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19 de outubro de 2018

Brasil

‘É detento, e não comentarista político’, diz Raquel


Dodge sobre Lula

Ex-presidente Lula acena da janela do sindicato dos metalúrgicos em uma foto de arquivo
de 7 de abril de 2018 - AFP/Arquivos

Estadão Conteúdo

19/10/18 - 23h45 - Atualizado em 20/10/18 - 08h17


A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, enviou manifestação ao Supremo
Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, 19, contra os pedidos para que o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conceda entrevistas da cadeia. Preso e condenado na
Operação Lava Jato, o petista está na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba
(PR) desde abril.

No parecer, Raquel ressalta a importância da liberdade de expressão e da imprensa, mas


observa que em alguns situações é possível proibir que presos concedam entrevistas. A
procuradora afirma que Lula é um detento em “pleno cumprimento de pena” e não um
“comentarista de política”.

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Depois de uma guerra de liminares entre os ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux, o
presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, manteve Lula proibido de falar com a imprensa
da prisão, prevalecendo a decisão de Fux.

Agora, Raquel pede que o caso seja analisado pelo plenário composto pelos 11 ministros,
por entender que a questão jurídica é “de importância ímpar no Estado Democrático de
Direito”, já que examina o alcance da liberdade de expressão de cidadãos condenados que
cumprem pena na prisão, assim como da liberdade de imprensa.

“A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são garantidas na Constituição de


1988, e seus limites na situação em exame clamam por decisão do Plenário do STF”,
afirma a procuradora, que chamou atenção para as “cinco diferentes” decisões proferidas
pelos ministros “no intervalo de cinco dias”.

O imbróglio começou com Lewandowski autorizando que o jornal Folha de S. Paulo e o


jornalista Florestan Fernandes Júnior entrevistassem Lula da cadeia. No mesmo dia, na
condição de vice-presidente, Fux atendeu um pedido do Partido Novo e cassou a decisão
de Lewandowski. O colega, no entanto, poucos dias depois, voltou a liberar as entrevistas
com o petista, fato que foi barrado por decisão de Toffoli.

Ainda numa outra decisão, Lewandowski voltou a liberar que Lula falasse com a
imprensa, mas deixou nas mãos de Toffoli a palavra final, que resolveu, na condição de
presidente, manter a vedação. Na ocasião, o presidente do Supremo reiterou que a
proibição vale até o plenário do STF analisar definitivamente a questão, o que só deve
ocorrer após as eleições.

Liberdade

Na manifestação, a procuradora ressalta a liberdade de expressão e da imprensa, mas


observa que em alguns situações é possível proibir que presos não concedam
entrevistas. Raquel afirma que deve haver restrição quando a interlocução com veículos
de comunicação estiver em conflito com as finalidades da pena, a manutenção da
disciplina, da ordem e segurança do estabelecimento, e com outros “valores públicos”.

Raquel cita que os pedidos feitos para entrevistar Lula centravam-se “única e
exclusivamente na sua própria e certamente emblemática figura”.

“Ocorre entre as finalidades da pena está o objetivo de que os presos a cumpram com
discrição e sobriedade, ficando a salvo de qualquer tipo de sensacionalismo ou
espetacularização”, observa a chefe da PGR, afirmando que presos “não são astros”,
ainda que possam ser figuras públicas fora do cárcere.

“A fim de permitir que as finalidades penais de retribuição, prevenção e de reinserção


social possam se concretizar, o contato de presos com meios de comunicação social não
pode produzir um excesso de notoriedade ou contribuir para a sua estigmatização como
heróis ou vilões, sob pena de desvirtuar a finalidade da pena e a habilidade do sistema de
lidar com a disciplina no ambiente carcerário”, completa Raquel.

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