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RESUMO
Os principais marcos da trajetória da Chocolate Do Parke - empresa que produz e comercializa
chocolates de alta qualidade - são reveladores do espírito empreendedor do seu dirigente e das
características a ele associadas. A história da empresa, que começou no ano de 1986 é, na verdade,
a história de seu atual dirigente - que a adquiriu em setembro de 1987 - e de todos os desafios que
enfrentou para colocá-la no patamar de maior produtora de chocolate da Serra Gaúcha, possuin-
do hoje sete filiais instaladas nos três estados da Região Sul. De um pequeno empreendimento
ligado à agricultura familiar até dirigente principal de uma fábrica de chocolate com 160 empre-
gados, muitos foram os desafios, decisões, superações e conquistas. O relato das principais etapas
do desenvolvimento da empresa, seus momentos mais cruciais e as formas adotadas pelo empre-
endedor para o enfrentamento dos desafios refletem estratégias e modelos de gestão capazes de
inspirar reflexões e questionamentos de grande valor didático.
Palavras-chave
Empreendedorismo. Perfil do empreendedor. Tomada de decisão. Modelos de gestão.
Produção de Chocolate.
Dezembro/2009.
1 Este caso foi escrito inteiramente a partir de informações cedidas pela empresa e outras fontes
mencionadas no tópico “Referências”. Não é intenção dos autores avaliar ou julgar o movimento estra-
tégico da empresa em questão. Este texto é destinado exclusivamente ao estudo e à discussão acadêmi-
ca, sendo vedada a sua utilização ou reprodução em qualquer outra forma. A violação aos direitos auto-
rais sujeitará o infrator às penalidades da Lei. Direitos Reservados ESPM.
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Este estudo relata o nascimento e o desenvolvimento da
Chocolate do Parke a partir da figura de José Schneider, seu atual
dirigente. A trajetória descrita contempla distintas fases do empre-
endimento, percorrendo as mudanças nas atividades realizadas, suas
iniciativas de expansão e a consolidação da marca no mercado. O pri-
meiro desafio começa com a aquisição do pequeno negócio e as difi-
culdades experimentadas para fabricar e vender um produto sem ter
clientes. Como superar reveses dessa natureza logo no início de um
empreendimento? Também se descreve o processo de crescimento
da empresa, praticamente sem nenhum recurso financeiro. Aqui apa-
recem as primeiras iniciativas do empreendedor, buscando crédito
junto aos fornecedores e lutando para superar desafios emergentes,
tais como o de vender sua produção sem ter qualquer experiência
nesta atividade e num mercado que lhe era completamente desco-
nhecido.
Ao longo da narrativa novos e mais complexos problemas vão surgindo, como a sua
dependência dos fornecedores, uma concorrência cada vez mais acirrada e a abertura de novos
mercados. O quê fazer para superar tais desafios? A história aqui relatada fornece indicado-
res sobre as formas de enfrentamento e superação de cada problema e, principalmente, sobre
como o espírito empreendedor de um jovem empresário agiu frente as ameaças e oportunida-
des.
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Preocupado, José começa a procurar oportunidades. Conversa com amigos. Consulta
pessoas mais experientes e escuta histórias de negócios bem ou mal sucedidos. Não levou mui-
to tempo para descobrir que a oportunidade estava mais perto do que pensava. Uma pequena
estrutura de processamento artesanal de chocolate, localizada em Gramado, de propriedade
de alguém próximo a sua família, foi lhe oferecida. Eram quatro panelas, um forno elétrico, uma
mesa, uma geladeira e 1000 quilos de massa de chocolate, alojados no porão de uma casa.
Não tinha dinheiro para adquiri-la e, muito menos, conhecimento sobre chocolate.
Mas o pagamento poderia ser feito após a venda futura do chocolate a ser processado. A venda
poderia ser feita por um eventual vendedor comissionado, e o conhecimento sobre o produto
seria lhe transmitido pelo próprio proponente do negócio. Assim, nestas condições, José não
hesitou. Adquiriu a pequena fábrica e a pôs em funcionamento num porão alugado. Mas quem
lhe havia prometido ensinar tudo sobre o processamento do chocolate, não ensinou. José não
se abateu. Foi buscar ajuda. Logo encontrou uma pessoa com experiência no ramo que ensi-
nou-lhe o básico sobre processamento do chocolate.
Comprou a crédito os outros insumos necessários e processou os 1000 quilos de massa
de chocolate, transformando-a em ovos de Páscoa. Mas quem disse que iria vender o produto,
não vendeu! Sem hesitar, embarcou no seu “Fusca” 77, junto com algumas amostras do produto
e foi para Caxias do Sul, oferecê-lo nas associações de funcionários das indústrias. Como não
conhecia aquela cidade, um amigo o acompanhou para orientá-lo no percurso. Sem dinheiro,
com várias dívidas, mas com mil quilos de ovos de páscoa e uma vontade enorme de vencer, foi
adiante. “Jamais esquecerei aquele dia. Fomos em várias indústrias, batendo de porta em porta.
Todas elas nos receberam, mas apenas uma fechou negócio. A Associação dos Funcionários da
Fras-Le aceitou meu produto em consignação. Entreguei toda a produção para eles. Se com-
prassem tudo, ótimo. Caso contrário, traria de volta o que não fôra vendido. O resultado foi que
compraram tudo e ainda faltou produto!”.
Com a primeira venda, José começou a pagar a pequena fábrica e a visitar mais indús-
trias para entregar seus produtos na Páscoa seguinte. Assim se passaram três anos. No final de
cada ano comprava massa de chocolate, misturava-a com outros ingredientes, transformava-a
em ovos de Páscoa, embalava e entregava-os em consignação para associações de funcioná-
rios de empresas em Caxias do Sul. O desfecho de cada temporada era o mesmo: as vendas
cresciam fortemente e o produto esgotava-se rapidamente. Até que, no final do terceiro ano,
tomou a decisão de comprar 20 toneladas de massa de chocolate.
“Todos me chamaram de louco”, comentou José. Mas ele não deu ouvidos aos pessi-
mistas e saiu em busca de um fornecedor de massa de chocolate que aceitasse vender-lhe a
crédito. Não tinha dinheiro e nem bens para dar em garantia. Conseguiu encontrar um fabri-
cante de chocolate que lhe fornecesse as 20 toneladas na mais inteira confiança de vir a receber
o pagamento mais tarde. Mas todos lhe diziam que não iria conseguir elaborar, em tão pouco
tempo, tanto chocolate, muito menos vendê-lo. Nesta época, José conheceu um profissional de
vendas que viria a ser, mais tarde, o seu Diretor Comercial. Com o auxílio deste profissional do
mercado, José se lança ao desafio. Trabalharam noite e dia, na fábrica e nos pequenos varejistas
na região, oferecendo o produto e, muito antes da Páscoa, concluíram o processamento de
toda a produção e efetivaram a sua venda. “Fiz, vendi e paguei todas as contas em dia. E ainda
me sobrou dinheiro para comprar a casa onde funcionava minha pequena fábrica”, completou
José em um tom triunfante.
Mas o crescimento da empresa de José continua e, para entender as decisões futuras
que precisou tomar, é preciso conhecer um pouco mais da cadeia produtiva do chocolate, des-
de a plantação do cacau até a elaboração do produto final. É o que veremos no tópico a seguir.
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O processo de fabricação
O cacau é o fruto do cacaueiro, planta da família
das Sterculiáceae, tendo sido classificado em 1753 como
Theobroma Cacau, cujo nome - Theobroma - tem o signifi-
cado em grego que quer dizer “Alimento dos Deuses”. É uma
árvore que se desenvolve melhor à sombra de outras árvo-
res maiores, sendo delicada e sensível a extremos climáticos
e fraca às pragas e aos fungos. Sua altura chega a ser de 5 a
10 metros e os primeiros frutos surgem por volta de cinco
anos do seu plantio.
A abertura da primeira casa de chocolate ocorreu em Londres, em 1657, por um fran-
cês. Até então, o chocolate era considerado um produto nobre, destinado à elite. A Revolução
Industrial trouxe a produção em série e tornou o chocolate um produto popular. Foi só em 1910
que começou a ser vendida a barra de chocolate, que se popularizou após a utilização pelo
exército americano como alimento de combate durante a segunda Guerra Mundial. A cacaui-
cultura brasileira está distribuída nas regiões nordeste (Bahia), sudeste (Espírito Santo), Centro-
-Oeste (Mato Grosso) e Norte (Pará, Rondônia e Amazonas).
O produto mais importante do fruto do cacau é a amêndoa de cacau seca. A produ-
ção dos processadores de cacau a partir das amêndoas secas é conhecida como derivados do
cacau, estando incluídos a massa, a pasta, o liquor, a manteiga, a torta e pó de cacau. A figura
abaixo sintetiza as etapas de processamento do grão do cacau:
O processo de produção dos derivados do cacau tem início nas fazendas com a reti-
rada das amêndoas, as sementes dos frutos que servem de matéria-prima para o doce. Cada
cacau contém entre 20 e 50 sementes, com alto teor de gordura e água. Para eliminar parte do
líquido, elas passam por uma secagem ao sol por oito dias, além de um processo de fermenta-
ção. Na fábrica, após a mistura de diversos grãos de origens diferentes, é feita uma limpeza dos
mesmos, retirando quaisquer impurezas separando eventuais grãos que estejam quebrados.
Em geral, os produtores de chocolate preferem fazer a torrefação do grão antes da retirada
da sua casca, enquanto que os processadores de cacau optam pela retirada da casca antes da
torrefação.
A torrefação é um processo de aquecimento que elimina a umidade e faz surgir o aro-
ma peculiar do cacau. As sementes são resfriadas e seguem então para o triturador, que retira
a casca da amêndoa. Nessa etapa se tem os nibs, que são considerados como a “carne” das
amêndoas do cacau. Quando já estão descascadas, as amêndoas passam pela moagem. Como
as frutas têm um teor de gordura superior a 50%, o produto resultante da moagem não é um
pó, mas uma massa pastosa e perfumada, chamada liquor, ingrediente básico para os diversos
tipos de chocolate. Na sequência, a massa de cacau passa por uma máquina de prensagem, que
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separa o ingrediente em dois produtos. O primeiro é a manteiga de cacau, que será reintrodu-
zida na próxima etapa de fabricação do chocolate. O segundo é a chamada torta de cacau, uma
espécie de “bolo” que se esfarela facilmente. Parte dela é dissolvida e misturada ao açúcar para
se fazer o chocolate em pó. Outra porção é resfriada e quebrada em tabletes, que serão usados
na fabricação do chocolate.
O chocolate é um produto obtido por processo de manufatura adequada, a partir da
mistura de vários ingredientes. As etapas de fabricação do chocolate estão descritas na figura
abaixo.
Para fabricação do chocolate, misturam-se diversos produtos, tais como liquor, man-
teiga, leite e açúcar. O leite poderá ser em pó, natural ou condensado, dependendo do tipo e
do gosto do chocolate que se deseja produzir. Na produção do chocolate ao leite, a massa de
cacau (ou liquor) e a manteiga de cacau recebem açúcar e leite, formando a massa do chocolate
tradicional. O chocolate meio amargo leva todos esses ingredientes, menos o leite. O branco é
feito apenas com manteiga de cacau, açúcar e leite.
No processo de mistura, os ingredientes são aquecidos e secos em cilindros, de modo
a deixar a composição homogênea. Independentemente do tipo de chocolate, a massa resul-
tante passa pelos cilindros de refinação, onde os cristais de açúcar da mistura são triturados e
quebrados em partículas microscópicas. Isso melhora a textura da mistura, deixando-a mais
macia. É esse processo que determina a “fineza” das marcas de chocolate mais cobiçadas.
A mistura é então colocada em conchas, grandes agitadores que movimentam a mis-
tura sob calor. Normalmente, mais manteiga de cacau é adicionada à mistura nesse estágio. O
objetivo do concheamento é retirar a acidez e a umidade do composto, além de tornar a mis-
tura mais macia. Em princípio, quanto mais tempo nessa etapa, mais macio será o chocolate,
sendo que esse processo pode durar de poucas horas até três dias. A última etapa consiste na
têmpera, na qual o chocolate passa por diversas trocas de temperatura para cristalizar a man-
teiga de cacau e deixar a pasta na consistência ideal para ser moldada. Concluída essa fase, o
chocolate é moldado em formas com o aspecto final desejado. Também é nessa fase final que
os recheios de castanhas, flocos ou frutas são adicionados antes de se encherem os moldes.
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Diversificar ou focar no negócio?
Após o ousado passo do processamento e venda das 20 toneladas, José começou a
perceber que sua inquietude não era só fruto da insatisfação por não ter seu próprio negócio.
Afinal ele já o tinha. Porém continuava inquieto. A razão disto originava-se do fato de que a sua
atividade era sazonal. Trabalhava muito para a Páscoa e um pouco para o Natal. Isto resultava
em muito trabalho durante alguns meses do ano. Mas, nos outros meses, o que fazer? Precisava
algo mais, que o mantivesse plenamente envolvido. Após alguma procura, adquiriu uma fábri-
ca de móveis fora de atividade e a colocou em operação. Cedo, porém, descobriu que, quanto
mais se dedicava a produção de móveis, mais gostava do chocolate.
Não tinha paciência para enfrentar os problemas associados à fabricação de móveis.
Ora era a madeira que ainda estava verde. Ora era o projeto executado que não correspondia
ao planejado, ora era o cliente insatisfeito com um ou outro detalhe do produto. Isto foi lhe
consumindo tempo e energia. E era preciso interromper esta sequência de aflições e prejuízos.
Para encontrar um pouco da quietude necessária a uma tomada de decisão tão im-
portante, hospedou-se num hotel em meio a natureza, longe da turbulência da vida urbana.
Passou três dias refletindo e, ao final do domingo, decidiu-se. Fechou a fábrica de móveis, en-
cerrando todas as suas atividades e passou a dedicar-se, tão somente, ao chocolate. Só que,
agora, queria produzir muito mais. E não foi preciso muito tempo para atingir o processamento
de 300 toneladas por ano. Adquiria a matéria-prima (massa de chocolate e outros insumos) dos
grandes fornecedores do mercado. Mas todos eles reclamavam exclusividade e impunham-
-lhe condições de fornecimento. José revivia um antigo desconforto: o de estar refém de um
sistema.
Começa, então, uma nova batalha: conquistar sua independência dos grandes forne-
cedores. A Páscoa de 2003 foi a última com chocolate comprado porque, dali em diante, inicia-
ria a fabricação de seu próprio chocolate. Esta era uma mudança significativa. Especialmente
porque, apesar das exigências impostas pelos seus fornecedores, eles lhe proporcionavam o
conforto dos prazos de pagamento dos insumos. Primeiro vendia, depois pagava.
Mas José queria produzir o ano todo, não só para a Páscoa. Além disto, sonhava em
produzir um chocolate de sua própria receita, com mais qualidade. Queria um chocolate que
honrasse a tradição de Gramado. Na busca por soluções, foi à Alemanha, onde o aconselharam
a não fazer chocolate: - “É complicado e muito caro. Fique como está, comprando-o dos gran-
des fornecedores”, recomendaram-lhe os alemães. Mesmo sabendo que na Europa se fazia o
melhor chocolate, não aceitou o conselho. Retorna ao Brasil com o firme propósito de realizar
seu projeto. Novamente descobre que a solução não estava longe. Encontrou em São Paulo
um engenheiro que dominava a tecnologia para projetar e construir a máquina que estava
buscando. Como a arte e a técnica de fazer chocolate não são facilmente compartilhadas, José
vislumbrou ali uma rara oportunidade, não só de aprender mais sobre o produto, mas de pro-
duzir seu próprio chocolate. Este engenheiro trabalhava para uma indústria de chocolate que
se encontrava fora de operação. Nela ele havia desenvolvido a tecnologia e o processo que o
permitiam projetar e fabricar uma máquina com as especificações técnicas necessárias para a
produção de um chocolate de excelente qualidade.
“Chamei o homem e disse: quero comprar uma máquina”. Em resposta, o Engenheiro
foi categórico: “Não forneço máquina. Forneço tecnologia!”. Iniciava-se ali uma parceria promis-
sora. José deu uma entrada em dinheiro, de seu próprio recurso, e o restante foi combinado
para ser pago com a própria produção da máquina. A máquina possuía capacidade para pro-
duzir 7 toneladas por dia. Com esta produção, no segundo ano de operação já foi possível, não
só ter o seu próprio chocolate, mas também fornecê-lo para pequenas indústrias de processa-
mento da região da serra gaúcha.
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Mas os grandes fornecedores não tardaram para reagir. Pressionavam-no porque for-
necia chocolate para clientes deles. Baixaram os seus preços para alijá-lo do mercado. E logo
José percebeu que não conseguiria acompanhá-los em preço. Rapidamente concluiu também
que, se quisesse continuar fornecendo, teria que ser pela qualidade, tanto para a indústria do
chocolate caseiro, quanto para o consumidor final.
Até o ano de 2004 o chocolate produzido no Brasil não continha gordura vegetal. A
partir daquele ano, os grandes fornecedores começaram a adicionar essa gordura, diminuindo
a manteiga de cacau que estava ficando cada vez mais escassa e mais cara. A regulamentação
do governo brasileiro determinava que, para ser considerado chocolate, seria necessária uma
presença mínima de 33% de cacau no produto. Mas os grandes fornecedores conseguiram mu-
dar este percentual, reduzindo-o para 25%. Coerente com suas ideias, José seguiu adicionando,
no mínimo, 33% de cacau à sua fabricação. “Chocolate é saúde e chocolate é cacau!”, repetia
José para quem quisesse ouvi-lo. Com esta determinação, vai, gradualmente, conquistando sua
participação no mercado de fornecimento para a indústria caseira.
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A participação da empresa na EXPOAGAS 2008 – Exposição da Associação Gaúcha de
Supermercadistas – constituiu-se numa valiosa fonte de conhecimentos sobre estratégias mer-
cadológicas, além de um grande impulso na divulgação de sua empresa. A experiência obtida
neste evento, associada à percepção aguçada do empresário e aos conhecimentos dos profis-
sionais do marketing, levaram-no a uma crucial conclusão: era preciso reposicionar sua marca
no mercado.
“Mas qual deveria ser o seu novo posicionamento?”, perguntou-se José. Por sua ex-
periência, sabia que as pessoas desejavam saborear o chocolate de Gramado, o qual lhes pro-
porcionava a sensação do clima serrano, de um chocolate puro, caseiro, feito com atenção e
esmero. E o seu chocolate continha todos os atributos desejados pelo consumidor, embora o
seu posicionamento no mercado não despertasse as sensações correspondentes. Como pode-
ria um produto desconhecido, aparentemente indiferenciado e com preço semelhante ao das
marcas tradicionais, disputar espaço com as grandes marcas? Esta era a pergunta crucial e, sem
respondê-la, seria impossível antever qualquer estratégia de marketing bem sucedida. Feliz-
mente a resposta não tardou e com ela foi dado um importante passo na evolução da empresa.
Foi criada uma nova marca para assumir o lugar da marca original, que já havia cum-
prido sua missão. “Tradição de Gramado” é a marca que veio para dar nome ao puro chocolate
da serra gaúcha. Com ela, a empresa abriu as portas para o mercado do varejo, reforçando o seu
nome em toda região sul do país.
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a “Floresta do Rio Doce Agro derivados S/A”, empresa criada por meio de uma parceria com
outros empreendedores, destinada a plantação e cultivo do cacau. Com este empreendimento
será possível controlar a qualidade sobre toda a cadeia produtiva, da lavoura à embalagem do
produto acabado. Questionado sobre as razões fundamentais do cultivo do cacau, José res-
ponde sem vacilar: “O consumo do chocolate está aumentando e a produção de cacau não
aumenta na mesma proporção. Precisamos plantar para não faltar”.
Hoje, se perguntado sobre os motivos que o fazem investir tanta energia, esforço e de-
terminação no seu trabalho, também responde sem hesitar: “Porque acredito que o importante
é ser feliz. E chocolate me lembra felicidade!”
2. Você deixaria um negócio familiar, ainda que pouco rentável, para se arriscar em um meio
sobre o qual nada soubesse? Quais foram os riscos envolvidos na mudança de atividade e o
que poderia levar a um desfecho desfavorável?
3. Que outras alternativas José poderia ter explorado para vender a produção excedente do seu
primeiro ano no negócio de chocolate? Como a criatividade poderia ajudar nesse sentido?
4. Um dos grandes desafios de José foi a entrada no mercado varejista. A resistência das gran-
des redes a novos fornecedores, com marcas ainda pouco conhecidas, sempre foi muito for-
te. Como vencer esse desafio? Que estratégias você vislumbra para a entrada de uma marca
nova em redes supermercadistas que exigem giro contínuo do produto e margens de lucro
compensadoras?
5. Uma das estratégias de negócio que José vislumbra é a integração da cadeia produtiva do
chocolate, porém não através de terceiros, mas sim como proprietário ou sócio de empre-
endimentos fornecedores. Essa abordagem vai na contra mão das atuais tendências que su-
gerem foco em um negócio, terceirizando todas as atividades que não sejam ligadas ao core
business da organização. Como justificar essa estratégia do empreendedor?
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REFERÊNCIAS
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