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Destaques

Matéria de capa

Lucro controlado
Saiba quais os pontos que merecem
maior atenção na hora de regular a
sua colhedora de grãos
08

Test Drive Patriot 350 Ficha Técnica


Confira o desempenho do Conheça o trator MF 8480
da Massey e o LandPower
pulverizador Patriot 350, o da Landini
autopropelido da Case IH
20 12 e 32

Índice Nossa Capa

Charles Echer

Rodando por aí 06
Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

Regulagem em colhedoras 08
www.cultivar.inf.br
Ficha Técnica - Massey Ferguson 8480 12 www.grupocultivar.com

Isobus 16

Test Drive - Patriot 350 20

Irrigação em cana-de-açúcar 26
Cultivar Máquinas
Edição Nº 70
Matéria AGCO Ano VIII - Dezembro 2007 / Janeiro 2008
30 ISSN - 1676-0158

Ficha Técnica - Landini 32


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Gilvan Quevedo • Gerente de Circulação Kunde Indústrias Gráficas Ltda. Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas
Charles Echer Cibele Costa pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados
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nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a opor-
tunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Mulheres ao volante
Nova frota A Case IH colocou ao
A Massey Ferguson entregou três tratores ao Colégio Teutônia, uma das mais tradicionais volante de seus tratores 16
instituições de ensino do Vale do Taquari, localizado no município de Teutônia (RS). A parce- mulheres, esposas de
ria possibilitou a renovação do parque de máquinas, com a aquisição de três tratores novos, os trabalhadores rurais, na
modelos MF 283, MF 255 e MF 5275. Fazenda Itamarati,
Para o diretor de marketing da Massey localizada em Campo Novo
Ferguson Fábio Piltcher, a parceria repre- do Parecis (MT). O curso
senta um impulso tecnológico para o en- faz parte de um projeto-
sino agrícola do colégio, que é referência piloto idealizado pela
na região. “O objetivo é levar aos alunos as fazenda e realizado pela
atuais tecnologias empregadas para que eles Case IH. “Trata-se de um
possam entrar no mercado de trabalho ain- trabalho inédito que
Alexandre Tuzzi da mais preparados e colaborando com a estamos fazendo em
atividade que a escola se propõe”, disse. treinamento de mão-de-obra
Linha pesada
A Tuzzi acaba de produzir Vendas em alta e a iniciativa partiu da
para a Valtra do Brasil um As vendas da AGCO América do Sul atingiram U$ 747.2 mi- própria fazenda”, conta o
braço sensor que funciona lhões nos primeiros nove meses de 2007, representando um au- coordenador do Centro
eletronicamente e está mento de 47% comparado ao mesmo período de 2006 (não in- Avançado de Suporte ao
aplicado às barras de cluído o impacto da taxa de câmbio). A justificativa, segundo Cliente da Case IH de
levante do sistema de três explicou André M. Carioba, vice-presidente sênior e gerente ge- Cuiabá (MT), Ângelo
pontos da marca Tuzzi. O ral da AGCO na América do Sul, é que “os tratores e as colhei- Brochieri. Agora, além dos
equipamento é uma tadeiras, impulsionados pela tecnologia da AGCO, construíram maridos, as esposas
novidade no mercado, já fortes posições no mercado Sul-Americano, devido em grande passaram a tocar as
que possui configuração parte à excepcional rede de revendedores da marca”. máquinas. Todas elas
exclusiva para atender possuem Ensino Médio
tratores da linha pesada e, Encontro continental completo ou estão em fase
futuramente, da linha Concessionários John Deere de toda a América do Sul se reuniram pela primeira vez em um final do curso que é
média, fabricados pela “Encontro com Concessionários” para discutir em conjunto a estratégia da marca para o oferecido pela fazenda.
multinacional aqui no continente. Mais de 200 concessionários de dez países da América do Sul, e também da
Brasil. “Estar em sintonia República Dominicana, participaram do encontro na nova fábrica em Montenegro (RS) e na
com tecnologia de ponta Serra Gaúcha no início de dezembro. Além da diretoria brasileira, participaram do encontro o
possibilita nosso vice-presidente de Marketing, Vendas e Planejamento para a América do Sul, Aaron Wetzel, e
aperfeiçoamento na o presidente mundial da Divisão Agrícola para Europa, África e América do Sul da John
fabricação de novos Deere, Mark von Pentz.
produtos e no processo de
melhoria contínua,
atendendo, dessa forma, a
demanda de mercados
diversificados”, garante Prêmio
Alexandre Tuzzi, diretor Fabricante de implemen-
da Tuzzi. tos rodoviários com
apenas três anos de
Trator do ano atuação no mercado, a
O trator T7060 de 213 cv, Rodo Linea recebeu o
da New Holland, foi eleito Excelência Pós-Venda prêmio em reconhecimen-
como o trator do ano A Martins & Sobrinhos, concessionário John to à qualidade de seus
edição 2008. A escolha foi Deere em Jataí (GO), recebeu em novembro a produtos. “Este prêmio
feita pelas principais placa que indica a classificação máxima recebi- reflete toda a expertise e a
revistas especializadas em da no Programa Excelência em Pós-Venda. A competência da Rodo
máquinas agrícolas da avaliação feita pela John Deere conferiu ao con- Linea no desenvolvimento
Europa. O resultado da cessionário de Jataí a categoria “A”, que atesta a de soluções para o
11ª edição do prêmio foi alta qualidade dos serviços oferecida pela Mar- segmento sucroalcooleiro.
revelado durante a tins & Sobrinhos a seus clientes no pós-venda. Investimos em capital
Agritechnica de Hannover, intelectual e inovações
na Alemanha. Além do
Workshop Isobus tecnológicas para atender
De 20 a 22 de fevereiro de 2008 acontece o segundo Workshop ISOBUS em São Carlos (SP). com eficiência as parti-
prêmio de trator do ano, o
Além de uma atualização sobre as novidades do padrão ISOBUS no Brasil e no mundo o foco cularidades desta operação
T7060 ganhou o prêmio
do evento será nas ferramentas necessárias para utilizar o padrão e como realizar os testes de de transporte”, afirma o
ouro no design.
conformidade para novos desenvolvimentos. Informações pelo site http://www.isobus.org.br/ diretor de Vendas da Rodo
Linea, Fernando Real.

06 • Dezembro 07 / Janeiro 08
regulagem

Lucro controlado
Saber quais fatores interferem direta e indiretamente na colheita é a chave para
colher sem perdas e com qualidade. Ensaios com duas máquinas do mesmo modelo
mostram que o uso de regulagens diferentes interfere no número de perdas

E
stá chegando a época da colheita de pesquisadores em todas as regiões, e demons- mentação, trilha, separação, limpeza, transpor-
grãos em todo o país, principalmen- tram que o desempenho das colhedoras ainda te e armazenamento dos grãos. O desempenho
te nas regiões Sul e Centro-Oeste, e pode ser superior, pois, as perdas encontradas desses sistemas está interligado ao desempenho
com isso o empresário rural deve estar devida- ainda são elevadas, principalmente em função individual, devendo-se, portanto, obter o má-
mente preparado para esta última etapa reali- de regulagens utilizadas incorretamente. ximo desempenho de cada um.
zada no campo, já preparando o solo para a pró- Diversos fatores influenciam na colheita
xima cultura. REGULAGENS DA COLHEDORA mecanizada, dentre eles: condições do solo (teor
Porém, a colheita começa antes mesmo de Atualmente as colhedoras de grãos são de água), condições climáticas, condições da
se colocar as máquinas no campo, com os pre- máquinas que possuem alta tecnologia embar- cultura (porte, altura de inserção, acamamen-
paros e manutenção das colhedoras, que mere- cada, auxiliando o operador a manter as regu- to, grau de maturação, massa seca, fluxo de
cem atenção especial para que os resultados lagens recomendadas e ainda monitorá-las du- material, plantas oportunistas), manutenção
sejam satisfatórios, pois o produtor não pode se rante a colheita. Além da tecnologia associada, (limpeza da colhedora, consertos, reparos e
dar ao luxo de perder uma safra. o princípio de funcionamento de uma colhe- substituição de componentes, verificação do
A quantificação das perdas existentes na dora é composto por vários sistemas seqüenci- funcionamento pré-colheita).
colheita de grãos é alvo de estudo de diversos ais, que realizam as operações de corte e ali- Também influenciam nas perdas, as regu-
Claas

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“Na atividade agrícola brasileira o produtor precisa correr contra tudo e contra todos,
tendo pouca ou até mesmo nenhuma gerência sobre o preço de compra e/ou venda”

Sistemas de trilha nos diferentes modelos de


colhedoras disponíveis no mercado

lagens da colhedora na plataforma (altura de Sistemas e componentes


corte e rotação do molinete); na alimentação principais de uma
(fluxo de grãos e material não grão); no sistema colhedora de grãos
de trilha (rotação dos cilindros); no sistema de
separação (ajuste das peneiras); no sistema de al que está sendo colhido não a sobrecarregue,
limpeza (rotação do ventilador); o armazena- evitando assim possíveis embuchamentos.
mento (condições do graneleiro); o transporte
dos grãos (elevadores e tubo de descarga), além TRILHA
da velocidade de deslocamento durante a co- Este sistema tem a função de remover o
lheita. grão do restante da planta. A rotação do cilin-
dro trilhador e abertura entre o cilindro e o côn-
PLATAFORMA cavo são as principais regulagens a serem feitas
O molinete possui regulagens de posição neste sistema, que quando realizada de forma
horizontal e vertical, inclinação dos dedos pre- correta, evitam perdas tanto em quantidade
ensores e rotação. Esta rotação deve proporcio- como em qualidade dos grãos colhidos.
nar um índice de velocidade do molinete de O modelo mais comum comercializado no
1,25 a 1,50, sendo este índice determinado pela Brasil, é o que possui cilindro de trilha disposto
relação entre a velocidade do molinete e a velo- transversalmente ao deslocamento da máqui-
cidade de deslocamento da máquina. Esta re- na, denominado sistema de fluxo radial.
gulagem evita perdas por debulha, por arremes- Há pouco tempo no Brasil, se expandiu a
so e/ou por tombamento das plantas. comercialização de colhedoras de fluxo axial
As perdas na plataforma de corte podem (cilindro trilhador disposto longitudinalmen-
ser bastante expressivas se a mesma não estiver te, podendo haver dois em alguns modelos).
bem regulada. Somente a altura de corte corre- Outros modelos apresentam estes dois sis-
ta pode representar até 20% de redução das temas conjugados, possuindo inicialmente um
perdas totais, não deixando desta maneira va- cilindro radial e após este, um ou dois cilindros
gens presas às plantas não colhidas. de fluxo axial, realizando a trilha e a separação
dos grãos.
ALIMENTAÇÃO Entretanto, as regulagens no sistema de tri-
Neste sistema, que tem função de trans- lha das colhedoras são basicamente a mesma: a
portar o material colhido para o interior da rotação do cilindro trilhador e folga entre esse e
máquina, a fim de que seja processado pelos o côncavo.
outros sistemas (trilha, separação e limpeza), A regulagem deve ser feita, considerando-
as observações devem ficar por conta do con- se a cultura colhida, quantidade de material que
dutor transversal (caracol ou sem-fim) e estei- não é grão, pois conforme a cultura o côncavo
ra de alimentação. pode ser diferente, a rotação do cilindro vai va-
Deve-se verificar a distância do caracol em riar em função dela ser mais ou menos resis-
relação à superfície da plataforma, não deven- tente a impactos.
do estar muito próximo para não danificar o A abertura entre o cilindro e o côncavo deve
material colhido, e também não muito afasta- ser proporcional ao fluxo de material que entra
do, para evitar falhas no recolhimento deste
Tabela 1 - Características das colhedoras nas diferentes safras
material. Este ajuste vai variar em função do
fluxo de material colhido. Quanto à esteira, Safra Colhedora Velocidade Rotação do Cilindro
deve-se ter noção da capacidade de fluxo que 2005/06 5,0 km/h 850 rpm
MF5650 Advanced
esta suporta, para que a quantidade de materi- 2006/07 3,5 km/h¹ 350 rpm

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 09
ra, e em perdas na planta (PP), constituída por
vagens que não foram retiradas das plantas
durante a colheita. Foram medidas em arma-
ção retangular de dois metros quadrados com
largura igual à da plataforma de corte (cinco
metros).
Nas duas safras, a porcentagem de cober-
tura vegetal sobre o solo, distribuída pelos me-
canismos da colhedora foi uniforme sobre a área,
apresentando valores superiores a 80%, consi-
derados ideais sob o ponto de vista de conser-
vação do solo.
Regulagem da folga de saída Como a velocidade de deslocamento na
entre o cilindro e o côncavo é muito
segunda safra foi menor, pôde-se utilizar rota-
Rotação do ventilador e abertura das importante para prevenir perdas
ção do cilindro de trilha mais baixa, uma vez
peneiras devem ser adequadas, de forma que
permita a limpeza, sem perder os grãos que o fluxo de material também foi menor. Com
Unesp/Jaboticabal), utilizando duas colhedo- isso obtém-se uma melhor qualidade da soja,
ras Massey Ferguson MF5650 Advanced, em principalmente se for destinada para a produ-
na máquina, e sempre maior na entrada e me- colheita de soja em sistema plantio direto, na ção de sementes, devido ao menor impacto do
nor na saída, pois o maior volume de material região de Ribeirão Preto (SP). As avaliações fo- mecanismo de trilha sobre a cultura. Outro fato
se encontra na entrada, pois, à medida que os ram realizadas em áreas com as cultivares de relacionado à menor rotação é o tempo de per-
grãos são separados da planta, vão caindo atra- soja Coodetec 206 e 216, respectivamente nas manência do material neste sistema, maior em
vés do côncavo diretamente para o sistema de safras de 2005/06 e 2006/07, com semelhantes menores rotações do cilindro, conseqüentemen-
limpeza. condições da cultura (teor de água, porte, altu- te obtendo maior aproveitamento deste siste-
As perdas no sistema de trilha podem ocor- ra de inserção da primeira vagem, massa seca), ma, evitando maiores fluxos de material para a
rer devido à não debulha total dos grãos, dei- determinando as perdas durante o processo de retrilha.
xando-os dentro das vagens. Se isto estiver acon- colheita. O que diferenciou a colheita nestas As perdas observadas na primeira safra fo-
tecendo, a diminuição da folga pode solucio- áreas foi a regulagem das colhedoras no mo- ram três vezes maiores do que as encontradas
nar este problema, ou ainda a diminuição da mento da colheita, principalmente quanto à na safra seguinte. Isso demonstra que as regu-
rotação do cilindro, fazendo com que o materi- rotação do cilindro trilhador (Tabela 1). A velo- lagens e manutenção apropriadas para a colhe-
al permaneça por maior tempo na trilha (ou cidade de deslocamento da colhedora também dora, considerando fatores da cultura, solo e
retrilha). foi menor na segunda safra, com o intuito de clima, e ainda um bom monitoramento durante
reduzir o fluxo de material dentro da máquina, toda a colheita (pois as condições da cultura
SEPARAÇÃO para que houvesse melhor desempenho dos variam ao longo do dia) podem reduzir signifi-
Este sistema é composto pelo batedor tra- mecanismos internos da colhedora, e conse- cativamente as perdas de grãos. M
seiro, pela cortina defletora e pelo saca palhas. qüentemente menores perdas de grãos.
Tem a função de separar os grãos do restante da Anderson de Toledo,
planta, e lançar o material que não é grão para PERDAS Rubens Andre Tabile,
fora da máquina, passando pelo distribuidor. As perdas foram classificadas em perdas no Rouverson Pereira da Silva e
A cortina tem função de reter o material solo (PS), como sendo os grãos e as vagens en- Carlos Eduardo Angeli Furlani,
após passar pelo batedor, não deixando princi- contrados no solo após a passagem da colhedo- Unesp/Jaboticabal
palmente os grãos serem lançados para fora da
máquina, e com isso, ocorre o retardamento do
fluxo de material no saca palhas. Esse tem a PRINCIPAIS CUIDADOS APÓS A COLHEITA
função de separar os grãos da palha e palhiço,
lançando-os para fora da máquina e conduzin-
do os grãos para o sistema de limpeza. L ogo após terminar de se colher
uma safra, devem ser iniciados os pre-
parativos para a próxima colheita. O produ-
sito, isento de ações do tempo, como chu-
vas e raios solares. É interessante a retirada
da plataforma de corte para guardar a colhe-
LIMPEZA tor e o operador devem estar atentos aos dora, a fim de diminuir as cargas sobre o sis-
A rotação do ventilador de limpeza deve cuidados necessários com a colhedora, quan- tema hidráulico. Neste período a manuten-
ser adequada para não serem lançados grãos to à sua limpeza, manutenção e reparos. É ção preventiva é que deve ser realizada, sen-
para fora da colhedora por excesso de fluxo importante nesta fase, atentar para cada de- do primordial para a próxima colheita.
de ar sobre o material e ser suficiente para talhe da máquina, principalmente pelo ope- Tomados os devidos cuidados com a
retirar as impurezas mais leves do que os
rador, durante e após a colheita. Ele deve colhedora, o produtor deve prepará-la para
grãos. A abertura das peneiras deste siste-
ma deve ser regulada para que permita a pas- verificar e anotar durante a colheita, eventu- o trabalho. Uma nova verificação geral de
sagem somente dos grãos em função da cul- ais problemas que não interferiram em seu suas peças e componentes principais deve
tura que se está colhendo. andamento, mas que devem ser averigua- ser feita, antes de começar a colheita. Vale
dos posteriormente. ressaltar que se deve sempre seguir o ma-
QUANTIFICANDO AS PERDAS Feito isso, o próximo passo é o aloja- nual de instruções, pois ele contém todas
A seguir são apresentados alguns resulta- mento apropriado da colhedora, de preferên- as informações necessárias para a correta
dos obtidos pela equipe do LAMMA (Labora- cia em local que tenha somente este propó- manutenção e utilização da máquina.
tório de Máquinas e Mecanização Agrícola/

10 • Dezembro 07 / Janeiro 08
MF 8480

Gigante da Massey O trator MF 8480, da Massey Ferguson, alia potência de 290 cv,
transmissão Dyna-VT por variação contínua e muita tecnologia
embarcada, para usuários que precisam de força e rendimento

A
presentamos hoje o maior integrante tativa de última geração, sistema de gerencia- rotações programadas são mostradas no display
da família Massey no Brasil. Trata- mento eletrônico e tecnologia Common rail de LCD localizado no painel de instrumentos.
se do trator MF 8480, um modelo (Galeria de Alta Pressão). Esses motores apre- Essa capacidade de alternar rápida e facil-
importado, com configurações altamente de- sentam emissões reduzidas, atendendo à nor- mente entre rotações pré-ajustadas do motor
senvolvidas, projetado para operar em grandes ma Tier-III. proporciona aumento da produtividade, uma
áreas e em serviços que exigem força extra. Além O MF 8480 vem equipado com o sistema melhoria da qualidade de trabalho e simplifica
de todos os seus atributos de gigante, apresen- de gerenciamento eletrônico do motor (EEM - a realização de praticamente todas as ativida-
ta ainda design atraente, que alia beleza e con- Electronic Engine Management). Esse sistema des diárias.
forto. permite o ajuste contínuo da quantidade e do
O trator MF 8480 possui cabine climatiza- momento em que se produz a injeção do com- COMMON RAIL
da e ergonomicamente projetada, proporcio- bustível, em função da velocidade do motor e O Common rail, sistema de injeção diesel
nando maior conforto em longas jornadas de da carga. O resultado é a redução de emissões, de alta pressão, consiste numa bomba de alta
trabalho. As especificações disponíveis inclu- mais potência e mais economia de combustí- pressão que fornece a pressão através de uma
em sistemas de gerenciamento de campo e ca- vel. galeria comum a todos os injetores, o que per-
beceiras, além de opcionais como o sistema de O EEM não só fornece resposta mais rápi- mite fornecer pressão constante de injeção,
direção automatizado Auto Guide e o Datatro- da às mudanças de carga do motor, mas tam- independentemente da rotação do motor. A
nic III, compatível com o Isobus. bém adiciona funcionalidades ao trator. Os dois sua vantagem é um menor ruído de funcio-
botões do EEM, localizados no console direito, namento, arranque a frio quase instantâneo
MOTORIZAÇÃO permitem que o operador programe duas rota-
Os tratores MF 8480 são equipados com ções de motor (A e B). Isso
motor Sisu de seis cilindros e 8,4 litros de cilin- permite que o operador al-
drada, com intercooler, injeção com bomba ro- terne entre as rotações pre-
estabelecidas apenas com o
toque de um botão. O sis-
tema EEM pode ser preci-
samente ajustado em in-
crementos de 10 RPM. As

O sistema de injeção de diesel, Common rail, garante


pressão constante da injeção, independente da rotação

12 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“O trator MF 8480 possui uma cabine climatizada e ergonomicamente
projetada, proporcionando maior conforto em longas jornadas de trabalho”

Fotos Massey Ferguson

O sistema de engate rápido por descompressão permite


acoplamento de implementos mesmo sob pressão

As manutenções periódicas são favorecidas pelo deslocamento


do capô, que dá acesso completo às áreas mais usadas

te da velocidade do motor e da quantidade de DYNA-VT


combustível injetado. Os injetores são alimen- A transmissão continuamente variável se
tados com o combustível através das tubula- caracteriza pela ausência de marchas, possuin-
ções rígidas, e injetam a quantidade de com- do duas faixas de velocidades: uma entre 0 e 28
bustível correta, finamente pulverizada, nas km/h e a outra entre 0 e 40 km/h. A primeira é
câmaras de combustão. A unidade de controle utilizada para operações de campo e a segunda
eletrônico controla de forma precisa todos os para operações de transporte. Uma vez esco-
parâmetros da injeção - tais como a pressão na lhida a faixa ou modo operacional, a variação
galeria e o sincronismo e a duração da injeção – de velocidade ocorre sem degraus, tanto para
assim como outras funções executadas pelo frente como para trás (ré). A variação de veloci-
A capacidade de levante motor. dade pode ser feita por uma alavanca localiza-
do hidráulico é de 10.500 kg O motor do trator MF 8480 conta ainda da no apoio de braço da poltrona ou com o
com quatro válvulas por cilindro de extrema acelerador, ou ainda através de programação no
e a diminuição dos níveis de emissão e de precisão. Isso melhora o fluxo de ar e a mistura computador de bordo.
consumo. com o combustível, promovendo uma combus- A transmissão Dyna-VT é composta de uma
A bomba de alta pressão gera uma pressão tão uniforme e reduzindo as cargas térmicas na parte hidráulica e de uma parte mecânica, soli-
de até 1.400 bar na galeria (determinado pela cabeça do cilindro, resultando em baixas emis- dárias com o eixo motor. A potência do motor
pressão da injeção ajustada na unidade de con- sões e excelente economia de combustível. passa por esses dois ramais - hidráulico e mecâ-
trole eletrônico do motor), independentemen-

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 13
Fotos Massey Ferguson
melhor acompanhamento dos contornos do
solo. O resultado é uma maior transferência de
peso e melhor tração, reduzindo a patinagem
das rodas, o desgaste dos pneus e o consumo
de combustível.
Os controles mais freqüentemente usados
foram montados no descansa-braço e o painel
de controle ELC montado à frente do opera-
dor. Além de todas as funções de controle nor-
mais do levante hidráulico, o sistema ainda in-
corpora características integradas avançadas:
sensibilidade, entrada rápida no solo e veloci-
O receptor de GPS e toda a eletrônica do Auto Guide dade de descida automática.
ficam instalados no TopDoc, situado sobre a cabine Para um acoplamento mais rápido dos im-
plementos, o levante hidráulico também pode
nico, que voltam a se unir no eixo motriz das vida pelas rodas vem do ramal mecânico. ser operado por meio de botões conveniente-
rodas. mente montados em cada pára-lama traseiro.
No ramal hidráulico uma bomba de pis- SUPERVISOR O sistema hidráulico do Sensor de Carga
tões alimenta dois motores hidráulicos variá- O sistema de supervisão opera continua- de Centro Fechado (CCLS) fornece alto fluxo
veis em função do óleo deslocado pela bomba. mente e é ativado quando a rotação do motor de óleo tanto para o engate quanto para servi-
A vazão da bomba é ajustada pelo operador cai, à medida que este é submetido a cargas. O ços externos com respostas praticamente ins-
quando aumenta ou diminui a velocidade de botão de controle giratório permite ajustar a tantâneas. E como o fluxo e a pressão são auto-
deslocamento através dos três modos vistos porcentagem de queda de rotação permitida maticamente regulados de acordo com a de-
antes. Note que aqui não é necessário aumen- (entre 5% e 40%) antes do Dyna-VT reduzir manda, não há desperdício de potência ou de
tar a rotação do motor para aumentar a veloci- automaticamente a relação de transmissão. combustível com bombeamentos de óleo des-
dade de deslocamento do trator, muda-se ape- Usado em conjunto com o SV1 e o SV2, necessários.
nas a vazão da bomba e conseqüentemente a que configuram rotações específicas do motor, O engate do implemento também é fácil
velocidade de giro dos motores hidráulicos. Essa o trator irá então operar com o máximo rendi- com acopladores por descompressão, que per-
compreensão é importante para entender mais mento à medida que a carga varia. Esses ajus- mitem que o equipamento seja acoplado e de-
adiante a independência do giro do motor do tes, extremamente precisos, podem ser feitos sacoplado sob pressão.
deslocamento do trator. com o trator em movimento, uma vez que a Com quatro válvulas eletro-hidráulicas
O ramal mecânico é composto pelo con- resposta seja imediata. como equipamento básico (e uma quinta como
junto planetário e o controle das gamas de ve- opcional), o novo sistema digital de gerencia-
locidade (9). Os dois motores hidráulicos estão SISTEMA HIDRÁULICO mento de válvulas permite que equipamentos
solidariamente conectados através do eixo co- Os tratores MF 8480 possuem uma capa- complexos sejam controlados com facilidade e
letor ao sistema mecânico. cidade de levante de 10.500 kg. As demandas precisão, em apenas um toque.
O motor envia aos dois ramais o mesmo de pressão e fluxo de óleo de equipamentos de
valor de torque e ao partir do trator o ramal que grande porte foram levadas em consideração, TDP HIDRÁULICA SUPLEMENTAR
absorver o menor torque fará a transmissão. com um sistema hidráulico monitorado por O bloco de válvulas do CCLS (sensor de
Como o ramal hidráulico é o mais reduzido, a “sensores de carga de centro fechado” (Load carga de centro fechado) integra a possibilida-
partida começa com ele. Conforme o torque Sensing) como equipamento básico. de de uma tomada de potência hidráulica su-
vai aumentando, o ramal mecânico também O sistema digital de controle eletrônico dos plementar. Fluxo extra e tubos de retorno for-
começa a transmitir potência e com intensida- três pontos (ELC) da Massey Ferguson atinge necem óleo diretamente da bomba, permitin-
de inversa ao hidráulico de forma que ao che- os padrões mais altos de controle de tração, atra- do que um maior número de controles remo-
gar na velocidade final, toda a potência absor- vés de ajustes de profundidade precisos e um tos sejam conectados, sem ocupar os acopla-
mentos existentes.
O Controle de Transporte Ativo (ATC) é
integrado ao sistema ELC (sistema de controle
eletrônico dos três pontos) como equipamento
básico. Ele é um sistema de amortecimento que

À esquerda, o terminal GTA, com entrada para cartão SD, fornece informações sobre o funcionamento da Teclado para navegação e
máquina. Na direita, teclado usado para navegar e colocar as informações no ITCS ajuste de configurações

14 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“O motor envia aos dois ramais o mesmo valor de torque e ao partir
do trator o ramal que absorver o menor torque fará a transmissão”

faz com que o trator balance menos, ajustan-


do-se automaticamente ao peso de diferentes
implementos.

FREIOS
Os freios são em banho de óleo, multidisco,
com acionamento hidráulico com multiplica-
dor, o freio de estacionamento é acionado por
interruptor, bloqueio de estacionamento inde-
pendente, operado sobre a transmissão. Alavanca do controle de potência,
localizada estrategicamente
GERENCIAMENTO DE CABECEIRAS As teclas “+/-”são utilizadas para configurar a rotação
O ITCS, equipamento básico nos tratores GERENCIAMENTO DE VÁLVULAS do motor e “A/B” para memorizar e selecionar
MF 8480, é um sistema de gerenciamento e O sistema ITCS também controla o novo
monitoramento integrado do trator que forne- sistema de gerenciamento digital de válvulas
ce um nível inicial de gerenciamento de cabe- direcionais do controle remoto, que permite o
ceiras e do campo, sendo ideal nos casos em controle memorizado e preciso de quatro vál-
que não se necessita de todas as funções do vulas eletro-hidráulicas proporcionais.
Datatronic III. Programado pelo teclado sensível ao toque
O ITCS possibilita o controle de patina- do ITCS, o Sistema de Gerenciamento Digital
gem da roda, proporcionando maior tração e de Válvulas proporciona o ajuste fino do fluxo
melhor desempenho com implementos de ar- de óleo, além da sincronização precisa do de-
rasto. Quando ativado no painel ELC, o ITCS sarme automático (kick-out) pré-ajustado.
permite ajuste da patinagem máxima permiti-
da da roda e monitora no display esquerdo a DATATRONIC III E GTA
patinagem real da roda a cada momento. O Datatronic III possibilita a operação au- Além do capô, é possível deslocar componentes
O “minicontrole de cabeceira” interage com tomatizada de equipamentos complexos e como radiador, para facilitar a manutenção
o controle de velocidade do motor para alter- também reúne e registra informações em me-
nar entre as rotações A e B do motor, à medida mórias múltiplas. Os dados gravados podem mento de propriedades terceirizados. Ele tam-
que o levante hidráulico é erguido ou baixado. ser visualizados no Terminal GTA e também bém permite que as configurações do trator
O tempo de atraso na mudança da rotação do podem ser transferidos para o computador do sejam feitas no PC e depois carregadas no tra-
motor, após a ativação da subida/descida, pode escritório através de um cartão SD (Seguran- tor através do cartão SD.
ser precisamente programado através do tecla- ça Digital). O GTA 200 “Gerenciador” permite que os
do, com uma leitura em segundos, que é clara- Uma vez que os dados tenham sido trans- dados de desempenho da máquina sejam alo-
mente mostrado na tela esquerda. feridos para o computador através do cartão cados para um trabalho ou talhão específico,
O Sistema Integrado de Controle do Tra- SD, o software GTA 100 (básico) ou GTA 200 permitindo a geração de relatórios e uma ras-
tor (ITCS) também fornece uma leitura do (opcional) para PC pode ser usado para arma- treabilidade precisa da cultura. O Datatronic
consumo de combustível total e por trajeto, as- zenagem e análise dos dados. O GTA 100 “Es- também forma a base do próximo nível dos sis-
sim como permite supervisionar as rotações pré- truturador” permite que os dados de operação temas de gerenciamentos avançados de cabe-
configuradas do motor, a velocidade de avanço e uso da máquina sejam gerenciados, visualiza- ceiras e campo, incluindo o Controle Duplo e
e a rotação da TDP. dos e exportados para programas de gerencia- Controle de Implementos de Arrasto. M

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 15
Isobus

John Deere

Tecnologia simples
A Força-Tarefa Isobus-
Brasil e a padronização
da eletrônica embarcada
na mecanização
agrícola já apresentam
ótimos resultados e
grandes avanços no
sentido de simplificar o
uso de agricultura de
precisão nos diferentes
tipos de máquinas e
implementos

D
ispositivos e sistemas eletroeletrô- tro de produtos, e a escala de produção é bem algumas desvantagens importantes, como mai-
nicos já estão sendo utilizados em menor. Como cada uma dessas máquinas e ores investimentos, suporte complexo e dificul-
máquinas agrícolas há muito tem- implementos pode ter seus equipamentos ele- dade operacional importante. Isso leva os usu-
po. Contudo, apenas nas últimas décadas, mar- trônicos, é comum se encontrar cabines com ários a relutar em adotar as novas tecnologias;
cadas pela grande evolução da microeletrônica, diversos equipamentos, terminais e cabos de também torna a evolução tecnológica mais lenta
viabilizou-se o desenvolvimento de dispositi- interconexão de fabricantes distintos. pelos altos custos de desenvolvimento para os
vos confiáveis, de dimensões reduzidas e baixo As vantagens proporcionadas pelo uso da fabricantes, pois cada um deve prover soluções
custo, como os microprocessadores. Eles são a eletrônica, como a melhoria da qualidade das completas. A solução que está sendo proposta
base para a implementação da “eletrônica em- operações realizadas e a diminuição do desgas- é a definição de um padrão para os sistemas
barcada”, normalmente constituída por uma te das máquinas, com impacto positivo na pro- embarcados em máquinas agrícolas e o incen-
rede de controle que interliga instrumentos in- dutividade e na qualidade dos produtos, com tivo à sua adoção pelos fabricantes. Este artigo
teligentes – sensores e atuadores. menores custos de manutenção das máquinas apresenta uma revisão das normas internacio-
Essa evolução, a exemplo de outras áreas e melhor uso dos insumos, confronta-se com nais relacionadas com essa questão, e os esfor-
similares, como a automobilística, vem se pro- ços para a sua disseminação no Brasil.
cessando a partir de iniciativas de diversos fa-
bricantes, que ao longo do tempo foram conce- ISOBUS
bendo equipamentos e sistemas próprios, com O ISO 11783 contempla, do ponto de vis-
tecnologia de uso exclusivo (proprietária). No ta técnico, os aspectos relevantes que envolvem
caso da indústria automobilística, a despeito da as aplicações agrícolas embarcadas. Contudo,
adoção por muitas montadoras de um mesmo muitos o consideram excessivamente comple-
padrão aberto de rede de controle, desenvolvi- xo e abrangente para ser aplicado na sua pleni-
do especificamente para essa aplicação, o Con- tude. Para contornar essa dificuldade, foi cria-
troller Area Network (CAN), cada solução é pro- do pela Sociedade Alemã de Engenharia em
prietária, não se desejando a interoperabilida- 2000, o Grupo de Implementação do ISOBUS
de por diversas razões, dentre elas: a alta escala (IGI), que é a especificação comum dos fabri-
de produção de cada veículo, possibilitando rá- cantes participantes dessa iniciativa para a apli-
pida amortização dos investimentos, a grande cação uniforme do padrão ISO 11783 (Isobus,
concorrência entre os fabricantes e a individu- 2002), ou seja, uma especificação orientada à
alidade do produto (veículo), que normalmen- aplicação das normas já estabelecidas e das par-
te não se conecta a equipamentos externos adi- tes em discussão, não correspondendo a uma
cionais (ISO, 1993). nova norma. A iniciativa foi apoiada por várias
No setor de tratores e implementos agríco- empresas importantes do setor e os primeiros
las o panorama é diferente, pois usualmente produtos que seguem o ISOBUS foram anun-
Exemplo da quantidade de equipamento
tratores e implementos de diferentes marcas são ciados já em 2001 (Alt, 2001).
necessário sem o uso de uma tecnologia
conectados para realizar operações distintas, padrão entre máquinas e implementos Em 2002, diversas empresas formam a
nem todos os fabricantes cobrem todo o espec- North American Isobus Implementation Task For-

16 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“A solução que esta sendo proposta é a definição de um padrão para os sistemas
embarcados em máquinas agrícolas e o incentivo à sua adoção pelos fabricantes”
Fotos Divulgação

ce (NAIITF) para a promoção do padrão na


América do Norte, formalizando a cooperação
com o IGI. Ambas desempenham papéis se-
melhantes: a conscientização da comunidade,
através de feiras e divulgação; a promoção de
atividades de teste de interoperabilidade, de-
nominadas plugfests, com encontros dos diver-
sos fabricantes para testes conjuntos; o desen-
volvimento de ferramentas de suporte; e a dis-
seminação dos resultados, garantindo uma
maior rapidez na evolução da norma; a especi-
ficação de protocolo de teste de conformidade;
a aprovação de laboratórios de testes de confor-
midade (dois já operam na Europa e nos EUA),
estimulando a certificação, a conformidade vo-
luntária dos fabricantes e o reconhecimento de
produtos.
novos lançamentos e ainda de custo de manu- Na Agricultura de Precisão onde, além do
BENEFÍCIOS tenção reduzido com muitas opções, é uma monitoramento, ocorre o controle da taxa do
A implementação do Isobus significa um garantia de retorno ao seu investimento. Essa é implemento e, uma das grandes barreiras para
ganho para todos. Os fabricantes de máquinas uma tecnologia muito atual que vem para sa- sua introdução é a dificuldade na utilização da
poderão contar com uma rede maior de forne- nar os problemas de hoje. Mas o potencial fu- tecnologia. Os produtores têm dificuldade em
cedores, montagem simplificada auxiliando a turo é ainda maior com acesso e manutenção encontrar informações sobre compatibilidade
produzir produto com melhor qualidade e me- remota das máquinas mesmo que esteja na la- entre diferentes sistemas e no campo acabam
nor erro de produção. voura no meio do campo a centenas de quilô- se frustrando com a dificuldade de interligar
No caso de fabricantes de implementos metros de uma oficina. Imaginem, nas máqui- equipamentos de fabricantes diferentes. O Iso-
haverá maior possibilidade de concentrar seus nas compatíveis com Isobus, será possível ins- bus oferece uma maneira de derrubar esta bar-
esforços nas máquinas e menos na eletrônica, talar esses avanços no futuro, inclusive adaptar reira facilitando a escolha dos equipamentos e
pois os elementos que podem representar mai- funções robóticas às operações na lavoura. simplificando sua conexão no campo. O padrão
ores custos como a tela de LCD, joystick, tecla- É importante lembrar que o padrão Isobus também determina os padrões de transferên-
dos ergonômicos, GPS, radares etc. serão pa- é uma evolução da padronização do sistema de cia de dados entre sistemas, permitindo que da-
drão de fábrica dos tratores. Os implementos, três pontos e dos acoplamentos hidráulicos no dos de diferentes equipamentos sejam usados
portanto, podem continuar a ter preço, porém trator. A necessidade de desenvolver um pa- em um mesmo software de gerenciamento.
apresentar funções automatizadas que podem drão surge com o aumento de eletrônica em-
tornar o seu produto muito mais competitivo. barcada nos tratores e implementos e a dificul- ISOBUS NO BRASIL
Tendo ainda peças padronizadas, o seu custo dade de interligar sistemas de diferentes fabri- Desde 1995 o tema da padronização da
de inventário reduz, haverá maior número de cantes sem a presença de um especialista. Mes- comunicação entre equipamentos embarcados
técnicos e ferramentas disponíveis e poderá mo para sistemas mais simples como o moni- em máquinas agrícolas é objeto de diversos tra-
apresentar ao seu cliente um serviço informati- toramento de semente e adubo em plantadei- balhos acadêmicos no Brasil Com a adoção do
zado eficiente. ras o padrão já permite a utilização do terminal Isobus no exterior, as indústrias de máquinas
Para o produtor, ter a certeza de que a ele- do trator para monitorar o que ocorre no im- agrícolas instaladas no Brasil se interessaram
trônica do seu produto será compatível com plemento. pelo tema, propiciando a criação de uma For-
Fotos Divulgação

ça-Tarefa Isobus Brasil (FTI) em 2005. Seu


objetivo é congregar a comunidade de fabrican-
tes de máquinas e implementos agrícolas, os
fornecedores de sistemas eletrônicos aplicados
a máquinas agrícolas, as instituições de pesqui-
sa e os usuários para: divulgar a norma e suas
vantagens; desenvolver na ABNT uma norma
brasileira harmonizada com a ISO 11783 (Co-
missão CE04:015-15 criada em 2005); influir
na evolução da norma internacional e facilitar Equipamento já com sistema Exemplo de conector com padronização
a aplicação dessa tecnologia por empresas e ins- produzido dentro do padrão Isobus, Isobus que facilitará a vida do operador
tituições nacionais, compartilhando as experi- menor custo e mais praticidade e as operações agrícolas
ências.
Diversos avanços já foram obtidos como a pela Isobus é lido pelo terminal do trator e é da, podendo conferir novas características às
realização de sessões técnicas nos principais disponibilizado ao implemento na forma de máquinas agrícolas, que Benneweiss (2005)
eventos nacionais da área, como o Congresso mensagens instruindo o implemento a aplicar denomina como plug and plant ou plug and har-
Brasileiro de Engenharia Agrícola, o Congres- a taxa recomendada. Em resumo, a eletrônica vest, pela facilidade que se espera de tais equi-
so Brasileiro de Agroinformática, o Congresso do implemento aproveita todas as informações pamentos. A participação do Brasil é oportuna
Brasileiro de Agricultura de Precisão e o do trator. É apenas conectar o engate, o hidrá- e estratégica: características peculiares da nos-
Agrishow. Hoje participam da FTI represen- ulico e o conector eletrônico que tudo começa sa agricultura apenas poderão ser consideradas
tantes de 14 empresas ou instituições: AGCO, a funcionar como se fossem velhos conhecidos. na elaboração das normas se atuarmos junto
Agrosystem, Auteq, CNH, Embrapa Instru- Não é isso que você queria? aos comitês internacionais. Do ponto de vista
mentação, Enalta, Esalq-USP, Escola de Enge- Vale lembrar que o Isobus permite, além de do mercado internacional, a exportação para a
nharia de São Carlos-USP, Escola Politécnica- controlar implementos, utilizar componentes Comunidade Européia e EUA tende a se tor-
USP, Jacto, John Deere, Lohr, Original e Stara comuns entre máquinas. nar mais difícil caso os produtos não sejam com-
(FTI Brasil, 2007). Em 2007 foi realizado o patíveis com o Isobus. A Força-Tarefa Isobus
Workshop Isobus Brasil, com as presenças da CONSIDERAÇÕES FINAIS Brasil está se mostrando um fórum favorável
NAIITF, da IGI, e de empresas européias e A força-tarefa brasileira pode ter um pa- ao intercâmbio entre empresas e pesquisado-
norte-americanas. pel decisivo no avanço da padronização Iso- res, facilitando a familiarização com os proble-
bus no Brasil, a exemplo do que vem ocor- mas e necessidades. Espera-se um engajamen-
EQUIPAMENTOS NO BRASIL rendo no exterior. Essa tecnologia representa to mais rápido e efetivo da comunidade nacio-
A Embrapa Instrumentação de São Car- o estado da arte em computação embarca- nal. Para o futuro novos desafios começam a se
los, em parceria com a Escola de Engenharia da: tecnologias similares são aplicadas em delinear: o uso de tecnologia sem fio e de sen-
de São Carlos da USP desenvolveu um contro- outros tipos de veículos (automóveis, ôni- sores inteligentes com características plug and
lador de aplicação de insumo em uma máqui- bus e caminhões, aviões, navios e trens). A play associados ao Isobus. M

na da Baldan sobre uma eletrônica muito sim- mudança do paradigma de sistemas propri-
ples da Enalta. O projeto foi financiado pela etários com arquitetura centralizada, para Carlos Cugnasca e
Finep. O sistema controla a velocidade de rota- os sistemas abertos com arquitetura distri- Antonio Saraiva,
ção de um motor hidráulico que por sua vez buída e padronizados, certamente corres- USP
controla a vazão do insumo. Os valores de velo- ponde a um grande avanço para o setor de Ricardo Inamasu,
cidade de deslocamento, bem como posição máquinas agrícolas, no qual o uso da ele- Embrapa Instrumentação
geográfica, são obtidos do trator com Isobus. O trônica embarcada vem aumentando. Gregory Riordan,
mapa de aplicação que também é padronizado Grande parte da ISO 11783 está concluí- AGCO do Brasil

SEGUNDO WORKSHOP ISOBUS ACONTECE EM FEVEREIRO


N os dias 1° e 2 de março de 2007
foi realizado na sede da Embra-
pa Instrumentação Agropecuária em São
exemplos apresentados no Plugshow dan-
do a oportunidade de visualizar e corrigir
as falhas.
dades do padrão Isobus no Brasil e no
mundo o foco do evento será nas fer-
ramentas necessárias para utilizar o
Carlos (SP) o primeiro Workshop sobre O segundo Workshop Isobus está padrão e como realizar os testes de
ISOBUS. O evento contou com a partici- programado para ocorrer em São Carlos conformidade para novos desenvolvi-
pação das principais empresas envolvi- nos dias 20-22 de fevereiro de 2008. mentos. Mais informações pelo site:
das no desenvolvimento e utilização da Além de uma atualização sobre as novi- http://www.isobus.org.br/
tecnologia a nível mundial. O evento con-
seguiu reunir em um único local e de uma
forma equilibrada informações sobre to-
das essas áreas atendendo os interesses
diversos dos participantes e mostrando
de forma clara as oportunidades deste
processo de padronização. Além disso foi
possível aliar a teoria com a prática nos

18 • Dezembro 07 / Janeiro 08
Patriot 350

Completo
O Patriot 350 esbanjou qualidades no nosso test drive.
Simplicidade de projeto, potência, estabilidade e segurança
são os pontos mais fortes do autopropelido da Case IH
Detalhe de parte do sistema
de estabilização das barras

M
ais uma vez, fomos convidados porte “embarcado”, em caminhões de piso re-
pela revista Cultivar Máquinas baixado, mas nenhum problema para desloca- de pulverização
para a avaliação de um pulveri- mento rodando em áreas rurais.
zador automotriz. Trata-se desta vez do Patriot com tração 4x4 hidro constante e independen-
350 da Case. Os testes foram realizados em MOTORIZAÇÃO te nas quatro rodas, realizada por motores de
Guapiaçu, no estado de São Paulo, em novem- O motor é um Cummins de quatro tem- roda de alto torque e baixa rotação. Tal sistema
bro de 2007. pos, com seis cilindros em linha, turboalimen- permite que o pulverizador não tenha pedais,
O modelo testado, um Patriot 350, pesa tado, cilindrada de 5,9 litros e potência de 200 com todos os comandos de velocidade e frena-
10.100 kg, tem 3,78 m de altura, distância en- cv (148 kW). Por estar localizado na parte tra- gem realizados através de um manche posicio-
tre eixos de 3,78 m, 8,2 m de comprimento e seira, confere ao conjunto uma distribuição de nado ao lado direito do operador. Todo o siste-
vão livre de 1,43 m. Diferentemente de outras peso bastante equilibrada e excelente estabili- ma hidráulico da máquina funciona a partir de
máquinas, o chassi construído de aço tubular dade, além de baixo ruído na cabine. O tanque duas bombas hidráulicas que na operação nor-
sem costuras foi desenvolvido para uso exclusi- de combustível, com capacidade 454 litros, é mal funciona em conjunto compensando pos-
vo em pulverizadores. Entretanto, como as de- montado na parte frontal do pulverizador. Ape- síveis variações no fluxo. Entretanto o pulveri-
mais máquinas desta categoria, suas dimensões sar de não interferir significativamente na visi- zador possui um sistema de trava acionado a
representam uma certa dificuldade para o trans- bilidade do operador, a tampa de abastecimen- partir de um botão localizado na parte central
to, localizada na parte superior do tanque, não do manche de comando que permite o uso in-
possibilita que esta operação seja realizada a dividualizado de cada uma das bombas. Neste
partir do solo. caso o acionamento das rodas é em X, permi-
tindo ultrapassar obstáculos onde a patinagem
TRANSMISSÃO, SUSPENSÃO E FREIOS de uma das rodas é possível. Não existe câm-
O sistema de transmissão é hidrostático, bio, apenas um botão no qual se limita a veloci-
dade em baixa, média e alta, para situações de
trabalho ou transporte. O sistema hidrostático
permite ainda a automatização do sistema de
abertura e fechamento da bitola, possibilitan-
do a rápida adequação desta a diferentes espa-
çamentos de plantio, com larguras variando
entre 3,05 e 3,99 m.
Os eixos são fixados ao chassi através de
barras tensoras e suspensão pneumática ativa,
que é um dos pontos fortes deste pulverizador.
A suspensão é constituída por um sistema de
O conjunto mola/cilindro da suspensão é molas e um cilindro hidráulico que funciona
montada na diagonal, o que permite absorver com o mesmo circuito hidráulico de aciona-
tanto impactos verticais como horizontais
O motor de 200 cv é montado na parte traseira
da máquina e tem escada de acesso
exclusiva para manutenções

20 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“Diferentemente de outras máquinas, o chassi construído de aço tubular sem
costuras foi desenvolvido para uso exclusivo em pulverizadores”

Fotos Hamilton Ramos e Cultivar

mento das rodas. Dessa forma, maior ou me- produto. Apesar de não possuir saída de emer-
nor fluxo de óleo aos motores faz com que os gência, possui um martelete adequadamente
cilindros ou a mola reajam, proporcionando o posicionado ao lado esquerdo do operador para
amortecimento. O sistema mola/cilindro é permitir a quebra dos vidros em caso de aci-
montado na diagonal como forma de absorver dentes.
tanto impactos horizontais quanto verticais, O assento ergonômico com suspensão de
com isso oferece excelente conforto ao rodar, molas e amortecedor é ajustável em altura, po-
amortecendo eficazmente os impactos das ir- sição e inclinação. Ao contrário de outros mo-
regularidades do terreno. delos da mesma categoria de pulverizadores, não
possui um assento auxiliar ao lado esquerdo do
CABINE operador que possa ser utilizado por um ins-
A cabine é ampla e com boa visibilidade. trutor, supervisor ou aprendiz.
Possui dois amplos espelhos retrovisores exter- O volante tem regulagem de posição com
nos que, além facilitar a verificação das condi- relação ao operador. A direção é hidrostática e
ções de operação das barras traseiras de pulve- na coluna de direção observam-se mostradores Acima, o manche de aceleração e
rização, não obstruem a plataforma de traba- analógicos do nível de combustível, rotação e desaceleração. Abaixo, detalhes do assento,
lho, um sistema de ar condicionado, equipado temperatura do motor, botões de iluminação e que possui suspensão, e da direção escamoteável
com filtros de carvão ativado para elevar a se- luzes de advertência, além de luzes indicadoras
gurança do aplicador, pressão positiva de 1,3 da bateria, freio de estacionamento, pressão do
bar que força o ar a sair ao invés de entrar, e óleo do motor, do sistema hidráulico, tempera-
uma vedação reforçada para evitar a entrada de tura do óleo do hidráulico em excesso. Alavan-
cas ao lado do volante, no lado direito sistema
de limpeza do pára-brisa e no lado esquerdo
iluminação, luzes de direção e buzina.
Todo o sistema hidráulico e as barras são
controlados por botões dentro da cabine, com
sistema on/off de acionamento, montado
em painel posicionado à direita do ope-
rador que, com pouco treino, estará apto
a operá-lo adequadamente.
Como diferencial, no Patriot

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 21
Fotos Hamilton Ramos e Cultivar
à cabine possui 29 cm de largura, é feita com
uma superfície plana com estruturas antider-
rapante e possui, ao longo de toda sua exten-
são, na extremidade exterior, uma proteção para
um possível deslizamento dos pés. Apesar de
relativamente estreita, o acesso à cabine se dá
logo ao final da escada, não constituindo por-
tanto uma dificuldade para o operador. Ao fi-
nal da cabine existe uma plataforma de acesso
ao tanque de pulverização, que se inicia com
34 cm e termina com 27 cm de largura, feita da
mesma superfície da plataforma de acesso à
Painel localizado na lateral da Detalhe da plataforma de acesso
à cabine e ao tanque principal,
cabine. No entanto, ao contrário desta, a plata-
máquina concentra todas as válvulas forma de acesso ao tanque não possui na sua
do sistema de pulverização feita de material antiderrapante
extremidade exterior uma proteção para um
possível deslizamento dos pés, estrutura esta
o painel está recuado, o que permite uma mai- zação e o sistema de bloqueio para o caso de que deveria existir. Entre a plataforma de aces-
or visibilidade do solo próximo do pulverizador patinagem. Também ao lado direito do aplica- so à cabine e a plataforma de acesso ao tanque
a partir da cabine, sem dificultar a visibilidade dor, montado na coluna da cabine, encontra- existe um desnível de 30 cm.
do painel ou o acesso aos botões. Compacto e se um botão de freio de estacionamento, que Ambas as plataformas são equipadas com
ergonômico, este painel acolhe, além dos bo- também controla automaticamente o recolhi- guarda-corpo de estrutura tubular com dois
tões, um manche de comando de velocidade e mento da escada. Na posição acionado, a esca- elementos, com alturas de 49 e 90 cm na plata-
a alavanca do acelerador. À mão do operador da desce automaticamente, enquanto que na forma da cabine e 49 cm e 100 cm na platafor-
estão botões que permitem a abertura e fecha- posição de operação a mesma é levantada. ma de acesso ao tanque. Só há elementos verti-
mento das barras, ligar/desligar a bomba de Um controlador eletrônico da pulverização cais nas pontas e na área de transição das plata-
pulverização, selecionar a velocidade para tra- (marca Raven modelo Viper Pro) está fixado formas. A escada tem suporte de mãos em
balho ou transporte, alterar a bitola, acionar o no painel à direita do operador e montado ime- ambos os lados, estando o direito a 153 cm do
sistema de agitação hidráulico de calda no tan- diatamente à frente do mesmo, localização está solo e o esquerdo a 180 cm do solo, conferindo
que de pulverização e uma chave geral que de- que impede sua visualização sem tirar a visão à segurança na operação de acesso à cabine.
sabilita todo o sistema de controle das barras. frente do operador o que, em função das velo-
O manche de comando de velocidade é um cidades normais de deslocamento deste tipo de
controle multifuncional que se destaca pela sua equipamento, pode constituir-se em um ato
praticidade. Com pequenos movimentos de inseguro, predispondo a acidentes. Este con-
punho e dedos, e o braço adequadamente apoi- trolador, que não é o modelo padrão do equipa-
ado, controla-se a velocidade à frente, através mento, além de manter constante o volume de
do posicionamento do manche para frente, ou aplicação e facilitar ações de ligar e desligar se-
à ré, através do seu posicionamento para trás, ções da barra de pulverização ou alterar a pres-
servindo também como freio para o equipamen- são de pulverização, ainda permite o controle
to. Assim, com a rotação do motor constante de variáveis da pulverização tais como distân-
em 2.500 rpm, obtém-se qualquer das veloci- cia percorrida, área pulverizada, horas traba-
dades. Além disso, através de botões posiciona- lhadas, volume de calda no tanque, volume
dos à altura do polegar, pode-se controlar o le- pulverizado e vazão em litros por minuto. Com
vantamento das barras, a abertura da pulveri- todas as funções mostradas em um painel de
cristal líquido e operando através do sistema de
toques na própria tela, este controlador mos-
trou-se de fácil regulagem, com excelente in-
terface com o usuário e plenamente adaptado
ao sistema de agricultura de precisão, permi-
tindo a visualização de mapas de controle na
tela do controlador, em tempo real, ou da barra
luminosa (barra de luz) para controle das fai-
xas de aplicação.

ACESSOS E PLATAFORMAS
Em função da altura do equipamento, o
acesso à cabine de comando, ao tanque de cal-
da e ao motor é realizado através de um siste-
ma de escada e plataformas. O acesso à cabine
inicia-se por uma escada dianteira, com 38 cm
de largura e degraus espaçados de 30 cm com
Retrovisores localizados nos dois ampla área para apoio dos pés (19 cm) cons-
lados da cabine permitem uma
visão bastante ampla da máquina
truída com piso antiderrapante, estando o pri-
meiro a 48 cm do solo. A plataforma de acesso

22 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“Como diferencial, no Patriot o painel está recuado, o que permite uma maior visibilidade do solo próximo
do pulverizador a partir da cabine sem dificultar a visibilidade do painel ou o acesso aos botões”

A escada de acesso à cabine é auto-retrátil,


e tem o acionamento sincronizado com o
freio de estacionamento

Na parte traseira direita da máquina existe


uma outra escada que dá acesso ao motor, com
uma pequena plataforma de formato triangu-
lar e com piso antiderrapante (lixa), também
com o guarda-corpo de estrutura tubular se-
melhante aos demais, com 49 e 112 cm de al-
tura dos seus elementos. A proteção para um
possível deslizamento dos pés é feita pela es-
trutura de suporte das barras e pela caixa de
proteção dos comandos. Essa escada de acesso
é constituída por degraus com 5 cm de largura
espaçados de 29 cm e com 25 de largura. O
primeiro degrau encontra-se a 48 cm do solo.
mento do pulverizador. A análise desse conjunto O sistema de levante das barras, acionado pelo
BARRAS DE PULVERIZAÇÃO de estabilidade foi realizada através do desloca- operador de dentro da cabine através de com-
O sistema de barras é auto-estável (estabi- mento a cerca de 15 km/h em terreno irregular, ponentes eletro-hidráulicos, aliado ao excelen-
lidade independente do movimento do veícu- freadas bruscas e avaliação visual dos movimen- te sistema de estabilidade das barras, permite a
lo), do tipo pantográfico com molas e balan- tos. A simplicidade do sistema, associada à ex- adequada manutenção e rápida correção, quan-
cins, e a sensibilidade do sistema pode ser ajus- traordinária estabilidade observada, realmente do necessário, da altura da barra ao alvo, mes-
tada através de um conjunto de molas justa- impressiona e torna a estabilidade das barras mo nas maiores velocidades. Apesar da exis-
postas. As barras de pulverização, com 27,4 m um dos pontos fortes do Patriot 350. tência de pára-lamas nos pneus traseiros, o po-
de comprimento, possuem um sistema eletrô- O sistema de abertura das barras, inicial- sicionamento dos mesmos não impede que
nico para manutenção da perpendicularidade mente vertical (seção mais próxima ao pulveri- barro e detritos sejam jogados nas pontas de
da mesma em relação ao sentido de desloca- zador) e posteriormente horizontal (seção das pulverização, danificando ou entupindo as
pontas das barras), limita a altura das barras mesmas, problema este muito comum em pul-
durante esta operação, reduzindo os riscos de verizadores automotrizes em função da veloci-
choques elétricos, enquadrando-se assim em dade de trabalho elevada.
padrões internacionais de qualidade e seguran-
ça. As barras são construídas de forma a dar CIRCUITO HIDRÁULICO
proteção à barra de bicos ao longo de toda sua O tanque de calda de formato irregular é
extensão, reduzindo a probabilidade de danos confeccionado em plástico rotomoldado, tem
ocasionados por choques mecânicos durante as capacidade de 3.500 l, possui quatro quebra-
operações de manobra e deslocamento. Possu- ondas internamente para melhorar a estabili-
em um sistema de escamoteamento das pon- dade do conjunto quando em operação e um
tas no caso de choque com obstáculos, que se sistema de agitação da calda, constituído por
deslocando em diagonal reduz os riscos de da- um cano perfurado de aço inox que corre pró-
nos mecânicos, e limitadores de altura nas ex- ximo à superfície inferior. Um sistema de ajus-
tremidades, para impedir que as pontas toquem te, localizado na cabine, permite a variação da
o solo em situações de instabilidade temporá- pressão de trabalho do agitador hidráulico, per-
ria. Sua estrutura, montada no sistema de tre- mitindo assim elevar a vazão do mesmo e, con-
liças, foi previamente testada por elementos fi- seqüentemente, a agitação, entretanto, não exis-
nitos, razão pela qual o sistema de reforço foi te uma tabela de correlação entre a pressão lida
modificado em relação ao original americano. pelo operador e a vazão obtida no agitador. O

Pára-lamas poderia ser um pouco mais longo Detalhe de uma das bombas
na parte traseira, para impedir que o barro que integram o sistema de
das rodas atinja os bicos de pulverização pulverização do Patriot 350

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 23
Fotos Hamilton Ramos e Cultivar

Sistema de estabilização das barras O sistema de pulverização está dividido Detalhe do sistema que
foi bastante eficiente, mesmo em em dez seções que comportam 54 bicos permite maior flexibilidade
testes com movimentos bruscos num espaçamento de 50 cm das barras de pulverização

acesso à boca do tanque através das platafor- A barra de pulverização, montada no siste- tro da mesma. Todo sistema de pulverização é
mas laterais é bastante facilitado, sem nenhu- ma de barra seca (calda circula em mangueiras monitorado pelo controlador da Marca Raven,
ma obstrução lateral, permitindo que possíveis fixadas à barra), pode ser regulada para traba- modelo Viper Pro, localizado na cabine de co-
operações manuais de abastecimento sejam re- lhar em diferentes alturas, possui 27,4 m de mando.
alizadas de forma segura. comprimento e, no equipamento avaliado, sis-
O sistema hidráulico de pulverização pos- tema de pulverização dividido em dez seções, CONCLUSÃO
sui bomba centrífuga construída em aço inox comportando no total 54 bicos com acoplamen- Como dito em outras oportunidades que
com capacidade de 378 litros por minuto e com to para cinco pontas através de engate rápido e tivemos de estar avaliando pulverizadores
pressão livre. Dentro da bomba existe um sen- sistema antigotejo, espaçados de 50 cm. Tal juntamente com a Cultivar Máquinas, fazer
sor que impede que a mesma funcione sem lí- número de seções constitui uma alteração es- a avaliação de pulverizadores é sempre inte-
quido, funcionando como uma proteção ao selo pecífica do equipamento avaliado, uma vez que ressante pois permite ao avaliador analisar
mecânico. Esta proteção pode ser momentane- originalmente a barra é dividida em seis seções. de maneira isenta as impressões e a funcio-
amente desativada a partir do posto do opera- Todas as seções possuem controle individual nalidade de cada máquina. Analisar o Patri-
dor para permitir que, no momento do abaste- de pressão, permitindo a uniformização da va- ot 350 só pode ser descrito como um prazer,
cimento, a água flua do tanque de calda para a zão mesmo quando uma ou mais seções da uma vez que este pulverizador agrupa carac-
bomba. Apesar de originalmente regulada para barra estão fechadas. terísticas de projeto e segurança que o desta-
uma pressão de pico de 145 psi, tal pressão pode Também, como diferencial desta máquina, cam mesmo dentro do seleto mercado dos
ser facilmente alterada através de um sistema o fluxômetro do sistema não funciona com o pulverizadores automotrizes. Poucos pontos
de regulagem na própria bomba sistema de borboleta mas sim com sistema de ainda podem ser melhorados de forma a ele-
O pulverizador está equipado com um esferas, o que além de evitar o problema de tur- var ainda mais seus padrões de qualidade e
sistema de abastecimento rápido com aber- bulência, permite maior precisão na regulagem segurança, entretanto, nenhuma dúvida há
tura posicionada a 145 cm do solo. Todo o com baixas vazões. Todo o controle e o aciona- de que representa uma importante ferramen-
sistema de enchimento do tanque de pul- mento das barras são realizados de dentro da ta ao empresário rural brasileiro. M

verização e utilização do dispositivo de in- cabine de comando, sem que, no entanto, como
dução são controlados por válvulas cuja for- recomendam as normas internacionais de se- Hamilton Ramos,
ma de utilização, juntamente com um dia- gurança, haja mangueiras pressurizadas den- IAC
grama de funcionamento do sistema hidrá-
ulico, encontra-se descrita num painel po-
sicionado na lateral-esquerda do pulveriza-
dor, próximo ao tanque de produto. Ao lado
do ponto de abastecimento do tanque en-
contra-se também um ponto para abasteci-
mento rápido dos tanques de água limpa do
pulverizador, que estão posicionados nas
laterais da cabine e têm capacidade de 150
e 240 litros. Esta água limpa pode ser utili-
zada na lavagem do tanque de pulveriza-
ção, no dispositivo de indução e no asseio
do operador. Apesar da interligação entre os
sistemas de calda e água limpa, uma válvu-
la de fluxo único montada no sistema de
água limpa impede que a calda contamine
esse circuito. O dispositivo de indução, com
44 litros, é escamoteável e na posição de
operação encontra-se a 114 cm do solo, al-
tura esta que permite a operação segura com
baixo risco de contaminação do operador.

24 • Dezembro 07 / Janeiro 08
cana-de-açúcar

Fotos Valmont

Cana irrigada
O cultivo de cana-de-açúcar em áreas irrigadas é um diferencial que pode
incrementar a produção e garantir maior qualidade do produto, além de
ser um investimento que se paga em pouco tempo

A
irrigação da cana-de-açúcar é A irrigação é hoje a técnica cuja implan- os benefícios da aplicação de vinhaça nos cana-
um dos fatores importantes tação pode mais rapidamente aumentar a viais são conhecidos e essa técnica tem sido apri-
para o desenvolvimento da cultura capacidade de produção de cana. A tecno- morada constantemente, visando se adequar à
e em muitas regiões dela depende o sucesso do logia existe, está disponível para os produ- condição local, quer com relação às questões
empreendimento. tores, e o seu incremento certamente trará ambientais e legislação quer com a melhoria no
Em regiões com baixos índices pluviomé- benefícios para toda a sociedade e o meio que diz respeito a custos operacionais e à efici-
tricos como no Nordeste a irrigação é bastante ambiente. Inicialmente é preciso entender ência de aplicação.
utilizada, nas demais regiões ainda não foram que na cana-de-açúcar a irrigação pode ser Além da aplicação de vinhaça, a irriga-
despertados os benefícios e vantagens da irri- usada de diferentes formas. ção da cana também pode ser feita com água
gação em cana-de-açúcar. De maneira geral, a A aplicação de vinhaça é um tipo de irriga- de lavagem (um efluente industrial), com
cana-de-açúcar tem uma área irrigada menor ção que está presente em larga escala e cujo uso água pura ou ainda uma mistura de água e
que as demais culturas, onde a operação atinge se iniciou pela necessidade de distribuir esse efluentes.
pouco menos de 5% da área total. subproduto da fabricação de álcool. Atualmente Na irrigação de cana-de-açúcar, a maior

26 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“Na irrigação de cana-de-açúcar, a maior barreira é o
desconhecimento da técnica e de seus benefícios”

Em comparação com outros sistemas de


irrigação para áreas retangulares, o linear
tem redução de até 50% na mão-de-obra

IRRIGAÇÃO PLENA
A irrigação plena atende a cana-de-açúcar
com a complementação hídrica plena (em fun-
ção da evapotranspiração) satisfazendo a real
necessidade da cultura. As lâminas a serem
aplicadas ficam entre 500 - 800 mm/safra e neste
caso os sistemas indicados são gotejamento Sub-
superficial (enterrado) e sistemas de irrigação
mecanizados, como pivôs e sistemas lineares.
A escolha do tipo de irrigação a ser implan-
tada e conseqüentemente o sistema a ser utili-
zado deve ser feita considerando as individua-
lidades de cada situação. Para isso, o primeiro
passo é desenvolver um projeto de irrigação que
levará em conta fatores como relevo, formato
da área, obstáculos como árvores, redes elétri-
barreira é o desconhecimento da técnica e de uma única vez após o corte ou plantio e po- cas, construções, estradas, disponibilidade de
seus benefícios. A resposta da cana à irriga- dem ser utilizados equipamentos tipo siste- água, uso de efluentes, disponibilidade de ener-
ção ainda não foi bem estudada, o que gera mas de aspersão convencionais: com asper- gia elétrica etc.
dúvidas quanto aos benefícios reais. Pode- sores tipo canhão e linhas adutoras (tubos)
mos indicar algumas barreiras, como o des- móveis sistemas autopropelidos ou carretéis:
conhecimento dos sistemas e seus benefíci- que utilizam aspersores tipo canhão de gran-
os, número limitado de variedades responsi- de porte e linhas adutoras (tubos) móveis ou
vas à irrigação, demora por parte dos órgãos semifixas, ou sistemas de irrigação mecani-
ambientais e legisladores em liberar ou ana- zados, como pivô e sistemas lineares rebocá-
lisar as licenças diversas (outorgas, ambien- veis que podem utilizar linhas adutoras (tu-
tais), e disponibilidade de água. bos) fixas, semifixas ou móveis.
Atualmente existem diversas técnicas (ou
tipos) de irrigação e diferentes sistemas, que são IRRIGAÇÃO SUPLEMENTAR
inerentes ao modelo adotado, como irrigação A irrigação suplementar é uma técnica onde
de salvação, suplementar e plena. se aplica uma lâmina superior à irrigação de
salvação (250 - 300 mm/safra), mas a irrigação
IRRIGAÇÃO DE SALVAÇÃO é feita apenas nos momentos de déficit hídrico
A irrigação de salvação é a aplicação de mais elevado, muito abaixo da evapotranspira-
pequena quantidade de água (40 - 80 mm/ ção, podendo ser utilizados os equipamentos e Os pivôs rebocáveis têm a vantagem de uma
fácil adequação a diferentes áreas e
safra) em função da disponibilidade de água sistemas descritos anteriormente e também pivô topografia e demandam pouca mão-de-obra
e/ou investimento. Normalmente é aplicada central (fixo).

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 27
Valmont

Exemplo de pivô rebocável com quatro


rodas. Transporte fácil e com possibilidade
de operar em diferentes áreas

duais e vinhaça qualquer um dos equipamen-


tos já descritos pode ser da linha POLY-SPAN™,
onde os tubos da parte aérea são revestidos in-
ternamente com polietileno de alta densidade,
processo este que protege o equipamento con-
tra agressividade dos produtos aplicados.

VANTAGENS
A aplicação de vinhaça com pivôs e lineares
tem como vantagens a uniformidade de aplica-
ção, que permite melhor controle da dosagem
de K2O, desenvolvimento uniforme do talhão,
o menor custo por mm aplicado: devido à me-
nor pressão de operação e ao maior nível de
automação, utilizam-se menos mão-de-obra e
maquinário, controle da precipitação e lâmina
aplicada, garantia das normas ambientais e re-
dução do número de canais, proporcionando
maior eficiência operacional das atividades agrí-
colas e menor custo.

CONVERSÃO DE SISTEMAS
Não existe uma única técnica que seja me- de irrigação para áreas retangulares, o linear tem Os equipamentos já instalados para pivô
lhor em todas as situações, cada técnica e siste- redução de até 50% na mão-de-obra. central podem ser convertidos e adaptados para
ma se adapta melhor a determinadas condições. Os pivôs rebocáveis têm a vantagem de uma irrigação de cana-de-açúcar, sendo transforma-
Atualmente existem especialistas que trabalham fácil adequação a diferentes áreas e topografia dos em pivôs ou lineares rebocáveis com au-
com análises agrometeorológicas para dimen- podendo, a torre central ser de duas ou quatro mento do vão livre para 3,7 – 4,6 ou 5,5 me-
sionamento de lâminas de irrigação para a cul- rodas, demandando pouca mão-de-obra para tros. Vale aqui ressaltar que os pivôs e lineares
tura da cana-de-açúcar onde conseguem de- seu funcionamento e transporte. são os únicos equipamentos de aspersão que
terminar funções de produção água-cultura e Com a utilização de emissores de última possibilitam irrigação de cana alta.
com estas estimar as produtividades agrícolas geração, que operam com baixa pressão e com- Se o sistema e o método de irrigação seleci-
para a região de interesse, quantificando o in- provada eficiência de aplicação, os sistemas de onado forem os corretos, a irrigação pode pro-
cremento de produtividade em virtude da uti- irrigação pivô central, pivôs e lineares rebocá- porcionar, entre outros, os benefícios já descri-
lização da irrigação, sendo estes estudos funda- veis são poderosas ferramentas para aplicação tos anteriormente, uma expansão vertical, re-
mentais para validar e garantir o sucesso do em- de fertirrigação, prática já comum em outros sultando em uma redução do custo de produ-
preendimento. cultivos como pastagens, feijão, milho, café etc., ção de açúcar e álcool. M

Em função da região onde será feito o plan- com bons resultados graças à aplicação unifor-
tio, da disponibilidade de recursos hídricos e de me e controlada. Marcus Schmidt,
investimento, o método de irrigação deverá ser Para aplicações específicas com águas resi- Valmont
selecionado como descrito anteriormente.
Como benefícios diretos dessas práticas
podemos citar o aumento da produtividade
agrícola, aumento da produção de açúcar por
CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO
ha, potencial aumento da longevidade das so-
queiras, cana de melhor qualidade para as usi-
nas, redução de tratos culturais, redução de área
O s custos de implantação dos sis-
temas são muito variáveis em
função do tipo de irrigação, do equipa-
baixas pressões de operação e vieram
para alterar a relação custo-benefício
da irrigação em cana-de-açúcar, uma
plantada e arrendamentos e redução no custo mento utilizado e do layout da área, mas vez que os custos do mm de água apli-
do transporte de cana. pode-se estimar como: cada forem menores do que os dos
• Irrigação de salvação: R$ 600,00 – outros sistemas devido ao menor con-
SISTEMAS 1.200,00/ha. sumo de energia e mão-de-obra para
Os sistemas lineares são equipamentos ade-
quados a irrigar áreas retangulares onde o com- • Irrigação suplementar: R$ 1.500 - operação. Comparativamente o custo
primento da área irrigada seja em torno de qua- 2.800,00/ha. do mm aplicado com sistemas de alta
tro a cinco vezes a largura, podendo ser ali- • Irrigação plena: R$ 3.200,00 - pressão (carretel) está entre R$ 4,00
mentados por um canal ou mangueira, sendo 6.000,00/ha. – 6,00/mm enquanto nos sistemas de
este último conectado a um hidrante e linha Os sistemas de irrigação mecani- baixa pressão este valor gira entre R$
adutora pressurizada, que pode ser fixa ou zados pivôs e lineares trabalham com 0,60 a 1,20.
móvel. Em comparação com outros sistemas

28 • Dezembro 07 / Janeiro 08
AGCO

Fotos AGCO

Impulso AGCO anuncia abertura de


mercados e implantação de fábricas
para ampliar a gama de produtos
para o mercado brasileiro

F
ortes Investimentos em engenha- te demanda no mercado do Brasil contribuiu nós finalizamos a aquisição da Sfil (Indústria
ria e aposta em novos produtos significativamente para o nosso volume de ven- Agrícola Fortaleza Limitada), localizada no Sul
para o Brasil a curto e médio prazos. das nos primeiros nove meses de 2007”, afir- do Brasil. A compra da Sfil expande nossa ofer-
Essa foi a principal tônica da conferência de mou Martin Richenhagen, chairman, presiden- ta de produtos e alavanca a força de nossas mar-
imprensa promovida pela AGCO no circuito te e CEO da AGCO. “Nós tivemos vendas re- cas e nossa robusta rede de revendedores para
de Interlagos, São Paulo. A estabilização da eco- cordes na região da América do Sul.” Em parti- ampliar ainda mais nossos negócios na região
nomia brasileira, somada à boa fase da agricul- cular, os altos preços das commodities levaram da América do Sul.” Baseada em Ibirubá, Sul
tura mundial e às perspectivas em torno da de- ao expressivo crescimento das vendas. do Brasil, a Sfil fabrica e distribui uma linha de
manda por biocombustíveis embasa o posicio- “Os tratores e colheitadeiras impulsiona- implementos para lavoura incluindo semeadei-
namento da empresa, que já anunciou abertu- dos pela tecnologia da AGCO construíram for- ras, plantadeiras, plataformas para colheita de
ra de fábrica no Mato Grosso e investimentos tes posições no mercado Sul-Americano, devi- milho e carregadores.
no desenvolvimento de uma colhedora de cana- do em grande parte à nossa excepcional rede de
de-açúcar com um novo conceito, produção de revendedores”, garante Carioba. “Além disso, VENDAS
pulverizadores autopropelidos em nova fábrica As vendas unitárias no varejo do setor de
e investimento no setor de motores. tratores cresceram aproximadamente 44% e as
A nova colhedora de cana-de-açúcar estará de colheitadeiras cresceram aproximadamente
disponível em três diferentes versões de acordo 64% nos primeiros nove meses de 2007, com-
com diferentes demandas dos mercados mun- parando com o mesmo período do ano anteri-
diais. Ela está sendo considerada um produto or. As vendas unitárias no varejo de tratores e
estratégico para o crescimento da empresa e colheitadeiras no principal mercado do Brasil
também como um produto de valor para os cresceram aproximadamente 51% e 126%, res-
revendedores AGCO, e irá permitir a eles aten- pectivamente, durante os primeiros nove me-
der aos produtores desde o plantio até a colhei- ses de 2007 comparados com 2006. Como re-
ta desta importante safra. “É um projeto dife- portado em 30 de outubro de 2007 no anúncio
renciado, com um conceito bem diferente do do resultado do terceiro trimestre, as vendas da
que o mercado já conhece”, explicou André AGCO América do Sul atingiram 747.2 mi-
M. Carioba, vice-presidente sênior e gerente lhões de dólares nos primeiros nove meses de
geral da AGCO na América do Sul. 2007, representando um aumento de 47% com-
O evento enfatizou também o significado parado ao mesmo período de 2006 (não inclu-
do Brasil para a estratégia de crescimento glo- ído o impacto da taxa de câmbio).
Coletiva no autódromo de Interlagos
bal da AGCO e destacou os recém-publicados Cerca de 200 milhões de dólares serão in-
anunciou resultados e investimentos
resultados do terceiro trimestre indicando vi- para os próximos anos no Brasil vestidos nas áreas de pesquisa e produtos para
gorosas vendas na América do Sul. “A crescen- o Brasil no próximo ano.

30 • Dezembro 07 / Janeiro 08
LandPower 140 e 165

LandPower
Com motorizações de 140 cv e 165 cv, a linha média da
Landini já tem fabricação nacional e começa a aparecer
nos campos brasileiros

J
á conhecidos mundialmente, os sa seca, sistema de alimentação com dois
tratores da linha Landini, avan- filtros com drenos, câmara de combus-
çam também pelas lavouras bra- tão em aspiral, que leva o motor a um
sileiras. Desde 2004 a empresa está pre- menor consumo de combustível. Possui
sente no mercado brasileiro e hoje diver- filtros de fácil acesso, sistema de injeção xa dos 4 a 12 km/h. Isso possibilita me-
sos modelos já são produzidos no país. E com bomba rotativa Delphi, sistema de lhor aproveitamento do torque do motor
é um desses modelos que abordaremos filtro de ar com elemento duplo filtrante e por conseqüência menor consumo de
nesta Ficha Técnica, um trator de média com opcional de pré-filtro modelo O4, combustível.
potência, com opções de motorização de sistema de arrefecimento com tanque de Vale lembrar que mesmo as transmis-
140 cv e 165 cv. Para a equipe de enge- expansão, sistema de partida a frio, ba- sões eletro-hidráulicas disponíveis no
nharia da Landini, a linha LandPower, teria de fácil acesso. Esses motores são mercado não possuem este número de ve-
feita aqui no Brasil, destaca-se pelo re- produzidos na fábrica da Perkins de Cu- locidades na faixa útil de trabalho.
duzido consumo de diesel, com alta per- ritiba. A embreagem é dupla com aciona-
formance, confiabilidade, simplicidade mento individual. A alavanca de marchas
de operação e baixo custo de manuten- TRANSMISSÃO sincronizada facilita o engate das mes-
ção, além de robustez e confiabilidade de A transmissão foi originalmente di- mas e possibilita a troca de marchas com
sua transmissão mecânica sincronizada, mensionada para 180 cv, mas que tam- o trator em movimento.
que alcança uma excelente performance, bém está montada nos 165 e 140 cv, por- Um super-redutor, como item de sé-
mesmo comparando com as mais moder- tanto bastante robusta para todas as apli- rie, garante mais opções de escolha prin-
nas transmissões hidráulicas disponíveis cações. Esta transmissão é mecânica sin- cipalmente nas velocidades mais baixas.
no mercado. cronizada com 36 velocidades à frente e
36 à ré, com inversor mecânico também
MOTOR sincronizado.
A linha LandPower, tanto na versão Ele atinge a velocidade mínima de
140 cv ou 165 cv, vem equipada com 300 m/h e máxima 40 km/h, tendo
Motor Perkins 1006.6 T de seis cilindros 12 velocidades na faixa útil de
turbo-alimentado, bloco único de cami- trabalho, que fica na fai-

Transmissão sincronizada com 36


velocidades à frente e 36 à ré

32 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“A linha LandPower, tanto na versão 140 cv ou 165 cv, vem equipada
com Motor Perkins 1006.6 T de seis cilindros turbo-alimentado”

Fotos Landini

SISTEMA HIDRÁULICO
Os modelos LandPower possuem di-
reção hidrostática, bomba dupla de en-
grenagem, com vazão de 35 l/h exclusiva
para o sistema de direção, e vazão de 62
l/h disponível para o sistema hidráulico
e controle remoto. Como item opcional O LandPower possui sistema de pré-filtro modelo 04,
esta disponível um sistema adicional de que garante maior segurança contra impurezas
tanque, bomba e controle remoto, dispo-
nibilizando uma vazão extra de 100 l/ mecânico é da categoria III. A capacidade EIXOS E TOMADA DE FORÇA
min. máxima de levante a 610 mm do olhal é O eixo da tração dianteira é da marca
O sistema hidráulico é composto ain- de 8.400 kg. A capacidade do reservatório Carraro sem juntas universais (cruzetas),
da por duas válvulas remotas (item de sé- do óleo hidráulico é de 81 litros. É possí- com peça única, tipo Classe III, para os
rie), com função duplo efeito, com desar- vel também optar por uma versão somen- tratores 140,165. Possui diferencial di-
me automático, posição de flutuação e va- te com a barra de tração (com sistema de anteiro autoblocante, com acionamento
riação de fluxo para plantadeiras pneumá- levantador hidráulico opcional). do bloqueio de diferencial automático.
ticas. Levante hidráulico com controle

O painel possui mostradores analógicos e digitais,


que informam todas as funções da máquina

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 33
O acionamento da tração dianteira e o do bloqueio do
diferencial são feitos com toque em dois botões

Possui acionamento eletro-hidráulico e ci-


lindro de dupla ação, e o acoplamento cen-
tral do eixo cardam da tração dianteira pro-
picia melhor aproveitamento de potência
e maior vão livre. O vão livre é de 550 mm
e o raio de giro é de 5.350 mm.
O eixo traseiro, que foi originalmente di-
mensionado para tratores de 180 cv, possui
acionamento eletro-hidráulico do bloqueio
do diferencial e eixo passante que possibili-
ta a duplagem das rodas traseiras. O freio
de serviço possui acionamento hidráulico e
o freio de estacionamento é montado no
diferencial traseiro.
A tomada de força é do tipo indepen- 1.000 rpm e sincronizada com a roda. lente design e visibilidade, foi projetada
dente com controle e acionamento me- para um melhor aproveitamento ergonô-
cânicos. A embreagem é dupla com velo- CABINE E SISTEMA ELÉTRICO mico propiciando ao operador uma me-
cidades disponíveis de série de 540, 750, A cabine do LandPower possui exce- lhor condição de trabalho e melhor pro-

Como opcional, engate reforçado para trasbordo e carreta A coluna de direção possui ajuste de inclinação e altura e no
com sistema de freio a ar, para lavouras de cana-de-açúcar centro estão localizados os mostradores digital e analógico

34 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“A tomada de força é do tipo independente
com controle e acionamento mecânicos”

Fotos Landini

Também como opcionais para cana, sistema de freio para carreta e bomba
hidráulica adicional de 100 l/min com tanque de óleo adicional de 70 litros

inclinação e altura. No painel central es- ções do trator.


tão localizados mostradores analógicos e
digitais. O mostrador analógico mostra KIT CANA
a rotação do motor, nível de combustível Como opcional, para aplicação na cultu-
e temperatura. Os mostradores digitais ra de cana-de-açúcar, possui sistema de en-
marcam a área trabalhada, distância per- gate forçado para transbordo, engate para
corrida e km por hora; rotação e veloci- carreta canavieira (boca-de-lobo ou pino-
dade da TDP, hora do dia e hora do tra- bola), sistema de freio a ar para carreta e bom-
tor. Mais 17 luzes indicadoras mantêm o ba hidráulica adicional de 100 l/min com tan-
operador informado sobre todas as fun- que de óleo adicional de 70 litros. M

Modelos Landpower 140 Landpower 165


Motor Perkins com injeção direta 1006-6 T Perkins com injeção direta 1006-6 T
Potência 138 cv 166 cv
Torque máximo 509 Nm 602 Nm
Cilindros 6 6
Transmissão
dutividade, sem descuidar da segurança. Tipo Mecânica sincronizada Mecânica sincronizada
Contém piso plano e térmico, porta nos Velocidades 36x36 36x36
dois lados com alavancas de câmbio posi- Velocidade minima 300 m/h 300 m/h
cionadas lateralmente. Possui ar-condici- Velocidade máxima 40 km/h 40 km/h
onado com filtro de ar, ar quente e natu- Embreagem Independente disco duplo Independente disco duplo
ral, comandos de fácil acesso, dois espe- acionamento Hidráulico Hidráulico
lhos retrovisores, assento com regulagem
Inversor De linha, sincronizado De linha, sincronizado
mecânica de peso e distância, oito luzes
Tomada de potência
de trabalho, duas auxiliares e buzina.
A coluna de direção possui ajuste de acionamento Mecânico Mecânico
Rotação 540/540E/1000/sincronizada com a roda 540/540E/1000/sincronizada com a roda
Eixo dianteiro motriz
acionamento Eletro-hidráulico Eletro-hidráulico
Esterçamento 55 graus 55 graus
Bloqueio do diferncial Acionamento eletro-hidráulico Acionamento eletro-hidráulico
Sistema hidráulico
Controles Força, posição, ondulação Força, posição, ondulação
Capacidade de levante 8400 kgf 8400 kgf
Categoria do engate Categoria III Categoria III
Controle remoto 2 tomadas (std) 2 tomadas (std)
Pneus
Tipo Diagonal Diagonal
Tanque de expansão Dianteiros 16.9 - 26 18.4 - 26
da água do radiador Treseiros 24.5 - 32 24.5 - 32

Dezembro 07 / Janeiro 08 • 35
hidráulicos

Sistemas hidrá
Os tratores agrícolas estão crescendo em potência e peso, e da mesma forma
seus sistemas ficam mais versáteis, como o controle remoto, por exemplo,
importante para o alto desempenho dos implementos que também crescem e
executam mais funções com mais qualidade e rendimento

E
ntre os implementos de uso in- min e o terceiro circuito com vazão de dez a dora. O circuito para a produção de vácuo
tensivo dos sistemas hidráulicos 15 litros/min para baixar e subir os sulca- necessita entre 15 e 30 litros com priorida-
de controle remoto estão as plan- dores e, em casos especiais, um quarto cir- de, enquanto os dois circuitos restantes uti-
tadoras de grãos e de cana. O trabalho com cuito para a distribuição de adubo líquido lizam válvulas de desarme automático de
implementos e plantadoras requer agilida- com vazão de dez litros/min. A soma das baixa vazão, entre 15 e 25 litros/min.
de, respostas rápidas e precisas do sistema vazões dos quatro circuitos perfaz a vazão Além disso, o controle remoto centro fe-
hidráulico para garantir a qualidade que de 105 litros/min, abaixo da vazão máxima chado possibilita menor esforço de aciona-
essas operações necessitam. do circuito que é de 127 litros/min. mento com maior precisão e reduzido con-
O controle remoto de centro fechado Em outra aplicação, a de transbordo de sumo de potência com menor aquecimento
permite o acionamento simultâneo de mais cana, é necessário alta vazão e velocidade do óleo hidráulico. Isso possibilita uma re-
de um comando, sem interferência entre constante, independente da carga. Neste dução de consumo de combustível na mai-
eles, permitindo uma vazão constante e re- caso a escolha recai sobre a válvula de 95 oria das aplicações como, por exemplo, no
gulável, oferecendo flexibilidade para dife- litros/min, centrada por mola. Havendo esvaziamento das caçambas no transbordo
rentes acionamentos em uma mesma ope- mais reboques, cada um é acoplado a uma de cana.
ração. Um exemplo dessa versatilidade são válvula, até o total de quatro.
as plantadoras de cana, que necessitam de As plantadoras de grãos podem utilizar CONTROLE REMOTO DE CENTRO FECHADO
vazão constante para a distribuição das até três circuitos. Um para a turbina pro-
mudas e adubo, com vazão de 35 a 40 li- duzir vácuo e controlar a distribuição das Válvula 1
tros/min, o comando de múltiplas funções sementes, outro para a marcação de linhas Essa válvula é direcional prioritária de
que igualmente necessita de 35 a 40 litros/ e o terceiro para levantar e baixar a planta- quatro posições, com vazão de 70 l/min. Esta

36 • Dezembro 07 / Janeiro 08
“O trabalho com implementos e plantadoras requer agilidade, respostas rápidas e precisas
do sistema hidráulico para garantir a qualidade que essas operações necessitam”
Massey Ferguson

Exemplo de circuito hidráulico de controle remoto de um trator MF 6000 HD

ulicos
sessão tem a função de manter com priori- condição que se deve acoplar os motores
dade o fluxo, mesmo com queda de rota- hidráulicos, e do mesmo modo, ao desaco-
ções do motor. Ela é indicada para motores plar os motores hidráulicos o carretel deve
hidráulicos, tal como os encontramos nas ser liberado totalmente, através da borbole-
turbinas em plantadoras a vácuo. ta. Do contrário, a posição da alavanca em
Esta válvula pode ser operada de duas acionamento pode gerar ruídos, vibrações e
formas: em quatro posições ou duas. Em aquecimento do óleo.
quatro posições desarme automático, neu- Para habilitar o kit motor hidráulico,
tro, acionamento e flutuação. Ao enroscar deve-se limitar o carretel, enroscando total-
totalmente a borboleta sobre o carretel as mente o fuso borboleta. Na posição de aci-
posições são reduzidas a duas, permitindo onamento (mais ao centro) o motor é acio-
as posições de acionamento e flutuação, nado e produz trabalho. Ao deslocar a ala-
também chamadas de kit motor. É nessa vanca na posição de flutuação (afastando-a
Fotos Massey Ferguson
do comando de sentido e neutro, é possível
colocar o cilindro em flutuação, nesta situ-
ação o cilindro fica neutro e é comandado à
mercê do implemento. Assim como nas de-
mais válvulas, pode-se regular a vazão atra-
vés do fuso regulador de vazão, localizado
sobre a válvula.
Exemplo de aplicação: atingida a posi-
ção de trabalho desloca-se a alavanca para a
posição de flutuação, permitindo as rodas
acompanharem o solo livremente.

Válvula 5
Essa válvula é proporcionada para acio-
namento dos três pontos. Incorporada ao
bloco do controle remoto, ela comanda os
três pontos, utilizando o mesmo óleo do
controle remoto.

ORIENTAÇÃO OPERACIONAL
As seções 1, 2, 3 e 4 possuem compen-
do centro), o motor hidráulico cessará o tra- simples ação, que são comandados entre sação de pressão e regulagem de vazão in-
balho e irá parar. Observe que, ao ajustar a início e fim de curso. Como exemplo de dependente. Tal como nas torneiras de água,
válvula para operar com motor hidráulico, aplicação, ela pode ser utilizada no esvazia- ao enroscar o manípulo, a vazão hidráulica
a alavanca de comando fica descentralizada mento das caçambas no transbordo de cana- diminui e, do contrário, ao desenroscar o
em relação às demais alavancas. A posição de-açúcar. manípulo, a vazão hidráulica aumenta, dan-
mais afastada é a de flutuação, que neutra- do mais velocidade ao comando.
liza o motor, enquanto a mais centrada põe Válvula 3 Ao acoplar qualquer implemento é im-
o motor em funcionamento. Ao desacoplar Essa válvula é direcional de quatro posi- portante observar a vazão necessária para
o motor hidráulico, o kit motor hidráulico ções, com vazão de 70 l/min e possui desar- cada função do implemento. Ao regular a
deve ser desativado, desenroscando o fuso me automático, neutro, acionamento e flu- válvula com excesso de vazão, o sistema per-
borboleta totalmente, restabelecendo as tuação. Da mesma forma como a válvula n° de a compensação de pressão e fica inope-
quatro posições da alavanca. 1, a de n° 3 permite a regulagem para ope- rante. A soma das vazões de todas as vál-
rar com o kit motor ou nas quatro posições. vulas não pode exceder a vazão total que
Válvula 2 A diferença está na vazão prioritária, a de vem ao comando. Lembre-se de que a va-
A válvula 2 é direcional de três posições, n° 3 não tem prioridade de vazão enquanto zão total do circuito depende da rotação
centrada por mola, com vazão de 95 l/min e a de no 1 tem. O que significa que se a vazão do motor, portanto, ao regular a vazão das
recomendada para cilindros de dupla ou total for baixa, a válvula de no 1 receberá válvulas, mantenha o motor na rotação de
todo o óleo disponível e as demais válvulas operação. Ao regular a vazão de cada vál-
ficarão com o restante. vula deve-se iniciar pela de no 1, depois a
de no 2, n° 3 e n° 4. A válvula que não tem
Válvula 4 mangueira acoplada deve ficar regulada
A válvula 4 é direcional de quatro posi- para vazão zero. M

ções e 70 l/min. Através da alavanca de de-


sarme automático podemos comandar as Newton Scherer,
ações de um cilindro de dupla ação. Além Massey Ferguson

COMPONENETES DO SISTEMA HIDRÁULICO


DE CENTRO FECHADO
• Filtro de sucção com indicador de Válvula de direção
saturação. • Uma válvula load sensing para con-
• Bomba de engrenagens de 24 litros/ trole de vazão a ser disponibilizado para
min. Para lubrificação do diferencial, en- controle remoto.
gate tração e IPTO. • Conjunto de válvulas de comando
• Duas bombas de engrenagens de direcionais de centro fechado.
127 l/min. Para controle remoto. • Radiador de óleo.
O controle remoto de centro fechado permite o • Dois filtros absolutos de alta efici- • Um filtro de retorno para o óleo que
acionamento simultâneo de mais de um ência, montados antes do bloco de vál- vem do implemento para o trator.
comando, sem interferência entre eles vulas, com indicador de saturação. • Reservatório.

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vazão

Fotos Vilnei Dias

Na medida Aparelho portátil permite


a medição de vazão nos
sistemas de bombeamento
de água, o que possibilita
a redução no custo e
facilidade na operação

A
o adquirir um sistema de bom- entre outros. Estes dados são essenciais e, qual- zão portátil, baseado no princípio da medição
beamento, um dos principais re- quer erro nestes valores proporciona uma va- da velocidade da água, onde a vazão é determi-
quisitos que os agricultores buscam zão diferente quando em operação. Normal- nada pela rotação de uma palheta. O aparelho
é proporcionar vazão de água compatível com mente, o erro de maior impacto é a altura geo- é composto por um transdutor de vazão, que é
as suas necessidades, sendo esta variável con- métrica, este pode ser proveniente da alteração um equipamento eletrônico responsável pela
forme o tipo de solo, cultura e a área a ser irri- do nível do rio ou outro ponto de captação. Esta interpretação do sinal gerado pelo sensor e pelo
gada. A determinação da vazão requerida ge- variação pode resultar em sérios problemas, sensor de vazão que, de acordo com o fabrican-
ralmente é determinada por um engenheiro como a vazão insuficiente para uma determi- te, proporciona medições em tubulações de até
agrônomo e deve ser respeitada, a fim de per- nada área, por isso é importante que o levanta- 1.200 mm de diâmetro.
mitir que a planta tenha a quantidade necessá- mento destes dados seja realizado por profissi- Com o intuito de verificar os procedi-
ria ao seu desenvolvimento pleno, aumentan- onais capacitados. mentos de instalação e operação, realizou-
do a produtividade, além de proporcionar uma Com o objetivo de auxiliar o agricultor a se um experimento a campo, onde o local
economia ao produtor e preservar o solo e o controlar a vazão que seu equipamento de bom- escolhido possui um sistema de bombea-
ambiente. beamento está lhe proporcionando, uma em- mento flutuante, utilizado para a irrigação
Quando o produtor busca a aquisição de presa do setor desenvolveu um medidor de va- de arroz, com uma bomba Worthington 14
um sistema para irrigação, este deve possuir os
dados necessários para o dimensionamento do
sistema, como a altura geométrica mínima,
média e máxima, a vazão pretendida, o tipo de
sistema que melhor atende as suas necessida-
des (fixo ou flutuante), o diâmetro da tubula-
ção que deseja utilizar (caso já possua tubos),

Transdutor de vazão e sensor de vazão


compõem o conjunto portátil para
leitura de vazão de água

40 • Dezembro 07 / Janeiro 08
DBE 195 e motor de 75 cv. trabalhando ou não em seu limite. Caso afir-
mativo, parte-se para análise da curva de de-
INSTALAÇÃO sempenho da bomba e verifica-se se a mesma
Como primeiro passo, determina-se o local bomba conseguirá atender a vazão esperada
de instalação do sensor de vazão na tubulação. através de um motor de maior potência. Ainda
Este é analisado conforme os acessórios pre- existe o caso em que a bomba já está operando
sentes na tubulação como reduções, curvas, na sua capacidade máxima e neste, obviamen-
distância da bomba ou válvulas de retenção. Para te, não se tem alternativas, ou seja, o produtor
cada um dos itens citados, encontramos a dis- deverá adquirir uma nova bomba.
tância recomendada no manual do fabricante. Finalizada a leitura, deve-se recolher o ro-
Neste experimento a posição que deve ser ins- tor inicialmente introduzido, até uma distân-
talado o sensor é a uma distância de 50x o diâ- cia mínima de 372 mm da base, garantindo
metro da tubulação, ou seja, 480 mm. Logo, que ao fechar a válvula de esfera o rotor não
este foi instalado a 2,4 metros antes da redu- seja danificado. No experimento em questão,
ção. foram retirados o sensor de vazão e o registro,
O medidor permite verificar se a vazão no
Além da distância, o sensor deverá ser ins- sendo colocado um tampão metálico. Este é um
sistema de bombeamento está coerente
talado a 45° do topo da superfície do cano. O com as necessidades de cada operação fator interessante, um aparelho pode ser utili-
fabricante disponibiliza uma fórmula, na qual zado para medição de outros sistemas de bom-
o produtor entra com o valor do diâmetro da beamento.
tubulação e calcula a distância do centro do cano do (m/s) e a vazão por quadra, caso o operador Acredita-se que esta seja uma ferramenta
em que deverá ficar o sensor. Para o nosso caso, saiba o número de quadras que o sistema pre- interessante ao produtor e uma maneira mais
a distância era de 188,4 mm do centro do tubo, tende atender. Na determinação da vazão, o acessível para verificar a vazão produzida pelo
uma vez que a tubulação era de 480 mm. As- aparelho indica a vazão instantânea (primeira sistema. Os primeiros resultados indicam a
sim, mediu-se a distância marcando na tubu- linha) calculada em um tempo de oito segun- necessidade de novos estudos, para buscar a
lação o local em que deveria ser aberto o furo dos e, também, uma média da vazão instantâ- comparação em campo dos equipamentos atu-
para a alocação da luva (Figura 4). nea calculada com até 20 medições, em segui- almente utilizados para este tipo de medição,
Após a demarcação do local onde deverá da, se inicia o cálculo da média novamente (se- com diferentes concepções, como é o caso do
ser instalado o sensor, foi feito o furo na tubu- gunda linha). medidor de vazão ultra-sônico. Aspectos inte-
lação, de modo a colocar a luva que tem um ressantes como a praticidade no manuseio e na
diâmetro interno de 1,5 polegada. Com a luva DADOS instalação e posteriormente na leitura podem
posicionada, coloca-se uma válvula de esfera que Com a coleta dos dados proporcionados ser citados como pontos positivos do sistema
é rosqueada na luva previamente instalada, pelo medidor, o operador poderá verificar se a de medição de vazão. Além disso, este equipa-
possibilitando fazer a medição sem o desliga- vazão em seu sistema de bombeamento está mento poderá ser oferecido com custos relati-
mento do sistema de bombeamento. Com a coerente com as suas necessidades. Geralmen- vamente atrativos quando comparados a ou-
válvula instalada e posicionada de maneira a te, quando a vazão é superior à requerida, o tros sistemas de aferição de vazão de sistemas
não permitir a passagem do fluxo, já pode ser operador poderá realizar a troca de polias, a fim de bombeamento. M
acionado o motor elétrico do sistema. de diminuir a rotação da bomba e, por conse-
O sensor de vazão é então rosqueado à vál- qüência, a velocidade da água. O grande pro- Ulisses Benedetti Baumhardt,
vula de esfera, até uma fixação que possibilite blema é quando a vazão não é suficiente para Vilnei de Oliveira Dias,
fazer o alinhamento da paleta com a direção do atender a uma determinada área. Neste caso, Airton dos Santos Alonço,
fluxo de água. Vale lembrar a necessidade da primeiramente deve-se verificar a amperagem José Carlos Guimarães e
utilização de veda – rosca, a fim de evitar vaza- do motor para se calcular a potência consumi- Marcelo Melo Soriano,
mentos. da e, através desta, comprovar se o motor está UFSM
Com o sensor de vazão posicionado para a
medição, deve-se conectar o cabo ao transdu-
tor e, logo após, é necessário introduzir o seu
rotor, colocando-o em contato com a água. Esta
distância é calculada pelo transdutor, onde o
operador deve informar o diâmetro e a espes-
sura da tubulação. Neste experimento, a tubu-
lação possui o diâmetro de 480 mm e a sua
espessura é de 2,75 mm, com estes valores o
transdutor informou que a distância entre a
tubulação e a parte inferior do disco deve ser de
340.21 mm. De posse do valor, realizam-se os
ajustes com o auxílio de uma trena.
Através do sinal gerado pelo sensor, o trans-
dutor calcula a vazão (l/s), a velocidade do flui-

Etapas de instalação do equipamento. Após a


medição o aparelho é removido e a tubulação
está pronta para futuras medições

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