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Filosofia: Antropologia e Ética

Matrix – 1999

O filme se passa no ano de 2199, onde a Terra fica devastada devido a guerra entre os
humanos e a sua invenção (as inteligências artificiais). A humanidade não consegue vencer, e
então, como última medida, eles bombardeiam o céu, bloqueando a energia solar da qual as
IA’s dependiam. As máquinas acabam descobrindo que o corpo humano pode substituir a
função do sol e então escraviza os humanos derrotados, transformando-os em verdadeiras
baterias vivas.

Matrix conta a história de Neo, um programador e hacker, que é contatado através de um


sonho por Morpheus, que acredita que ele é o escolhido para libertar a humanidade. Trinity
(que trabalha com Morpheus) leva Neo até ele, que então oferece à Neo duas escolhas: uma a
pílula azul “A história acaba, e você acordará na sua cama acreditando no que quiser
acreditar.” e a pílula vermelha “Você continuará no País das Maravilhas – uma menção ao
diálogo anterior: “Você agora deve estar se sentindo como a Alice no buraco do coelho” – e te
mostrarei até onde vai a toca do coelho” ou seja, você conhecerá o verdadeiro mundo
exterior. Ele escolhe a pílula vermelha.

Agora Neo, que é um tipo de Messias, descobre estar vivendo numa mera simulação da
realidade. Esse universo virtual é chamado de “Matrix”, que é a relação entre a realidade e
ilusão - o principal foco do filme. Tudo que Neo conhecia como realidade é somente um
sistema criado por uma inteligência artificial e com pouca semelhança a vida real. Podemos
assimilar essa ideia ao “mito da caverna”, de Platão. Ele diz que existia um grupo de seres
humanos vivendo numa caverna desde a infância, com as pernas e os pescoços presos por
correntes, de forma que a única coisa que podem ver são as sombras do exterior, através da
luz do Sol e das fogueiras. Como estavam presos, eles julgavam que aquilo era a realidade (o
que na verdade é uma compreensão bastante limitada), até que uma das pessoas consegue se
libertar e conhecer o verdadeiro mundo exterior.

Neo, Morpheus e Trinity viajam entre as dimensões – a real e virtual. Eles têm a habilidade de
se transportarem para qualquer local ou instante da realidade virtual, apenas com o uso da
tecnologia e o poder da mente. O corpo físico permanece no mundo real, mas a mente retorna
a “prisão”. Em um primeiro momento dentro do universo virtual, Neo é convidado a conhecer
a Oráculo, que tem a capacidade de prever os acontecimentos do dessa dimensão. Ela diz que
ele não é o escolhido e também que ele tem o "dom", mas parece estar à espera de alguma
coisa, talvez da "sua próxima vida". Dentro desse universo existem também os agentes, que
são programas de computador superinteligentes destinados a proteger a Matrix, e, dentre eles
está o antagonista principal – Agente Smith, que tenta de todas as formas matar Neo, evitando
assim que ele e os outros seres humanos “acordados” cumpram objetivo, que é destruir a
Matrix e desestabilizar o sistema, vencendo de vez as máquinas que dominam essa dimensão.
A frase utilizada pela Oráculo (citada acima) serve apenas para que Neo acredite em seu
próprio potencial e cumpra a profecia.
Podemos notar em cada personagem uma característica específica. Neo é o "Messias", o
“escolhido”, pois ele, depois de longo processo de busca e aprendizagem, consegue encontrar
a sua luz, ou seja, compreende o conhecimento e evolui a partir disso, desde o seu corpo e
habilidades até os seus valores e a sua liberdade de escolha.

Morpheus é a figura de conhecimento, aquele que guia e aponta os caminhos a serem


trilhados, que é um papel do filósofo, despertando a nossa curiosidade e a busca do
conhecimento.

Trinity representa o amor, por meio da sua devoção ao objetivo principal, que também dá
sentido à liberdade.

A Oráculo tem o objetivo de nos guiar e mostrar novos caminhos, através da reflexão sobre
quem realmente somos.

Os agentes são os elementos do nosso cotidiano que nos afastam do verdadeiro


conhecimento, como o comodismo e a não reflexão do porquê das coisas.

A Matrix (dimensão virtual) representa a "caverna" de Platão, que é o mundo das sombras e
do desconhecido, que acabamos atribuindo como se esta fosse a única e verdadeira realidade,
ofuscando a nossa visão sobre o mundo real e a verdade.

O filme tenta nos mostrar sobre a necessidade da busca incessável pelo conhecimento, pois é
a única forma de ultrapassarmos a barreira da ignorância e criarmos o nosso próprio
pensamento crítico. Devemos ver o mundo como ele realmente é, e não de acordo com o
nosso próprio pensamento. Podemos concluir sobre o filme que a liberdade somente é
alcançada por aqueles que conseguem se desprender das ideias coletivas, que conseguem
enxergar a realidade sem se deixar levar pela ótica imposta pelo sistema, de forma que aceitar
tudo que nos é imposto é ser ignorante, significa que não nos questionamos sobre nós
mesmos.

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