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Questão 1: Antônio Cabral propõe uma reflexão interessante sobre o dogma do interesse público
no processo. O autor afirma a importância do movimento de “publicização” do processo, superando o
privatismo romano que concebia o processo como coisa das partes. Contudo, atualmente, ele acredita não
ser viável defender a completa desconsideração das partes e dos interesses privados no processo. Ou seja,
não cabe afirmar a supremacia necessária dos objetivos voltados ao interesse público sobre qualquer outro.
Cabral defende que a doutrina e a jurisprudência devem buscar equilibrar os interesses públicos e privados
envolvidos sem partir de uma relação de supremacia ou prevalência a priori. O autor também cita, como
exemplo, a colaboração e boa-fé entre partes e juiz, nota do contraditório contemporâneo, como
mecanismos para equilibrar a liberdade dos litigantes e interesse público. Concluindo, Cabral defende que
devemos ir além do publicismo, mas a partir dele.
Todavia, no âmbito empresarial brasileiro, existem diversas empresas com uma relevância política
e econômica tanto nacional como internacionalmente. Elas são responsáveis por gerarem empregos,
dinamizam a economia do país e ditar diversos fatores de extrema importância para a vida nacional, como,
por exemplo: preços de produtos de consumo, juros bancários, salários dos seus funcionários. Uma
determinada empresa decidir se instalar em um Estado e não em outro pode significar o sucesso ou a crise
deste. E essas empresas raramente resolvem os litígios internos que possuem no Judiciário. Litígios esses
que possuem um grande potencial de impactar severamente a vida da população como um todo. Elas
recorrem a arbitragem, onde é garantido a confidencialidade e as partes podem construir o processo da
forma que considerarem como melhor.
Tendo essa situação em mente, a afirmação de Antônio Cabral sobre o equilíbrio dos interesses
públicos e privados ainda se mantém nessa hipótese ou houve uma supremacia dos interesses privados em
detrimento do público? Caso você concorde com a segunda afirmação, é legítimo alterar o processo
arbitral para que ele abarque interesses públicos, considerando a possibilidade de isso apenas levar as
empresas a pararem de atuar no Brasil?