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651/2021-6
RELATÓRIO
II HISTÓRICO
10. Como forma de facilitar o controle dos atos a serem recadastrados, a Sefip enviou os
atos enquadrados na situação determinada pelo Acórdão 11414/2021-TCU-Plenário aos gestores
por meio do Módulo Indícios do sistema e-Pessoal. Com base nisso, os gestores podem identificar
individualmente os atos a serem recadastrados em atendimento à mencionada decisão. Dessa
forma, foram enviados aos gestores 39.631 atos de pessoal para recadastramento.
11. Cabe mencionar que a Sefip, por meio de rotina automatizada, identifica diariamente
se algum dos atos enviados teve julgamento de mérito no Tribunal antes de o gestor realizar o
recadastramento, de forma a se evitar o dispêndio de esforços desnecessários por parte do gestor
de pessoal. Durante o período concedido para recadastramento, foram identificados 46 casos
nessa situação, o que reduziu a quantidade esperada de atos de pessoal a serem recadastrados
para 39.585 atos.
12. Do total esperado, foram recadastrados pelos gestores 14.299 atos de pessoal (36,5%
do total esperado). Dessa quantidade, 124 encontram-se no âmbito do Controle Interno do
respectivo órgão para emissão de parecer, e 14.157 já se encontram internalizados e sob
responsabilidade do TCU. Registre-se que, em virtude da urgência do caso e em similaridade com
casos anteriores, os atos recadastrados pelos gestores estão sendo avocados antes que o Controle
Interno se manifeste, nos termos do art. 15 da IN TCU 78/2018. Dessa forma, a quantidade de atos
recadastrados aguardando parecer no CI deve permanecer reduzida. A Tabela 1 mostra o quadro-
resumo dos atos de pessoal recebidos.
Tabela 1 - Quadro-resumo dos atos enviados e recadastrados
Situação Quantidade
2
14. A despeito desse desempenho, cumpre destacar que diversos órgãos solicitaram, no
decurso do prazo previsto para o recadastramento dos atos, dilação de prazo para o cumprimento
da decisão do Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, diretamente nos autos do processo ou por meio
de outros canais disponíveis no TCU (ConectaTCU e caixa institucional da Sefip). A relação de
todos os órgãos que solicitaram dilação de prazo e o respectivo estoque de atos pendente de
recadastramentos se encontra no Apêndice B.
15. Compulsando os motivos alegados para tais solicitações, verifica-se que a principal
razão apresentada pelos órgãos para a dificuldade em dar cumprimento à referida decisão decorre
da reduzida quantidade de pessoal face ao volume de atos a serem recadastrados, em combinação
com o fato de os processos administrativos relativos a tais atos serem antigos e terem suas
1 Além do que determinava o Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, os gestores também recadastraram atos que não contavam
com cinco anos do recebimento do ato pelo TCU, o que explica o fato de existirem atos com menos de cinco anos de idade
nesse universo.
2 Existem atos de pessoal na base de dados do Sisac que não contam com data de vigência preenchida.
21. Desta forma, no que diz respeito aos 14.175 atos recadastrados que se encontram no
TCU, 1.949 (13,7%) não incorreram em nenhuma crítica impeditiva no e-Pessoal, ou seja, neles
não foram encontrados indícios de ilegalidades que ensejem a sua revisão de ofício.
22. Ademais, em função do modelo preditivo de seleção de atos de pessoal recentemente
desenvolvido pela Sefip, que o relatório encaminhado anteriormente já fazia menção, foi possível
apresentar o perfil de risco (Figura 1) dos atos recadastrados que caíram em alguma crítica
impeditiva e com risco acima de 30%.
Figura 1 - Perfil de risco dos atos recadastrados
23. O risco neste caso é a combinação da probabilidade de o ato ser ilegal (com base no
histórico de decisões de TCU) e o benefício financeiro potencial de sua suspensão (com base na
avaliação histórica e de especialistas), caso ele seja, efetivamente, ilegal. Quanto maior o risco,
maior a chance de o ato ser ilegal e maior a materialidade envolvida. Conforme se observa da
figura acima, a maioria dos atos recadastrados se encontra em uma faixa de risco que varia entre
30% e 42%, com pouca frequência acima de 44%, não indo além da faixa de 68%.
24. Comparando-se o perfil de risco dos atos de pessoal recadastrados por força do
Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário com o perfil de risco dos atos que já constam do estoque atual
do TCU (Figura 2), verifica-se que estes têm perfil de risco maior que aqueles. O perfil de risco
dos atos já existentes e pendentes de avaliação do TCU apresenta frequência significativa nas
faixas acima de 42%, estendendo-se até percentuais acima dos 80% de risco.
Figura 2 - Perfil de risco dos atos já existentes nas bases do TCU
25. Essa característica sugere que análise dos atos mais recentes (que já estão presentes
nas bases do TCU) seria mais vantajosa, pelo princípio da eficiência, do que a análise dos atos
mais antigos, o que inclui aqueles sujeitos às revisões de ofício quando aplicáveis.
26. O perfil de risco dos atos de pessoal permite uma inferência comparativa sobre o
custo/benefício de se alocar um auditor para analisar um determinado ato, seja para a análise
inicial (de um ato que não está registrado), seja para sua revisão de ofício (de um ato que está
registrado, explicita ou tacitamente). Atos de maior risco podem representar, potencialmente,
maior benefício financeiro de controle, ao mesmo tempo que aumentam a chance de o auditor
analisar um ato efetivamente ilegal.
27. No entanto, é preciso dizer que essa comparação é feita sobre a base dos 36,5% atos
que foram recadastrados no período informado. A apuração do perfil de risco dos atos só é
possível após o recadastramento do ato no e-Pessoal, pois depende da execução das críticas
eletrônicas realizadas no âmbito desse sistema.
28. Dessa forma, entende-se que é pertinente e oportuno que seja reforçado junto aos
órgãos o cumprimento da decisão do Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, antes de outras medidas,
para que se tenha um universo maior de atos recadastrados nas bases de dados do TCU, sem
prejuízo da observação do prazo limite de 10 anos do ato de pessoal sob a responsabilidade do
TCU ou de fatos supervenientes que indiquem a necessidade de revisão de ofício dos atos sendo
recadastrados Considerando, também, a baixa taxa de cadastramento e as dificuldades
apresentadas pelos órgãos para o seu integral cumprimento, propõe-se que seja concedida dilação
de prazo a todos os órgãos abarcados pela referida decisão com atos ainda pendentes de
recadastramento.
29. Nesse sentido, cabe sugerir, também, que a dilação de prazo seja feita de forma
escalonada, à semelhança do Ofício-Circular 001/2020-TCU/Sefip, de 30/4/2020, que encaminhou
decisão da Presidência do Tribunal, comunicada ao Plenário em 11/3/2020, na qual se
determinava a devolução de todos os atos Sisac que se encontravam no TCU com até quatro anos
da data de entrada no Tribunal. Naquela ocasião, optou-se por conceder prazo para
recadastramento conforme a idade do ato, de forma que os órgãos priorizassem aqueles que se
encontrassem mais próximos da data limite para atuação do TCU, o que também é a situação no
caso em tela.
IV CONCLUSÃO
30. Com base nas informações apresentadas, tem-se que as dificuldades apresentadas
pelos gestores para cumprir tempestivamente a decisão acerca do recadastramento dos atos Sisac
impactou significativamente a quantidade de atos efetivamente recebidos pelo Tribunal.
31. Por outro lado, as informações que se tornam disponíveis a partir do recadastramento
dos atos traz diversas vantagens para a operacionalização da apreciação dos atos e sua eventual
revisão de ofício, em função da qualidade dos dados e da execução do modelo de seleção de atos
com base em risco.
32. Tais informações, em cotejo com as demais informações disponíveis em relação aos
atos que já se encontram no sistema e-Pessoal, consubstancia-se em ativo estratégico para as
decisões do Tribunal acerca da melhor abordagem para dar conta de sua competência
constitucional de apreciação da legalidade dos atos de pessoal. Ao focar nos atos de maior risco, o
Tribunal pode empregar seus recursos humanos e tecnológicos de forma mais eficiente, com maior
retorno em benefícios para a sociedade.
33. Cabe salientar que as dificuldades apresentadas pelos gestores no ora
recadastramento dos atos seriam, de toda sorte, as mesmas, caso se procedesse à revisão de ofício
dos respectivos atos com base nos dados existentes no Sisac, em função da necessidade de
diligências para saneamento dos dados. Dessa forma, a opção pelo recadastramento dos atos no
sistema e-Pessoal já representa ganhos de eficiência para o Tribunal, que pode, com base nas
informações coletadas, ser mais assertivo na sua atuação.
34. Diante do exposto, entende-se que o recadastramento dos atos Sisac no e-Pessoal,
adotado pelo Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário, deve ser reforçado, de forma que se propõe que
seja concedido prazo adicional aos gestores para o cumprimento da referida decisão, de forma
escalonada. ante os benefícios de informação que o recadastramento traz para a gestão do estoque
de atos pendentes de apreciação pelo Tribunal e suas revisões de ofício.
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V PROPOSTAS DE ENCAMINHAMENTO
35.1. 60 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 8 e menos
de 9,5 anos;
35.2. 90 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 7 e menos
de 8 anos;
35.3. 120 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU com menos de 7 anos;
VOTO
a) 60 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 8 e menos de
9,5 anos;
b) 90 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 7 e menos de 8
anos;
c) 120 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há menos de 7 anos.
Com essas considerações, voto no sentido de que o Tribunal acolha a minuta de acórdão
que submeto à deliberação deste Plenário.
TCU, Sala das Sessões, em 17 de novembro de 2021.
1. Processo nº TC 006.651/2021-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Administrativo.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não há.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido este processo administrativo, no âmbito do qual esta sendo
acompanhado o cumprimento do Acórdão 1.414/2021-Plenário, no sentido de que os órgãos de origem
incluíssem no Sistema e-Pessoal os atos registrados tacitamente que deram entrada no TCU há menos
de 9,5 anos:
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do
Plenário, diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1 fixar os prazos a seguir indicados, a serem contados a partir da ciência deste Acórdão,
para que todos os órgãos abrangidos pela decisão exarada no Acórdão 1414/2021-TCU-Plenário
promovam a inclusão dos atos pendentes de cadastramento no sistema e-Pessoal, de acordo com as
respectivas datas de ingresso no TCU:
9.1.1. 60 dias, para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 8 e menos
de 9,5 anos;
9.1.2. 90 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há mais de 7 e menos de
8 anos;
9.1.3. 120 dias para os atos de pessoal com data de entrada no TCU há menos de 7 anos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral, em exercício