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São Paulo:
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Contexto, 2001.
Conotações
Objetivo
Caracterização geral
Material lingüístico
Atividade
O sotaque é uma característica da fala que tem forte poder conotativo. Com
um pouco de experiência, é possível reconhecer a partir de algumas poucas fra-
ses se a pessoa com quem estamos falando e da qual nada sabemos, é carioca,
gaúcha, baiana, catarinense, ou do interior de São Paulo. Imagine um pequeno
diálogo entre dois brasileiros originários de regiões diferentes. Esse diálogo pre-
cisará ser encenado, de modo que apareçam as diferenças de sotaque. Lembre-
se de que nenhum sotaque é melhor do que outro, portanto tente evitar fazer
desse diálogo um motivo para discriminação.
Exercícios
1. As palavras abaixo foram reunidas em pares. Provavelmente uma das duas for-
mas de cada par tem uso corrente em sua região. Aponte essa palavra, que soa
familiar a você e confira em seguida seus resultados com o resto da classe. Se você
conhece as duas palavras, mas com sentidos diferentes, explique.
— abichornado/aborrecido
— aguada/lagoa rasa
— arribar/subir
— aratu/caranguejo
— bengala/cacetinho (tipos de pão)
— boi ralado/carne moída
— bolinho barrigudo/bolinho de chuva
Conotações 43
— bombeiro/encanador
— borralho/cinza quente,
— bisnaga/cacete (tipo de pão)
— carne de máquina/carne moída
— coxilha/pastagem
— farpinha/palito
— guri, guria/menino, menina
— lapiseira/apontador
— mangue/terreno pantanoso
— micuim/terçol
— monturo/aterro de lixo
— munguzá/canjicada
— pebolim/totó
— pingado/café com leite
— pipa/papagaio
— pôr/botar
— quitanda/mercearia (pequeno comércio de frutas e verduras)
— roleta/catraca
— tareco/broa de amendoim
— tiborna/angu
— venda/negócio
— batata-salsa/batata-baroa
— laranja da ilha/laranja-lima
— couve-chinesa/acelga
— limão-cravo/limão capeta
— banana, caturra/banana-nanica
— abóbora/jerimum1
— carranca/limão de fazer doce
3. Na década de 1960, liderado pelo cantor Roberto Carlos então jovem, o movi-
mento musical Jovem Guarda, por meio da televisão, popularizou uma série de
gírias que hoje, em sua grande maioria, estão em desuso. Fale com alguém da
geração de Roberto Carlos. Procure saber o que significavam as gírias:
1
Trabalho de Luciene Conde B. Silva, Teresa Cristina Dominguete Carvalho, Camila Isa A. Silva Barbosa. (Varginha,
1998).
44 Introdução à semântica – brincando com a gramática
4. Muitas gírias que já tiveram grande circulação no Brasil são hoje pouco conhe-
cidas entre as gerações mais novas, e, quando usadas, conotam velhice. Procure
alguém que conhece uma ou mais destas gírias:
5. Ter conotações não é uma propriedade apenas das palavras. A roupa que vesti-
mos, as comidas que comemos, os adereços que usamos além de terem uma fun-
ção “objetiva” (proteger do sol e do frio, alimentar etc.) podem dizer quem somos,
ou como queremos ser vistos. Pense na seguinte situação: numa grande metrópole
da região centro-sul (São Paulo, Rio de Janeiro) dois amigos que provêm do mes-
mo estado resolvem matar as saudades da terra natal. Que comida combinaria
melhor com uma conversa sobre a terra natal, no caso de os dois amigos serem:
a) acreanos;
b) pernambucanos;
c) mineiros;
d) gaúchos;
e) goianos;
f) baianos.
a) manga de camisa;
b) calça pescador;
c) vestido alegre;
d) sapato plataforma;
e) meia arrastão;
Conotações 45
f) coração de prata;
g) relógio cebolão;
h) sandália havaiana.
— Ó meu!
— Ó, cara!
— Meu senhor, senhor.
— Ei, você aí!
— Psiu!
— Oi, véi!
— Tchê!
— Ô tio!
10. Faça um balanço dos pronomes e expressões de tratamento (tu, você, o senhor,
a senhora) que se usam em seu ambiente familiar, aí incluídos os empregados,
parentes e fornecedores. Discuta em seguida: você indica sempre familiaridade e
informalidade? O senhor indica sempre respeito?
11. O texto “O FMI vem aí, viva o FMI”, do articulista Luís Nassif, publicado na
revista Ícaro, está redigido no português culto caraterístico do jornalismo, e con-
tém, inclusive, um bom número de expressões típicas da linguagem dos econo-
mistas, como “desequilíbrio conjuntural”, “royalties”, “produtos primários, “po-
lítica cambial”. No entanto, contém também termos ou expressões informais, como
na seguinte frase: “Há um ou outro caso de mudanças estruturais no mundo que
deixa os países com a broxa na mão”.