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Competência

UNIDADE II
Introdução

● Do ponto de vista sistemático não seria este o local adequado para


tratar do tema da competência, já que o Livro II se dedica ao exame dos
institutos fundamentais do processo civil.
● Se justifica do ponto de vista metodológico, associando-se o tema ao
da jurisdição, do qual ele deriva diretamente.
● Ligação entre a competência e a jurisdição, pois aquela funciona como
medida e quantificação desta.
Introdução

● O exame do tema exige uma breve alusão à competência internacional.


● Para que se estabeleça aquilo para o qual a justiça brasileira tem ou
não jurisdição; e
● Depois, à competência interna, o que demandará uma análise da
estrutura do poder judiciário e de algumas premissas fundamentais
para a compreensão do tema.
JURISDIÇÃO INTERNACIONAL (JURISDIÇÃO DE OUTROS ESTADOS)

● Cumpre à legislação de cada qual estabelecer a extensão da jurisdição


de cada país.
● A jurisdição brasileira encontra óbice na soberania de outros países.
● Da mesma forma, a jurisdição de outros países encontra óbice na
soberania nacional.
● Há certas ações que só podem ser julgadas pela justiça brasileira,em
caráter de exclusividade, por força de lei.
● Se forem julgadas por outro país, não serão exequíveis em território
nacional.
Sentença estrangeira

● O mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à


sentença estrangeira, fazendo com que ela possa ser executada no
Brasil, denomina-se HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA,
que hoje é da competência do Superior Tribunal de Justiça.
● Originariamente, cabia ao Supremo Tribunal Federal. Mas, desde a
edição da Emenda Constitucional n. 45/2004, a competência passou
ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i, da Constituição Federal).
Sentença estrangeira

● A homologação vem tratada nos arts. 960 e ss. do CPC;


● E os requisitos para seu deferimento vêm estabelecidos
no art. 963 do CPC.
● Já o procedimento vem regulamentado na Resolução n. 9,
de 4 de maio de 2005, do Superior Tribunal de Justiça.
Jurisdição concorrente da justiça brasileira

● Os arts. 21 e 22 do CPC enumeram as ações que a lei atribui à justiça


brasileira, sem afastar eventual jurisdição concorrente da justiça
estrangeira.
● São ações que, se propostas no Brasil, serão conhecidas e julgadas.
● Mas em que se admite pronunciamento da justiça estrangeira, que se
tornará eficaz no Brasil desde o momento em que o Superior Tribunal
de Justiça homologar a sentença anteriormente proferida no exterior.
A autoridade judiciária brasileira tem jurisdição concorrente quando:

● O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver


domiciliado no Brasil.
● No Brasil tiver de ser cumprida a obrigação.
● A ação se originar de fato ocorrido ou de ato
praticado no Brasil.
O art. 22 acrescenta a essas hipóteses de jurisdição concorrente

● A de processar e julgar as ações de alimentos, quando o credor tiver


domicílio ou residência no Brasil ou o réu mantiver vínculos no Brasil,
tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou
obtenção de benefícios econômicos;
● A de processar e julgar as ações decorrentes de relação de consumo,
quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil e em que
as partes, expressamente ou tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional.
Jurisdição exclusiva da justiça brasileira
O art. 23 enumera três hipóteses de jurisdição exclusiva

● É que, vindo à homologação uma sentença estrangeira, o Superior


Tribunal de Justiça poderá concedê-la, preenchidos os requisitos, nas
hipóteses dos arts. 21 e 22. Mas jamais poderá fazê-lo em relação às do
art. 23, porque só a justiça brasileira está autorizada a julgar açôes
sobre tais assuntos.
● Uma sentença estrangeira que verse sobre qualquer deles estará
fadada a ser permanentemente ineficaz no Brasil, já que nunca poderá
ser homologada.
Jurisdição exclusiva da justiça brasileira
O art. 23 enumera três hipóteses de jurisdição exclusiva
● Ações relativas a imóveis situados no Brasil;
● Em matéria de sucessão hereditária, a confirmação de testamento
particular e o inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda
que o autor da herança seja estrangeiro e tenha domicílio fora do
território nacional.
● Ações de divórcio, separação judicial ou de dissolução de união estável,
quando se proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.
Casos que não serão examinados pela justiça brasileira

● São apurados por exclusão.


● Os arts. 21 a 23 enumeram, em caráter taxativo, as causas de
jurisdição da justiça brasileira.
● O que não se incluir em tais dispositivos não poderá ser aqui
processado e examinado.
● Proposta ação que verse sobre tais assuntos, o processo haverá de ser
extinto sem resolução de mérito, por falta de jurisdição da justiça
brasileira para conhecê-lo.
Cooperação internacional

● No art. 26, fica estabelecido que tratado de que o


Brasil for parte regerá a cooperação internacional.
● Na falta dele, a cooperação poderá realizar-se com
base na reciprocidade manifestada por via
diplomática.
Cooperação internacional
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou
não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos,
assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na
legislação brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos
pedidos de cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades
estrangeiras.
Cooperação internacional

● O CPC enumera ainda aquilo que será objeto da


cooperação internacional: citação, intimação e
notificação judicial e extrajudicial; colheita de provas e
obtenção de informações; homologação e cumprimento
de decisão; concessão de medida judicial de urgência;
assistência jurídica internacional ou qualquer outra
medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei
brasileira (art. 27).
Cooperação internacional

● São previstas três maneiras fundamentais, pelas


quais se dará a cooperação internacional:
● por auxílio direto, por carta rogatória ou pela
homologação de sentença estrangeira.
Cooperação internacional

● O auxílio direito cabe para fazer cumprir medida que não decorrer
diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a
ser submetida a juízo de delibação no Brasil (art. 28).
● As hipóteses em que ele ocorrerá estão especificadas no art. 30.
● São situações em que a cooperação pode ser solicitada pelo órgão
estrangeiro diretamente à autoridade nacional, sem necessidade
de se observar procedimento perante o SuperiorTribunal de
Justiça.
Cooperação internacional

● A homologação de sentença estrangeira depende de ação,


julgada pelo Superior Tribunal de Justiça.
● E a carta rogatória, nos termos do art. 36, é procedimento
de jurisdição contenciosa, em que se deve assegurar às
partes as garantias do devido processo legal.
Distribuição da Competência
● Matéria de legislação ordinária – da União (justiça federal e às Justiças
Especiais) e dos Estados (justiças locais), conforme CF, arts. 107, §1º,
110 e 125,§1º;
● Atribuições do STF – art. 102, CF;
● Atribuições do STJ – art. 105, CF;
● Atribuições da JF – art. 108 e 109, CF;
● Atribuições das Justiças Especiais e dos Estados – arts. 107§1º, 110 e
125, §1º, CF
Classificação da Competência
● Competência Internacional – definem as causas que a justiça brasileira
deverá conhecer e decidir (arts. 21 a 25 do CPC);
● Competência Interna – apontam quais órgãos locais se incumbirão
especificamente da tarefa em cada caso concreto (arts. 42 a 53 do
CPC).
Competência Interna
● A Constituição Federal trata do Poder Judiciário nos arts. 92 a 126.
● Há dispositivos que tratam dos órgãos que o integram, da forma de
composição e investidura de cada um deles, suas competências,
garantias e prerrogativas, bem como das restrições impostas aos seus
membros.
● É a Constituição Federal que indica, portanto, quais são os órgãos
judiciários, definindo-lhes a competência.
Competência Interna
● A CF, ao formular a estrutura do Judiciário, estabelece a distinção
entre a justiça comum e as especiais: a trabalhista, tratada no art. 111;
a eleitoral, nos arts. 118 e ss.; e a militar, no art. 122.
● A competência das justiças especiais é apurada de acordo com a
matéria discutida (ratione materiae).
● A das justiças comuns é supletiva: abrange todas as causas que não
forem de Competência das especiais.
Competência Interna
● A justiça comum pode ser federal ou estadual.
● A competência da primeira é dada ratione personae, pela participação,
no processo, como parte ou interveniente, das pessoas jurídicas de
Direito público federais e empresas públicas federais (art. 109, I, da
CF) ou ratione materiae, já que o art. 109 enumera temas pertinentes
às justiças federais.
● É composta por juízes e Tribunais Regionais Federais.
● O que não for de competência das justiças especiais, nem da Justiça
Federal, será atribuído, supletivamente, à Justiça Estadual.
Competência Interna
● Cabe aos Estados organizar sua respectiva justiça, respeitados os
dispositivos da CF: em cada qual haverá os juízos e tribunais estaduais,
cuja competência é dada em conformidade com as Constituições
Estaduais e leis de organização judiciária.
● Tanto a Justiça Federal quanto a estadual terão ainda os seus
respectivos juizados especiais e colégios recursais.
Competência Interna
● Sobrepairando aos órgãos de primeiro e segundo graus de jurisdição,
tanto estaduais como federais, há o Superior Tribunal de Justiça,
criado pela CF de 1988 (arts. 104 e ss.), cuja função precípua é
resguardar a lei federal infraconstitucional.
● E, sobre todos, o Supremo Tribunal Federal, guardião máximo da
Constituição Federal, cuja competência é estabelecida no seu art. 102.
Critérios de definição de Competências

● Se a ação pode ou não ser proposta perante a justiça brasileira, o que


exige consulta aos arts. 21 a 23 do CPC
● Sendo da justiça brasileira, se não se trata de competência originária
do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, o
que exige consulta aos arts. 102, I, e l05, I, da Constituição Federal
● Se a competência não é de alguma das justiças especiais, conforme
arts. 114, 121 e 124 da Constituição Federal;
Critérios de definição de Competências

● Não sendo de competência das justiças especiais, verificar se a


competência é da justiça comum federal ou estadual, lembrando que
será da primeira nas hipóteses do art. 109 da CF;
● Qual o foro competente, o que exige consulta ao CPC ou a lei federal
especial;
● Qual o juízo competente, nos termos das normas estaduais de
organização judiciária.
Conceito de Foro

● O foro indica a base territorial sobre a qual determinado órgão


judiciário exerce a sua competência.
● O Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça e todos os
Tribunais Superiores têm foro sobre todo o território nacional;
● Os Tribunais de Justiça, sobre os Estados em que estão instalados; e
● Os Tribunais Regionais Federais, sobre toda a região que ihes é afeta, o
que normalmente abrange mais de um Estado da Federação.
Conceito de Foro

● Em primeira instância, perante a Justiça Estadual, foro é designação


utilizada como sinônimo de comarca.
● Todos os Estados são divididos em Comarcas, sobre as quais os juízes
de primeiro grau exercem a sua jurisdição.
● Na Justiça Federal, não há propriamente divisão em Comarcas:
○ cada Vara Federal exercerá a sua competência dentro de certos
limites, que constituirão o respectivo foro federal.
Conceito de Juízo

● O conceito de juízo coincide com o das varas. Uma comarca pode ter
numerosas varas, isto é, diversos juízos.
● Quando se quer apurar em que comarca determinada demanda deve
ser proposta, está-se em busca do foro competente.
● Quando, dentro da comarca, procura-se a vara em que a demanda deve
ser aforada, a dúvida será sobre o juízo.
Competência de Foro e de Juízo

● CF - normas que permitem identificar se determinada demanda deve


ser proposta perante a justiça comum, estadual ou federal, ou perante
as especiais.
● Se a jurisdição for a civil > apurar > em que comarca a demanda deverá
ser proposta > CPC > vai formular as regras gerais para a apuração do
foro competente (alguns tipos especiais de ação, regulamentados por
legislação própria, podem ter regras específicas).
Competência de Foro e de Juízo

● Onde determinada demanda deve ocorrer? INDISPENSÁVEL


● Cf > verificar se não se trata de competência originária dos Tribunais
Superiores, bem como para identificar se a competência é de alguma
das justiças especiais, da Justiça Federal comum ou da Justiça Estadual
comum;
● Lei federal (em regra, o CPC ou eventual legislação específica, para
determinadas ações), para apurar o foro competente;
● Lei estadual de organização judiciária, quando for necessário, dentro
de determinado foro, apurar qual o juízo competente.
Competência de juízo- breves considerações

● Depois de apurado o foro, o último passo é identificar o juízo


competente, quando houver necessidade (há comarcas pequenas, com
um só juízo, em que a questão não se colocará).
● As regras de competência de juízo não estão formuladas no CPC, mas
nas leis estaduais de organização judiciária, que, de maneira geral, se
utilizam dos mesmos critérios: o valor da causa, a matéria, o critério
territorial e o funcional.
● A competência de juízo é sempre absoluta.
● Sendo absoluta a incompetência de juízo, o juiz deverá decliná-Ia de
ofício
Competência de juízo- breves considerações

● As leis de organização judiciária estaduais poderão criar varas


especializadas para determinados temas - como as de família e
sucessões, registros públicos, temas empresariais, falência e
concordata, acidentes de trabalho -ou especializadas em função da
qualidade de um dos litigantes, como as varas da fazenda pública.
Competência Absoluta e Relativa

● As regras gerais de competência, formuladas pelas leis federais, para


indicação do foro competente, podem ser divididas em duas categorias:
as absolutas e as relativas.
● Há normas de competência que são de ordem pública e há as que não o
são, sendo instituídas tão somente no interesse das partes.
Competência Absoluta e Relativa - Consequências

● Somente as de competência relativa estão sujeitas à modificação pelas


partes.
● As de competência absoluta não podem ser modificadas.
● Somente a incompetência absoluta pode ser reconhecida pelo juiz de
ofício.
● A relativa não pode (Súmula 33, do Superior Tribunal de Justiça),
ressalvada a hipótese do art. 63, § 3, do CPC,
Competência Absoluta e Relativa - Consequências

● Reconhecida a incompetência absoluta, o juiz deve remeter os autos


ao juízo competente, sendo nulos os atos decisórios praticados até
então. Mesmo que a sentença transite em julgado, a incompetência
absoluta ensejará o ajuizamento de ação rescisória.
● A incompetência relativa também deve ser arguida como preliminar
em contestação (art. 337, lI), mas sob pena de preclusão.
● Não sendo matéria de ordem pública, o juízo não pode reconhecê-la de
ofício.
A perpetuação de competência
● É denominada também perpetuatio jurisdictionis e vem prevista no art.
43 do CPC.
● A competência é determinada no momento do registro ou distribuição
da petição inicial, sendo irrelevantes as alterações posteriores do
estado de fato ou de direito, salvo se suprimirem o órgão jurisdicional
ou alterarem a competência absoluta.
● Se houver a supressão do órgão jurisdicional, os processos que por ele
tramitavam terão de ser remetidos a outro órgão. Se houver alteração
de competência absoluta, ela será aplicada aos processos em
andamento.
Foro Competente

● As principais regras de competência de foro formuladas no CPC estão


nos arts. 46 a 53.
● A regra geral é a prevista no art. 46, caput, do CPC. Os arts. 48, 49 e 50
constituem apenas explicitações dessa norma geral, que institui o foro
comum.
● Já os arts. 47, 51, parágrafo único, 52, parágrafo único, e 53 constituem
exceções, os chamados foros especiais.
Foro Competente: Foro comum

● É o estabelecido no art. 46, caput, do CPC. As ações pessoais, assim


como as reais sobre bens móveis, devem ser ajuizadas, em regra, no
foro de domicílio do réu.
● Ações pessoais abrangem todas aquelas que versem sobre contratos,
obrigações em geral, responsabilidade civil e boa parte das ações
envolvendo direito de família e sucessões.
● O art. 46 atribui competência ao foro do domicílio do réu, não fazendo
nenhuma distinção se pessoa física ou jurídica. A definição de domicílio
é dada pelo Código Civil, cujos arts. 70 a 78 cuidam do assunto.
Foro Competente: Foro comum

● Os arts. 70 a 74 tratam do domicílio das pessoas naturais,


considerando-o o lugar onde elas estabelecem sua residência com
ânimo definitivo, ou, no que se refere às relações concernentes à
profissão, o lugar onde ela é exercida. Se houver várias residências,
qualquer uma será o domicílio;
● Se não houver nenhuma, será o lugar em que a pessoa for encontrada.
O art. 76 do CC trata do domicílio necessário do incapaz, do servidor
público, do militar, do marítimo e do preso.
Foro Competente: Foro comum

● Já o domicílio das pessoas jurídicas é indicado no art. 75 do CC:


● Da União, o Distrito Federal;
● Dos Estados e Territórios, a respectiva capital;
● Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
● Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações ou onde elegerem domicílio especial no
seu estatuto ou atos constitutivos.
Foro Competente: Foro comum

● Os arts. 48, 49 e 50 do CPC contêm apenas explicitações da regra geral


do art. 46:
○ o art. 50 dispõe que as ações contra o incapaz se processam
no domicílio do seu representante ou assistente;
○ contra o ausente, no foro do seu último domicílio (art. 49).
Foro Competente: Foro comum

● Por fim, o art. 48 trata da competência para os inventários, partilhas,


arrecadação e cumprimento de disposições de última vontade,
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial, bem como para as
ações em que o espólio for réu, atribuindo-a ao foro de domicílio do
autor da herança, isto é, do de cujus
● Mas, se ele não tinha domicílio certo, a competência será do foro de
situação dos bens imóveis e, se estes estiverem situados em foros
diferentes, de qualquer deles. Se não havia imóveis, será competente o
foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Foro Competente: Foro comum

● A regra do art. 46, bem como a dos arts. 48, 49 e 50, todos do CPC, é de
competência de foro e usa o critério territorial, com base no domicílio.
É, portanto, regra de competência relativa.
○ É relativa à regra d.e competência geral do foro do art. 46 do
CPC, bem como as dos arts. 48, 49 e 50.
○ Estão, portanto, sujeitas à prorrogação, se não for arguida a
incompetência relativa, como preliminar de contestação.
Foro de situação dos imóveis para as ações reais
imobiliárias
● O art. 47 do CPC cuida da competência para as ações que versam
sobre direitos reais sobre bens imóveis.
● O direito civil enumera quais são os direitos reais no art. 1.225.
Também é da lei civil a função de definir quais são os bens imóveis, o
que ela fez nos arts. 79 a 81.
● Entre os direitos reais enumerados no art. 1.225 não se encontra a
posse. No entanto, para fins de competência, as ações possessórias são
consideradas reais imobiliárias, e a competência para julgá-las é do
foro de situação da coisa, o que vem expresso no art. 47, § 2°.
Foro competente para as ações de divórcio, separação, anulação de
casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável

● A competência para as ações mencionadas será a do foro do domicílio


do guardião do filho incapaz. Caso não haja filhos incapazes, a
competência será do foro do último domicílio do casal (arts. 1.566, II, e
1569, do Código Civil).
● Mas, para que seja esse o foro competente, é preciso que ao menos um
dos cônjuges tenha permanecido nele; se nenhuma das partes residir
no antigo domicílio do casal, a competência será a do foro do domicílio
do réu.
Foro privilegiado do credor de alimentos e do idoso

● De acordo com o art. 53, II, do CPC, a competência para as ações de


alimentos é do domicílio ou residência do alimentando, regra que se
justifica dada a necessidade de proteger aquele que deles necessita
● Isso vale mesmo que o pedido de alimentos venha cumulado ao de
investigação de paternidade (Súmula 01, do STJ).
Foro privilegiado do credor de alimentos e do idoso

● CPC também estabelece o foro privilegiado do idoso, não de caráter


geral, mas apenas para as ações que versem sobre direito previsto no
respectivo estatuto.
● Tais ações serão propostas no foro de residência do idoso. O Estatuto,
Lei n. 10.741/2003, considera idoso aquele que contar idade igual ou
superior a 60 anos (art. 1 °). O CPC assegura e ele prioridade de
processamento (art. 1.048, I) e foro privilegiado.
● A ideia é facilitar o acesso à justiça do idoso, nas ações que versem
sobre direitos previstos no Estatuto. Como se trata de critério
territorial, a competência nesse caso também é relativa.
Foro do lugar do cumprimento da obrigação

● O art. 53, III, d, do CPC, atribui competência ao foro do lugar onde a obrigação
deve ser satisfeita, nas ações em que se lhe exigir o cumprimento.
● Será necessário verificar se a obrigação é quesível (aquela cuja satisfação o
credor deve ir buscar no domicílio do devedor) ou portável (que este deve ir
prestar no domicílio daquele);
● Aplica-se a regra geral do art. 327 do Código Civil: "Efetuar-se-á o pagamento
no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou
se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias".
● Vale apenas para as ações em que se busque o cumprimento da obrigação.
● Quando se visar a resolução do contrato ou o ressarcimento, segue-se a regra
geral do art. 46.
● Por tratar de competência territorial, a regra é relativa.
Foro do lugar do ato ou fato

● O art. 53, IV, do CPC enumera algumas situações em que a


competência- sempre
● relativa, já que fundada no critério territorial- será o do foro do lugar
do ato ou fato.
○ A das ações de reparação de dano em geral, o que abrange as
causas de responsabilidade civil.
○ A das ações em que for réu o administrador ou gestor de
negócios alheios
Foro nas ações de reparação de dano por acidente de veículo, incluindo
aeronaves, ou por crimes

● Se os danos provierem de acidente de veículo ou de


fato tido por lei como infração criminal a lei abre ao
autor uma alternativa: a de propor no lugar do fato,
ou no seu domicílio (CPC, art. 53, V).
● A intenção foi facilitar o acesso das vítimas.
● Haverá, portanto, foros concorrentes, cabendo a elas
a livre opção.
Competência para as ações em que a União é parte

● Quando a União é autora, a demanda será proposta no foro de


domicílio do réu, isto é, na seção judiciária desse domicílio, aplicando-
se assim a regra geral do art. 46 do CPC.
● Mas, quando for ré, a ação não será proposta no seu domicílio, mas na
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal (art. 109, § 2°, da CF; e art.
51, parágrafo único, do CPC).
● Se a ação ajuizada em face da União versar sobre direito real em bem
imóvel, a competência, aqui absoluta, será do foro de situação da coisa.
Competência para as ações em que figuram como partes os Estados
Federados

● Quando o Estado e a Fazenda Estadual, bem como o Distrito Federal,


forem autores, segue-se a regra geral do art. 46, devendo a ação ser
proposta no domicílio do réu.
● Mas, se o Estado ou Distrito Federal for réu, a ação poderá ser
proposta no domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que
originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado.
A competência nos Juizados Especiais Cíveis

● Saber se determinada demanda pode ou não ser proposta perante os


juizados especiais não é tema de competência, mas de procedimento. A
Lei n. 9.099/95, que trata dos juizados especiais, criou um novo tipo de
procedimento, muito mais rápido e informal que o tradicional,
apelidado de "sumaríssimo".
● O art. 3°, que indica as causas que podem correr perante o juizado
especial, emprega a expressão "competência" de forma pouco técnica
(correto o emprego, no§ 3° desse art. 3°, da palavra "procedimento").
A competência nos Juizados Especiais Cíveis

● Se o autor optar pelo Juizado, surgirá uma questão verdadeiramente


de competência: em qual dos juizados, havendo mais de um, a demanda
deverá ser proposta? O art. 4° da Lei n. 9.099/95 apresenta as regras.
● Será competente o Juizado do foro:
○ Do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele
exerça atividades profissionais ou econômicas, ou mantenha
estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
○ Do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
○ Do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para
reparação de dano de qualquer natureza.
A competência nos Juizados Especiais Cíveis

● O parágrafo único do art. 4° estabelece que, em qualquer hipótese


(mesmo nas duas últimas), poderá a ação ser proposta no foro previsto
na primeira.
● Tem prevalecido o entendimento de que a competência no juizado,
ainda que territorial, é absoluta e pode ser declinada de ofício, caso em
que não se deverá remeter os autos ao juizado competente, mas
extinguir o processo sem julgamento de mérito, nos termos do art. 51,
III, da Lei n. 9.099/95.
A MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA

● As regras de competência podem ser divididas em: absolutas e


relativas.
● Somente as relativas estão sujeitas à modificação, nunca as absolutas,
estabelecidas em vista do melhor funcionamento do Poder Judiciário,
e não para comodidade dos litigantes.
● Haverá modificação de competência quando as regras de competência
relativa apontarem a competência de um foro X, mas determinadas
circunstâncias tornarem competente para a causa o foro Y, diferente
daquele previsto originariamente em lei.
● As causas de modificação de competência são: a prorrogação, a
derrogação, a conexão e a continência.
Prorrogação de competência

● É consequência natural de a incompetência relativa não


poder ser conhecida de ofício (Súmula 33, do STJ),
cumprindo ao réu alegá-la como preliminar de contestação,
sob pena de haver preclusão.
● Se o réu não se manifestar, aquele foro que era
originariamente incompetente (mas de incompetência
relativa) tornar-se-á plenamente competente, não sendo
mais possível a qualquer dos litigantes ou ao juiz (preclusão
pro judicato) tornar ao assunto.
● A esse fenômeno dá-se o nome de prorrogação de
competência.
Derrogação

● Ocorre quando há eleição de foro, isto é, quando, por


força de acordo de vontades (contrato), duas ou mais
pessoas escolhem qual será o foro competente para
processar e julgar futuras demandas, relativas ao
contrato celebrado.
● O CPC, no art. 63, explícita que a eleição de foro só cabe
em ações oriundas de direitos e obrigações, ou seja,
fundadas no direito das obrigações.
● O § 1° determina que a cláusula deve constar de
contrato escrito e aludir expressamente a determinado
negócio jurídico.
Derrogação

● Não se permite a eleição de foro nos casos de


competência absoluta, como os que envolvem
competência funcional, ou de juízo, ou nas ações
reais sobre bens imóveis.
● As regras de eleição de foro não prevalecem sobre as
da conexão: isto é, a existência de foro de eleição não
impedirá a reunião de ações conexas, para
julgamento conjunto.
● O foro de eleição obriga não apenas os contratantes,
mas seus sucessores, por ato inter vivos ou mortis
causa (herança).
Conexão
● É um mecanismo processual que permite a reunião de duas
ou mais ações em andamento, para que tenham um
julgamento conjunto.
● A principal razão é que não haja decisões conflitantes.
● Para que duas ações sejam conexas, é preciso que tenham
elementos comuns.
● Assim, seria temerário que fossem julgadas por juízes
diferentes, cuja convicção não se harmonizasse > poderiam
surgir resultados conflitantes, situação que o legislador quis
evitar.
● A reunião ainda se justifica por razões de economia
processual, já que, com ela, poderá ser feita uma única
instrução e prolatada uma sentença conjunta.
Conexão - Quando haverá ?
● O art. 55, caput; do CPC estabelece que são conexas duas
ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
● Portanto, desde que tenham um elemento objetivo comum.
Não basta coincidência apenas de partes.
● O julgador deve ter em mente as razões fundamentais para
que duas ações sejam reunidas:
○ Em primeiro, evitar decisões conflitantes; e,
○ em segundo, favorecer a economia processual
● Não se justifica a reunião de ações se inexiste qualquer
risco de sentenças conflitantes, ou se a reunião não
trouxer nenhum proveito em termos de economia
processual.
Conexão - Quando haverá ?

● Por essa razão, estabelece o art. 55, § 3°, que "serão reunidos para
julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias, caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles".
● A redação da parte final não foi das mais felizes, uma vez que, se há
risco de resultados conflitantes, há de ser sempre reconhecida a
existência da conexão.
● A forma mais simples de se identificar a existência da conexão é
verificar se, continuando a correr em separado os processos
perante juízos diferentes, existe o risco de julgamentos
conflitantes. Em caso afirmativo, está caracterizada a causa de
modificação de competência.
Onde se fará a reunião de ações conexas?

● O art. 286; I, do CPC estabelece que as causas que se


relacionarem a outras já ajuizadas por relação de conexão ou
continência deverão ser distribuídas por dependência.
● A nova ação deverá ser distribuída para o mesmo juízo em
que já tramita a anterior, com a qual guarda relação de
conexão ou continência
● Art. 59 do CPC: o registro ou a distribuição da petição inicial
torna prevento o juízo.
● Será necessário apurar em que data ocorreu o registro ou
distribuição (o que tiver ocorrido primeiro) em ambas, para
verificar em qual delas ocorreu primeiro, já que será esse o
juízo prevento.
A conexão, sendo causa de modificação de competência,
só se aplica em hipóteses de competência relativa

● Se duas ações são conexas, mas estão vinculadas aos


seus respectivos foros, por regras de competência
absoluta, não será possível reuni-las, porque as regras
de modificação só se aplicam à competência relativa
● Nos casos em que não for possível a reunião, para evitar
que sejam proferidas sentenças conflitantes, será
possível a suspensão de uma delas até o desfecho da
outra, nos termos do art. 313, V, a, do CPC.
Continência

● Também forma de modificação de competência, vem tratada no art. 56


do CPC, que a define como uma relação entre duas ou mais ações
quando houver identidade de partes e de causa de pedir, sendo que o
objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
● Tal como a conexão, enseja a reunião de ações, para evitar decisões
conflitantes, havendo aqui um risco ainda maior, já que exige dois
elementos comuns (partes e causa de pedir) e a relação entre os
pedidos.
● Mas a reunião só se dará se a ação continente, isto é, a mais ampla, for
proposta posteriormente à ação contida.
Continência

● Não haverá utilidade na propositura da ação contida quando a


continente já está em curso, pois o pedido da ação continente abrange
o da contida, de sorte que o ajuizamento posterior acabará gerando,
não propriamente continência, mas uma espécie de litispendência
parcial, pois o que se pede na ação contida já está embutido na
continente.
● Se isso ocorrer, não será caso de reunião de ações, mas de extinção
sem resolução de mérito, da ação contida ajuizada posteriormente
(CPC, art. 57).
Continência

● Salvo essa hipótese, havendo continência as ações serão


necessariamente reunidas.
● Diante dos termos da lei, no caso de continência, não haverá
nenhuma avaliação pelo juiz a respeito da necessidade de reunião.
● Como o liame dela decorrente é ainda maior, a reunião será
necessária.
● Assim, todas as ações que guardam entre si relação de continência
serão inevitavelmente conexas.
● Seria possível dizer, portanto, que a continência é uma espécie de
conexão e que esta, por si só, já seria suficiente para ensejar a
reunião de processos.
Prevenção

● Há casos em que há mais de um juízo competente para o julgamento de


determinada causa.
● Imagine-se, por exemplo, que ela deva ser proposta perante o Foro
Central da Capital de São Paulo.
● Ocorre que há, ali, mais de 40 juízos cíveis, todos igualmente
competentes. Haverá necessidade de fixar qual, dentre eles, será o
competente.
● Ou, então, a situação em que o CPC fixa foros concorrentes, como no
caso dos acidentes de veículos. em que a demanda pode ser proposta
no foro do local do acidente ou do domicílio do autor, cabendo a este a
escolha.
Prevenção

● A prevenção será fundamental para fixar a competência de


determinado juízo, quando houver mais de um competente para
determinada causa; e para identificar qual dos juízos atrairá outras
ações, como em casos de conexão ou continência.
● A prevenção, nos termos do art. 5l do CPC atual, é dada sempre pelo
registro ou distribuição da petição inicial.
● A prevenção expansiva é aquela que relaciona uma ação nova com
outra anteriormente ajuizada, idêntica ou semelhante.
● Se houver semelhança, como nos casos de conexão ou continência, a
nova ação deverá ser distribuída por dependência para o juízo onde
corre a anteriormente ajuizada (art. 286, I, do CPC).
Prevenção

● Caso as duas ações conexas, ou que mantenham relação de


continência, já tenham sido ajuizadas em juízos distintos, deve ser feita
a reunião no juízo prevento, conforme o art. 58.
● O art. 286, 11, traz situação de prevenção em caso de ações idênticas -
ou quase-, o que ocorrerá quando. tendo sido extinto o primeiro
processo sem resolução de mérito, houver reiteração do pedido, ainda
que em litisconsórcio com outros autores ou mesmo quando
parcialmente alterados os réus da ação.
● Nesses casos, a nova demanda será distribuída por dependência ao
juízo no qual tramitou a antiga.
● Há prevenção, também, em segunda instância, e o primeiro recurso
protocolado no tribunal tornará prevento o relator para eventual
recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo
conexo (art. 930, parágrafo único, do CPC).
CONFLITO DE COMPETÊNCIA

● É um incidente processual que se instaura quando


dois ou mais juízos ou tribunais se dão por
competentes para a mesma causa, caso em que
haverá conflito positivo: ou por incompetentes, com
o que haverá conflito negativo; ou ainda quando
entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca
da reunião ou separação de processos (CPC, art.66).
Procedimento do conflito

● Vem regulado nos arts. 951 a 959 do CPC. De acordo com o art.
951, o conflito poderá ser suscitado pelas partes, pelo Ministério
Público ou pelo juiz, havendo sempre a necessidade de
intervenção do Ministério Público nos não suscitados por ele.
● Ele será parte nos conflitos que suscitar; e fiscal da lei nos que
forem suscitados pelos demais legitimados.
● A razão da intervenção ministerial é o interesse público - que
subjaz ao julgamento de todos os conflitos - de estabelecer
corretamente o juízo competente.
Procedimento do conflito

● Mas o conflito suscitado pelas partes ou pelo Ministério Público


pressupõe a efetiva discordância entre os juízes envolvidos, que
se acham todos competentes, ou todos incompetentes.
● O réu que tiver arguido incompetência relativa não poderá
suscitar o conflito, porque ou bem o juiz a acolheu, e a sua
pretensão foi satisfeita, ou não a acolheu e caberá recurso. Daí a
vedação do art. 952 do CPC.
Procedimento do conflito

● É fundamental a identificação do órgão que deverá promover o


julgamento do conflito.
● Como envolve dois ou mais juízes, será necessário que as decisões
proferidas por tal órgão sejam aptas a vincular todos.
● Se todos os juízes envolvidos são estaduais, a competência será do
Tribunal de Justiça; se todos são federais, do Tribunal Regional
Federal.
● Mas se o conflito for entre juízes federais ou estaduais, entre eles e
juízes do trabalho, ou entre juízes estaduais de diferentes Estados, ou
federais de diferentes regiões, o conflito deverá ser dirimido pelo
Superior Tribunal de justiça.
Procedimento do conflito

● De acordo com o art. 102, I, o, da CF, compete ao Supremo Tribunal


Federal processar e julgar, originariamente, "os conflitos de
competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer
tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro
tribunal".
● E, de acordo com o art. 105, I, d, compete ao Superior Tribunal de
Justiça processar e julgar, originariamente, "os conflitos de
competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art.
102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
juízes vinculados a tribunais diversos".
Procedimento do conflito

● Identificado o órgão julgador, o conflito será suscitado por petição ao


seu presidente, por ofício do juiz, ou por petição; pelas partes ou pelo
Ministério Público.
● O regimento interno do tribunal poderá identificar a quem compete
julgá-lo.
● Por exemplo: no Estado de São Paulo, à Câmara Especial do Tribunal
de Justiça. O relator designado ouvirá ambos os juízos em conflito, se
este tiver sido suscitado pelas partes ou pelo Ministério Público. Se o
conflito foi suscitado de ofício por um dos juízos, o relator ouvirá o
outro e, após, colherá o parecer do Ministério Público, no prazo de
cinco dias.
Procedimento do conflito

● Quando o conflito for positivo, o relator, de ofício ou a pedido de


qualquer das partes, pode determinar que o processo fique suspenso
até que haja decisão.
● Nesse caso, ou quando o conflito for negativo, será designado um dos
juízes para resolveras questões de urgência
● Havendo jurisprudência dominante do tribunal a respeito da questão
suscitada, o conflito pode ser decidido de plano pelo relator, cabendo
agravo no prazo de cinco dias para o órgão incumbido do julgamento.
Procedimento do conflito

● Não sendo caso de decisão de plano, será designada sessão de


julgamento. O tribunal, ao decidir o conflito, declarará qual o juízo
competente, pronunciando-se sobre a validade dos atos praticados
pelo incompetente.
● O conflito de competência só cabe se ainda não existir sentença
transitada em julgado proferida por um dos juízes conflitantes
(Súmula 59, do STJ).
Critérios de definição de Competências
● Novo CPC – reconhece duas modalidades de determinação da
competência interna (arts. 62 e 63, CPC):
● Absoluta – insuscetível de sofrer modificação, seja pela vontade das
partes, seja pelos motivos legais de prorrogação (conexão ou
continência de causas) – em razão da matéria, da pessoa e da função
(art. 62, CPC) – INTERESSE PÚBLICO;
● Relativa – possível de modificação, seja pela vontade das partes, seja
pelos motivos legais de prorrogação (conexão ou continência de
causas) – em razão do valor e do território (art. 63, CPC) – INTERESSE
PRIVADO;
DA COOPERAÇÃO NACIONAL

● O CPC trata, em capítulo próprio, da cooperação entre os órgãos do


Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em
todas as instâncias e graus de jurisdição, incluindo os tribunais
superiores.
● O art. 36 impõe um dever de cooperação recíproca entre eles, por
meio de magistrados e servidores.
DA COOPERAÇÃO NACIONAL
● O pedido de cooperação independe de forma específica e deverá ser
prontamente atendido. Pode ter por objeto: auxílio direto, reunião e
apensamento de processos, prestação de informações, atos concertados entre
juízes cooperantes, atos esses que poderão consistir, entre outros, na prática
de citação, intimação ou notificação de ato, obtenção e apresentação de
provas e coleta de depoimentos, efetivação de tutela provisória; efetivação de
medidas e providências para recuperação e preservação de empresas;
facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;
centralização de processos repetitivos e execução de decisão jurisdicional.
Para tanto, os órgãos judiciais poderão se valer das éartas de ordem,
precatória e arbitral,reguladas no próprio CPC.

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