resultados decorrentes da aplicação do verniz 217.21 com a curva de
condutividade em seu limite inferior (ou com a resistividade em seu limite superior),
correspondente à curva mais à direita na figura 4. A curva de condutividade
introduzida no ANSYS é mostrada na figura 37. O campo elétrico foi determinado
através de uma malha de elementos triangulares sólidos de 6 nós (PLANE35), com
12847 elementos e 25902 nós. A malha é mostrada na figura 33. A convergência da
solução foi obtida após 10 iterações, tendo sido necessário relaxar levemente o critério
de convergência em relação ao valor default do Ansys para a norma L2 da carga
elétrica no interior do domínio, de 10-6 para 0,12.10-4.
Os resultados são mostrados nas figuras 34, 35 e 36 (distribuição do potencial
em todo o domínio, potencial ao longo da superfície do isolamento e intensidade de
campo elétrico ao longo da superfície do isolamento, respectivamente).
47
FIGURA 33 - Malha utilizada com o verniz 217.21 com condutividade mínima
Potencial (V)
48
Pode-se verificar, pela comparação entre as figuras 18 e 34, que a utilização do
verniz 217.21 com a curva de condutividade mínima (ou resistividade máxima)
praticamente eliminou a concentração de campo elétrico no final do verniz. Por outro
lado, houve um aumento da concentração do campo elétrico no início do verniz. De
fato, as figuras 35 e 36 evidenciam claramente isto; o gradiente no início do verniz
chega aos 3,1.106 V/m, elevado o suficiente para produzir descargas no ar. Ou seja, se
o verniz utilizado estiver no limite inferior de condutividade, a intensidade de campo
elétrico volta a crescer no início do mesmo.
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
49
FIGURA 36 – Distribuição da intensidade de campo (V/m) sobre a superfície externa
do isolamento, com 100 mm do verniz 217.21 com condutividade mínima
0 14,3 28,6 42,9 57,2 71,5 85,8 100,1 114,4 128,7 143
Distância a partir do núcleo estatórico (mm)
Potencial (V)
50
15. CONCLUSÕES
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verniz que esteja no limite superior de condutividade pode produzir
descargas no final do mesmo;
- A aplicação do MEF para a verificação do desempenho da proteção
anticorona em cabeças de bobina é bastante conveniente sob o ponto de
vista econômico, evitando-se a realização de ensaios com bobinas reais e o
uso de equipamentos de alta tensão (fontes e instrumentos de medida). O
domínio de cálculo é relativamente simples, não apresentando problemas
significativos de implementação. Os recursos para a visualização dos
resultados disponíveis na maioria dos programas comerciais que utilizam o
MEF permitem verificar de forma muito mais efetiva o desempenho da
proteção anticorona em comparação com a solução analítica
unidimensional. De fato, em toda a bibliografia consultada não foi
encontrada nenhuma menção à concentração de campo no final do verniz
ou à influência da faixa de variação da condutividade dos vernizes.
52
16. SUGESTÕES PARA DESENVOLVIMENTO
53
17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
54
11. YEO, Z., BURET, F., KRÄHENBÜHL, L., AURIOL, P. A Nonlinear Model
for Surface Conduction. IEEE Transactions on Magnetics, n. 5, Vol. 34,
1998.
12. VITELLI, M. Numerical Performance Analisys of Semiconductor Coatings for
Corona Suppression. IEEE Transactions on Dielectrics and Electrical
Insulation, n. 6, Vol. 6, 1999.
13. MAHDY, A. M., ANIS, H. I., WARD, S. A. Electrode Roughness Effects on
The Breakdown of Air-insulated Apparatus. IEEE Transactions on
Dielectrics and Electrical Insulation, n.4, Vol. 5, 1998.
14. CORNICK, K. J. Partial Discharges in Motor Cables. IEE Electrical Safety in
Hazardous Environments Conference, Pub. 390, 1994.
15. TECHAUMNAT , B., HAMADA, S., TAKUMA, T. Electric Field Behavior
near a Zero-angle Contact Point in the Presence of Surface Conductivity. IEEE
Transactions on Dielectrics and Electrical Insulation, n. 4, Vol. 4, 2002.
16. PHILLIPS, D. B., OLSEN, R. G., PEDROW, P. D. Corona Onset as a Design
Optimization Criterion for High Voltage Hardware. IEEE Transactions on
Dielectrics and Electrical Insulation, n. 6, Vol. 7, 2000.
17. BELEVTSEV, A. A. Modern Theory of Corona Discharge. Proceedings of the
3rd International Conference on Properties and Applications of Dielectric
Materials, Tóquio, 1991.
18. MALAMUD, R., CHEREMISOV, I. Anticorona Protection of the High Voltage
Stator Windings and Semi-conductive Materials for its Realization. IEEE
International Symposium on Electrical Insulation, Anaheim, 2000.
19. EL-KISHKY, H., NINDRA, B. S., ABDEL-SALAM, M., WILLIAMS, E.
Experience with Development and Evaluation of Corona Suppression Systems
for HV Rotating Machines. IEEE Transactions on Dieletrics and Electrical
Insulation, n.4, Vol. 9, 2002.
20. REHDER, R. H., STUTT, M. E. Corona Deterioration Reduction in Large
Electrical Machine Insulation. IEEE Industry Applications Magazine,
Jan/Fev-1995.
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