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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

PROCESSO nº 0010308-67.2015.5.03.0097 (ED)


EMBARGANTE: ROSÂNGELA FAGUNDES SILVA
RELATOR(A): JOSÉ EDUARDO DE RESENDE CHAVES JÚNIOR

FUNDAMENTAÇÃO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Conheço dos presentes Embargos de Declaração, regularmente opostos.

JUÍZO DE MÉRITO

A embargante sustenta a existência de omissões no v. Aresto. Afirma que


não houve manifestação quanto ao atestado de retorno ao trabalho, datado de 21/11/2014 (Id f8252f3),
apenas oito dias antes da dispensa havida em 01/12/2014 e que serve como atestado demissional, a vista
do disposto no item 7.4.3.5 da NR. Afirma que agiu de boa-fé ao dispensar a autora, não tendo infringido
o ordenamento legal. Pugna, ainda, pela devolução de todos os valores levantados pela reclamante no
momento do acerto rescisório ou sua compensação, sob pena de caracterização de enriquecimento ilícito.

Nos termos do artigo 1022 do CPC, subsidiariamente aplicável ao


Processo do Trabalho, cabem Embargos de Declaração quando houver obscuridade ou contradição na
decisão, quando for omitido ponto sobre o qual deveria se pronunciar o Juízo ou para sanar eventual erro
material no julgado.

No caso específico dos autos, não se vislumbra qualquer omissão, tendo o


v. Aresto sido expresso quanto aos motivos que ensejaram a invalidação da dispensa e a condenação no
pagamento dos salários até o encaminhamento da autora ao INSS. Confira-se:

"Como se vê, o perito foi expresso quanto ao fato de que a reclamante encontra-se total e
temporariamente inapta para o trabalho.

Oportuno registrar que a demandada acostou aos autos, apenas, os ASOs admissional e
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de retorno ao trabalho após os afastamentos pelo INSS, consoante se depreende dos
documentos de Id e202e68; ba5a743; f8252f3.

Não veio aos autos o exame demissional da obreira. Como se vê, não há prova de
aptidão da reclamante no momento da ruptura do contrato de trabalho, motivo pelo qual
ela não poderia ter sido dispensada, ainda que estivesse laborando através de contrato
de experiência.

A vista do exposto, entende-se que a obreira não poderia ter sido dispensada em
01/12/14 e enquanto perdurar a incapacidade laborativa. Assim sendo, devidos os
salários desde a dispensa e até que a empresa encaminhe a reclamante ao INSS, bem
como as contribuições para o FGTS, INSS e a retificação da CTPS para que se exclua a
baixa do contrato de trabalho.

Deverão ser deduzidos os valores quitados com a rescisão contratual (Id df31a41)".

Veja-se que o v. Aresto mencionou expressamente o aludido atestado de


retorno ao trabalho mencionado pela embargante (Id f8252f3), todavia, ele não é suficiente para
comprovar a aptidão da autora no momento da dispensa.

No aspecto, é oportuno acrescentar que, não se olvida do disposto no item


7.4.3.5, da NR-7, todavia a hipótese dos autos guarda particularidades, tendo em vista que há atestado
médico datado de 28/11/2014, firmado, portanto, após o aludido atestado de retorno, noticiando:

"Relato para os devidos fins que Rosângela Fagundes Silva, 58 anos, continua em
recuperação da fratura do rádio distal no antebraço esquerdo. Apresenta ainda rigidez
com limitação dos movimentos do flexo-extensão do punho, pronosupinação antebraço
esquerdo e limitação no movimento dos dedos mão esquerda. Como foi treinada a usar o
membro sup. esquerdo devido lesão no lado direito, este lado é o dominante para
atividades da vida diária. Tentou retornar ao trabalho mas não teve condições devido às
limitações e houve piora do quadro que iniciou-se com distrofia simpático reflexa. Aos
esforços aumenta edema e diminui a perfusão capilar com dor e queimação na mão " (Id
d70462f, grifos nossos).

Como se vê, há atestado médico nos autos noticiando a incapacidade da


autora para o trabalho datado de 28/11/2014 - data posterior a do atestado de retorno ao trabalho de Id
f8252f3 invocado pela embargante.

Não se pode deixar de registrar, ainda, que os cartões de ponto acostados


aos autos noticiam como último dia laborado 27/11/2014 (Id 7a19624), ou seja, um dia antes da data do
atestado acima transcrito.

Assim, considerando-se a conclusão pericial e os atestados médicos


acostados aos autos, entende-se, como restou consignado no v. Acórdão, que a obreira não poderia ter
sido dispensada em 01/12/14, porquanto não estava apta para o trabalho.

No que concerne à dedução dos valores quitados na rescisão contratual,


não há qualquer omissão, tendo o v. Aresto sido expresso no aspecto, consoante se depreende do excerto
supratranscrito.

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Destarte, dou provimento parcial aos Embargos, apenas, para prestar os
esclarecimentos contidos na fundamentação, sem, contudo, imprimir-lhes efeito modificativo.

Isto posto, conheço dos presentes Embargos de Declaração.

No mérito, dou-lhes provimento parcial para prestar os esclarecimentos


contidos na fundamentação, sem, contudo, imprimir-lhes efeito modificativo.

FUNDAMENTOS PELOS QUAIS,

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em sessão ordinária


da Primeira Turma, hoje realizada, julgou o presente processo e, preliminarmente, à unanimidade,
conheceu dos embargos de declaração opostos; no mérito, sem divergência, deu-lhes provimento parcial
para prestar os esclarecimentos contidos na fundamentação, sem, contudo, imprimir-lhes efeito
modificativo.

Tomaram parte no julgamento os Exmos. Desembargadores: José Eduardo


de Resende Chaves Júnior (Relator), Maria Cecília Alves Pinto (Presidente) e Luiz Otávio Linhares
Renault.

Presente ao julgamento, o il. representante do Ministério Público do


Trabalho, Dr. Sebastião Vieira Caixeta.

Belo Horizonte, 18 de junho de 2018.

JOSÉ EDUARDO DE RESENDE CHAVES JÚNIOR


Relator

JE-2

VOTOS
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