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ANIMOS E ANIMA

A notável observação e decodificação dos arquétipos elucidam um número expressivo


de conflitos e de fenômenos que ocorrem na conduta do ser humano, sendo essas raízes
psicológicas fincadas no inconsciente individual pela herança estratificada no coletivo.

Nesse infinito oceano de informações adormecidas onde a consciência surge em


expressão reduzida, vitimada pelas sucessivas ondas proporcionadas pelos ventos dos
arquivos repletos de dados, emergem as imagens arquetípicas das personificações
mitológicas que constituem as matrizes desencadeadoras do comportamento humano.

Do arquétipo (ou imagem) primordial, básico, portanto, segundo Carl Gustav Jung,
emergem todos os demais, tornando-se difícil de classificação, pelo fato de existirem
tantos quanto às circunstâncias, pessoas, lugares, quaisquer objetos que tenham força
emocional para diversos indivíduos, prolongando-se por expressivo período de tempo
na sua conduta.

Prevalecendo os arquétipos de mãe e de pai, o criador da Psicanálise Analítica deteve-se


em dividi-los em três grupos, em razão da sua preponderância sobre todos os seres, a
saber: a sombra, que pode ser uma personificação não identificada ou teimosamente
negada, que se apresenta nos sonhos com as mesmas características e idêntico sexo do
paciente; a anima e o animus, que são conexões inconscientes vinculadas ao
coletivo não identificado, expressando-se em sexo oposto ao do sonhador; e, por fim, o
Self que pode ser entendido como a totalidade, a magnitude do Velho Sábio/ Velho
Sábia, alterando sua expressão conforme as circunstâncias e apresentando-se em extensa
gama de formas humanas, animais e abstratas.

Reconhecendo a excelência da classificação do mestre suíço, não nos podemos furtar,


no entanto, a uma análise espírita em torno do arquétipo, que se trata de heranças das
experiências vivenciadas em reencarnações transatas, quando o Espírito transferiu,
mesmo sem dar-se conta, as lembranças para o inconsciente, nele arquivando todas as
realizações, anseios, frustrações, conquistas e prejuízos, facultando o surgimento
das futuras imagens primordiais, que correspondem aos acontecimentos nele
momentaneamente adormecidos e ignorados pela consciência.

Da mesma forma, a sombra, significando o lado escuro da personalidade, pode ser


analisada como herança dos atos ignóbeis ou infelizes que o Espírito gostaria de
esquecer ou negar, mas que prosseguem em mecanismo de punição, dando lugar
a conflitos e complexos perturbadores, expressando-se de forma densa. Por outro lado, o
desconhecimento, a ignorância das coisas e da realidade, responde por essa sombra, que
se pode dourar, após o esclarecimento, a conquista da verdade, eliminando os conflitos
que remanescem esquecidos…

Porque assexuado, o Espírito mergulha no corpo físico, ora exercendo uma polaridade, e
em ocasiões outras, diferente expressão anatômica, que o caracteriza como feminino ou
masculino, propiciando a reprodução e ensejando-lhe sensações e emoções variadas que
fazem parte do seu processo evolutivo. O comportamento vivenciado em cada anatomia
e função sexual irá responder pelo arquétipo anima / animus, ambos tornando-se
os parceiros psicológicos invisíveis que, em alguns casos, geram conflitos, quando um
deles predomina no comportamento emocional, diferindo da estrutura física do
indivíduo.

Nesses casos, existiu uma conduta reprochável que deixou marcas profundas no
inconsciente pessoal, produzindo necessidade de reparação moral dos equipamentos
utilizados indevidamente, ressumando como fator de insatisfação quando não de
tormento sexual.

A conveniente reeducação da função genésica psicológica harmonizará a anima com a


polaridade masculina e o animus com a feminina, produzindo bem-estar e plenitude pela
agradável identificação do arquétipo com a consciência.

O Self na sua representação totalitária, expressando a sabedoria do Velho/Sábio ou da


Velha/Sábia, é o Espírito imortal, herdeiro de si mesmo, jornaleiro de variadas
existências terrenas que o capacitam para a plenitude, exornando-o com os valores
imarcescíveis do conhecimento e da experiência. Todos eles dormem nos alicerces
profundos do inconsciente coletivo como do pessoal, delineando o comportamento e a
saúde psicológica de cada ser humano nas etapas sucessivas.

A proposta espírita para a equação do pressuposto dos arquétipos, a nosso ver, satisfaz
plenamente o entendimento daqueles denominados primordiais, preenchendo a lacuna
da incerteza no arquipélago das conclusões do eminente sábio da psique estruturada de
maneira especial.

Assim sendo, ao se apresentarem esses arquétipos em sonhos ou em imagens projetadas


no mundo objetivo, são defrontadas exteriorizações dos arquivos pessoais e das
experiências coletivas—reminiscências liberadas do períspirito – igualmente registradas
no inconsciente universal – os tradicionais akashas do esoterismo ancestral -, no qual
estão mergulhadas todas as vidas e suas formas, incluindo-se as abstrações.

* Extraído de FRANCO, Divaldo Pereira. Triunfo Pessoal. 7. ed. / pelo Espírito Joanna
de Ângelis. Salvador: LEAL, 2013.

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