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Dez.2017/Jan.2018
ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95
P r a ç a1645-443X
ISSN: D . A f o n s o- V , n º 8 6 , Legal:
Depósito 4 1 5 0- 086929/95
24 P o r t o - P O R TU G A L Ano XLIX- nº 389
Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL
SAIR DA NOITE, ENTRAR NA AURORA:
XIV JORNADAS DA FAMÍLIA DOMINICANA
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito, experiências diversas, reunidas para orarem,
Saímos da noite, entramos na aurora. estudarem, pregarem, estarem em comuni-
LAICADO DOMINICANO
Com alegria saudemos a luz, dade, isto é, para serem dominicanas. Os
Ressuscitada e ressuscitadora. temas deste encontro foram a justiça, a paz,
a ecologia, e os direitos humanos, entendi-
A mão do Senhor traz o fogo do dia dos como entrelaçados.
E o rosto das coisas fica lúcido e calmo;
A aurora é uma palavra da divina presença
E o sol uma certeza que incessante nos busca.
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Laicado Dominicano Dez. 2017/Jan.2018
VIDAS
soal, ao pequenino mundo de cada um, mas que se
alarga a um horizonte mais longínquo, porventura
não alcançável aos nossos olhos. Na expressão cristã,
chamamos-lhe “carregar a Cruz”, isto é, aceitar e le-
var a vida como ela é, e não como nós gostaríamos
que ela fosse. Pode ser uma doença crónica, uma
perda familiar, uma dificuldade nunca ultrapassada,
uma desilusão… sei lá. As nossas cruzes são sempre
diferentes, mas a forma cristã de lhe pegarmos é
sempre a mesma – Senhor, pega comigo na minha
Uma santa vida não é necessariamente uma vida Cruz! Na Família Dominicana tenho aprendido que
santa, tal como uma boa vida não traduz obrigatoria- há percursos de santidade trilhados por gente co-
mente uma vida boa. À expressão “santa vida” asso- mum, na humildade de vidas quase anónimas, qua-
ciamos frequentemente uma vida isenta de preocu- se despercebidas, quase apagadas – monjas, irmãs,
pações e fadigas, uma vida desafogada, longe das frades, leigos. Gente que faz apenas aquilo que deve
inquietações da vida do comum das pessoas, como a fazer, mas com um sentido verdadeiramente cristão.
falta de saúde, falta de dinheiro, falta de sentido, de Gente que carrega a Cruz todos os dias para O se-
esperança e de alegria. É o que se chama uma “boa guir. Certamente pessoas com uma vida santa, a
vida”. Mas uma “vida boa” é diferente: assume as quem faltarão as chamadas “virtudes heróicas” e que
ocupações e preocupações de cada dia e procura dar- nunca serão veneradas nos altares, mas que já habi-
lhes um sentido que se inscreva num horizonte mais tam no coração de Deus.
largo, um horizonte que não se restringe à vida pes-
José Carlos Gomes da Costa,o.p.
Os Frades Dominicanos da Igreja de São Domin- car a violência e as vítimas nas manifestações de rua
gos, Limete, Kinshasa, R D Congo foram atacados, através do país desde o fim de 2016.
bem como os seus paroquianos no Domingo 31 de O governo recusou a autorização de manifestações
Dezembro de 2017 pelas forças de segurança da Re- de 31 de Dezembro por causa do que chama “razões
pública Democrática do Congo, compostas por solda- de segurança”, mas mais de 160 igrejas em numerosas
dos e pela Polícia regiões do País participaram em resposta àquele ape-
Os Bispos católicos da República Democrática do lo. A polícia reagiu com gás lacrimogénio balas de
Congo apoiados por uma coligação de grupos da soci- borracha e mesmo balas reais. Pelo menos sete pesso-
edade civil, apelou à organização de manifestações as foram mortas e muitas outras gravemente feridas.
pacíficas depois da missa de domingo 31 de Dezem- Houve também muitas prisões.
bro de 2017, para denunciar uma nova Lei sobre a Muitos polícias vieram à paróquia de São Domin-
reforma eleitoral entrada em vigor em 25 de Dezem- gos em Kinshasa, dirigidas pelos frades dominicanos,
bro, e para assinalar o acordo político de 31 de De- e dispararam sobre os fieis no exterior e no interior
zembro de 2016 apoiado pelos Bispos. da igreja. Uma mulher foi atingida por uma bala na
O presidente Kabila, cujo mandato acabou em testa, outras nas pernas, e um frade, Jean NKongolo,
Dezembro de 2016 decidiu fixar uma data para as apanhou com uma bala de borracha na cabeça. Uma
eleições antes do fim do ano de 2017 para acalmar as outra manifestação está prevista para Domingo 21 de
tensões no seu país rico em minerais. No entanto, a Janeiro. Façamos prova de solidariedade com os nos-
comissão eleitoral do país estabeleceu que o voto não sos irmãos e irmãs na oração pela Justiça e a Paz na R
pode ser organizado antes de Dezembro de 2018. Os D C (República Democrática do Congo)
opositores acusam Kabila de adiar as eleições para
conservar o poder, causar tensões, aumentar e provo- www.op.org
Tradução de Maria do Carmo Ramos
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Quando recebi a sugestão da querida directora ções sociais que, se fossem por si desenvolvidas,
deste nosso jornal para escrever um artigo, ela, peran- abrangeriam uma fracção de população muito me-
te a minha hesitação, perguntou-me “Não há nada nor, pois os serviços ficariam muito mais dispendio-
que te preocupe?”. sos—na década de 80-90 foi feito um estudo em que
Eu? Acho que, como uma grande maioria de pes- se verificou que, por exemplo, uma criança numa
soas vive com um excesso de preocupações… creche ou infantário do Estado ficava quatro vezes
Desde os malucos a governarem a Ocidente e a mais cara do que numa instituição privada, em con-
Oriente, que meia volta se ameaçam com armas nu- dições idênticas de funcionamento. Esta situação
cleares e com eles a humanidade inteira; à perda de mantém-se idêntica e deve-se por exemplo à diferenci-
valores do mundo ocidental desde os éticos na políti- ação de salários: os da função pública são
ca e não só; ao distanciamento religioso ou falta do “privilegiados” em comparação com os “enteados”
sentido cristão da vida; o ressurgimento de partidos das instituições, que ganham cerca de um terço me-
populistas demasiado próximos do que foi o nazis- nos. O pessoal com menores habilitações, que estão
mo; a ausência de solidariedade dos povos dos países na acção directa, ganham quase todos o salário míni-
desenvolvidos para com os povos e etnias vítimas da mo.
guerra ou em risco de morte pela fome, etc.etc. Mas o que poderemos nós, cristãos, fazer? Porque
Não são só preocupações, seria o inferno de an- devemos servir os outros, sobretudo os mais carencia-
gústia e desespero se não fosse a Esperança no amor dos, os do fim da linha, como diz o Papa Francisco.
de Deus e a crença de que Jesus Cristo não morreu Não nos recusarmos, antes empenharmo-nos na par-
em vão. ticipação voluntária e gratuita nestas obras sociais,
Mas, na grande esfera de problemas não nos é pos- fazendo parte dos corpos gerentes, tomando como
sível agir directamente, não haverá numa dimensão nossa a responsabilidade de que os objectivos sejam
mais próxima do nosso quotidiano áreas em que de- cumpridos; que não hajam aproveitamentos pessoais
vemos como pessoas e sobretudo como cristãos inter- quer em desvio de dinheiros ou colocação de funcio-
vir? nários. Procurando negociar com o Estado, através
Há centenas de obras sociais, creches, infantários, das associações existentes ou a criar, melhores condi-
salas de estudo, centros de dia e lares de terceira ida- ções para o funcionamento e reconhecimento das
de que foram criados por ou à sombra da Igreja. Co- IPSS.
nheci bastante bem o ambiente por dentro, pois tra- As pessoas responsáveis e os dirigentes deveriam
balhei anos seguidos nalgumas, e noutras fiz parte da fazer uma espécie de juramento de Hipócrates (à se-
direcção ou de conselhos fiscais. A Igreja não pode melhança dos médicos) declarando, quando tomas-
ser o único fiscal pois esta missão cabe principalmen- sem posse, que nunca se serviriam das instituições,
te ao estado, que atribui subsídios e por isso tem o mas procurariam servi-las com todo o seu empenho e
dever de, em nome de todos os contribuintes (que entusiasmo, como uma forma de apostolado ao servi-
somos todos nós), verificar a correcta aplicação das ço dos outros.
suas comparticipações. Será este um Reino de Sonho ou da Utopia? Mas
Mas parecia-me, salvo melhor opinião, que partis- senão, o que nos espera? Que a corrupção e a escrava-
se da iniciativa da Igreja ou de algum grupo a ela liga- tura ao dinheiro destruam os princípios e os valores
do a supervisão das obras sociais que usam o seu no- humanos e que não hajam “oásis” onde não impere a
me ou se dizem de raiz cristã, em cada Diocese. Estas venalidade? O amor de Deus e dos outros nos ajuda-
“associações” poderiam também fomentar acções de rá a combater a peste negra do século XXI: a corrup-
formação - sobretudo para os dirigentes — com o fim ção, que sempre existiu mas nunca de um modo tão
de que os objectivos do serviço ao próximo sejam avassalador e “às claras” como nos nossos dias.
bem e eticamente cumpridos.
Sabemos que o Estado aliena nas Instituições fun- Maria do Carmo Ramos,o.p.
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É tão lindo saber como rezavam nossos pais e avós ! Lidas hoje, palavras havia pesadas como as trevas e os
medos. Mas o coração era tamanho ! E Deus ainda maior, pois é Amor.
Amor maior ouvido na Cruz : o ladrão pediu :"lembra-te de mim". E foi pronta a resposta : "HOJE".
HOJE ! depois de AQUI, não há mais tempo. Só o abraço do PAI.
HOJE ! com a Igreja, rezamos a ternura do Pai, o perdão sem limites, a nossa gratidão sentida.
HOJE ! tantos cristãos rezam pela "Liturgia das Horas".
Que bom pegarmos no Salmo do domingo seguinte, rezar, ouvindo e acolhendo : um minuto de silêncio
que é VOZ. Depois, partilhar : uma palavra, uma frase mais mínima. E terminar em comunhão com presen-
tes e ausentes, agradecendo tanto bem, pedindo por tantas necessidades.
E sempre : Glória ao Pai …
Frei João Leite,o.p.
(Este comentário foi solicitado pela equipa redactorial do “Laicado Dominicano”)
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De 4 a 10 de Outubro de 2018 realizar-se-á a III ções Gerais que esclareceram ou modificaram a Re-
Assembleia Mundial das Fraternidades Leigas Domi- gra das Fraternidades. Foi na ocasião também insti-
nicanas, sob o tema “O nosso futuro: Justiça, Paz e o tuído e aprovado os estatutos do Conselho Interna-
cuidado com a Criação” cional das FLSD e prevista a realização periódica das
O evento terá lugar no Hotel Steyler, em Fátima. Assembleias representativas das Fraternidades, num
Nos dias 4 e 5 estará presente o Mestre Geral, fr. prazo regular de 10 anos.
Bruno Cadoré. É motivo de grande satisfação para a Província
O evento contará com cerca de 200 delegados, portuguesa e dos seus leigos dominicanos que a III
tradutores e convidados, representando cerca de 150 Assembleia se realize em Fátima, esperando-se gran-
mil leigos existentes em mais de 90 países de todo o de participação.
mundo.
A I Assembleia Mundial realizou-se em 1985, em Gabriel Silva, op
Coordenador Nacional para a orga-
Montreal, Canadá durante a qual foi elaborada e nização da 3ª Assembleia Mundial
aprovada a actual Regra de Vida das Fraternidades. das FLSD, Fátima OP 2018
A segunda Assembleia realizou-se em Buenos Aires,
Argentina, em 2007, resultando na publicação por
parte do Mestre da Ordem de uma série de Declara-
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F i c h a T é c n i c a
Jornal bimensal Administração: Maria do Céu Silva (919506161)
Publicação Periódica nº 119112 / ISSN: 1645-443X Rua Comendador Oliveira e Carmo, 26 2º Dtº
ISSN: 1645-443X 2800– 476 Cova da Piedade
Propriedade: Fraternidade Leigas de São Domingos
Endereço: Praça D. Afonso V, nº 86,
Contribuinte: 502 294 833
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E-mail: laicado@gmail.com
Direcção e Redacção Tiragem: 370 exemplares
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Maria do Carmo Silva Ramos (966403075)
Os artigos publicados expressam apenas
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Colaboração: Maria da Paz Ramos