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HISTÓRIA DA FAMÍLIA

O capítulo “A história da família” do livro de Danda Prado começa


apresentando a simplicidade de encontrar a origem da palavra Família,
porém, a dificuldade de conhecer a história da instituição familiar. Sua
etimologia inicia-se pelo termo Famulus que significa: grupo doméstico e
até mesmo o conjunto das propriedades de alguém, isso incluía os
escravos e os servos, sendo que, dentro do “grupo doméstico” estavam a
esposa e os filhos, Prado cita como exemplo a família greco-romana, que
“se compunha de um patriarca e seus fâmulos: esposa, filhos, servos livres
e escravos”. De acordo com o autor, a família nuclear, surgida na
Revolução Industrial, constituída por um casal com ou sem filhos,
predomina sobre outras formas tradicionais, uma vez que todas possuem
um histórico de formação, seja migrando do campo para o ambiente
urbano, por razões sociais, políticas, entre outras.

Segundo Danda Prado, várias áreas do conhecimento se interessaram pelo


estudo da Família, como os economistas com a despesa de uma família
pós-moderna, os antropólogos que analisam as relações entre os
parentes, os juristas que formulam novas leis relativas à nova realidade
familiar, os sociólogos que procuram entender o seu funcionamento atual,
os psicólogos, as consequências de suas relações, os geógrafos, as
variações entre o crescimento e a queda demográfica. “Tais estudos
permanecem em uma tentativa de compreender a família como um todo,
através de teorias”, afirma o autor. Um dos teóricos mais conhecidos é
Friedrich Engels que em seu livro A Origem da Família, da Propriedade
Privada e do Estado – baseado no trabalho de Lewis Henry Morgan, A
Sociedade Antiga é considerado um trabalho antropológico primordial –
afirma que a instituição familiar surge na reunião dos indivíduos formando
um comunismo primitivo no qual poderiam compartilhar mantimentos,
tendo mais vantagens que outros animais. Engels classifica os tipos de
família em:

 Punaluana; (casamento coletivo de grupos de irmãos e irmãs,


carnais e colaterais, no seio de um grupo)
 Sindiásmica; As uniões por casal, por um tempo mais ou menos
longo, faziam-se já sob o regime do casamento por grupos, ou
mesmo mais cedo; o homem tinha uma mulher principal (não
podemos dizer uma mulher favorita) entre o número das suas
mulheres, e era para ela o esposo principal entre todos os outros.
 Monogâmica: (união de um só casal, com coabitação exclusiva dos
cônjuges).

O filósofo também constata que no aparecer da instituição familiar, surge


também a divisão do trabalho que fez com que a maioria das famílias
tivesse alguém para impor a ordem , tal que fosse o proprietário dos
meios de produção. Baseado nisso, Danda Prado questiona em uma seção
do capítulo se o Matriarcado, cujo é o modelo que identifica o indivíduo
através de sua origem materna, teria existido antes do Patriarcado, devido
ao senso comum que se tem da predominância do segundo. Para tentar
estipular uma resposta, o pesquisador cita a exemplo a descendência
matriarcal por parte dos israelitas que, segundo o Halacá, corpo de leis
imutável, somente uma pessoa nascida de mãe judia é automaticamente
considerada judia, portanto, a herança judaica é passada de mãe para
filho, isso faz com que o grupo preserve a identidade da mãe como a sua
origem. Tal realidade é devido ao Torá, o qual conta a lenda de Sarah,
esposa de Abraão, que amamentou o povo de Israel em sua origem.
Muitos grupos africanos e indígenas seguem esse modelo, como os Zo’é,
um grupo apenas reconhecido em 1975 que habitam no norte do Pará. Em
sua estrutura, as mulheres podem ter vários maridos e ajudam os homens
em todas as atividades, além de ensinarem os jovens a cuidarem de uma
família. Infelizmente, tal característica em sociedades mais primitivas foi
se perdendo devido à “oposição de um sistema ao outro como simétrico”.

No matriarcado havia o culto ao poder reprodutivofeminino, por parte


de homens e mulheres, que ai viamum sinal de fertilidade da natureza,
o leite de suasubsistência. No patriarcado há uma apropriação
docorpo feminino pelo poder masculino. Um homem podeimpor à mulher
um grande número de gravidezes a fimde gerar mão-de-obra abundante
em seu própriobenefício. O inverso não é factível.Engels descreve essa
passagem de um matriarcadopara o patriarcado atribuindo-a às novas
formas e modosde produção, decorrentes de inovações
tecnológicas.Segundo ele, situa-se na pré-história, na fase
chamadaneolítica, caracterizada pela invenção da agricultura e dacriação
de animais. Isto é, a humanidade, em vez deapropriar-se das plantas
selvagens e da caça de animais,começa a plantar em certas áreas e a criar
animais juntoa seu local de residência.Mas a agricultura era limitada a
pequenos lotes deterra, que eram monopólio das mulheres. Os
homenscontinuavam nas atividades de caça e pesca como
nopassado.A contribuição das mulheres para essas invenções foiimensa,
pois recolhiam filhotes recém-nascidos e davam-lhes o próprio seio, assim
domesticavam os animais. Emsua tarefa de colheita, observavam como
germinavam assementes e se reproduziam as raízes dos vegetais. Poucoa
pouco selecionaram as plantas mais apropriadas aocultivo.

5656Ao mesmo tempo, esse cultivo de cereais exigia, parapreparo e


conservação de alimentos, o uso de recipientescapazes de resistir ao calor
do fogo e de guardar líquidosem grandes quantidades.As mulheres
inventam para isso a cerâmica. Nessemesmo período surge ainda a
arte da tecelagem,igualmente exercida pelas mulheres. Todas
essastécnicas exigiram um extraordinário acúmulo deexperiências, de
deduções, de troca de informações. Asmulheres dominando o
conhecimento dessas novastécnicas tinham também que transmiti-las
aos mais jovens. A menina ajuda a mãe a modelar o barro, observaos
detalhes, imita-a e recebe dela orientação. Umverdadeiro sistema de
aprendizagem preside assimdesde os tempos neolíticos a transmissão
das artes eofícios. As mulheres exerciam o controle das principaistécnicas
de sobrevivência, nos primórdios do neolítico, epor isso detinham um
grande poder. Daí o sistemamatrilinear da estrutura familiar.Durante
milhares de anos a Deusa Mãe fora o únicoobjeto de veneração. Na
passagem ao sistema patriarcal,começaram a surgir representações
masculinas emestatuetas e o símbolo masculino: o falo é modelado
embarro e gravado na pedra. "Esses símbolos implicam oreconhecimento

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