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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Estudo conjunto de Processo Civil e Processo do Trabalho ................................... 2
1.1. Curso de “A a Z” ................................................................................................ 2
1.2. Bibliografia ........................................................................................................ 3
2. Noções de teoria geral do direito indispensáveis ao estudo do Direito Processual
...............................................................................................................................4
2.1. Relação jurídica e situação jurídica...................................................................4
2.2. Direito subjetivo e direito potestativo.............................................................. 5
2.3. Teoria do fato e ato jurídico ............................................................................. 6
2.4. Natureza jurídica; institutos; categorias jurídicas ............................................ 8
3. A tríade do direito processual: jurisdição, ação e processo ................................... 9
3.1. Conceito (perspectiva normativa e científica) e natureza jurídica do Direito
Processual 10
3.2. O caráter público e as novas tendências do Direito Processual –
“consensualismo” ................................................................................................................. 11
4. Fontes do Direito Processual ................................................................................ 12
4.1. Fontes materiais X fontes formais .................................................................. 12
4.2. Hierarquia e conflito entre as fontes .............................................................. 22
5. Interpretação, integração e aplicação do Direito Processual .............................. 23
5.1. Norma X enunciado normativo. A norma do precedente .............................. 23
5.2. In claris cessat interpretatio? .......................................................................... 24
5.3. Métodos de interpretação: literal (gramatical); lógico-sistemático;
teleológico; histórico ............................................................................................................ 24
5.4. Resultado da interpretação: declarativa; extensiva; restritiva. Interpretação
estrita. 25
5.5. Criatividade interpretativa e lógica da subsunção ......................................... 25
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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(Bloco 01)
1. Estudo conjunto de Processo Civil e Processo do Trabalho
1.1. Curso de “A a Z”
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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Logo, tendo em vista esse caminhar recíproco é que é mais um motivo pelo qual
estudamos as duas matérias juntas e com profundidade. Há uma confluência, que é outro
tema a ser abordado neste curso mais à frente.
1.2. Bibliografia
A escolha de livros é relativa para cada aluno; o professor reporta-se à aula de dicas de
estudos que gravou em conjunto com o Prof. Joalvo.
Para Processo do Trabalho e Processo Civil, em que pese o gosto pessoal, o professor
indica três autores importantes:
A) Processo do Trabalho
Mauro Schiavi – autor de posicionamento de vanguarda, inclusive ele é minoritário em
alguns pontos e o aluno deve ter cuidado porque ele não explica isso.
Carlos Henrique Bezerra Leite – livro tradicional.
Gustavo Felipe Barbosa Garcia – estilo de escrita sucinto e dinâmico, isso é bom para
concurso, pois não é prolixo.
B) Processo Civil
Fredie Didier – é um autor muito influente, inclusive, na concepção do CPC/2015.
Entretanto, o autor possui um curso muito grande, com 5 volumes, e há muito
conteúdo para se ler e acaba sendo repetitivo em alguns momentos.
Daniel Amorim Assumpção Neves – é um livro mais compacto, manual único, autor
didático, direto e objetivo.
Alexandre Câmara – Desembargador do TJ/RJ e é indicado porque ele tem um livro
chamado “O novo processo civil brasileiro” o qual tem o mesmo título de um livro
antigo do Barbosa Moreira. Ele é conciso e aborda os temas com bastante
profundidade. Bom livro para começar a estudar o novo código. Entretanto, ele tem
posicionamentos minoritários, logo, o aluno deve tomar cuidado com isso.
Haverá outros autores que o professor irá citar durante as aulas, mas o aluno não deve
se preocupar em estudar a doutrina desses autores, tendo em vista que o professor irá passar
isso aos alunos.
Para lograr êxito nos concursos públicos, não é necessário decorar os posicionamentos
dos autores citados. O objetivo deste curso é aprofundar o tema.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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Antes de estudar o direito processual, serão estudados alguns conceitos de teoria geral
do direito, que não são específicos do processo, mas que o aluno deve ter conhecimento. Este
primeiro bloco traz conceitos fundamentais que serão citados ao longo de todo o curso. É o
bloco do curso mais importante de todos. Lembrando que o objetivo não é decorar os
conceitos, mas sim, entendê-los.
CC/2002: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
CC/2002: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Nesse exemplo, o poder é o direito de exigir uma reparação por dano moral ou
material. De outro lado, o agressor tem um dever de indenizar. São poderes e deveres
correlatos.
Situação jurídica é um tema que o Fredie Didier refere-se a todo momento a situação
jurídica ativa e passiva. É um conjunto de deveres e direitos que o direto objetivo gera para
uma pessoa em determinadas circunstâncias.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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Ex: situação jurídica do empregado, o qual tem o dever de prestar serviços com ética,
zelo, cumprir horários, etc. e por estar nestas condições, ele tem o direito de receber os
salários e ser tratado com urbanidade pelo empregador.
Nesse exemplo, a situação jurídica do empregado é um feixe de direitos e obrigações.
Já no caso do empregador, há uma situação jurídica que é correlata, andam lado a lado. Sem
uma não existe a outra. Logo, quando há um vínculo entre duas situações jurídicas correlatas,
há também uma relação jurídica, que é uma relação social que envolve várias normas jurídicas,
p.ex. a relação de emprego. Sendo assim, há um terceiro conceito de relação jurídica.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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Fato é um acontecimento, p.ex. vento que passa na rua ou ar condicionado que sai o
vento frio. É um acontecimento do mundo fenomênico, da realidade material. Entretanto,
nem todo fato interessa ao direito.
O fato será relevante para o direito quando sofrer uma incidência da norma jurídica.
Fato jurídico sempre gera efeito jurídico. O fato jurídico se subdivide em:
1. FATO JURÍDICO
1.1. FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) – é um acontecimento que
não pressupõe vontade humana, p. ex. a chuva que cai, a morte natural. É um
evento da natureza. Ex: cai uma chuva torrencial em São João de Meriti e destrói o
fórum trabalhista daquele município e os autos físicos também foram destruídos.
Sendo assim, surgirá o direito à restauração de autos. Logo, a chuva como fato
jurídico em sentido estrito quando pode gerar um efeito jurídico processual.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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(Bloco 02)
3. A tríade do direito processual: jurisdição, ação e processo
O direito processual é uma disciplina muito técnica. Mas, o processo também tem um
pouco de poesia, pois, o processo judicial só tem razão de ser quando busca tutelar um direito
material. Isso porque o processo por si só não faria sentido. O fundamento é promover a paz
social e o equilíbrio das relações sociais. No entanto, sem que haja um processo eficiente e
efetivo, o direito material nunca irá se concretizar de forma plena, por isso que o processo
tem uma importância muito grande. A poesia disso tudo é que quanto mais foca-se no
processo e na qualidade do processo em si, mais perto se chega do resultado que se almeja.
O processo se assenta em uma tríade fundamental ou trilogia: jurisdição, ação e
processo. São três institutos que se reportam de forma direta ou indireta a tudo que formos
estudar, p.ex. competência que é a delimitação da jurisdição; a petição inicial que é um intuito
ligado a ação. Ou seja, tudo em processo gravita em torno desta tríade fundamental.
Jurisdição (“jurisdictio”) significa dizer o direito. Essa é uma função tipicamente pública
e exercida pelo poder judiciário, em que pese haver algumas situações nas quais o poder
legislativo exerce este poder, como aconteceu com o julgamento de crimes de
responsabilidade da Presidente da República. A Câmara e o Senado foram quem definiu se
houve ou não crime de responsabilidade.
Devemos, ainda, observar os equivalentes jurisdicionais, como a arbitragem – há
discussão se esta seria ou não uma forma de jurisdição - este será abordado mais à frente.
Mas, desde já, registra-se que é um equivalente jurisdicional e que pode ser exercido pelos
particulares, também.
Jurisdição pode ser contenciosa ou voluntária. A função jurisdicional abrange também
a jurisdição voluntária. Entretanto, há alguns autores que falam que a jurisdição voluntária
não seria nem jurisdição e nem voluntária. Isso porque a jurisdição voluntária é uma situação
de tutela assistencial de direitos privados ditos relevantes pelo legislador.
Ex: menor que está sob tutela e que pretende alienar um bem imóvel do qual é titular
e necessita de uma autorização judicial que permita a alienação no caso concreto. Não há uma
jurisdição neste caso, não há lide, mas há a necessidade de uma tutela judicial. Muitos dizem
que se trata de uma tutela de natureza administrativa e não uma atividade propriamente
jurisdicional.
O conceito clássico de jurisdição, que vem desde Carnelutti e autores mais antigos, é o
conceito de jurisdição contenciosa – a função estatal de compor conflitos de interesses e,
sobretudo, quando está envolvido o conceito de lide.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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O processo judicial deve ser encarado, também, como um instrumento que tem uma
finalidade ética, em que pese haver um método científico, mas o seu objetivo é obter a paz
social e a solução de conflitos de interesses.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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doutrinária desses institutos e surge a ciência do processo do trabalho, que faz parte de uma
ciência maior do direito.
Buscando enquadrar dentro de ramos maiores – ramo do direito privado ou direito
público, a natureza jurídica do processo do trabalho é considerada um sub-ramo do direito
público com base em dois fundamentos:
1) O Estado, nessa relação jurídica processual, está em uma posição de supremacia.
2) O direito processual tem a finalidade de buscar a paz social, solucionar conflitos,
exercendo uma função pública soberana.
CPC/2015: Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de
conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas
por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por
lei específica.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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Ex²: princípio da cooperação – preconiza que as partes devem cooperar entre si e com
o juiz para que se obtenha a decisão de mérito em tempo razoável. Logo, esse princípio inspira,
por exemplo, a necessidade de uma fundamentação analítica de uma decisão judicial; indica
que as partes passam a influir mais eficazmente na construção do provimento jurisdicional.
Logo, a atuação do poder judiciário é mais democrática, tendo em vista o contraditório
substancial.
Assim, atualmente, em que pese o direito processual fazer parte do ramo do direito
público, não pode mais dar margem a concepções autoritárias já defendidas no Brasil em
algum momento. Isso é um tema novo, portanto, fiquem atentos.
Parece um tema trivial, mas gera muitas discussões em doutrinas, como Miguel Reale
e Paulo Dourado de Gusmão, pois os dois tem posições diametralmente opostas com relação
a esse tema.
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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Fontes formais:
Constituição – há fontes formais na CF/88, como a inserção de dispositivos processuais
em seu texto, como ocorre com os princípios da jurisdição, acesso à justiça,
competência jurisdicional - como no art. 114 que prevê a competência da justiça do
trabalho. Outro aspecto é a chamada constitucionalização do direito processual –
passa a ter a necessidade da filtragem constitucional, logo, todo o ordenamento
jurídico deve ser lido sob a ótica da CF sempre com o propósito de realizar os valores
que a constituição prevê.
CF/88 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
XI - procedimentos em matéria processual.
Vejam que o STF tem dado interpretação restritiva a estes dispositivos, p.ex. os
estados membros não podem criar recursos, mas podem criar procedimentos1. Para
1
O Estado do Rio de Janeiro disciplinou a homologação judicial de acordo alimentar nos casos específicos
em que há participação da Defensoria Pública, não estabelecendo novo processo, mas a forma como este será
executado. Lei sobre procedimento em matéria processual. A prerrogativa de legislar sobre procedimentos possui
o condão de transformar os Estados em verdadeiros "laboratórios legislativos". Ao conceder-se aos entes
federados o poder de regular o procedimento de uma matéria, baseando-se em peculiaridades próprias, está a
possibilitar-se que novas e exitosas experiências sejam formuladas. Os Estados passam a ser partícipes
importantes no desenvolvimento do direito nacional e a atuar ativamente na construção de possíveis experiências
que poderão ser adotadas por outros entes ou em todo território federal. Desjudicialização. A vertente
extrajudicial da assistência jurídica prestada pela Defensoria Pública permite a orientação (informação em
direito), a realização de mediações, conciliações e arbitragem (resolução alternativa de litígios), entre outros
serviços, evitando, muitas vezes, a propositura de ações judiciais. Ação direta julgada improcedente. [ADI 2.922,
rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-4-2014, P, DJE de 30-10-2014.]
Criação, por lei estadual, de varas especializadas em delitos praticados por organizações criminosas. (...)
A composição do órgão jurisdicional se insere na competência legislativa concorrente para versar sobre
procedimentos em matéria processual, mercê da caracterização do procedimento como a exteriorização da
relação jurídica em desenvolvimento, a englobar o modo de produção dos atos decisórios do Estado-juiz, se com
a chancela de um ou de vários magistrados. (...) Os Estados-Membros podem dispor, mediante lei, sobre protocolo
e distribuição de processos, no âmbito de sua competência para editar normas específicas sobre procedimentos
em matéria processual (art. 24, XI, da CRFB). [ADI 4.414, rel. min. Luiz Fux, j. 31-5-2012, P, DJE de 17-6-2013.]
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Processo do Trabalho – Conceitos e Princípios
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o processo do trabalho, o art. 24 da CF/88 não tem muita importância tendo em vista
que apenas leis federais se aplicam-na Justiça do Trabalho, pois, não há espaço de
aplicação de leis estaduais na Justiça do Trabalho, em que pese haver 24 regionais.
Leis em sentido estrito – envolve tanto a lei complementar (votado por quórum de
maioria absoluta) quanto a lei ordinária (votada por quórum de maioria simples). A lei
que regulamenta o processo do trabalho e civil, em princípio, será uma lei ordinária,
tendo em vista que a CF/88 não delega a edição de lei complementar. Há exceções,
como a LOMAN – art. 93 da CF/88 disciplina expressamente que essa lei só pode ser
editada por lei complementar, que é de iniciativa do STF.
CF/88: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...)
A LOMAN pode criar deveres para o magistrado, p.ex. prazos para o juiz decidir.
É uma lei materialmente complementar. Logo, podem existir leis formalmente
complementares, que são editadas sob a forma de lei complementar, mas em sua
essência é uma lei ordinária.
Ex: LC150/2105 (Lei dos domésticos), em seu artigo 46, trata da impossibilidade
de penhora do bem de família. Note que anteriormente era possível a penhora do bem
de família e a Lei 8.009/90 (Lei do bem de família) foi alterada a partir da edição da LC
150/2015.
Descabe confundir a competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal para legislar sobre
procedimentos em matéria processual; art. 24, XI, com a privativa para legislar sobre direito processual, prevista
no art. 22, I, ambos da CF. Os Estados não têm competência para a criação de recurso, como é o de embargos de
divergência contra decisão de turma recursal. [AI 253.518 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 9-5-2000, 2ª T, DJ de
18-8-2000.]
O inquérito civil é procedimento pré-processual que se insere na esfera do direito processual civil como
procedimento, à semelhança do que sucede com relação ao inquérito policial em face do direito processual penal.
Daí, a competência concorrente prevista no art. 24, XI, da CF. [ADI 1.285 MC, rel. min. Moreira Alves, j. 25-10-
1995, P, DJ de 23-3-2001.]
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Medida provisória – por força do art. 62 da CF/88, medida provisória não pode mais
versar sobre matérias processuais. A EC 32/2001 alterou o artigo para vedar de forma
expressa a edição de medidas provisórias sobre temas processuais. Antes da edição da
EC 32/2001, havia uma controvérsia se podia ou não medida provisória versar sobre
direito processual. Por isso, pode-se encontrar alguma medida provisória anterior à
emenda vigente e aplicável, caso não tenha sida declarada inconstitucional.
Regimentos internos dos Tribunais – art. 96, I da CF/88 dispõe sobre competência de
órgãos jurisdicionais, o qual é um tema processual, portanto, é uma fonte do direito
processual do trabalho e civil.
Ex: o TST criou diversos órgãos no âmbito do Tribunal por meio do seu
regulamento interno, como a SDI, SDC, órgão especial, tribunal pleno, etc.; o
regimento interno do TST também define qual é a competência desses órgãos.
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Costumes – art. 4º, LINDB – espécie de fonte subsidiaria de fonte legal e processual.
LINDB: Art. 4o - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
O costume consiste em uma prática reiterada em uma sociedade, mas para que
ele seja configurado como fonte requer dois elementos:
2
Atenção para o cancelamento da OJ 334 da SDI-1 do TST ocorrida em junho de 2016, tendo em vista
que o art. 105 do CPC/2015 passou a exigir expressamente que conste na procuração poderes conferidos ao
advogado para firmar a declaração de hipossuficiência do empregado.
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CLT: Art. 790, § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles
que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem,
sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem
prejuízo do sustento próprio ou de sua família. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de
27.8.2002)
3) contra legem (contra a lei) – cuidado, pois, a lei não deixa de ser aplicada por não
ser utilizada (desuso), pois, necessita de sua expressa revogação.
Ex: deferimento ou indeferimento de liminar, no processo do trabalho, é
muito comum deferir ou indeferir a liminar porque estão presentes ou ausentes os
requisitos legais. Trata-se de uma decisão não fundamentada porque viola o art.93,
CF/88 e art. 489 do CPC/2015.
CF/88: Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
CPC/2015: Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber,
dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de
cláusula específica.
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(Bloco 03)
Convenções internacionais – os tratados podem ser fontes, tanto na área trabalhista,
como cível.
Ex: Pacto de San Jose da Costa Rica, na parte em que proíbe a prisão do
depositário infiel (STF); Protocolo de medidas Cautelares de Ouro Preto – provimento
cautelares no âmbito do Mercosul.
Qualquer decisão judicial sempre contém em seu âmago duas normas jurídicas:
1) Norma jurídica individual;
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Há uma corrente que fala que essa multa incide, e outra corrente que diz
que não incide a multa por atraso na homologação da rescisão em que pese o
pagamento ter sido efetuado dentro do prazo (tema de direito material do
trabalho).
Suponhamos, porém, que um TRT decida que, neste caso, a multa não é
devida. Quando o Tribunal diz isso, ele está criando uma norma jurídica individual
que rege aquele caso.
A norma: é improcedente a multa do artigo 477, §8º da CLT neste caso.
Entretanto, contém em sua ratio decidendi uma norma jurídica geral: é indevida a
multa do artigo 477, §8º da CLT quando o pagamento é tempestivo, sem que
ocorra homologação. Logo, esta tese contida na fundamentação irá se aplicar por
ser a tese geral.
Neste cenário do CPC/2015, o que ocorre é que a norma jurídica geral (ratio
decidendi) passa a ser norma jurídica geral. Entretanto, há controvérsias, como
p.ex. o Prof. Nelson Nery Jr. que sustenta esse entendimento enquanto
inconstitucional, por violar a separação de Poderes, mas a posição dele é
minoritária.
OBS.: o art. 8º da CLT faz menção que a jurisprudência e que esta pode ser
utilizada como fonte formal do processo do trabalho.
CLT: Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,
por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito,
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o
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Doutrina – não é fonte formal de direito processual porque não é norma jurídica e nem
lei e não vincula os tribunais, porém tem um papel muito importante, pois o legislador
pode se inspirar na doutrina para editar uma lei. É considerada uma fonte indireta.
CPC/2015: Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para
a prática dos atos processuais, quando for o caso.
3
Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência de
omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de Processo Civil: II - art. 190 e parágrafo
único (negociação processual);
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CONVENÇÃO DE GENÉBRA, LEI UNIFORME SOBRE LETRAS DE CÂMBIO E NOTAS PROMISSÓRIAS - AVAL
APOSTO A NOTA PROMISSÓRIA NÃO REGISTRADA NO PRAZO LEGAL - IMPOSSIBILIDADE DE SER O AVALISTA
ACIONADO, MESMO PELAS VIAS ORDINÁRIAS. VALIDADE DO DECRETO-LEI Nº 427, DE 22.01.1969. EMBORA A
CONVENÇÃO DE GENÉBRA QUE PREVIU UMA LEI UNIFORME SOBRE LETRAS DE CÂMBIO E NOTAS PROMISSÓRIAS
TENHA APLICABILIDADE NO DIREITO INTERNO BRASILEIRO, NÃO SE SOBREPÕE ELA ÀS LEIS DO PAÍS, DISSO
DECORRENDO A CONSTITUCIONALIDADE E CONSEQUENTE VALIDADE DO DEC-LEI Nº 427/69, QUE INSTITUI O
REGISTRO OBRIGATÓRIO DA NOTA PROMISSÓRIA EM REPARTIÇÃO FAZENDÁRIA, SOB PENA DE NULIDADE DO
TÍTULO. SENDO O AVAL UM INSTITUTO DO DIREITO CAMBIÁRIO, INEXISTENTE SERÁ ELE SE RECONHECIDA A
NULIDADE DO TÍTULO CAMBIAL A QUE FOI APOSTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO.
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OBS.: Pode existir tratado internacional que verse sobre direitos humanos como no
exemplo já dado do Pacto de San José da Costa Rica do depositário infiel.
E, os tratados podem ter status constitucional equivalente à emenda constitucional,
que o caso do art. 5º, §3º (inserido pela EC 45/04). Neste caso, o tratado deve ser aprovado
com o quórum de emenda constitucional, ou seja, com aprovação em dois turnos e em
quórum de 3/5 dos membros.
CF/88: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos
aprovados na forma deste parágrafo)
Já no que tange aos conflitos entre as fontes, devemos lembrar dos casos clássicos
previstos na LINDB:
1) Critério hierárquico – lei não pode contrariar norma superior como em conflito com a
constituição ou emenda constitucional. De acordo com a visão da STF, quando uma
emenda entra em vigor se dá a revogação das leis ordinárias contrarias a esta emenda
constitucional.
2) Critério cronológico – lei posterior revoga lei anterior
3) Critério da especialidade.
É uma discussão nova. Mas, norma não se confunde norma com enunciado normativo.
Isso porque a norma é produto da interpretação do texto. Só se chega a norma após se
interpretar determinado texto normativo.
Ex: art. 477, §8 da CLT tem um enunciado normativo e a partir dele é que se constrói
uma norma jurídica individual, que vai reger esse caso concreto e também a norma jurídica
geral, que é a norma do precedente. Logo, não há norma que não possa ser interpretada, toda
norma é sempre o ponto final de um processo interpretativo. O ponto inicial é o texto, que é
o enunciado normativo.
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e na jurisprudência dos Tribunais.
B) Lógico-sistemática: qualquer artigo do CPC ou da CLT, por exemplo, devem ser lidos de
forma harmônica e sistemática. De muito mais lógica a interpretação de norma
processual a qual forma um todo orgânico. É encarar o processo e o direito como um
sistema o qual deve ser lido de acordo com constituição. É um instrumento realizar e
construir um processo mais justo e solidário, tal como art.3º da CF/88.
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e na jurisprudência dos Tribunais.
A atividade do judiciário não é mais de mera boca da lei, como dizia Montesquieu.
Tendo em vista as diversas situações do dia a dia é que o legislador se valeu dos conceitos
jurídicos indeterminados, como p.ex. as cláusulas gerais (como a da boa-fé objetiva); essa
concretização da norma se dá pelo juiz no caso concreto. Por isso que há espaço para uma
criação interpretativa – regra criada pelo intérprete a partir de um enunciado.
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O artigo 140, CPC/2015 veda o non liquet (o juiz não pode deixar de julgar). Há
lacuna na lei, mas não há lacuna no ordenamento jurídico.
CPC/2015: Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou
obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
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