Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cap1 PDF
Cap1 PDF
I Controle Contı́nuo 1
1 Introdução 3
1.1 Sistemas de Controle em Malha Aberta e em Malha Fechada . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Componentes de um sistema de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Comparação de Sistemas de Controle em Malha Aberta e em Malha Fechada . . . . . . . 6
1.4 Aplicações em Engenharia Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Uma breve história da engenharia de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Parte I
Controle Contı́nuo
CAPÍTULO 1
Introdução
Perturbação
Perturbação
todos os problemas do controle de velocidade deste exemplo. Para responder a esta questão deve-se
perguntar quais são os requisitos de desempenho que seria razoável colocar para este sistema. Inicialmente
considera-se que o sistema vai começar a operar e que o operador especificou uma velocidade de referência.
É importante que no regime permanente o erro de velocidade com relação à referência seja nulo ou pelo
menos limitado. Se houver uma variação de carga, ou seja uma perturbação, novamente o erro de
velocidade deve ser pequeno ou nulo. Foi mostrado que a realimentação resolve este problema. Mas
além dos requisitos mencionados, deve-se estabelecer outros que se referem ao desempenho em regime
transitório, ou seja, como o sistema evolui para atingir o novo ponto de operação (ponto de equilı́brio).
Um requisito razoável seria que o motor atingisse a velocidade final com uma certa rapidez, ou seja
com um bom tempo de resposta. Além disso, esta resposta não deveria ser muito oscilatória, ou seja, o
sistema em malha fechada deve apresentar um bom amortecimento. Mais importante ainda, o sistema
deve atingir um ponto de equilı́brio, e não se afastar continuamente do valor final, ou seja, deve ser
estável. A Figura 1.3 apresenta algumas possı́veis formas da resposta.
Pode-se então classificar os requisitos de desempenho para o sistema em malha fechada como sendo:
• requisitos de desempenho transitório, tais como estabilidade, baixo tempo de resposta e adequado
+ Motor CC
ωref ω
+
− Carga
amortecimento
• requisitos de desempenho em regime permanente, tais como erros baixos ou nulos à referência ou à
perturbações.
Atender a todos estes requisitos, que podem inclusive ser conflitantes, não é, em geral, possı́vel
simplesmente fechando a malha de controle. Deve-se então modificar o sistema em malha fechada,
pela adição de um controlador, para que este sistema apresente as caracterı́sticas de desempenho tanto
transitórias, como em regime permanente, desejadas. O projeto deste controlador, usando técnicas de
controle clássicas constitui o objetivo final deste texto. Nos capı́tulos seguintes, são apresentados os
conceitos e ferramentas para atingir este objetivo.
Essencialmente o projeto de tais controladores envolve a modelagem do sistema (ou processo ou
planta) a ser controlado, a análise do desempenho deste sistema e a sı́ntese do controlador para atender
os requisitos de projeto.
Observe-se que um sistema de controle deste tipo fornecerá a saı́da desejada se não ocorrerem per-
turbações externas que alterem o valor da saı́da ou alterações paramétricas internas do sistema. Se
alguma destas ocorrer, a saı́da muda, mas a ação de controle continua exatamente a mesma.
Definição 2 Um Sistema de Controle em Malha Fechada (SCMF) utiliza uma medida adicional
da saı́da (resposta) real a fim de compará-la com a resposta desejada do sistema.
Definição 3 Sistema de Controle é um sistema que tende a manter uma relação pré-estabelecida entre
duas variáveis do sistema através da comparação de funções destas variáveis e utilizando a diferença como
meio de controle.
Sistema: Dispositivo ou fenômeno que se deseja operar com alguma finalidade (objetivo de controle).
Um sistema é representado por uma variável de entrada (controle), uma de saı́da (controlada) e uma
relação (função de transferência) entre elas.
Medidor: (transdutor) Dispositivos responsáveis pela medição e conversão da variável a ser controlada
para fins de comparação e obtenção do erro de saı́da.
Sinal de realimentação
Medidor
2
−
u + ω
10 Σ
2
−
10 1 u + y
10 Σ
10
2
−
ωref + e u + ω
Σ 200 10 Σ
−
• Os sistemas com realimentação apresentam uma precisão melhor (maior capacidade de seguir fiel-
mente a entrada). Isto ficou claro do exemplo discutido anteriormente. Quando perturbações ou
8 Capı́tulo 1: Introdução
variações paramétricas estão presentes o erro do sistema em malha aberta pode ser muito grande.
• Os sistemas em malha fechada apresentam menor sensibilidade a variações nas caracterı́sticas (por
exemplo, parâmetros) do sistema. Conforme discutido anteriormente, variações de parâmetro afe-
tam mais sistemas de malha aberta, provocando grandes erros.
• Eletrônica de potência
O controle de conversores e inversores é realizado por sistemas de controle especı́ficos.
• Eletrônica
Um grande número de equipamentos eletrônicos usam a realimentação para o controle de variáveis.
• Engenharia biomédica
Muitos sistemas bilológicos podem ser modelados como sistemas de controle.
sistemas apresentavam um comportamento instável, o que levou a uma pesquisa teórica da razão deste
comportamento. Em 1868 Maxwell publicou um artigo analisando o comportamento dinâmico dos sis-
temas de controle. A abordagem usada foi a modelagem do sistema por equações diferenciais sendo que
Maxwell demonstrou que para determinadas faixas de valores dos parâmetros as soluções das equações
eram instáveis. Na mesma época, Routh e Hurwitz desenvolveram técnicas que permitiam determinar
diretamente a estabilidade do sistema sem a necessidade da solução das equações.
Um marco no desenvolvimento da teoria de controle foi a publicação de um trabalho pelo matemático
russo A. Lyapunov em 1897. Este trabalho foi traduzido para o francês em 1907 e em inglês em 1947.
Pouco divulgado no ocidente, o trabalho de Lyapunov continou a ser desenvolvido na então União
Soviética, o que permitiu aos pesquisadores soviéticos grandes avanços especialmente na teoria de sistemas
não-lineares e uma liderança na área que se manteve até os anos 1950.
Na década de 1920, engenheiros dos laboratórios Bell trabalhavam com o problema de comunicação
a longa distância nos Estados Unidos. O problema de reforço de sinais através de amplificadors levou ao
desenvolvimento de técnicas no domı́nio da freqüência. Nyquist e Bode, assim como vários outros associ-
ados a estas técnicas, eram engenheiros dos laboratórios Bell. Eventualmente tais técnicas foram usadas
para o projeto de sistemas de controle. O inı́cio da Segunda Guerra mundial estimulou a pesquisa em
sistemas de controle, visando o uso militar. Nos Estados Unidos o MIT foi um centro de desenvolvimento
de tais técnicas. Outros desenvolvimentos se seguiram, inclusive com o aparecimento da técnica do lugar
das raı́zes, criada por Evans em 1947.
A teoria de controle ao final dos anos 1950 já consistia de um corpo de conhecimento consolidado, com
forte ênfase em técnicas baseadas no uso de métodos freqüênciais e com muitas aplicações industriais.
No entanto a demanda por novas técnicas, especialmente no florescente setor aéro-espacial impulsionou
o desenvolvimento do chamado controle moderno. O controle moderno retomou muitas das idéias de
Lyapunov, usando técnicas no domı́nio do tempo. O caso de sistemas multivariáveis (com várias entradas
e várias saı́das) pode ser facilmente tratado com técnicas modernas. O nome de R. Kalman aparece com
destaque entre os criadores do controle moderno.
Atualmente a teoria de controle é bastante extensa mas a relação entre vários aspectos foi melhor
estabelecida. Assim, técnicas da freqüência para sistemas multivariáveis foram desenvolvidas e a relação
entre o domı́nio do tempo e da freqüência melhor compreendidas. Mas os termos controle clássico e
controle moderno ainda são usados.
O objetivo deste texto é apresentar as técnicas associadas ao controle clássico. Estas técnicas ainda
são as ferramentas comuns na maior parte das aplicações industriais. O seu conhecimento também é
essencial para o entendimento do controle moderno.
10 Capı́tulo 1: Introdução
Exercı́cios
1. Considere um avião com um sistema automático de navegação (piloto automático). Faça o dia-
grama de blocos deste sistema. Quais as perturbações que atuam no sistema?
2. Considere um automóvel. Este sistema pode ser considerado como um sistema realimentado.
Esquematize o diagrama de blocos e analise o comportamento do sistema.
3. A figura abaixo mostra o diagrama simplificado de um sistema de controle de freqüência de uma
usina elétrica. Analise o comportamento deste sistema. Qual o objetivo deste controle? Identifique
o controlador, o atuador e o processo. Qual a natureza da perturbação que atua no sistema? O que
aconteceria em um sistema elétrico se não existisse esta malha de controle?
Torque
da
carga
Torque
de
+ −
ωref + Erro Regulador + aceleração ω
Inércia do
Σ Servomotor + Σ
Gerador
− Turbina