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Para aqueles que estão acostumados com definições wikipedianas, “Agnóstico” foi um termo cunhado por Thomas

Huxley – carinhosamente conhecido como “Buldog de Darwin”, por suas defesas eloquentes em prol da Teoria da Evolução. Sua etimologia infere o “A”,
prefixo grego que significa “não” e Gnosis, também do grego, que significa “conhecimento”. Assim, agnóstico seria aquele, numa tradução literal, que não
possui conhecimento. Mas não é bem assim, já que não há ninguém que tenha conhecimento sobre tudo, exceto nossos amigos religiosos que sabem tudo…
menos o que vem escrito em seus livros religiosos, como tantas vezes provamos que sequer sabem da existêcia de certas passagens, digamos, embaraçosas. Ou
será mero esquecimento, mesmo? As pessoas são tão falíveis…

Em princípio, o agnóstico é aquele cuja posição filosófica o deixa incapaz de julgar eventos, entidades etc. que estão além da capacidade cognitiva da
humanidade. Isso significa dizer que algo de existência supranatural – como deuses, por exemplo – estariam num nível muito acima de nossa capacidade de
entendimento, deixando o agnóstico em dificuldade de atribuir características ou, a posteriori, julgar o caráter de suas existências. Falando mais diretamente, um
agnóstico nunca dirá que Deus(es) não existem, pois para ele o conceito de divindade torna-se incapaz frente o intelecto de ser medido, dimensionado, testado e
estabelecido como verdadeiro ou falso. Uma divindade pode existir, mas também pode não existir.

Devemos fazer uma observação aqui. Não devemos confundir Deuses com Divindades. Divindade é a soma de todas as características divinas. Deuses possuem
algumas ou todas essas características. O conceito de divindade, como todo conceito, é algo que não pode ser mensurável, dado que ele não existe no nosso
mundo natural, a saber: o Universo. Deuses para serem deuses devem ser supranaturais, já que, por definição, eles não estão sujeitos às leis da Física e Química.
Qualquer entidade que pertença originariamente ao nosso Universo terá que se submeter a todas as propriedades da Física e da Química, já que “entidades”
assim seriam materiais. E, segundo as religiões, deuses não são materiais. Uma simples questão de encadeamento lógico.

Agnósticos oferecem uma certa unidade no que concerne a ateus e religiosos: os mais arraigados odeiam agnósticos. Isso chega a ser divertido, pois pelo menos
antípodas se unem em uma opinião em comum.

Vejamos: Se você perguntar a um agnóstico se o monte Everest existe, ele afirmará: Sim, existe. Existem fotos, testemunhas, provas fotográficas, filmes,
medições, vídeo tapes etc. Há como testar sua falseabilidade, ou seja, dá para se testar evidências, esperando alguma probabilidade de encontrar um modo de
provar que o Everest não existe. Popper na veia! Mas, considerando que as evidências apontam para a existência do Everest, e ninguém conseguiu mostrar uma
única evidência que ele não existe, então sim, podemos provar que o Everest existe.

Agora, se eu pegar o exemplo de Carl Sagan sobre o Dragão da Garagem, temos um problema, pois os métodos de análise e determinação estão
impossibilitados, pois o dragão é invisível, incorpóreo, não apresenta calor (não emitindo, por isso, ondas infra-vermelhas), é impalpável, inaudível e
impalatável (se bem que eu não sei quem gostaria de saber o gosto de um dragão). Não se pode provar a inexistência do dragão, dado que não há meios físicos
para isso. Não há amostras de fluidos, tecido, pele, unhas, excrementos nem nada, logo, não se pode fazer um teste químico.

Há uma probabilidade de existir esse dragão? Hummm… sim, há. Em Estatística, os resultados podem tender a 1 (100%) ou a zero (0%), mas nunca haverá
probabilidade total de 1 e nem de zero, ou seja, em termos estatísticos, nunca poderemos afirmar com 100% de segurança que existe algo ou que não existe. Há
sempre uma tendência.

Isso faz o dragão existir? Não. Posso provar com isso que o dragão não existe? Não, não posso. Num exame filosófico, não se pode provar a não-existência de
nada. Qualquer coisa pode existir, assim como pode existir uma Lula Nonadáctila Incorpórea comedora de dragões invisíveis.

Tanto o dragão quanto a lula nonadáctila podem existir, mas não pertencem ao nosso mundo natural, sendo portanto sobrenatural (algo acima do natural) ou
supranatural (acima de todas as coisas naturais e sobrenaturais).

Mas, espere aí! Assim, eu posso alegar que qualquer coisa que não existe no nosso mundo físico pode existir em outra… dimensão ou multiverso? Sim, pode!

Mas de que adianta alegar uma coisa se eu não posso provar? Nada. E se você afirmar qualquer coisa nesse sentido, lamento, eu posso simplesmente não
acreditar em você. É um direito meu. Se você ousar afirmar mais uma vez que sim, que aquilo realmente existe, lamento meu caro, mas o distintio TERÁ que
provar a alegação.

Indo nesse sentido, você pode alegar que seu dragão invisível existe. Um amigo seu diz que não, que o Obaretrecht com 15 olhos e 20 pernas já devoraram
todos os dragões invisiveis. Foi uma pena! Você alega uma coisa, seu amigo alega algo diametralmente diferente. Que tal? Um dos dois está com a razão (ou
nenhum dos dois), mas ambos não podem provar nada. Que ótimo!

Um agnóstico diz: Bom, vocês dois alegam coisas diferentes que não podem ser testadas ou provadas. Por que eu acreditaria em ambos?

Ambos respondem: Mas você pode provar que não?

O agnóstico não pode e nem se interessa. Que diferença faz um dragão que não pode ser visto, tocado e, até o momento, não pôde ser provado que ele age sobre
atividades em nosso mundo? É a mesma coisa que o dragão não existir. E aí?

Ateus ficam irritados com agnósticos, pois estes últimos abrem um precedente para que haja um deus (qualquer um). Um agnóstico com uma inteligência
mediana não perderia seu tempo perguntando se o ateu tem como provar que deus não existe, já que não se pode provar uma inexistência, como foi explicado
acima. Mas, em contrapartida, que diferença faz se existir ou não? Não se demonstrou que deus(es) age(m) sobre o mundo material, só restam alegações de
teístas. Alegações sem provas, claro. Como poderia se explicar que uma chuva não poderia ocorrer sem uma vontade divina? Teria que se isolar o fator “Deus”
do meio em questão e analisar os resultados. Sendo o fator “deus” não pertinente ao mundo natural, é impossível fazer tal coisa. Isso faz com que teístas fiquem
possessos com agnósticos.

Então, os teístas soltam a bomba: Prove que meu deus não existe. O agnóstico tentará explicar que a probabilidade de um deus como Zeus existir é a mesma que
a probabilidade do deus Tupã existir, assim como Ormuz Masda, Afrodite, Quexalcoatl, Bumba, Osíris e a Lula Nonadáctila também. Somente um processo de
análise por eliminação forneceria a identidade do verdadeiro deus. Mas, como eu já disse mais de uma vez, são entidades supranaturais. Não há como fazer este
teste.

O fanatismo não é uma questão apenas de religião; ele é uma característica puramente humana, que pode ser expressada com relação a qualquer coisa: futebol,
política, religião e sobre quem era a melhor cantora do rádio.

Ateus fanáticos não gostam muito de agnósticos, coitados, porque estes deviam ser ateus. Cômico, não? Usam, às vezes, a expressão “sair do armário”, embora
que eu ache uma expressão que tem mais a ver com opções sexuais. O conceito de liberdade (eu já falei que conceitos não existem no mundo real?) diz que
somos – ou devemos ser – livres para tomar qualquer decisão que nos couber, desde que não afete a liberdade do outro. Assim, se o cara que ser ateu, agnóstico
ou rezar pra Shiva, o problema é exclusivamente dele. DESDE QUE ele não encha o saco dos outros, impondo suas opiniões.

Como tudo na vida, os conceitos se distorcem. Alguns modificam o conceito de agnosticismo, tentando dividi-lo em 3 partes: Pai, Filho e… Agnosticismo
Teísta, Agnosticismo Ateísta e Agnosticismo Comum; ou então chamam de “ateísmo fraco”.

Uma bobagem da grossa!

Vejamos: Um agnóstico decide que seu entendimento é incapaz de decidir pela existência (ou não) de uma divindade. Logo, como ele poderia ser teísta, já que
teístas acreditam que existe uma (ou mais) divindade? Parece aquela frase: Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.

Da mesma forma, como ele vai afirmar-se um agnóstico ateísta? Ele teria que afirmar que divindades não existem. Ambos os casos vão diretamente ao encontro
do princípio filosófico do agnosticismo, que é não se importar se existe um deus chifrudo, vaca voadora, elefante mágico ou uma criatura que cria um universo
através de seu vômito (sim, estes mitos existem).

Não se pode chamar de “ateísmo fraco”, porque simplesmente não é ateísmo. Você pode ter ateus moderados (aqueles que simplesmente não acreditam em
divindades) e os chamados “ateus militantes”, que ficam bradando que deus(es) não existe(m). O agnóstico dá de ombros e o fato de simplesmente dar de
ombros para cada uma dessas posições faz com que os ateus olhem atravessado. Para o agnóstico, existir um deus ou não dá na mesma, já que em ambois os
casos o resultado é o mesmo, já que não se pode falsear as duas ocorrências.

Nesse instante, eu já posso ver que os cristãos estão esfregando as mãos, com olhos vidrados, babando pelo canto da boca e com a língua do lado de fora,
achando que possuem um argumento infalível para “provar” que Jesus existiu.

Pééééééééééééééééé!!!!!!!!!

Lamento informar, mas não possuem, não.


Segundo o mito cristão, Jesus era o verbo que se fez carne (se bem que a Bíblia é contraditória nesse ponto, mas vá lá…). Segundo o mito, ele nasceu, andou por
aí (sempre a pé, exceto no Domingo de Ramos), sentiu dor, fome, raiva, sede, desespero, medo, chorou etc. Hummm, ele foi bem humano e estava, portanto,
preso às leis naturais e ao comportamento inerente aos seres humanos. Assim, se eu perguntar se Jesus urinava ou defecava, a resposta teria que ser sim, e não
uma lista de impropérios contra a minha cândida pessoa. Se Jesus foi jovem e adolescente, ele teve polução noturna (o que o deixava impuro, conforme as Leis
Mosaicas). Assim, por que me xingam quando eu falo isso?

Bem, pelo sim, pelo não, se Jesus teve vida terrena, e estava submetido às Leis Naturais, logo, é concebível que hajam provas, testemunhos, registros etc. Não
há evidências, como cansamos de provar aqui. Se ele andou por aí e interagiu com diversas pessoas, devem haver toneladas de fontes, de registros, de uma
conversa aqui ou acolá, mas não, não existem tais relatos. Só o que encontramos nos Evangelhos (que estão cheios de contradições entre si, além de
anacronismos grotescos). Sem evidência, sem modo de determinar a existência. Logo, ele não existiu. Mas como? Não foi dito que não se pode provar uma
inexistência? Sim, podemos nesse caso. Querem um exemplo? Se eu disser: O Everest não é a maior montanha do mundo. A maior é o Pináculo de Santo
André, localizado no Rio de Janeiro, no bairro de Bangu, nas zona oeste da cidade.

Bem, a National Geographic manda um grupo de exploradores, cartógrafos, geólogos e biólogos para verem se encontram tal monte que, segundo relato, possui
10.000 metros de altitude.

Depois de desembrarcarem no Aeroporto Tom Jobim, pegarem uma van, serem assaltados, pedirem dinheiro emprestado, revistados pela polícia, achacados por
bandidos, sequestrados por um grupo de traficantes, sodomizados por Zecão Pé-de-Mesa, eles finalmente chegam em Bangu, num clima ameno da região em
torno de 40 ºC à sombra, em plena primavera. Cadê o monte? Visualmente, não tem nada. Mapeamento vindo do espaço, através da Estação Espacial
Internacional, não acusou nada. Uma consulta no Google Earth também não teve resultado. Onde diabos está a droga do Pináculo?

Depois de tantas medições e ensaios, ficou-se provado que não existe nenhum Pináculo de Santo André. Taí, mostrei que pode-se provar uma inexistência.
Querem outro exemplo? Dados geológicos mostram que não há uma única evidência de um dilúvio global. A estratigrafia não acusou nada de nada de coisa
alguma. Nenhum fóssil, vestígio etc. foi encontrado. Logo, provou-se que o Dilúvio, um evento alegadamente ocorrido em nosso mundo natural, não aconteceu,
pois nada sustenta esta afirmação.

Mostrando isso, só resta os xingamentos de sempre, e que Jesus nos condenará ao inferno. Booooa!

Alguns religiosos são – como direi de forma amena? – desonestos, vagabundos, trapaceiros, hipócritas, mentirosos, mal-intencionados, farsantes e pulhas o
bastante para entrar em fóruns e blogs alegando-se “agnósticos teístas”, a fim de espalharem suas bobagens, com medo de serem expulsos logo de imediato;
como coisa que enganam alguém. Alguns são tão cômicos que até se dizem ateus, mentindo muito descaradamente, apesar que o deus deles ordena não mentir e
que não devem renegar seu nome. Fazem as duas coisas ao mesmo tempo, e depois NÓS é que vamos pro inferno. Jesus te ama!

Esse texto todo é para dizer que o agnosticismo é a melhor opinião? Não, claro que não. Ele é apenas isso: uma opinião, uma posição filosófica pessoal. E como
é pessoal, não urge que devamos ir de casa em casa convencer a todos a serem agnósticos. Para o agnóstico, se você é ateu ou reza pra uma serpente com asa, é
problema inteiramente seu e ninguém tem nada com isso. O problema está na imposição, no que as defesas exarcebadas provocaram no mundo. Nas
intransigências, nos ataques desmedidos nas invasões de âmbitos particulares, sejam casas, escolas ou blogs. Cada um de nós é livre para fazer o que quiser da
vida, desde que não encha o saco dos outros. Pois, o que você faz ao seu próximo dará a ele o direito de fazer o mesmo com você. Pense nisso… se puder.

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