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ESTUDO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO EXPOSTO

A ALTAS TEMPERATURAS E OS EFEITOS DO CALOR EM SUA


MICROESTRUTURA
THE STUDY OF CONCRETE COMPRESSIVE STRENGTH EXPOSED TO HIGH
TEMPERATURES AND THE HEAT EFFECTS ON ITS MICROSTRUCTURE

Raphaell Willian Myzaell dos Santos (1); Alexandre Cunha Machado (2); Manoel Martins dos
Santos Filho (3)

(1) Graduando em Tecnologia de Construção de Edifícios, Instituto Federal de Alagoas


(2) Professor Mestre, Departamento de Construção Civil do Instituto Federal de Alagoas
(3) Professor Doutor, Departamento de Construção Civil do Instituto Federal de Alagoas
Rua Mizael Domingues, n° 75, Centro, Maceió-AL, Brasil. CEP 57020-600

Resumo
As estruturas de concreto são elementos estruturais largamente utilizados, devido à abundância de matérias
primas, por possuírem um conhecimento já solidificado de sua utilização e seu custo ser relativamente
baixo. Porém, quando expostas ao fogo, tais estruturas tendem a reduzir sua resistência característica.
Fatores como a temperatura máxima atingida, o tempo de exposição, a proporção do traço utilizado e a
velocidade de resfriamento, influenciarão significativamente na perda de resistência. Este trabalho tem por
objetivo avaliar a resistência à compressão, tal como a microestrutura de um concreto convencional quando
exposto a altas temperaturas. Para isso foram confeccionados corpos de prova de concreto para serem
submetidos a 3 classes de temperaturas distintas e rompidos ao final de 7 dias de cura úmida. Os
parâmetros variados em cada grupo foram à elevação da temperatura (600°C, 800°C e 1000°C), o tempo de
exposição (30, 60 e 90 minutos) bem como o modo como foi feito o resfriamento (brusco e lento). Para
análise microestrutural do concreto foram realizados ensaios de microscopia eletrônica de varredura (MEV).
De posse da análise dos resultados, os mesmos apresentaram-se compatíveis com a literatura. Ficou
comprovado que o tempo de exposição e a temperatura são diretamente proporcionais a perda de
resistência à compressão e que o resfriamento brusco é sempre responsável pelos maiores danos. A
análise microestrutural aponta que o aumento da porosidade e a pouca coesão do material, parecem serem
indicativos da causa da diminuição da resistência à compressão.
Palavra-Chave: Concreto, Fogo, MEV, Altas Temperatura, Microestrutura

Abstract
The concrete structures the structural elements are widely used due to the abundance of raw materials,
because they have knowledge already solidified its use and its cost is relatively low. However, when exposed
to fire, such structures tend to reduce its characteristic resistance. Factors such as the maximum
temperature reached, exposure time, the proportion of the stroke used and the cooling rate significantly
influence the loss of strength. This study aims to evaluate the compressive strength, as the microstructure of
a conventional concrete when exposed to high temperatures. For that they were made concrete specimens
to be subjected to 3 classes of different temperatures and broken after 7 days of wet cure. The various
parameters in each group were elevated temperature (600 ° C, 800 ° C and 1000 ° C), the exposure time
(30, 60 and 90 minutes) and the way the cooling is done (sudden and slow ). Microstructural analysis of
concrete were performed scanning electron microscopy tests (SEM). Analysis of ownership of the results,
they were compatible with the literature. It was proven that the exposure time and temperature are directly
proportional to the compressive strength loss and the sudden cooling is always responsible for further
damage. Microstructural analysis shows that increasing the porosity and low cohesion material, seem to be
indicative of the cause of decreased resistance to compression.
Keywords: Concrete, Fire, SEM, High Temperatures, Microstructure
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1 Introdução
O concreto é um dos materiais de construção mais utilizados no mundo devido à
abundância de matérias primas e de um conhecimento já solidificado de sua utilização. O
mesmo é um exemplo típico de material compósito. Nesta classe de materiais, a
macroestrutura é definida pela composição de frações volumétricas de constituintes
distintos, como a argamassa (matriz) e a brita (inclusões). Um dos principais problemas
associados aos compósitos está relacionado às diferenças registradas nas propriedades
de seus componentes. Diante disso, é possível esperar efeitos diferenciados para a
argamassa e a brita, quando submetidas à ação do fogo, por exemplo.
O efeito do calor nas propriedades efetivas e na resistência do concreto tem sido objeto
de atenção dos órgãos normalizadores do Brasil e do mundo. No ano 2000, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a NBR 14432 fixando parâmetros
mínimos de resistência para elementos construtivos de edificações, com referência a
várias peças estruturais comumente feitas de concreto. Já a NBR 15200 (2004), que
versa sobre Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio, apresenta uma
curva com o fator redução da resistência em função da temperatura, como mostra a figura
1.
O grau de severidade do incêndio tem forte influência na perda de resistência da
estrutura, causando consequências como deformações, transformações mecânicas,
mudanças no aspecto estrutural e nos materiais que o compõem. Morales et al. (2011)
afirma que a elevação gradual de temperatura provoca efeitos distintos no concreto e nas
argamassas, verificando-se alteração na coloração, perda de resistência mecânica,
esfarelamento superficial, fissuração até a própria desintegração da estrutura.
Segundo Silva (2012), além da redução da resistência, várias outras propriedades do
concreto são afetadas pelo efeito da temperatura. Uma delas é a diminuição da seção
transversal da estrutura de concreto em decorrência de lascamentos superficiais, tal
fenômeno é denominado de “Spalling”. Souza et al. (2012), justifica tal fenômeno
afirmando que a água contida no interior do concreto ao evaporar, tende a gerar um
aumento de pressão de vapor no interior dos poros. Caso a pressão gerada pelo vapor
acumulado no interior seja superior à taxa de liberação desta mesma pressão para o meio
externo, pode provocar tais lascamentos.
No estudo do comportamento do concreto em situação de incêndio, vários fatores podem
interferir na resistência do mesmo. De acordo com Morales et al. (2011) dentre as causas
que podem levar uma estrutura sujeita a altas temperaturas ao colapso, estão a
temperatura máxima atingida, o tempo de exposição, o traço de concreto, o tipo de
estrutura, o elemento estrutural e a velocidade de resfriamento.
O modo como é feito o resfriamento é considerado de grande importância. Morales et al.
(2011) relata que o resfriamento brusco da temperatura é responsável pelas maiores
perdas de resistência e, quando é realizado o resfriamento lento, existe a possibilidade de
recuperação de até 90% da resistência inicial, dependendo da temperatura máxima
atingida.
Diante da complexidade do comportamento do concreto em situação de incêndio aliado a

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necessidade do entendimento da adequação das limitações do material às exigências
normativas quanto à resistência ao fogo, sugerem uma grande motivação para este
estudo.

Figura 1 - Fator de redução da resistência kc em função da temperatura (NBR 15200, 2012)

2 Programa Experimental
Foram confeccionados 3 grupos de corpos de prova, com 14 CP’s cilíndricos de
dimensões Ø10x20 cm, com fck de 20 MPa.
Utilizou-se um traço de concreto convencional, tendo 1:2,02:1,35:0,51
(Cimento:areia:brita:água) de proporção em massa, com fator água/cimento de 0,51. Este
concreto apresentou valor de abatimento de tronco de cone igual a 60 mm.
O adensamento das amostras foi feito de forma manual, utilizando uma haste de aço. A
desforma dos corpos de prova ocorreu 24 horas após a betonada e, após a desforma dos
CP’s, os mesmos foram colocados em um tanque com água, realizando assim a cura por
via úmida.
Os procedimentos de adensamento, desforma e cura foram realizados seguindo as
recomendações da norma brasileira NBR 5738:2003 que trata sobre os procedimentos de
moldagem e cura de corpos de prova.

2.1 Caracterização dos Materiais


O aglomerante empregado no concreto foi o cimento portland CP II-E-32.
O agregado miúdo empregado na confecção do concreto foi areia de origem quartzosa
natural, cuja dimensão máxima, obtida através do ensaio de granulometria, foi 2,4 mm.
O agregado graúdo utilizado foi brita de origem granítica, com dimensão máxima de 19,1
mm.

2.2 Esquematização do Ensaio

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Os 3 grupos de corpos de prova foram submetidos a diferentes faixas de temperaturas
(600°C, 800°C e 1000°C), com distintos tempos de exposição ao fogo (30, 60 e 90
minutos) e duas diferentes formas de resfriamento (brusco e lento). A Tabela 1 ilustra a
esquematização.
Tabela 1 – Esquematização do Ensaio
TEMPERATURA (°C) TEMPO DE EXPOSIÇÃO (min) RESFRIAMENTO
Brus co
30
Lento
Brus co
600 60
Lento
Brus co
90
Lento
Brus co
30
Lento
Brus co
800 60
Lento
Brus co
90
Lento
Brus co
30
Lento
Brus co
1000 60
Lento
Brus co
90
Lento
Fonte: LORENZON (2014)

2.3 Processo de Aquecimento


Com o objetivo de analisar a resistência do concreto sob exposto a altas temperaturas, foi
utilizado um forno tipo mufla da marca Schaly, modelo TC 100, com dimensões úteis de
400x400x600 mm, e feito um levantamento do percentual de perda de resistência dos
corpos de prova submetidos ao calor, comparado aos que se mantiveram a temperatura
ambiente.
Figura 2 – Forno elétrico tipo mufla, dimensões Figura 3 – Corpos de prova sendo retirados do
400x400x600 forno

Fonte: Autor Fonte: Autor

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Ao final dos 7 dias de cura, dois CP's de cada grupamento foram deixados a temperatura
ambiente para serem usados como parâmetro. O restante do grupamento foi colocado
dentro do forno para ser aquecido nas 3 faixas de temperatura (600°C, 800°C e 1000°C),
durante 3 períodos de tempo (30, 60 e 90 minutos).
Após a retirada dos CP’s do forno, nos tempos indicados, os mesmos foram divididos
entre os que seriam resfriados de forma brusca (Figura 4) e de forma lenta. Após este
último procedimento, os CP’s a serem resfriados lentamente foram retirados do forno e
colocados à temperatura ambiente. Já os que seriam resfriados de forma brusca, ao
serem retirados do forno, foram imersos bruscamente em um recipiente com água
corrente, a temperatura ambiente e permanecendo por um período de 20 minutos.

Figura 4 – Resfriamento Brusco dos CP’s


Figura 5 – CP’s a temperatura ambiente, simulando o
resfriamento lento

Fonte: Autor
Fonte: Autor

De acordo com Morales, Campos e Faganello (2011) dentre as causas que podem levar
uma estrutura sujeita a altas temperaturas ao colapso, estão à temperatura máxima
atingida, o tempo de exposição, o traço de concreto, o tipo de estrutura, o elemento
estrutural e a velocidade de resfriamento. A partir de então, foram adotados 3 diferentes
tempos de exposição (30, 60 e 90 minutos), bem como 2 tipos de resfriamento, brusco e
lento, para o estudo das amostras.

2.3 Rompimento das Amostras


Após o resfriamento dos corpos de prova, os mesmos foram retificados e submetidos ao
ensaio de compressão numa prensa hidráulica, respeitando as recomendações da NBR
5739 que versa sobre o ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos.

3 Resultados e Discussões

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3.1 Resistência à Compressão
Os resultados médios da resistência à compressão estão reunidos, por faixa de
temperatura, nas Tabelas 2, 3 e 4. Estes resultados foram obtidos realizando a média
entre 2 corpos de prova de concreto.
Nas duas classes de temperatura testadas, pode-se observar o decréscimo da resistência
à compressão em função do tempo em que os corpos-de-prova foram aquecidos no forno
e também em função do aumento da temperatura.
Para as amostras aquecidas a 600°C e resfriados de forma lenta, observou-se redução de
23%, 37% e 53% em relação aos que se mantiveram a temperatura ambiente nos tempos
de 30, 60 e 90 minutos respectivamente. Por outro lado, os corpos de prova aquecidos a
mesma temperatura e resfriados de forma brusca, apresentaram perdas de 36%, 51% e
74% em 30, 60 e 90 minutos.

Tabela 2 – Resistência à Compressão do Concreto Aquecido a 600°C


TEMPERATURA 600°C
_____
AMBIENTE 30 MIN 60 MIN 90 MIN
RESFRIAMENTO LENTO BRUSCO LENTO BRUSCO LENTO BRUSCO
CP 1 (Mpa) 18,85 13,89 11,59 11,46 9,17 7,39 4,90
CP 2 (Mpa) 16,56 13,25 11,08 10,96 8,15 9,17 4,33
MÉDIA 17,71 13,57 11,34 11,21 8,66 8,28 4,62
Perda de
- 23% 36% 37% 51% 53% 74%
resistência (%)
Fonte: Autor

Já para os corpos de prova aquecidos a 800°C e resfriados lentamente, observou-se


perdas de 29%, 43% e 62% para 30, 60 e 90 minutos respectivamente. Os corpos de
prova submetidos a 800°C e resfriados bruscamente foram os que sofreram maiores
perdas, apresentando 44%, 52% e 84% em 30, 60 e 90 minutos respectivamente.

Tabela 3 – Resistência à Compressão do Concreto Aquecido a 800°C


TEMPERATURA 800°C
_____
AMBIENTE 30 MIN 60 MIN 90 MIN
RESFRIAMENTO LENTO BRUSCO LENTO BRUSCO LENTO BRUSCO
CP 1 (Mpa) 16,50 12,29 9,43 9,49 8,15 6,50 2,55
CP 2 (Mpa) 17,13 11,59 9,55 9,68 7,90 6,31 2,68
MÉDIA 16,82 11,94 9,49 9,59 8,03 6,40 2,61
Perda de
- 29% 44% 43% 52% 62% 84%
resistência (%)
Fonte: Autor

Quanto ao grupamento exposto aos 1000°C, observou-se que as perdas comportaram-se


de forma semelhante às outras duas temperaturas, apresentando perdas sempre maiores
nas amostras resfriadas bruscamente e, também, nas que se mantiveram aquecidas por
mais tempo. Ainda nesta classe de temperatura, não foi possível realizar o teste de

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compressão nas amostras que permaneceram 90 minutos expostas ao calor, uma vez
que, ao serem retiradas as mesmas encontravam-se muito frágeis, quebrando com
facilidade, como mostram as figuras 6 e 7.

Tabela 4 – Resistência à Compressão do Concreto Aquecido a 1000°C


TEMPERATURA 1000°C
______
AMBIENTE 30 MIN 60 MIN 90 MIN
RESFRIAMENTO LENTO BRUSCO LENTO BRUSCO LENTO BRUSCO
CP 1 (Mpa) 16,12 9,87 7,77 4,71 1,91 0,00 0,00
CP 2 (Mpa) 16,63 10,12 5,35 3,18 2,97 0,00 0,00
MÉDIA 16,38 10,00 6,56 3,95 2,44 0,00 0,00
Perda de
- 39% 60% 76% 85% 100% 100%
resistência (%)
Fonte: Autor

Figura 6 – Concreto aquecido 90min a 1000°C Figura 7 – Concreto quebrado na retirada


se desintegrando ao ser retirado do forno do forno após ser aquecido 90min a 1000°

Fonte: Autor Fonte: Autor

Gráfico 1 – Perda da resistência em função do aumento da temperatura (Resfriamento Lento)

Fonte: Autor

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Gráfico 2 – Perda da resistência em função do aumento da temperatura (Resfriamento Brusco)

(Equação 1)

Fonte: Autor

3.2 Aspectos microestruturais observados por MEV

A seguinte análise foi realizada com o objetivo de verificar eventuais mudanças micro-
estruturais do concreto. Para isso foi utilizado o Microscópio Eletrônico de Varredura
(MEV) do Laboratório de Química do Instituto Federal de Alagoas.
As amostras foram retiradas dos corpos de prova após o ensaio de resistência á
compressão. Após o rompimento dos corpos de prova as lascas de concreto foram
retiradas do terço médio, depois fraturadas, reduzidas a pedaços com diâmetro máximo
de 2,5 cm. Posteriormente, foram novamente quebradas para se obter o tamanho ideal
para a realização da análise da microestrutura (cerca de 1cm de diâmetro). As amostras
reduzidas tiveram suas superfícies metalizadas (recobertas com ouro) antes de serem
levadas para visualização no MEV.
Em alguns pontos da amostra da figura 8, não tratada termicamente, constata-se a
presença de cristais aciculares típicas de etringita. Sua formação resulta da hidratação do
C3S na presença de gipsita. Mehta e Monteiro (1994) enfatizam que a mesma ocupa de
15% a 20% do volume de sólidos na pasta endurecida, desempenhando, portanto, um
papel menor nas relações estrutura-propriedades, mas é responsável pelo fenômeno de
pega e desenvolvimento da resistência inicial. Sua quantidade aumenta com o tempo
produzindo cristais em forma de agulhas de variados tamanhos.

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Figura 8 – Referência – Amostra não
aquecida.

Fonte: Autor

Nas figuras 9 e 10 são apresentadas as imagens das microestruturas do concreto


atacadas pela temperatura. Nas amostras foram detectadas as presenças de hidróxido de
cálcio (placas), silicato de cálcio hidratado e sulfoaluminato de cálcio hidratado (agulhas).
Os cristais de Ca(OH)2 no concreto possuem formas prismáticas e uma estrutura cristalina
hexagonal (Mehta E Monteiro, 1994).Na análise da microestrutura dos concretos tratados
termicamente constatou-se a ocorrência de maior porosidade na fase de silicato de cálcio
hidratado (CSH). Também na amostra analisada é constatada uma quantidade de cristais
de etringita muito maior do que nas amostras não tratadas termicamente, apontando que
aconteceu um aumento na cristalização da etringita (Galvão, 2003).
A figura 9 demonstra um aspecto bastante deteriorado da matriz de uma amostra
aquecida a 600°C. Nota-se um aspecto rugoso, pouco coeso e descontínuo do material,
decorrente da desidratação dos silicatos. Verifica-se ainda a presença de fissuras em
torno do agregado.
Figura 9 – Amostra Aquecida a 600°C – Figura 10 – Amostra Aquecida a 600°C –
1000x 3000x

Fonte: Autor Fonte: Autor

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4 Considerações Finais

A análise dos resultados dos ensaios a compressão apresentou resultados compatíveis


com os encontrados na literatura. A influência de fatores como tempo em que a estrutura
encontra-se exposta ao calor e a velocidade de resfriamento, também foram avaliados,
ficando comprovado que a temperatura máxima atingida e o tempo de exposição são
diretamente proporcionais a perda de resistência à compressão e que o resfriamento
brusco das amostras foi sempre responsável pelos maiores danos, quando comparados
ao resfriamento lento.
Adicionalmente, foi feita uma análise da microestrutura, onde pode-se observar que a
pouca coesão do material, resultante da desidratação dos silicatos, bem como o aumento
da porosidade, parecem serem indicativos da causa da diminuição da resistência à
compressão.

5 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14432: Exigências de


resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações. Procedimento. Rio de
Janeiro, 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15200:2004: Projeto de


Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Procedimento para


moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Ensaio de


Compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007.

Costa, C. N.; Figueiredo, A. D.; Silva, V. P.; Aspectos Tecnológicos dos Materiais de
Concreto em altas Temperaturas. Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e
Urbanismo. São Paulo, 2002.

Galvão, J.C.A. Estudo das propriedades dos concretos confeccionados com


cimento CPV-ARI e CPII –F-32 sob diferentes temperaturas de mistura e métodos de
cura. Dissertação de Mestrado. 2003. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2003

Lorenzon, A.; Análise da resistência residual do concreto após exposição a altas


temperaturas. 2014. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Paraná.

Mehta, P. K.; Monteiro, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedade e Materiais. 3


ed. São Paulo. IBRACON, 2008.

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Morales, G.; Campos, A.; Faganello, A. M. P. A ação do fogo sobre os componentes do
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Silva, V. P. e. Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio. Edgard


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Viana, C. C. A.. Concreto pré-fabricado: Alteração da resistência à compressão quando


exposto a altas temperaturas. Anais do 56° Congresso Brasileiro do Concreto. Natal,
2014.

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