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Neste aspecto, como era a igreja do Novo Testamento (A igreja primitiva)? Era
institucional ou orgânica?
Ela era registrada em algum órgão estatal (oficial)? Possuía alguma licença legal
para funcionamento?
Não. Ela era muito mais como uma grande família, sem qualquer licença ou
vínculo com o Estado. Na realidade, os apóstolos recomendavam que se
respeitassem as autoridades mundanas e as suas leis (Rom. 13.1; Tito 3.1), naquilo
que não entrassem em choque coma Palavra de Deus, mas, a igreja primitiva era
um movimento não institucionalizado.
Alguém poderia aqui argumentar que naquela época não havia este tipo de registro
cartorial, portanto, é inadequado comparar a igreja primitiva com a de hoje, neste
aspecto.
Wayne A. Meeks, da Universidade Yale, também afirma que havia diversos tipos
de corporações no primeiro século. Em seu livro “The First Urban Christians” (Os
primeiros Cristãos Urbanos), ele descreve um quadro social do primeiro e do
segundo séculos onde existiam diversas organizações institucionalizadas,
associações formalizadas, não somente profissionais, mas também sociais.
Meeks afirma que nos tempos paulinos havia associações diversas, além das
sinagogas judaicas e das escolas retóricas/filosóficas. Interessava ao império
controlar todos os movimentos, portanto ele apoiava a formalização dessas
organizações. Movimentos não institucionalizados eram muito mal vistos pelo
Império Romano. Aliás, os estados modernos herdaram essa mesma atitude.
Essas citações nos mostram que, embora não existissem cartórios, existiam
organizações formalizadas nos tempos da igreja primitiva. O escopo deste artigo
não nos permite acrescentar outras citações, contudo, uma coisa fica certa: havia
instituições no primeiro século. A igreja primitiva, portanto, era orgânica, não por
falta de modelos institucionais em sua época. Ao contrário, ela era orgânica por
opção, ou melhor, por natureza.
A igreja não começou com uma ata de fundação ou documento semelhante,
elaborado por homens. Nasceu com um derramar do Espírito Santo nos fiéis, que
estavam em oração, em uma casa (Atos 2.2). Não possuía funcionários. Sustentava
os apóstolos (que eram plantadores de igrejas, missionários itinerantes), mas não
empregava nenhum funcionário local. Era uma família de irmãos e irmãs, cujo pai
era o Senhor Jesus.
A história nos mostra que a igreja cristã começou a se tornar institucional a partir
do Imperador Constantino (313 d.C.), o qual não oficializou o Cristianismo como
religião de Roma (quem o fez foi Teodósio, o imperador seguinte, em cerca de 360
d.C.), mas, Constantino cessou a perseguição aos cristãos e os apoiou
financeiramente, inclusive construindo os seus primeiros templos de tijolos. Aí
começou a grande decadência da igreja. Os interesses de Constantino e Teodósio
na igreja cristã não eram nada “cristãos”. Eram políticos, imperiais, movidos pela
sede de poder e controle. Constantino só foi batizado em seu leito de morte, pois
levava uma vida de luxuria e imoralidade. Os imperadores passaram a controlar os
cargos de liderança das igrejas, o que levou na idade média a igreja a até conceder
esses cargos mediante pagamento em dinheiro ou em troca de outras riquezas.