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A PROSTITUIÇÃO RELIGIOSA

Números capítulo 25
Sitim estava na fronteira da terra de Canaã, junto ao rio Jordão.

Baal-Peor, ou Baal de Peor era o deus mais popular de todos os deuses dos povos daquela
região, representado por um touro, símbolo de força e de fertilidade, considerado o deus
das chuvas e das colheitas. Por ser tão popular, o nome Baal veio a ser freqüentemente
usado de maneira genérica para todos os deuses da localidade.

Israel fora abençoado por Balaão porque, temendo o Deus verdadeiro, ele disse as palavras
que o SENHOR mandou que falasse. Mas depois disso ele aconselhou a Balaque a infiltrar
o arraial dos israelitas com mulheres moabitas, para que se casassem com israelitas e
introduzissem a idolatria para afastá-los do SENHOR que os protegia (Números 31:16,
Apocalipse 2:14).

O maior perigo que o povo de Israel tinha que enfrentar não eram os exércitos dos povos
que habitavam a terra prometida, mas sim a tentação constante de se contaminar com as
religiões e costumes dos cananeus. Através dos séculos, depois de entrar na terra
prometida, o povo de Israel se deixou vencer vez após vez por esta tentação, sucumbindo
afinal completamente, o que fez com que perdesse a terra e fosse disperso pelo mundo
(Salmo 106:40-41).

A tentação surge do desejo de comer e beber, e levantar para divertir-se (1 Coríntios 10:7,
Êxodo 32:6, 19), ou seja, a tentação da carne. Essa tentação se apresenta de diversas
formas na área cristã, e é um dos maiores fatores no afastamento da sã doutrina e da
fidelidade ao Evangelho de Cristo. Abrange as explorações religiosas nas igrejas, no rádio,
na televisão, no chamado evangelho da prosperidade, nos cultos de louvor em que o que se
cultua é apenas as emoções, com música instrumental ensurdecedora, chegando aos
disparates do Toronto blessing, do comportamento insano, etc., para o aproveitamento
financeiro de falsos pastores. É a corrupção religiosa. O que menos se encontra nesses
meios é o ensino puro da Palavra de Deus.

Seguindo o conselho de Balaão, mulheres moabitas foram até o acampamento de Israel,


praticaram a imoralidade com alguns de seus homens (1 Coríntios 10:8), e os levaram à
idolatria.

Conforme já previra Balaão, a ira do SENHOR se acendeu novamente contra o povo por
causa disso. Ele ordenou a Moisés que enforcasse publicamente todos os líderes do
movimento de adoração a Baal. Moisés, por sua vez, convocou os juizes (os setenta -
capítulo 11), e mandou que cada um matasse os homens sob sua responsabilidade que
haviam sucumbido à idolatria em Baal-Peor. Era necessário tomar essa medida radical para
eliminar a contaminação que se espalhava, como praga, pelo povo. O número era grande,
pois morreram vinte e quatro mil, vinte e três mil em um só dia (1 Coríntios 10:8).
Enquanto o povo se lamentava diante do tabernáculo, o filho de um dos príncipes do povo
trouxe uma midianita, filha do líder de uma das tribos midianitas (aliadas aos moabitas), e
a levou para dentro de sua tenda, à vista de todos. Finéias, neto de Arão, prontamente foi
atrás deles e os executou com uma lança. Este ato simbolizou a justa repulsa do sacerdócio
verdadeiro, arônico, pela prática da idolatria pelo povo de Israel, assim fazendo expiação
pela nação. O SENHOR se agradou da ação de Finéias, e sua ira contra o povo cessou.

Este foi o efeito da doutrina de Balaão sobre o povo de Israel. Nosso Senhor nos ensina, no
livro do Apocalipse, que a mesma doutrina entra na igreja, e está na igreja de hoje
(Apocalipse 2:14). Como acontecia com Israel naquele tempo, a igreja não pode ser
molestada por agentes externos pois é protegida pelas mãos de Deus, mesmo quando
perseguida e martirizada, mas pode ser subvertida pelo casamento com o mundo.
Historicamente, a igreja de Pérgamo (muito casamento) representou a ocasião em que o
mundo se uniu com a igreja. O mundo entrou numa torrente volumosa, e o diabo assumiu o
controle. As perseguições violentas anteriores somente a haviam fortalecido, mas com a
entrada do mundo ela perdeu toda a sua vida espiritual, como vemos mais tarde em Tiatira,
Sardes e Laodicéia.

O SENHOR honrou Finéias dando-lhe a sua aliança de paz: o sacerdócio perpétuo a ele e à
sua descendência, por causa do seu zelo em preservar a fidelidade ao seu Deus, ao ponto de
destemidamente executar um príncipe de Israel que desafiava sua autoridade. Isso lhe foi
imputado por justiça, de geração em geração, para todo o sempre (Salmo 106:31). É um
bom exemplo para nós, que muitas vezes temos que enfrentar o mundo e agir de forma a
desagradar os outros em nosso zelo para sermos fieis e servirmos ao nosso Deus. Finéias,
servindo a Deus, patrioticamente salvou a sua nação (versículo 11). Deus se agrada em
exercer a sua misericórdia para com muitos em troca da fidelidade de poucos.

Finéias fora zeloso por seu Deus, portanto ele recebeu uma aliança de sacerdócio perpétuo.
Todo o crente em Cristo é também feito um sacerdote para servir a Deus em perpetuidade.

Por ter executado justiça, ele havia feito expiação pelo povo de Israel; portanto ele, e a sua
descendência, foram destinados a fazer expiação pelo povo, mediante sacrifícios, em
perpetuidade. Todo aquele que é salvo mediante a fé em Cristo tem o direito (e obrigação)
de oferecer a Deus sacrifícios espirituais, em perpetuidade.

Os midianitas, como os israelitas, eram descendentes de Abraão, através de Midiã


("Briga"), o quarto filho de sua concubina e segunda esposa Quetura (Gênesis 25:2, 1
Crônicas 1:32), enquanto os moabitas eram descendentes de Ló (Gênesis 19:37). Moisés
havia se casado com uma midianita, tendo vivido entre eles por quarenta anos.
Compreende-se, então, que os israelitas e particularmente Moisés teriam simpatia por eles,
embora fossem idólatras.

O SENHOR, entretanto, ordenou através de Moisés que o povo de Israel se tornasse


inimigo dos midianitas, afligindo-os e ferindo-os por causa da sua conivência com os
midianitas para levá-los à idolatria, e por causa do engano de Cosbi ("Enganadora"), a
filha de seu chefe que fora executada em flagrante. Também nós devemos agir com
firmeza contra tudo aquilo que nos tenta para o pecado mesmo que, por alguma razão,
tenha a nossa simpatia.

R David Jones

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