Geral

Um inseto gigante paira sobre Curitiba. Patrick, um desempregado sem grana, passa os
dias tentando conseguir dinheiro e se virando, em meio a bebedeiras e malandragens pelo
centro da cidade. Ele oscila entre momentos de escassez e escassez absoluta. Ele está de
saco cheio do Inseto, que ronda a cidade, vigilando-a e a atemorizando com ocasionais
zunidos ameaçadores e paralisantes (seu efeito é nos pobres fodidos). Patrick quer dar um
jeito de acabar com o Inseto a todo custo (um lança-mísseis caseiro, com o apoio de algum
dos punks? Anderson Honorato?). Mas, ao final, o Inseto se quebra / derrete em um Buda,
que estonteia a cidade e seus moradores.

O Inseto
O Inseto paira sobre a cidade. Seus cidadãos seguem a vida normalmente na medida do
possível, esmagados pela dinâmica capitalista. No curta, vemos principalmente essas
pessoas em suas fluidezas distintas. Os trabalhadores que sobrevivem, a cidade que
segue, enérgica. O Inseto circunda o espaço aéreo da cidade, onipresente e vigilante.
Ouve-se sempre o bater de suas asas, ora suave, ora intenso. Ocasionalmente, sem motivo
aparente, ele grita, ecoando desesperadamente por entre os vãos dos prédios. Em sua
principal aparição, é associado ao aparelho midiático-policial do Estado Capitalista. Não há
o que se fazer senão seguir, do jeito que dá. As pessoas sequer reparam no Inseto.

Hare Krishna - Onde se serve almoço gratuito à população. Patrick está na fila, e a fila é
plural, composta por artistas de teatro e de rua, imigrantes latinoamericanos e africanos,
idosos, punks, trabalhadores e pessoas em situação de rua. O clima é de comunhão e não
julgamento. Ônibus e carros passam pela rua, observando a micro-sociedade ali formada.
O mantra Hare Krishna toca em um radinho à janela em que a refeição é servida. À câmera,
quebrando a quarta parede, alguns deles respondem a três questões:
1. O que você sente da vida? 2. O que você acha do capitalismo? 3. Mande um recado ao
capitalismo.

Onibus - O método de locomoção. Patrick não tem dinheiro e burla a catraca do tubo. Está
carregando os livros pra vender nos sebos.
Punks no Largo - Os bróders do Inseto. Inseto não é necessariamente punk, mas tá ali
junto. Discussões descontraídas sobre o peso do sistema e as ironias de tudo isso. Ajudam
o Inseto em seu plano de destruir o Grande Inseto.
Rua XV - A vida pulsante acontecendo no Agora. Vislumbres dos sobreviventes, se virando
como dá dentro do sistema, tentando encontrar brechas. Os excluídos. Montagem.
Casa - Manifestação física da mente do Inseto.
Pombos - Os pombos e seus olhares penetrantes sobrevivem nas calçadas do centro da
cidade. Ensebados, deformados, ciscam pela comida disponível. Ainda assim, são cheios
de vida.
Sebos - Patrick não tem dinheiro e sua única alternativa é vender alguns de seus estimados
livros. Ele escolhe alguns de espiritualidade, política e artes, com muito pesar. Peregrina
pelos sebos do centro e preços irrisórios são oferecidos, piorando de sebo em sebo. Ao
final, decide vender ainda mais livros, mas o valor é menor do que na investida inicial.
Resignado, acata.
A Garota - O bacon na pipoca e a arrogância da espécie humana. Ela enxerga e incentiva a
potencialidade de Patrick naquilo que lhe é latente - mas o quê? Ele pode ir além de si
mesmo mas ainda não o fez.
O lança-mísseis caseiro - Cano de PVC e etc., tudo encontrado na rua, no terreno ao lado
e de formas obscuras.
Plano do míssil em direção ao Grande Inseto: Vertigo Grande Inseto, simétrico do
míssil voando.

QUAL É A "HABILIDADE" DO INSETO

A dualidade compaixão / isolamento
Ódio / Amor
Negativo / Positivo
A negação do mundo / A aceitação do mundo

Oscilando entre o ódio e o amor às coisas, Inseto segue sua vida em conflito, não
conseguindo ser quem realmente é. Fixado em seu próprio infortúnio, não encontra solução
para a sua escassez financeira, de recursos e social. Crê que a solução está em eliminar o
que julga ser a causa, e não transformá-la. Então, enfim realiza-se, quando se dá conta de
que o caminho do amor e da entrega é a chave para a libertação e manifestação de sua
vida.

ARGUMENTO

Um Inseto gigante grita com intensidade sobre a cidade de Curitiba - um grito horrendo e
aterrorizante, que condensa em vibrações sonoras todo o medo e angústia do âmago de
uma existência.