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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...................................................................1
Por que o Vale do Silício atrai tanta
gente interessada em tecnologia?................................. 2
Quais escolas dominam o Vale do Silício......................4
Como funciona a ligação entre
empresas e universidades no Vale do Silício................ 7
Um MBA no exterior pode ajudar na
minha carreira em tecnologia? .......................................9
Da faculdade para o Vale do Silício:
como é a inserção no mercado de trabalho................. 11
Como conseguir oportunidades no Vale do Silício.... 13
Estudar para empreender: o que é e como se faz....... 15
Outras escolas americanas para
quem deseja empreender.............................................17
Os livros sobre empreendedorismo
lidos no Vale do Silício .................................................20
Como estes dois brasileiros chegaram
com tudo ao Vale do Silício..........................................24
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INTRODUÇÃO
A região do Vale do Silício, localizada na Califórnia (EUA), atrai estudantes e profissionais
fascinados por tecnologia. E não é de hoje: empresas como Hewlett-Packard já se
instalavam na região décadas atrás e começavam a torná-la um polo de inovação.

Nesse e-book, você vai entender o que faz com que o Vale do Silício funcione e
como são as parcerias firmadas entre empresas da região e universidades de renome.
Conheça a trajetória de brasileiros que trabalharam por lá e ainda casos de quem
embarcou para o Vale para aprender sobre empreendedorismo.

Além disso, saiba ainda como ficar de olho em oportunidades na região, como
competições para universitários e investimentos para startups!

SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR SOBRE O ESTUDAR FORA


A Fundação Estudar é uma organização O EstudarFora.org é a principal fonte
sem fins lucrativos que acredita que o de informação e orientação para
Brasil será um país melhor se tivermos quem deseja estudar no exterior. No
mais jovens determinados a seguir portal, é possível encontrar rankings
uma trajetória de impacto. Criada em com as melhores universidades do
1991, a instituição tem como objetivo mundo, detalhes sobre seus processos
disseminar uma cultura de excelência seletivos, novidades sobre bolsas
e alavancar os estudos e a carreira de de estudo, ferramentas de apoio à
universitários e recém-formados por preparação e histórias inspiradoras de
meio da formação de uma comunidade jovens brasileiros que já viveram (ou
de líderes, do estímulo à experiência vivem) essa experiência.
acadêmica no exterior e do apoio à
tomada de decisão de carreira.

→ No site estudarfora.org.br/especiais você


tem acesso a guias exclusivos e gratuitos.

1
POR QUE O VALE DO Para quem se interessa por ou estuda tecnologia,
o nome é bastante familiar. O Vale do Silício,

SILÍCIO ATRAI TANTA


localizado na Baía de São Francisco, na Califórnia,
ganhou fama pelo tipo de empresas que se

GENTE INTERESSADA
instalava na região. Por lá, já na década de 50,
chegavam companhias como a Intel, interessadas

EM TECNOLOGIA?
em usar o silício como matéria-prima para produtos
como os processadores.

De lá para cá, o Vale sempre andou de mãos dadas


Foco em tecnologia começou com quem investia em tecnologia e inovação. Com
o boom dos computadores, celulares e aplicativos,
décadas atrás e persiste, mantido
a região recebeu gigantes como a Google e o
pelas inovações na região e pelas Facebook. E, olhando esse cenário, não é de se
relações com universidades estranhar que tanta gente interessada em trabalhar e
estudar áreas correlatas faça as malas para o Vale.

Por trás dessa atração por uma região tão


específica nos Estados Unidos, estão motivos
variados. O primeiro deles, espiando um pouco
da história do Vale, é a oferta de empregos em
áreas tecnológicas - afinal, não faltam empresas em
segmentos do tipo alocadas ali.

2
Voltar para o índice POR QUE O VALE DO SILÍCIO ATRAI TANTA
GENTE INTERESSADA EM TECNOLOGIA?

É possível fazer as malas para estagiar no Google A mais conhecida, que já virou figura carimbada em
e emendar em um verão trabalhando na Apple, em discussões sobre empreendedorismo e tecnologia,
uma só região. é Stanford.

Ainda pensando nas empresas concentradas no A localização geográfica (não é exagero dizer
Vale do Silício, há outro fator determinante: a rede que a instituição de ensino fica “logo ao lado” das
formada por essas empresas. São tantas startups, empresas), por si só, faz com que a escola chame a
tantas empresas dando os primeiros passos, em atenção. Pela cultura de inovação, passada adiante
meio a gigantes tecnológicas, que se forma uma por gerações de alunos, e somada à abordagem
rede difícil de replicar em outro lugar do mundo. multidisciplinar, que formou nomes de sucesso
Para os estudantes e profissionais, é uma chance como Elon Musk e Larry Page. Stanford virou um
de ouro para networking e para conhecer de perto polo para estudantes interessados em temas
pessoas com expertises variadas. ligados à tecnologia e que tivessem vontade de
empreender - mas não foi a única.
Esse é um cenário otimista também para quem
deseja começar uma empresa “do zero”. Afinal, em Isso porque outras universidades, a exemplo de
uma comunidade tão integrada, com tanta gente Stanford, perceberam que deveriam ter conexões
que compartilha interesses, há outro elemento com empresas da região e com as inovações
em jogo: os investidores. Falar de rodadas para tecnológicas que acontecem diariamente por
conseguir capital, ou da busca por viabilizar um ali. Assim, passaram não só a conectar alunos
negócio faz parte de aos postos de trabalho disponíveis no Vale,
“Se você tem estar no Vale do Silício.
Investidores sabem que,
como também a estimular a produção e troca
do conhecimento junto às empresas. É um dos
um negócio em um local do tipo, ingredientes determinantes por trás do sucesso
conseguem encontrar da Baía de São Francisco: as universidades que
bom, vai ideias diferentes - e, formaram as mentes pensantes e executantes do
conseguir claro, lucrativas. “Se Vale do Silício.
você tem um negócio
investimento no bom, vai conseguir

Vale do Silício. ” investimento”, resume


Henrique Dubugras, que
co-fundou aos 19 anos a Pagar.me, um sistema de
pagamentos online que movimenta milhões ao ano.
Hoje, ele mora na região, depois de ter passado
um período estudando na Universidade Stanford.

Se, por um lado, há inúmeros profissionais fazendo


as malas para trabalhar no Vale do Silício, por outro
há estudantes interessados em escolas da região.
Querem aprender sobre não só habilidades técnicas
que possibilitam inovações tecnológicas (um curso
de graduação em Ciência da Computação, por
exemplo), mas também o know-how por trás de
tantas startups na região.

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QUAIS ESCOLAS Quando se fala em Vale do Silício, uma das
imagens que vêm à mente é a dos anúncios

DOMINAM O
de inovações tecnológicas ou notícias sobre
tecnologia. Uma nova versão de um celular da

VALE DO SILÍCIO
Apple, uma novidade no Facebook, um novo
aplicativo da moda. E, por trás da criação de tantas
ferramentas e projetos novos, está o conhecimento
associado a cada invenção.
Entre as 10 universidades que
lideram as contratações de Basta pensar no número de patentes criadas em um
ano nessa região da Califórnia. Em dados de 2015,
ex-alunos, nenhuma faz parte foram mais de 600. Para dar conta do recado, são
da Ivy League. necessários muitos funcionários, empreendedores,
executivos e investidores que pensam e repensam
cada uma dessas novidades. Por trás desses
sujeitos, universidades que os prepararam para
trabalhar com este cenário de rápidas inovações.

Não é à toa que tantos recrutadores de empresas


como LinkedIn, Instagram e Twitter fiquem de olho
nos campi universitários. As feiras de carreiras,
comuns em universidades americanas, são um
exemplo dessa presença constante.

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Voltar para o índice QUAIS ESCOLAS DOMINAM
O VALE DO SILÍCIO

Há ainda parcerias firmadas entre instituições de “Stanford faz um esforço incrível para fazer com que
ensino e empresas, financiando estudos e projetos as pessoas ajam fora do consenso”, explica ele.
que se relacionem a tecnologia. Pensar fora da caixa, considerando alternativas para
problemas atuais, exige que os alunos vão além do
Quais universidades “dominam” a região? senso comum - o que implica correr riscos.
Um dado que chama a atenção e que pode
contrariar o senso comum é o de que, entre as
instituições que mais mandam alunos a empresas
“É como se Outro ponto
importante está na
no Vale do Silício, nenhuma faz parte da Ivy League Stanford tivesse rede de contatos
– liga que reúne as instituições de ensino mais possibilitada pela
tradicionais dos Estados Unidos. um selo mágico, universidade, com
ex-alunos alocados
que permite que
Segundo uma pesquisa comandada pela em empresas de
HiringSolved, uma empresa de recrutamento online, a gente fale com tecnologia e inovação.
com cerca de 10 mil profissionais, as instituições “É como se Stanford
que ficam no topo do ranking são nomes menos muita gente no tivesse um selo
conhecidos internacionalmente como Arizona
State e San Jose State. Escolas que têm um número
Vale. ” mágico, que permite
que a gente fale com
maior de alunos formados todos os anos, e que muita gente no Vale”, conta André, que voltou
oferecem muita gente para os processos seletivos. ao Brasil e criou a QuintoAndar, startup focada
em simplificar a locação de imóveis residenciais.
Também entre os 10 primeiros lugares da classificação Tomar um café com um ex-aluno que trabalhe numa
estão outras entidades mais conhecidas: Universidade empresa de interesse, portanto, vira lugar comum
da Califórnia, Berkeley, Stanford e Carnegie Mellon, para quem sai de Stanford.
todas em solo americano.
Carnegie Mellon
Stanford e Vale do Silício: A instituição foi fundada em 1900 e tem, em sua lista
uma relação de longa data de alumni famosos, profissionais de áreas bastante
É difícil falar de um sem falar do outro. O cientista variadas. George Romero, conhecido pelos filmes
da computação John Hennessy, apelidado de de terror, e o artista plástico e cineasta Andy
“Padrinho do Vale do Silício” e que presidiu Warhol passaram pela universidade. Em matéria de
Stanford por 15 anos, já explicou em palestras tecnologia e inovação, não é diferente: Carnegie
uma relação na casa dos trinta anos de duração. Mellon fica em terceiro lugar entre as universidades
Décadas em que o conhecimento produzido em que mais mandam ex-alunos ao Vale do Silício.
Stanford serviu de matéria-prima para inovações
constantes na região californiana. Um dos fatores por trás do sucesso tem a ver com
a ligação entre a instituição de ensino e nomes
O que tornou Stanford tão presente no DNA do como Apple e Amazon. “Eles se orgulham em
Vale do Silício? Em poucas palavras, um ambiente manter essas parcerias, que torna o contato com
multidisciplinar e pautado em inovação. Como as empresas muito mais direto”, explica Gabriel
explica o brasileiro André Penha, que cursou seu Bayomi, mestrando em Ciência da Computação.
MBA na universidade, a instituição ensina os alunos São promovidas palestras, feiras de carreira e aulas
“a ter coragem”. com CEOs e empreendedores.

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Voltar para o índice QUAIS ESCOLAS DOMINAM
O VALE DO SILÍCIO

Para ter uma ideia, a chefia do setor de inteligência


artificial da Apple ficou a cargo do professor Russ
Salakhutdinov, da Carnegie Mellon.

Dentro da instituição de ensino, são dezenas


de departamentos destinados a áreas ligadas à
Ciência da Computação, como machine-learning
e computação teórica. “Se você gosta de uma
matéria, uma subárea bem específica, vai encontrar
uma matéria para cursar que fale sobre ela”, conta
Gabriel, que elogia o equilíbrio entre teoria e
aplicação prática na universidade.

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COMO FUNCIONA A ligação entre empresas do Vale do Silício e
universidades já é uma relação forte e consolidada.

A LIGAÇÃO ENTRE
Olhando de perto, trata-se de uma equação
simples. Por um lado, as instituições de ensino
conseguem investimento e empregos para os
EMPRESAS E alunos e ex-alunos. Por outro, o conhecimento
produzido dentro dos muros da universidade, bem

UNIVERSIDADES NO como os recursos humanos disponíveis, servem


para empresas e startups.

VALE DO SILÍCIO Para que essa conexão dê certo, os dois lados


precisam reconhecer as vantagens e entender os
termos envolvidos. Como explica o mestrando
Pesquisa conjunta, estágios e em Ciência da Computação Gabriel Bayomi,
parcerias variadas ditam o tom entre em universidades como Carnegie Mellon essa
relação é tida como “fundamental”. Ainda assim,
empresas e universidades. Saiba a parceria tem via de mão-dupla. “Nunca vai
existir uma matéria que seja apenas focada na
como funciona essa relação e por
aplicação na indústria, mas nunca vai ser algo
que dá certo. muito teórico também”, detalha Gabriel. Regulando
esse processo, estão as avaliações de alunos e
as determinações da universidade e do corpo
docente. “Na Carnegie Mellon, existe um processo
constante de avaliação das matérias”.

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Voltar para o índice COMO FUNCIONA A LIGAÇÃO
ENTRE EMPRESAS E UNIVERSIDADES
NO VALE DO SILÍCIO

Como as empresas investem Esse é um dos formatos comuns entre as empresas


É comum ver empresas investindo em projetos do Vale do Silício e suas parcerias universitárias.
educacionais de grande porte. No último ano, a
Apple decidiu investir 100 milhões de dólares em O que as universidades oferecem
iniciativas para educação pública nos Estados A vantagem inicial oferecida pelas universidades
Unidos, por exemplo. é, claro, o capital “humano”. Jovens formados
por um currículo rigoroso, dispostos a inovar
Mesmo as plataformas de educação à distância e a atuar no mercado de trabalho, oxigenando
recebem investimentos generosos de empresas de o ambiente das empresas. Membros do corpo
tecnologia baseadas docente também podem servir de consultores ou

“Se você no Vale do Silício,


como é o caso do
de pesquisadores associados.
Por outro lado, algumas universidades já
não souber Coursera. Há parcerias perceberam o valor de formar alunos bem
firmadas com empresas qualificados para os novos mercados de
transformar seu como o Instagram, com tecnologia. Com um ambiente competitivo,
pautado em inovações constantes e mudanças
conhecimento o objetivo de fomentar
cursos que mirem abruptas trazidas por um novo aplicativo, a
em um produto, desafios atuais, com preparação é outra.
aplicação prática.
startup ou prova Foi pensando no Vale do Silício que a Universidade
da Califórnia, Berkeley elaborou o programa
de conceito, O mesmo acontece
com universidades M.E.T. Combinando as formações em negócios
nem mesmo a de renome. Um e engenharia, Berkeley mira o mercado de
laboratório pode trabalho atual e do futuro. “A ideia é oferecer
invenção mais contar com aos estudantes um entendimento sobre inovação
tecnológica para que eles estejam prontos
brilhante vai te parceiros na
a começar uma empresa, liderar um setor de

indústria para ajudar
levar longe. no financiamento inovação em uma já existente, ou mesmo trabalhar
das atividades, ou com iniciativas voltadas ao impacto social”,
mesmo promover um projeto de pesquisa que sintetiza a diretora do programa, Marjorie DeGraca.
seja aplicável por uma empresa. Em vez de
depender exclusivamente do setor de Pesquisa e Essa combinação permitiria aos alunos melhor
Desenvolvimento, comum em grandes empresas, alocação no mercado e maiores chances de
é a vez de aproveitar a estrutura da academia. transformar as ideias inovadoras em recursos
práticos. “Se você não souber transformar seu
O HP Laboratories’ Innovation Research Program, conhecimento em um produto, startup ou prova de
idealizado pela Hewlett-Packard, divulga conceito, nem mesmo a invenção mais brilhante vai
chamados anuais para que acadêmicos proponham te levar longe”, conclui Marjorie.
projetos de pesquisas. Ao fim de cada edição,
os pesquisadores podem publicar seus trabalhos
abertamente, e fica reservado à empresa o direito
de aplicar os resultados à indústria.

8
UM MBA NO A combinação entre carreiras em tecnologia e um
MBA no exterior pode soar inusitada, mas funciona

EXTERIOR PODE
muito bem. Ao contrário do senso comum, não
basta manejar bem as longas linhas de código

AJUDAR NA
ou dominar uma linguagem de programação para
se dar bem em ambientes competitivos da área.

MINHA CARREIRA
Para conquistar um nome em regiões como o
Vale do Silício, por exemplo, é necessário somar
conhecimentos técnicos ao know-how de quem
EM TECNOLOGIA? trabalha com negócios.

E nessa combinação, o MBA faz diferença. Não


Formação oferece oportunidades só pelo material das aulas, mas pelo ambiente
das business schools que oferecem o curso. Em
de networking e aprofundamento uma escola situada na Baía de São Francisco,
em áreas como administração e como Stanford, há vantagens marcantes. “A parte
técnica do MBA é pequena em relação a tudo que
negócios. Saiba como escolher o a região proporciona”, resume o brasileiro Lucas
melhor MBA. Mendes, que co-fundou a Contratado.me, startup
voltada à colocação profissional de engenheiros
de software e profissionais de TI. Ele embarcou
para a universidade decidido em aprofundar seus
conhecimentos no setor de tecnologia.

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Voltar para o índice UM MBA NO EXTERIOR PODE AJUDAR NA
MINHA CARREIRA EM TECNOLOGIA?

Tanto Stanford quanto outras instituições de ensino você ficou em dúvida entre as duas, não fez
geograficamente próximas oferecem a vantagem a lição de casa direito”, ressalta. Isso porque,
de colocar os alunos em contato com experts culturalmente falando, as duas têm abordagens
que trabalhem no Vale. Mais do que a proximidade diferentes e costumam atrair candidatos de uma
física com as empresas, as universidades permitem linha específica.
um “caminho oposto”: atraem os recrutadores Basta espiar o slogan de Stanford para ver um
e profissionais às aulas e à convivência no indicativo da cultura de negócios passada entre
campus. “Se você quiser conhecer alguém de os alunos: “Change lives, change organizations,
alguma empresa, basta um e-mail e um café a 15 change the world”.
minutos da escola”, conta
“A parte Guilherme Bastos, que Como decidir qual a melhor opção de MBA
No fim das contas, não há receita mágica que
técnica do MBA também fez o MBA em estipule a melhor opção, já que isso depende
Stanford.
é pequena em do perfil do candidato. De modo geral, as aulas
terão abordagem mais prática, trarão análises de
relação a tudo Não é à toa que a lista
caso e proporcionarão bom networking. Tendo
das empresas que
que o Vale do contratam mais alunos isso em mente, é preciso se debruçar sobre o que
diferencia as business schools na prática.
Silício das universidades como
Stanford e Berkeley tenha
proporciona” Um passo inicial serve como lição de casa para
tantos representantes de quem deseja fazer a application: pesquisar
setores de tecnologia. O resultado disso é um sobre cada instituição. Vale a pena recorrer
cenário propício àqueles que desejam trabalhar às informações de sites, os dados oficiais da
em empresas como Google e Facebook, e aos universidade e também recorrer a quem já passou
que desejam empreender em áreas correlatas. por lá. “Converse com ex-alunos, que podem
São alunos, professores e setor de admissions falar o que é bom ou ruim”, recomenda Lucas, que
muito bem alinhados. “Existem vários cursos seguiu esse caminho durante a preparação. Ele
ministrados por pessoas que já empreenderam, também decidiu visitar a escola pessoalmente e
focados em startups, em design thinking, e neles assistir a algumas aulas, além de conversar ao vivo
você aprende diretamente com quem já criou”, com os estudantes de Stanford.
explica Lucas Mendes.
A partir daí, é possível também analisar a rede
Mas, para os que desejam apostar no Vale do de alumni e o que fizeram após a graduação.
Silício, universidades localizadas nos arredores Basta pesquisar o destino dos alunos formados
não são a única opção. Nomes como Harvard na instituição e que tipo de posto de trabalho
não deixam de ser boas escolhas por conta da assumiram, entendendo quais cargos costumam
distância geográfica - afinal, e é possível apostar atrair os candidatos da universidade. Outro
em networking também nessas instituições. aspecto essencial, indicado por Lucas, é analisar
o “ecossistema” da região. “Isso representa um
Entretanto, como pontua Lucas, o passo essencial belo pedaço do valor que a universidade entrega”,
é ter noção do perfil da universidade ao qual se sintetiza ele. Para quem deseja uma carreira
em finanças, por exemplo, talvez a Baía de São
candidatar. “Harvard e Stanford são escolas de
Francisco não seja a melhor pedida. Tudo depende
negócios excelentes, um aluno não tem como
da combinação entre perfil de candidato e da
errar escolhendo uma delas”, diz ele. “Mas, se
universidade de destino para o MBA.

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DA FACULDADE Não é novidade a relação entre universidades
americanas e empresas de tecnologia. Essa

PARA O VALE DO
ligação vem permeada de vários elementos: a
presença de profissionais no corpo docente, de

SILÍCIO: COMO É
professores universitários no setor de pesquisa e
desenvolvimento da empresa e, claro, a presença

A INSERÇÃO NO
de recrutadores no campus.

Em outras palavras, o cenário colabora para inserir


MERCADO DE os alunos desde cedo em áreas de interesse.
Para um sujeito que sonhe com o Vale do Silício
TRABALHO e com a colocação em uma grande empresa
de tecnologia, portanto, não faltam opções. Foi
nessas feiras de carreira que a brasileira Deborah
Brasileira formada em Harvard Alves conseguiu um primeiro estágio na área,
no Quora. Ela estudava em Harvard e, durante
foi estagiária, funcionária e hoje
um evento do tipo, conheceu a empresa, uma
empreende na área de tecnologia. rede social baseada em perguntas e respostas
feitas por usuários de diferentes áreas. Ela conta
Ela conta as vantagens do Vale
que, ainda durante a feira, pode fazer a primeira
para quem quer aprender sobre entrevista do processo seletivo.
tecnologia e inovação.

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Voltar para o índice DA FACULDADE PARA O VALE DO
SILÍCIO: COMO É A INSERÇÃO NO
MERCADO DE TRABALHO

Nem universidade X, nem Y “No Vale, você praticamente respira tecnologia


O exemplo de Deborah ilustra bem um ponto o tempo todo, porque tem muitas startups na
importante sobre carreiras em tecnologias: não região”, conta Deborah. O resultado, vivendo
é necessário vir de uma universidade X ou Y para em um ambiente desses, é inevitável: conhecer
conseguir uma vaga. Ainda que o nome de Stanford muita gente na área e frequentar eventos e cursos
apareça constantemente nas conversas sobre o frequentes voltados à tecnologia. É a oportunidade
setor, outras universidades também alavancam a também de conhecer
carreira dos alunos por meio de networking e de sua
estrutura acadêmica. Uma universidade prestigiada
de perto a cultura de
trabalho das empresas.
“No Vale, você
como Harvard, portanto, não fica tão longe do Vale “No Quora, era uma praticamente
do Silício no fim das contas. cultura de aprendizado;
de trabalhar bem e respira
Como a brasileira explica, a experiência por lá entregar resultados
tecnologia o
não deixou a desejar, já que o departamento de forma saudável,
contava com uma estrutura consolidada e era bem sem abdicar da vida tempo todo,
amplo. Tanto alunos interessados em machine- pessoal”, exemplifica
learning quanto estudantes apaixonados por Deborah. porque tem
teoria da computação encontravam espaço. muitas startups

“O departamento é maravilhoso, a começar Com a oportunidade
pela aula introdutória, que é a mais popular da desde cedo na região.
universidade”, comenta Deborah. Ela se refere à de trabalhar em
aula CS50, ministrada em Harvard por David Malan, projetos dentro dos estágios, os alunos saem da
considerado um dos melhores educadores do universidade com uma boa bagagem. E, a partir
mundo na área de ciência da computação. daí, conseguem concorrer a cargos na área com
mais tranquilidade - e aproveitando o networking
Um currículo flexível também conta pontos para feito. Foi o caminho traçado por Deborah,
diferentes carreiras em tecnologia. “Na universidade, que retornou ao Quora depois de formada.
a gente tem liberdade para escolher as áreas que Hoje a brasileira dá os primeiros passos em um
mais nos interessam, não tem muitos requerimentos empreendimento no Brasil, depois da experiência
fixos”, explica Deborah, que focou as matérias em em ambas as costas dos Estados Unidos. “Na
computação gráfica e teoria da computação. faculdade você está imerso em um mundo de
gente boa e ambiciosa que vai atrás dos sonhos e
Do estágio ao trabalho efetivo: como consegue alcançar coisas grandiosas. São colegas
funciona seus, que moram perto de você, o que deixa tudo
Os estudantes costumam fazer estágios por muito mais próximo”, sintetiza a brasileira.
períodos de três meses, durante o verão, e
dedicam-se a projetos da empresa durante o
período estipulado. Ao fazer o estágio em uma
região como o Vale do Silício, um jovem profissional
consegue fazer networking e aprender na prática
mais habilidades na área.

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COMO Não é de hoje que o Vale do Silício atrai gente
interessada em tecnologia. Todos os anos, há

CONSEGUIR
quem embarque para a região por conseguir um
estágio, ou mesmo que tenha conseguido uma

OPORTUNIDADES
viagem ao polo de inovação. Outros seguem para
a Baía de São Francisco com um emprego em

NO VALE DO
mente, dispostos a trabalhar em companhias como
Google e Facebook.

SILÍCIO Mas a pergunta que continua é: como conseguir


chegar ao Vale do Silício? De que forma um
estudante brasileiro dedicado, ou um recém-
Competições para universitários, formado que tenha sede de aprender sobre
inovação, ou mesmo um profissional experiente
estágios, investimentos para
podem conquistar oportunidades lá? Para
startups… Entenda quais responder tais perguntas com dicas práticas, um
oportunidades existem na região dos caminhos é usar ferramentas online e sites em
prol dessa busca por oportunidades. Conheça
e como chegar lá. algumas delas a seguir.

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Voltar para o índice COMO CONSEGUIR OPORTUNIDADES
NO VALE DO SILÍCIO

Se você ainda está na faculdade E não é para menos, já que a empresa reúne
Um dos caminhos interessantes para os estudantes profissionais de ponta vindos de todas as partes
- e, em alguns casos, para os recém-formados - do mundo e conta com um campus principal
está nas competições organizadas por empresas extenso, com dezenas de prédios.
do Vale do Silício. E funciona de forma simples.
Às vezes, há um desafio inicial proposto pelas Os impactos positivos dessa experiência
empresas, que queiram solucionar um problema ou profissional são duradouros. Depois de executar
um projeto por três meses, com a supervisão de um
encontrar uma alternativa melhor para um aplicativo.
mentor mais experiente, o estagiário desenvolve
Em outras ocasiões, não há ponto de partida
habilidades mais avançadas. “Como bilhões de
específico, como acontece em competições da
pessoas vão usar a ferramenta, tem que ser algo
Hewlett-Packard para pesquisadores.
rápido e eficiente”, relata Anderson. Com um nível
de exigência alto, o estagiário conclui o período
Com os universitários divididos em times, é a vez
com mais habilidades, que agregam valor na hora
de submeter propostas inovadoras às empresas,
de se candidatar mesmo a outras empresas.
que estabelecem os quesitos para analisar cada
participação. É possível que a competição exija,
Se você já se formou
por exemplo, um protótipo, ou que apenas peça o
Algumas competições organizadas por empresas
planejamento, ou um esboço do projeto. Depois
do Vale do Silício têm abertura para recém-
das fases desse processo seletivo, é a vez de formados. Essas disposições são determinadas por
embarcar para o Vale,
“O estágio no
edital, e podem ser checadas logo no site oficial
seja para uma viagem da empresa que organiza. Se o objetivo é passar
temática, seja para um período trabalhando por lá, e os estágios estão
Google foi o uma oportunidade de fora de cogitação, há ferramentas que elencam
trabalho temporária.
momento de
vagas na região.

perceber que Outra opção para os É possível, por exemplo, recorrer a sites como o
estudantes tem a ver Angel List, que conecta candidatos a vagas em
eu poderia fazer com os estágios na startups. Ou ainda faça o caminho mais direto ao

coisas grandes. ” região. Ao contrário


do que possa
ponto: pesquise nos sites de cada empresa que atraia
interesse por vagas que tenham a ver com seu perfil
parecer, muitas empresas abrem vagas para as profissional. Em muitas empresas, o processo seletivo
quais são elegíveis candidatos do mundo todo. pode ser feito online e a experiência profissional na
O paulista Anderson Silva, formado em Ciência área conta pontos, mesmo que o candidato só tenha
da Computação na Universidade de São Paulo, trabalhado em seu país de origem.
resolveu se candidatar ao estágio na Google
durante a faculdade. Mandou o currículo pelo Se você é o empreendedor
site da empresa e seguiu o passo a passo do Para os empreendedores que já tenham dado os
processo seletivo, com meses de duração. No fim primeiros passos na criação d e uma startup, o Vale
das contas, conseguiu a vaga e embarcou para do Silício também serve de destino. Anualmente,
três meses em Mountain View. “Para mim, o estágio fundos de investimento abrem competições para
investir em novas empreitadas. Um exemplo disso
no Google foi o momento de perceber que eu
é a Chivas Venture Global Competition, realizada
poderia fazer coisas grandes”, conta o brasileiro.
anualmente e que permite aos interessados competir
por um milhão de dólares para suas startups.

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ESTUDAR PARA Há quem chegue ao Vale do Silício disposto a
assumir um cargo em uma grande empresa da

EMPREENDER: O
região. Há ainda quem vá para Baía de São Francisco
interessado em um diploma de MBA ou graduação

QUE É E COMO
que impulsione uma carreira na área de tecnologia. E
há ainda quem deseje estudar para empreender, seja

SE FAZ
na região da Califórnia, seja no Brasil.

Uma pergunta serve de ponto de partida: é


possível ensinar a empreender? Para muitas
Caminho certeiro é identificar o universidades, sim. Comandar uma iniciativa, uma
que “falta” no candidato e qual empresa nova, exige habilidades que podem ser
aprendidas, como contabilidade, administração
universidade oferece isso. e design thinking. Também é possível aprender
mais sobre o assunto analisando casos, como é
recorrente em cursos de MBA. Em outras palavras,
quando se fala em aprender a empreender, tratam-
se de habilidades e conhecimentos práticos e
teóricos que envolvem as atividades de uma criar,
gerenciar e expandir uma nova empresa.

15
Voltar para o índice ESTUDAR PARA EMPREENDER:
O QUE É E COMO SE FAZ

Para fazer isso na área de tecnologia há diversos à nossa volta”, conta André Penha, que cursou
caminhos. Uns sugerem a formação mais técnica, o MBA na universidade e voltou ao Brasil, onde
voltada para a Ciência da Computação, e outros fundou a startup QuintoAndar. Como resultado,
apontam o MBA como uma chance de aprender de tanto alunos como professores trabalham nesse
vez. Uma saída interessante para identificar qual a sentido, e as aulas são pautadas por esse mindset.
melhor formação para cada caso é entender de que Não vale apenas apresentar uma teoria básica de
forma o perfil da universidade e o currículo do curso administração, mas sim aplicá-la a iniciativas que
se adequam ao que “falta” na formação do aluno. Se ninguém fez antes.
o interesse é contabilidade, talvez a decisão penda
para uma escola em particular. Se a vontade é fazer Durante as aulas, os casos analisados servem
networking e ter acesso a outras startups, talvez para ilustrar a ideia, com casos de startups e

“Se você a opção mais viável seja


outra. Em todos os casos,
empresas já consolidadas. Como André explica,
o princípio de Stanford é acostumar os alunos ao
a constante é a vontade de “não-consenso”, a fazer algo em que a maioria das
sabe que quer empreender. pessoas não apostaria. “É aumentar o conforto
empreender, com essa ideia, para quando as pessoas rirem da
“Se você sabe que quer gente”, brinca o brasileiro.
pouco importa empreender, pouco

a escola. ” importa a escola”, opina


o brasileiro Gabriel
Outro ponto que chama a atenção em Stanford
está no número de recursos que pode oferecer
Guimarães, que se formou em Ciência da aos alunos. Para o brasileiro Henrique Dubugras,
Computação em Harvard e decidiu logo que que fundou a Pagar.me, um sistema de pagamentos
desejava empreender. Ele criou o Pagedraw, online, a universidade dá um “selo” para entrar na
startup que oferece o serviço de transformar bolha do Vale do Silício. E esse ambiente, em que
desenhos em layouts de sites. Ele optou pela “todo mundo está montando alguma coisa”, atrai o
formação mais holística de Harvard na graduação olhar dos investidores. “É mais fácil começar algo,
e não se arrepende. “Harvard pega gente de porque tem mais gente disposta a investir, então
medicina, de arte e de computação e junta. Essa conseguir capital é mais fácil”, resume o brasileiro.
junção de campos tem potencial e faz Harvard ser
incrível”, sintetiza ele.

O know-how de Stanford
Um dos nomes de maior destaque quando se fala
em empreendedorismo é o de Stanford. A relação
da universidade com o Vale do Silício colabora
para a fama, assim como a lista de alumni famosos.
Mas o know-how oferecido pela instituição vai
muito além disso e costuma atrair alunos que
queiram empreender.

“Stanford nutre na gente a mentalidade voltada


a fazer algo que mude as coisas, mude a vida
das pessoas para melhor, as empresas, o mundo

16
OUTRAS ESCOLAS Para quem deseja empreender, há destinos que
atraem atenção em especial. Em geral, pelo

AMERICANAS PARA
ecossistema formado, juntando as características
do corpo docente, da rede de alumni e a estrutura

QUEM DESEJA
de cada instituição.

EMPREENDER
Conheça duas universidades que, assim como
Stanford e Berkeley, atraem gente interessada em
colocar a mão na massa e empreender em áreas
por Beatriz Montesanti
como as de tecnologia (mas não apenas!).

Nomes como Babson College e BABSON: Empreendedorismo nas raízes


Desconhecida fora dos círculos não-
MIT atraem gente interessada no
especializados, Babson College é uma pequena
currículo que mistura conhecimento instituição do nordeste Americano que, em
2015, tinha cerca de 3 mil alunos. Ainda assim, a
em negócios e tecnologia
faculdade localizada em Massachusetts lidera
a maior parte dos rankings universitários de
empreendedorismo.

Babson já nasceu com o foco em formar


empreendedores, em 1919.

17
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PARA QUEM DESEJA EMPREENDER

Hoje, destaca-se por um curso de graduação que Artes e Humanidades, História e Sociedade,
alia administração e negócios com programas Matemática e Ciência, Economia, Negócios,
típicos dos liberal arts colleges – instituições Empreendedorismo, e Tecnologia.
americanas voltadas para a área de humanas.
Uma particularidade da instituição é uma
Foi essa combinação atípica que chamou a disciplina oferecida durante o primeiro ano, na
atenção de Anderson Ferminiano, bolsista da qual os alunos, divididos em grupos, recebem um
Fundação Estudar, quando decidiu ir para os orçamento para abrir a primeira empresa - no caso
Estados Unidos. Com 17 anos e já duas empresas de Anderson, a terceira.
fundadas no currículo, Anderson tinha Stanford
por dream school. Não aceito pela instituição, “O primeiro semestre é bem teórico, estudamos
descobriu outras boas opções que ofereciam como se cria um produto, e o segundo é mais prático,
aquilo que procurava: campo fértil e incentivo para tocamos a parte operacional”, conta o estudante.
criar e tocar seu próprio negócio. Os grupos organizam, de forma democrática, uma
estrutura hierárquica para tocar a empresa. Para
“Em Babson acreditamos ser CEO, por exemplo, é necessário fazer uma
proposta para a equipe, que decidirá os cargos.
que tecnologia não No final, é realizado um ranking da sala com base
no faturamento obtido; lucros são doados para
faz a empresa sozinha. uma instituição de escolha dos alunos, prejuízos
Pode, sim, ser um são assumidos pela universidade.

grande diferencial, mas MIT: empreendedorismo científico


Paraíso dos nerds, o Massachusetts Institute of
administração, finanças Technology (MIT) se destaca por aliar um ensino de
e eficiência são muito tecnologia de ponta a noções de administração.

importantes. ” União ideal para engenheiros, cientista da


computação e outros profissionais da tecnologia
que pretendem investir em seu próprio negócio.
“Babson, por outro lado, é uma escola muito
focada em negócios”, diz ele, que já possuía um Hoje com mais de 11 mil alunos, o instituto oferece
background tecnológico iniciado aos 14 anos, 44 programas de graduação em suas cinco
quando aprendeu programação. “Em Babson escolas - sendo a de engenharia a mais popular
acreditamos que tecnologia não faz a empresa entre elas (abriga 63% dos estudantes). Em um
sozinha. Pode, sim, ser um grande diferencial, mas currículo de bons-feitos, acumula 85 prêmios
administração, finanças e eficiência são muito Nobel, 38 bolsas MacArthur, duas medalhas
importantes”, argumenta. Fields e 34 astronautas. A instituição é também
reconhecida por ter desenvolvido potentes
Cursos pensados para gerar ideias de negócios radares, mísseis teleguiados e equipamentos de
Os dois primeiros anos do curso de graduação são espionagem usados pelo governo americano.
comuns a todos. Nos dois últimos, o aluno pode
optar por especializar-se em uma das seguintes “Fui para o MIT porque sabia que teria um
áreas: Contabilidade e Direito, Finanças, Marketing, background mais diversificado”, diz Michel Portas,

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PARA QUEM DESEJA EMPREENDER

aprovado tanto para a instituição de Massachusetts


quanto por Berkeley. Michel era estudante de
engenharia civil aqui no Brasil e, em um intercâmbio
acadêmico, optou pelo MIT para seguir em sua
área enquanto adquiria novas competências de
negócios e empreendedorismo.

No segundo semestre do intercâmbio no MIT, Michel


decidiu voltar-se para os negócios, área que não
teria oportunidade de explorar em sua graduação
no Brasil. Na Sloan, escola do MIT dedicada ao
tema, pôde estudar com alunos de MBA.
“É bom para conhecer pessoas com experiência
de mercado e criar um networking”, diz. “O nível da
aula é muito alto”, completa.

Em classe, aprendeu sobre análise de mercado e


como tirar valor de determinado produto, segundo
uma metodologia adotada por todas as disciplinas
de empreendedorismo do MIT. “Eles têm um
framework com 24 passos para serem seguidos,
criado por Bill Aulet”, afirma, referindo-se ao
professor da instituição e autor da bibliografia
utilizada nos cursos. “Em cada aula, tentamos
desenvolver um ou dois passos. Conseguimos
aprender com os erros e acertos uns dos outros”.

Para Michel, as duas faces da escola -


tecnologia e negócio - resumem a essência do
empreendedorismo. “Não é só vontade, é também
preparação, capacitação”, diz.

19
OS LIVROS SOBRE Para quem quer ter um gosto do que é
estudar em um dos maiores centros de

EMPREENDEDORISMO
empreendedorismo e inovação do mundo,
selecionamos vinte e duas obras sobre o tema

LIDOS NO VALE
lidas por alunos de Stanford em diversos níveis,
da graduação ao MBA. (A maioria é em inglês,

DO SILÍCIO
mas cinco dos títulos já foram traduzidos.)

Design thinking, empatia e histórias


de empreendedores de sucesso
são alguns dos temas explorados
em algumas das melhores
universidades do mundo.

20
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EMPREENDEDORISMO LIDOS NO
VALEDO SILÍCIO

Design thinking e inovação “Ideias malucas que funcionam” por Robert Sutton
Professor de Stanford com vastos conhecimentos
“Insight Out”, por Tina Seelig sobre psicologia comportamental, Robert Sutton
Professora de Stanford e autora de outro bestseller explica por quê uma companhia criativa precisa
sobre o assunto, “InGenium”, Tina Seelig, considerada recrutar pessoas que não cabem nos moldes para que
uma expert em criatividade, ensina como tirar ideias a cultura corporativa se torne mais criativa e inovadora
ousadas, criativas e empreendedoras do papel e – e o que fazer para não perder o controle.
implementá-las de verdade.
“Wired to Care”, por Dev Patnaik
“Design Thinking”, por Nigel Cross Praticar a empatia, a habilidade de conectar-
O termo está sempre flutuando por aí, assim como se com o outro e colocar-se em seu lugar, faz
o livro de Nigel Cross para quem quer entender com que uma empresa prospere, veja novas
mais a fundo sua teoria. São diversos cases de oportunidades e tome riscos. De reuniões na
estudo, análises e entrevistas com designers Intel a feiras de produtos orgânicos, conferências
reconhecidos em diversos campos, de software à religiosas e conversas com políticos, o autor
arquitetura e Fórmula 1. pesquisa de onde vem a empatia e como ela pode
ajudar um negócio a crescer.
“Creative Confidence”, por Tom & David Kelley
Irmãos e colegas de trabalho na IDEO, a premiada “The Achievement Habit”, por Bernard Roth
empresa de design thinking americana, Tom e Cofundador da escola de design thinking de
David Kelley destacam, através de princípios, Stanford, a d.School, o autor escreve que o hábito
estratégias e histórias reais, a importância da da conquista pode ser adquirido e, uma vez
criatividade em todas as facetas da empresa, que treinado, fica muito mais fácil enfrentar os desafios
vai muito além da “equipe criativa” lá da ponta. e atingir seus objetivos pessoais e profissionais.

“Design de negócios”, por Roger Martin “Designing Your Life”, por Bill Burnett &
Roger Martin considera o design thinking como a Dave Evans
próxima grande vantagem competitiva no mundo Todo design começa com um problema – o
dos negócios. Neste livro, que tem exemplos tamanho do seu celular, a cadeira em que você está
de empresas como IBM e Apple, ele apresenta sentando, o comprimento de um botão no teclado
conceitos que agregam valores à empresa e – e designers prontos para resolvê-lo. Os autores
mostra porque o design é tão importante para ter deste livro escrevem que os mesmos princípios
sucesso e inovar. de design thinking utilizados para criar objetos e
serviços pode ser utilizado em sua carreira e em
“Thinking in Systems”, por Donella Meadows sua vida, mantendo-o constantemente criativo,
A ideia da autora é deixar palpável o conceito produtivo e surpreendente.
de sistemas ao ensinar ferramentas e métodos
para pensar de forma sistemática. Aprender esta
habilidade, escreve ela, permite a identificação
e resolução de falhas também sistemáticas, que
podem parecer pequenas de maneira isolada,
mas são potencialmente devastadoras.

21
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EMPREENDEDORISMO LIDOS NO
VALEDO SILÍCIO

História do empreendedorismo Negócios


“Founders at Work: Stories of Startups’ “The Startup Game: Inside the Partnership
Early Days”, por Jessica Livingston between Venture Capitalists and
Uma coleção de entrevistas com fundadores Entrepreneurs”, por William H. Draper III
de grandes empresas tecnológicas sobre os Com quarenta anos de experiência como venture
primeiros anos das empreitadas, entre eles Steve capitalist - profissional de capital de risco que
Wozniak na Apple, Caterina Fake no Flickr, Max investe grandes quantias em novas ideias - William
Levchin no PayPal e Saber Bhatia no Hotmail. Draper investiu em empresas como Skype e
Hotmail quando ainda eram novas. No livro, ele vai
“The Silicon Valley Edge: A Habitat for além do Vale do Silício para entender a relação
Innovation and Entrepreneurship”, por entre VCs e empreendedores e quão crucial ela
Chong-Moon Lee e William F. Miller é para o sucesso econômico de uma nação no
O que faz do Vale do Silício um polo de inovação século 21. Os exemplos vão dos EUA a China e
tão difícil de imitar? De onde vem suas vantagens Índia, destacando a importância da visão política
de empreendedorismo e inovação? É o que o autor de longo prazo para criar grandes oportunidades.
investiga com grandes executivos e acadêmicos
locais, que defendem que a grande diferença é o “The Monk and the Riddle”, por Randy Komisar
ecossistema, afinado para transformar ideias em Considerada um novo clássico de negócios, a
produtos rapidamente. obra explora o que move um empreendedor a criar
algo novo – sua verdadeira motivação. O autor
“Medici Money”, por Tim Parks trabalhou em diversas empresas no Vale do Silício,
Pode parecer esquisito ter uma biografia sobre como Apple e LucasArts Entertainment, e enxerga
uma dinastia italiana do século 15 na lista (a obra é o tema da seguinte maneira: se o empreendedor
considerada “literatura como livro de negócios”), não consegue se ver fazendo aquilo para sempre,
mas a história da família Medici pode ser lida como melhor não começar. Em outras palavras, escreve
um momento crucial entre a queda de um sistema ele, paixão e propósito são tão cruciais quanto
financeiro e moral e surgimento de outro – o nosso. planilhas e um bom plano de negócios.
Entender melhor o que era e o que mudou permite
entender melhor o sistema financeiro como um “Do sonho à realização em quatro passos”,
todo, e como obter vantagens e agregar valor nele. por Steve Blank
Outro bestseller de negócios e ainda mais influente,
“Os inovadores: uma biografia da revolução o livro de Steve Blank mostra como startups são
digital”, por Walter Isaacson diferentes de empresas convencionais, como
Autor da biografia bestseller de Steve Jobs, Walter funciona seu modelo de negócios (o estilo lean
Isaacson investiga uma série de figuras-chave do startup, baseado em rapidez, feedback e testes) e
mundo da tecnologia, de Ada Lovelace, criadora o que faz com que algumas startups tenham tanto
da programação computadorizada no século 19, a sucesso e outras fracassem.
Alan Turing, John von Neumann, Robert Noyce, Bill
Gates, Steve Wozniak (e Jobs), Tim Berners-Lee e
Larry Page, entre outros. É uma saga épica sobre
a revolução digital como a conhecemos hoje, que
esclarece histórias e habilidades necessárias para
que cada inventor e empreendedor visionário
deixasse sua marca.

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EMPREENDEDORISMO LIDOS NO
VALEDO SILÍCIO

“Startup: Manual do empreendedor”, por Empreendedorismo social


Steve Blank
Outra obra de Blank na lista, esta é considerada “Getting Beyond Better: How Social
um guia pelas escolas de negócios e iniciativas Entrepreneurship Works”, por Roger Martin
de empreendedorismo contém instruções and Sally Osberg
detalhadas para construir uma startup de Em parceria com a presidente e CEO da Skoll
sucesso, escalável e lucrativa. São mais de Foundation, o autor de “Design de negócios”
seiscentas páginas cheias de gráficos, diagramas, explica como empreendedores sociais de
ferramentas, conceitos e checklists que sucesso agem para criar uma disrupção em um
prometem deixar todo o processo mais fácil. sistema estável, porém injusto, e transformam o
mundo para melhor. O livro apresenta um modelo
“Technology Ventures”, por Byers, Dorf & Nelson prático para interessados no tema, mostrando
Como a indicação anterior, este também é como e por quê mudanças de grande porte
um livro-referência, embora mais teórico. São acontecem nesse contexto.
cases e exercícios que ensinam como analisar
oportunidades e construir novos negócios, além “The Frugal Innovator: Creating Change
de informações sobre tecnologias e campos
on a Shoestring Budget”, por Charles
promissores – de energia limpa à saúde digital e
Leadbeater
Muitos empreendedores sociais precisam se virar
impressão 3D – para uma nova empreitada.
com um orçamento pequeno, e Stanford indica
uma obra que trata justamente de inovações
“How to Write a Great Business Plan”, por
técnicas e sociais de baixo custo em países em
William Sahlman
desenvolvimento. É possível avançar com pouco
Bons planos de negócios são cruciais tanto para
capital e poucos recursos em qualquer lugar,
convencer investidores quanto para criar um
afirma o autor. Basta saber como.
negócio durável, mas não se trata só de um bom
PowerPoint. Neste livro, o autor explica como “Startup Communities: Creating an
impressionar investidores de verdade e construir um Entrepreneurial Ecosystem in Your City”,
plano sólido, que conquiste (e mantenha) a atenção. por Brad Feld
Na mesma toada da indicação anterior, este
livro sai da bolha do Vale do Silício para afirmar
para empreendedores do mundo inteiro que
é possível promover a inovação do Brasil à
Islândia. O autor escreveu um guia prático que
explica como criar e fortalecer um ecossistema
de empreendedorismo ao multiplicar conexões
entre empreendedores e mentores e aprimorar
acesso à educação especializada, por exemplo. E
o melhor? Isso pode acontecer em qualquer lugar
do mundo – mesmo

23
COMO Quando o paulista Anderson Silva decidiu prestar
vestibular, não sabia muito sobre as universidades

ESTES DOIS
públicas. Natural de Mairinque, cidade localizada
no interior de São Paulo, ele se matriculou em um

BRASILEIROS
cursinho popular no último ano do Ensino Médio e,
só aí, decidiu prestar a prova da Universidade de São

CHEGARAM
Paulo para Ciência da Computação. “Logo que entrei
na graduação, via as histórias dessas pessoas que
foram estudar fora, assistia a vídeos e me inspirava
COM TUDO AO muito”, conta ele. “Mas eu não sabia nada de inglês”.

VALE DO SILÍCIO Tanto a ideia de estudar fora quanto a de


conseguir experiência profissional no exterior
exigiriam proficiência no idioma. Para Anderson, o
Os dois estagiaram ao mesmo caminho foi recorrer a recursos alternativos, e não
passava pelas salas de aula. “Para o vestibular, o
tempo no Google. Um deles meu estudo consistia em traduzir textos, e isso era
decidiu empreender no Vale do o que eu sabia de inglês”, diz ele. “Na graduação,
fui estudando inglês sozinho, adaptando o idioma
Silício, o outro voltou ao Brasil. no meu dia a dia”. Ouvir músicas, ler notícias
em portais de notícias estrangeiros e recorrer à
bibliografia das aulas de computação em inglês
viraram hábitos do brasileiro.

24
Voltar para o índice COMO ESTES DOIS BRASILEIROS
CHEGARAM COM TUDO
AO VALE DO SILÍCIO

Determinado a estudar fora, ele reuniu os recursos “O pessoal em McGill queria criar produtos,
mais próximos. Candidatou-se ao programa usar tecnologia para resolver problemas reais”,
Ciência Sem Fronteiras, do governo federal detalha Anderson, que passou um ano e meio na
brasileiro, mas não conseguiu encaminhar a Universidade McGill antes de voltar à USP.
documentação a tempo. Já no terceiro ano da Recém-formado e de volta ao Brasil, Anderson
graduação, Anderson decidiu aplicar para um enxerga a ciência da computação como boa
estágio no Google -- e enviou, pelo próprio site ferramenta para garantir escala em projetos de
da empresa, seu currículo. “Fazer uma entrevista mudança social. “Quando você pensa em mudar
técnica com um engenheiro de software e um um país, tem que tocar muita gente, chegar a
recrutador do Google foi a primeira situação em muitos lugares remotos”, conclui ele.
que falei em inglês com alguém”, conta ele, que na
época conseguira também uma bolsa da FAPESP De Harvard para o Vale do Silício
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Já o brasileiro Gabriel Guimarães decidiu estudar
São Paulo) para realizar pesquisa no Brasil. fora logo na graduação. Aos 16 anos, ele conheceu
o CS50, a matéria introdutória de Harvard para
O processo seletivo para conseguir o estágio ciência da computação. Começou a assistir às
na Google demorou meses. Nesse meio tempo, aulas pela internet e, quando terminou o curso,
Anderson já decidira aproveitar a oportunidade pensou em traduzi-lo para o português. Foi
de fazer um intercâmbio enquanto pesquisador na quando contatou o professor responsável e pediu
Austrália. “Eu conversava autorização para ministrá-lo no Brasil e transformá-
“Empreender com meu colega de quarto
diariamente em inglês, o que
lo em MOOC. “Quando fiz isso, defini que eu faria
computação para o resto da vida”, comenta ele.
é trabalhar, me preparou bem para o
estágio nos Estados Unidos”. Quando aplicou para as universidades no exterior,
mesmo que Harvard foi uma das opções do brasileiro,
sozinho, para E como é estagiar em uma também aprovado no Massachussetts Institute of
empresa tão grande como Technology (MIT) e em Yale. Escolheu o que achou
tentar fazer o Google? “Como bilhões que o desafiaria mais: Harvard. “O que seria difícil

uma coisa. ” de pessoas vão usar a


ferramenta, tudo tem que
para mim era enxergar as coisas de outro jeito, ter
aula de artes, conviver com as pessoas de outras
ser algo rápido e eficiente”, relata Anderson. A áreas”, explica ele, que sonhara por anos com o
exigência é alta e os estagiários recebem, logo MIT. O interesse por computação não o levou de
que chegam, um projeto para tocar durante três início ao Vale do Silício, mas à chamada East Coast
meses - ou, em outras palavras, a solução para americana.
um problema. Para Anderson, era uma mudança
de horizontes tremenda. “Minha mãe é faxineira, Foi estagiar no Google depois de ter contato
meu pai já fez de tudo… E eu fiquei pensando que com a empresa em uma feira de carreiras da
poderia fazer coisas realmente grandes, para mim, universidade. “O nome de Harvard bota o pé na
para minha família, para o país”. porta de qualquer lugar”, brinca ele. Uma vez
em Mountain View, na sede da empresa, coube a
Anderson não parou aí: embarcou, depois do ele desenvolver um projeto durante três meses.
estágio, para o intercâmbio no Canadá, pelo “Eram responsabilidades compatíveis com um
Ciência Sem Fronteiras (CsF). empregado full time.

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CHEGARAM COM TUDO
AO VALE DO SILÍCIO

Como um funcionário normal, você não tem hora


para chegar ou para sair”.

Só voltou ao Vale do Silício em definitivo quando


se formou em Harvard e decidiu empreender.
“O Vale do Silício tem um clima em que
todo mundo fala de empreendedorismo, de
investimento, de dinheiro”, comenta ele. Focado
em impulsionar a sua empresa PageDraw, startup
que oferece o serviço de transformar desenhos
em layouts de sites, ele focou em networking ao
chegar na Baía de São Francisco. Depois de três
semanas, levantou os primeiros investimentos, de
um milhão de dólares. Ele explica que aprendeu a
empreender em tecnologia fazendo. “Empreender
é trabalhar, mesmo que sozinho, para tentar fazer
uma coisa”, sintetiza ele.

26
Textos
Priscila Bellini

Edição
Nathalia Bustamante

Design
Aaron Saiki
Danilo de Paulo
Renata Monteiro

Fundação Estudar, 2017

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