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º 3
Proposta de correção
Grupo I
1. Os três primeiros versos do poema sintetizam as principais ideias que vão ser
desenvolvidas ao longo do poema.
Assim, o sujeito dirige-se a um interlocutor plural presente na forma verbal “Acreditem”,
afirmando que não consegue experienciar as suas próprias emoções: “Não sei ser triste a
valer / Nem ser alegre deveras”, uma vez que está constantemente a intelectualizá-las. A
partir desta constatação, nos versos seguintes, o sujeito questiona-se sobre o que acontece
com os “outros”: “Serão as almas sinceras / Assim também, sem saber?”. A grande diferença,
no entanto, consiste no facto de o sujeito ser consciente da incapacidade de escrever o que
sente e os “outros” serem inconscientes do processo de transformação das emoções em ficção
através da razão.
Deste modo, o “eu” vive entre a “ficção da alma” e a “mentira da emoção”, numa
permanente racionalização dos sentimentos.
2. Após a leitura do poema e tendo em conta a tensão sentir/pensar vivenciada pelo sujeito
poético, podemos considerar que entre a “flor” e a “gente” existem duas relações contrárias:
relação de oposição e relação de semelhança.
Por um lado, enquanto ser vivo inconsciente, a “flor” transmite serenidade, uma vez que
não intelectualiza os sentimentos, opostamente ao que acontece com os seres humanos.
Assim, o sujeito poético expressa a sua admiração pela naturalidade do ato de florir: “com
que prazer me dá calma”. Por outro lado, entre os elementos naturais e os seres humanos não
há, contudo, diferenças, uma vez que ambos cumprem a sua função instintivamente:
enquanto as flores florescem, as pessoas pensam “sem querer”, ou seja, espontaneamente.
Em suma, ao contrário do que se passa com o “eu” poético, que vive subjugado pela
tensão sentir/pensar, uma flor cumpre a sua existência de forma simples. Assim, o “eu” ao
contemplar o desabrochar da flor, liberta-se momentaneamente da angústia que lhe provoca a
intelectualização permanente e que o impede de viver plenamente.
3. A estrofe final do poema é constituída por um dístico que apresenta a conclusão das
reflexões do sujeito poético.
Na verdade, este último momento do poema apresenta um sujeito resignado face à reflexão
realizada ao longo do poema: “Stá bem”. Esta última estrofe constitui uma conclusão face à
tensão sentir/pensar das estrofes iniciais, mas também relativamente ao peso do destino
presente nas referências aos “deuses” e ao “Fado” na quarta estrofe.
Deste modo, consciente do peso do destino, o sujeito aceita o “pensar” enquanto ser
racional, assim como a flor se limita a “florir” de acordo com a sua essência.
1
Português 12 – Ficha n.º 3
B
5. Este poema, apesar de datado do século XVI, aborda uma temática intemporal.
Efetivamente, ainda hoje, em múltiplas situações, sentimos que, de algum modo, há uma
constante inversão de valores e nem sempre quem merece é recompensado pelo seu esforço.
São várias as áreas profissionais ou sociais que exemplificam um mundo incerto,
inquietante, desconcertado.
Concluindo, o “mundo às avessas” é uma realidade sem tempo nem espaço determinados.
Grupo II
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
(B) (C) (A) (C) (C) (B) (D)
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