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GESTÃO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM TEÓRICA NA GESTÃO

PARTICIPATIVA

Carlos Eduardo Aguiar Lisboa¹


Karina Silva Melônio²
Raimundo José Pereira da Silva³

RESUMO: Este artigo se propõe discorrer sobre como está organizado a gestão dentro da
escola e sua consequência para a melhoria da qualidade do ensino. Para tanto, se fez necessário
a leitura de alguns trabalhos para melhor fundamentar o presente artigo, o qual esta proposto a
discorrer sobre alguns conceitos básicos sobre organização, gestão, direção e cultura
organizacional, discutindo um pouco sobre a gestão democratica, concepções de gestão escolar,
avaliações externas no Brasil, a relação da escola com a sociedade por meio da participação, e
como esta organizado o trabalho do gestor na escola, ressaltamos ainda a importância de
mostrar o papel de cada setor na escola, e fazer um breve apanhado do perfil dos gestores na
Educação Básica, ressalvando a iportância da contribuição da comunidade escolar na tomada
de decisões e na luta por uma educação de qualidade, por meio da colaboração na criação de
programas para elevação do desempenho escolar dos alunos.
.

Palavras-chave: Gestão escolar. Gestão participativa. Papel do gestor.

1 INTRODUÇÃO

A gestão democrática e participativa no âmbito escolar está calcada em uma prática


que deve ter como prioridade o desenvolvimento integrado de como um todo em especial da
comunidade escolar, com relação ao processo de tomadas de medidas, realizadas de mane ira
coletiva, integrando os agentes envolvidos no processo pedagógico.
Nos últimos anos tem-se tido calorosos debates referentes a gestão democrática, em
todos os âmbitos sociais, outra discussão se dá sobre o papel da gestão escolar e todos os
responsáveis na construção dos processos pedagógicos, ressaltando alguns instrume ntos
indispensáveis para inserção de uma formação continuada e de transformação na atuação dos
professores, alunos, pais e comunidade. Para isso, mostra-se necessário a atuação da gestão na
busca de subsídios nos aspirais da democracia e da participação.
Nesse sentido, o objetivo principal deste artigo é apresentar algumas colocações
teóricas, sobre “Gestão Escolar: uma abordagem teórica na gestão participativa ”, bem como
discutir os conhecimentos no âmbito participativo da gestão escolar e do papel do gestor, frente
a qualidade da educação.
O trabalho está organizado em uma fundamentação teórica, na metodologia utilizada
para desenvolver o estudo e sistematizar os dados e nas considerações finais, onde são
apresentados os resultados e as sugestões necessárias para resolver ou minimizar o problema
apontado.

2 AS CONTRIBUIÇÕES DO GESTOR ESCOLAR NA FORMAÇÃO DA GESTÃO


PARTICIPATIVA NA ESCOLA

2.1 Gestão escolar e gestão participativa: tecendo algumas ideias

Tendo em vista as lutas dos educadores para o alcance de uma educação melhor e
os próprios objetivos da escola na promoção do desenvolvimento dos alunos em todos os seus
aspectos. Percebemos que é possível a resistência em relação a práticas da gestão tradicional e
conservadora, implementando dessa forma programas que tenham como foco, uma variedade
de métodos que possam contribuir para a democratização da escola, possibilitando dessa forma
uma participação efetiva da comunidade, uma vez que:

O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele, sozinho, não pode administrar
todos os problemas da escola. O caminho é a descentralização, isto é, o
compartilhamento de responsabilidades com alunos, pais, professores e funcionários.
O que se chama de gestão democrática onde todos os atores envolvidos no processo
participam das decisões. (LIBÂNEO, 2005, p.332).

A participação é um fator de suma importância para que seja assegurada a gestão


democrática, pois garante a todos os integrantes da escola a participação nas tomadas de
decisões assegurando o envolvimento dos mesmos no funcionamento e organização do espaço
escolar, ressaltamos que essa atuação conceda maior conhecimento em relação as metas,
objetivos, os indicadores de qualidade, a organização, dessa forma há uma dinâmica mais
agradável entre escola e comunidade, oportunizando maior aproximação entre professores,
alunos e pais.
Ressaltamos ainda que o conceito de participação está ligado no princípio de
autonomia, pois dá a capacidade as pessoas e grupos na livre determinação de próprios.
Segundo Cisek (1998), os conselhos, de composição paritária, devem respaldar-se em uma
prática participativa de todos os segmentos escolares (pais, professores, funcionários, alunos).
O autor nos confirma a importância dessa participação efetiva, fazendo uma
ressalva para a necessidade de uma transparência em alguns processos, dessa forma os
conselhos e assembleias escolares devem ter funções deliberativas, consultivas e fiscalizado ras,
não apenas sendo consultivas, mas também dirigentes e avaliadoras.

Sabe-se que o exercício de opinar, argumentar e ouvir, sendo instrumento de reflexão


estimula a organização tanto do pensamento individual quanto coletivo, o que
concorre para a superação de práticas autoritárias e individualistas, tão enraizadas no
modo de ser da escola. (FARSARELLA. 2013, p 20).

Ainda que o processo participativo seja um fator fundamental na qualidade da


educação o mesmo não é suficiente para assegurar a qualidade da educação, sendo dessa forma
apenas mais um elemento que conduz para o alcance dos objetivos por um meio mais
democrático. É importante evidenciar que existem dois sentidos de participação vinculados
entre si: a participação de caráter interno, que tem por objetivo a busca pela autonomia da escola
e de todos que a compõem,
Concebendo a prática de formação, causando impacto diretamente nos elementos
pedagógicos, curriculares e organizacionais; a participação de caráter externo, está voltado mais
para a atuação dos pais, alunos e profissionais da escola, possibilitando dessa forma a interação
entre ambos durante os processos de tomadas de decisões. Como afirma Gadotti e Romão com
relação a comunidade, podemos entender que “’todos os segmentos da comunidade podem
compreender melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela
estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a
educação ali oferecida. (GADOTTI e ROMÃO, 1997, p.16).
Outro fator importante na escola é a direção que vai muito além dos processos
educacionais, sendo imperativo social e pedagógico, primando pela transparência e
comunicação nos procedimentos da gestão, tendo como função principal direcionar para que
sejam tomados métodos que levem até o objetivo almejado. Outro ponto importante sobre
direção, é que a mesma difere de outros processos direcionais. Pois ultrapassa o mero objetivo
da mobilização de pessoas para a realização de atividades de forma eficaz, pois apresenta
intencionalidade e posicionamento frente a questões escolares, sociais e políticos.
É necessário que o diretor apresente algumas características básicas na sua atuação,
sendo estas: discussão coletiva e autonomia, sendo fatores indispensáveis para uma boa gestão.
Com isso é preciso haver muita responsabilidade da comunidade da escola diante da escolha da
direção. Tendo em vista que ainda que tenha ocorrido algumas reestruturações na escolha de
diretores, o que predomina é a nomeação arbitrária pelo governador ou pelo prefeito, o que
pode ocasionar que o gestor priorize desejos e anseios políticos- partidários, além de certa forma
ser representação do poder executivo dentro da escola.

2.2 A atuação do gestor frente a gestão participativa: desafios e perspectivas atuais

Com a globalização e o uso de várias outras técnicas e metodologias diferenciadas,


encontramos em constante mudança a atuação profissional de vários sujeitos encarrados de gerir
a escola e suas demandas. O profissional a qual referimos é sem dúvida o gestor escolar, que
vem ganhando espaço significativo na formação de uma gestão participativa.
Atualmente a escola enquanto espaço social de socialização e aprendizagem das
crianças jovens e adultos, merece ser cuidada de forma articulada, oportunizando a participação
de todos em um só objetivo, construir um espaço de vivência da democracia escolar, onde
“implica a criação de um ambiente participativo” (LÜCK, 2001, p. 17).
Muito tem-se ouvido em falar de coordenação pedagógica, isso se deve pelo fato
do desenvolvimento de trabalho em equipe na construção escolar participativa de forma que o
poder seja centralizado numa única pessoa, mas de maneira como equipe, assim como o gestor
escolar, que se constituir de suas equipes de gerenciamento e gestão escola, pois “a participação
é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola”. (LIBÂNEO, 2004, p. 102).
A figura de atuação do gestor nessa perspectiva, visa corroborar para o
desenvolvimento de ações que pautem exclusivamente no bom andamento do ensino e dos
alunos no que tangem a sua colaboração e auxilio pedagógico dos professores, onde “na escola,
todos são atores, que envolve “os alunos, os professores, os funcionários, os pais, ou os
membros da comunidade envolvidos na comunidade da escola tem um papel a ser
desempenhado”. (ALARCÃO. 2001, p. 23).
Tendo em consideração a sua função e especificidade no âmbito escolar,
encontramos o coordenador pedagógico como aquele responsável pela a harmonia das relações
de aprendizagem dos alunos, buscando identificar as potencialidades bem como a dificuldade
de aprendizagem com relação aos conteúdos propostos no currículo escolar.
Sendo assim, o papel do gestor escolar frente a gestão participativa atuação perpassa
de forma intrínseca no espaço escolar, que compreende ir muito mais além do que lhe compete.
Cabe ressaltar que é um profissional que exerce as possibilidades de mudança da escola, numa
perspectiva do diálogo, do trabalho em equipe e da promoção da cidadania.
O gestor tem papel significativo na gestão participativa, tem com intuito valorizar
além da participação da comunidade escolar, e de outras instituições que dão apoio à escola. É
necessário que as normas e diretrizes, o Projeto Político Pedagógico-PPP, e toda estrutura
organizacional da escola, possa assegurar um bom funcionamento da escola, permitindo o
diálogo e autonomia quanto a tomada de decisões de forma coletiva.
As escolas para alcançar bons resultados, trabalham para que haja uma atividade
estruturada, racional e coordenada, e coletiva, pois depende de objetivos que precisam ser
comuns e compartilhados, com meios e ações que precisam ser controladas e organizadas por
indivíduos participantes do processo.
O processo de organização da escola, em meio as suas funções, possui propriedades
que são importantes para um bom sistema organizacional da escola, na qual se destacam em
quatro funções, na qual elas se constituem como base para as ações e operações necessárias
para o funcionamento da escola, tais como o planejamento, organização, direção e avaliação.
Com relação ao planejamento, as ações e os objetivos precisam ser executadas a
partir da tomada de decisões que são tomadas, e da análise que é feita mediante a realidade em
que a escola está inserida, e possibilita a uma previsão com relação aos vários aspectos
relacionados a organização escolar. E “ a atividade de planejamento resulta, portanto, naquilo
que denominamos de projeto pedagógico-curricular”. (LIBÂNEO, 2001). O projeto
pedagógico-curricular, traça objetivos políticos e sociais, buscando novas práticas educativas
de cunho metodológico e traz o currículo como um referencial para a proposta pedagógica,
formulando objetivos, estratégias de ensino e colocando em prática o projeto, e a mesma se
torna flexível quanto a mudanças mediante as necessidades e exigências com base na realidade
dos alunos.
A equipe gestora em suas práticas de organização, desempenham o papel de
executar o processo organizacional na escola, para atender aos objetivos do projeto. Quanto a
organização geral do trabalho, refere-se a segunda função do processo organizacional, com a
viabilização de recursos humanos, físicos, materais, e financeiros, onde a organização desses
recursos, incide no processo de ensino aprendizagem, no que garante as boas condições quanto
na estrutura organizacional da escola, no provimento em uma boa qualidade de ensino. E a
organização geral do trabalho diz respeito a condições fisicas, materais, sistema de assistência
pedagógica- didática ao professor, com serviço administrativos, horario escolar,dentre outros,
e agrupadas em aspectos com relação a vida escolar, o processo de ensino aprendizage m,
atividades de apoio técnico-administrativos.
A organização da vida escolar trabalha em função dos objetivos e a funcionalidade da
escola, com relação as condições com relação a organização ao espaço físico, relações
interpessoais, a tomada de decisões precisa ser de maneira democrática, dentre outras condições
para benefício do processo de ensino aprendizagem dos alunos, a seu desenvolvimento e
rendimento escolar, e a estrutura organizacional e o cumprimento das atribuições de cada
membro da equipe constituem elementos indispensáveis para o funcionamento da escola .
(LIBANEO, 2001). A equipe gestora precisa ter a responsabilidade por fazer a escola funcio nar
mediante a um trabalho conjunto, pois as atividades por ser de caráter coletivo, dependem de
objetivos que precisam ser comuns e compartilhados entre os agentes do processo. Quanto ao
processo de ensino- aprendizagem, aborda o currículo, em meio aos planos, metodologias,
acompanhando o professor na sala de aula, prestando assistência pedagógicas-didáticas,
consistindo em um suporte pedagógico-didático, necessários na organização do trabalho
escolar.
Quanto as organização das atividades de apoio técnico-administrativo, oferece um
apoio muito importante ao trabalho docente na administração do espaço físico, gestão de
recursos financeiros, atividades de secretaria, de limpeza e conservação. E a organização de
tarefas entre a comunidade e a escola, buscando possibilidades de cooperação e apoio , quanto
a tomada de decisões tomadas de forma democrática, que possa contribuir de forma positiva
para a educação dos alunos.
A equipe gestora, além de desempenhar um papel importante no processo de ensino
aprendizagem dos alunos, assume uma postura democrática, frente a tomada de decisões de
forma coletiva, onde acompanha, e distribui responsabilidades no âmbito escolar, mantendo o
clima de trabalho em meio a execução das atividades na escola, e buscando uma boa articulação
quanto as relações interpessoais na escola e “ e dirigir e coordenar significa assumir, no grupo,
a responsabilidade por fazer a escola funcionar mediante o trabalho conjunto”

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo percebemos que a estrutura organizacional da escola tem


como base a necessidade da participação de todos os funcionários, professores, alunos, pais e a
comunidade escolar, nos projetos desenvolvidos pela escola e que tem como foco principal a
busca pela qualidade do ensino e o desenvolvimento quanto ao processo de ensino -
aprendizagem dos alunos. Mas, é importante ressaltar que existem alguns entraves, que
impactam diretamente na equipe gestora dificultando lidar com as diferenças intelectua is,
sociais e culturais do público que diretamente faz parte das decisões e da rotina da escola.
Diante da realidade, acredita-se que para minimizar as dificuldades quanto a
participação dos profissionais, pais e alunos na construção de um projeto democrático que
busque a qualidade no ensino e na aprendizagem, é necessário que a instituição reelabore sua
proposta pedagógica e contemple passo a passo como deve ser a participação de todos na
construção de uma escola que busque a qualidade do ensino e da aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ALARCÃO. Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, Editora,
2001.
CISEKI, A. A. Conselhos de escola: coletivos instituintes da escola cidadã. In: BRASIL,
Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Salto para o futuro: construindo
a escola cidadã, projeto político-pedagógico. Brasília, 1998. p. 43 - 52.
FALSARELLA, Ana Maria. Escola, qual é o seu projeto? Presença Pedagógica. v. 19, n.
110, mar./abr. 1013.

GADOTTI, Moacir, ROMÃO, José E. (Org.) Autonomia da educação: princípios e


propostas. São Paulo: Cortez, 1997.

LIBÂNEO, José Carlos. O sistema de organização e gestão da escola. In: LIBÂNEO, José
Carlos. Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª ed. Goiânia: Alternativa, 2001.

________________Organização e gestão escolar: teoria e prática. 5.ed. Goiânia: Editora


alternativa. 2004.

_______________Educação escolar, políticas, estruturas e organização. 2 ed. SP: Cortez,


2005.

LÜCK, Heloísa et al. A escola participativa: O trabalho do gestor escolar. 5.ed. Rio de
Janeiro: DP & A, 2001.

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