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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 006.

651/2021-6

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário


TC 006.651/2021-6
Natureza: Administrativo
Órgão/Entidade: não há
Representação legal: não há

SUMÁRIO: ADMINISTRATIVO. ACOMPANHAMENTO DO


CUMPRIMENTO DO ACÓRDÃO ADMINSTRATIVO QUE
DETERMINOU A INCLUSÃO DOS ATOS TACITAMENTE
REGISTRADOS NO SISTEMA E-PESSOAL, PARA ANÁLISE
DA NECESSIDADE DE REVISÃO DE OFÍCIO. 36,1% DOS
ATOS RECADASTRADOS. SOLICITAÇÃO DE
PRORROGAÇÃO DO PRAZO PELOS ÓRGÃOS DE ORIGEM.
PRAZO PRORROGADO DE FORMA ESCALONADA, DE
ACORDO COM O PRAZO PARA EVENTUAL REVISÃO DE
OFÍCIO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o parecer elaborado pelo titular da Secretaria de Fiscalização de


Integridade de Atos e Pagamentos de Pessoal e de Benefícios Sociais (peça 887), vazado nos termos a
seguir transcritos:

1. Trata-se de relatório com vistas a apresentar balanço acerca do cumprimento às


determinações desta Corte de Contas exaradas no Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, que
estabeleceu medidas para o recadastramento no sistema e-Pessoal dos atos de pessoal existentes
no sistema Sisac que contassem com até 9,5 anos do encaminhamento ao TCU.
2. O presente Relatório conta, também, com propostas de encaminhamento a serem
apreciadas pelo Tribunal para dar seguimento às ações empreendidas pela Sefip no intuito de
alcançar as finalidades veiculadas no referido acórdão e em decisões anteriores sobre o mesmo
tema.

II HISTÓRICO

3. O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o Recurso Extraordinário 636.553/RS,


apreciando o tema 445 da repercussão geral, fixou a tese de que os Tribunais de Contas estão
sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
4. Considerando essa decisão, o Exmo. Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues, em
seu Voto proferido no Acórdão 122/2021-TCU-Plenário, asseverou que, passado o transcurso de
cinco anos da chegada do processo ao TCU, o ato de pessoal deve ser considerado “registrado
tacitamente”. Além disso, esta Corte de Contas proferiu o entendimento de que, a partir do
registro tácito do ato, é possível a revisão daqueles que contenham algum tipo de ilegalidade, no
prazo de 5 anos, com base no artigo 54 da Lei 9.784/1999 e no artigo 260, § 2º, do Regimento
Interno do TCU.
5. Em consequência, por meio do Acórdão 122/2021-TCU-Plenário, foram feitas
determinações à Segecex para que, em conjunto com a Sefip, identificasse, entres os atos
constantes da base de dados do Sistema de Apreciação e Registro de Atos de Admissão e
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Concessões (Sisac) e ou do Sistema de Atos de Pessoal (e-pessoal) pendentes de julgamento,


aqueles que, à luz da decisão exarada pelo STF, deveriam ser considerados tacitamente registrados
e aqueles que contivessem algum tipo de ilegalidade e cujos prazos para revisão de ofício
encontravam-se em curso, adotando medidas sistematizadas para que fossem, com a maior
brevidade possível, submetidos aos procedimentos de revisão de ofício, com fulcro no art. 54 da Lei
9.784/1999, c/c o art. 260, § 2º, do Regimento Interno do TCU.
6. Em decorrência disso, foi elaborado Relatório (peça 7) com as informações solicitadas
e as medidas adotadas com vistas ao cumprimento da determinação acima, bem como os eventuais
obstáculos a serem enfrentados, no âmbito do TCU, com indicação das possíveis soluções, para
que se impedisse a convalidação indevida do maior número possível de atos de concessão de
pessoal.
7. Com base no quadro apresentado no Relatório, que informava da necessidade de
saneamento da má qualidade dos dados dos atos do Sisac, o Tribunal determinou, por meio do
Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, em 16/6/2021, que atos de pessoal do sistema Sisac registrados
tacitamente com entrada no TCU há menos de 9,5 anos deveriam ser recadastrados pelo Gestor de
Pessoal no sistema e-Pessoal no prazo de 60 dias.
8. Em atenção à determinação supra, a Sefip encaminhou comunicação aos órgãos (peça
20 e posteriores) informando-os da decisão e dos atos de pessoal abarcados pela situação em tela,
cujo prazo para recadastramento findou em 13/9/2021.
9. A fim de dar ciência dos resultados das medidas adotadas, encaminha-se o presente
Relatório com a análise dos atos de pessoal recadastrados pelos gestores no período e as propostas
desta Unidade Técnica para dar tratamento às questões ainda pendentes. Os dados apresentados
neste relatório se referem aos atos de pessoal que deram entrada no sistema e-Pessoal até a data
de 29/9/2021.

III PANORAMA DOS ATOS DE PESSOAL RECADASTRADOS PELOS GESTORES

10. Como forma de facilitar o controle dos atos a serem recadastrados, a Sefip enviou os
atos enquadrados na situação determinada pelo Acórdão 11414/2021-TCU-Plenário aos gestores
por meio do Módulo Indícios do sistema e-Pessoal. Com base nisso, os gestores podem identificar
individualmente os atos a serem recadastrados em atendimento à mencionada decisão. Dessa
forma, foram enviados aos gestores 39.631 atos de pessoal para recadastramento.
11. Cabe mencionar que a Sefip, por meio de rotina automatizada, identifica diariamente
se algum dos atos enviados teve julgamento de mérito no Tribunal antes de o gestor realizar o
recadastramento, de forma a se evitar o dispêndio de esforços desnecessários por parte do gestor
de pessoal. Durante o período concedido para recadastramento, foram identificados 46 casos
nessa situação, o que reduziu a quantidade esperada de atos de pessoal a serem recadastrados
para 39.585 atos.
12. Do total esperado, foram recadastrados pelos gestores 14.299 atos de pessoal (36,5%
do total esperado). Dessa quantidade, 124 encontram-se no âmbito do Controle Interno do
respectivo órgão para emissão de parecer, e 14.157 já se encontram internalizados e sob
responsabilidade do TCU. Registre-se que, em virtude da urgência do caso e em similaridade com
casos anteriores, os atos recadastrados pelos gestores estão sendo avocados antes que o Controle
Interno se manifeste, nos termos do art. 15 da IN TCU 78/2018. Dessa forma, a quantidade de atos
recadastrados aguardando parecer no CI deve permanecer reduzida. A Tabela 1 mostra o quadro-
resumo dos atos de pessoal recebidos.
Tabela 1 - Quadro-resumo dos atos enviados e recadastrados
Situação Quantidade
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Atos Enviados aos gestores 39.631


Atos arquivados por julgamento de mérito 46
Total esperado de atos a serem recadastrados 39.585
% do Total
Atos recadastrados e pendentes no Controle Interno 124 0,3%
Atos recadastrados e recebidos no TCU 14.175 35,8%
Total de recadastrados 14.299 36,1%
Pendente de recadastramento 25.318 63,9%

13. No que tange aos órgãos individualmente considerados, a distribuição da quantidade


de atos recadastrados não é uniforme. Enquanto alguns órgãos desincumbiram-se de sua tarefa
integralmente ou quase, outros não lograram êxito em fazê-lo. Até o presente momento, 54 órgãos
cumpriram integralmente a obrigação de recadastramento. Entretanto, há casos numerosos em que
os órgãos não recadastraram nenhum dos atos de pessoal reenviados. A Tabela 2 apresenta os
orgãos com pior desempenho e a respectiva taxa de cumprimento da decisão, e a tabela completa
dos atos enviados e recadastrados, com todos os órgãos, encontra-se no Apêndice A deste
relatório.
Tabela 2 – Órgãos com pior desempenho no recadastramento de atos
Nome do Órgão Enviados Recadastrados % Pendente
atingido
MINISTÉRIO DA SAÚDE 4807 775 16% 4032
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS 2661 178 7% 2483
DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS
CONTRA AS SECAS 2831 796 28% 2035
FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO 2531 654 26% 1877
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª
REGIÃO/MG 1842 104 6% 1738
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 1580 538 34% 1042
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA
FONSECA 814 3 0% 811
MINISTÉRIO DA ECONOMIA 831 83 10% 748
COMANDO DA MARINHA 806 101 13% 705
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE
DO SUL 808 159 20% 649
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
REGIÃO/CE 949 324 34% 625
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ 476 0 0% 476

14. A despeito desse desempenho, cumpre destacar que diversos órgãos solicitaram, no
decurso do prazo previsto para o recadastramento dos atos, dilação de prazo para o cumprimento
da decisão do Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, diretamente nos autos do processo ou por meio
de outros canais disponíveis no TCU (ConectaTCU e caixa institucional da Sefip). A relação de
todos os órgãos que solicitaram dilação de prazo e o respectivo estoque de atos pendente de
recadastramentos se encontra no Apêndice B.
15. Compulsando os motivos alegados para tais solicitações, verifica-se que a principal
razão apresentada pelos órgãos para a dificuldade em dar cumprimento à referida decisão decorre
da reduzida quantidade de pessoal face ao volume de atos a serem recadastrados, em combinação
com o fato de os processos administrativos relativos a tais atos serem antigos e terem suas

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informações consignadas em papel, o que demandou a digitalização dos mesmos, antes do


recadastramento.
16. Segundo os órgãos, tal situação foi agravada pela pandemia da Covid-19, que forçou
o trabalho remoto dos servidores e limitou o acesso às pastas funcionais dos destinatários dos atos.
Além disso, outros argumentos suscitados incluem a maior complexidade do cadastro no sistema e-
Pessoal em comparação com o Sisac, como, por exemplo, a inclusão de informações que não estão
disponíveis nas pastas funcionais dos destinatários e dependem do envio de outras
unidades/órgãos, ou a juntada de comprovantes ou decisões judiciais.
17. Nesse sentido, a Tabela 3 mostra a quantidade de atos recadastrados pelos gestores e
suas respectivas idades considerando a sua vigência, ou seja, o tempo decorrido desde que foi
emitido pelo órgão até a data atual. Cabe salientar que o tempo de vigência não se confunde com o
tempo de encaminhamento ao TCU, pois o ato pode ter sido emitido em uma data e o TCU o ter
recebido somente anos depois. Assim, por exemplo, um ato que foi recebido pelo TCU há cinco
anos pode ter sido emitido pelo órgão de origem a mais tempo que isso.
Tabela 3 – Atos recadastrados por idade
TEMPO DE ATOS ATOS %
VIGÊNCIA ENVIADOS RECADASTRADOS ATINGIDO
Até 5 anos1 742 344 46,36%
De 5 a 6 anos 3650 1631 44,68%
De 6 a 7 anos 4417 1785 40,41%
De 7 a 8 anos 5020 1836 36,57%
De 8 a 9 anos 5519 1920 34,79%
Acima de 9 anos 15693 4052 25,82%
Sem dados de
Vigência2 4590 2863 62,37%

18. De acordo com as informações consolidadas do quadro, é possível inferir uma


redução do percentual de cadastramento relacionado à idade, o que pode sugerir que, quanto mais
antigo o ato, maior poderá ser a dificuldade o órgão em obter as informações requeridas para o
recadastramento. Em que pese a maior quantidade de atos recadastrados estar na faixa acima de
nove anos de idade (em termos absolutos), este grupo tem a menor taxa de recadastramento em
função da quantidade elevada de atos existentes com idade avançada, o que salienta o tamanho do
esforço a ser cumprido pelos gestores.
19. Contudo, em que pese a dificuldade de os órgãos cumprirem tempestivamente a
decisão do Tribunal, vale lembrar que o objetivo a ser alcançado com o recadastramento dos atos
Sisac é o saneamento dos dados para que, entre outros aspectos, as críticas automatizadas
existentes no e-Pessoal possam fornecer informações mais apropriadas para a decisão do Tribunal
acerca de eventual revisão de ofício de atos com possíveis ilegalidades.
20. Caso houvesse decisão no sentido de se realizar a revisão de ofício desses atos, sem o
recadastramento, as mesmas dificuldades informadas pelos órgãos seriam observadas nas
necessárias diligências daí decorrentes, com o agravante de que os processos de trabalho do TCU
seriam acionados sem indicativos de que os atos seriam, efetivamente, ilegais.

1 Além do que determinava o Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, os gestores também recadastraram atos que não contavam
com cinco anos do recebimento do ato pelo TCU, o que explica o fato de existirem atos com menos de cinco anos de idade
nesse universo.
2 Existem atos de pessoal na base de dados do Sisac que não contam com data de vigência preenchida.

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21. Desta forma, no que diz respeito aos 14.175 atos recadastrados que se encontram no
TCU, 1.949 (13,7%) não incorreram em nenhuma crítica impeditiva no e-Pessoal, ou seja, neles
não foram encontrados indícios de ilegalidades que ensejem a sua revisão de ofício.
22. Ademais, em função do modelo preditivo de seleção de atos de pessoal recentemente
desenvolvido pela Sefip, que o relatório encaminhado anteriormente já fazia menção, foi possível
apresentar o perfil de risco (Figura 1) dos atos recadastrados que caíram em alguma crítica
impeditiva e com risco acima de 30%.
Figura 1 - Perfil de risco dos atos recadastrados

23. O risco neste caso é a combinação da probabilidade de o ato ser ilegal (com base no
histórico de decisões de TCU) e o benefício financeiro potencial de sua suspensão (com base na
avaliação histórica e de especialistas), caso ele seja, efetivamente, ilegal. Quanto maior o risco,
maior a chance de o ato ser ilegal e maior a materialidade envolvida. Conforme se observa da
figura acima, a maioria dos atos recadastrados se encontra em uma faixa de risco que varia entre
30% e 42%, com pouca frequência acima de 44%, não indo além da faixa de 68%.
24. Comparando-se o perfil de risco dos atos de pessoal recadastrados por força do
Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário com o perfil de risco dos atos que já constam do estoque atual
do TCU (Figura 2), verifica-se que estes têm perfil de risco maior que aqueles. O perfil de risco
dos atos já existentes e pendentes de avaliação do TCU apresenta frequência significativa nas
faixas acima de 42%, estendendo-se até percentuais acima dos 80% de risco.
Figura 2 - Perfil de risco dos atos já existentes nas bases do TCU

25. Essa característica sugere que análise dos atos mais recentes (que já estão presentes
nas bases do TCU) seria mais vantajosa, pelo princípio da eficiência, do que a análise dos atos
mais antigos, o que inclui aqueles sujeitos às revisões de ofício quando aplicáveis.
26. O perfil de risco dos atos de pessoal permite uma inferência comparativa sobre o
custo/benefício de se alocar um auditor para analisar um determinado ato, seja para a análise
inicial (de um ato que não está registrado), seja para sua revisão de ofício (de um ato que está
registrado, explicita ou tacitamente). Atos de maior risco podem representar, potencialmente,
maior benefício financeiro de controle, ao mesmo tempo que aumentam a chance de o auditor
analisar um ato efetivamente ilegal.

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27. No entanto, é preciso dizer que essa comparação é feita sobre a base dos 36,5% atos
que foram recadastrados no período informado. A apuração do perfil de risco dos atos só é
possível após o recadastramento do ato no e-Pessoal, pois depende da execução das críticas
eletrônicas realizadas no âmbito desse sistema.
28. Dessa forma, entende-se que é pertinente e oportuno que seja reforçado junto aos
órgãos o cumprimento da decisão do Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, antes de outras medidas,
para que se tenha um universo maior de atos recadastrados nas bases de dados do TCU, sem
prejuízo da observação do prazo limite de 10 anos do ato de pessoal sob a responsabilidade do
TCU ou de fatos supervenientes que indiquem a necessidade de revisão de ofício dos atos sendo
recadastrados Considerando, também, a baixa taxa de cadastramento e as dificuldades
apresentadas pelos órgãos para o seu integral cumprimento, propõe-se que seja concedida dilação
de prazo a todos os órgãos abarcados pela referida decisão com atos ainda pendentes de
recadastramento.
29. Nesse sentido, cabe sugerir, também, que a dilação de prazo seja feita de forma
escalonada, à semelhança do Ofício-Circular 001/2020-TCU/Sefip, de 30/4/2020, que encaminhou
decisão da Presidência do Tribunal, comunicada ao Plenário em 11/3/2020, na qual se
determinava a devolução de todos os atos Sisac que se encontravam no TCU com até quatro anos
da data de entrada no Tribunal. Naquela ocasião, optou-se por conceder prazo para
recadastramento conforme a idade do ato, de forma que os órgãos priorizassem aqueles que se
encontrassem mais próximos da data limite para atuação do TCU, o que também é a situação no
caso em tela.

IV CONCLUSÃO

30. Com base nas informações apresentadas, tem-se que as dificuldades apresentadas
pelos gestores para cumprir tempestivamente a decisão acerca do recadastramento dos atos Sisac
impactou significativamente a quantidade de atos efetivamente recebidos pelo Tribunal.
31. Por outro lado, as informações que se tornam disponíveis a partir do recadastramento
dos atos traz diversas vantagens para a operacionalização da apreciação dos atos e sua eventual
revisão de ofício, em função da qualidade dos dados e da execução do modelo de seleção de atos
com base em risco.
32. Tais informações, em cotejo com as demais informações disponíveis em relação aos
atos que já se encontram no sistema e-Pessoal, consubstancia-se em ativo estratégico para as
decisões do Tribunal acerca da melhor abordagem para dar conta de sua competência
constitucional de apreciação da legalidade dos atos de pessoal. Ao focar nos atos de maior risco, o
Tribunal pode empregar seus recursos humanos e tecnológicos de forma mais eficiente, com maior
retorno em benefícios para a sociedade.
33. Cabe salientar que as dificuldades apresentadas pelos gestores no ora
recadastramento dos atos seriam, de toda sorte, as mesmas, caso se procedesse à revisão de ofício
dos respectivos atos com base nos dados existentes no Sisac, em função da necessidade de
diligências para saneamento dos dados. Dessa forma, a opção pelo recadastramento dos atos no
sistema e-Pessoal já representa ganhos de eficiência para o Tribunal, que pode, com base nas
informações coletadas, ser mais assertivo na sua atuação.
34. Diante do exposto, entende-se que o recadastramento dos atos Sisac no e-Pessoal,
adotado pelo Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, deve ser reforçado, de forma que se propõe que
seja concedido prazo adicional aos gestores para o cumprimento da referida decisão, de forma
escalonada. ante os benefícios de informação que o recadastramento traz para a gestão do estoque
de atos pendentes de apreciação pelo Tribunal e suas revisões de ofício.
6

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V PROPOSTAS DE ENCAMINHAMENTO

35. Com vistas a atingir os objetivos decorrentes do cumprimento das determinações


exaradas no Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, propõe-se que seja concedida dilação de prazo a
todos os órgãos abrangidos pela decisão exarada no Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, para
recadastramento no sistema e-Pessoal dos atos de pessoal ainda pendentes, considerando:

35.1. 60 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 8 e menos
de 9,5 anos;
35.2. 90 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 7 e menos
de 8 anos;
35.3. 120 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU com menos de 7 anos;

36. Diante do exposto, encaminhe-se o presente Relatório à Segecex, via Coeconomia,


para manifestação e posterior envio ao Gabinete do Ministro Walton Alencar Rodrigues.

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VOTO

Trata-se de processo administrativo autuado em decorrência do Acórdão 122/2021-


Plenário, por meio do qual este Colegiado determinou medidas com vistas a evitar que atos de pessoal
flagrantemente ilegais fossem tacitamente registrados, por força da decisão exarada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), em 19/2/2020, ao julgar o Recurso Extraordinário 636.553/RS.
Naquela assentada, a partir da apreciação do tema 445 da repercussão geral, a Suprema
Corte legitimou o pagamento de rubricas notoriamente ilegais, mediante a fixação do seguinte
entendimento:
Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de
Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte
de Contas.
Com base no voto exarado pelo relator da matéria, E. Ministro Gilmar Mendes, no
julgamento dos embargos de declaração opostos em face daquela decisão judicial, mediante o Acórdão
122/2021-Plenário, esta Corte de Contas firmou o entendimento de que, no prazo de 5 anos, a contar
do registro tácito, ainda é possível a revisão de ofício dos atos de concessão que contenham algum tipo
de ilegalidade, consoante previsto no artigo 54 da Lei 9.784/1999 e no artigo 260, § 2º, do Regimento
Interno do TCU.
No mesmo decisum, o Tribunal determinou à Secretaria de Controle Externo (Segecex)
que, em conjunto com a Secretaria de Fiscalização de Integridade de Atos e Pagamentos de Pessoal e
de Benefícios Sociais (Sefip), entre outras medidas, identificasse os atos de pessoal com indícios de
ilegalidade, cujos registros tácitos tivessem ocorrido há menos de 5 anos, e adotasse medidas
sistematizadas para que tais atos fossem submetidos aos procedimentos de revisão de ofício, com a
maior brevidade possível.
Após a manifestação da Segecex, por meio do Acórdão 1.414/2021, de 16/6/2021, tendo
em vista as deficiências do sistema Sisac, que dificultam a correta análise dos dados inseridos no
sistema, este Colegiado determinou à Sefip que devolvesse aos correspondentes órgãos de origem os
atos registrados tacitamente que deram entrada no TCU há menos de 9,5 anos, para devida inclusão no
sistema e-Pessoal, no prazo de 60 dias.
Foi determinado à unidade técnica, ainda, que, à medida que os atos fossem inseridos o
sistema e-Pessoal, adotasse a providências necessárias à imediata revisão de ofício dos atos com
ilegalidades, dando prioridade aos que ingressaram no TCU há mais tempo.
Conforme apontado na instrução transcrita no relatório, em 23/9/2021, somente haviam
sido inseridos no sistema e-Pessoal 36,1% dos 39.631 atos enviados para recadastramento, sendo que
boa parte dos órgãos encarregados de dar cumprimento à decisão do TCU requereu prorrogação do
prazo fixado, alegando, especialmente “a reduzida quantidade de pessoal face ao volume de atos a
serem recadastrados”, aliada ao fato “de os processos administrativos relativos a tais atos serem
antigos e terem suas informações consignadas em papel, o que demandou a digitalização dos mesmos,
antes do recadastramento.”
Sendo assim, acolho a ponderada proposta da Sefip, no sentido de que sejam estabelecidos
prazos escalonados para que os órgãos cumpram a determinação desta Corte de Contas, de acordo com
a data de encaminhamento do ato ao TCU por meio do sistema Sisac, de forma que o prazo para sua
inclusão no sistema e-Pessoal seja proporcional ao prazo para a eventual revisão de ofício, com vistas
ao efetivo alcance dos objetivos do Acórdão 1.414/2021-Plenário, nos seguintes termos:
1

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a) 60 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 8 e menos de
9,5 anos;
b) 90 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 7 e menos de 8
anos;
c) 120 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há menos de 7 anos.
Com essas considerações, voto no sentido de que o Tribunal acolha a minuta de acórdão
que submeto à deliberação deste Plenário.
TCU, Sala das Sessões, em 17 de novembro de 2021.

WALTON ALENCAR RODRIGUES


Relator

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ACÓRDÃO Nº 2686/2021 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.651/2021-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Administrativo.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não há.
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido este processo administrativo, no âmbito do qual esta sendo
acompanhado o cumprimento do Acórdão 1.414/2021-Plenário, no sentido de que os órgãos de origem
incluíssem no Sistema e-Pessoal os atos registrados tacitamente que deram entrada no TCU há menos
de 9,5 anos:
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do
Plenário, diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1 fixar os prazos a seguir indicados, a serem contados a partir da ciência deste Acórdão,
para que todos os órgãos abrangidos pela decisão exarada no Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário
promovam a inclusão dos atos pendentes de cadastramento no sistema e-Pessoal, de acordo com as
respectivas datas de ingresso no TCU:
9.1.1. 60 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 8 e menos
de 9,5 anos;
9.1.2. 90 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 7 e menos de
8 anos;
9.1.3. 120 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há menos de 7 anos.

10. Ata n° 45/2021 – Plenário.


11. Data da Sessão: 17/11/2021 – Telepresencial.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2686-45/21-P.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Ana Arraes (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator), Augusto
Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, Bruno Dantas e Jorge Oliveira.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


ANA ARRAES WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral, em exercício

Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 69404041.

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